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Pós Graduação Direito Constitucional aula 1

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Docente: Ana Ketsia B. M. Pinheiro
Aula 1: Constitucionalidade e Formas de Controle
Pós Graduação em Direito Público
Disciplina: Direito Constitucional
Universidade Estácio de Sá (Unidade Romualdo)
 
Constitucionalidade
 
	Segundo lição de JORGE MIRANDA, “constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de relação: a relação que se estabelece entre uma coisa – a Constituição – e outra coisa – uma norma ou um ato – que lhe está ou não conforme, que com ela é ou não compatível”. 
Nessa mesma linha, assenta Kelsen que “uma Constituição que não dispõe de garantia para anulação dos atos inconstitucionais, não é, propriamente, obrigatória. E não se afigura suficiente uma sanção direta ao órgão ou agente que promulgou o ato inconstitucional, porquanto tal providência não o retira do ordenamento jurídico. Faz-se mister a existência de órgão incumbido de zelar pela anulação dos atos incompatíveis com a Constituição”. 
Pressupostos para que haja controle de constitucionalidade:
Supremacia da Constituição (ante a sua força normativa);
Exigência de Constituição rígida - aquela que pode ser alterada (sofrer emenda) - todavia, o procedimento para se aprovar uma Emenda à Constituição é muito mais rigoroso e dificultoso do que para aprovar uma lei ordinária (Aprovação de EC exige votação em dois turnos, maioria qualificada - 3/5 de TODOS OS MEMBROS DA CASA). 
A Constituição flexível pode ser alterada por procedimento simplificado, não havendo distinção entre o procedimento para fazer emenda constitucional ou lei ordinária. Essa Constituição não tem estabilidade e, portanto, desnecessário o controle.
Princípio da presunção de constitucionalidade das leis: por ele, as leis são presumidamente constitucionais. Tal presunção é RELATIVA (aceita prova em contrário - é aí que entra o controle de constitucionalidade). 
Atenção! 
Única norma com presunção absoluta de constitucionalidade: normas constitucionais originárias (entendimento adotado pelo STF – ADI 815). 
Otto Bachof defende a fiscalização das normas constitucionais em sua famosa obra “Normas constitucionais inconstitucionais?”. 
Parâmetro de controle de constitucionalidade é a Constituição Federal (o preâmbulo, por não ter força normativa, não é parâmetro de controle, segundo o STF - ADI 2070, só o corpo – que vai do art. 1º até o 250 e o ADCT).
O STF admite a inconstitucionalidade de propostas de emenda à Constituição quando restarem violadas as cláusulas pétreas previstas no art. 60, § 4º, CF.
Proteção da Constituição
No Brasil, o controle de constitucionalidade começou a ser abordado na CF de 1891.
A EC de 1965 trouxe a representação interventiva que equivalia à ADI de hoje (controle abstrato de normas.).
Formas de controle de constitucionalidade (defesa da Constituição):
1 - Quanto ao órgão controlador (quem controla):
a) Controle Político (modelo de controle francês): é o realizado por órgão político, como as Casas Legislativas e as Comissões de Constituição e Justiça e pelas demais comissões. Também o veto oposto pelo Executivo a projeto de lei, fundamentado em inconstitucionalidade da proposição legislativa, configura exemplo de controle político.  
Vejamos a CF, art. 66, § 1º:
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
b) Controle Jurisdicional (feito pelo Poder Judiciário).
c) Controle Misto (feito pelos órgãos políticos e pelo Judiciário).
2 – Quanto ao modo ou forma de controle:
a) Controle Incidental: a inconstitucionalidade é arguida no contexto de um processo ou ação judicial, em que a questão de inconstitucionalidade configura um incidente, uma questão prejudicial que deve ser resolvida pelo Judiciário. Gilmar Mendes ressalta que geralmente se associa o controle incidental ao modelo difuso.
b) Controle Principal: aqui, a questão constitucional é suscitada autonomamente em um processo, cujo objeto é a própria inconstitucionalidade da lei. Corresponde ao chamado modelo concentrado.
3 – Quanto ao momento do controle:
a) Preventivo: é aquele que se efetiva antes do aperfeiçoamento do ato normativo inconstitucional. Exemplo desse controle são as atividades de controle dos projetos e proposições exercidas pelas Comissões de Constituição e Justiça das Casas do Congresso e o veto do Presidente da República, já mencionado. 
Processo Legislativo Ordinário (Elaboração de Lei Ordinária ou Complementar):
1ª fase: INICIATIVA (proposição): 
CF, Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
2ª fase: DEBATE (DISCUSSÃO) 
Ocorre: 
a) nas Comissões Temáticas ou Materiais, 
b) nas Comissões de Constituição e Justiça e 
c) no plenário da casa legislativa.
Comissões são órgãos legislativos com número restrito de componentes, que analisam o projeto de lei, visando aperfeiçoá-lo. Geralmente, as Comissões Temáticas correspondem aos Ministérios. Ex.: Ao Ministério do Meio Ambiente corresponde uma Comissão de Meio Ambiente na Câmara dos Deputados e no Senado. 
Atenção! O parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) é vinculante, ou seja, se ele declarar a inconstitucionalidade, o projeto não pode prosseguir. 
Portanto, a Comissão de Constituição e Justiça é a mais importante das comissões, pois faz o controle preventivo de constitucionalidade! Tal modalidade de controle é também feito pelo Chefe do Executivo (veto jurídico).
Agora, se a Comissão Temática opinar pela constitucionalidade, o projeto de lei prossegue normalmente.
3ª fase: VOTAÇÃO - aprovação por maioria de votos
4ª fase: SANÇÃO OU VETO - o Presidente sanciona ou veta projetos de lei por um mecanismo de controle (CF, art. 66), chamado de “mecanismo de freios e contrapesos” para evitar a hipertrofia (super força) do Legislativo em face do Executivo.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
A tripartição dos poderes em legislativo, executivo e judiciário não é absoluta, pois, embora independentes são harmônicos entre si. 
15
É adotada a teoria de Montesquieu relativa ao sistema de freios e contrapesos ou de controle do poder pelo poder.  
A independência se manifesta nas funções principais e a harmonia é uma suavização desta independência. 
A independência e a harmonia assinalam a inexistência de hierarquia ou subordinação entre os Poderes. 
A independência ressalta a capacidade que cada Poder tem de exercer suas próprias atribuições sem precisar da iniciativa dos outros e sem interferências dos demais, ressalvados os mecanismos de “freios e contrapesos”.
A harmonia significa que cada Poder deve atuar respeitando as atribuições dos demais, apenas interferindo naquilo que é determinado pelos mecanismos de freios e contrapesos.
A Teoria dos freios e contrapesos é um mecanismo de controle recíproco constitucionalmente previsto, onde um poder vai controlar e fiscalizar o outro.
Um órgão só poderá exercer atribuições de outro quando houver expressa previsão.
Exemplos:
Compete ao Legislativo autorizar o Presidente da República a declarar guerra e fazer paz (CF, art. 48,X e XI). Controle do Legislativo sobre o Judiciário: compete ao Congresso Nacional legislar sobre organização Judiciária (CF, art. 48, IV).
3ª fase: VOTAÇÃO - aprovação por maioria de votos
4ª fase: SANÇÃO OU VETO - o Presidente sanciona ouveta projetos de lei por um mecanismo de controle (CF, art. 66), chamado de “mecanismo de freios e contrapesos” para evitar a hipertrofia (super força) do Legislativo em face do Executivo.
5ª fase: PROMULGAÇÃO - é o ato pelo qual se atesta a existência de uma nova lei. O Presidente diz que houve inovação da ordem jurídica.
6ª fase: PUBLICAÇÃO - é o ato que marca a obrigatoriedade da lei, não se devendo esquecer do vacacio legis. A partir da publicação, não se pode alegar desconhecimento da lei.
b) Repressivo ou sucessivo: a instauração do processo de controle se dá após a promulgação da lei ou mesmo de sua entrada em vigor. É o controle feito, via de regra, pelo Judiciário.
Hipóteses de controle de constitucionalidade repressivo não exercido pelo Judiciário: 
Quando o Senado edita Resolução para suspender a eficácia da lei, ante a declaração de inconstitucionalidade feita pelo STF (art. 52, X, CF);
Quando o Presidente edita Medida Provisória e o Congresso entende que ela é inconstitucional, pode revogá-la;
Princípio da autotutela: a própria administração pública pode rever seus atos, de ofício, ou a pedido, se verificar que editou um ato inconstitucional (Súmula 473 do STF);
Suspensão de leis delegadas (feita pelo Executivo por delegação pelo Legislativo) que exorbitem os poderes que foram concedidos pelo Legislativo;
Súmula 347 do STF: o Tribunal de Contas (TCU ou TCE), no exercício de suas atribuições, pode declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Trata-se de controle difuso.
Pode haver controle preventivo pelo Judiciário? 
O controle preventivo é geralmente exercido pelo legislativo ou pelo executivo (quando o chefe do executivo veta a norma em razão de sua inconstitucionalidade – chamado veto jurídico). 
Se o projeto de lei está desrespeitando o procedimento legal e um parlamentar verifica isso, pode entrar com Mandado de Segurança perante o STF para barrar a votação daquele projeto de lei que, se aprovado, resultará numa lei inconstitucional. 
Resumindo: No sistema brasileiro se admite o controle judicial preventivo nos casos de Mandado de Segurança impetrado por parlamentar com o objetivo de impedir a tramitação de projeto de emenda constitucional lesiva às cláusulas pétreas. (CF, art. 60, § 4º). 
Em regra, porém, o nosso modelo é de feição repressiva (na ADI se exige que a lei tenha sido pelo menos promulgada). 
CONTROLE JUDICIAL DE CONSTITUCIONALIDADE 
É aquele exercido por órgão integrante do Poder Judiciário ou por Corte Constitucional. Pode ser:
Concentrado (também chamado austríaco ou europeu): confere atribuição para julgamento das questões constitucionais a um órgão jurisdicional superior ou a uma corte constitucional. 
Difuso (ou americano): essa modalidade de controle assegura a qualquer órgão jurisdicional incumbido de aplicar a lei a um caso concreto o poder-dever de afastar sua aplicação se a considerar incompatível com a Constituição.
c) Misto: aqui, se congregam os dois sistemas de controle (concentrado e difuso). Em geral, nos modelos mistos, os órgãos ordinários do Poder Judiciário tem a prerrogativa de afastar a aplicação da lei nas ações e processos judiciais, mas se reconhece a um órgão de cúpula – Tribunal Supremo ou Corte Constitucional – a competência para proferir decisões em determindas ações de perfil abstrato ou concentrado. 
Atenção! O modelo misto é o adotado no Brasil.
Evolução do Controle de constitucionalidade no Brasil
Primeiro, se criou o controle incidental (adoção do modelo americano);
Só em 1965 se adotou o controle abstrato;
Apesar de ser possível o controle abstrato, este, junto com a representação interventiva, só poderiam ser feitos por iniciativa do Procurador Geral da República;
A CF/88 mudou radicalmente a regra de legitimação exclusiva do PGR e optou por consagrar um amplo rol de legitimados à propositura da ação direta (CF, art. 103). 
Detalhe: Essa mudança não decorreu apenas de uma nova opção teórica, mas do fato do Procurador da República ter se valido desta legitimação exclusiva que possuía para impedir, muitas vezes, a análise de constitucionalidade de uma dada norma.
Resumindo
No modelo brasileiro, se conjugam o tradicional modelo difuso de constitucionalidade, adotado desde a República, com o modelo concentrado, representado pela ADIN, ADC, ADPF, etc, todas de competência do STF.
ATENÇÃO! Imagine que A pleiteia um pagamento junto a B, com base na lei L. Ocorre que B argumenta que tal pagamento não é devido, em face da lei L ser inconstitucional. O Juiz de 1º grau decide que a lei é constitucional e B, inconformado, apela ao órgão imediatamente superior (TJ). Lá, o processo será distribuído a uma turma ou câmara e, se esse órgão decidir pela inconstitucionalidade da lei, tem que sobrestar o feito e enviá-lo para o órgão especial (pleno), o qual decidirá pela inconstitucionalidade ou não da lei e, em seguida, o devolverá à câmara ou turma, para que prossiga o julgamento. 
Esse fenômeno é chamado pela doutrina de CISÃO FUNCIONAL pois há, em caso de declaração de inconstitucionalidade, uma bifurcação da competência - a turma ou câmara não pode declarar a inconstitucionalidade pois, neste caso, se exige maioria absoluta do órgão especial. 
Exceções:
a) se a matéria já houver sido suscitada em outros casos e o pleno já houver se manifestado. 
Cuidado! Pode haver pedido de mudança de interpretação e, neste caso, tem que haver novo julgamento pelo pleno. 
A câmara tem que fazer juntada do acórdão anterior porque, se houver recurso para o STF e não juntarem esse fundamento, o recurso não será conhecido. E se a Câmara não fizer a juntada desse acórdão? Resolve-se com Embargos de Declaração; 
b) Quando o STF, em outro caso concreto, já houver se pronunciado pela inconstitucionalidade da lei. (art. 97 da CF – que exige reserva de plenário). 
Interessante!
O STF funciona em duas Câmaras e no plenário, só que, diferentemente do que ocorre nos outros tribunais, quando a Câmara remete o processo ao plenário para dirimir questão atinente à constitucionalidade, este último passa a ter também competência para julgamento do mérito da ação, e não só da questão constitucional.
A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EXIGE MAIORIA ABSOLUTA (mais da metade de TODOS os membros da Corte, ante a presunção de constitucionalidade). É a chamada “Cláusula de Reserva de Plenário”. 
Esse quórum só é exigido quando a constitucionalidade da lei for julgada pela primeira vez. 
Exceções onde não se exige a Reserva de Plenário: em caso de juiz monocrático ou quando o assunto já foi julgado anteriormente.
Papel do Senado Federal no Controle de Constitucionalidade:
No controle incidental, declarada a inconstitucionalidade da lei, o STF deve comunicar o Senado para que este suspenda a aplicação da lei. 
No controle concentrado (casos de ADC, ADPF, ADI), a eficácia de decisão do STF é erga omnes, sendo desnecessário passar pelo Senado.
Caso interessante: o STF se pronunciou, em diversos habeas corpus, no sentido de ser inconstitucional a vedação à progressão de regime para crimes hediondos. Todavia, um juiz da Vara de Execuções Penais de Rondônia negou aplicação à decisão em sua Comarca, tendo em vista que a mesma tinha efeito apenas inter partes. Diante disso, a Defensoria Pública entrou com uma reclamação contra o magistrado junto ao STF e a relatoria incumbiu ao Min. Gilmar Mendes que defende que o controle incidental é muito mais complexo, pois passa por várias instâncias, e, por isso, prescinde de ser referendado pelo Senado.
Inconstitucionalidade
No Brasil, se adota o sistema de controle que se baseia no princípio da NULIDADE (se a lei é inconstitucional ela é um ato nulo, destituído de eficácia, é um ato que nasceu morto).
Kelsen defendia o princípio da anulabilidade (mas isso não é adotado no Brasil).
A inconstitucionalidade pode se dar por ação (a lei afronta a Constituição) ou por omissão (por ausência da lei)
Inconstitucionalidade poração e por omissão
O vício de inconstitucionalidade emanado pelo Poder Público pode estar relacionado com uma ação positiva (inconstitucionalidade por ação), com a inexistência dessa ação (inconstitucionalidade por omissão total) ou com uma ação positiva incompleta (inconstitucionalidade por omissão parcial).
A inconstitucionalidade por omissão tem por base a ausência de lei ou ato que torna inviável o completo exercício de certo direito, decorrente de uma norma constitucional de eficácia limitada.
 Os principais instrumentos para solucionarem a inconstitucionalidade por omissão são o Mandado de Injunção (controle difuso de constitucionalidade) e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (controle concentrado de constitucionalidade).
 A inconstitucionalidade por ação tem por objeto a edição de lei ou ato normativo que viola uma norma constitucional. Esse vício pode ser classificado em vício material, vício formal e vício de decoro parlamentar.
Lembre! Foi arguida a inconstitucionalidade desta Emenda Constitucional por meio da ADIN 5017/2013, que ainda não foi julgada pelo STF. 
ADI 5017/2013 
A criação de quatro novos Tribunais Regionais Federais (TRFs) pela Emenda Constitucional (EC) 73/2013 foi questionada no Supremo pela Associação Nacional dos Procuradores Federais (Anpaf). A entidade alega que a emenda prevê um prazo muito exíguo, de seis meses, para a devida estruturação da defesa das fundações e autarquias federais, aponta vício formal de iniciativa da proposta de emenda constitucional, que decorreu de iniciativa parlamentar, e denuncia falta de prévia dotação orçamentária para criação dos novos tribunais.
Em julho de 2013, o ministro Joaquim Barbosa, então presidente do STF, deferiu liminar para suspender os efeitos da emenda. Segundo a decisão, são plausíveis as alegações de vício de iniciativa. Ele apontou ainda o enfraquecimento da independência do Judiciário ao argumentar que a fragmentação da Justiça Federal é deletéria para uma Justiça que se entende nacional.
Tipos de Inconstitucionalidade por ação
Inconstitucionalidade Formal e Inconstitucionalidade Material:
1.1) Inconstitucionalidade Formal (ou orgânica): os vícios formais são defeitos de formação do ato normativo, pela inobservância de princípio de ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de competência. CF, art. 5º, II (Princípio da Legalidade): “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”. 
Todavia, apesar do que diz o princípio da legalidade, a própria CF prevê regras básicas para a feitura das espécies normativas.
Assim, o correto é afirmar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de espécie normativa devidamente elaborada de acordo com as regras de processo legislativo constitucional”. 
Para que as espécies normativas sejam tidas como formalmente constitucionais, devem seguir os arts. 59 a 69 da CF.
As espécies normativas estão previstas no art. 59 da CF:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Importante!
A inobservância das normas constitucionais de processo legislativo tem como consequência a inconstitucionalidade formal do ato normativo produzido, possibilitando pleno controle repressivo de constitucionalidade pelo Judiciário, tanto pelo método difuso quanto pelo método concentrado. 
Para que a espécie normativa seja formalmente constitucional deve atender aos seguintes requistos:
a) Requisitos Subjetivos: Refere-se à questão de iniciativa. Qualquer espécie normativa editada
sem observar aquele que detinha o poder de iniciativa legislativa para determinado assunto, apresentará flagrante vício de inconstitucionalidade.
 
Por exemplo, uma lei ordinária decorrente de projeto de lei apresentado por deputado federal, aprovada para majoração do salário do funcionalismo público federal será inconstitucional por vício formal subjetivo, pois a CF prevê expressamente a privativa competência do Presidente da República para apresentação da matéria perante o Congresso Nacional (CF, art. 61, § 1º, II, a) 
b) Requisitos Objetivos: toda e qualquer espécie normativa deverá respeitar todo o trâmite constitucional previsto nos arts. 60 a 69.
Assim, um projeto de lei complementar aprovado por maioria simples na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sancionado, promulgado e publicado, apresenta um vício formal objetivo de inconstitucionalidade, uma vez que foi desrespeitado o quórum mínimo de aprovação (por maioria absoluta) previsto no art. 69 da CF.
Atenção! Para classificar a inconstitucionalidade material, a doutrina usa o termo “nomoestática” porque o vício surge em razão de norma que foi publicada. Não se trata, portanto, de inconstitucionalidade de norma em desenvolvimento (nomodinâmica). 
Pedro Lenza traz outra classificação. Para ele, a inconstitucionalidade formal (nomodinâmica) pode ser:
 Orgânica: quando há inobservância da competência legislativa (competência federativa para legislar). 
Aqui, para saber se a lei é inconstitucional, deve-se identificar qual é o ente federativo competente para legislar sobre determinado assunto.
Vejamos a Súmula Vinculante 2
É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
Neste caso acima, todas as leis estaduais que trataram sobre o tema, estão contaminadas por vício formal orgânico. 
Formal propriamente dito: quando há inobservância do devido processo legal legislativo. Pode ser: Subjetivo (relacionado ao sujeito que encaminha o projeto de lei) ou Objetivo (vício nas outras fases do procedimento, e não na fase de iniciativa, como a inobservância do quorum mínimo, por exemplo).
Por violação a pressuspostos objetivos do ato normativo: ideia desenvolvida por Canotilho. Trata-se de vício em razão de desrespeito a norma não atinente ao Processo Legislativo, porém de observância igualmente imprescindível. 
É o caso, por exemplo, da criação de Municípios sem a participação direta da população diretamente interessada, que afronta o art. 18, § 4º da CF.
Art. 18. 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
Pelo exposto, se verifica que a lei estadual que cria município depende do preenchimento de alguns pressupostos objetivos descritos na CF, art. 18, § 4º:
 Existência de Lei Complementar Federal;
 Estudo de viabilidade do novo Município;
 Consultar a população (plebiscito).
Todos os Municípios que foram criados desrespeitando esses pressupostos são inconstitucionais por violação a pressupostos objetivos do ato.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 57, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008
Art. 1º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 96:
"Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação."
Resumindo: Os vícios formais afetam o ato normativo sem atingir seu conteúdo, referindo-se aos pressupostos e procedimentos relativos à formação da lei.
1.2) Inconstitucionalidade Material (ou nomoestática): Segundo Canotilho “os vícios materiais dizem respeito ao próprio conteúdo ou ao aspecto substantivo do ato, orginando-se de um conflito com regras ou princípios estabelecidos na Constituição”. É vício de matéria.
1.3) Inconstitucionalidade por Vício de Decoro Parlamentar:(Criação de Pedro Lenza). 
É o vício relacionado ao “abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas” (Corrupção). 
Como exemplo, tem-se o esquema do “mensalão”, divulgado em jornais de todo o país. Não existe, até a presente data, jurisprudência do STF sobre a consequência das leis editadas com tal vício, mas Pedro Lenza entende ser perfeitamente possível o reconhecimento dessa inconstitucionalidade ao fundamento de estar “maculada a essência do voto e o conceito de representatividade popular”. 
O principal instrumento para declaração dessa inconstitucionalidade é a Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
A doutrina vem demonstrando uma posição tendente a inconstitucionalidade das leis produzidas com vício de decoro parlamentar (vício decorrente de violação de regra ética). Há PEC tramitando nesse sentido. 
CF, Art. 55, § 1º: “É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.”
Inconstitucionalidade por Omissão 
Decorre do silêncio (ausência) da lei
Normas podem ser:
 Eficácia Plena: dispensam lei, são autoexecutáveis
 Eficácia Contida: permitem que lei reduza a sua eficácia. Exemplo: pela CF, art. 5º, XIII “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. No entanto, a aprovação no Exame de Ordem é obrigatória para que se possa exercer a profissão de advogado.
 Eficácia Limitada: são as que dependem de lei para que se possa concretizar o que está ali previsto. Se não houver lei, tem-se a situação de inconstitucionalidade por omissão (síndrome de inefetividade na norma).
Para combater essa omissão, há dois instrumentos, surgidos na CF/88: 
 Mandado de Injunção (usado diante do caso concreto – individual ou coletivo);
 Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO (usado diante da omissão em abstrato) 
Veja! A Omissão pode ser total ou parcial.
Omissão Total: se verifica quando o legislador ignora comando constitucional e simplesmente não elabora a lei, descumprindo o mandamento da CF.
Ex.: direito de greve dos servidores públicos (Pelo art. 37, VII “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Todavia, até hoje não há essa lei.); 
Outro exemplo está contido no Art. 40, §4º, CF que versa sobre a possibilidade de concessão de aposentadoria especial aos servidores que exerçam atividades de risco.
Omissão Parcial: aqui o legislador elabora a lei, mas não o faz de maneira suficiente e eficaz, inviabilizando a concretização do mandamento constitucional.
Vejamos o que diz a CF sobre o salário mínimo:
Art.7º, IV “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”
Como o Judiciário (STF) se comporta diante da arguição de inconstitucionalidade por omissão por meio de Mandado de Injunção ou ADO?
Inicialmente, o STF adotou a posição não concretista, o que tornava as decisões inócuas.
Atualmente, o STF reviu seu posicionamento e adota a posição concretista, com fulcro no art. 5º, § 1º que dispõe que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.”
No MI 712 o STF adotou posição concretista geral em relação ao direito de greve do servidor público. 
MANDADO DE INJUNÇÃO N. 712 (interposto pelo SINDICATO DOS TRABALHADORES DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ – SINJEP).
EMENTA: ART. 5º, LXXI DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO DA LEI FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE SOBREVENHA LEI REGULAMENTADORA. 
PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO ANTERIOR QUANTO À SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE SOCIAL. INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL DAR-SE-IA OFENSA À INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2O DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO DOS PODERES [art. 60, § 4o, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. 
INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO NO ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
Aqui, nota-se claramente que o STF concretizou direitos fundamentais prometidos na Constituição (ativismo judicial), mandando aplicar, para os servidores públicos, a lei que versa sobre a greve na inciativa privada (Lei 7.783/89).
Atenção!
A jurisprudência do STF não obriga o Legislativo a sair da inércia, mesmo na hipótese de omissão por tempo desarrazoado. 
O que a Corte Superior faz é concretizar o que falta, entregar aquilo que a lei não deu, sem interferir no Poder Legislativo.
A Inconstitucionalidade pode ser ainda Total ou Parcial (quando apenas uma parte do texto fere a Constituição). 
Observação: A inconstitucionalidade FORMAL acarreta, em regra, a inconstitucionalidade TOTAL. Exceção: Lei ordinária com 200 artigos, onde apenas 3 artigos disciplinam tema que deveria ser tratado em lei complementar. Neste caso, o Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade parcial do texto, eliminando os artigos que e ferem a CF.
Inconstitucionalidade Direta (a lei viola diretamente a CF) - e Indireta ou reflexa (a lei viola indiretamente a CF).
Ato normativo primário (a previsão dele está diretamente na CF. Ex.: Emenda Constitucional, Leis ordinárias, complementares. Inova no mundo jurídico) e 
secundário (tem por base a lei. Ex.: portaria, decreto executivo. Antes de violar a CF, vai violar a lei que a criou. Estes atos não inovam no ordenamento jurídico). 
O STF não admite controle de constitucionalidade reflexa (indireta), só os atos normativos primários são objeto de controle de constitucionalidade.
Inconstitucionalidade Originária: a lei, desde o seu nascedouro é inconstitucional. 
Inconstitucionalidade Superveniente: a lei nasceu constitucional, mas num momento posterior da sua vigência a CF foi alterada e essa lei passou a ser incompatível com a CF. O STF não admite esse tipo de inconstitucionalidade pois quando a CF é alterada, as normas que são incompatíveis com o texto constitucional são revogadas. Para esses casos, só se pode manejar a ADPF.

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