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CASO 11

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4. Do Pedido: 
RAZÕES DE APELAÇÃO
 
 
 
 
Processo N° -------- 
 
 
Apelante: BRAD NORONHA 
 
Apelado: Ministério Público 
 
 
 
 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 
 
Colenda Câmara Criminal
1. DOS FATOS
Em síntese: 
 
O Apelante foi condenado como incurso nas penas do artigo 157, parágrafo segundo, inciso I do Código Penal – roubo majorado pelo emprego de arma – à pena de reclusão de 8 (oito) anos e 6 (seis) meses, a ser cumprida, inicialmente, no regime fechado. 
 
 
Conforme o descrito nos autos, o Apelante, durante o Inquérito Policial teria sido reconhecido pela vítima, através de um procedimento de reconhecimento visual, por um pequeno orifício, da sala onde se encontrava o Apelante. Durante a instrução criminal, a vítima não confirmou ter escutado disparos de arma de fogo, tampouco as testemunhas ouvidas confirmaram os tiros, embora afirmassem que o autor era portador de uma arma. 
 
 
A arma supracitada não foi apreendida, ainda, não houve qualquer perícia. Ouvidos em juízo os policiais, afirmaram que ao ouvirem gritos de ‘pega ladrão’, perseguiram o acusado. Relatando que durante a perseguição o acusado f oi apontado por transeuntes que viram o acusado jogando algo no córrego próximo, imaginando assim ser uma arma. 
 
 
Durante interrogatório, o acusado, ora Apelante, exerceu o seu direito de ficar em silêncio, tendo o juízo ‘a quo’ considerado, para a condenação e fixação da pena, tão somente os depoimentos das testemunhas e o reconhecimento feito pela vítima em sede policial. 
 
A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos.
2. DAS PRELIMINARES
Destaque-se, inicialmente, que a inobservância do disposto no artigo 226, II, do Código de Processo Penal, que impõe condições para o procedimento de reconhecimento de pessoas e, por isso mesmo, impõe se reconheça a nulidade processual, nos termos do artigo 564, IV do CPP. 
3. DO MERITO
Evidentemente, observando os autos, merece o Apelante ser absolvido da imputação que lhe é feita através da denúncia. Não há qualquer prova de ter o acusado, ora Apelante, concorrido para a prática do crime de roubo, eis que não comprovada a autoria. 
 
 
Concretamente o que existe nos autos não serve para apontar autoria. A vítima reconheceu o acusado, ora Apelante, em procedimento totalmente impróprio e inadequado, já que ‘espiou’ por um pequeno orifício de porta em direção a sala onde se encontrava o réu. Assim procedendo, não observou a autoridade as condições impostas pela legislação penal para o reconhecimento de pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal. Assim, procedendo, incorreu, inclusive, em prova ilícita, contrariando, também, o contido no artigo 157 do CPP. 
 
 
Ressalta-se ainda, que a coleta da prova, irregular e ilícita, feita em sede policial, não tendo sido judicializada e, por isso mesmo, não pode ser usada para sustentar a condenação do acusado, ora 
Apelante. 
 
 
Além disso, há apontada nulidade, conforme explicitado em preliminar, já que o acusado deveria t er sido colocado em sala própria, ao lado de outras pessoas, a fim de qu e pudesse ser, verdadeiramente, identificado pela vítima. 
 
 
Assim, não há como se sustentar esteja provada a autoria, impondo- se, não reconhecida a nulidade, a absolvição, por ausência de prova da autoria.
 Alternativamente, há se de apontar para a ausência de comprovação da utilização de arma – se por hipótese, e por mera argumentação, aceitar -se tenha o agente sido o autor do delito. A arma não foi apreendida e, se ela existisse, deveria ter sido alcançada pois que os policiais afirmam ter sido a mesma jogada em um córrego. Embora a afirmação, não houve qualquer empenho na busca da suposta arma. Assim, apenas para argumentar, tivesse sido o agente autor de algum delito, esse não poderia ser de roubo majorado pelo emprego de arma. Não poderia, sequer, ser considerado crime de roubo, eis que não há prova, nos autos, do emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa. Assim, se alguma condenação deva pesar sobre o ora Apelante, essa deverá se constituir pela prática de furto, mas não de roubo.
4. DO PEDIDO 
Ante a todo o exposto requer o recebimento do pedido com a consequente reforma da decisão anterior para decretar a absolvição do Apelante, com base no artigo 386, V do Código de Processo Penal, uma vez que não está provada tenha o acusado concorrido para prática da infração penal. 
Na impossibilidade da decretação da absolvição, que seja declarada nula a decisão condenatória, eis que não observadas as condições impostas para o reconhecimento de pessoas, existindo omissão quanto a formalidade essencial do ato, de acordo com o previsto no artigo 226, I I e artigo 564, IV do Código de Processo Penal. 
Ainda, não sendo possível a absolvição ou nulidade, seja o acusado, ora Apelante, beneficiado pelo princípio do in dúbio pro reo, a fim de vê-lo, no máximo, condenado por crime de furto, com causa de diminuição de pena e consequente modificação do regime de cumprimento de pena. Requer ainda o Autor a fixação de justa indenização com fulcro no artigo 630 do Código de Processo Penal. 
Por ser medida de Justiça, 
 
 
Pede Deferimento. 
 
 
Rio de Janeiro, 19 de novembro de 2015 
 
 
Assinatura do advogado/ n° OAB

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