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CRIMINOLOGIA EM PDF (IVANÉSIO)

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CRIMINOLOGIA 
AULA 1 Criminologia como ciência e evolução histórica dos sistemas punitivos Objetivo desta Aula Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
1- Conhecer os objetos de estudo da Criminologia e a metodologia aplicada; 
2- Conhecer a diferença entre Criminologia, Direito Penal e Política Criminal; 
3- Conhecer a finalidade da Criminologia; 
4- Compreender a natureza interdisciplinar da Criminologia. 
5- Conhecer a origem do direito penal e o desenvolvimento das políticas criminais de controle social na Idade Média e Moderna; 
6- Conhecer o conteúdo do pensamento iluminista da escola clássica e os limites dos poderes do Estado. 
 Métodos da Criminologia 
A Criminologia é uma ciência do SER, ou seja, visa entender e explicar a realidade a partir de um determinado objeto, utilizando-se para tanto dois métodos:
Método Empírico Analisa a realidade pela coleta de dados concretos, materialmente verificáveis, como estatísticas, registro de ocorrências, dados de vítimas e/ou criminosos, como idade, sexo, escolaridade etc. Registro de ocorrências em delegacias ou Cruzamento de estatísticas 
Método Indutivo É indutivo, pois em decorrência da observação de premissas específicas é possível se construir uma teoria genérica capaz de explicar determinado fenômeno. Perfil sócio-econômico dos presos Cruzamento de dados Tese – o sistema penal reflete a discriminação presente na imagem que a sociedade faz do criminoso. 
Enquanto o direito valora o fato, definindo-o ou não como algo lesivo para a coletividade, a criminologia o analisa e explica, como um fenômeno real. Objeto Dependendo do interesse do pesquisador, o objeto da criminologia pode variar, via de regra, dentro dos seguintes temas: O Criminoso Neste tema, tenta-se explicar seu motivo, seu psiquismo, suas motivações. 
 O Crime 
Este estudo pode ser dirigido à análise da prática de delitos específicos, como nos casos de tráfico de drogas, crime organizado e lavagem de dinheiro. 
A Vítima - Através da vitimologia, ciência que estuda seu comportamento, sua posição frente o agente vitimizante ou até mesmo, sua colaboração com a prática do crime. Os processos de Criminalização Parte dos estudos mais modernos da chamada criminologia crítica, que tem como interesse explicar, quais os critérios levam um delinquente a ser inserido no sistema penal. 
O Sistema Penal São eles: o sistema policial, judiciário, o sistema carcerário e de aplicação de pena. 
 FUNÇÃO DA CRIMINOLOGIA 
A criminologia serve de referência teórica para a implementação de estratégias de políticas criminais, que são métodos utilizados pelo poder público no controle da criminalidade. 
Exemplo: 
1 - Espaços abertos e mal iluminados facilitam a prática de crimes. 
2 - Numa decisão político criminal, o poder público intervém no cenário urbano, diminuindo assim o número de delitos. 
 DA INTERDISCIPLINARIEDADE 
Assim, a criminologia, além de ser reconhecida como ciência, também é considerada interdisciplinar, uma vez que para qualquer dos objetos que se destina estudar, poderá fazê-lo sob vários enfoques distintos, podendo se apoderar de diversas esferas do conhecimento a fim de melhor entender determinada situação.
 Sociologia < > Economia Direito < Criminologia > Biologia/Psicologia Filosofia < > História SOCIOLOGIA -
 Para a compreensão do crime como fenômeno social; o estudo dos grupos e subgrupos que compõe a sociedade e seus valores; entender como a mobilidade social pode influenciar o crime. 
 DIREITO 
Nos critérios utilizados pelo legislador no momento de legislar matéria criminal; 
o papel do judiciário na seletividade do sistema penal; 
o uso do direito como instrumento de poder. 
 FILOSOFIA 
Pode ser estudada a fim de questionar os paradigmas de controle e as escolas existentes como, por exemplo, no estudo das teorias que fundamentam a pena.
 ECONOMIA 
Entender a influência da economia na tomada de determinadas políticas criminais; no estudo dos crimes econômicos e transnacionais, como de lavagem de dinheiro e ambientais; na influência das diferenças sociais como fator criminógeno.
 BIOLOGIA/PSICOLOGIA
Verificar os fatores biológicos e psicológicos que influenciam o criminoso na prática do crime; o neo-positivismo e a busca do gene da violência no código genético humano. 
 HISTÓRIA 
No estudo do desenvolvimento das práticas punitivas, da pena e do direito penal; a compreensão da Inquisição; a relevância da escravidão e suas permanências no cenário atual do Brasil. 
Reação aos Conflitos “Ao longo de milênios, vem surgindo uma linha demarcatória entre modelos de reação aos conflitos: um, o de solução entre as partes; o outro, de decisão vertical ou punitiva” (Eugênio Raul Zaffaroni e Nilo Batista). 
O vídeo ao lado ilustra o surgimento da linha democrática: Punição e meios de produção Ao longo dos séculos, a forma de punir varia conforme a economia: quando há aumento da pobreza, as punições são mais cruéis, para controlar com maior rigor essa camada da população, havendo açoites e penas capitais; se por doença ou guerra houver pouca mão-de-obra, incrementa-se a pena de trabalhos forçados (galés). 1200 Neste período da Idade Média, já havia uma nítida distinção na forma como se punia segundo a situação financeira do autor do fato: se era um nobre, a pena era uma fiança pecuniária; mas se o infrator fazia parte das camadas mais pobres, recebia penas corporais. Séculos XV e meados do XVI Há um grande aumento da população miserável na Europa, o que repercutiu no incremento de penas mais cruéis, como mutilações e morte. Séculos XVI e XVII Com o baixo crescimento demográfico, face às guerras e doenças, muda-se a forma de punir, a fim de aproveitar a mão-de-obra dos condenados. 
As penas de morte são substituídas pelas de trabalhos forçados, através do degredo e das galés Séculos XVIII e XIX Inicia-se o crescimento demográfico. Havendo um excedente para a mão-de-obra, surge a necessidade de manter este contingente sob controle, através da exclusão propiciada pela prisão, instituto que surge neste período. Durante a Idade Média, com o fortalecimento da Igreja Católica, são criados o Santo Ofício e a Inquisição, tendo como finalidade caçar os inimigos da fé católica através de um processo sem contraditório, onde o acusador e o juiz eram a mesma pessoa (presente ainda hoje no inquérito policial). 
A Força da Igreja No século XV a igreja ganha força política e usa efetivamente a a inquisição para caçar seus inimigos e acumular riquezas. Tipos de Crime Os crimes estavam definidos nos Édito da Fé, podendo se destacar: heresia (desprezo pelas leis da Igreja, pelo papa e pelos santos), judaísmo, islamismo luteranos, adivinhação; superstição, invocação do demônio e posse de livros proibidos (uma vez que havia um controle sobre livros, livreiros e editores, pois os privilégios papais para impressão de livros duraram até 1606; obviamente, essa era uma forma de controlar a circulação e o acesso ao conhecimento). 
 Tipos de Pena 
A pena poderia ser a excomunhão, o confisco ( o que muito auxiliou para o enriquecimento da igreja). O banimento ou a morte. E como era relacionada à religião, sempre se buscava a confissão do herege, sendo legitimado o uso da tortura. Ostentação dos suplícios Nos séculos XVII e XVIII, tornou-se comum o uso do corpo do condenado para demonstrar o poder do soberano num espetáculo de suplício em praça pública, buscando o medo e o testemunho daspessoas. A pena de morte é usada para aqueles crimes mais graves, antecipada pela aplicação de uma série de técnicas para aumentar a dor e o sofrimento do sujeito. 
 Iluminismo 
Em meados do século XVIII, há o desenvolvimento de um conjunto de críticas àquele sistema punitivo cruel e irracional, momentos em que se clamou pelo Humanismo e por um necessário limite ao Estado. Trata-se de um movimento que teve como base o Contratualismo, desenvolvido por Rousseau, Hobbes e Locke, e que influenciou autores dentro do Direito Penal. 
A ‘escola clássica’, como estes ficaram conhecidos, inclui Carrara, Feuerbach e, principalmente, Beccaria, que no seu livro Dos delitos e das penas, critica a pena de morte, a denúncia anônima, a tortura e os crimes de perigo abstrato, dentre outras práticas desumanas da época. Jean Jacques Rousseau, Thomas Hobbes John Locke, Francesco Carrara, Ludwig Feuerbach e Casare Beccaria. 
Contratualismo é uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formar governos e manter a ordem social. Dos Delitos e das Penas Dos Delitos e das Penas (em italiano Dei delitti e delle pene) é um livro de Cesare Beccaria, originalmente publicado em 1764. Sobre Trata-se de uma obra que se insere no movimento filosófico e humanitário da segunda metade do século XVIII. Na época havia grassado a tese de que as penas co nstituíam uma espécie de vingança coletiva; essa concepção havia induzido à aplicação de punições de conseqüências m uito superiores e mais terríveis do que os males produzidos pelos delitos. Prodigalizara-se então a prática de torturas, penas de morte, prisões desumanas, banimentos, acusações secretas. Beccaria se insurge contra essa tradição jurídica invocando a razão e o sentimento. Faz-se porta-voz dos protestos da consciência pública contra os julgamentos secretos, o juramento imposto aos acusados, a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a desigualdade ante o castigo, a atrocidade dos suplícios; est abelece limites entre a justiça divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos. "A grandeza do crime não depende da intenção de quem o comete", escreveu. Condena o direito de vingança e toma por base do direito de punir a utilidade social, ressaltando a necessidade da publicidade e da presteza das penas: "quanto mais pronta for a pena e mais de perto seguir o 
delito, tanto mais justa e útil ela será". Declara ainda a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade das penas aos delitos ("a verdadeira medida dos delitos é o dano causado à sociedade"), assim como a separação do poder judiciário e do poder legislativo. A partir do estudo desta obra, as legislações de v ários países foram modificadas; a pena para o criminoso deixa a forma de punição e assume a de sanção. O criminoso não é mais alguém parelelo à sociedade, mas alguém que não se adaptou às normas preestabelecidas, provenientes de um contrato social Rosseauriano, em que a pessoa se priva de sua liberdade (a menor parcela possível) em prol da ordem social. Cesare Beccaria afirma que as leis são fragmentos da legislação de um antigo povo conquistador, compilados por ordem de um príncipe que reinou há doze séculos em Constantinopla, combinados em seguida com os costumes dos lombardos e amortalhados em um volumoso calhamaço de comentários obscuros, constituídos do velho acervo de opiniões de uma grande parte da Europa. Disserta que as vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre todos os seus membros, devendo essa ser a verdade digna de nossa sociedade; contudo, Beccaria traz que, entre os homens reunidos, nota -se a tendência contínua de acumular no menor número os privilégios o poder e a felicidade, para deixar à maioria apenas miséria e fraqueza. Para impedir isso só com boas leis. Porém, normalmente, os homens abandonam a leis provisórias e à prudência do momento o cuidado de regular os negócios mais importantes, quando não os con fiam à discrição daqueles mesmos cujo interesse é oporem-se às melhores instituições e às leis m ais sábias. Toda lei que não for estabelecida sobre a base moralista encontrará sempre uma resistência à qual acabará cedendo. A primeira consequência desses princípios é que só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa to da a sociedade unida por um contrato social. A segunda consequência é que o soberano, que re presenta a própria sociedade, só pode fazer leis gerais, às quais todos devem submeter-se; não lhe compete, porém, julgar se alguém violou essas leis. Em terceiro lugar, mesmo que a atrocidade das mesmas não fosse reprovada pela filosofia, mãe das virtudes benéficas e, por essa razão, esclarecida, que prefere governar homens felizes e livres a dominar co vardemente um rebanho de tímidos escravos; mesmo que os castigos cruéis não se opusessem diretamente ao bem público e ao fim que se lhes atribui, o de impedir os crimes bastará provar que essa crueldade é inútil, para que se deva considerá-la como odiosa, revoltante, contrária a toda justiça e à própria natureza do contrato social. Das consequências desses princípios, resulta-se que os juízes não recebem as leis como uma tradição doméstica, ou como um testamento dos no ssos antepassados, que ao s seus descendentes deixaria apenas a missão de obedecer. Recebem-nas da sociedade viva, ou do soberano, que é representante dessa sociedade, como depositário legítimo do resultado atual da vontade de to dos. Ao juiz caberia somente a definição sobre a existência do fato e somente ao seu soberano a interpretação das leis, já que depositário das vontades atuais do povo. Critica, por outro lado, a obscuridade de uma lei feita de forma prolixa, de maneira que o povo não entenda, pois a lei há de ser interpretada, mas não pelos minoritários detentores do conhecimento, contudo, pelo cidadão, que deve julgar por si mesmo as consequências de seus próprios atos. "Felizes as nações entre as quais o conhecimento das leis não é uma ciência", escreveu. Ressalta que o castigo deve ser inevitável, mas que não é a severidade da pena que traz o temor, mas a certeza da punição. "A perspectiva de um castigo moderado, mas inevitável, causará se mpre uma impressão mais forte do que o vago temor de um suplício terrível, em relação ao qual se apresenta alguma esperança de impunidade". Enaltece que a prevenção dos crimes é melhor do que a punição. Por fim, deduz um Teorema Geral Utilíssimo, o legislador ordinário das nações. Explicando que para não ser um ato de v iolência contra o cidadão, a pena deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias dadas, proporcionada ao delito e determinada pela lei.
Indicação de Filme = O Nome da Rosa Antes de terminar o estudo desta aula, assista a uma cena do filme O nome da Rosa. Alemanha, 1986. Diretor: Jean-Jacques Annoud. Estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália, durante a baixa Idade Média. As vítimas aparecem com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges têm acesso às publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano, incumbido de investigar os casos, irá mostrar o motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da Santa Inquisição. Atividade Proposta 4 - Inicia-seo crescimento demográfico. Havendo um excedente para a mão-de-obra, surge a necessidade de manter este contingente sob controle, através da exclusão propiciada pela prisão, instituto que surge neste período. 2 - Há um grande aumento da população miserável na Europa, o que repercutiu no incremento de penas mais cruéis, como mutilações e morte. 3 - Com o baixo crescimento demográfico, face às guerras e doenças, muda-se a forma de punir, a fim de aproveitar a mão-de-obra dos condenados, substituindo as penas de morte pelas de trabalhos forçados, através do degredo e das galés. 1 - Neste período da Idade Média, já havia uma nítida distinção na forma como se punia segundo a situação financeira do autor do fato: se era um nobre, a pena era uma fiança pecuniária, mas se o infrator fazia parte das camadas mais pobres, recebia penas corporais. Aula 1: Conceito e História Bibliogragia BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica ao direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2000. BRUNO, Aníbal. Direito penal – parte geral - tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967. CARVALHO, Salo. Pena e garantias: uma leitura do garantismo de Luigi Ferrajoli no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. COSTA, Álvaro Mayrink. Criminologia. Vol. I, Tomo I. Rio de Janeiro: Forense, 1982. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 2000. LISZT, Franz Von. Tratado de direito penal alemão. Campinas: Russel Editores, 2003. MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. RUSCHE, Georg e Kirchheimer, Otto. Punição e estrutura social. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. VERRI, Pietro. Observações sobre a tortura. Trad. Frederico Carotti. São Paulo: Martins Fontes, 1992. ZAFFARONI, E. Raúl e Batista, Nilo. Direito penal brasileiro, vol. I. Rio de Janeiro: Revan, 2003.
CRIMINOLOGIA – AULA 2 Positivismo Objetivo desta Aula Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1- Conhecer a primeira escola de criminologia e o momento histórico-científico em que ela se encontra; 2- Conhecer o método e objeto de estudo da escola positivista: o criminoso; 3- Conhecer os fundamentos do positivismo de Lombroso, Ferri e Garófalo; 4- Associar o positivismo com a criação do estereótipo do criminoso. Introdução O positivismo é considerado a primeira escola de Criminologia. Com a Revolução Industrial no século XIX, o desenvolvimento do capitalismo e das ciências naturais, bem como o aumento da criminalidade, nasce o estudo científico do crime e, principalmente, do criminoso. Protagonistas Para começarmos nossa aula, vamos conhecer três personagens muito importantes para o Positivismo e para a Criminologia: Cesare Lombroso Lombroso criou a escola positivista criminológica. Ele foi o médico que desenvolveu a teoria do “ criminoso nato”, segundo a qual uma parte dos criminosos já nascia com uma espécie de disfunção patológica que o lev aria, invariavelmente à prática do crime. Para ele, o criminoso era um subtipo humano, degenerado e atávico. Para Lombroso, esta disfunção se exteriorizava na aparência e no comportamento do sujeito, que podiam ser estudadas para que se pudesse identificar o criminoso pela sua aparência. Assim, ele estudou as vísceras dos criminosos, crânio, linguagem, tatuagens, letra, comportamento etc. Para ele, as penas deveriam ser por tempo indeterminado para os corrigíveis e perpétuas se incorrigíveis. Clique aqui para ver um exemplo de estudo de Cesare Lombroso. Fotos de Crânes de Criminelles Italiennes Erico Ferri Enrico Ferri foi o advogado e po lítico responsável pelas críticas à “escola clássica”, expressão criada por ele para denominar aqueles que não eram adeptos das ideias positivistas. Ele defendia que outros elementos poderiam determinar a prática do crime, não só o biológico, mas também fato res individuais (raça, sexo ), so ciais (fam ília, religião) e físicos (clima, temperatura). Criou a teoria dos “substitutivos penais”. Ferri entendia que a ordem social burguesa tinha que ser defendida a to do custo, inclusive com o sacrifício dos direitos individuais, o que ele chamava de teoria do relógio quebrado. É a defesa de que crimes leves devem ser severamente punidos para se inibir crimes mais graves
Rafael Garófalo Rafael Garófalo era magistrado e criou o conceito de “delito natural”, sendo o crime uma ofensa feita à parte mais comum do senso moral formada pelos sentimentos de piedade e probidade (justiça). Dessa forma, o crime seria condutas nocivas em qualquer sociedade. Constata-se que o positivismo foi uma teoria extremamente racista que auxiliou a legitimar políticas imperialistas na Àfrica, políticas criminais repressivas, e a solidificação, posteriormente, do próprio nazismo. Os 3 defendiam a prisão perpétua, Rafael Garófolo e Enrico Ferri, a pena de morte para os irrecuperáveis. Positivismo no Brasil Como os estudos positivistas tinham como objeto o criminoso, o melhor e mais seguro local para encontrá -los seria na cadeia. Mas, lá chegando, que parcela da população era encontrada em maior número? Os negros. Assim, essa teoria ajudou a concretizar a imagem do negro como marginal, conferindo o aval da ciência de que a raça negra era inferior e voltada para o crime, reforçando o estereótipo do criminoso. Euclides da Cunha O escritor Euclides da Cunha, apesar de contrário a Lombroso, defendeu a inferioridade da raça nordestina pelo meio. Nina Rodrigues O legista Nina Rodrigues defendeu a responsabilidade diferenciada para cada raça. Viveiros de Castro Viveiros de Castro repelia a existência do livre arbítrio. Moniz Sodré Moniz Sodré negava a igualdade entre os homens e entendia que a pena deveria ser proporcional não ao delito, mas à inadaptação do sujeito à vida social. Direito Penal do Autor Com o amparo científico possibilitando a identificação do criminoso pela sua aparência, o Direito Penal se vê legitimado a punir condutas que exteriorizem esta “periculosidade”, modelando-se a um “Direito P enal do autor”. Ou seja, pune-se pelo que o sujeito é, e não pelo que ele fez, sendo o crime um sintoma de um “estado do autor”. Um exemplo disso é a criminalização da capoeira na primeira República. Tal prática era constituída pela reunião de “negros vadios que, pela aglomeração, aproveitavam-se para praticar pequenos furtos”. Ainda presente nos dias de hoje, a análise da personalidade do réu é usada para o cálculo e definição de pena, assim como seus antecedentes, culpabilidade e sua conduta social (Art. 59 do CP). Isso vai de encontro a um “Direito Penal do fato”, mais compatível com u m Estado democrático de direito, que pune o sujeito pelo fato praticado, e não pelo que ele é. 
Rafael Garófalo Rafael Garófalo era magistrado e criou o conceito de “delito natural”, sendo o crime uma ofensa feita à parte mais comum do senso moral formada pelos sentimentos de piedade e probidade (justiça). Dessa forma, o crime seria condutas nocivas em qualquer sociedade. Constata-se que o positivismo foi uma teoria extremamente racista que auxiliou a legitimar políticas imperialistas na Àfrica, políticas criminais repressivas, e a solidificação, posteriormente, do próprio nazismo. Os 3 defendiam a prisão perpétua, Rafael Garófolo e Enrico Ferri, a pena de morte para os irrecuperáveis. Positivismo no Brasil Como os estudos positivistas tinham como objeto o criminoso, o melhor e mais seguro local para encontrá -los seria na cadeia. Mas, lá chegando, que parcela da população era encontrada em maior número? Os negros. Assim, essa teoria ajudou a concretizar a imagem do negro comomarginal, conferindo o aval da ciência de que a raça negra era inferior e voltada para o crime, reforçando o estereótipo do criminoso. Euclides da Cunha O escritor Euclides da Cunha, apesar de contrário a Lombroso, defendeu a inferioridade da raça nordestina pelo meio. Nina Rodrigues O legista Nina Rodrigues defendeu a responsabilidade diferenciada para cada raça. Viveiros de Castro Viveiros de Castro repelia a existência do livre arbítrio. Moniz Sodré Moniz Sodré negava a igualdade entre os homens e entendia que a pena deveria ser proporcional não ao delito, mas à inadaptação do sujeito à vida social. Direito Penal do Autor Com o amparo científico possibilitando a identificação do criminoso pela sua aparência, o Direito Penal se vê legitimado a punir condutas que exteriorizem esta “periculosidade”, modelando-se a um “Direito P enal do autor”. Ou seja, pune-se pelo que o sujeito é, e não pelo que ele fez, sendo o crime um sintoma de um “estado do autor”. Um exemplo disso é a criminalização da capoeira na primeira República. Tal prática era constituída pela reunião de “negros vadios que, pela aglomeração, aproveitavam-se para praticar pequenos furtos”. Ainda presente nos dias de hoje, a análise da personalidade do réu é usada para o cálculo e definição de pena, assim como seus antecedentes, culpabilidade e sua conduta social (Art. 59 do CP). Isso vai de encontro a um “Direito Penal do fato”, mais compatível com u m Estado democrático de direito, que pune o sujeito pelo fato praticado, e não pelo que ele é.

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