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pdf 179232 Aula 02 LIMPAscurso 23234 aula 02 v2

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Aula 02
Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase - com videoaulas 
Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale
Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 02 
 
 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 1 de 59 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ 
OAB - 1ª FASE 
XXII EXAME DE ORDEM 
 
Olá, amigos do Estratégia OAB! 
Na aula de hoje daremos continuidade ao estudo dos direitos fundamentais. 
Vamos fazer uma breve abordagem no tema dos direitos sociais e, na sequência, 
já PHUJXOKDUHPRV� ³GH� FDEHoD´� QRV� WySLFRV� PDLV� FREUDGRV�� direitos de 
nacionalidade, direitos políticos e os direitos relacionados à organização 
e funcionamento dos partidos políticos. 
Uma ótima aula a todos e bons estudos! 
Diego e Ricardo 
 
 
 
Facebook do Prof. Diego Cerqueira: 
https://www.facebook.com/coachdiegocerqueira 
Periscope: @dcdiegocerqueira 
Instagram: @coachdiegocerqueira 
 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1 ± Direitos Sociais 2-7 
2 ± Direitos de Nacionalidade 7-26 
3 - Direitos Políticos 26-48 
4 ± Dos Partidos Políticos 48-53 
5 ± Caderno de prova OAB 54-59 
6 ± Gabarito 59 
Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 02 
 
 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 2 de 59 
 
 
 
1. DIREITOS SOCIAIS 
1.1. Introdução 
Estão lembrados das aulas iniciais quando abordamos os direitos de 1ª geração? 
Estes têm por finalidade restringir a ação do Estado sobre os indivíduos, 
limitando o poder estatal. Trata-se de uma obrigação de não-fazer, de não 
intervir na órbita privada. 
No caso dos direitos sociais, estamos diante uma natureza jurídica diversa. 
São os chamados direitos de 2ª geração, que impõem ao Estado uma 
³REULJDomR�GH�ID]HU´, de ofertar prestações positivas visando concretizar a 
igualdade material e possibilitar melhores condições de vida aos indivíduos. 
A constitucionalização dos direitos sociais foi resultado da mudança do papel 
do Estado, que, ao final da 1ª Guerra Mundial, passou a atuar como agente do 
bem-estar e da justiça social.1 Aparece em um contexto de crise do Estado 
liberal, marcado por reivindicações trabalhistas e doutrinas socialistas. 
Constatava-se que a mera consagração da igualdade formal não era suficiente 
para realizar a igualdade material. Como grande marco dos direitos sociais, 
citamos a Constituição de Weimar de 1919. No Brasil, a Constituição de 1934 
foi a primeira que previu normas sobre a ordem social. 
Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais estão relacionados nos art. 
6º - art. 11. Há, também, outros dispositivos do texto constitucional que versam 
sobre os direitos sociais. É o caso, por exemplo, do art. 194 (que trata da 
seguridade social), art. 196 (direito à saúde) e art. 205 (direito à educação) 
1.2. Os direitos sociais na Constituição Federal de 1988 (art. 6º) 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
No texto original da Constituição Federal, não se fazia menção à alimentação, 
à moradia e ao transporte, cuja inserção na Carta Magna foi obra do Poder 
 
1 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, p. 1301. 
Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 02 
 
 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 3 de 59 
Constituinte Derivado. A moradia foi inserida pela EC nº. 26/2000; a 
alimentação, pela EC nº. 64/2010; e o transporte, mais recentemente pela EC 
nº. 90/2015. Tenham uma especial atenção quanto a esses três direitos 
sociais, meus amigos! As bancas examinadoras adoram cobrá-los, 
especialmente pelo fato de eles não fazerem parte do texto original da CF/88. 
Em relação ao rol instituído pelo Constituinte no art. 6º, o STF entende que se 
trata de rol exemplificativo2, pois há outros direitos sociais espalhados ao 
longo da CF/88. Destaque-se que os direitos sociais do art. 6º são normas de 
eficácia limitada e aplicabilidade mediata, dependendo, para sua concretização, 
da atuação estatal, seja através da edição de leis regulamentadoras, seja 
através da oferta de prestações positivas. 
Uma das discussões mais relevantes sobre os direitos sociais diz respeito, 
justamente, à sua concretização e efetividade. Para estudarmos essa 
problemática é necessário conhecermos três importantes princípios: i) o 
SULQFtSLR�GD�³UHVHUYD�GR�SRVVtYHO´; ii) o SULQFtSLR�GR�³PtQLPR�H[LVWHQFLDO´ e; iii) 
o princípio da vedação do retrocesso. É o que faremos a seguir. 
1.2.1. Os direitos sociais e a cláusula de ³UHVHUYD�GR�SRVVtYHO´ 
A teoria da reserva do possível consiste na ideia de que cabe ao Estado 
efetivar os direitos sociais, mas apenas ³QD� PHGLGD� GR� ILQDQFHLUDPHQWH�
SRVVtYHO´� A teoria serve, portanto, para determinar os limites em que o Estado 
deixa de ser obrigado a dar efetividade aos direitos sociais. 
Não é lícito ao Poder Público, todavia, simplesmente alegar que não possui 
recursos orçamentários; é fundamental que o Poder Público demonstre 
objetivamente a inexistência de recursos públicos e a falta de previsão 
orçamentária da respectiva despesa. 
A formulação e execução de políticas públicas são tarefas que competem, 
primariamente, ao Poder Executivo e ao Legislativo. No entanto, segundo o STF, 
é possível que o Poder Judiciário determine, em bases excepcionais, a 
implementação, pelos órgãos inadimplentes, de ações destinadas à 
concretização dos direitos sociais. O Poder Judiciário poderá determinar, por 
exemplo, que o Estado conceda tratamento de câncer a um indivíduo3. 
Mas, importante ressaltar que a atuação do Poder Judiciário na concretização 
dos direitos sociais não é ilimitada; ao contrário, encontra limites na cláusula 
da reserva do possível. Assim, a cláusula afasta a aptidão do Poder Judiciário 
para intervir na efetivação de direitos sociais. No entanto, para que esse limite 
 
2 STF, ADI nº 639, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005. 
3 STF, RE 436.996 ± AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005. 
Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
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à ação do Judiciário seja válido, é necessário que se comprove objetivamente 
a ausência de recursos orçamentários suficientes.4 
1.2.2. Os direitos sociais e o mínimo existencial 
Os direitos sociais, na condição de direitos fundamentais, são indispensáveis 
para a realização da dignidade da pessoa humana. O Estado, na sua tarefa de 
concretização desses direitos, deve garantir o mínimo existencial. Considera-se 
mínimo existencial o grupo de prestações essenciais que se deve fornecer 
ao ser humano para que ele tenha uma existência digna. 
O princípio do mínimo existencial é compatível e deve conviver com a 
cláusula da reserva do possível. O Estado, na busca da promoção do bem-
estar do homem, deve proteger os direitos individuais e, além disso, garantir 
condições materiaismínimas de existência aos indivíduos. 
Segundo o Supremo, o mínimo existencial é uma limitação à cláusula da 
reserva do possível.5 A reserva do possível só poderá ser alegada pelo 
Poder Público como argumento para a não concretização de direitos 
sociais uma vez que tenha sido assegurado o mínimo existencial pelo 
Estado. A garantia do mínimo existencial é uma obrigação inafastável do Estado. 
O Poder Judiciário, com vistas à concretização dos direitos sociais e à 
garantia do mínimo existencial, tem adotado inúmeras decisões relacionadas 
ao direito à saúde. Nesse sentido, por exemplo, entende-se ser possível a 
determinação para que a Administração Pública forneça medicamentos e 
tratamento médico a indivíduos portadores de doença, inclusive com a 
manutenção de estoque mínimo de medicamento ou, até mesmo em bases 
excepcionais, a determinação judicial para o bloqueio e o sequestro de verbas 
públicas como forma de garantir o fornecimento pelo Poder Público.6 
No âmbito da política de segurança pública, o STF já decidiu que o Poder 
Judiciário pode determinar à Administração que execute obras emergenciais 
em presídios a fim de proteger os direitos fundamentais dos detentos, 
assegurando-lhes a sua integridade física e moral.7 
1.2.3. A vedação ao retrocesso 
O princípio da vedação ao retrocesso busca evitar que as conquistas sociais já 
alcançadas pelo cidadão sejam desconstituídas. Segundo Canotilho, os direitos 
sociais, uma vez tendo sido previstos, passam a constituir tanto uma garantia 
institucional quanto um direito subjetivo. 
 
4 ADPF 45 MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 29.04.2004, DJ 04.05.2004. 
5 STF, RE 639.637. AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 15.09.2011 
6 REsp 1.069.810/RS. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. 23.10.2013. 
7 RE 592.581/RS. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 13.08.2015. 
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Há uma limitação do legislador e a exigência de uma política condizente com 
esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que violem o 
seu núcleo essencial. Segundo o STF: 
 ³FOiXVXOD�TXH�YHGD�R�UHWURFHVVR�HP�PDWpULD�GH�GLUHLWRV�
a prestações positivas do Estado (como o direito à 
educação, o direito à saúde ou o direito à segurança 
pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação desses 
direitos fundamentais individuais ou coletivos, 
obstáculo a que os níveis de concretização de tais 
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser 
XOWHULRUPHQWH�UHGX]LGRV�RX�VXSULPLGRV�SHOR�(VWDGR´��8 
Pessoal, em termos de Direitos Sociais ficamos por aqui com o que pode ser 
cobrado para fins de prova em Constitucional. As disposições do art. 7º a 11º 
da CF/88 são temas com um enfoque para a prova de Direito do Trabalho. - 
 
 
 
 
 
1. (FGV / XX Exame de Ordem Unificado ± 2016 ± Reaplicação de Prova ± 
Salvador/BA). Com a promulgação da Constituição de Weimar, em 1919, 
ocorreram transformações paradigmáticas no regime jurídico de proteção 
dos direitos fundamentais, o que alterou a concepção negativa do papel 
do Estado, que apenas consagrava as liberdades individuais e a igualdade 
formal perante a lei. Com o advento da referida ordem constitucional, o 
Estado deve agir, positivamente, para garantir as condições materiais de 
vida digna para todos e para a proteção dos hipossuficientes. Esse texto 
descreve o ambiente em que o Direito Constitucional Positivo: 
A) estabeleceu os direitos individuais negativos de primeira dimensão. 
B) consagrou os direitos sociais prestacionais de segunda dimensão. 
C) definiu os direitos transindividuais de solidariedade de terceira dimensão. 
D) instituiu os direitos humanos metaconstitucionais de quarta dimensão. 
Comentário: 
Opa! Questão tranquila pessoal. Acabamos de estudar os direitos de 2ª geração. E 
o enunciado se refere exatamente ao momento histórico em que surgiram estes 
direitos, que diferente dos direitos de 1ª geração, tutelam a igualdade material 
(tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente), de forma a exigir do 
Estado uma prestação positiva, ou seja, uma atuação. Foi neste momento que os 
 
8 STF, RE 436.996 ± AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005. 
Direito Constitucional 
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direitos sociais, econômicos e culturais passaram a ser consagrados. A alternativa 
correta é a letra B. 
 
2. (FGV/ TJ-BA ± 2015) A respeito dos direitos sociais, é correto afirmar 
que: 
a) sempre exigirão uma omissão por parte dos poderes constituídos; 
b) podem ser vistos como a primeira dimensão ou geração dos direitos 
fundamentais; 
c) nunca dependem da disponibilidade de recursos financeiros para a sua 
implementação; 
d) podem exigir o oferecimento de prestações específicas; 
e) somente devem ser atribuídos às pessoas naturais, jurídica e economicamente 
classificadas como necessitadas. 
Comentários: 
A letra A está incorreta. Como vimos, os direitos sociais geralmente exigem uma 
ação (e não uma omissão) dos poderes constituídos. 
A letra B está incorreta. Os direitos sociais pertencem à segunda dimensão ou 
geração dos direitos fundamentais. 
A letra C está incorreta. Esses direitos dependem, geralmente, da disponibilidade 
de recursos financeiros para sua implementação. 
A letra D está correta. Os direitos sociais podem, sim, exigir prestações 
específicas para sua implementação. É o caso do direito à saúde, por exemplo. 
A letra E está incorreta. Os direitos sociais podem ser atribuídos a todas as 
pessoas naturais. 
 
3. (FUNCAB / PC-ES ± 2013/ Adaptada) São direitos sociais preceituados 
na Constituição de 1988: 
a) a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, 
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados. 
b) a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. 
Direito Constitucional 
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c) a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. 
d) o direito de herança, a intimidade, a privacidade, a informação dos órgãos 
públicos. 
e) a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer, ou dele sair com seus bens. 
Comentários: 
Segundo o art. 6º, CF/88, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, 
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Gabarito 
letra A. 
 
2. DIREITOS DE NACIONALIDADE 
2.1. Introdução 
Segundo a doutrina dominante, os elementos constitutivos do Estado são 
território, povo e governo soberano. Dentre esses, o povo é o que constitui 
a dimensão pessoal do Estado. Ao contrário da população (composta pelo 
conjunto de pessoas que habitam o território de um Estado), o povo compõe-se 
dos seus nacionais, independentemente do local em que residam. 
Anacionalidade é justamente o vínculo jurídico-político entre o Estado soberano 
e o indivíduo, que torna este um membro integrante da comunidade que 
constitui o Estado. 
Segundo Mazzuoli, a nacionalidade comporta duas dimensões: a dimensão 
vertical e a horizontal. 9 A dimensão vertical da nacionalidade impõe 
obrigações ao indivíduo perante o Estado, próprias de uma relação de 
subordinação. Já a dimensão horizontal, pressupõe uma relação sem grau 
hierárquico, isto é, uma relação paritária do indivíduo com a comunidade. 
Compete a cada Estado legislar sobre sua própria nacionalidade, 
respeitando os compromissos gerais e particulares aos quais tenha se obrigado. 
O Estado soberano é o único outorgante possível da nacionalidade. É ele quem 
 
9 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2010. 
Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
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tem poder para determinar quem são seus nacionais, quais as condições de 
aquisição da nacionalidade e, ainda, disciplinar sua perda. A concessão de 
nacionalidade é ato de manifestação da soberania estatal. 
 Nacionalidade não se confunde com cidadania. A 
cidadania é um atributo que diferencia aqueles que 
possuem pleno gozo dos direitos políticos daqueles que 
não possuem esse direito. Já a nacionalidade é o que 
diferencia os nacionais dos estrangeiros, isto é, diferencia 
os indivíduos que possuem uma ligação pessoal com o 
Estado daqueles que não o tem. O conceito de 
nacionalidade é mais amplo que o de cidadania. 
Como regra geral, todos aqueles que possuem cidadania brasileira também 
possuem nacionalidade brasileira. Já o contrário nem sempre é verdade! Uma 
criança de 5 anos de idade possui nacionalidade brasileira, mas não possui 
cidadania, pois ainda não goza plenamente de seus direitos políticos. 
2.2. Atribuição de Nacionalidade 
A doutrina fala na existência de dois tipos de nacionalidade: a nacionalidade 
originária (primária) e a nacionalidade derivada (adquirida ou secundária). 
A nacionalidade originária é aquela que resulta de um fato natural, o 
nascimento; diz-se, portanto, que é uma forma involuntária de aquisição de 
nacionalidade��e�DWULEXtGD�DR�LQGLYtGXR�HP�UD]mR�GH�FULWpULRV�VDQJXtQHRV��³jus 
sanguinis´��� WHUULWRULDLV� �³jus soli´�� RX� PLVWRV�� � 2V� EUDVLOHLURV� TXH� UHFHEHP� D�
nacionalidade originária são chamados de ³EUDVLOHLURV�QDWRV´� 
A nacionalidade derivada, por sua vez, aquela cuja aquisição depende de ato 
de vontade (ato volitivo), praticado depois do nascimento; diz-se que a 
nacionalidade derivada é obtida mediante a naturalização. Os brasileiros que 
recebem a nacionalidade derivada são FKDPDGRV�³QDWXUDOL]DGRV´� 
 
 
 
 
 
 
 
NACIONALIDADE
PRIMÁRIA 
(ORIGINÁRIA)
NASCIMENTO
 “IUS ^K>/ 开 
 縀R�'Z� 缀 Kh� “IUS
^�E'h/E/^ 开 
(EXCEÇÃO)
SECUNDÁRIA 
(ADQUIRIDA OU 
DERIVADA)
ATO VOLITIVO
Direito Constitucional 
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Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 02 
 
 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 9 de 59 
Conforme já havíamos comentado, a nacionalidade originária pode ser 
estabelecida tanto pela origem sanguínea GD�SHVVRD��³jus sanguinis´��TXDQWR�
pela origem territorial �³jus soli´��� 3HOR� SULPHLUR� FULWpULR�� é nacional todo 
aquele filho de nacionais, independentemente de onde tenha nascido. Já pelo 
segundo, é nacional quem nasce no território do Estado que o adota, 
independentemente da origem sanguínea dos seus pais. 
A CF/88 DGRWRX� HP� UHJUD� R� ³jus soli´�� +i�� HQWUHWDQWR�� H[FHo}HV�� QDV� TXDLV�
SUHGRPLQD�R�³jus sanguinis´��9DPRV�j�DQiOLVH�GR�DUW�����GD�&)" 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou 
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, 
pela nacionalidade brasileira; 
No art. 12, inciso I, estão as hipóteses de aquisição de nacionalidade 
originária; em outras palavras, é esse dispositivo que define quem são os 
brasileiros natos. Tente memorizá-las, caro (a) aluno (a), pois elas são 
constantemente cobradas nos concursos em sua literalidade. 
Na DOtQHD�³D´� D�&RQVWLWXLomR�DGRWRX�R�FULWpULR�³jus soli´��sendo brasileiro nato 
qualquer pessoa nascida em território nacional, mesmo que de pais 
estrangeiros. Entretanto, há uma exceção: se o nascido no Brasil for filho de 
estrangeiros que estejam a serviço de seu Pais, não será brasileiro nato. 
Suponha que Diego e Martha, casal de argentinos, venha ao Brasil 
passar suas férias. Martha está grávida, se empolga com umas 
³FDLSLULQKDV´� H� DFDED� HQWUDQGR� HP� WUDEDOKR� de parto. Pronto! 
Nasceu Dieguito Jr! Trata-se de nascido no Brasil, filho de pais 
estrangeiros que não estavam a serviço de seu País (estavam de 
férias!). Será, então, brasileiro nato. 
Agora, imagine que Vladislav Spetanovich, diplomata russo, venha 
servir aqui no Brasil, junto com sua esposa Marianova 
Chevichenko. Marianova engravida e nasce, aqui no Brasil, o filho 
do casal, Vladislav Jr. Apesar de ter nascido em território 
brasileiro, Vladislav Jr. é filho de pais estrangeiros que estavam a 
serviço da Rússia. Portanto, ele não será brasileiro nato. 
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Importante destacar, segundo Marcelo Novelino10, que o critério do art. 12, I, a, 
CF não se aplica apenas quando ambos os pais estiverem a serviço. Pode ser 
aplicado também quando um deles estiver acompanhando o outro, como é 
comum a situação da esposa que está acompanhando embaixador a serviço de 
seu país, por exemplo. Agora, muito cuidado, se a esposa for brasileira, como 
exemplo, um embaixador que se casa aqui no Brasil com brasileira, o filho 
poderá obter dupla nacionalidade. 
'DGRV�HVVHV�H[HPSORV��SRGHPRV�UHVXPLU�D�DSOLFDomR�GD�DOtQHD�³D´��YLVOXPEUDQGR�
três situações possíveis: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale destacar que o conceito de território brasileiro abrange as terras delimitadas 
pelas fronteiras geográficas, o mar territorial e espaço aéreo. 
Na DOtQHD�³E´� a Constituição estabelece que são brasileiros natos os nascidos 
no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil. O legislador constituinte 
adotou o FULWpULR�³MXV�VDQJXLQLV´, prevendo, todavia, um requisito adicional: 
o fato de qualquer um dos pais (ou ambos) estar a serviço da República 
Federativa do Brasil, aqui entendido qualquer serviço prestado por órgão ou 
entidade da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
Suponha que Miguel, diplomata brasileiro, vá servir na Alemanha. Lá ele conhece 
a alemã Denise Fürst e com ela tem um filho: Miguel Jr. Apesar de ter nascido 
no exterior, Miguel Jr. é filho de pai brasileiro que estava a serviço da República 
Federativa do Brasil. Ele será, portanto, brasileiro nato.10 NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional, 11ª ed. Salvador: Editora JusPodium, 2016, pág. 482-483. 
1ª situação:
Um filho de pai ou mãe brasileiros, ou ambos, nasce em território brasileiro: será
brasileiro nato;
2ª situação:
Um filho de estrangeiros que estão a serviço de seu país nasce em território brasileiro:
não será brasileiro nato. Trata-se de uma regra consuetudinária de direito internacional
que os filhos de agentes de Estados estrangeiros, como diplomatas e cônsules, sejam
normalmente excluídos da atribuição de nacionalidade pelo critério さjus soliざ.
3ª situação:
Um filho de estrangeiros que não estão a serviço de seu país nasce em território
brasileiro: será brasileiro nato.
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5HVXPLQGR�R�TXH�GLVS}H�D�DOtQHD�³E´��D�DTXLVLomR�GH�QDFLRQDOLGDGH�SRU�HVVD�UHJUD�
depende do cumprimento cumulativo de dois requisitos: 
 Ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, ou de ambos. 
 O pai ou a mãe, ou ambos, deverão estar a serviço do Brasil no 
exterior. 
³Mas, professor, e se o indivíduo que nascer no exterior for filho de pai ou mãe 
brasileira e estes não HVWLYHUHP� D� VHUYLoR� GR� %UDVLO"´� Na DOtQHD� ³F´, a 
Constituição estabelece que são brasileiros natos: 
(...) 
³RV�QDVFLGRV�QR�HVWUDQJHLUR�de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, 
SHOD�QDFLRQDOLGDGH�EUDVLOHLUD´� 
Há duas possibilidades diferentes de aquisição de nacionalidade quando o 
indivíduo nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira que não 
estão a serviço do Brasil: 
 O indivíduo é registrado em repartição brasileira competente ou; 
 O indivíduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
Na primeira possibilidade, o registro do indivíduo perante repartição 
competente é condição suficiente para que ele seja considerado brasileiro 
nato. Na segunda possibilidade, o indivíduo precisa residir no Brasil e, além 
disso, manifestar sua vontade. É a chamada nacionalidade potestativa. 
Ressalte-se que essa manifestação de vontade somente poderá ocorrer após a 
maioridade. A opção pela nacionalidade brasileira deverá, nesse último caso, ser 
feita em juízo, em processo que tramita perante a Justiça Federal. 
³(� VH� R� ILOKR� GH�EUDVLOHLURV�TXH�QmR�HVWHMDP�D� VHUviço do Brasil e que tenha 
nascido no exterior vier a residir no país ainda enquanto menor? 
Excelente pergunta! Nesse caso, o menor será considerado brasileiro nato. 
Entretanto, a aquisição definitiva de sua nacionalidade dependerá de sua 
manifestação após a maioridade. Uma vez tendo sido atingida a maioridade, fica 
suspensa a condição de brasileiro nato, enquanto não for efetivada a opção pela 
nacionalidade brasileira. A maioridade passa a ser, então, condição 
suspensiva da nacionalidade brasileira. 
Dando continuidade à análise do art. 12, que tal verificarmos as condições para 
a aquisição secundária (derivada) da nacionalidade? 
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Art. 12. São brasileiros: 
(...) 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de 
língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, 
residentes na República Federativa do Brasil há mais 
de quinze anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira. 
No Brasil, a aquisição de nacionalidade derivada somente se dará por 
manifestação do interessado (sempre expressa), mediante naturalização. 
Na DOtQHD�³D´��temos a hipótese de naturalização ordinária, concedida aos 
estrangeiros que cumpram os requisitos descritos em lei (Estatuto do 
Estrangeiro). No caso de estrangeiros originários de países de língua portuguesa, 
o processo de naturalização é facilitado, sendo apenas exigidos dois requisitos: 
 residência no Brasil por um ano ininterrupto; 
 idoneidade moral. 
Cabe destacar que o mero cumprimento dos requisitos não assegura ao 
estrangeiro a concessão da nacionalidade brasileira. A concessão da 
naturalização ordinária é ato discricionário do Chefe do Poder Executivo, 
ou seja, depende de uma análise quanto à conveniência e à oportunidade. 
Na DOtQHD�³E´� está prevista a naturalização extraordinária, que depende do 
cumprimento de 3 (três) requisitos: 
 Residência ininterrupta no Brasil por mais de quinze anos; 
 Ausência de condenação penal; 
 Requerimento do interessado. 
Ao contrário da naturalização ordinária, cumpridos esses três requisitos, o 
interessado tem direito subjetivo à nacionalidade brasileira. Portanto, não 
pode ser negada pelo Poder Executivo; É ato vinculado do Presidente. 
O STF já referendou esse entendimento. A Corte analisou o caso de uma 
estrangeira que residia há mais de 15 anos ininterruptos no Brasil e sem 
condenação penal aprovada em concurso público. Obtida a aprovação, 
apresentou requerimento da sua naturalização extraordinária. Na data da posse, 
todavia, a sua nacionalidade ainda não tinha sido reconhecida pelo Estado 
brasileiro. Diante dessa situação, seria nula a posse no cargo público? 
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Segundo o Supremo, o reconhecimento da naturalização pelo Poder 
Executivo gera efeitos declaratórios (e não constitutivos), retroagindo à 
data de apresentação do requerimento. Assim, o requerimento da naturalização 
extraordinária seria suficiente para viabilizar a posse no cargo.11 
Por último, o Supremo já entendeu também que não se revela possível, em 
nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade 
brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante 
GR�FDVDPHQWR�FLYLO´12. 
 
Brasileiros 
natos 
Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (critério 
³MXV�VROL´� 
Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (critério 
³MXV�VDQJXLQLV´� 
Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira 
(nacionalidade potestativa) 
Brasileiros 
naturalizados 
Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária ± concessão ato 
discricionário do Presidente da República) 
Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira 
(naturalização extraordinária ± concessão é direito subjetivo do 
interessado) 
2.3. Portugueses Residentes no Brasil 
Art. 12 
(...) 
§ 1º Aos portugueses comresidência permanente no 
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, 
salvo os casos previstos nesta Constituição. 
A Constituição Federal estabelece condições favoráveis para os portugueses, que 
receberão tratamento igual ao de um brasileiro naturalizado. Para isso, todavia, 
é necessário o cumprimento de dois requisitos: 
a) os portugueses deverão ter residência permanente no Brasil; 
 
11 RE 264.848-5 / TO. Rel. Min. Carlos Ayres Britto. Julgamento em 29.06.2005. 
12 Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-6-2010. 
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b) deverá haver reciprocidade de tratamento em favor dos brasileiros, 
ou seja, Portugal deverá conferir os mesmos direitos aos brasileiros que 
lá residam. 
Perceba que não há atribuição de nacionalidade aos portugueses nem aos 
brasileiros que residam em Portugal. O português vivendo com ânimo 
permanente no Brasil continua português; o brasileiro vivendo em Portugal 
continua brasileiro. O que existe é tão somente concessão de direitos 
inerentes aos nacionais do Estado. Dessa forma, não é necessário que um 
português se naturalize brasileiro para que possa gozar dos mesmos direitos que 
um brasileiro naturalizado, pois, sem fazê-lo, já deles pode usufruir. 
2.4. Condição Jurídica do Nacionalizado 
6HJXQGR�R�DUW������†��ž��&)�����³a lei não poderá estabelecer distinção entre 
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição´. 
Em outras palavras, os brasileiros natos e os brasileiros naturalizados 
devem ser tratados com isonomia. Somente poderá haver discriminação 
entre um e outro nos casos previstos na própria Constituição. 
Uma das principais distinções entre brasileiros natos e naturalizados diz respeito 
à ocupação de alguns cargos, conforme art. 12, § 3º, CF/88: 
Art. 12 
(...) 
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas; 
VII - de Ministro de Estado da Defesa. 
Os cargos acima fazem parte de uma lista taxativa. Quem não está na lista 
não precisa ser brasileiro nato para assumir o cargo. E como decorar a lista, 
professor? Achando a lógica dela! Vamos à explicação... 
O legislador constituinte buscou assegurar que o Presidente da República 
fosse brasileiro nato para garantir a soberania nacional, ou seja, para garantir 
que o Chefe do Executivo não usaria o cargo para servir a interesses de outros 
Estados. Para isso, também só permitiu a brasileiros natos o acesso a cargos 
que podem suceder o Presidente: Vice-Presidente da República, Presidente 
da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Ministros do 
Supremo Tribunal Federal. Ok? 
Também em nome da defesa da soberania nacional restringiu o acesso à 
carreira diplomática. Isso porque o diplomata representa o Brasil em outros 
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Estados, e poderia mais facilmente sucumbir aos interesses destes se fosse 
naturalizado. Seria difícil para um argentino naturalizado brasileiro celebrar um 
tratado que favorecesse o Brasil em detrimento da Argentina, por exemplo. 
A explicação para o acesso somente de brasileiros natos ao cargo de oficial das 
Forças Armadas ou Ministro do Estado da Defesa é ainda mais óbvia! 
Imagine as Forças Armadas pedirem a um naturalizado que bombardeie a terra 
em que nasceu. E o Ministro da Defesa? Como planejaria usar as Forças Armadas 
brasileiras contra seus próprios conterrâneos? 
 1) O Senador ou Deputado Federal não precisa ser brasileiro 
nato, somente o Presidente da Câmara dos Deputados e o 
Presidente do Senado Federal. 
2) O único Ministro de Estado que dever ser brasileiro nato é o 
Ministro da Defesa. Os outros Ministros podem ser 
brasileiros naturalizados. 
3) Os portugueses equiparados não podem ocupar cargos 
privativos de brasileiro nato. Isso porque eles recebem o 
tratamento de brasileiro naturalizado. 
Há, ainda, outras distinções entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados: 
 O art.89, inciso VII, da CF/88 estabelece que 6 (seis) vagas do 
Conselho de República, órgão superior de consulta do Presidente da 
República, foram reservadas para brasileiros natos. 
 O art. 5º, inciso LI, da CF/88 estabelece que os brasileiros natos não 
serão, em hipótese alguma, extraditados. Já os brasileiros 
naturalizados poderão ser extraditados em caso de crime comum 
cometido antes da naturalização ou de comprovado envolvimento com 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
 O art. 222 da CF/88 estabelece restrições ao direito de propriedade 
de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora de sons e 
imagens. Só poderão ser proprietários desse tipo de empresa 
brasileiros natos ou os naturalizados há mais de 10 anos. Se 
essa empresa for uma sociedade, pelo menos 70% do capital total 
e votante deverá pertencer a brasileiros natos ou naturalizados há 
mais de 10 anos. Um brasileiro naturalizado há menos de 10 anos 
também não poderá participar da gestão desse tipo de empresa. 
 
2.5. Perda da Nacionalidade 
A perda da nacionalidade é a extinção do vínculo patrial que liga o indivíduo 
ao Estado. No Brasil, a perda da nacionalidade ocorrerá: 
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Art. 12 
(...) 
§4º - Será declarada a perda da nacionalidade do 
brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença 
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária 
pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma 
estrangeira, ao brasileiro residente em estado 
estrangeiro, como condição para permanência em 
seu território ou para o exercício de direitos civis; 
Conforme é possível depreender a partir da análise do dispositivo supracitado, 
há duas hipóteses de perda da nacionalidade: 
a) Cancelamento de naturalização (art.12, §4º, I): O cancelamento 
de naturalização será determinado por sentença judicial, em virtude de 
atividade nociva ao interesse nacional. Uma vez que tenha transitado em 
julgado essa ação, o indivíduo somente poderá readquirir a nacionalidade 
brasileira mediante uma ação rescisória, não sendo possível uma nova 
naturalização. Destaque-se que, como não poderia deixar de ser, essa 
primeira hipótese de perda de nacionalidade somente se aplica a 
brasileiros naturalizados. 
b) Aquisição de outra nacionalidade (art.12, §4º, II): Aqui a perda 
de nacionalidade se aplica tanto a brasileiros natos quanto a brasileiros 
naturalizados. É o que a doutrina denomina de perda-mudança ou de 
perda da nacionalidade por naturalização voluntária. A reaquisição 
de nacionalidade brasileira no caso de perda por naturalização voluntária 
será feita mediante decreto do Presidente da República, se o 
indivíduo estiver domiciliado no Brasil. 
Nessa situação, perderá a nacionalidade brasileiraaquele que adquirir 
voluntariamente outra nacionalidade, salvo nos seguintes casos: 
 Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. 
Suponha, por exemplo, que Giani Canavarro (brasileiro nato) seja filho de 
pai italiano e tenha direito, pela lei italiana a ser também italiano nato. 
Nesse caso, a lei estrangeira está reconhecendo nacionalidade originária. 
Portanto, ao adquirir a nacionalidade italiana, Giani não perderá a 
nacionalidade brasileira. Terá uma dupla nacionalidade. 
 Imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu 
território ou para o exercício de direitos civis�� ([�� /HL� GH� XP� SDtV� ³;´�
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determina que o indivíduo somente poderá se casar com uma nacional 
daquele país caso obtenha sua naturalização. A naturalização está sendo 
imposta como uma condição para o exercício de um direito civil. Neste 
caso, não haverá a perda da nacionalidade brasileira. O indivíduo 
ficará com dupla nacionalidade. 
 Notícia fresquinha! Agora em abril/2016, no MS 33.864/DF, 
o STF apreciou um caso interessante. Uma brasileira nata 
havia se naturalizado norte-americana, o que resultou na 
perda da nacionalidade brasileira mediante Portaria do 
Ministério da Justiça. 
Os EUA pleitearam a extradição dessa mulher. Ela, então, 
ingressou com mandado de segurança pedindo a revogação 
da Portaria do Ministério da Justiça. Argumentou que a 
obtenção da nacionalidade norte-americana tinha como 
objetivo o pleno gozo de direitos civis, inclusive o de moradia. 
O STF denegou o mandado de segurança, reconhecendo a 
possibilidade de extradição. Ficou consignado que, no caso, a 
aquisição da nacionalidade norte-americana havia ocorrido 
por livre e espontânea vontade, uma vez que ela já tinha o 
green card, o que lhe assegurava o direito de moradia e 
trabalho legal nos EUA. 
*Com esse entendimento do STF, pode-se afirmar ser 
possível a extradição daquele que perdeu a condição de 
brasileiro nato pela aquisição de outra nacionalidade. 
2.6. Língua e Símbolos Oficiais 
Só para cobrirmos qualquer surpresa na prova, peço que leia o art. 13, transcrito 
a seguir, que somente poderá ser pedido em sua literalidade. 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da 
República Federativa do Brasil. 
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil 
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. 
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão ter símbolos próprios. 
 
 
 
4. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado ± 2015) Alessandro Bilancia, 
italiano, com 55 anos de idade, ao completar 15 anos de residência 
LQLQWHUUXSWD� QR� %UDVLO�� GHFLGH� DVVXPLU� D� QDFLRQDOLGDGH� ³EUDVLOHLUD´��
naturalizando-se. Trata-se de renomado professor, cuja elevada densidade 
intelectual e capacidade de liderança são muito bem vistas por um dos 
maiores partidos políticos brasileiros. Na certeza de que Alessandro poderá 
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fortalecer os quadros do governo caso o partido em questão seja vencedor 
nas eleições presidenciais, a cúpula partidária já ventila a possibilidade de 
contar com o auxílio do referido professor na complexa tarefa de governar 
o País. Analise as situações abaixo e assinale a única possibilidade 
idealizada pela cúpula partidária que encontra respaldo na Constituição 
Federal. 
a) Alessandro Bilancia, graças ao seu reconhecido saber jurídico e à sua ilibada 
reputação, poderá ser indicado para compor o quadro de ministros do Supremo 
Tribunal Federal. 
b) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de deputado federal e ser 
eleito, poderá ser indicado para exercer a Presidência da Câmara dos Deputados. 
c) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de senador e ser eleito, 
pode ser o líder do partido na Casa, embora não possa presidir o Senado Federal. 
d) Alessandro Bilancia, dada a sua ampla e sólida condição intelectual, pode ser 
nomeado para assumir qualquer ministério do governo. 
Comentários: 
Letra A: errada. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato. Logo, 
se Alessandro se naturalizar brasileiro, não poderá ser Ministro do STF. 
Letra B: errada. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de 
brasileiro nato. 
Letra C: correta. De fato, Alessandro Bilancia poderá ser eleito Senador e, ainda, 
ser o líder do partido nessa Casa Legislativa. Ele só não pode ser Presidente do 
Senado Federal, que é um cargo privativo de brasileiro nato. 
Letra D: errada. Alessandro Bilancia não poderá ser nomeado para o cargo de 
Ministro da Defesa, pois trata-se de cargo privativo de brasileiro nato. 
 
5. (FGV / XV Exame de Ordem Unificado ± 2014) A CRFB/88 identifica as 
hipóteses de caracterização da nacionalidade para brasileiros natos e os 
brasileiros naturalizados. Com base no previsto na Constituição, assinale a 
alternativa que indica um caso constitucionalmente válido de naturalização 
requerida para obtenção de nacionalidade brasileira. 
a) Juan, cidadão espanhol, casado com Beatriz, brasileira, ambos residentes em 
Barcelona. 
b) Anderson, cidadão português, domiciliado no Brasil há 36 dias. 
c) Louis, cidadão francês, domiciliado em Brasília há 14 anos, que está em liberdade 
condicional, após condenação pelo crime de exploração sexual de vulnerável. 
d) Maria, 45 anos, cidadã russa, residente e domiciliada no Brasil desde seus 25 
anos de idade, processada criminalmente por injúria, mas absolvida por sentença 
transitada em julgado. 
Comentários: 
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Letra A: errada. Ser casado com brasileira não é requisito suficiente para a 
concessão de naturalização. 
Letra B: errada. A naturalização de indivíduos originários de países de língua 
portuguesa depende de residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. 
Letra C: errada. A naturalização extraordinária depende de residência no Brasil 
há mais de 15 anos ininterruptos e ausência de condenação penal. 
Letra D: correta. Maria já reside no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e 
não teve condenação penal. Ela até foi processada, mas foi absolvida por sentença 
transitada em julgado. Logo, faz jus à naturalização extraordinária. 
 
6. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado ± 2013) João, 29 anos de idade, 
brasileiro naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 
2010, ao cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. 
Eleito, e após ter tomado posse, foi escolhido para Presidir a Câmara dos 
Deputados. Com base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta. 
a) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, uma vez que 
esse é um cargo privativo de brasileiro nato. 
b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na carreira 
diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato. 
c) João poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem como ser 
eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente da Câmara dos 
Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por brasileiro nato. 
d) João não poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas poderiater se candidatado ao cargo de Senador da República, mesmo sendo brasileiro 
naturalizado. 
Comentários: 
Letra A: errada. João poderia, sim, ter se candidatado ao cargo de Deputado 
Federal. Esse cargo não é privativo de brasileiro nato. 
Letra B: errada. Os cargos da carreira diplomática são privativos de brasileiro 
nato. João poderia ser Deputado Federal, mas não poderia ingressar na carreira 
diplomática. 
Letra C: correta. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo 
de brasileiro nato. João poderia até ter se candidatado ao cargo de Deputado 
Federal, mas não poderia exercer a Presidência da Câmara dos Deputados. 
Letra D: errada. Os cargos de Deputado Federal e de Senador não são privativos 
de brasileiro nato. Assim, João poderia ter se candidatado aos dois cargos. 
 
7. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado ± 2012) A Constituição de 1988 
proíbe qualquer discriminação, por lei, entre brasileiros natos e 
naturalizados, exceto os casos previstos pelo próprio texto constitucional. 
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Nesse sentido, é correto afirmar que somente brasileiro nato pode exercer 
cargo de: 
a) Ministro do STF ou do STJ. 
b) Diplomata. 
c) Ministro da Justiça. 
d) Senador. 
Comentários: 
Dentre as opções apresentadas, é privativo de brasileiro nato o cargo de 
diplomata. O gabarito é a letra B. 
 
8. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado ± 2012) João, residente no Brasil 
há cinco anos, é acusado em outro país de ter cometido crime político. 
Nesse caso, o Brasil: 
a) pode conceder a extradição se João for estrangeiro. 
b) pode conceder a extradição se João for brasileiro naturalizado e tiver cometido o 
crime antes da naturalização. 
c) não pode conceder a extradição, independentemente da nacionalidade de João. 
d) não pode conceder a extradição apenas se João for brasileiro nato. 
Comentários: 
Pegadinha! Estão lembrados do tema da aula anterior? Segundo o art. 5º, LII, 
não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. 
O gabarito é a letra C. 
 
9. (FGV / V Exame de Ordem Unificado ± 2011) No que tange ao direito de 
nacionalidade, assinale a alternativa correta. 
a) O brasileiro nato não pode perder a nacionalidade. 
b) O filho de pais alemães que estão no Brasil a serviço de empresa privada alemã 
será brasileiro nato caso venha a nascer no Brasil. 
c) O brasileiro naturalizado pode ser extraditado pela prática de crime comum após 
a naturalização. 
d) O brasileiro nato somente poderá ser extraditado no caso de envolvimento com 
o tráfico de entorpecentes. 
Comentários: 
Letra A: errada. O brasileiro nato pode, sim, perder a nacionalidade. Isso ocorrerá 
quando houver aquisição voluntária de outra nacionalidade. 
Letra B: correta. São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do 
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de 
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seu país. Como os pais alemães não estão no Brasil a serviço da Alemanha, seu 
filho será brasileiro nato. 
Letra C: errada. O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de crime 
comum praticado antes da naturalização. 
Letra D: errada. Não é admitida a extradição de brasileiro nato. 
 
10. (FGV/SUDENE ± 2013) De acordo com a Constituição Federal, assinale 
a alternativa que apresenta uma condição para ser considerado brasileiro 
nato. 
a) Os que são originários de países de língua portuguesa com residência no Brasil 
por um ano ininterrupto. 
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa 
do Brasil há mais de quinze anos ininterruptamente. 
c) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que um 
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. 
d) Os portugueses com residência permanente no Brasil. 
e) A nova legislação não estabelece distinção entre brasileiros natos e naturalizados. 
Comentários: 
A letra A está incorreta. Trata-se de condição de brasileiro naturalizado (art. 12, 
,,��³D´��&)���H[LJLQGR-se, ainda, a idoneidade moral. 
A letra B está incorreta. Trata-se de condição de brasileiro naturalizado (art. 12, 
,,�� ³E´�� &)��� GHVGH� TXH� QmR� WHQKDP� VRIULGR� FRQGHQDomR� SHQDO� H� UHTXHLUDP� D�
nacionalidade brasileira. 
A letra C está correta. É o que prevê o art. 12, ,��³E´��GD�&DUWD�0DJQD� 
A letra D está incorreta. Os portugueses com residência permanente no Brasil, 
desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, gozam da condição de 
³SRUWXJXHVHV� HTXLSDUDGRV´�� $� HOHV� VmR� DWULEXtGRV� RV� GLUHLWRV� LQHUHQWHV� DR�
brasileiro naturalizado (art. 12, § 1º, CF). 
A letra E está incorreta. A legislação pode, sim, estabelecer distinção entre 
brasileiros natos e naturalizados, nos casos previstos na Constituição (art. 12, § 
2º, CF). 
 
11. (FGV / TJ-AM ± 2013) Cada Estado nacional tem a liberdade de definir 
aqueles que serão os seus nacionais por meio do estabelecimento de regras 
gerais quanto ao direito à nacionalidade. No caso do Brasil, são 
considerados brasileiros: 
a) os nascidos no estrangeiro, de pais de qualquer nacionalidade, desde que 
qualquer um deles estivesse a serviço da República Federativa do Brasil. 
b) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que 
registrados em repartição brasileira competente. 
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c) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que venham 
a residir no país e optem, antes de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. 
d) os nascidos no estrangeiro, sem qualquer outra condição, desde que filhos de pai 
e mãe brasileiros. 
e) os nascidos em país com o qual o Brasil mantenha tratado de dupla cidadania. 
Comentários: 
Letra A: errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro 
ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a serviço da República 
Federativa do Brasil. 
Letra B: correta. É isso mesmo. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, 
de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição 
EUDVLOHLUD�FRPSHWHQWH��DUW������,��³F´��� 
Letra C: errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro 
ou mãe brasileira, desde que venham a residir no país e optem, em qualquer 
tempo, após atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
Letra D: errada. Se um indivíduo nascer no estrangeiro, filho de pai brasileiro ou 
mãe brasileira, há 3 (três) possibilidades de que ele seja brasileiro nato: 
9 o pai brasileiro ou a mãe brasileira estiverem a serviço da República 
Federativa do Brasil; 
9 o indivíduo seja registrado em repartição brasileira competente; 
9 o indivíduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, após 
a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
Letra E: errada. Essa não é uma hipótese de atribuição de nacionalidade brasileira. 
 
12. (FGV / TJ-AM ± 2013) Tendo em vista o que dispõe a Constituição da 
República Federativa do Brasil, assinale a alternativa que apresenta um 
caso de atribuição da nacionalidade brasileira. 
a) Kevin, nascido no Brasil, filho de pais canadenses a serviço do Governo do 
Canadá.b) Jonas, hoje com 21 anos, residente na cidade de São Paulo, nascido e registrado 
no Japão, filho de Marcos e Márcia, domiciliados naquele país, onde trabalham em 
uma empresa multinacional. 
c) José, português, domiciliado na cidade de Manaus há seis meses. 
d) Mark, alemão, domiciliado na cidade de Aracajú há 10 anos, e que hoje está em 
liberdade condicional, após condenação pelo crime de tráfico de drogas. 
e) Luigi, italiano, residente em Milão, casado com Joana, que lá reside com ele. 
Comentários: 
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Letra A: errada. Kevin nasceu no Brasil, mas é filho de pais estrangeiros que 
estavam a serviço do seu país. Portanto, ele não será brasileiro. 
Letra B: correta. Jonas nasceu no exterior, filho de pai brasileiro e mãe brasileira 
que não estavam a serviço da República Federativa do Brasil. Como ele foi 
registrado em repartição brasileira competente (é o que dá a entender o 
enunciado!), ele será brasileiro nato. 
Letra C: errada. Para que um português adquira a nacionalidade brasileira, ele 
precisa fixar residência no Brasil por um ano ininterrupto e ter idoneidade moral. 
Letra D: errada. Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na 
República Federativa do Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem 
condenação penal poderão requisitar a naturalização. 
Letra E: errada. O simples fato de ser casado com uma brasileira não resulta na 
atribuição de nacionalidade. 
 
13. (FGV / TRE-PA ± 2011) A Constituição de 1988, em relação à 
nacionalidade, determina que: 
a) são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da 
República, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal, 
assim como os Ministros do STF e do STJ. 
b) perde a nacionalidade brasileira aquele que adquirir outra nacionalidade, sem 
exceções. 
c) é considerada brasileiro nato a pessoa nascida na República Federativa do Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros a serviço de seu país. 
d) os estrangeiros aqui residentes há mais de 10 (dez) anos ininterruptos, sem 
condenação penal, podem requerer a cidadania brasileira, tornando-se brasileiros 
naturalizados. 
e) é brasileiro nato aquele nascido no estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde 
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. 
Comentários: 
Letra A: errada. O cargo de Ministro do STJ não é privativo de brasileiro nato. 
Letra B: errada. É possível que um brasileiro adquira outra nacionalidade e, 
mesmo assim, não perca a nacionalidade brasileira. Isso pode ocorrer em dois 
casos: 
9 quando houver reconhecimento de nacionalidade originária pela lei 
estrangeira; 
9 quando houver imposição de naturalização, pela norma estrangeira, 
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 
Letra C: errada. O nascido no Brasil e que for filho de pais estrangeiros que aqui 
estavam a serviço do seu País não será brasileiro nato. 
Letra D: errada. São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer 
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nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 
(quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a 
nacionalidade brasileira. 
Letra E: correta��e�H[DWDPHQWH�R�TXH�SUHYr�R�DUW������,��³E´��6mR�EUDVLOHLURV�
natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. 
 
14. (FEPESE / ISS-SC ± 2014) Em atenção à nacionalidade, de acordo com 
a Constituição da República: 
1. São brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do 
Brasil.͒͒ 
2. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou 
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. ͒͒ 
3. Salvo os casos previstos na Constituição da República, serão atribuídos aos 
portugueses com residência permanente no País os direitos inerentes ao brasileiro, 
se houver reciprocidade em favor de brasileiros. ͒͒ 
4. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra 
nacionalidade em decorrência de reconhecimento de nacionalidade originária pela 
lei estrangeira.͒͒ 
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.͒ 
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3. 
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3. 
c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4. 
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. 
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. 
Comentários: 
A primeira assertiva está errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, 
de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil. 
$�VHJXQGD�DVVHUWLYD�HVWi�FRUUHWD��e�LVVR�R�TXH�SUHYr�R�DUW������,��³F´�� 
A terceira assertiva está correta. Segundo o art. 12, § 1º, CF/88, aos portugueses 
com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de 
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos 
previstos nesta Constituição. 
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A quarta assertiva está errada. Se houver reconhecimento de nacionalidade 
originária pela lei estrangeira, não será declarada a perda da nacionalidade 
brasileira. O gabarito é a letra B. 
 
15. (FEPESE / UDESC ± 2010) Sobre os direitos de nacionalidade, é 
incorreto afirmar: 
a) A Constituição brasileira consagra conjuntamente os critérios jus soli e jus 
sanguinis para atribuição da nacionalidade. 
b) É privativo de brasileiro nato o cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
c) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de 
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. 
d) Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa jornalística e de 
radiodifusão sonora e de sons e imagens, a Constituição brasileira exige a aquisição 
de nacionalidade brasileira há mais de dez anos. 
e) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, 
residentes na República Federativa do Brasil há mais de dez anos ininterruptos e 
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Comentários: 
Letra A: correta. De fato, a CF/88, ao atribuir nacionalidade, utilizou em conjunto 
os critérios jus sanguinis e jus soli. 
Letra B: correta. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato. 
Letra C: correta. Aqueles que nascerem no Brasil são brasileiros natos, salvo os 
filhos de estrangeiros que aqui estejam a serviço de seu País. 
Letra D: correta. Segundo o art. 222, CF/88, somente poderão ser proprietários 
de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de imagens brasileiros natos 
ou naturalizados há mais de 10 anos. 
Letra E: errada. São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer 
nacionalidade, residentes na República Federativado Brasil há mais de 15 anos 
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira. 
 
16. (FGV/ TJ/PI - Analista Judiciário - 2015) Adalberto é brasileiro nato e 
vive há quinze anos em um determinado País da Europa. Em determinado 
momento, foi editada uma lei nesse País que exigia a naturalização dos 
estrangeiros ali residentes há mais de dez anos para que pudessem 
permanecer em seu território. Em razão dessa exigência, Adalberto 
requereu e teve deferida a nacionalidade desse País. À luz da sistemática 
constitucional, é correto afirmar que Adalberto: 
a) deve ser declarada a perda da nacionalidade brasileira por ter obtido, a partir de 
requerimento seu, a nacionalidade estrangeira. 
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b) somente não perderia a nacionalidade brasileira caso fosse naturalizado 
estrangeiro por força de lei do respectivo País, sem qualquer requerimento nesse 
sentido. 
c) não perderia a nacionalidade brasileira se estivesse no estrangeiro, de maneira 
impositiva, a serviço da República Federativa do Brasil. 
d) não perderá a nacionalidade brasileira, pois a naturalização foi imposta, pela 
norma estrangeira, como condição para permanência no território do respectivo 
País; 
e) perderá a nacionalidade brasileira, pois a hipótese versa sobre reconhecimento 
de nacionalidade originária pela lei estrangeira 
Comentários: 
Meus amigos, a questão cobrou exatamente o conhecimento do art. 12, 4º, II, b, 
da CF/88. Como Adalberto estava residindo em País, que por meio de lei passou 
a exigir dele a naturalização como condição de permanência em seu território, 
temos aqui a exceção prevista na Constituição. Neste caso, não haverá declaração 
de perda da nacionalidade. O gabarito é letra D. 
 
3. DIREITOS POLÍTICOS 
3.1. Conceitos iniciais 
Direitos políticos são aqueles que garantem a participação do povo na 
condução da vida política nacional. Segundo o Prof. Alexandre de Moraes, 
³são o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania 
popular´�� 6mR� GLUHLWRV� UHODFLRQDGRV� DR� exercício da cidadania e, segundo 
Gilmar Mendes, formam a base do regime democrático.13 
Os direitos políticos são, portanto, instrumentos de exercício da soberania 
popular, característica dos regimes democráticos. Esses regimes podem ser de 
três diferentes tipos: 
a) Democracia direta: é aquela em que o povo exerce o poder 
diretamente, sem intermediários ou representantes; 
b) Democracia representativa ou indireta: é aquela em que o povo 
elege representantes14 que, em seu nome, governam o país; 
c) Democracia semidireta ou participativa: é aquela em que o povo 
tanto exerce o poder diretamente quanto por meio de representantes. É 
 
13 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, pp. 715. 
14 Na representação, o representante exerce um mandato e não fica vinculado à vontade do povo (mandato livre), diferentemente do 
que ocorre no mandato imperativo, em que o representante se vincula à vontade dos representados, sendo apenas um veículo de 
transmissão desta. Além disso, ele não representa apenas os seus eleitores, mas toda a população de um território (mandato geral). 
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um sistema híbrido, com características da democracia direta e indireta. 
É adotada no Brasil, que utiliza certos institutos típicos da democracia 
semidireta, como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de leis. 
Os direitos políticos podem ser de duas espécies: positivos e negativos. Os 
direitos políticos positivos estão relacionados à participação ativa dos 
indivíduos na vida política do Estado. São direitos relacionados ao exercício do 
sufrágio. Por outro lado, direitos políticos negativos são as normas que 
limitam o exercício da cidadania, que impedem a participação dos indivíduos na 
vida política estatal. São as inelegibilidades e as hipóteses de perda e suspensão 
dos direitos políticos. 
3.2. Direitos Políticos Positivos 
A essência desses direitos é traduzida pelo art. 14, incisos I a III, CF/88. 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com 
valor igual para todos, e, nos termos da lei, 
mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
Estão relacionados ao exercício do sufrágio. Ao contrário do que muitos pensam, 
sufrágio não é sinônimo de voto. O sufrágio é um direito público e subjetivo. Por 
sua vez, o voto é o instrumento para o exercício do sufrágio. 
Direito de sufrágio é a capacidade de votar e de ser votado; em outras 
palavras, o sufrágio engloba a capacidade eleitoral ativa e a capacidade eleitoral 
passiva. A capacidade eleitoral ativa representa o direito de alistar-se como 
eleitor (alistabilidade) e o direito de votar; por sua vez, a capacidade eleitoral 
passiva representa o direito de ser votado e de se eleger para um cargo público 
(elegibilidade). 
 
 
 
De acordo com a doutrina, o sufrágio pode ser de dois tipos:15 
a) Universal: quando o direito de votar é concedido a todos os nacionais, 
independentemente de condições econômicas, culturais, sociais ou outras 
 
15 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, 
pp. 716. 
Capacidade 
eleitoral 
ativa
Capacidade 
eleitoral 
passiva
Sufrágio
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condições especiais. Os critérios são não-discriminatórios. A CF/88 
consagra o sufrágio universal, assegurando o direito de votar e de ser 
votado a todos os nacionais que cumpram requisitos de alistabilidade 
e de elegibilidade. 
b) Restrito (qualificativo): quando o direito de votar depende do 
preenchimento de algumas condições especiais, sendo atribuído a apenas 
uma parcela dos nacionais. Pode ser censitário, quando depender do 
preenchimento de condições econômicas (renda, bens, etc.) ou 
capacitário, quando exigir que o indivíduo apresente alguma 
característica especial (ser alfabetizado, por exemplo). 
Voltando ao art. 14, da CF/88, percebe-se que a CF/88 explica que a soberania 
popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto 
e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis. 
O voto, como já se disse, é o instrumento para o exercício do sufrágio. A CF/88 
estabelece que este deverá ser direto, secreto, universal, periódico (art. 60, § 
4º, CF), obrigatório (art. 14, § 1º, I, CF) e com valor igual para todos (art. 14, 
caput). Dentre todas essas características, a única que não é cláusula pétrea 
é a obrigatoriedade de voto, ou seja, é a única que pode ser abolida 
mediante emenda constitucional. 
Já o plebiscito e o referendo são formas de consulta ao povo sobre matéria de 
grande relevância. No plebiscito, a consulta se dá previamente à edição do ato 
legislativo ou administrativo; já no referendo, a consulta popular ocorre 
posteriormente à edição do ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo 
ratificar (confirmar) ou rejeitaro ato.16 
3.2.1. Capacidade eleitoral ativa 
A capacidade eleitoral ativa é a aptidão do indivíduo para exercer o direito 
de voto nas eleições, plebiscitos e referendos. No Brasil, a capacidade eleitoral 
ativa é adquirida mediante a inscrição junto à Justiça Eleitoral; depende, 
portanto, do alistamento eleitoral, a pedido do interessado. É com o 
alistamento que se adquire, portanto, a capacidade de votar. 
Além da capacidade de votar, a qualidade de eleitor dá ao nacional a condição 
de cidadão, tornando-o apto a exercer vários outros direitos políticos, como 
ajuizar ação popular ou participar da iniciativa popular de leis. Destaque-se, 
todavia, que o alistamento eleitoral, por si só, não é suficiente para que o 
indivíduo possa exercer todos os direitos políticos. Com o alistamento eleitoral, 
 
16 No Brasil, já se utilizou o referendo por ocasião da edição da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). Na ocasião, 63,94% 
dos eleitores foram contra a proibição da comercialização de armas. O plebiscito também já foi utilizado, no ano de 1993, para definir 
a forma de governo (república ou monarquia) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) a vigorar no Brasil. 
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o cidadão garante seu direito de votar, mas não o de ser votado, uma vez que 
o alistamento é apenas uma das condições de elegibilidade. 
No art. 14, CF/88, encontramos as situações em que o alistamento eleitoral é 
obrigatório, facultativo ou mesmo proibido. Vejamos: 
Art. 14 
§1º - O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de setenta anos; 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito 
anos. 
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os 
estrangeiros e, durante o período do serviço militar 
obrigatório, os conscritos. 
A Constituição Federal determina que apenas brasileiros (natos ou 
naturalizados) poderão se alistar; os estrangeiros são inalistáveis e, portanto, 
não podem votar e ser votados. Em outras palavras, não podem ser titulares da 
capacidade eleitoral ativa, tampouco da capacidade eleitoral passiva. Todavia, 
os portugueses equiparados, por receberem tratamento equivalente ao de 
brasileiro naturalizado, poderão se alistar como eleitores. 
O alistamento eleitoral também é vedado aos conscritos, durante o serviço 
militar obrigatório. Para seu melhor entendimento (e memorização), esclareço 
que conscrito, em linhas gerais, é o brasileiro chamado para a seleção, tendo 
em vista a prestação do serviço militar inicial obrigatório. Além disso, o TSE 
considera conscritos os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que 
prestam serviço militar obrigatório.17 
O alistamento eleitoral é obrigatório para os maiores de 18 (dezoito) anos. Por 
outro lado, será facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 (setenta) 
anos e os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. Considera-
se que terão direito a votar aqueles que, na data da eleição, tenham 
completado a idade mínima de 16 anos.18 
O TSE adotou posição importante sobre o voto dos portadores de deficiência 
grave cuja natureza e situação impossibilite ou torne extremamente oneroso o 
exercício de suas obrigações eleitorais. O Tribunal editou a Resolução TSE nº 
21.920/2004, que dispõe que: ³não estará sujeita a sanção a pessoa 
portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente 
oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao 
alistamento e ao exercício do voto´. Vale frisar, todavia, que a própria 
 
17 Resolução do TSE no 15.850/89. 
18 Resolução TSE nº 14.371. 
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resolução fez questão de destacar que o alistamento eleitoral e o voto são 
obrigatórios para todas as pessoas portadores de deficiência. 
Outra questão relevante analisada pelo TSE, que deu origem à Resolução no 
20.806/2001, considerou que somente os índios integrados (excluídos os 
isolados e os em via de integração) seriam obrigados à comprovação de 
quitação do serviço militar para poderem se alistar. 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. (FGV / III Exame de Ordem Unificado ± 2011) De acordo com a 
Constituição da República, são inalistáveis e inelegíveis: 
a) somente os analfabetos e os conscritos. 
b) os estrangeiros, os analfabetos e os conscritos. 
c) somente os estrangeiros e os analfabetos. 
d) somente os estrangeiros e os conscritos. 
Comentários: 
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos. Por consequência, serão 
inelegíveis. Para os analfabetos, o alistamento eleitoral é facultativo. A resposta 
é a letra D. 
 
18. (FGV / DPE-RJ ± 2014) Direitos políticos são instrumentos previstos na 
Constituição, através dos quais se manifesta a soberania popular, 
viabilizando a participação do cidadão na coisa pública. Como exemplo 
desses direitos políticos, a Constituição assegura: 
a) o voto indireto e secreto, com valor igual para todos. 
 
19 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, pp. 718. 
ALISTAMENTO E 
VOTO 
OBRIGATÓRIOS
‡PARA MAIORES DE 18 ANOS
ALISTAMENTO E 
VOTO 
FACULTATIVOS
‡PARA ANALFABETOS;
‡MAIORES DE SETENTA ANOS;
‡MAIORES DE DEZESSEIS E MENORES DE DEZOITO ANOS.
ALISTAMENTO E 
VOTO VEDADOS
‡PARA OS ESTRANGEIROS
‡DURANTE O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO, PARA OS
CONSCRITOS.
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b) o sufrágio universal e o voto direto, obrigatório para os maiores de dezoito anos 
e menores de sessenta anos. 
c) o voto facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos, bem como 
pessoas maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
d) a ação popular, que consiste em um processo iniciado por, no mínimo, 1% da 
população nacional, para destituir administradores ímprobos. 
e) o plebiscito ou o referendo, nos quais o cidadão decide diretamente qual será o 
rumo legislativo sobre matéria de relevância nacional, sem qualquer participação do 
Poder Legislativo durante o processo legislativo. 
Comentários: 
Letra A: errada. O voto é direto, secreto e com valor igual para todos. 
Letra B: errada. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 
70 anos. 
Letra C: correta. O voto é facultativo para: i) os analfabetos; ii) os maiores de 
70 anos e; iii) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. 
Letra D: errada. A ação popular é remédio constitucional que pode ser impetrado 
por qualquer cidadão. Não há necessidade de que ela seja iniciada por 1% da 
população nacional. Qualquer cidadão, sozinho, poderá impetrar ação popular. 
Letra E: errada. É o Congresso Nacional que autoriza referendo e convoca 
plebiscito. Portanto, esses instrumentos contam com a participação do Poder 
Legislativo. 
3.2.2. Capacidade eleitoral passiva 
A capacidade eleitoral passiva está relacionada ao direito de ser votado, de 
ser eleito (elegibilidade). Para que o indivíduo adquira capacidade eleitoral 
passiva,

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