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TCC versão 20.01Anailton

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CAMPUS FLORESTA – CZS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS - CEL
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANAILTON DA SILVA NEGREIROS
ANTONIO LEONARDO BEZERRA DA SILVA
JOSÉ ARAÚJO DOS SANTOS
JOSÉ SÉRGIO SOUZA SOARES
		
		
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER: SUAS CONCEPÇÕES HISTÓRICAS E PEDAGÓGICAS UMA ANÁLISE SOBRE AS ESPECIFICIDADES DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO BORGES DE AQUINO.
Porto Walter-AC
 2018
ANAILTON DA SILVA NEGREIROS
ANTONIO LEONARDO BEZERRA DA SILVA
JOSÉ ARAÚJO DOS SANTOS
JOSÉ SÉRGIO SOUZA SOARES
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER: SUAS CONCEPÇÕES HISTÓRICAS E PEDAGÓGICAS UMA ANÁLISE SOBRE AS ESPECIFICIDADES DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO BORGES DE AQUINO.
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade Federal do Acre – Campus Floresta.
Orientador: Prof. Me. Ericson Araújo da Costa.
Porto Walter-AC
 2018
FICHA DE APROVAÇÃO
Acadêmicos: Anailton da Silva Negreiros
		Antonio Leonardo Bezerra da Silva 
		José Araújo dos Santos	
		José Sérgio Souza Soares
Educação de Jovens e Adultos (EJA II): Uma análise sobre as especificidades dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Borges de Aquino.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Pedagogia – Universidade Federal do Acre - Campus Floresta, como requisito de avaliação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso III (TCC III).
			
Aprovado em: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Me. Ericson Araújo da Costa (Orientador)
Universidade Federal do Acre – UFAC
__________________________________________
Prof.ª. Dra. Francisca Adma Martins 
Universidade Federal do Acre – UFAC
__________________________________________
Prof.ª. Dra. Maria Aldecy Rodrigues de Lima
Universidade Federal do Acre – UFAC
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Os educadores da EJA são os mais recentes andarilhos da educação brasileira. Há que lhes dar atenção. Escutá-los com cuidado. Ouvi-los mais devagar. Atentar para suas histórias. Elas são feitas de pedaços de vida e de morte. De sucessos e de fracassos. De avanços e recuos. De alegrias e tristezas. Suas mãos podem estar vazias de verdades, mas seus corações e mentes estão cheios de ideias, de desejos, de aprendizados.
 (Valdo Barcelos)
RESUMO
O presente trabalho reforça a importância da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de um modo geral, de analisar o processo histórico e normativo da modalidade de ensino no município de Porto Walter mais especificamente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Borges de Aquino mostrando o legado que a instituição trouxe ao longo de sua existência para a formação dos cidadãos portowaltense no tocante a valores sociais, culturais morais, éticos e educacionais, que o conduzirá ao longo de sua existência, suprindo suas necessidades diante das fragilidades do sistema brasileiro. Assim o objetivo dessa pesquisa será de conhecer a história da EJA no município de Porto Walter - Ac, relacionando-a a níveis nacional, regional e local. Analisar aspectos legais e normativos da EJA, confrontando-os com a realidade local. Traçar um perfil do programa EJA no município de PW, a partir dos dados contidos no censo escolar. Compreender e analisar a importância da EJA na vida pessoal e profissional dos sujeitos alunos inseridos no programa. A EJA é entendida como promovente de um processo de inclusão onde o indivíduo sente-se sujeito nesse processo e integrado no contexto da construção de si mesmo, uma vez que é objetivo da EJA oportunizar, incluir, transformar e ampliar os conhecimentos na vida de seus alunos, possibilitando-os a fazer parte dessa sociedade democrática e igualitária, tendo acesso às diversas informações que os possibilitem, tomada de decisão na opção consciente e na participação das questões que afetam a todos. Os dados coletados e a sua análise alicerçados pelos referenciais teóricos foram fundamentais para que se construísse a base de sustentação das especificidades descobertas pela pesquisa em relação aos alunos e professores da EJA no município de Porto Walter- Ac, o que não se difere dos demais alunos e profissionais da modalidade de ensino dos outros municípios acrianos, assim como do restante do Brasil. 
 
Palavras-Chaves: Educação de Jovens e Adultos. Especificidades docentes. Gestão Escolar. 
ABSTRACT
Keywords: 
	SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO NACIONAL 
2.1 A Política de Educação de Jovens e Adultos no Estado do Acre
2.2. O perfil do Docente da EJA no Acre 
2.3 Como se configura o aluno de EJA no Acre 
3. METODOLOGIA
4. O CONTEXTO DA PESQUISA
4.1. O que nos revelam os dados da pesquisa
	
	CONSIDERAÇÕES FINAIS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
�
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho reforça a importância da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de um modo geral, no processo histórico e normativo dentro do cenário nacional, estadual e de um modo todo especial no município de Porto Walter, e mostrará que ao longo de sua existência foi muito importante no que se dizem os valores sociais, culturais morais, éticos e espirituais do ser humano, que o conduzirá ao longo de sua existência, suprindo suas necessidades diante de um sistema frágil.
Nas últimas duas décadas temos presenciado no Brasil uma constante cobrança social na implementação de políticas públicas educacionais sejam essas para o Ensino Regular ou na promoção do acesso de alunos para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
		A Educação de Jovens e Adultos (EJA) que se configura como uma modalidade de ensino destinado a jovens e adultos, que por percalços da vida ou até mesmo pela falta de atendimento do poder público não obtiveram a condição de participarem da vida escolar na idade certa e assim, não concluíram a fase secundária de sua escolarização. Essa modalidade de ensino é destinada para jovens e adultos com idade inicial de 15 anos, com oferta a ser realizada pelas secretarias estaduais e municipais de educação em todo Brasil. 
A lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) - 9.394/96 preconiza em seu Artigo 37º, que é garantido por lei a continuidade ao acesso a escola com o intuído de conclusão das etapas escolares a todos aqueles que não tiveram oportunidade em idade certa. Já o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB/200 de Janeiro de 2000, faz a regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos que deverá ser seguida por todas as escolas brasileiras com o intuito de unificação do ensino da mesma em todo país. 
A Câmara de Educação Básica (CEB) de Nº 11/200, que teve sua aprovação aprovado em 10 maio de 2000, preconiza que a EJA então não possui, mas a função reparadora, qualificadora e equalizadora, e é garantida dessa forma na legislação. A EJA – Educação de Jovens e Adultos apresenta muitos desafios principalmente por ser uma alternativa para minimizar o problema de exclusão social.
O objetivo da EJA é oportunizar, incluir, transformar e ampliar os conhecimentos na vida de seus alunos, possibilitando-os a fazer parte dessa sociedade democrática e igualitária, tendo acessoàs diversas informações que os possibilitem, tomada de decisão na opção consciente e na participação das questões que afetam a todos.
É importante enfatizar que todo retrocesso faz parte da evolução nesta comunidade dando vida as personagens que vivenciaram o nascer da EJA em Porto Walter – Acre, e fazendo uma pesquisa em cima de uma existência até o dia de hoje.
Pretendemos analisar todo o processo histórico e normativo baseando-se em leis e informações legais, desde a fundação atribuída dos órgãos fundadores da modalidade de ensino no Brasil, fazendo um paralelo com a sua implementação no Estado do Acre, buscando ter o melhor entendimento possível para enriquecer nossa pesquisa, e embasar também de que forma que o programa EJA tem contribuído para aos sujeitos alunos do programa. 
É importante compreender, ainda que o professores, como os demais profissionais da educação, são sujeitos do conhecimento e possuem saberes específicos, um saber que o cotidiano de praticas, vai sendo desafiado a construir, no contato com os diferentes grupos com que atuam e com os demais profissionais da educação, havendo necessidade de que na sua formação, quer inicial ou continuada, sejam abordados pontos que atendam às necessidades especificas da educação de jovens e adultos, o que requer novos saberes para lidar com a complexidade das questões com que se deparam e as temáticas que as envolvem. 
Conhecer a historia da EJA no município de Porto Walter e se possível traçar um perfil englobando, a gestão escolar, professores e alunos da modalidade de ensino, a partir dos dados contidos no censo escolar, livros, Projeto Político Pedagógico da escola, Pareceres e Portarias do Conselho Estadual de Educação e da Secretaria de Estado de Educação, para que possamos entender o que o programa tem oferecido aos sujeitos alunos no sentido de relacionar questões de estudo e trabalho e vida em comunidade. 
Vale ressaltar que Silva, Bonamino e Ribeiro (2012), realizaram uma pesquisa na qual elegem três critérios, necessários e que devem ser interligadas, para que possamos identificar escolas eficazes de EJA, enumerando primeiramente a permanência, depois aprendizagem e por fim a aprovação. Nessa pesquisa que apresentamos, iremos analisar uma escola no interior do Acre, mais precisamente na cidade de Porto Walter que atende aos alunos da EJA II e III. Nossa pesquisa irá se debruçar somente aos alunos da EJA II, que é denominada como segundo segmento, ou seja, aqueles alunos que não concluíram o Ensino Fundamental II. Vamos tentar visualizar as bases do trabalho pedagógico dessa escola, e como ela garante o direito à educação desses alunos, bem como o sucesso das políticas dessa modalidade de ensino na unidade e seus desafios, no que tange não somente da disponibilidade de vagas para os alunos da EJA, mas também de uma ação pedagógica voltada para a permanência do educando na escola e acima de tudo o aprendizado. 
Questões do tipo: Como se constitui, e se organiza o programa da EJA II no município de Porto Walter? Como se constitui a EJA II no município de Porto Walter, a partir do seu percurso histórico do programa? Que aspectos legais e normativos o programa EJA II se embasa para existir? Quem foi e quem são os sujeitos professores e alunos do programa EJA II no decorrer da sua existência no município de Porto Walter? O que o programa EJA II tem oferecido aos sujeitos alunos no sentido de relacionar questões de estudo e trabalho? 
Será a partir desses questionamentos que buscaremos a condução do pensamento para a elucidação dos fatores que contribuem de forma positiva para que o aluno de EJA, seja ele jovem, adulto ou idoso permaneça motivado a frequentar a instituição de ensino, reafirmando a necessidade de uma melhor qualidade do ensino ofertada ao discente. Sendo assim, diante da construção de um trabalho de qualidade da instituição escolar em análise, o presente estudo vai em busca da reflexão a cerca da contribuição da gestão escolar para com a identificação de estratégias que levam à evasão ou a permanência dos alunos da EJA na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Borges de Aquino nos últimos dez anos e tentando propor ações que possam ajudar a instituição a superar possíveis falhas na promoção da educação de qualidade nessa modalidade de ensino.
Iremos fazer uma análise documental no Projeto Político Pedagógico – PPP, como uma das principais ferramentas que norteiam o trabalho pedagógico da escola. Também usaremos dados coletados através de pesquisa semiestruturada aplicadas ao diretor da escola e a equipe gestora, professores, alunos e ex-alunos para que possamos ter uma compreensão maior acerca dos processos que garantam a permanência dos alunos na modalidade na escola. É preponderante que se entenda de forma mais concisa esse fenômeno que é a educação de jovens e adultos, até mesmo para que sirva de aparato pedagógico para a gestão escolar. 
	Contudo, para que mudanças aconteçam é necessário que exista dentro do desenvolvimento da reflexão do gestor de possuir capacidade de “aprender com a própria mudança” (MINTZBERG, 2010, p. 212). Ainda para Mintzberg, ser um cidadão dentro dessa perspectiva, necessita se utilizar dos preceitos do “perguntar, sondar, analisar, sintetizar, conectar” (op. cit: p. 212). O autor ainda explica que quando se trata do termo “refletir”, é essencial que conheçamos seu significado que é de origem latina, e vislumbra no sentido de mudança de direção permitindo vermos o que nos é permitido ver que é o que o autor chama de “um objeto familiar de modo diferente” (op. cit: p. 212). Por fim, Mintzberg, afirma que apesar da grande carga de tarefas dos gestores é exatamente dentro da profissão que se exige mais reflexão. 
2. A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO NACIONAL
A historicidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos solos brasileiros conforme aponta Soares (2001, p. 201) “se insere nesse contexto: em meio à sua desvalorização e à indiferença, convivemos com numerosas iniciativas e consolidação de propostas em seu âmbito”. O que mais se observa quando se fala do contexto histórico para a implementação dos cursos de Educação de Jovens e Adultos no Brasil é a atuação dos movimentos sociais e principalmente dos setores populares desses movimentos em favor das experiências com a educação com destaque para a presença constante também dos meios acadêmicos através de seus vários setores dentre eles os programas de extensões das universidades brasileiras. Tais iniciativas são caracterizadas por um universo repleto de possibilidades e acima de tudo de uma profunda necessidade em que os processos de alfabetização e os de escolarização não são completos entre si. O que se pode dizer é que pouco tem sido feito para o regresso dos alunos de EJA a escola, pois os programas que são voltados a esse tipo de aluno, tornaram-se reféns apenas de um discurso político calcado em promessas e poucas ações efetivas de fato. 
Para Torres (1994 apud HADDAD 2001 p. 198) isso se dá por que:
As reformas educativas, na verdade, vêm dando ênfase aos aspectos econômicos e de controle administrativo. Importa mais a formação da mão-de-obra para o capital do que formação do cidadão para a sociedade. Importa mais o ajuste econômico dos sistemas escolares públicos à lógica neoliberal da reforma do estado do que o investimento social que a educação proporciona para a sociedade. As instâncias centrais estabelecem os currículos e critérios mínimos de assimilação de conteúdos, assim como o sistema de avaliação também centralizado, e deixa muitas vezes para o jogo do mercado a melhoria da qualidade do ensino.
Por outro lado, se fizermos um regresso ainda mais longo na história da EJA no Brasil, iremos rebuscar e vermos que na década de 1940, “começaram as primeiras iniciativas governamentais para lidar com o analfabetismo entre adultos” (BRASIL, 2006, p.26), na época o problema era visto como apenas uma falta de capacidade e até mesmo de vontade por parte dos governantes,e para alguns a solução era aumentar o crescimento econômico do país para que pudessem providenciar ações contra o analfabetismo, o que até hoje não surtiu muito efeito, pois, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2015, mostra que treze milhões de brasileiros não sabem ler e escrever. O número representa 8,7% da população acima de 15 anos. Já os analfabetos funcionais, aqueles que conhecem as letras e números chegam a 27% da população brasileira. (BRASIL, 2015).
O que se percebe é que mesmo que de forma escassa e com um certo descompromisso houveram ações de combate ao analfabetismo, o que de certa forma fortaleceu a EJA em todo país.
No quadro 1, podemos visualizar a evolução do analfabetismo no Brasil no último século e fazermos algumas ponderações no tocante aos avanços históricos da Educação de Jovens e Adultos.
O país estava em desenvolvimento na década de 1950 e o adulto analfabeto não tinha o direito ao voto. Dessa forma a alfabetização de adultos teve o propósito de transformar o analfabeto em um eleitor em potencial.
Na década de 1960 as inquietações e preocupações de Paulo Freire� encontraram na conjuntura do país um espaço favorável para o desenvolvimento de práticas sistemáticas que pudessem possibilitar às massas populares as condições para sua alfabetização, pois nesse período o analfabetismo era encarado como conseqüência da miséria e da desigualdade social. “A educação passou a ser entendida como um ato político” (BRASIL, 2006 p. 26).
O processo de alfabetização na concepção de Paulo Freire (apud MOURA, 2006), tinha suas concepções voltadas não apenas para o domínio que fosse ele psicológico ou mecânico do que chamamos de leitura e escrita, mas para algo que estava fomentado por princípio de formação através de atitudes que envolvessem a criação e a recriação por parte do alfabetizado. Com isso, o processo de alfabetização dos adultos deveria ser iniciada por situações de convivência concretas partindo sempre por intermédio de diálogos. Já os conteúdos a serem ministrados partiriam de suas próprias situações de vida, que poderiam ser chamadas de “palavras geradoras” no caso de alunos que estivesse em processo inicial de alfabetização e “temas geradores” para os alunos que estivessem na pós-alfabetização. 
Segundo Moura (2006):
Selecionadas as palavras geradoras, criavam-se situações nas quais elas eram colocadas em ordem crescente de dificuldades fonéticas. O debate em torno das palavras selecionadas e “codificadas”, ao tempo em que levava os grupos a se conscientizarem e paralelamente se alfabetizassem, era precedido de ampla discussão dos alfabetizandos. (MOURA 2006, p. 52).
Assim, Freire (apud MOURA, 2006), faz um combate sobre a concepção considerada ingênua da pedagogia que analisa todo o processo alfabetizador como transformador social e político. Moura (2006) também faz um combate igual à concepção oposta, e aos pessimistas da sociologia, que insistem na teoria de dizer que os processos educacionais são apenas uma reprodução mecânica da sociedade. Acrescente-se, porém, o fato de que o autor não faça a separação do ato pedagógico do político, bem como não faz confusão entre os mesmos. Moura (2006) procura fazer um aprofundamento teórico para a compreensão do pedagógico da ação política, bem como o político da ação pedagógica, mostrando o seu reconhecimento diante da educação mostrando que ela é essencialmente um ato de conhecimento guiado por uma conscientização, alertando que nenhuma sociedade se liberta da opressão por si só. 
 De acordo com Moura (2006), o processo iniciado em anos anteriores teve um entrave devido o golpe de 1964, pois além de paralisar as ações contra o analfabetismo em todo país, também se bloqueio as campanhas de alfabetização que estavam para ser iniciadas , como foi o caso da Cruzada Ação Básica Cristã (ABC) (1966-1970) e logo em seguida o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que iniciou-se no ano de 1970 e perdurou até 1985. O MOBRAL foi criado pela Lei n° 5.379 de 15/12/1967 e tinha como característica inicial uma campanha de alfabetização com o objetivo de atingir cerca de 500.000 alunos logo nos seus quatro meses iniciais de funcionamento por todo Brasil. 
Logo após seu lançamento, o programa precisou que se imprimisse um esforço maior ao trabalho educativo, assim como, que se fizessem com certa urgência ofertas de cursos de continuação aos discentes. Durante os mais de 20 anos de existência, do MOBRAL , a experiência tornou-se uma das ações mais notáveis da época não só por conta do seu esvaziamento do sentido crítico, mas sobretudo, pela sua contextualização diferente das demais ações, principalmente na questão das ações pedagógicas. 
Dentro do contesto educacional, a primeira vez que se fez referencia através de uma lei a EJA, foi em 1971 com a Lei 5692/71, na qual dispunha de um capítulo especifico para o Ensino Supletivo. Vale ressaltar também que a modalidade de Ensino Supletivo foi regulamentada e tinha como funções básicas: a suplência, o suprimento, a aprendizagem e a qualificação, mediante a oferta de cursos e exames supletivos (SOARES, 2001, p.206). 
Porem, podemos dizer que as políticas educacionais que tiveram maior expressividade dentro do contexto educacional relacionadas à Educação de Jovens e Adultos deu-se quando da homologação da Constituição Federal de 1988, em virtude da garantia que a mesma preconiza dentro do Título dos Direitos Individuais e Coletivos, assegurando o direito à Educação a todos os cidadãos brasileiros, quando da redação de seu artigo 208 quando diz que:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988).
O texto constitucional tem a preocupação com os cidadãos que por alguma razão não tiveram a condição de serem alfabetizados na idade certa, mas que pela garantia da lei precisam que se faça algo por eles agora. É no cumprimento da Constituição Federal de 1988 que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Nº 9394/96, em seu texto faz a definição concreta de que a EJA é uma das Modalidades da Educação Básica: “a Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio, na idade própria” (BRASIL, 1996).
Com a mudança da EJA para modalidade de ensino fez com que acontecesse uma reafirmação da institucionalização da mesma dentro do cenário educacional brasileiro. Com a nova nomenclatura houve também a substituição do termo supletivo trazendo também uma concepção mais simplista e completa da compreensiva sobre o atendimento aos cidadãos brasileiros que caracterizam a educação de jovens e adultos (FRIEDRICH e BENITE, 2012). Porém, mesmo com todos os esclarecimentos trazidos pela LDB Nº 9394/1996, o artigo 38 da referida lei ainda faz referências aos antigos cursos do supletivo, “[...] habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular” (BRASIL, 1996, p. 33). 
Um fator também importante na nova LDB foi a redução da idade no processo de certificação para alunos que não haviam concluído o Ensino Fundamental ou o Médio, que era ficou de 15 anos no Ensino Fundamental e 18 anos no Ensino Médio respectivamente, o que permitiu o ingresso de alunos mais novos na EJA, o que mais tarde seria regulamentada pelo Parecer CNE/CEB nº 11/ 2000. 
A LDB provoca uma sériede dúvidas de como seria a organização da EJA em todas as instituições de ensino brasileiras. O que fez com que em 2000, acontecesse a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, que havia sido elaborada Conselho Nacional de Educação (CNE), com o intuito de dirimir as possíveis dúvidas que pairavam sobre a nova modalidade de ensino. 
O documento faz três proposições diferenciadas sobre a EJA: uma chamada de reparadora, na qual faz uma restituição ao direito ao acesso por meio de uma educação de qualidade que havia sido negada em épocas passadas a população brasileira, uma segunda denominada de equalizadora, baseada na garantia e na continuidade dos processos educacionais dos alunos da EJA, valorizando os princípios formativos que foram interrompidos e uma qualificadora, alicerçada pela ideia de uma educação ao longo da vida (CNE, 2000). 
As proposições da nova estrutura curricular da EJA tentava fazer com que avançássemos em relação as concepções anteriores que tínhamos, uma vez que modificavam o que havia sido aprovado na Lei de Diretrizes e Bases nº 5692/71, a única da época que tratava em um capítulo especifico da EJA. A Educação de Jovens e Adultos na LDB Nº 5692/71, tinham funções de suplência, o que se configurava como uma reposição do que havia sido perdido dentro do processo educativo por parte do discente, englobando o aperfeiçoamento, a atualização e a aprendizagem voltada para o mundo do trabalho (PIERRO, JOIA, RIBEIRO, 2001). 
As discussões sobre os avanços nas legislações educacionais mostram que nem sempre significa que vá acontecer um aumento nas políticas públicas, principalmente quando se trata de educação de jovens e adultos, tudo porque muitas vezes falta o financeiro. Sem falar que houve uma diminuição da idade para matrícula na EJA o que também incide no atendimento, uma vez que se aumentava, naturalmente, o seu público-alvo e as estratégias de investimento pareciam não seguir esse crescimento. Isso pode ser observado, por exemplo, com a não inclusão das matrículas da EJA no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF). 
Isso ocasionou a alguns municípios criarem programas de aceleração da aprendizagem vinculados ao sistema regular de ensino de suas secretarias, para que pudessem atender a clientela jovem e adulta que não estavam na escola e para aqueles que estavam em distorção idade-série. Porém somente em 2006 que se teve uma amenização do problema, quando se inclui a EJA no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB), bem como programas nacionais de livro didático, de alimentação e, sobretudo no transporte escolar (PIERRO, 2010). 
Vários eventos internacionais tiveram uma importância significativa para impulsionar a realização de políticas públicas com foco na Educação de Jovens e Adultos. Podemos destacar entre esses eventos a Conferência Mundial de Educação em Jonthien, na Tailândia, datada em março de 1990, onde foi aprovada a tão importante Declaração Mundial de Educação para Todos, que tem destaque especial a EJA, “incluindo metas relativas à redução de taxas de analfabetismo, além da expansão dos serviços de educação básica e capacitação aos jovens e adultos, com avaliação sobre seus impactos sociais” (PIERRO, JOIA, RIBEIRO, 2001, p. 68). A declaração traz em suas entrelinhas duas preocupações com a educação que são:
Mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais mulheres são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento; mais de um terço dos adultos no mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, ás novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais (UNESCO, 1990, p. 1).
Após a realização da referida conferência outros marcos históricos acerca de políticas públicas para o fortalecimento da EJA, outro evento marcadamente importante para as promoções das politicas de EJA foi a Conferência Internacional sobre Educação de Adultos em Hamburgo, Alemanha (1997) e, o mais recentemente e pioneiro na América Latina, a IV CONFINTEA – Conferência Internacional de Educação de Adultos, que realizou-se em Belém, no Pará no ano de 2009.
No Brasil, mesmo com todas as inciativas pelo mundo, o governo brasileiro promoveu algumas ações que direcionadas aos programas de fomento a educação de jovens e adultos, para Pierro (2010), essas ações estavam sem uma configuração adequada ao contexto dos alunos e pouco articulados e eram oferecidos por diferentes instâncias do governo: o programa Brasil Alfabetizado, o PROJOVEM – Programa Nacional de Inclusão de Jovens, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, o Programa de Educação na Reforma Agrária e o ENCEEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências, realizado pelo INEP – Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais. 
No ano de 2010, com a aprovação da Resolução CNE/CEB nº 3, acontece à institucionalização das diretrizes operacionais para a EJA que passava a ser uma modalidade de ensino. As diretrizes das quais a resolução institucionalizou só vieram corroborar para a reafirmação da idade mínima de 15 anos para que cidadãos possam estar ingressando nos quadros discentes da EJA no Ensino Fundamental. Observamos que existiu e ainda existe uma ênfase no público que irá fazer parte da EJA, bem como, nas orientações para que os sistemas educacionais pelo Brasil façam a elaboração de políticas próprias para atendimento a pessoas que estejam na faixa etária de 15 a 17 anos, focando alunos adolescentes que não conseguiram completar o Ensino Fundamental por qualquer razão aparente. As políticas das quais os sistemas de ensino precisam desenvolver em suas redes deve necessariamente observar as especificidades de cada comunidade, valorizando os valores desse público para que se possa alcançar o proposto.
A resolução traz ainda um apontamento importantíssimo que é a integração da EJA ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – (SAEB) �. 
Essa mesma resolução, estabelece padrões de tempo mínimo de horas de duração para os cursos da EJA nas instituições públicas de ensino em todo país: para aqueles que estão na faixa etária que correspondem aos anos finais do Ensino Fundamental, a duração deverá ser de 1.600 horas; para o Ensino Médio, 1.200 horas (Resolução nº 03, 2010, art. 4º). Para os anos Ensino Fundamental ficará a critério de cada sistema de ensino a duração da carga horária.
2.1 A Política de Educação de Jovens e Adultos no Estado do Acre
A EJA no Estado do Acre tem sua história marcada por um longo caminho do qual está inserido em uma diversidade considerável que foi se constituindo através da adoção de práticas cada vez mais voltadas para o atendimento das necessidades do cidadão no que se refere à formação escolar.
Seguindo as normatizações nacionais para a modalidade da EJA em todo território nacional o Estado do Acre na última década vem fazendo um trabalho desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), apoiado pela Coordenação de Educação de Jovens e Adultos buscando a construção indentitária para a Educação de Jovens e Adultos dos alunos da modalidade de ensino no Estado do Acre, almejando a efetivação de políticas públicas que possam dar acesso equitativo aos jovens e adultos que não concluíram todo o ciclo da educação básica. Essa busca tem significado, inclusive, o empenho e esforços no sentido de assegurar condições e meios para que gestores, coordenadores e professores exerçam, fortaleçam e desenvolvam práticas pedagógicas eficientes que garantam o acesso, a permanência e o sucesso do aluno da EJA (ACRE, 2009).
Ações voltadas para a formação continuada dos professores e coordenadores atuantes na modalidade de ensino em todo o Estado, bem como a elaboração deuma proposta pedagógica específica para o Estado do Acre, considerando as especificidades dos alunos jovens e adultos oriundos de todas as localidades, rios, igarapés, comunidades indígenas, colocações ribeirinhas, seringais foram levadas em consideração, assim como a ampliação do atendimento às populações rurais que vivem afastadas dos grandes centros urbanos. A inserção da Educação de Jovens e Adultos no Planejamento Estratégico da Secretaria Estadual de Educação e o financiamento da mesma com Recursos Próprios, além bem definidas e prioritárias para essa modalidade foram definida como metas para o Governo do Estado na qual estabeleceu políticas públicas permanentes que possam garantir a continuidade da escolarização dos alunos jovens e adultos por meio de uma educação inclusiva, cidadã e que respeite a diversidade (ACRE, 2009).
Como é de conhecimento da grande maioria dos educadores e pesquisadores da área da Educação de Jovens e Adultos – EJA a mesma é agora considerada uma modalidade de ensino brasileira e que a cada vez mais vem se fortalecendo no Acre, construindo-se em uma importante ação para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural dos acrianos.
É no seu novo formato que a EJA busca sua ampliação ao fazer o processo de integração associado aos processos educativos que são desenvolvidos através de múltiplas dimensões destacando entre elas o conhecimento, as práticas sociais, o trabalho, do confronto de problemas coletivos e da construção da cidadania, fazendo com que essas dimensões não fiquem restritas única e exclusivamente ao âmbito escolar (ACRE, 2009).
Com isso, tenta resgatar saberes, aperfeiçoar potencialidades para formação e principalmente dando qualificação para esses jovens e adultos que, por razões diversas, não concluíram ou sequer obtiveram condições de ter acesso ao ensino na idade correta.
A educação de jovens e adultos no Acre tentando buscar essa nova ressignificação através do saber precisa ser vista como uma educação que visa à formação integral do ser humano, primando por uma organização curricular flexível que possa valorizar os saberes locais dos seus alunos, possibilitando que se faça um diagnóstico da realidade, valorizando a cultura e a pluralidade das comunidades ribeirinhas, a igualdade de sexos, o respeito aos povos considerados da floresta, a preservação do meio ambiente, a democratização do acesso a saúde, a inclusão dos portadores de necessidades especiais e principalmente a disparidade econômica existente entre as pessoas, primando sempre pelo desenvolvimento das habilidades que possam enriquecer e aperfeiçoar as qualificações técnicas e profissionais dos alunos, preparando-os para o exercício do indivíduo de sua cidadania em uma sociedade fundamentada no conhecimento (ACRE, 2009). 
As atividades da Educação de Jovens e Adultos deverão ser ofertadas pela rede pública de ensino do Estado do Acre a qual precisam ser elencadas a ela seus eixos norteadores, a legislação que a rege e a realidade local das comunidades. São cursos trabalhos dentro das instituições em nível de Ensino Fundamental ou Médio, que são organizados por Segmentos e estes, em Módulos de estudos durante o ano (ACRE, 2009).
Quando se inicia o ciclo de formação, o curso da EJA I tem duração de 900 (novecentas) horas, que deverá ser desenvolvido em 03 (três) semestres letivos com 300 (trezentas) horas cada semestre letivo. As aulas são presenciais, que equivalem às antigas Fases I e II do Supletivo e às 4 (quatro) primeiras séries do Ensino Fundamental I (ACRE, 2009).
Já com relação ao 2º Segmento da Educação de Jovens e Adultos – que corresponde ao Ensino Fundamental II, ou seja, do 6º ao 9º ano atualmente tem duração de 1.600 (um mil e seiscentas) horas, com o seu desenvolvimento previsto para 05 (cinco) semestres de 320 (trezentos e vinte) horas cada semestre. Isso equivale a um curso presencial de ensino equivalente à antiga Fase III e às 4 (quatro) últimas séries do Ensino Fundamental (ACRE, 2009).
A Educação de Jovens e Adultos para o Ensino Médio EJA III, para qual é a base central da nossa análise tem duração de 1.200 (um mil e duzentas) horas, sendo desenvolvido em 04 (quatro) semestres de 300 (trezentas) horas cada semestre. Também é um curso presencial que é equivalente à antiga Fase IV do Antigo Supletivo e às 03 (três) séries do Ensino Médio. Essa forma de organização substitui as “fases”, “etapas” e os “níveis”, que serviam tanto como referencial de desenvolvimento curricular, quanto para circulação de estudos (ACRE, 2009).
Vale lembrar que quando da implantação da Educação de Jovens e Adultos o Acre ainda era Território Federal, no entanto, já se tinha a preocupação em ofertar às pessoas com idade fora da faixa etária da escolarização regular sempre mostrando condições para que os cidadãos pudessem retornar a escola e dar continuidade a seus estudos. Vários foram os caminhos trilhados para que a modalidade de ensino pudesse em fim revelar sua excelência, de uma forma que possibilitasse o acesso de todos à educação de qualidade no estado, o que é preconizado pela própria Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB - 9394/96. 
A Constituição brasileira em seu Art. 205 traz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Já o Art. 4º da LDB/9394/96, “determina que o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de padrões mínimos de qualidade, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem”.
Os primeiros passos para uma efetivação do direito ao acesso a educação pública e de qualidade pelo Estado do Acre se deu na formalização do Primário Dinâmico, curso que equivalia às quatro primeiras séries do ensino fundamental I, tinha uma duração de um ano. Os alunos do Primário Dinâmico ganhavam um fascículo para que fosse trabalhado durante o 1º semestre do ano letivo, sendo que, ao final do semestre, aplicava-se uma avaliação para saber a situação de aprendizagem de cada estudante. No 2º semestre, trabalhava-se um segundo fascículo e os procedimentos que haviam sido realizados no 1º semestre se repetiam no segundo com a aplicação de outra avaliação. Logo ao final do ano, após a segunda avaliação, os alunos que por ventura não alcançavam a aprovação poderiam dar continuidade nos cursos intensivos estabelecidos de acordo com o Art. 91º da Lei Orgânica do Ensino Secundário, decretado pela Lei nº 4.244, de 09/4/42 que, no seu título VII, franqueava certificado de licença ginasial aos maiores de 16 anos, isto somente depois de frequentarem o curso intensivo assegurado pelo Art. 91º e fazer os Exames de Madureza, que constavam de provas escritas e orais. Na prova oral, os alunos eram submetidos a uma sabatina realizada por uma banca de professores. Muitos professores do Estado na época só tinham as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental I, talvez pelo fato de os mesmos passarem pelo processo de ensino do Primário Dinâmico (ACRE, 2009).
Já em 1957, a Lei nº 8.531, de 29 de Outubro, veio para modificar o Art. 91º da Lei Orgânica do Ensino Secundário e elevou a idade dos alunos que desejavam prestar exame de madureza ginasial, passando dos 16 anos de idade para 18 anos, o que estabeleceu também a idade de 20 anos como mínima para licença colegial. Logo após a definição da Lei 4.024/61, no seu Art. 99º, autorizou aos maiores de 16 anos o direito de fazer os Exames de Madureza para conclusão do curso ginasial, considerando, inclusive, estudos realizados fora do regime escolar. A referida Lei assegura, ainda, aos maiores de 19 anos, obtenção de certificado a nível colegial. Posteriormente, a Lei 5379/67 cria uma fundação denominada Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), cujo objetivo era erradicaro analfabetismo. Após alguns anos de funcionamento do MOBRAL, sentiu-se a necessidade de proporcionar aos alunos a continuidade dos estudos, sendo criado para esse fim o PEI (Programa de Educação Integrada) com equivalência de conteúdos de 1ª a 4ª série, o qual era desenvolvido em um ano e sua avaliação era feita durante o processo (ACRE, 2009).
Com a continuidade do programa PEI com relação ao atendimento oferecido aos discentes com idade escolar para inserir-se no mesmo, em 1970, é apresentado para a sociedade acriana o projeto chamado de Projeto Minerva, na qual seu principal objetivo era fazer com que os alunos concludentes do PEI, tivessem a oportunidade de dar prosseguimento a sua vida escolar. O novo projeto apresentava equivalência de conteúdos ao que na nomenclatura antiga se denominava de 5ª à 8ª série o que hoje se chama de 6º ao 9º ano, ou Ensino Fundamental dos Anos Finais (ACRE, 2009). 
 A forma inusitada do funcionamento do programa era que chamava atenção, pois o mesmo era através das ondas do rádio, com transmissão realizada pela Rádio Difusora Acreana, por meio de fitas k7 que eram enviadas pela Fundação Roberto Marinho. Nas salas havia em cada sala de aula havia um aparelho de rádio com sintonia específica na Rádio Difusora que, passava as aulas aos alunos em um horário determinado pela Secretaria de Educação, com transmissão para todos os municípios dos acrianos inclusive os mais isolados (ACRE, 2009). 
 A organização dos conteúdos era por meio de 13 (treze) fascículos, sendo o 13º uma forma de revisar todo o conteúdo visto nos outros 12 (doze) durante todo o processo do curso, tendo uma avaliação em cada bimestre. Em se falando na avaliação a mesma era elaborada pela Fundação Roberto Marinho que a encaminhava para a coordenação local do programa. Cada disciplina recebia uma avaliação especifica na qual a coordenação fazia a reprodução, distribuía e aplicava aos alunos do programa (ACRE, 2009). 
Já nos anos 80, é registrado nos anais da história da educação de EJA no Acre, o programa denominado de Projeto João da Silva, que tinha equivalência ao ensino das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental I, que tinha funcionalidade paralela ao programa PEI. Esse programa tinha sua oferta desenvolvida pela Superintendência de Desenvolvimento da Borracha - SUDHÉVEA que na época mantinha parceria com a Secretaria Estadual de Educação (ACRE, 2009). 
A transmissão do projeto era feita através da emissora de televisão localizada na capital Rio Branco, denominada de TV Acre, com transmissão para todos os municípios que eram produtores de borracha. Nas salas de aula, havia um aparelho de televisão sintonizado no canal da TV Acre, também com horário estabelecido pela Secretaria de Estadual de Educação (ACRE, 2009). 
O curso tinha uma duração de um ano letivo, sem seriação das turmas. Já a avaliação final era elaborada pela Fundação Padre Anchieta que enviava para a coordenação local, que se responsabilizava pela aplicação e correção das provas. No entanto, com o a extinção da Fundação Educar na década de 1990, percebeu-se um imenso vazio que se criou em termos de políticas para a educação de jovens e adultos em todo Brasil e não somente no Estado do Acre. Mesmo assim, dos cursos até então desenvolvidos como projetos, surgiram outros, que podemos conferir na tabela abaixo:
TABELA COM ALGUNS CURSOS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DESENVOLVIDOS NO ESTADO DO ACRE 
	Programa
	Descrição do Programa
	
PEB – Programa de Educação Básica
	Curso com equivalência às quatro primeiras séries, dividido em duas etapas. A 1ª etapa, no 1º semestre, trabalhava os conteúdos equivalentes à 1ª e 2ª séries; os alunos aprovados teriam que efetuar novas matrículas para cursarem a 2ª etapa, em que estudavam os conteúdos equivalentes às 3ª e 4ª séries. Ao final da referida etapa, se obtivessem a nota exigida para aprovação, recebiam o certificado de conclusão e faziam matrícula no SPG (Supletivo de Primeiro Grau), para dar continuidade com os estudos de 5ª à 8ª séries, o que hoje equivale ao 6º ao 9º ano.
	
SPG – Supletivo de 1º Grau
	Curso com equivalência de 5ª a 8ª séries, era dividido em 3 (três) etapas, com o oferecimento de duas disciplinas em cada uma, e duração de seis meses, perfazendo uma carga horária total de 1200 (mil e duzentas) horas. Para ingressar nesse curso, era necessário ter 14 anos completos. A avaliação era feita bimestralmente. A média de aprovação de uma etapa para outra era de 6 (seis) pontos, conforme norma estabelecida pela SEE. Ao finalizar a 3ª etapa, e tendo aprovação em todas as disciplinas, com a média final por disciplina de no mínimo seis, o aluno recebia o certificado de conclusão para ingressar no 2.º Grau.
	
SSG – Supletivo de 2º Grau
	Para ingressar no SSG o aluno deveria ter 18 anos completos. O curso tinha uma carga horária total de 1.200 (mil e duzentas) horas, divididas em 3 (três) etapas, com o número de disciplinas de acordo com suas cargas horárias. As avaliações eram bimestrais (três bimestres por etapa), e para conseguir aprovação de uma etapa para outra e conclusão de curso, a média mínima era também 6 (seis) pontos.
	
Telecurso de 1.º e 2.º Graus
	Cursos de 1º Grau (5.ª a 8.ª séries) e Ensino Médio, respectivamente. Seu funcionamento era organizado através de tele aulas, transmitidas pela emissora de televisão TV Acre. Utilizava fitas de vídeo VHS, enviadas à coordenação local da Secretaria de Educação pela Fundação Roberto Marinho, semanalmente, de onde eram conduzidas para a TV. Nesse curso existiam três recepções para atendimento: 1ª - Recepção organizada: O aluno fazia sua matrícula na escola, e a frequência diária era obrigatória. O curso dividia-se em 3 (três) etapas, compostas pelas disciplinas de acordo com suas cargas horárias e duração de 6 meses cada uma. A avaliação ocorria no processo. 2ª - Recepção controlada: O aluno fazia sua matrícula na escola, estudava de acordo com o seu tempo e só voltava nos dias agendados para fazer as provas, em cada etapa. 3ª - Recepção livre: Nesse caso, os alunos não faziam matrícula na escola. Assistiam as tele aulas em qualquer lugar e, quando a SEE oferecia os Exames de Suplência Geral, esses alunos faziam suas inscrições e se submetiam às provas. Os aprovados em todas as disciplinas recebiam certificado de conclusão do curso para o qual haviam sido inscritos, enquanto os que conseguiam aprovação parcial eram certificados apenas nas disciplinas em que estavam aprovados.
	
Projeto Conquista
	Correspondia a um Curso de Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries. Funcionava em 3 (três) etapas de 6 meses cada uma, com as disciplinas trabalhadas de acordo com suas cargas horárias. As aulas eram transmitidas via TV Acre, em horário estabelecido pela Secretaria de Educação. A Fundação Roberto Marinho encaminhava as fitas à coordenação local na SEE, que se encarregava de enviá-las à TV. Em cada sala de aula era instalado um aparelho de televisão sintonizado no canal e no horário preestabelecido. Após assistirem a tele aula, professor e alunos davam continuidade à discussão do conteúdo abordado. A avaliação era feita durante cada etapa, bimestralmente. Os alunos aprovados numa etapa, para ingressar na etapa seguinte, teriam que mostrar o comprovante de aprovação ao fazerem nova matrícula.
	
Educação de Jovens e Adultos - Fases I e II
	Estes cursos eram oferecidos em nível de 1ª a 4ª séries e de 5ª a 8ª séries, respectivamente. As grades curriculares eram vindas do Paraná, em caráter experimental, para serem trabalhadas apenas na zona urbana de Rio Branco, enquanto na zona rural e demais municípios do Estado, continuaram sendo ofertados o PEB e SPG. A Fase I compreendia um Curso com equivalência de 1ª à 4ª séries, dividia-se em quatro etapas, cada uma com 300 (trezentas) horas, perfazendo um total de 1.200 (mil e duzentas) horas. Cada etapa durava 100 (cem) dias letivos, com 3 (três) horas diárias. No final de cadaetapa, quem obtivesse nota e conhecimentos suficientes para prosseguir na etapa seguinte, apresentaria o comprovante de aprovação da etapa anterior e faria nova matrícula. A avaliação era bimestral e mais uma final, por etapa. A Fase II compreendia um curso com equivalência de 5ª a 8ª séries. Tinha uma carga horária total de 1200 horas, dividida em 4 (quatro) períodos. O 1º período, equivalente à 5ª série, com 300 horas; o 2º período, equivalente à 6ª série, com 300 horas; o 3º período, equivalente à 7ª série, com 300 horas; e 4º período, equivalente à 8ª série, com 300 horas. A avaliação era feita observando as mesmas orientações da Fase I: avaliação bimestral e uma prova final, ao término de cada período. Além dos cursos presenciais, o Departamento de Ensino Supletivo da Secretaria de Educação oferecia dois cursos semipresenciais, um de formação integral (1º e 2º Graus) e outro de formação profissional (Magistério).
	
Escola Aberta de 1º e 2º Graus
	Estes cursos funcionavam no CES (Centro de Ensino Supletivo), onde existia uma equipe de professores atendia os alunos que encontravam alguma dificuldade em relação aos conteúdos das disciplinas a serem estudadas. Os alunos se inscreviam em um dos cursos, recebiam o módulo inicial, estudavam de acordo com o tempo disponível e, quando se sentiam preparados, faziam a avaliação. Se reprovassem, tinham mais duas oportunidades; porém, eram aplicados testes diferentes. Quando eram aprovados, a nota era lançada na ficha apropriada e recebiam o livro seguinte. A nota mínima para aprovação era 8 (oito) e as provas já vinham elaboradas pelo CETEB – Centro Técnico de Brasília.
	
Projeto Logos II – Curso de Nível Médio Magistério
	Este curso foi trazido do Centro Técnico de Brasília – CETEB, com a finalidade de atender os professores leigos em serviço. O professor lotado em sala de aula num turno diferente ao de seu trabalho estudava e tirava dúvidas no Núcleo com os Orientadores e Supervisores Docentes (OSD). Por estarem atuando em sala de aula, os professores tinham o estágio supervisionado na própria sala. A avaliação era aplicada através de provas vindas do CETEB, em cada módulo, totalizando 203, divididos por disciplina. Ainda existiam, mensalmente, encontros pedagógicos chamados de microensino. A nota mínima exigida para aprovação era 8 (oito). 
	
Logos II de 1º e 2º Graus – Formação Integral
	Após o término do Logos II - Magistério, o CETEB autorizou o Departamento de Ensino Supletivo – DESU do Acre, que fosse oferecido às pessoas interessadas o direito de fazer o Logos em nível de 1º e 2º Graus – Formação Integral, também através de módulos. A nota mínima para aprovação também era 8 (oito) pontos, por módulo. A diferença entre Curso de Formação Integral e Magistério estava em o primeiro não oferecer as disciplinas específicas do Magistério, o estágio supervisionado e o microensino (encontros pedagógicos realizados uma vez por mês), comumente aos sábados. Para acessar o curso de 2º Grau, o educando deveria ter 21 (vinte e um) anos e, para o ensino de 1º Grau, 18 (dezoito) anos completos. As provas de cada módulo vinham prontas do CETEB, juntamente com a chave de correção. Ao esgotar o tempo do projeto Logos II, em nível de Magistério, verificou-se que na zona rural, ainda, havia um grande número de professores sem habilitação para o Magistério. Após esse levantamento, a Secretaria de Educação autorizou ao DESU que oferecesse outro curso equivalente ao Magistério para atender esses professores. A partir desta orientação foi feito um planejamento para o referido curso.
	
HAPRONT
	Curso de habilitação para professores não titulados da zona rural. Esse curso funcionava somente nas férias escolares. O professor ministrante trabalhava os conteúdos de acordo com a proposta do curso e, como recurso, usava o material do Logos II - Magistério, além de outros. A avaliação era feita durante o processo, sendo elaborada pelo professor ministrante.
	
PAJA – Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos
	O referido programa teve início em março de 1996 e tinha como meta alfabetizar 10.000 (dez mil) alunos durante 2 (dois) anos. Era dividido em 4 (quatro) etapas de 192 (cento e noventa e duas) horas, sendo que cada etapa tinha a duração de 6 meses. As turmas só poderiam ter 25 (vinte e cinco) alunos. As aulas aconteciam de 2ª a 5ª feira e a 6ª feira destinava-se a encontros pedagógicos e de planejamento. A avaliação se dava no final de cada etapa e era classificatória: só avançava para a etapa seguinte quem obtivesse nota e conhecimento suficiente para tal.
	Exames de Suplência Profissionalizante
	Ainda amparado pela Lei 5.692/71, o Departamento de Ensino Supletivo oferecia Exames de Suplência Profissionalizante como: Auxiliar de Enfermagem, Técnico em Enfermagem, Técnico em Contabilidade, Transações Imobiliárias, Edificações, Eletrônica, Eletrotécnica e Telecomunicações, laboratórios Médicos, para pessoas engajadas no mercado de trabalho que não tinham a devida habilitação.
	
TC 2000 - Ensino Fundamental e Ensino Médio
	A partir do ano de 1999, algumas mudanças começaram a ser realizadas com o objetivo de ampliar a oferta da Educação de Jovens e Adultos e garantir maiores oportunidades de escolarização para jovens e adultos do Estado. A Secretaria de Estado de Educação, em parceria com o SESI, iniciou um projeto piloto de atendimento em Rio Branco, utilizando a Metodologia do TC 2000, na qual são previstos livros e aulas associadas em vídeos, para o desenvolvimento da aprendizagem. Como a experiência teve reflexos positivos, nos anos seguintes se ampliou os cursos para outros Municípios do Estado, permanecendo até hoje. Quando o TC 2000 (Ensino Fundamental) foi implantado, estava estruturado em 3 (três) etapas, de modo que os alunos cursavam todas as disciplinas em um ano e meio, totalizando uma carga horária de 740 (setecentas e quarenta) horas. Já o Ensino Médio era oferecido em 4 (quatro) etapas, com duração de dois anos, e carga horária total de 932 (novecentas e trinta e duas) horas. Com a parceria, o acompanhamento pedagógico e a capacitação dos professores passaram a ser realizados pela equipe técnica do SESI e da SEE. O TC 2000 adotava a avaliação formativa e contínua, obedecendo ao critério interno de aplicação de, a cada dez tele aulas, uma avaliação para efeito de registro das disciplinas que estavam sendo estudadas.
Fonte: Elaboração própria baseado em informações contidas no Parecer CEE Nº 88/2008 e na Resolução CEE Nº 36/2009.
Contudo, mesmo com todos os programas e cursos para o atendimento aos jovens e adultos que não dispunham de uma formação educacionais mínimos descritos acima na tabela e até o momento desta pesquisa. Ainda podemos relatar no período considerado de pós 1999 a 2006 que corresponde a sete anos, é percebido os registros e relatados sobre os projetos de Educação de Jovens e Adultos no Acre sempre revelaram as inúmeras tentativas de garantir à população não escolarizada o direito à educação, estabelecido pela Constituição Federal. No entanto, a ausência a grande dificuldade sempre foi à falta de políticas públicas definidas e acima de tudo defendidas para essa parcela da população contribuiu para o insucesso de muitas ações já realizadas, de modo que a taxa de analfabetismo no Estado em 2000 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, correspondia a 24,55 % da população de 15 anos a mais de 60 anos em todo o Acre (ACRE, 2009). 
Para que se pudesse haver uma reversão da situação descrita pelo IBGE e levando em conta que “a alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser requisito básico para a educação continuada durante toda a vida” (UNESCO, 1997), o Governo do Estado por meio de uma parceria com várias organizações sociais dos setores privados, públicos e civis implantou no ano de 2000, o projeto chamado de Movimento de Alfabetização deJovens e Adultos – MOVA, que tinha formato similar a de outros MOVA já existentes no país, cuja sua principal característica era o atendimento a jovens e adultos residentes nas áreas urbanas e rurais, reservas extrativistas e indígenas, o curso possuía uma duração que variava de 6 (seis) a 8 (oito) meses durante o ano letivo em curso (ACRE, 2009). 
O projeto MOVA desenvolvido no Estado do Acre teve seu princípio fundamentador de suas ações nas experiências positivas desenvolvidas por entidades do setor público e privado, governamentais e não governamentais no campo da educação, o profissional que trabalharia como educador, ou seja, o docente era alguém escolhido pela própria comunidade, isso de certo havia uma facilidade no processo de conhecimento do mesmo para com seus alunos, sem falar que o trabalho desenvolvido pelo professor levava em conta a realidade dos próprios alunos (ACRE, 2009). 
O docente para atuação no projeto MOVA passava por um processo de capacitação de 16 (dezesseis) horas de forma intensiva com duração de 06 (seis) dias, bem como participava de encontros pedagógicos mensalmente. O projeto MOVA obteve um sucesso significativo uma vez que promoveu a inclusão de cerca de 40 mil pessoas em apenas dois anos de funcionamento, impulsionado pelo Plano Nacional de Educação que estabeleceu em 2001 como meta o desenvolvimento de programas visando a alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos, em cinco anos e, até o final da década, erradicar o analfabetismo, firmou ainda mais o compromisso do governo estadual no estabelecimento de uma política de combate ao analfabetismo, na intensificação do atendimento e na criação de um novo formato de curso que valorizasse aspectos da cultura regional, assegurando o direito à cidadania para os acrianos que não tiveram acesso a informações básicas oferecidas pela linguagem escrita (ACRE, 2009). 
 Para isso o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Educação, com apoio das prefeituras dos municípios acrianos, criou o Programa ALFA 100, que tinha uma carga horária semanal de 10 (dez) horas, o que perfazia um total de 240 (duzentas e quarenta) horas durante todo curso que passou a ser desenvolvido no período de seis meses e que teve uma importância significativa no processo de diminuição dos não letrados no estado (ACRE, 2009). 
Todo material pedagógico que foi utilizado durante o programa teve uma produção da participação dos profissionais da Secretaria de Educação. Os professores recebiam um caderno chamado de “Caderno com Orientações Pedagógicas” já os alunos recebiam o “Caderno da Florestania” todo o material dos professores e dos alunos era baseado em educação popular que tinha sua fundamentação alicerçada na pedagogia libertária de Paulo Freire, cujo princípio norteador está na construção da leitura e da escrita realizada pelo próprio cidadão a partir da sua própria realidade e o meio que o cerca (ACRE, 2009). 
Com a implementação do programa ALFA 100 além de proporcionar mais um momento de oportunidade para as pessoas que não dispunham de uma qualificação inicial no mundo da escrita e das letras, também trouxe a possibilidade das parcerias com o Governo Federal, e também de empresas como: TIM, Pirelli e Banco do Brasil possibilitaram que os alunos acrianos da faixa etária permitida para o programa pudesse ter a garantia da população assistida obtivesse um melhor atendimento e, sobretudo acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos profissionais que desenvolviam o programa ALFA 100. Com relação ao acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos professores era realizado por Monitores de Campo que faziam visitas pedagógicas e também pela equipe técnica do ALFA 100 que orientava, planejava e capacitava os professores durante todo o curso. Segundo a proposta pedagógica do programa a avaliação dos alfabetizandos era realizada durante o decorrer do curso, com resultado satisfatório se ao final o aluno considerado alfabetizado o aluno que por ventura venha a escrever um simples bilhete aplicado pelos Monitores no final do ciclo de formação do mesmo. Desde o momento de sua implantação até o ano 2006, o programa alfabetizou em todo o Estado mais de 66.817 jovens e adultos (ACRE, 2009). 
Paralelo a todas às ações de alfabetização do programa ALFA 100 e devido a uma crescente demanda de matrícula para o Ensino Fundamental da EJA – 1º Segmento, no ano 2003, a Secretaria Estadual de Educação teve que fazer uma proposta de reestruturação curricular para o referido segmento. A nova proposta elaborada pela Secretaria tinha o objetivo de dar importância a articulação de conteúdos estudados por meio das necessidades dos jovens e adultos que faziam parte do programa, e que pudesse assegurar aos egressos do programa de alfabetização a continuidade dos estudos, bem como a inclusão de todos que foram alijados do sistema em idade regular e que deixaram de concluir o antigo ensino de 1.ª a 4.ª séries hoje chamado de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais. A reestruturação também ocorreu na sua carga horária que passou para 600 (seiscentas) horas, conforme a Resolução n.º 10/99-CEE, com duração de 10 meses ou 200 (duzentos) dias letivos (ACRE, 2009).
Com esse novo formato, a avaliação dos alunos do programa ALFA 100 passou a ser formativa e cumulativa, sendo que os alunos que não desenvolviam as competências necessárias para cursar o 2º Segmento ficavam retidos no processo para que, no ano seguinte, dessem continuidade nos estudos e assim pudessem avançar na sua formação. Completado o ciclo de aprendizagem os alunos retidos eram submetidos aos Exames Especiais através do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA e encaminhados para matrícula no 2º Segmento do Ensino Fundamental.
Outra característica marcante que precisa ser considerada nesse contexto histórico e evolutivo da historicidade da EJA no Estado do Acre foi a institucionalização da Gerência Pedagógica de Educação de Jovens e Adultos realizada pela Secretaria de Estado de Educação no ano de 2003 assim como a constituição de uma equipe técnica multidisciplinar no ano de 2004 para dar suporte a todos os profissionais da EJA. A Gerência permitiu que a EJA passasse a ser considerada uma modalidade de ensino e que se pudesse a cada ano firmando-se como uma política pública no Estado, visando garantir um ensino de qualidade para jovens e adultos.
As atividades desenvolvidas pela equipe da Gerência eram diversificadas com destaques para: a reestruturação realizada no Telecurso 2000 ocorrido no ano em 2005 quando da ampliação de sua carga horária para o Ensino Fundamental para 900 (novecentas) horas e do Ensino Médio para 1.200 (mil e duzentas) horas, com a inserção das disciplinas: Educação Física, Ensino Religioso, Filosofia e Sociologia nos cursos da EJA Médio. Outra atividade significante realizada pela equipe da Gerência foi à realização de Curso de Formação Continuada para Professores e Coordenadores da EJA em todo o Estado. A ampliação da oferta para matrícula para alunos na EJA em escolas e principalmente em espaços alternativos localizados na zona rural dos municípios acrianos também foi outro diferencial. O incentivo ao trabalho com projetos culminando com a instituição do “Prêmio EJA: Desafios de um Educador”; contratação de professores licenciados; elaboração da Proposta Pedagógica e de Referenciais Curriculares para EJA – Ensino Fundamental e Médio; criação do Fórum Estadual da Educação de Jovens e Adultos; assessoramento pedagógico aos coordenadores das escolas e dos Núcleos; intensificação da sistemática de acompanhamento às escolas da EJA em todo o Estado; fortalecimento das ações de parcerias com as equipes dos Núcleos; capacitação da equipe técnica da GPEJA para a elaboração de itens; aquisição de livros didáticos e equipamentos para as escolas; aquisição de kits para os alunos e kits para os professores da EJA de todo o Estado; atendimento aos jovens internos das Casas de Medidas Socioeducativas e sistema penitenciário, além da realização anual de Exames SupletivosRegionalizados e Unificados foram ações que fortaleceram a modalidade ao crescimento considerável para a melhoria da qualidade do ensino no estado.
Porém, mesmo que a política de atendimento ao público da Educação de Jovens e Adultos tenha sido fortalecida nos últimos anos no Estado do Acre, dados do IBGE/PNAD de 2003 ainda indicavam que existia uma população de 71.473 jovens e adultos de 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos de estudo em todo estado. Considerando que de 2004 a 2006 foram matriculados no 1º Segmento da EJA em todo o Estado um total de 38.245 alunos e que no mesmo período o total de egressos do Programa Alfa 100 é de 32.049, conclui-se que cerca de 65.277 mil jovens e adultos ainda continuam fora da escola e com baixa escolarização. Tais dados confirmam a necessidade de se estabelecer parcerias com os governos municipais, instituições privadas, organizações não governamentais e toda a sociedade civil, no sentido de que sejam definidas metas e estratégias para ampliar o direito à educação a toda a população jovem e adulta do Acre, com garantia de acesso, permanência e sucesso, esteja ela localizada em áreas rurais ou em áreas urbanas.
Contudo, para que a Educação de Jovens e Adultos continue avançando com qualidade no ensino e cumprindo com responsabilidade o seu papel de inclusão social, terá que continuar vencendo desafios como: garantir professores licenciados para turmas rurais localizadas em áreas mais isoladas, bem como o transporte de alunos; reduzir os índices de evasão nas turmas da EJA; implementar a proposta pedagógica da EJA em todo o Estado; articular parcerias com instituições que atuam no campo da educação profissional visando assegurar o ingresso de alunos da EJA em cursos técnicos e/ou de formação inicial e continuada; mobilizar a população não escolarizada para matrícula nos cursos da EJA; produzir material didático para as oficinas de Formação para o Mundo do Trabalho; intensificar as visitas de acompanhamento/monitoramento às escolas que ofertam a EJA; prestar assessoramento pedagógico aos professores que lecionam em turmas da zona rural “in loco”; fortalecer o trabalho na EJA através do desenvolvimento de projetos, promovendo a capacitação dos professores para sua elaboração; articular parcerias com instituições de ensino superior para o oferecimento de cursos de especialização na área de Educação de Jovens e Adultos no formato presencial ou à distância; desacelerar o processo de matrícula nos Exames Supletivos Regionalizados e Unificados através da oferta de cursos da EJA na modalidade à distância ou semipresencial, possibilitando o acesso ao conhecimento e não somente à certificação.
Tabela - População municipal de pessoas não alfabetizadas com 15 anos ou mais de idade e Taxa municipal de analfabetos com 15 anos ou mais de idade no Estado do Acre por munícipio.
Fonte: IBGE - 2010
Os avanços conquistados pela Educação de Jovens e Adultos no Acre, no decorrer do período que compreende o ano de 1999 a 2006 e os dados apresentados pelo IBGE em 2010, só reforçam a convicção defendida por Gadotti (2009), de que “não há sociedades que tenham resolvido seus problemas, sem equacionar devidamente os problemas de educação e não há países que tenham encontrado soluções de seus problemas educacionais sem equacionar devida e simultaneamente a educação de adultos e da alfabetização”.
2.2. O Perfil do Docente de EJA no Acre
Na Educação de Jovens e Adultos, o professor deve estar permanentemente se atualizando, ter competência pedagógica para produzir e desenvolver o seu trabalho através da elaboração de um planejamento integrado, contextualizado e vivido, participando das formações continuadas oferecidas pela Secretaria de Estado de Educação. Segundo Janssen (2004, p.52) “o educador é aquele que está continuamente buscando de forma sistemática o aperfeiçoamento do seu trabalho e de si mesmo.” A busca dessas capacidades vai contribuir para o desenvolvimento do professor no que se refere às competências pedagógica, gerencial e política. Na proposta curricular da EJA, tem-se a perspectiva de que o professor seja um agente capaz de promover o aprendizado e de estimular o aluno a refletir sobre o seu comportamento em relação à disciplina e ao mundo que o cerca, pois no sistema de educação para jovens e adultos, o relacionamento professor e aluno, é um aspecto fundamental para a aquisição de novos saberes. 
Na concepção freireana, a missão do professor é possibilitar a criação e produção de conhecimentos. Paulo Freire não comungava com a ideia de que o aluno precisa apenas de que lhes fossem facilitadas as condições para o auto aprendizado, de modo que o sentido e o significado da aprendizagem precisavam estar evidenciados durante todo o processo de escolaridade, estimulando nos alunos o compromisso e responsabilidade, cabendo ao professor criar situações de aprendizagem, que favorecessem, aos alunos, o acesso a materiais educativos, à formulação e resolução de questionamentos, a problematizações e desafios. Para tanto, nesse processo de construção do conhecimento, é necessário a interação entre educador e educando, de modo que sejam agentes e não meros expectadores dessa construção. E isso só será possível, no momento em que ambos tiverem clareza quanto aos objetivos a serem perseguidos, às opções metodológicas e às orientações didáticas que nortearão as atividades de ensino-aprendizagem. Tais orientações devem estar refletidas nos seguintes aspectos: • Considerar o aluno como sujeito ativo da aprendizagem; • Diagnosticar os conhecimentos prévios que os alunos trazem; • Promover situações nas quais os alunos interajam entre si e consigo mesmo; • Considerar as práticas cotidianas de jovens e adultos, consolidando aprendizagens a partir de suas experiências; • Respeitar as diversidades de personalidades e de culturas. Na sala de aula, o educador deve propiciar um relacionamento amistoso, não paternalista, mas de respeito mútuo e atenção, sem distinção, porque o bom relacionamento na sala de aula é tão importante quanto à variedade de métodos e recursos instrumentais utilizados. Portanto, deve-se promover um ambiente onde haja compreensão, possibilitando o aprendizado e o gosto para a permanência do aluno na escola. A disposição física da sala de aula é outro elemento importante na construção da aprendizagem, sendo fundamental ter um espaço onde se estimule a comunicação, a participação, a solidariedade e o trabalho cooperativo entre os alunos. 
O desafio do professor consiste, portanto, em dominar e aplicar metodologias e estratégias na organização e execução do seu trabalho, fazendo da sala de aula um laboratório que proporcione a construção e a intervenção desses conhecimentos, sendo importante que o aluno compreenda que os saberes construídos na escola têm relação com os que já possuem. A formação da cidadania participativa, a ser desenvolvida pelo educador da EJA, deve transcender os muros da escola. Nesse sentido, as ações educativas trabalhadas no espaço escolar, são desenvolvidas de modo a possibilitar ao aluno assumir-se como elemento transformador dentro da comunidade em que está inserido, principalmente, através da reelaboração e da aplicação do conhecimento apreendido na escola. Para tanto, faz-se necessário que a Pedagogia de Projetos esteja sempre a fundamentar as práticas educativas desenvolvidas no âmbito da escola. É importante, também, ressaltar o papel desempenhado pela família dos alunos jovens e adultos no apoio a sua tomada de decisão em retornar à vida escolar, e na compreensão em se estabelecer a divisão do espaço família/escola. O conhecimento e a participação da família do aluno são indispensáveis para a eficácia do trabalho escolar. 
Nesse sentido, a prática pedagógica do professor deve levar em consideração o educando, seus códigos, suas necessidades específicas e suas relações socioculturais. Ao optar por trabalhar na educação de jovens e adultos, o professor deverá assumir com responsabilidade o seu trabalhoe acreditar na transformação de seus alunos, pois é o professor quem influencia também essa mudança. O aluno da EJA tem a necessidade de um incentivo constante que contribua para o resgate de sua autoestima. O bom relacionamento entre professor e aluno contribuirá para a formação e permanência desse aluno na escola. Portanto, é necessária a contínua atualização do educador, através de sua participação em cursos, treinamentos, capacitações, projetos de formação continuada, dentre outros, a fim de ampliar seus conhecimentos, aprimorar sua prática e proporcionar aos alunos um ensino de qualidade.
A educação para Jovens e Adultos vai além de aprender a ler e a escrever, um dos objetivos principais é preparar e formar o educando para o mercado de trabalho lhe dando condições de viver em sociedade com melhor qualidade de vida. Dessa maneira, não é qualquer pessoa que está apta a ser um educador da EJA, apesar de muitos professores terem o ensino superior muitos não tem uma especialização para trabalhar nesta área que exige tanta inovação e dedicação do professor. A Educação de Jovens e Adultos exige do educador uma metodologia diferenciada de outras modalidades de ensino, bem como uma relação afetiva entre professor/aluno. Para Libâneo (1992, p. 47), o trabalho docente constitui o exercício profissional do professor e este é o seu primeiro compromisso com a sociedade. Sua responsabilidade é preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política. Nesse contexto, o educador da EJA deve estar preparado para a diversidade existente na sala de aula as diferenças de comportamento e de necessidades de jovens e adultos, pois, uma pratica usada com um jovem pode não facilitar a aprendizagem de um adulto, dessa forma o professor deve ser flexível e saber trabalhar com essas diferenças. O professor precisa estar atento a sua prática educativa, é necessário deixar de lado na sua prática pedagógica métodos de ensino infantilizados dando espaço para o diálogo, exposição de ideias, pontos de vistas, enfim, garantir que o aluno desenvolva o processo de democratização e cidadania de educação para EJA. Para Freire (1996, p. 96), 
O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos. Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. 
Freire (1996) deixa claro um aspecto referente ao necessário para ser um bom professor, o mesmo tem que instigar a curiosidade do aluno e seus pensamentos, contribuindo para a formação de um ser pensante que reflete sobre as coisas que estão a sua volta, a partir do que o educando já sabe o educador irá introduzir novos conhecimentos. Vasconcellos (2002, p. 89) fala a respeito do papel do professor, onde diz que:
[...] o professor parte do que o aluno tem de quadro de significação e vai introduzindo, pela problematização, novos elementos para análise. O conhecimento anterior do aluno, como foi apontado, não pode ser desprezado, pois o novo vai ser construído a partir do existente, a não ser que entendamos que o conhecimento vai ser transmitido e depositado na cabeça do aluno de acordo com aquilo que falamos. É necessário conhecer a representação dos alunos para poder “lutar” contra elas; caso contrário, ficam conhecimentos justapostos, e o científico, dado pela escola, tende ao esquecimento, já que não foi assimilado. 
Percebemos o quanto é importante que o profissional da EJA tenha uma formação adequada para essa modalidade, levando em consideração que suas classes são formadas por dificuldades maiores devido à sobrecarga de suas vidas cotidianas diferente de uma criança do ensino regular, mas, que mesmo sem saber ler direito ou escrever, tem seus conhecimentos adquiridos na vida social e que devem ser aproveitados pelo professor para enriquecer a aula e melhorar o conhecimento dos educandos. O professor na sua formação acadêmica já tem alguns conhecimentos para trabalhar com Jovens e Adultos, mas muitas das vezes precisamos buscar na formação continuada um complemento para saber conduzir os ensinamentos dentro da complexidade dessa sociedade de conhecimento (EJA). A aprendizagem já é um processo envolvente por natureza, por ser um professor da EJA exige uma maior interação, compreensão e receptividade as expectativas dos alunos. Assim, o grande papel dos professores de Jovens e Adultos, na construção de uma aprendizagem significativa, não pode esquecer que é de fundamental importância fazer a relação entre os conhecimentos prévios, ou seja, os trazidos por esses sujeitos, e os novos conhecimentos, para que eles se reconstruam mais ampliados e consistentes. Isso significa dizer que quanto mais se sabe mais se tem condições de aprender, pois, a educação não se constitui de forma isolada e sozinha, mas, com a ajuda do outro. "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediados pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 13). 
Paulo Freire tem suas ideias voltadas para uma educação emancipatória, para o educador o exercício da docência exige:
Rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, ética e estética, corporificar as palavras pelo exemplo, assumir riscos, aceitar o novo, rejeitar qualquer forma de discriminação, reflexão crítica sobre a prática, reconhecimento e assunção da identidade cultural, ter consciência do inacabamento, reconhecer-se como um ser condicionado, respeitar a autonomia do ser educando, bom senso, humildade, tolerância, convicção de que mudar é possível, curiosidade, competência profissional (FREIRE, 1996, p. 14). 
A formação docente e os princípios da educação libertadora, emancipadora são partes indissociáveis do todo/processo educativo. Dessa forma, ter clareza sobre os pressupostos da educação emancipadora se faz assaz indispensável para compreender a proposta de formação docente. Paulo Freire propõe uma educação que possibilite a transformação do indivíduo e da sociedade, uma “Educação que, desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma força de mudança e de libertação” (FREIRE, 2007, p.44). Esta é a proposta de uma educação emancipadora que traz como requisito básico o pressuposto do compromisso político de luta contra opressão e dominação. O perfil do professor é muito importante para o progresso e sucesso do educando que tem o educador como um espelho, por isso, o professor precisa ter compromisso com os mesmos e mostrar que uma Educação de Jovens e Adultos significativa e emancipadora é possível sim e é capaz te transformar a vida das pessoas e faze-las serem autoras de sua própria história. 
2.3. Como se configura o aluno da EJA II no Acre
A formação do educando, entendida como a promoção de aprendizagem, reflexão sobre a própria prática e a busca de informações deve pautar-se em sua realidade, não subestimando os saberes de experiências anteriores que traz para a escola. Determinar a identidade desses alunos requer um olhar atento, voltado para as suas necessidades cognitivas, articulando os conhecimentos já assimilados, construídos no curso de suas relações sociais. Assim, torna-se essencial organizar a escola de modo que atenda as especificidades e perspectivas desses educandos, levando-se em conta também as transformações pelas quais vem passando o sistema de ensino. Segundo dados de levantamento realizado em 2004 pela Gerência Pedagógica da Educação de Jovens e Adultos – EJA, no Acre, o perfil dos alunos em muito se assemelha ao perfil nacional, cujo alunado trabalha, em sua

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