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Ética, Legislação e Exercícios de enfermagem Prof. Cristiano Saldanha Aula 1 Conteúdo Programático desta aula Conheceu a importância do estudo da ética e da deontologia para a Enfermagem; Analisou as principais mudanças da deontologia e da ética para a sistematização da assistência de Enfermagem; Diferenciou os conceitos de lei natural de lei jurídica; Distinguiu a responsabilidade moral da responsabilidade legal. Viu que a formação técnico-científica de uma profissão está atrelada com a formação ética; 2 Profissão e legislação Desde os tempos mais remotos, o homem desenvolveu suas atividades em função das necessidades sociais. Ao longo dos séculos, com o progresso do conhecimento, houve uma organização do trabalho e, assim, surgiram as profissões. A profissão pode ser definida como um saber aplicado à prática, que surge em razão de uma necessidade social.De acordo com Ferreira (2001, p. 560), o vocábulo “profissão” significa atividade ou ocupação especializada, da qual se podem tirar os meios de subsistência. Em outras palavras, trata-se do exercício habitual de uma tarefa a serviço de outras pessoas. E essas tarefas estão inseridas em uma sociedade para o bem comum como um trabalho. 3 4 Profissão enfermeiro Na atualidade, a área de Enfermagem está estruturada academicamente com instituições de ensino em todo o território nacional, e seu campo de trabalho é bem definido. A formação ética é indispensável para essa área de atuação, uma vez que, na ação humana, o “fazer” – que se refere à competência – e o “agir” – que se refere à conduta – caminham lado a lado. Dessa forma, podemos perceber que o exercício profissional em Enfermagem requer um compromisso permanente com a formação técnica, científica e com os fundamentos ético-legais que norteiam tal prática. 5 6 7 A deontologia médica foi a pioneira das deontologias e se fundamenta em duas leis principais: Lei Natural e Lei Jurídica Principais Leis deontológicas Lei natural Baseada no sentido espiritualista, impregna a consciência do homem e lhe indica o verdadeiro fim. A lei natural manda praticar o bem e evitar o mal: “O que não queres para ti, não queiras para os outros”. 8 A Lei Natural, também conhecida por Lei Divina é a lei que trata de todas as coisas que amparam o crescimento espiritual do homem conduzindo-lhe à perfeição. Resumidamente, a Lei Natural consiste em estar sempre focando os nossos atos e pensamentos no Evangelho, seguindo-o com todo o nosso fervor, de toda a nossa alma, com toda a força do nosso ser, fazendo ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem. Tal é a lei. 9 Lei Jurídica Representada pela ordem política, não é abrangente a todos os atos humanos; apenas os sociais, os que representam os interesses de indivíduo para indivíduo, e destes para a comunidade quando se faz presente a necessidade da manutenção do equilíbrio da sociedade. A ordem jurídica é uma fração da ordem moral, consequentemente um meio a serviço do homem. A lei jurídica obriga a todos que exercem atividades no território do legislador e torna-o réus quando em consciência, e transgridem os preceitos estabelecidos. Tipos de responsabilidade Os conceitos de lei natural e lei jurídica, que acabamos de ver, levam a dois tipos de responsabilidade: A tendência da ética profissional no Brasil é a aproximação entre os ditames da moral prática e as leis civis e penais. Responsabilidade Moral Responsabilidade Legal 10 Responsa-bilidade Moral Responsa-bilidade Legal Responsabilidade Moral 11 Em Ética, responsabilidade moral é tudo relacionado à responsabilidade que se relaciona com as ações e suas consequências nas relações sociais. Ela refere-se geralmente ao dano causado ao indivíduo, a um grupo ou a uma sociedade inteira devido às ações ou à ausência delas de outro individuo, grupo ou sociedade inteira. Esse é o mecanismo pela qual a culpa pode ser induzida em muitas edificações sociais importantes, como, por exemplo, o processamento do direito. Responsabilidade Legal 12 RESPONSABILIDADE ÉTICA E LEGAL DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM RESPONSABILIDADE “Significa responder pelos seus atos e/ou de outras pessoas envolvidas na realização de um determinado ato. Se esse ato implicar em dano físico, moral ou patrimonial para alguém, haverá responsabilidade legal (civil, penal, ético – profissional) dos envolvidos.” Oguisso; Zoboli, 2006, p. 70 13 E a Deontologia da Enfermagem? Como se processa? 14 Deontologia da Enfermagem é o tratado onde se encontram os princípios e deveres que orientam e conduzem a atividade profissional, para que se mantenha sintonizada com a própria Enfermagem e, em consequência, com o próprio bem. Os conhecimentos científicos visam a excelência do atendimento. Deontologia da Enfermagem Definição de ética A deontologia está relacionada com a ética profissional. E qual é a definição de "ética"? Um conjunto de normas e condutas que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão, sendo o compromisso do homem para seu exercício tido como fundamental, respeitando seu semelhante. 15 Ética do profissional enfermeiro 16 Compete à ética profissional determinar os valores e os princípios que devem orientar a conduta dos profissionais para salvaguardar o cumprimento de suas obrigações, isto é, a realização desses valores e a aplicação desses princípios na prática. A deontologia da Enfermagem compreende as responsabilidades fundamentais dos enfermeiros, os deveres relativos aos clientes, à classe, aos colegas e demais membros da equipe de saúde. 17 O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem está organizado por assunto e inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais de Enfermagem. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem leva em consideração a necessidade e o direito de assistência em Enfermagem da população, os interesses do profissional e de sua organização. Está centrado na pessoa, família e coletividade e pressupõe que os trabalhadores de Enfermagem estejam aliados aos usuários na luta por uma assistência sem riscos e danos e acessível a toda população. Ética, legislação e exercício de enfermagem Prof. Cristiano Caso ético: fundamentos da autonomia Um escritor é atingido por uma doença degenerativa grave, cujo prognóstico de vida, se não receber tratamento adequado, deve ficar em torno de dois a três anos. Seguindo a orientação médica, o escritos toma os medicamentos recomendados e inicia a escrita do livro, que ele considera ser sua obra-prima. 19 Caso ético : fundamentos da autonomia Infelizmente o medicamento deixa-o obnubilado (desorientado), dificultando sua concentração intelectual, e sua criatividade literária decai significamente. O escritor coloca-se diante de um dilema deve continuar a tomar os medicamentos e prolongar sua vida ou deixa-los e, assim poder escreve seu livro? Ele opta por deixar de tomar os remédios. Fundamentalmente sua opinião sobre a decisão do escritor, nas bases deontológicas, de acordo com o caso ético acima. 20 Caso ético: explicação Sua decisão autônoma foi optar pela segunda alternativa, mesmo contra a opinião de seu médico. Prefere ter lucidez para escrever sua obra, em detrimento mesmo da limitação do tempo de vida que terá. Para ele, a saúde era um valor social importante, mas não o único, ou mesmo o valor preferível naquela situação. Esse caso mostra que as decisões tomadas por profissionais de saúde não devem se fundamentar exclusivamente em valores técnicos, mas compreender que o estado de valores morais do cliente é tão importante quanto seu estado sorológico. 21 Eutanásia A vida é o bem fundamental do ser humano, junto com a liberdade. Vários autores e filósofos defendem que são os direitos mais importantes de um ser humano, pois sem a vida não há o que se falar em direitos, nem tão pouco os de personalidade. Todo homem tem o direito de viver e, não apenas isso, mas deter uma vida digna e plena, onde seus valores e necessidades sejam respeitados. Esse direito é inviolável, ninguém poderá ser privado arbitrariamente, caso haja violação, haverá pena de responsabilização criminal. Isto está assegurado pela Constituição Federal no seu artigo 5º e ainda pelo Código Penal do artigo 121 aos 128, que prevê sanções para o indivíduo que violar esse direito. 22 "Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a a 6 (seis) meses, ou multa. No Brasil - O médico não tem direito de desligar os aparelhos no caso de um paciente terminal. Isso seria eutanásia. Somente tem o direito e dever segundo o código de ética de praticar a distanásia - ato de prolongar a vida para o paciente terminal utilizando aparelhos avançados. 23
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