Buscar

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM introdução

Prévia do material em texto

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM VETERINÁRIO
INTRODUÇÃO AO RADIODIAGNÓSTICO
(De acordo com GODOI et al, 2007)
HISTÓRICO
Wilhelm Conrad Roentgen nasceu em 1845 na Alemanha. Formou-se engenheiro Mecânico em Zurich, Suíça, onde também obteve grau de doutor em 1869. Em 1895, Roentgen, professor do Instituto de Física da Universidade de Würzburg, fazia experiências com uma ampola de Crookes, quando descobriu os raios-X. 
A ampola de Crookes era de vidro, contendo gás no interior, composta por um cátodo (pólo negativo), que alimentado por corrente elétrica produzia elétrons e um ânodo (pólo positivo), para o qual eram atraídos os elétrons, que ao se chocarem contra o ânodo e contra as paredes do tubo produziam raios-X.
Roentgen percebeu que mesmo envolvendo a ampola em papel grosso preto (cartolina), esta continuava emanando radiação, constatada pela luminosidade produzida num cartão pintado com substância fluorescente (platino cianeto de bário), usado para verificar radiações catódicas. Em 28 de setembro de 1895, Roentgen apresentou sua descoberta à Sociedade de Física e Ciências Médicas na Universidade de Würzburg e exibiu a primeira radiografia da história, a da mão de sua esposa.
IMPORTÂNCIA DOS RAIOS-X EM MEDICINA VETERINÁRIA
- No radiodiagnóstico, pela possibilidade de avaliar estruturas do corpo do indivíduo
sem uso de técnicas invasivas como cirurgias exploratórias.
- Na radioterapia, no tratamento de tumores, por exemplo.
Esta disciplina se restringirá ao radiodiagnóstico.
PRODUÇÃO DOS RAIOS-X
Como visto anteriormente, os raios-X foram produzidos em ampola de Crookes. Existia, porém, a impossibilidade de controlar a quantidade e a intensidade da radiação emitida.
Foi, então, desenvolvida por Coolidge uma ampola, que levou o seu nome, a qual é acoplada a comandos que permitem imprimir corrente elétrica adequada aos fatores de exposição a serem empregados em cada caso. A ampola, em cujo interior é produzido vácuo, é de vidro com invólucro de metal, o qual apresenta uma janela por onde passa o feixe útil da radiação. Numa das extremidades encontra-se o cátodo (potencial negativo) com filamento de tungstênio em espiral que alimentado por corrente de baixa voltagem, medida em miliamperes (mA), é aquecido, fornecendo determinado número de elétrons que darão origem a proporcional quantidade de raios-X. A quantidade de raios-X é diretamente proporcional ao tempo, sendo esta relação denominada miliamperes/segundo (mAs). Na outra extremidade da ampola encontra-se o ânodo (potencial positivo) apresentando uma pequena placa de tungstênio. Através do circuito de alta voltagem, medida em quilovolts (kV), produz-se entre os pólos positivo e negativo da ampola uma diferença de potencial, fazendo com que os elétrons sejam atraídos pelo ânodo, colidindo contra o mesmo, produzindo raios-X e calor.
Pelo descrito acima pode-se concluir que a miliamperagem é responsável pela quantidade de radiação produzida, enquanto a quilovoltagem determina a energia e, consequentemente, a penetração dos raios. 
Para absorver o calor nas ampolas de ânodo fixo, evitando deterioração do foco, as mesmas apresentam um sistema de refrigeração, em geral, óleo. Já as ampolas de ânodo giratório têm o foco preservado, por ser este bombardeado pelos elétrons em pontos sucessivos, dissipando mais facilmente o calor.
DEFINIÇÃO DE RAIOS-X
São ondas eletromagnéticas, semelhantes à luz, diferindo no comprimento de onda (λ). O comprimento de onda dos raios-X varia entre 100 e 0,01Å (angstrom). Em radiodiagnóstico, os raios-X mais empregados estão entre 0,5 e 0,4Å, na dependência da quilovoltagem empregada. Quanto menor o comprimento de onda dos raios-X, ou seja, quanto maior a quilovoltagem (kV) empregada, maior será seu poder de penetração.
PROPRIEDADES DOS RAIOS-X
• Os raios-X se propagam em linha reta e na mesma velocidade da luz, no meio.
• Por não possuírem massa atravessam os corpos.
• Produzem ionização por onde passam por isso impressionam filmes fotográficos (e radiográficos).
• Estimulam substâncias fluorescentes como o platino cianeto de bário e o sulfato de zinco.
• Podem afetar células vivas, produzindo alterações somáticas (interferindo no equilíbrio químico celular) e / ou genéticas (interferindo nas cadeias de DNA, rompendo-as).
INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA
Ao interagir com a matéria os raios-X podem sofrer fenômenos:
• Radiações Secundárias: parte da energia da radiação é cedida a átomos do corpo radiografado, os quais podem emitir radiação de comprimento de onda maior que o dos raios incidentes.
• Efeito Compton: parte da energia da radiação é transferida aos átomos e os raios incidentes continuarão sua trajetória com comprimento de onda maior.
• Raio Disperso: a radiação é apenas desviada da sua trajetória sem alterar o comprimento de onda.
• Efeito foto-elétrico: os raios-X perdem toda sua energia arrancando elétrons.
RELAÇÃO ENTRE A FONTE DE RADIAÇÃO, O OBJETO RADIOGRAFADO
E O FILME NA IMAGEM RADIOGRÁFICA
A densidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. À medida que se afasta o objeto, menor é a quantidade de raios provenientes do foco que o atinge e, consequentemente, o filme, produzindo imagem menos nítida. A distância ideal entre o foco e o filme está em torno de 70cm. O objeto a ser radiografado deve estar o mais próximo possível do filme para que a imagem tenha o tamanho próximo do real. O posicionamento da estrutura a ser radiografada em relação ao filme e à fonte de radiação é de suma importância para evitar-se a distorção da imagem.
DENSIDADES RADIOLÓGICAS
A imagem radiográfica é determinada por sombras do objeto, variando do preto ao branco, passando por vários tons de cinza, na dependência do peso atômico, da espessura e da densidade da substância que compõe o objeto radiografado.
• Quanto maior o peso atômico, maior dificuldade terão os raios para ultrapassar o material.
Ex: Radiografando-se uma rolha de cortiça e um cilindro de chumbo com o mesmo diâmetro, a primeira será atravessada pela radiação produzindo imagem radiolucente (cinza escuro). Já, o segundo, absorverá a radiação, impedindo a chegada da mesma ao filme, proporcionando imagem radiopaca (branca).
• A espessura também impedirá a passagem da radiação de forma diretamente proporcional.
Ex: Um cão de porte grande requererá maior poder de penetração dos raios para imprimir imagem no filme, do que um cão de pequeno porte.
• Maior densidade da matéria requer maior força de penetração dos raios.
Ex: Determinado volume de água absorverá mais a radiação do que o mesmo volume de gelo.
Num mesmo animal verificam-se várias densidades radiológicas, determinando a imagem radiográfica de seus órgãos na dependência da densidade, espessura e peso atômico dos mesmos. Os ossos, por exemplo, constituem-se basicamente de cálcio. Considerando-se que esta substância absorve os raios-X, entende-se porque aquelas estruturas imprimem imagem radiopaca na radiografia; o brometo de prata que compõe a emulsão que envolve a película radiográfica, não sendo atingida pela radiação, não se reduz à prata metálica ao ser mergulhada no revelador. Por outro lado, o ar que enche os pulmões, oferece menor resistência à passagem das radiações, determinando imagem radiolucente, pois a radiação impressiona os sais de prata da emulsão, fazendo com que se reduzam a prata metálica quando o filme é imerso no revelador. Entre a densidade osso (radiopaca) e a densidade ar (radiolucente), existe a densidade água que corresponde aos músculos, tendões e sangue (menos radiopaca que o osso) e a densidade gordura (menos radiopaca que a densidade água). 
 
CONTRASTES
Quando a imagem radiográfica não é diagnóstica, pode-se recorrer ao uso de contrastes, que são substâncias administradas ao paciente no intuito de melhor definir ou delimitar estruturas.
Contrastes positivos: são radiopacos.
Ex: Composto à base de sulfato de bário utilizado para estudo do sistema digestório, à base de iohexol utilizado para mielografia, à base de amidotrizoatode sódio e amidotrizoato de meglumina utilizado para estudo do sistema urinário e angiografia, entre outros.
Contrastes negativos: são radiolucentes.
Usualmente utiliza-se ar, podendo-se usar óxido nitroso ou dióxido de carbono.
Ex: Pneumocistografia.
Quando estruturas de mesma densidade se sobrepõem produzem efeito de adição de imagem. Ex: Dois ossos sobrepostos determinam imagem mais radiopaca que a determinada por um único osso. 
Quando estruturas de densidades diferentes se sobrepõem determinam efeito de subtração de imagem. Ex: Porção do duodeno com gases (radiolucente) sobreposto à imagem do fígado (radiopaco), determina, no ponto de sobreposição, densidade menos radiopaca que a característica deste órgão.
SINAIS DE SILHUETA
Duas estruturas da mesma densidade em contato uma com a outra resulta em margens que se somam perfazendo uma silhueta. As margens individuais não são distintas. 
GEOMETRIA DOS FEIXES DE RAIO X
Efeito de posicionamento: o objeto deve estar o mais próximo possível do filme, pois ele pode se apresentar na projeção ampliado e pode sofrer distorções ou ainda um halo ou uma penumbra em torno do objeto radiografado.
Tamanho do foco: se o foco for muito grande, perde-se a nitidez devido a origem do foco, que não é única.
Distorção: O objeto pode parecer deformado por dificuldades em se posicionar o animal. De qualquer forma, deve-se fazer sempre duas tomadas com o ângulo de 90° entre elas (ortogonais – 90° entre si).
CONCEITOS
Detalhe radiográfico: a penumbra deve ser evitada. Distância entre 80 a 105 cm, sendo a distância entre o objeto e o filme a menor possível. A limitação do feixe primário de raio X além de diminuir a dose de radiação para o paciente e o operador, melhora a imagem reduzindo a dispersão de radiação. São usados como restrição de radiação: diafragma, cone e colimador.
Grandes difusoras: Utilizam-se grades para restringir a ação dos raios secundários que podem prejudicar a qualidade de imagem se mais espessos. Objetos com mais de 9 cm já produzem perda da qualidade radiográfica. A medida que aumenta a espessura do objeto, aumenta a radiação secundaria dispersa.
Ecrans intensificadores de raio X: São lâminas de luminescência química. (terras raras fosforescentes). Os ecrans quando irradiados emitem luz nas áreas em que os raios-x penetram. 95 % da imagem em um filme de raio-X é proveniente desta luz. 5 % é do raio-X Há uma redução significativa na necessidade de geração de raios-X.
Chassi: frente de plástico e costas de metal;
Ecran: placa intensificadora de imagem: elemento químico que faz a imagem fosforescente (a alma do chassi). 
NOMENCLATURA DAS EXPOSIÇÕES:
LATERAL (L)
MEDIAL (M)
CRANIAL (Cr)
CAUDAL (Ca)
DORSAL (D)
VENTRAL (V)
PALMAR (Pa)
PLANTAR (Pl)
ROSTRAL (R)
OBLIQUA (O) – quando não pega um eixo especifico do corpo
DECUBITOS: de onde o raio entra para onde o raio sai
Cabeça: 
LL (latero-lateral)
LLO (latero-lateral obliqua)
RoCa (rosto caudal)
DV (dorso ventral)
VD (ventro dorsal)
Partes do corpo que existem duas partes laterais: cabeça, pescoço, tórax, abdome, pelve, cauda... No joelho, por exemplo, não existem 2 laterais e sim lateral e medial.
Tangencial: passa reto na “borda”
Membros:
ML ou LM (médio lateral ou latero medial)
CrCa ou CaCr
DPl ou DPa (dorso plantar ou dorso palmar)
Equinos: DMPLO ou DLPMO
APLICAÇÕES DA RADIOLOGIA VETERINÁRIA
Clínica de pequenos: rotina
Clínica de selvagens e silvestres: rotina
Clínica de grandes: limitações
ROTINA DE SEGURANÇA
Decidir se o exame é realmente necessário
Decidir qual contenção usar para obter uma melhor imagem
Decidir quais e quantas pessoas precisam segurar o animal
Eliminar pessoas desnecessárias
Verificar se todos estão usando o equipamento de proteção
Verificar a colimação dos feixes de raio X
OUTROS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
Ultrassonografia: seguro, ausência de radiações, visualização setorial, avaliação da cinética cardíaca.
Ressonância magnética e tomografia computadorizada: melhores detalhes de imagem, alto custo, necessidade de utilizar anestesia para contenção.
PRINCIPIOS DA INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA
Primeiramente, usa-se um ambiente de penumbra, confortável.
Passos a serem seguidos durante o processo: Para determinar com maior exatidão o local da lesão fazer sempre, no mínimo, duas tomadas em angulo de 90o entre si (Exposições ou tomadas ortogonais)
DESCREVER AS LESÕES SEGUNDO ROENTGEN
Localização
Margens
Número (quantas lesões)
Opacidade
Tamanho
Formato (arredondado, amorfo, irregular)
FALHAS COMUNS NA INTERPRETAÇÃO
Presença de lesão obvia
Descoberta de lesão que responda ao questionamento clínico
Preconcepção da alteração ou da doença
PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO
CR – Radiografia computadorizada
DR – Radiografia digitalizada
Câmara escura: luz 15W, âmbar;
Câmara úmida: revelação manual
Câmara seca: revelação automática
Câmara mista: ambas
Resolução câmara escura: RDC 50, tamanho mínimo da sala: 4m²
Colgadura: haste de suporte
Chassi: colgadura – químicos – filme - (agua aprox. 3min)
Chassi: película (trava) – janela de passagem
Paredes adjacentes à sala de exame precisam ser blindadas. Não pode ter janelas e se tiver, precisam ser vedadas. A porta da câmara escura – chave – dimer...
Tanque da direita: revelador (1-1,5min)
Tanque do meio: agua corrente (3-5min)
Tanque da esquerda: fixador (3-5min)
Lavagem lenta: 15 min
Temperatura de 18 a 22°C
O filme radiográfico:
Base: verde ou azul
Substrato: prende a prata na gelatina
Capa da gelatina: capa protetora feira de colágeno bovino (se a capa de gelatina for de apenas um lado, chama-se monoemulsionado, se for dos dois lados, biemulsionado). O brilho do écran é que vai impregnar a gelatina com a prata.
BASE: transparente. Da sustentação ao material; tem que ser resistente ao calor e aos químicos; flexível e leve para facilitar o manuseio; tem filtro verde ou azul para fazer inibição de fótons (para não ocorrer crossover) – megatoscopio (luz vem de trás para frente)
SUBSTRATO: é uma camada adesiva
MULSAO: componente de ativação no qual a imagem é formada
CAMADA PROTETORA: é uma camada de gelatina aderida a emulsão; protege a película de atritos e contra arranhões
Evitando efeito anti-halo: filtro com filme azul ou verde para evitar crossover
CLASSIFICAÇÃO DO FILME x ESPECTRO DE LUZ
Não cromatizado: violeta e azul, sendo mais sensível ao azul
Cromatizado: (ortocromático ou pancromático): possui sensibilidade espectral na faixa verde amarelo (ortocromático) e ao infravermelho (pancromático) 
Iluminação da câmara escura: luz com âmbar 15w
Balcão com 120cm de distância da luminária
TIPOS DE SISTEMAS DE OBTENÇÃO DE IMAGENS:
RADIOLOGIA CONVENCIONAL: parte úmida e seca: revelação manual ou automática
Revelação (1-1,5min)
Interrupção – agua corrente (mergulhar e tirar entre 3 e 5min)
Fixação com luz âmbar (1-1,5min)
Lavagem com água corrente por 15 min
Secagem de 15 a 20min 
REVELAÇÃO AUTOMATICA: processadoras automáticas, não tem o banho rápido entre revelador e fixador
Sistema CR: leitora que lê uma placa de fósforo – reutilizável, só muda os chassis, e pode mandar para uma impressora dry
Sistema DR: não utiliza filmes e sim placas de circuitos sensíveis
Sistema PACS: sistema de rede onde se insere as imagens em um único sistema
Servidor DICOM: conjunto de normal para tratamento, armazenamento e transmissão num formato eletrônico

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes