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HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL CAPITULO 3 A BRUXARIA ENQUANTO PRATICA DE OCORREU

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HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL
CAPÍTULO 3 - A BRUXARIA, ENQUANTO PRÁTICA, DE FATO OCORREU?
Beatriz Nogueira de Sousa
INICIAR
Introdução
Em que contexto surge o conceito de bruxaria? Atualmente, quando pensamos em repressão religiosa, rapidamente vem à tona comentários de pessoas que acreditam que ainda hoje existem certas práticas que representam um retorno aos ideais medievais. Recentemente, houve repercussão no Brasil do caso de uma mulher de 33 anos que foi espancada até a morte por moradores do Guarujá, Litoral Paulista, após ser acusada nas redes sociais de fazer magia negra contra crianças. Esse caso trouxe novamente para a sociedade a discussão da bruxaria e da heresia como puníveis com pena de morte, assim como ocorria na Idade Média, ou como justificativa para a barbárie cometida contra essa mulher. 
Dessa forma, acontecimentos chocantes como o relatado, podem fazer o historiador a se questionar: a partir de que princípios se forjou a ideia do período medieval em sua totalidade como uma época intolerante e violenta? Quais foram os paradigmas praticados pelos medievais que deram a eles essa fama?
Para entender melhor essas questões, neste capítulo discutiremos primeiramente o papel feminino na sociedade medieval, procurando desmistificar a ideia da mulher como mero ornamento cuja principal função social era mediar bons acordos políticos por meio do casamento. Entenderemos a relação estabelecida pela Igreja Católica com a figura feminina, que desembocará na existência da bruxaria, para depois nos determos em uma análise da perspectiva da sexualidade, do corpo e, por fim, dos mecanismos de punição praticados pela Inquisição nesse período.
3.1 A mulher na sociedade medieval
Quando pensamos na figura feminina no mundo medieval, relacionamos uma gama de categorias restritas nas quais tentamos enquadrá-las. Bruxa, santa, ou meramente objeto para barganha em casamentos arranjados com base em desejos políticos dos homens? O fato é que devemos desmitificar a figura feminina totalmente enquadrada nos modelos que os homens atribuíam a elas socialmente. Pouco a pouco, fora do mundo da oficialidade ou se aproveitando das brechas sociais, a mulher vai alcançar seu espaço social no período medieval, muito maior do que a historiografia oficial afirma.
3.1.1 O papel da mulher na sociedade medieval
Mas, de onde vem essa percepção de que a mulher só tem a posição social que o homem permite que ela tenha? Ora, em uma sociedade pautada pela religião cristã, a qual prega que a mulher nada mais é do que um fragmento masculino, oriunda de uma parte ínfima do corpo do homem, a mulher não tem outra função que não seja a da sujeição ao homem. Ela é vista, de fato, como inferior. Essa suposta inferioridade é que será utilizada para justificar o impedimento para que ela tome a frente em posições centrais de poder, como nos ofícios episcopais e  nos cargos políticos. Por outro lado, muitas mulheres alcançaram posições que lhe permitiram ter uma atuação na sociedade. Mas, como elas conseguiram?
Figura 1 - Representação da mulher aristocrática no período medieval, silenciada em todos os aspectos, tendo como ápice de sua vida um bom acordo matrimonial que privilegie sua família.Fonte: Alla Samarskaya, Shutterstock, 2018.
Apesar da dificuldade de os historiadores encontrarem fontes de pesquisa para a história das mulheres no período medieval, é possível entendermos que muitas delas ocupavam funções políticas
A religião cristã é responsável por grande parte dos arquétipos do que é ser mulher nesse período. Começando por Eva, a mulher é vista como a culpada por todos os males do mundo, inclusive da morte de Cristo, que não teria que salvar nenhum pecador se Eva não tivesse trazido o pecado original para a humanidade. 
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Figura 2 - A Igreja culpa a mulher por grande parte das desgraças humanas, o que aos poucos contribui para a criação do personagem da bruxa – uma mulher frágil e sem controle masculino, que não impedia o Diabo de usá-la para levar o homem ao pecado. Casada com Satanás, ela faz rituais contra homens e crianças.Fonte: Vera Petruk, Shutterstock, 2018.
Sendo assim, a partir de Eva se constrói o estereótipo feminino de que todas as mulheres são traiçoeiras e não confiáveis, chegadas aos artifícios do Diabo. No livro História das mulheres, organizado por Georges Duby (1990), temos acesso a um trecho no qual o Bispo de Vandoma diz que as mulheres são “desgraçado sexo em que não há nem temor, nem bondade, nem amizade e que é mais de temer quando é amado do que quando é odiado” (DUBY, 1990, p. 34).  Sendo assim, a inferioridade das mulheres é colocada como natural e não como individual. Toda a classe das mulheres será vista dessa forma.
A pesquisadora Sooraya Karoan defendeu na Universidade de São Paulo uma tese intitulada Norma e prática – os papéis das mulheres no reinado de D. João II (1481-1495)(MEDEIROS, 2013), na qual discute os mecanismos de ação femininos no período tardomedieval português.
Mas, as mulheres tinham espaços de atuação que variavam dependendo de seu estado civil, como solteiras, casadas e viúvas. No medievo português, por exemplo, há diversos casos de viúvas que, livres do jugo masculino, vão gerenciar e multiplicar os bens herdados em redes de negócios muito mais bem-sucedidas do que as de seus maridos quando vivos. 
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Figura 3 - Quanto mais a mulher medieval fosse desprovida de recursos financeiros, como a posse de terra ou a posse de uma herança, mais liberdade ela teria.Fonte: DmyTo, Shutterstock, 2018.
As nobres, por outro lado, vão conquistar posição importante por meio de um extenso sistema de honras e mercês, no qual estabelecerão sua influência no ambiente de corte. As mais pobres garantirão sua subsistência trabalhando. Para essas últimas, as amarras sociais são menos sentidas.
3.1.2 Historiografia da representação da mulher na sociedade medieval
A historiografia sobre a mulher é recente e ganha espaço institucional a partir da terceira geração dos Annales, que aborda outras perspectivas com ênfase nos objetos de análise desconsiderados até então. No que diz respeito aos estudos das mulheres, especificamente, destaca-se o curso ministrado por Michelle Perrot, em 1973 na universidade de Paris VII, intitulado: As mulheres tem uma história? (MEDEIROS, 2013) que serviu de base para a historiografia das práticas femininas uma vez que, a partir dele, diversos pesquisadores passam a se questionar sobre o papel feminino em variados tempos históricos, entre eles o medievo. Nesse sentido, o mundo medieval é um bom campo de estudo, justamente pelo fato de a mulher ter um papel institucional delimitado por uma questão de gênero. 
O filme A rainha Margot (THOMPSON,1994) mostra os dilemas da rainha Marguerite de Valois e o nobre protestante Henri de Navarre. A obra é baseada na série de livros de Alexandre Dumas que retrata a atuação feminina na França frente ao contexto de Reforma Protestante e manifestações huguenotes.
Em Portugal, por exemplo, ocorrerá o congresso A mulher na sociedade portuguesa, em 1985, na Universidade de Coimbra, no qual diversos pesquisadores se debruçam sobre essa questão. Esse congresso abrirá espaço para outros vários em Portugal, todos voltados para o papel da mulher na sociedade como um todo, mas sempre enfatizando o período medieval. Os historiadores, porém, geralmente se deparam com o problema do silêncio das fontes históricas. O que chamamos de silêncio das fontes seriam as lacunas que aparecem na documentação que os historiadores usam como base para suas análises. Se a mulher não tinha importância política e social para o homem da época, é natural que muito pouco sobre elas apareça na documentação. Sendo assim, os historiadores observam justamente os “silêncios” e, a partir deles, buscam elaborar seus esquemas interpretativos.
Atualmente, sabe-se que o poder feminino é muito maior no período medieval do que a historiografia afirmava. Na Península Ibérica há diversos exemplos de atuaçãopolítica e administrativa das rainhas, como por exemplo, com Filipa de Lencastre (1360-1415), matriarca da “Ínclita Geração” (MEDEIROS, 2013). 
Desse modo, devemos entender que a figura feminina no mundo medieval é extremamente complexa e seu papel varia de acordo com a posição social. Embora seja um estudo historiográfico difícil, pela falta de documentação histórica, fica claro que o papel de atuação das mulheres nesse período ultrapassa as percepções tradicionais de que a mulher medieval tem função meramente ornamental e de objeto de barganha e acordos via casamento.
3.2 História do corpo
Com o objetivo de entender novas análises e discussões historiográficas, existe a demanda por estudos dos aspectos subjetivos dos seres humanos. Nesse sentido, surgem estudos como a História do sexo, da morte e do corpo e de suas representações. Representação, segundo Roger Chartier, é “[...] instrumento de um conhecimento imediato que se faz de um objeto ausente através da sua substituição por uma imagem capaz de reconstruí-lo em figura e memória tal como ele é”. (CHARTIER, 2002, p. 20). Estudaremos neste tópico os aspectos subjetivos do homem medieval em relação ao corpo e à morte.
3.2.1 A representação do corpo na Idade Média
O interesse na História do corpo, assim como na história de diversos outros aspectos da vida humana que não só a individualidade, mas também a subjetividade, provém das propostas revolucionárias do movimento encabeçado por Marc Bloch e Lucien Fevre na Escola dos Annales. Os Annales vão propor uma História global, da totalidade da vida humana. Diz Jacques Le Goff (2006, p. 10) que,
[...] se a história foi frequentemente escrita do ponto de vista dos vencedores, como dizia Walter Benjamin, também – denunciava Marc Bloch – foi por muito tempo despojada de seu corpo, de sua carne, de suas vísceras, de suas alegrias e desgraças. Seria preciso, portanto, dar corpo à história. E dar uma história ao corpo.
No que diz respeito ao período medieval, a análise da História do corpo se faz ainda mais interessante. Isso se dá pela clara oposição existente entre corpo e alma nesse período, mediada pelas crenças no pecado e na punição. O corpo sempre perderá essa disputa, penitenciado em benefício da alma. Essa questão vem desde o princípio da Igreja Católica, que coloca o corpo e a nudez humana como dignos de vergonha por conta do pecado original. 
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Figura 4 - O corpo, ferramenta vital da experiência humana, até a segunda metade do século XX não era visto como digno de ser objeto de análise historiográfica.Fonte: Mayer George, Shutterstock, 2018.
Mas não devemos nos esquecer de que, ao mesmo tempo em que condena, a Igreja sacramenta o corpo por meio do batismo, da ressurreição ao final dos tempos, da encarnação de Cristo na terra e da salvação que ele traz consigo. Sobre isso, Le Goff (2006, p. 29) afirma: 
Muitas de nossas mentalidades e muitos de nossos comportamentos foram concebidos na Idade Média. Isto é válido também para as atitudes em relação ao corpo, ainda que as duas reviravoltas principais tenham ocorrido no século XIX (com o ressurgimento do esporte) e no século XX (no domínio da sexualidade). É de fato na Idade Média que se instala esse elemento fundamental de nossa identidade coletiva que é o cristianismo, atormentado pela questão do corpo, ao mesmo tempo glorificado e reprimido, exaltado e rechaçado.
Sendo assim, a relação do cristianismo com o corpo é permeada pela oposição entre desprezo e alegria, como é possível observar no exemplo de São Francisco de Assis. Em um primeiro momento, ele abre mão dos prazeres carnais em todos os seus aspectos, não só do sexo, mas também do conforto, em clara repugnância aos prazeres carnais. Posteriormente, ele glorifica o “irmão corpo” e recebe as feridas de Cristo como recompensa por seu esforço. Além disso, é famoso o fato de que os homens de época relatavam o odor de flores de seu corpo cadavérico.  
Podemos observar que a história do corpo na Idade Média é uma história permeada pelas tensões e contradições da própria sociedade medieval. Se, por um lado, o corpo e seus prazeres é o culpado pelo pecado e pela mortificação da alma, por outro, ele permite que o homem possa andar nos preceitos divinos e fazer suas tarefas. Se ele é mortificado e penitenciado em favor da salvação, essa salvação virá com a reencarnação desse mesmo corpo. A História do corpo na Idade Média de fato, refletirá toda a tensão social do homem medieval.
3.2.2 A representação da morte na Idade Média
Desde tempos imemoriais, a morte humana é interpretada e problematizada como questão central da existência do ser. Ainda que tudo morra ao final de um ciclo, nem sempre o caminho para o final é historicamente o mesmo.  Os homens dão significados diferentes para o morto e seu caminho para o além por meio de diversas crenças, culturas e formulações sociais em todas as épocas, espelhando seus próprios desejos e o que esperam para si. Jean Claude Schmitt (1999, p. 9) afirma que “os mortos têm apenas a existência que os vivos imaginam para eles.” Como a morte é o grande enigma para os seres humanos, seu imaginário e sua formulação da ritualística fúnebre constituem-se como elemento base da existência do homem em sociedade – e principalmente de suas crenças religiosas. 
Zygmunt Bauman (1992) propõe uma reflexão em torno do fato de que, mais do que o contrário da vida, a morte é a sua continuação. A religião, a ciência e a comunidade se organizam para dar uma resposta ao fim inerente ao ser humano. 
Mais do que “interdita” (ARIÉS, 1977), a morte e o morrer nas sociedades contemporâneas tornou-se um assunto vergonhoso e humilhante, o que atribui à experiência um caráter estritamente negativo. Aquele que morre é visto como fracassado, e os vivos resistem arduamente aos efeitos da experiência do falecimento humano. Um reflexo dessa negatividade é a incansável busca e a obsessão pela aparência da juventude – que esconderia a velhice biológica do corpo, bem como a diminuição na crença da vida post-mortem.
O estudo da morte é importante para a historiografia, pois analisa a compreensão das percepções do homem como indivíduo e de sua introspecção de referências, uma vez que é pela maneira que se enxerga a morte que a maioria dos seres humanos direciona sua vida. Por se configurar como representação de um ideário comum, a análise da morte é central na observação de como os homens denotam mentalmente sua realidade existencial e quais são os usos sociais de tais representações.
As alterações de longa duração no imaginário social sobre a morte têm como um dos estudos pioneiros e mais abrangentes a obra de Philippe Ariés (1977) História da morte no ocidente: da Idade Média aos nossos dias.  Nessa obra, o autor trabalha as relações da morte e as variações de consciência entre o eu e o próximo, ou seja, de que maneira a alteração das concepções de destino coletivo e destino individual, que contribui para uma individualização do juízo final, se transfere para o conceito de morte na Idade Média, como momento em que o homem toma maior consciência de si mesmo.
Jacques Le Goff contribui para o estudo do corpo no período medieval com sua obra Uma história do corpo na Idade Média (2006). Nesse livro, o corpo é objeto de estudo a partir de várias perspectivas de análise, como o sexo e a morte. 
O historiador francês Jean Delumeau (2003) denomina “surto do macabro” o interesse pelos temas macabros como a caveira, o corpo em putrefação e a morte, além das imagens de seres em decomposição durante o século XV na Europa. O contato com o corpo em decomposição instaura um horror da morte física, e coloca a nova estética que surge como manifestação do destino que é inerente a todos, o que despertará, em contraponto, um sentimento de amor à vida, bem como às coisas e aos seres. 
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Figura 5 - O surgimento da figura da morte como uma caveira encapuzada segurando uma foice é resultado do contato direto com o defunto no período medieval.Fonte: welburnstuart,Shutterstock, 2018.
As mudanças no fenômeno do “morrer” nesse período se dão, primordialmente, em decorrência das sucessivas pestes que acometem o Ocidente. A morte em larga escala traz a inserção do cadáver em decomposição ao imaginário da época. Essa inserção, porém, não se dá só pelo estabelecimento da peste, mas também em decorrência do contexto político e econômico trazido pelas guerras, em especial A Guerra dos Cem Anos, e dos conflitos em geral. Esse contato direto com o defunto vai deixar marcas no ideário coletivo, que atrelado a outros fatores dão força ao advento estético do macabro, que deve ser entendido como um fenômeno que reflete as representações que o homem formula para si e sobre a ideia do que o aguarda no futuro, da qual não pode escapar (SOUSA, 2014).
3.3 História da sexualidade
Ainda que seja uma das práticas mais naturais do ser humano, a prática sexual dos homens no decorrer da História só passou a ser estudada após os anos 1970. O sexo é visto pela história tradicional como algo que não deve ser digno de nota e, por isso, muitas vezes é deixado de lado pelo historiador. Mas, o estudo das práticas sexuais é muito válido para o historiador, uma vez que, a partir dele, podemos ter acesso aos mecanismos mentais que moviam o homem da época, como por exemplo para o caso medieval, a castidade, o casamento e a proibição do prazer.
3.3.1 A sexualidade na Idade Média
A história da sexualidade no período medieval está intimamente ligada à história do corpo. Se o corpo é alvo de retaliação e visto como instrumento do pecado, o sexo é ápice desse pecado, justamente por valorizar o corpo. 
Até na atualidade, a sexualidade é demonizada. Muitos hábitos sexuais atuais são vistos como errados e até mesmo, para os mais religiosos, como pecado. Recentemente, podemos observar diversos casos de homofobia que resultam no assassinato de homossexuais, além de uma onda de suicídio de adolescentes que postam fotos em poses sensuais na internet. Devemos nos lembrar, porém, que os conceitos de moral e ética mudam com o passar do tempo, sendo os costumes e práticas do cotidiano variáveis de acordo com a sociedade e o tempo em que se desenvolvem. Durante o Império Romano, por exemplo, a homossexualidade masculina era vista pela sociedade como algo normal e natural – um traço de amizade. As pessoas se banhavam em termas públicas, todos juntos e nus, sem o pudor que hoje temos. De fato, quem mudou esses paradigmas foi o período medieval, principalmente por intermédio da ideologia cristã
O cristianismo, nesse período, é permeado pelo ideal espiritual de recusa do prazer corpóreo, o que claramente implica a recusa do sexo. Como a prática sexual é natural e muitas vezes impulsiva entre os seres humanos, foi necessário estipular uma série de repreensões para que a população se tornasse moderada em relação as suas práticas. É por isso que a Igreja populariza a ideia da virgindade como caminho para a santidade, dado o exemplo de Maria, bane a homossexualidade com base em ideias bíblicas e conforme a natureza; e situa o sexo apenas após o casamento, como um sacramento religioso.
Ana Bolena (1501-1516) foi rainha da Inglaterra e segunda esposa do rei Henrique VIII no período de 1533 a 1536. Seu casamento foi a motivação para a fundação da Igreja Anglicana, posto que o papa católico se recusou a cancelar o primeiro casamento de Henrique VIII (ARRUDA, 1996). 
Isso se dá, também, pelo fato de a sociedade medieval apresentar um tabu com relação aos fluidos corporais, entre eles, o esperma. Isso porque os homens medievais, permeados por pestes e epidemias, acreditam que os fluidos corporais são agentes de doenças. Até mesmo o sangue é visto com desconfiança, e uma das coisas que justifica a inferioridade feminina nesse período é a menstruação.
Na Idade Média, a castidade é valorizada não só antes do casamento, mas também na viuvez e dentro do matrimônio. O sexo deve ser feito, segundo a Igreja, apenas para fins de procriação, e o homem que obtém prazer com sua esposa é considerado impuro. O pecado original, de certo modo, é equiparado ao pecado sexual. Assim, toda a prática sexual é permeada por um excessivo sentimento de culpa, posto que existiam interdições a sua prática, assim como doenças graves relacionadas ao sexo, como a lepra, por exemplo. 
É na Idade Média que se desenvolve o mito do Incubus e Sucubus, demônios que se transfiguram em homem ou mulher para conseguir sexo com seres humanos à noite. A existência desses demônios é citada no livro Malleus Maleficarum (Martelo das bruxas). O mito ainda diz que o mago Merlim era filho de um Incubus com uma humana (NOGUEIRA, 2004).
Ainda que haja toda essa repreensão ideológica no período medieval, é evidente que as práticas sexuais ocorriam, ou não teríamos nascido. Fato é que toda essa repressão se deu mais entre as mulheres nobres que, por terem laços hereditários e posses, não podiam engravidar de qualquer homem, apenas daquele a quem haviam sido prometidas em acordos políticos matrimoniais. Desse modo, os homens medievais acumulavam aventuras extraconjugais e esse comportamento era comum dentro do ambiente de corte. Le Goff (2006 p. 47) afirma que a monogamia era mais praticada entre a população pobre, que não possuía a preocupação excessiva que a nobreza tinha com a procriação e que, portanto, copulava com mais liberdade com o próprio parceiro.
3.4 A Inquisição e os movimentos heréticos na Idade Média
A Inquisição é um dos grandes temas controversos da História nos dias atuais. Semanalmente, temos acesso a pelo menos um documentário, programa de TV ou itens de entretenimento em geral da cultura pop que caracterizam o Tribunal do Santo Ofício como uma instituição de massacre, que promove torturas nunca antes imaginadas com aqueles que são contra os preceitos cristãos. Até onde esse estereótipo amplamente divulgado pela mídia corresponde à realidade ocorrida durante as práticas inquisitoriais? Em que medida isso é popularizado, ou se restringe apenas a determinadas regiões? Estudaremos um pouco mais sobre essa tão discutida questão no subtópico que se segue.
3.4.1 O que foi a Inquisição?
A Inquisição surge no período medieval e adquire cada vez mais força até se consolidar como poder regulador e órgão do estado moderno, ao final da Idade Média. Em seus primórdios, ela difere em alguns termos do modelo moderno, mas ambas têm em comum o mesmo inimigo: a heresia medieval.
O filme O processo de Joana D’arc (BRESSON,1962) utiliza apenas documentos históricos e mostra o processo de acusação, julgamento e execução de Joana D’arc, de modo que observamos de forma fidedigna como funcionava o processo de perseguição e acusação de bruxaria e heresia.
Sendo assim, podemos afirmar que a Inquisição medieval surge com a função de perseguir heréticos, os que fazem colocações ou vivem contra os dogmas da Igreja Católica. Isso não significa que, para ser herético, o indivíduo precise ser contra o cristianismo. Muitas vezes, são considerados heréticos aqueles que pregam determinadas ideias que vão contra os preceitos religiosos, mas não necessariamente os preceitos cristãos. Esse é o caso dos Franciscanos Espirituais, por exemplo, os quais pregavam um ideal de pobreza que era próximo ao de Cristo, mas longe das ideias que norteavam a Ordem Franciscana naquele momento (MAGALHÃES, 2010).
Nesse contexto, a Inquisição se forma como instituição no século XII (ARRUDA, 1996) atuando, em seu princípio, essencialmente contra os cátaros, ou albigienses, grupo que vive na cidade de Albi e prega o maniqueísmo, ou seja, a existência de um Deus bom em contraponto a outro mau (NOGUEIRA, 2004). O Deus bom representaria o mundo espiritual e viria à tona no Novo Testamento, enquanto o Deus mau seria o responsável pela existência do mundo físico, aparecendo principalmente no Velho Testamento. Além disso, entre os cátaros, a mulher poderia ter participação sacerdotal.
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Figura 6 - A grande quantidade de bosques e matas fechadas no período medievalvão contribuir para o estímulo ao medo medieval.Fonte: PlusONE, Shutterstock, 2018.
A Igreja utilizou-se de diversos mecanismos de ação contra os cátaros, antes de finalmente instituir o Tribunal da Santa Inquisição. Um deles, por exemplo, é o ordenamento da chamada Cruzada dos Albigenses, iniciada em 1208 pelo papa Inocêncio III, que movimentou a França por 20 anos (ARRUDA, 1996).
3.4.2 O funcionamento da Inquisição
O tribunal inquisitorial é oficializado em 1231 pelo Papa Gregório IX, com a ordenação de que os heréticos deveriam ser julgados e punidos pelo poder secular, com execução na fogueira. Para orientar essa tarefa, são escolhidos os chamados inquisidores principalmente entre os membros das ordens Franciscana e Dominicana (ARRUDA, 1996).
O procedimento inquisitorial era quase que totalmente baseado na delação. Geralmente o tribunal chegava a uma determinada localidade e dava um “período de benevolência”, que era um determinado número de dias no qual o herege poderia se identificar e cumprir sua penitência. Caso não ocorresse, bastavam duas pessoas para que a acusação fosse formalizada e o infiel, em seguida, interrogado. Esse instrumento de delação anônima, uma vez que o acusado não sabia por quais práticas estava sendo acusado nem por qual pessoa, era extremamente eficaz no que diz respeito à confissão. Geralmente, a pessoa acabava ou confessando crimes que não tinham ainda sido delatados ou acusando outras pessoas de heresia, de modo a conseguir que sua pena fosse atenuada. Isso se dá pelos mecanismos interrogatórios, que incluíam castigos físicos e tortura (ARRUDA, 1996).
É importante ressaltar que a condenação era dada pelo inquisidor designado pela Igreja e proclamada nos Autos de Fé, que são cerimônias públicas em que toda a comunidade fica ciente de quem são os hereges e qual a heresia, mas a punição de morte não era dada pela Igreja, e sim pelo poder secular. Quem expedia a punição era o clero, por meio do julgamento a partir das informações coletadas em interrogatório. Se a pessoa fosse julgada como um herege sem muito potencial de perigo, cometendo um pequeno deslize não substancialmente perigoso para o poder católico, ela era punida com penitências em geral, desde que assumisse seu erro e reforçasse os dogmas cristãos perante a comunidade. Caso a heresia fosse uma mais grave, de dogma propriamente dito, ou seja, aquela que coloca em xeque os princípios basilares da Igreja, como a Santíssima Trindade ou a existência de Cristo, ela logo era punida com a morte pelo fogo.
Tomás de Torquemada (1420-1498) é o inquisidor-mor da Espanha no período do apogeu da Inquisição. Estima-se que houve 2.200 autos de fé em seu mandato, geralmente ligados à perseguição de cristãos novos e judeus (NOGUEIRA, 2004). 
Os Autos de Fé eram cerimônias públicas e serviam como instrumento para a Igreja desenvolver o medo na população que, reconhecendo as repercussões da heresia, como os castigos e a morte, passa a evitá-la. Isso se aplica também para aqueles das populações mais pobres e iletradas que muitas vezes não sabiam que determinadas práticas como a sodomia, ou homossexualismo, por exemplo, eram consideradas heréticas. Desse modo, o Auto de Fé tem como função para a Igreja de reprimir, mas também de evitar que mais cristãos caiam em preceitos hereges, por meio do medo.
2.4.3 O debate historiográfico 
Atualmente, a historiografia relativiza o papel da Inquisição como a grande assassina impetuosa em que foi colocada. Por meio do estudo de fontes primárias, não só dos famosos manuais de confessores de Bernard Gui e Nicolau de Eymerich, obras nas quais se relatam os crimes da época junto com as respectivas punições, historiadores chegam à conclusão de que a Inquisição não foi culpada de tantas mortes como se acreditava até o século XX (NOVINSKY, 1982).
Para entender essa questão, devemos nos deter à Inquisição espanhola que se desenvolveu com bastante força na Península Ibérica, e consequentemente em suas colônias. Isso se dá não só pela presença de figuras reais ligadas intrinsecamente ao ideal católico, mas também pela dinamização de culturas que vivem nesse local durante o período tardomedieval. Na Espanha, podemos observar a presença de muçulmanos, judeus e católicos, que convivem pacificamente até certo momento.
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Figura 7 - Bernard Gui foi Bispo de Lódeve e inquisidor da Ordem Dominicana, entre 1307 e 1327, perseguindo principalmente os cátaros com o uso do aparato inquisitorial.Fonte: Everett Historical, Shutterstock, 2018.
Os muçulmanos chegam em grande parte à Espanha no século VIII (ARRUDA, 1996), e ali ficam em relativa paz até que, com a política de unificação espanhola iniciada por Isabel de Castela e Fernando de Aragão, os famosos Reis Católicos, Granada é tomada e os muçulmanos expulsos. Diz Anita Novinsky (1982, p. 32), sobre a questão muçulmana:
Numerosos problemas, inclusive dificuldades de emigração, levaram a maioria a se converter. Milhares de mouriscos passaram então a praticar a sua religião em segredo. Todas as práticas, costumes, língua, religião foram rigorosamente proibidos. Muitos seguiam seus costumes em segredo e foram condenados pela Inquisição. Alguns eram tão leais a sua fé que praticavam a religião muçulmana na prisão.
Desse modo, podemos notar que a política de unificação da Espanha empreendida pelos Reis Católicos foi uma das grandes causadoras da existência de hereges, uma vez que pessoas de outras religiões que não a cristã foram obrigadas a se converter. É importante destacar que não era considerado heresia pela Igreja ser de outra religião, tratando-se de uma religião que existia já há séculos e que não essencialmente deturpava princípios promulgados pela Igreja, como o Judaísmo e o Islamismo. Heresia era ser cristão e mesmo assim adotar práticas de outras religiões ou se colocar contra os dogmas católicos. Sendo assim, fica evidente que o mecanismo de conversão compulsória adotado pela Espanha nesse período, e adotado também por Portugal com relação aos judeus, criando a figura do “cristão novo”, presente até mesmo no Brasil, se torna como uma fábrica de hereges, aumentando o número de condenados pelo Tribunal do Santo Oficio. 
Muitos historiadores, atualmente, apontam que a inquisição não era motivada apenas por questões religiosas, mas também por questões econômicas. Sempre que alguém de posses era processado e condenado pelo tribunal inquisitorial, seus bens eram confiscados pela Igreja. Sobre os mecanismos de ação da Inquisição, diz Bruno Feitler (2007, p. 215):
Com efeito, uma prisão devia sempre seguir-se de um processo, pois a Inquisição era infalível: o procedimento engajado pelos inquisidores não tinha como objetivo decidir sobre a culpabilidade ou a inocência de um réu – a busca da verdade – pois não havia presunção de inocência, a pessoa presa o havia sido por ser culpada. O processo servia em teoria para recolocar o culpado no bom caminho, através da certeza de um arrependimento total e absoluto, arrependimento que implicava a confissão das culpas cometidas e a denúncia dos cúmplices com quem cometeu o crime.
Isso posto, devemos relembrar o dito anteriormente sobre a alçada da Igreja com o Tribunal do Santo Ofício. Dissemos antes que a Igreja interrogava, julgava e condenava os hereges, mas que a pena capital não era aplicada por ela. Essa pena é aplicada pela justiça secular, ou seja, a justiça comum dos reinos. A Inquisição funcionava em um universo em que a pena de morte era amplamente utilizada, para os casos de traição contra o rei ou crimes contra a honra em geral. Isso não significa que devemos atenuar a Inquisição como torturadora e culpada por muitas mortes na Idade Média e Moderna em prol do cristianismo, mas sim entendê-la como parte integrante de um contexto no qual não havia o ideal de justiça sistematizado como atualmente, já que não eram dadas nem as acusações ao réu durante seu julgamento. Sendo assim, a Inquisição é um fenômeno fruto de seu tempo, e não devemos julgá-la ou analisá-la com nosso olharcontemporâneo, sob pena de cometermos o grande pecado do historiador: o anacronismo.
Síntese
Concluímos o terceiro capítulo da disciplina de História Medieval Ocidental. Acessamos os novos estudos do período medieval, que se relacionam a temas que, à primeira vista, podem parecer peculiares, tal como a sexualidade, o corpo e a morte. Além disso, conhecemos a importância do estudo da História das mulheres para nossa sociedade, bem como os principais mecanismos da Inquisição.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
entender que o medo em torno da figura feminina, incrementado pelo episódio bíblico do pecado original, é fomentado pela Igreja, mas não necessariamente restringe o campo de ação da mulher medieval, que varia de acordo com as condições sociais;
compreender o papel do corpo em oposição à alma dentro do dogma católico, que faz com que a sexualidade seja condenada pela Igreja;
analisar a questão da sexualidade dentro da lógica cristã, intimamente ligada ao ideal de abandono dos prazeres carnais;
aprender sobre a dualidade da Inquisição, que embora tenha sido um órgão de repressão contra os hereges, foi uma instituição permeada pelo ideal jurídico de sua época, já que o poder secular era o responsável por aplicar a pena capital.
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