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1 CARACTERIZAÇÃO DE BORRA DE PETRÓLEO 1. Introdução O refino do petróleo gera vários resíduos, os principais são: lama dos separadores de água e óleo, a lama dos flotadores ar, os sedimentos do fundo dos tanques de armazenamento do petróleo cru e derivados e as borras oleosas (MARIANO, 2001). As borras oleosas são provenientes do fundo de tanques de armazenamento, de separadores água e óleo, de unidade de craqueamento catalítico, dentre outras (CARVALHO, 2017). Possuem alto potencial poluidor e devem ser processadas e/ou dispostas de forma a evitar problemas ambientais (CUNHA, 2009). Com as inovações tecnológicas, a reutilização do resíduo oleoso tem contribuído para a redução desse passivo, beneficiando ao próprio setor industrial com a diminuição dos custos energéticos e mitigação dos impactos ambientais (GUIMARÃES, 2017). Este trabalho objetiva caracterizar a borra oleosa em termos do comportamento da viscosidade e densidade aparente. Posteriormente serão adicionadas informações sobre teor de água e cinzas, aumentando o conjunto de informações a respeito da amostra. 1.1. Objetivo Determinar a densidade aparente de uma amostra de borra de petróleo; Determinar a viscosidade de uma amostra de borra de petróleo. 2. Metodologia 2.1. Análise da viscosidade A viscosidade é definida como a resistência interna para fluir de um fluido, ou seja, sua capacidade de se movimentar. Para medir essa propriedade utiliza- se um viscosímetro. Neste trabalho, utilizou-se um viscosímetro do tipo rotacional que permite aferir a viscosidade dinâmica do fluido em uma dada taxa de cisalhamento. Com os dados colhidos, plotam-se os gráficos característicos, curva de escoamento (Figura 1), 2 Figura 1 – Curva de escoamento: 1 Newtoniano, 2 Pseudoplástico, 3 Dilatante e 4 Plástico de Bingham E curva de viscosidade (Figura 2), Figura 2 - Curva de viscosidade: 1 Newtoniano, 2 Pseudoplástico, 3 Dilatante e 4 Plástico de Bingham Que permitem classificar o fluido em Newtoniano, Pseudoplástico, Dilatante ou Plástico de Bingham. 2.2. Análise da densidade aparente Densidade aparente (𝑑𝑎𝑝) corresponde ao volume ocupado por uma determinada massa de sólido, incluindo a porosidade (SANTOS, 2017), é dada pela Equação (1): 𝑑𝑎𝑝 = 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 (1) 2.3. Materiais Balança; 3 Viscosímetro rotacional; Espátula; Chapa, béquer, termômetro; Máscara e luvas. 2.4. Procedimento para determinação da viscosidade A amostra foi analisada em triplicata, nas temperaturas de 60°C e 80°C sugeridas por Franco (2013). a) Pesar a quantidade de amostra a ser depositada no recipiente do viscosímetro; b) Calibrar o viscosímetro; c) Calibrar o termopar utilizando chapa, béquer e termômetro; d) Aquecer a amostra até 60ºC e aferir a viscosidade da amostra nos seguintes valores de rotação: 100, 120, 140, 160, 180, 200, 220, 240, 260, 280 e 300. Anotar os valores de viscosidade, tensão em Pa e taxa em Hz; e) Aquecer a amostra até 80ºC e repetir as rotações acima; f) Repetir d) e e) duas vezes. 2.5. Procedimento para determinação da densidade aparente A amostra foi analisada em triplicata, na temperatura ambiente. a) Pesar três béqueres vazios; b) Preencher os béqueres com a amostra, utilizar espátula para pressionar a amostrar eliminando os espaços vazios; c) Pesar os béqueres com amostra; d) Registrar o volume ocupado em cada béquer. 2.6. Resultados da medição Os experimentos são realizados em triplicada e o resultado final da medição (𝑅𝑀) (Equação 2) é dado por (MENEGUELO, 2017): 𝑅𝑀 = 𝑀𝐼 ± (𝑈 + ∆𝐼𝑚𝑎𝑥) (2) Onde: 𝑀𝐼 → média das “n” indicações 𝑈 → incerteza expandida estimada considerando a média de “n” medições ∆𝐼𝑚𝑎𝑥 → valor absoluto da máxima diferença entre as indicações e seu valor médio A incerteza expandida (𝑈) é calculada pela Equação (3): 4 𝑈 = 𝑡 ∗ 𝑢𝑐 (3) 𝑢𝑐 4 𝑣𝑒𝑓 = 𝑢1 4 𝑣1 + 𝑢2 4 𝑣2 + ⋯ + 𝑢𝑛 4 𝑣𝑛 (4) Onde: 𝑡 → coeficiente de Student 𝑢𝑐 → incerteza combinada 𝑣𝑒𝑓 → número de graus de liberdade efetivos 𝑣𝑛 → número de graus de liberdade da n-ésima fonte de incerteza O coeficiente 𝑡 é um dado tabelado e varia em função de 𝑣𝑒𝑓 e a probabilidade determinada. Neste trabalho, esses valores foram 2 e 95%, respectivamente, resultando em 𝑡 = 4,303, de acordo com a Tabela 1. Tabela 1 - Valores do coeficiente t Student. Fonte: Damasceno (2017). A variável ∆𝐼𝑚𝑎𝑥 é obtida pela Equação (5): ∆𝐼𝑚𝑎𝑥 = |𝐼𝑖 − 𝑀𝐼|𝑚𝑎𝑥 (5) Onde: 5 𝐼𝑖 → é a i-ésima indicação obtida 2.7. Dados de densidade aparente Os resultados das medições de densidade aparente estão dispostos na Tabela 1, Tabela 2 – Resultados da medição de densidade aparente O valor obtido para a densidade aparente foi 0,83 ± 0,08 g/ml, de acordo com as Equações 2-5. 3. Conclusão A viscosidade é uma propriedade importante na caracterização de fluidos e pode ser avaliada por experimentos de simples execução. As figuras 3-16 mostram um comportamento linear indicando que a amostra pertence ao fluido newtoniano. O que não era esperado devido a conhecida característica não- newtoniana do petróleo. Os gráficos das figuras 15 e 16 apresentam a viscosidade esperada nas taxas de cisalhamento avaliadas e serão utilizados, em conjunto com demais análises, na caracterização da borra oleosa. 4. Referência CARVALHO, D. Sistema de Gestão Ambiental-EEW. Disponível em:<http:// www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/.../6-ResiduosSolidos.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2017. Béquer + borra (g) Béquer (g) Massa da borra (g) Volume (ml) Densidade (g/ml) 100,99 50,95 50,04 60,00 0,83 99,85 47,32 52,53 70,00 0,75 104,68 49,97 54,71 60,00 0,91 6 CUNHA, C. E. S. C. P. Gestão de resíduos perigosos em refinarias de petróleo. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro, 2009. DAMASCENO, J. C. Incerteza de medição. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYNUAB/parametros-incertezas>. Acesso em: 28 jun. 2017. FRANCO, E. D. S. S. et al. Avaliação físico-química das borras de petróleo, oriundas de antigos poços, existentes na região de São Francisco do Conde, Bahia. In: Seminário Estudantil de Produção Acadêmica, XII, UNIFACS, 2013. GUIMARÃES, A. K. V. et al. Estudo da caracterização da borra de petróleo e processo de extração do óleo. Disponível em:< http://www.scielo.br/ pdf/esa/2016nahead/1809-4457-esa-S1413_41522016139564.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2017. MARIANO, J. B. Impactos ambientais do refino do petróleo. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro, 2001. MENEGUELO, A. P. Metrologia aplicada a indústria do Petróleo e Gás. Espírito Santo, 2017. SANTOS, M. Metodologiapara determinação de densidade real e aparente de pós. Disponível em:< https://pt.scribd.com/doc/56143390/Metodologia-para- determinacao-de-densidade-real-e-aparente-de-pos>. Acesso em: 27 de jun. 2017
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