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Trabalho sobre leishmaniose

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Leishmaniose
Leishmaniose é uma doença causada por protozoário parasitas do gênero Leishmania e disseminada pela picada de certos tipos de flebotomíneos. A doença pode se apresentar de três maneiras: leishmaniose cutânea, mucocutânea, visceral ou tegumentar americana 
Morfologia
As amastigotas, no interior das células fagocitárias ou livres, aparecem a microscopia óptica como organismos ovais, esféricos ou fusiformes. Nas diferentes espécies de Leishmania, a membrana apresenta uma invaginação na região anterior do corpo do parasito formando a bolsa flagelar, onde se localiza o flagelo. O flagelo, que nesta forma não se exterioriza para além do corpo do parasito, apresenta microestrutura formada de nove pares de microtúbulos concêntricos e um par central, envolvidos por uma matriz citoplasmática. As formas flageladas, promastígotas são encontradas no trato digestivo do hospedeiro invertebrado. São alongadas, com um flagelo, livre e longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. O núcleo é arredondado ou oval, e está situado na região mediana ou ligeiramente na porção anterior do corpo. As paramastígotas são pequenas e arredondadas ou ovais. O flagelo é curto, exterioriza se na região anterior do corpo e sua extremidade pode estar aderida a superfície cuticular da porção anterior do trato digestivo do vetor através de hemidesmossomos . As promastígotas metacíclicos são as formas infectantes para os hospedeiros vertebrados, possuem os diâmetros do corpo nos menores limites apresentados pelos promastígotas e o flagelo muito longo, cerca de duas vezes o comprimento do corpo. Possuem mobilidade intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do trato digestivo do inseto.
Ciclo biológico
Os hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastígotas metacíclicas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores, durante o repasto sanguíneo. Estes insetos possuem o aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do hospedeiro, formando condições para obter o sangue durante a alimentação. A saliva do inseto é inoculada neste ambiente e exerce papel importante como anticoagulante, vasodilatadora e antiagregação de plaquetas, favorecendo o fluxo de sangue e a linfa intersticial para o alimento. Após a internalização, o promastigota metacíclico é encontrado dentro do vacúolo parasitóforo. A promastígota transforma-se em amastigota, capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido encontrado no vacúolo digestivo. A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no momento do repasto sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, das formas amastígotas que acompanham o sangue elou a linfa intersticial. O alimento, no intestino médio do inseto, é rapidamente envolvido por uma membrana quitinosa, secretada pelas células epiteliais do intestino, a matriz peritrófica. No interior desta matriz, as amastígotas se transformam em flagelados pequenos, ovoides, pouco móveis. Após aproximadamente três e quatro dias de multiplicação intensa, ocorre a transformação em formas promastígotas delgadas e longas. Atualmente, admite-se que o esgotamento de nutrientes, a digestão da hemoglobina e a eliminação de hemina, seguida da acidificação do meio estomacal sejam, provavelmente, fato- res importantes na diferenciação das formas metacíclicas de Leishmania. Para que a multiplicação dos parasitos se faça de forma a tornar o inseto capaz de transmitir a infecção, são necessários: a) após o repasto sanguíneo, uma alimentação rica em açúcares, obtida geralmente de seiva de plantas e secreções de afídios, sem que ocorra infecção bacteriana no trato intestinal do flebotomíneo concomitante com a presença de Leishmania; e b) que o sangue do repasto infectante seja totalmente digerido antes de nova alimentação sanguínea.
Formas tegumentares: Leishmaniose cutânea, Leishmaniose mucosa, Leishmaniose disseminada e Leishmaniose difusa.
 Leishmaniose tegumentar americana
A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; a forma disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática e, finalmente, a forma difusa com lesões nodulares não-ulceradas. 
Morfologia
 Formas amastigotas apresentam-se tipicamente, ovoides ou esféricas. Formas promastigotas são formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. Formas paramastigotas apresentam-se ovais ou arredondadas com o cinetoplasto margeando o núcleo ou posterior a este e um pequeno flagelo livre. Os hospedeiros invertebrados são pequenos insetos da ordem Diptera, família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia. Nesses insetos ocorre parte do ciclo do parasito. A dispersão da doença nas mais variadas regiões do Brasil tem como fator a grande variedade de hospedeiros vertebrados que, epidemiologicamente, comportam-se como reservatórios. 
Ciclo biológico
 As formas amastigotas de Leishmania são encontradas fagocitando o sistema mononuclear fagocitário (SMF) do hospedeiro vertebrado, principalmente macrófagos residentes na pele. As formas promastigotas e paramastigotas são encontradas no tubo digestivo dos flebotomineos livres ou aderidos ao epitélio intestinal, respectivamente.
 Ciclo no vetor
 A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado para exercer o repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófag os parasitados por formas amastígotas. Durante o trajeto pelo trato digestivo anterior, ou ao chegarem no estômago, os macrófagos se rompem liberando as amastígotas. Essas sofrem uma divisão binária e se transformam rapidamente em promastígotas, que também por processos sucessivos de divisão multiplicam-se ainda no sangue ingerido, que é envolto por uma membrana peritrófica secretada pelas células do estômago do inseto. Após a digestão do sangue entre o terceiro e o quarto dia, a membrana peritrófica se rompe e as formas promastígotas ficam livres. Nesta etapa do ciclo, as promastígotas permanecem reproduzindo por divisão binaria, podendo seguir dois caminhos, dependendo da espécie do parasito. No primeiro, as formas promastígotas das espécies pertencent es ao subgênero Viannia dirigem-se para o intestino onde se colonizam nas regiões do piloro e íleo (seção peripilaria). Novamente ocorre transformação em promastígotas que migram através do estômago em direção à faringe do inseto. Além das alterações morfológicas das promastígotas durante o processo de migração no trato digestivo do vetor, há uma mudança da expressão estágio específicas de várias moléculas dessas formas durante o seu desenvolvimento. Este processo é denominado metaciclogênese, onde as promastígotas que migram para a parte anterior do tubo digestivo do vetor atingem um estágio infectivo, ou seja, se transformam em formas metacíclicas infectantes. No segundo, as formas promastígotas das espécies pertencentes ao subgênero Leishmania multiplicam-se livremente ou aderentes às paredes do estômago (seção suprapilaria). Em seguida, ocorre migração dos flagelados para a região anterior do estômago onde transformam-se em paramastígotas, colonizando no esôfago e na faringe. Neste local, diferenciam-se novamente em pequenas promastígotas metacídicas, semelhantes ao desenvolvimento anterior. O tempo necessário para que o ciclo se complete varia entre três e cinco dias para diferentes espécies. 
Ciclo no vertebrado
 Durante o processo de alimentação do flebotomíneo é que ocorre a transmissão do parasito. Na tentativa da ingestão do sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. A saliva do flebotomíneo possui neuropeptideos vasodilatadores que atuam facilitando a alimentação do inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta do hospedeiro vertebrado; desta forma, exerce importante papel no sucesso da infectividadedas promastigotas metaciclicas. Rapidamente as formas promastígotas se transformam em amastigotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose.
 Transmissão
 A transmissão ocorre pela picada de insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia, conhecidos no Brasil por birigui, mosquito-palha e tatuquira, entre outros. Ao exercer o hematofagismo, a fèmea do flebotomíneo corta com suas mandíbulas o tecido subcutâneo logo abaixo da epiderme, formando sob está um afluo de sangue, onde são inoculadas as formas promastígotas metacídicas provenientes das regiões anteriores do trago digestivo: probóscida, cibário, faringe e esôfago. 
Patogenia
No início da infecção, as formas promastígotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flebotomineo. As células destruídas pela probóscida do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células fagocitárias mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Papel importante é desempenhado pelo macrófago, célula especializada em identificar e destruir corpos estranhos, incluindo parasitos. Certos macrófagos são capazes de destruir os parasitos diretamente, enquanto outros necessitam ser estimulados. Somente macrófagos fixos (histiócitos) não-estimulados são hábeis para o estabelecimento da infecção. Ao serem fagocitadas, as promastígotas transformam-se em amastigotas e iniciam reprodução por divisões binárias sucessivas; mais macrófagos são atraídos ao sítio, onde se fixam e são infectados. A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de linfócitos e de macrófagos na derme, estando estes últimos abarrotados de parasitas. Esta forma inicial pode regredir espontaneamente após um breve curso abortivo, pode permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo dérmico chamado "histiocitoma", localizado sempre no sítio da picada do vetor infectado. Nos estágios iniciais da infecção, histologicamente a lesão é caracterizada pela hipertrofia do extrato córneo e da papila, com acúmulo de histiócitos nos quais o parasito se multiplica. Ocorre necrose resultando na desintegração da epiderme e da membrana basal que culmina com a formação de uma lesão úlcero-crostosa. Após a perda da crosta, observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo recoberto por exsudato seroso ou seropurulento. Esta lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera leishmaniótica que, por seu aspecto morfológico, pode ser reconhecida imediatamente. Trata-se de uma úlcera de configuração circular, bordos altos (em moldura), cujo fundo é granuloso, de cor vermelha intensa, recoberto por exsudato seroso ou seropurulento, dependendo da presença de infecções secundárias. Seguido a um tratamento com sucesso, forma-se no local, em substituição a úlcera, uma cicatriz característica. Em geral a área cicatricial está despigmentada, com uma leve depressão na pele, com uma fibrose sob a epiderme, que está fina. Apesar da ampla variedade de formas clínicas encontrada em pacientes com LTA, podemos agrupá-las em três tipos básicos: leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose cutaneomucosa (LCM) e leishmaniose cutânea difusa (LCD). Estas formas clínicas são provocadas por diferentes espécies de Leishmania e estão associadas ao estado imune do hospedeiro. A leishmaniose cutânea é caracterizada pela formação de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. Resultam em úlceras leishmanióticas típicas, ou, então, evoluem para formas vegetantes verrucosas ou framboesiformes. A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com tendência a escassez nas úlceras crônicas. A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma cutânea e geralmente está relacionada com pacientes imunossuprimidos (AIDS). As L. braziliensis provocam no homem lesões conhecidas por úlcera-de-bauru, ferida brava, ferida seca e bouba. As lesões primárias são usualmente únicas, ou em pequeno número, mas frequentemente de grandes dimensões, com úlceras em forma de cratera. O curso da infecção é geralmente irregular e crônico; e a tendência para cura espontânea, que depende em parte do tipo e da localização das lesões, varia grandemente de uma região geográfica para outra. Esta espécie é responsável pela forma cutânea mais destrutiva dentre as demais conhecidas. A L. guyanensis causa no homem lesões cutâneas conhecidas por pian bois. Pode apresentar-se sob a forma de úlcera única do tipo "cratera de lua" e frequentemente dissemina-se dando origem a úlceras similares pelo corpo. Estas metástases são linfáticas, apresentando-se no início como nódulos subcutâneos móveis (forma hipodérmica nodular não ulcerada) que mais tarde aderem a pele e ulceram (forma nodular-ulcerada). Linfagite e linfadenopatia são relativamente frequentes em indivíduos parasitados por esta espécie. 
Leishmaniose cutâneo-mucosa
 Esta forma clínica é conhecida por espúndia e nariz de tapir ou de anta. O agente etiológico é a L. braziliensis. As regiões mais comumente afetadas pela disseminação metastásica são o nariz, a faringe, a boca e a laringe. O primeiro sinal de comprometimento mucoso manifesta-se por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal, resultando em coriza constante e posteriormente em um processo ulcerativo. Atinge depois o vestíbulo, as asas do nariz, o assoalho da fossa nasal, o palato mole e a úvula, daí descendo para a faringe, podendo comprometer a laringe e a traqueia. A destruição do septo provoca mudança anatômica e aumento do órgão, que se constitui no chamado nariz de anta. Em muitos casos ocorre completa destruição de toda a estrutura cartilaginosa do nariz. 
 Leishmaniose cutânea difusa
 Caracteriza-se pela formação de lesões difusas não-ulceradas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. Esta forma clinica é provocada por parasitos do complexo mexicana, cujo agente etiológico é L. amazonenses, no Brasil. Esta entidade mórbida envolve amplas áreas da pele, particularmente extremidades e outras partes expostas, onde numerosas lesões papulares ou nodulares não-ulceradas são vistas. A LCD está estreitamente associada a uma deficiência imunológica do paciente, em que a resposta imune celular está deprimida. 
Diagnostico
 A demonstração do parasito pode ser feita do material obtido da lesão existente através de Exame direto de esfregaços corados. O teste imunológico mais utilizado no Brasil tem sido o teste intradérmico de Montenegro. Este teste avalia a reação de hipersensibilidade retardada do paciente e é utilizado para o diagnóstico ou para monitorização de programas de vacinação contra LTA, ora realizado no Brasil. Para visualização do agente etiológico, pode-se: biopsia da lesão, cultivo em meio de cultura, exame histopatológico, impressão em lâmina, PCR. A punção se faz na borda da lesão. 
 
Leishmaniose visceral americana
 Agente etiológico
A leishmaniose visceral é causada, em todo o mundo, por parasitos do complexo L. donovani que inclui três espécies de Leishmania: Leishmania (Leishmania) donovani, Leishmania (Leishmania) infantum, Leishmania (Leishmania) chagas. A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, caracterizada por febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia, acompanhada dos sinais biológicos de anemia, leucopenia, trombocitopenia, hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. A linfoadenopatia periférica é comum em alguns focos da doença. O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se o paciente não for submetido ao tratamento específico. Entretanto, há evidências de que muitas pessoas que contraem a infecção nunca desenvolvem a doença, se recuperando espontaneamente, ou mantendo equilíbrio da infecção e se apresentando sempre como assintomáticas. 
OBS: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o problema emergente da coinfecção HIV/LV.
Em hospedeiros humanos, a respostada infecção por L. donovani varia bastante, não só pela força mas também pelo tipo da reação imune do paciente. Pacientes cujos sistemas imunes produzem números grandes de células-T do tipo TH1 que fortalecem as defesas celulares mas não encorajam a formação de anticorpos, frequentemente recuperam-se facilmente da infecção e depois são imunes a uma reinfecção. Pacientes cujos sistemas produzem mais células do tipo TH2, que precipita a formação de anticorpos, mas não faz nada para a saúde celular, é provável sucumbir depressa para leishmaniose. Tal ocorre porque as leishmanias escondem-se no interior dos leucócitos hospedeiros, ali permanecendo imunes à ação dos anticorpos. Embora fator importante no combate, a resposta humoral apenas não é suficiente para impedir ou deter a infecção.
Ciclo biológico
 No hospedeiro vertebrado, as formas amastigotas de L. chagasi são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem, localizam-se em órgãos linfoides, como medula óssea, baço, fígado e linfonodos, que podem ser encontra- dos densamente parasitados. No hospedeiro invertebrado, Lutzomyia longipalpis, são encontradas no intestino médio e anterior nas formas paramastígota, promastigota e promastígota metacíclica. A infecção de Lutzomyia longipalpis por Leishmania chagasi ocorre quando as fêmeas, hematófagas, cumprindo necessidade biológica se alimentam em hospedeiro vertebrado infectado, e ingerem com o sangue macrófagos e monócitos parasitados. No interior do intestino médio (estomago), rapidamente ocorre a ruptura das células liberando as formas amastigotas que, após divisão binária, se transformam em promastígotas arredondadas e de flagelo curto, que se dividem intensamente, ou alongadas com um flagelo longo e cujo processo de divisão é bem me- nos intenso. Quando a matriz peritrófica se rompe, cerca de 48 a 72 horas após o repasto alimentar, as formas promastígotas livres migram para o intestino anterior. Estas formas, as promastígotas metaciclicas, são infectantes para o hospedeiro vertebrado. A transmissão do parasito ocorre quando as fêmeas infectadas se alimentam em vertebrados susceptíveis. Durante a alimentação, a saliva de Lutzomyia longipalpis é inoculada com as formas do parasito. 
Mecanismos de transmissão
 O principal mecanismo de transmissão da L. chagasi nas condições naturais e de importância epidemiológica universal ocorre normal através da picada da fêmea de L. longipalpis. As formas promastígotas metaciclicas movimentando-se livremente na probóscida do vetor são inoculadas durante o repasto sanguíneo. O compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, durante o uso de drogas injetáveis, foi demonstrado como mecanismo hábil para a transmissão da leishmaniose visceral.
 Patogenia
 A L. chagasi é um parasito de células do SMF, principalmente do baço, fígado, linfonodo e medula óssea. Entretanto, no curso da infecção outros órgãos e tecidos podem ser afetados, como intestino, sangue, pulmões, rins e pele. Nas fases mais avançadas da doença são raros os órgãos onde não se encontra o parasito. A pele é a porta de entrada para a infecção. A inoculação das formas infectantes é acompanhada da saliva do inseto vetor, que é rica em substâncias com atividade inflamatória. Esta atividade é muito importante para o aumento de células fagocitárias neste local e crucial para a instalação da infecção. Alguns indivíduos podem desenvolver uma lesão nodular local, principalmente nas infecções por Leishmania donovani. O processo pode evoluir para a cura espontânea ou, a partir da pele, ocorrer a migração dos parasitos, principalmente para os linfonodos, seguida da migração para as vísceras. Nas vísceras, os parasitos induzem uma infiltração focal ou difusa de macrófagos não-parasitados, além de infiltrado de linfócitos e células plasmáticas, com focos de plasmacitogênese. As alterações mais particulares são descritas nos tecidos esplênico, hepático, sanguíneo, pulmonar e renal. A via de disseminação de Leishmania pode ser a hematogênica e/ou linfática. Leishmania chagasi raramente tem sido encontrada no sangue periférico humano de indivíduos considerados imunocompetentes; no entanto, em cães ou raposas este achado é frequente. Esplenomegalia é o achado mais importante e frequente no calazar. Ocorre hiperplasia e hipertrofia das células do SMF, os macrófagos e as células plasmáticas podem ser observados densamente parasitados, na polpa branca e vermelha. Hepatomegalia é outra característica marcante no calazar. O órgão mantém consistência firme e ocasionalmente mostra congestão passiva. Ocorre hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer, em geral densamente parasitadas. É frequente a presença de infiltrado difuso de células, plasmáticas e linfócitos, intraparenquimal. Podem ser observadas fibrose septal e portal, leve ou moderada, ao longo do infiltrado inflamatório. A medula óssea é em geral encontrada com hiperplasia e densamente parasitada. A anemia é o achado mais frequente nos indivíduos doentes. A principal alteração que ocorre nos rins está relacionada com a presença de imunocomplexos circulantes. Em muitos casos ocorre glomerulonefrite proliferativa e nefrite intersticial. Nos pulmões ocorre, com relativa frequência, pneumonite intersticial com o espessamento dos septos pulmonares, devido a tumefação endotelial e proliferação das células septais, as vezes com fibrose septal, e de linfócitos e células plasmáticas. As amastigotas são raras ou ausentes no pulmão. 
Diagnostico 
O diagnóstico parasitológico baseia-se na observação direta do parasito em preparações de material obtido de aspirado de medula óssea, baço, fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de vidro, corados pelo Giemsa, inoculados em meio de cultura ou em animais de laboratório. A punção de medula óssea é a técnica mais simples e representa menos risco para o paciente. Diagnostico imunológico: RIFI, ELISA, RFC, TRALD-RICH. Métodos diretos da demonstração do parasita: esfregaço de sangue periférico, esfregaço de aspirado visceral, cultura em meio NNN. 
Classificação de espécies 
A classificação atual das espécies deste gênero baseia-se em características clínicas e epidemiológicas, apoiada por aspectos biológicos, bioquímicos e moleculares. São reconhecidas oito espécies de Leishmanias responsáveis pela doença no homem, pertencentes ao subgênero Viannia (V) e Leishmania (L):
-"Leishmania (V) braziliensis": causa lesões cutâneas e mucosas com ampla distribuição geográfica da América Central ao Norte da Argentina.
-"Leishmania (V) guyanensis": causa predominantemente lesões cutâneas e ocorre na parte da América do Sul, restrita à Bacia Amazônica;
-"Leishmania (V) panamensis": causa predominantemente lesões cutâneas, e ocorre na América Central e Costa Pacífica da América do Sul;
-"Leishmania (V) lainsoni": causa lesões cutâneas e ocorre no norte do Estado do Pará, na Região Amazônica do Brasil;
-"Leishmania (L) mexicana": causa lesões cutâneas e eventualmente difusas (anérgicas) e ocorre no México e América Central;
-"Leishmania (L) amazonensis": causa lesões cutâneas e eventualmente difusas (anérgicas) e ocorre desde a América Central até o norte, nordeste e sudeste da América do Sul;
-"Leishmania (L) venezuelensis": causa lesões cutâneas e ocorre na Venezuela;
-"Leishmania (L) chagasi’’: causa a forma visceral com febre, anemia, hepatoesplenomegalia, emagrecimento e ocorre do México ao norte da Argentina, com predomínio no nordeste brasileiro.
As diferentes espécies do gênero Leishmania produzem grande variedade de manifestações clínicas que dependem da interação entre a resposta imune do hospedeiro vertebrado e da invasividade, tropismo e patogenicidade deste parasita.
Leishmaniose visceral canina
 Do ponto de vista epidemiológico, o calazar canino, no Brasil, é considerado mais importante que a doença humana, pois além de ser mais prevalente, o grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, servindo como fontede infecção para o inseto vetor L. longipalpis, caracteriza o cão como o principal elo doméstico na cadeia de transmissão da doença. Os cães são considerados altamente susceptíveis a infecção por Leishmania chagasi, porém está infecção não significa, necessariamente, que haverá desenvolvimento de doença. As primeiras manifestações clínicas são descamação da pele, perda de apetite e peso, opacificação do pelo e, não raramente, alopecia com espessamento localizado na extremidade da orelha. Na evolução, a alopecia pode se estender para toda a cabeça e de forma acentuada para a região periorbital ou generalizada para o focinho e extremidades do corpo. O diagnóstico é realizado considerando-se a origem epidemiológica do cão e o conjunto de sintomas apresentados. Dado ao grande número de animais assintomáticos e a baixa especificidade dos sintomas, o laboratório se toma um aliado importante. O diagnóstico parasitológico é o método de certeza e se baseia na demonstração do parasito, que é abundante nos órgãos linfoides. Na pele, a intensidade do parasitismo varia bastante e o exame de esfregaços por aposição deve ser feito com cautela. O parasito pode, ainda, ser demonstrado em esfregaço de material obtido de punção, de linfonodo ou de medula óssea, em lâmina de microscopia e corados pelo Giemsa, após anestesia geral do animal. O semeio do aspirado linfático ou medular em meio de cultura NNN aumenta a probabilidade de detecção do parasito. A presença do parasito em esfregaço sanguíneo é rara, porém quando se utiliza a separação de células nucleadas o parasito pode ser mais bem demonstrado em meios de cultura. Considerando que a principal forma de transmissão do parasito entre os animais é através da picada do flebotomineo, as medidas de controle da infecção devem ser voltadas para o transmissor. Medidas de proteção do ambiente onde vivem os animais, através do uso de inseticidas residuais, devem ser eficazes. Animais que vivem fora das residências são mais expostos a contaminação. Assim, as medidas de controle dos insetos centradas no próprio animal podem ser mais eficazes, como uso de coleiras impregnadas com inseticidas, banhos periódicos ou ainda uso de produtos pour on com bases inseticidas elou repelentes (já mencionados neste capitulo). A vacinação contra a infecção por Leishmania será, sem dúvida, a forma mais eficaz de proteção para esses animais.

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