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2.3. Derivadas 2.3.1. Definic¸a˜o e Interpretac¸a˜o Geome´trica Anteriormente ja´ mostra´mos como o coeficiente angular de uma recta - declive de uma recta - indica a taxa a` qual a recta sobe ou desce. para uma recta, esta taxa e´ a mesma em todos os seus pontos. Para outros gra´ficos que na˜o rectas, a taxa a` qual o gra´fico sobe ou desce pode variar de ponto para ponto. Por exemplo, consideremos o seguinte gra´fico: (x3,y3) (x2,y2) (x1,y1) (x4,y4) x y Podemos observar que a para´bola sobe mais rapidamente no ponto (x1, y1) do que no ponto (x2, y2). No ve´rtice (x3, y3) o gra´fico deixa de subir ou descer, e no ponto (x4, y4), o gra´fico esta´ a descer. Para determinar a taxa a` qual um gra´fico sobe ou desce num deter- minado ponto, podemos calcular o coeficiente angular da tangente no ponto. Em termos simples, a tangente ao gra´fico duma func¸a˜o f num ponto P (x, y) e´ a recta que melhor aproxima o gra´fico naquele ponto conforme podemos ver pelo gra´fico anterior. 1 Assim, o problema da determinac¸a˜o da inclinac¸a˜o de um gra´fico num ponto reduz-se ao de achar o coeficiente angular da tangente naquele ponto. Um me´todo para obtermos aproximac¸o˜es de tangentes consiste em fazer uso da recta secante pelo ponto de tangeˆncia e por um segundo ponto do gra´fico conforme se mostra na figura seguinte: ∆x f(x +∆x) − f(x) (x, f(x)) (x+∆x, f(x+∆x)) x y Se (x, f(x)) e´ ponto de tangeˆncia e (x+∆x, f(x+∆x)) e´ um segundo ponto do gra´fico de f , enta˜o o coeficiente angular da secante que passa por estes pontos e´ msec = f(x +∆x)− f(x) ∆x = ∆y ∆x (1) onde ∆x e´ a variac¸a˜o de x e ∆y e´ a variac¸a˜o de y. Se aproximarmos cada vez mais o segundo ponto do ponto de tangeˆncia, obtemos mel- hores aproximac¸o˜es do coeficiente angular da tangente como podemos verificar pelos gra´ficos seguintes: 2 ∆x ∆y (x, f(x)) (x+∆x, f(x+∆x)) x y ∆x ∆y (x, f(x)) (x+∆x, f(x +∆x)) x y (x, f(x)) x y Utilizando o processo do limite, podemos determinar o coeficiente angular exacto da tangente em (x, f(x)). Definic¸a˜o 1 A derivada de f no ponto x e´ dada por f ′(x) = lim ∆x→0 f(x + ∆x)− f(x) ∆x = lim h→0 f(x + h)− f(x) h (2) desde que o limite exista. Uma func¸a˜o e´ diferencia´vel em x se a sua derivada existe em x. O processo de ca´lculo de derivadas e´ chamado diferenciac¸a˜o. Nota: Existem va´rias notac¸o˜es para representar a derivada de uma func¸a˜o. As mais frequentes sa˜o: f ′(x) = dy dx (x) = y′(x) = d dx [f(x)] f linha de x derivada de y y linha de x derivada de f(x) em ordem a x em ordem a x 3 Exemplo 1. Calcule a derivada de f(x) = 3x2 − 2x. Temos f ′(x) = lim h→0 f(x + h)− f(x) h = lim h→0 [ 3 · (x + h)2 − 2 · (x + h)]− (3x2 − 2x) h = lim h→0 3 · (x2 + 2xh + h2)− 2x− 2h− 3x2 + 2x h = lim h→0 3x2 + 6xh + 3h2 − 2x− 2h− 3x2 + 2x h = lim h→0 6xh + 3h2 − 2h h = lim h→0 h · (6x + 3h− 2) h = lim h→0 (6x + 3h− 2) = 6x− 2 Pelo que a derivada de f(x) e´ f ′(x) = 6x− 2. Exerc´ıcio 1. Determine a derivada de y em ordem a t para a func¸a˜o y = 2 t . Nota: Na˜o se esquec¸a que a derivada de uma func¸a˜o da´ uma fo´rmula para determinar o coeficiente angular da tangente em qualquer ponto do gra´fico da func¸a˜o. 4 2.3.2. Continuidade e Derivabilidade Nem toda a func¸a˜o e´ diferencia´vel. os gra´ficos seguintes mostram algumas situac¸o˜es usuais em que uma func¸a˜o na˜o e´ diferencia´vel nalgum ponto - tangentes verticais, descontinuidades e alterac¸o˜es bruscas. Os gra´ficos seguintes mostram func¸o˜es que sa˜o diferencia´veis para todos os valores de x excepto em x = 0. 2 −2 1 2−1−2 x y y = x1/3 2 −2 1 2−1−2 x y y = |x| x 2 −2 1 2−1−2 x y y = x2/3 2 −2 1 2−1−2 x y y = |x| Os gra´ficos anteriores mostram que a continuidade na˜o e´ uma condic¸a˜o suficientemente forte para garantir a diferenciabilidade. Todas as func¸o˜es representadas sa˜o cont´ınuas em (0, 0) excepto uma, mas nenhuma e´ diferencia´vel na origem. Por outro lado, se uma func¸a˜o e´ diferencia´vel num ponto enta˜o ela e´ cont´ınua nesse ponto. 5 Teorema 1 Se uma func¸a˜o e´ diferencia´vel em x = c, enta˜o e´ cont´ınua nesse ponto. Corola´rio: Se uma func¸a˜o na˜o e´ cont´ınua em x = c, enta˜o na˜o e´ diferencia´vel nesse ponto. 2.3.3. Regras de Derivac¸a˜o Ate´ agora calcula´mos derivadas utilizando a noc¸a˜o de limite. Um outro processo para calcularmos derivadas e´ usar regras que nos per- mitem calcular derivadas sem usar limites directamente: Regras de Derivac¸a˜o Sejam u, v f.r.v.r, c ∈ IR e n ∈ Z (c)′ = 0 (c · u)′ = c · u′ (u± v)′ = u′ ± v′ (u · v)′ = u′ · v + v′ · u (u v )′ = u′ · v − v′ · u v2 ( n √ u )′ = u′ n · n √ un−1 (un)′ = n · un−1 · u′ (uv)′ = v · uv−1 · u′ + (ln v) · uv · v′ (ln u)′ = u′ u (loga u) ′ = u′ (ln a) · u (eu)′ = eu · u′ (au)′ = (ln a) · au · u′ 6 Exemplo 2. Aplicando as regras da derivac¸a˜o temos: a)(7)′ = 0 b)(x3)′ = 3 · x2 c)(3x2)′ = 3 · (x2)′ = 3 · 2 · x = 6x d) [ (3x)2 ]′ = 2 · (3x) · 3 = 18x e) ( 1 x2 )′ = (x−2)′ = −2 · x−3 · 1 = − 2 x3 f) ( 1 x2 )′ = 0 · x2 − 1 · 2 · x · 1 (x2)2 = −2x x4 = − 2 x3 g) [ (x + 1) 3 √ x ] ′ = (x′ + 1′) · 3√x + (x + 1) · ( 3√x)′ = = 1 · 3√x + (x + 1) · ( x′ 3 · 3 √ x2 ) = 3 √ x + (x + 1) · 1 3 3 √ x2 = = 3 √ x + x + 1 3 3 √ x2 = 3x + x + 1 3 3 √ x2 = 4x + 1 3 3 √ x2 Exerc´ıcio 2. Calcule o valor das seguintes derivadas: a) ( 6− 5x x2 − 1 )2 b) √ x− 1 +√x + 1 c) log10(x 2 + 6x) d) ln 1 + ex 1− ex 7 Derivadas de Ordem Superior A derivada de f ′, segunda derivada de f , representa-se por f ′′ d dx [f ′(x)] = f ′′(x) A derivada de f ′′, terceira derivada de f , representa-se por f ′′′ d dx [f ′′(x)] = f ′′′(x) Continuando este processo, obtemos as derivadas de ordem superior, a derivada f ′ costuma designar-se primeira derivada de f . Exemplo 3. Func¸a˜o Original f(x) = 2x4 − 3x2 f ′′′(x) = 48x 3a Derivada 1a Derivada f ′(x) = 8x3 − 6x f iv(x) = 48 4a Derivada 2a Derivada f ′′(x) = 24x2 − 6 f v(x) = 0 5a Derivada Notac¸a˜o para Derivadas de Ordem Superior 1a Derivada y′ f ′ dy dx d dx [f(x)] Dx(y) 2a Derivada y′′ f ′′ d2y dx d2 dx2 [f(x)] Dxx(y) n.a Derivada y(n) f (n) dny dxn dn dxn [f(x)] Dxn(y) Exerc´ıcio 3. Calcule f (vi)(x) sendo f (iv)(x) = ln x2 9− x2 8 2.3.4. Teoremas da Derivada da Func¸a˜o Composta e da Func¸a˜o Inversa Teorema 2 Se y = f(u) e´ uma func¸a˜o deriva´vel na varia´vel u, e u = g(x) e´ uma func¸a˜o deriva´vel na varia´vel x, enta˜o y = f(g(x)) e´ uma func¸a˜o deriva´vel na varia´vel x e tem-se dy dx = dy du · du dx (3) ou equivalentemente d dx [f(g(x)] = f ′(g(x)) · g′(x) (4) Exemplo 4. y = f(g(x)) u = g(x) y = f(u) a) y = 1 x + 1 u = x + 1 y = 1 u b) y = √ 3x2 − x + 1 u = 3x2 − x + 1 y = √u Exemplo 5. Para a func¸a˜o y = u3 com u = x2 + 1 temos dy dx = [3u2]u=x2+1 · (2x + 1)′ = 3(x2 + 1)2 · (2x) = 6x(x2 + 1)2 9 Exerc´ıcio 4. Uma indu´stria esta´ a aumentar a sua produc¸a˜o de um artigo a` raza˜o de 200 unidades por semana. A func¸a˜o procura semanal admite como modelo a equac¸a˜o p = 100− 0.001x onde p e´ o prec¸o unita´rio e x e´ o nu´mero de unidades produzidas numa semana. Calcule a taxa de variac¸a˜o da receita relativamente ao tempo, quando a produc¸a˜o semanal e´ de 2 000 unidades. Teorema 3 Seja f uma func¸a˜o diferencia´vel num intervalo I. Se f tem inversa f−1, enta˜o f−1 e´ diferencia´velem qualquer x para o qual f ′(f−1(x)) 6= 0 e nesse caso (f−1)′(x) = 1 f ′(f−1(x)) , f ′((f−1)(x)) 6= 0 (5) Exemplo 6. Calcule a derivada da func¸a˜o f(x) = 3x utilizando o teorema da derivada da func¸a˜o inversa. Determine (f−1)′(a) sendo f(x) = x3 − 4 x e a = 6. Resoluc¸a˜o: y = 3x ⇔ x = log3 y Enta˜o f ′(x) = 1 (f−1)′(f(x)) = 1 (f−1)′(y) = 1 1 y·ln 3 = = y · ln3 = 3x · ln 3 10 Exemplo 7. Seja f(x) = 1 4 x3 + x− 1 a) Qual e´ o valor de f−1(x) quando x = 3? b) Qual e´ o valor de (f−1)′(x) quando x = 3? Resoluc¸a˜o: Atendendo a que f e´ injectiva, tem inversa a) Como f(x) = 3 quando x = 2, enta˜o f−1(3) = 2 b) Atendendo ao teorema anterior vem: (f−1)′(3) = 1 f ′(f−1(3)) = 1 f ′(2) Enta˜o f ′(x) = 3 4 x2 + 1⇒ (f−1)′(3) = 1 3/4 · 22 + 1 = 1 4 2.3.5. Equac¸a˜o da Recta Tangente e da Recta Normal Como sabemos a equac¸a˜o da recta que passa pelo ponto de coordenas (x0, y0) e tem declive m e´ y − y0 = m(x− x0) (6) Vimos anteriormente que o declive da recta tangente ao gra´fico de uma func¸a˜o f no ponto de coordenadas (x0, y0). m = f ′(x0)) (7) Enta˜o de (6) e (7) vem que a equac¸a˜o da recta tangente ao gra´fico de f no ponto de coordenadas (x0, y0) e´ y − y0 = f ′(x0)(x− x0) (8) 11 Dado que: • a recta normal ao gra´fico de f no ponto de coordenadas (x0, y0) e´ perpendicular a` recta tangente ao gra´fico de f nesse ponto • rectas perpendiculares teˆm declives inversos sime´tricos vem que a equac¸a˜o da recta normal ao gra´fico de f no ponto de coordenadas (x0, y0) e´ y − y0 = − 1 f ′(x0) (x− x0) (9) Exemplo 8. Escreva a equac¸a˜o da recta tangente e da recta normal ao gra´fico da func¸a˜o f(x) = ln (3x2 + 1) no ponto de abcissa x = 1. Resoluc¸a˜o: (x0, y0) = (1, f(1)) = (1, ln 4) f ′(x) = 6x 3x2 + 1 ⇒ f ′(1) = 6 4 = 3 2 equac¸a˜o da recta tangente: y − ln 4 = 3 2 (x− 1) equac¸a˜o da recta normal: y − ln 4 = −2 3 (x− 1) 12 2.3.6. Aplicac¸o˜es da Derivada 2.3.6.1. Extremos e a Primeira Derivada Nesta secc¸a˜o vamos estudar os pontos em que uma func¸a˜o passa de crescente a decrescente, ou vice-versa. Podemos utilizar a derivada de primeira ordem de uma func¸a˜o para determinar se a func¸a˜o e´ crescente ou decrescente num intervalo. Teorema 4 Seja f uma func¸a˜o que admite primeira derivada num intervalo aberto I. 1. f ′(x) > 0, ∀x ∈ I ⇒ f e´ crescente em I. 2. f ′(x) < 0, ∀x ∈ I ⇒ f e´ decrescente em I. 3. f ′(x) = 0, ∀x ∈ I ⇒ f e´ constante em I. Nos pontos onde, uma func¸a˜o passa de crescente a decrescente, ou vice-versa, a func¸a˜o tem um extremo relativo. Os extremos relativos de uma func¸a˜o incluem os mı´nimos relativos e os ma´ximos relativos da func¸a˜o. Observando o gra´fico que se apresenta abaixo podemos constatar este resultado, a func¸a˜o tem dois extremos relativos - o ponto a` esquerda e´ um ma´ximo e o ponto a` direita e´ um mı´nimo relativo. Estes pontos sa˜o pontos onde ha´ alterac¸a˜o de monotonia da func¸a˜o. 13 x y ma´ximo relativo mı´nimo relativo f. crescente f. decrescente f. crescente Se observarmos os gra´ficos seguintes podemos verificar que em ambos os casos temos um ma´ximo relativo. Esse ma´ximo e´ obtido em pontos onde f ′(x) = 0 ou f ′(x) na˜o esta´ definida - pontos cr´ıticos. x y ma´ximo relativo c f ′(c) = 0 tangente horizontal x y ma´ximo relativo c f ′(c) na˜o e´ definida Teorema 5 Se f tem um mı´nimo relativo ou ma´ximo relativo quando x = c, enta˜o ou f ′(c) = 0 ou f ′(c) na˜o esta´ definida. Desta forma, para sabermos quais os extremos relativos de uma func¸a˜o basta testar os pontos cr´ıticos da func¸a˜o. Encontrados estes, o seguinte resultado permite-nos identificar os ma´ximos e mı´nimos re- lativos e/ou pontos sela. 14 Teorema 6 Seja x = c um ponto cr´ıtico da func¸a˜o f cont´ınua no intervalo (a, b) que conte´m c. Se f e´ diferencia´vel no intervalo (a, b), com a poss´ıvel excepc¸a˜o de x = c, enta˜o: 1. f ′(x) muda de positivo para negativo em x = c, enta˜o f tem um ma´ximo relativo em (c, f(c)). 2. f ′(x) muda de negativo para positivo em x = c, enta˜o f tem um mı´nimo relativo em (c, f(c)). 3. f ′(x) e´ positivo em ambos os lados de x = c, ou negativo em ambos os lados de x = c, enta˜o f(c) na˜o e´ ma´ximo relativo nem mı´nimo relativo, e´ um ponto sela. Exemplo 9. Para calcularmos os extremos, se existirem, da func¸a˜o f(x) = −3x5 + 5x3 comec¸amos por determinar os pontos cr´ıticos: f ′(x) = −15x4+15x2 = 15x2(1−x2) = 0⇔ x = 0∨x = −1∨x = 1 Valor de x −∞ −1 0 1 +∞ f ′(x) − 0 + 0 + 0 − f(x) ց min ր pt ր ma´x ց rel sela rel Enta˜o f(−1) = −2 e´ mı´nimo relativo, f(1) = 2 e´ ma´ximo relativo e x = 0 e´ ponto sela. 15 2.3.6.2. Concavidade e a Segunda Derivada Analisando o gra´fico de uma func¸a˜o facilmente constatamos os inter- valos onde a sua concavidade e´ voltada para cima ou para baixo. No en- tanto, se na˜o estivermos a visualizar o gra´fico da func¸a˜o para sabermos as concavidades dos gra´ficos temos de fazer um teste anal´ıtico. Acon- tece que podemos utilizar a segunda derivada da func¸a˜o para determi- nar esses intervalos, precisamente como utilizamos a primeira derivada da func¸a˜o para determinar os intervalos onde a func¸a˜o e´ crescente e decrescente. Teorema 7 Seja f uma func¸a˜o que admite segunda derivada num intervalo aberto I. 1. f ′′(x) > 0, ∀x ∈ I ⇒ f tem concavidade voltada para cima em I. 2. f ′′(x) < 0, ∀x ∈ I ⇒ f tem concavidade voltada para baixo em I. Para uma func¸a˜o f cont´ınua, podemos calcular os intervalos em que f tem concavidade e´ voltada para cima ou para baixo.( Para uma func¸a˜o descont´ınua, os intervalos de teste devem ser formados utilizando-se os pontos de descontinuidade juntamente com os pontos em que f ′′(x) e´ zero ou na˜o e´ definida). 16 Exemplo 10. Para estudarmos a concavidade da func¸a˜o f(x) = −3x5 + 5x3 comec¸amos por determinar os pontos onde a segunda derivada se anula: f ′′(x) = 0 ⇔ 30x(1− x2) + 15x2(−2x) = 0 ⇔ −60x3 + 30x = 0 ⇔ 30x(−2x2 + 1) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = − √ 2 2 ∨ x = √ 2 2 Valor de x −∞ − √ 2 2 0 √ 2 2 +∞ f ′′(x) + 0 − 0 + 0 − f(x) ⋃ pt ⋂ pt ⋃ pt ⋂ inf inf inf Enta˜o, podemos afirmar que a func¸a˜o tem concavidade voltada para baixo no intervalo (− √ 2 2 , 0) ∪ ( √ 2 2 ,+∞) e concavidade voltada para cima no intervalo (−∞,− √ 2 2 ) ∪ (0, √ 2 2 ). 2.3.7. Indeterminac¸o˜es: Regra de Cauchy Em secc¸o˜es anteriores estuda´mos limites como lim x→1 x2 − 1 x− 1 e limx→+∞ x2 − 1 x− 1 17 e um processo para calcular esses limites. Vamos agora aprender um novo processo anal´ıtico para o ca´lculo de limites. Regra de Cauchy: Seja (a, b) um intervalo que conte´m c. Sejam f e g func¸o˜es dife- rencia´veis em (a, b), excepto possivelmente em c. Se o limite de f(x) g(x) quando x tende para c resulta na forma indeterminada 0 0 ou ∞ ∞, enta˜o lim x→c f(x) g(x) = lim x→c f ′(x) g′(x) desde que o limite da direita exista ou seja infinito. A forma indeterminada ∞ ∞ pode apresentar-se de quatro formas: +∞ +∞, +∞ −∞, −∞ +∞ e −∞ −∞. A Regra de Cauchy pode aplicar-se sucessivamente. Exemplo 11. a) lim x→+∞ ex e2x + 1 ∞ ∞= lim x→+∞ ex 2e2x = lim x→+∞ 1 2ex = 0 b) lim x→−∞ x2 e−x ∞ ∞= lim x→−∞ 2x −e−x ∞ ∞= lim x→−∞ 2 −e−x = 0 18 2.3.8. Exerc´ıcios 1. Considere a func¸a˜o real de varia´vel real definida por f(x) = √ x. (a) Mostre que lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = 1 2f(x) . (b) Interprete o significado matema´tico do limite calculado na al´ınea anterior. 2. Na figuraesta˜o representadas treˆs func¸o˜es, a func¸a˜o f , f ′ e f ′′. Fac¸a corresponder a cada uma das func¸o˜es o respectivo gra´fico. 3. De uma func¸a˜o f sabe-se que f ′(2) = 5. (a) Qual e´ o significado geome´trico do valor 5, indicado como derivada da func¸a˜o no ponto de abcissa x = 2. (b) Determine o valor de lim x→2 f(x)− f(2) x2 − 4 4. Determine as derivadas das seguintes func¸o˜es: (a) f(t) = t7 + 8t4 − t 2 + 1 (b) f(x) = (x2 − 1)x+ 2 (c) f(x) = ln(x)ex + 1 x (d) f(s) = (2s2 − 3s+ 1)(9s− 1)4 (e) f(x) = 23x2 + x− ln√x (f) f(y) = y 2 − 1 y + 3 (g) f(x) = ln(x2 + 2x) + e √ 2+x (h) f(x) = log3(x+ e x) + xe (i) f(u) = ln ( eu u ) 19 5. Seja g(x) = ax+ 3b se x ≤ 2 x+ 4 se x > 2 , (a, b ∈ IR) uma func¸a˜o de domı´nio IR. (a) Determine os valores de a e b de modo que a func¸a˜o f seja cont´ınua em IR. (b) Comente a seguinte afirmac¸a˜o : “Existem valores a e b diferentes dos obtidos na al´ınea anterior onde a func¸a˜o f e´ diferencia´vel em x = 2.” 6. Determine, caso existam, os pontos em que o gra´fico da func¸a˜o f(x) = x4 − 3x2 + 3 tem recta tangente horizontal. 7. Considere a func¸a˜o f definida por f(x) = 3x 2 + 1− ex/2 (a) Estude os intervalos de monotonia e existeˆncia de extremos para a func¸a˜o f . (b) Estude a concavidade e a existeˆncia de pontos de inflexa˜o para a func¸a˜o f . (c) Mostre que a recta tangente ao gra´fico de f na origem e´ perpendicular a` recta dos quadrantes pares e coincide com a recta dos quadrantes ı´mpares. 8. Considere a func¸a˜o f definida por g(x) = ln(x+ 1) se x > 0 x2 + 2x 2 se x ≤ 0 (a) Determine caso exista g′(0). (b) Comente a seguinte afirmac¸a˜o: “A func¸a˜o g tem concavidade voltada para cima para x < 0 e e´ mono´tona crescente para x > 0.” (c) Determine a equac¸a˜o da recta tangente e da recta normal ao gra´fico de g em x = 1. 9. As func¸o˜es prec¸o de venda e custo de um produto admite respectivamente como modelos: Pv(x) = 75− x e C(x) = 0.5x2 + 62x+ 125 onde x e´ o nu´mero de unidades produzidas. (a) Estabelec¸a a func¸a˜o lucro para este produto. (b) Determine o lucro marginal para a produc¸a˜o de 80 unidades. (c) Que n´ıvel de produc¸a˜o proporcionara´ lucro ma´ximo? 20 10. O custo anual (em milho˜es de euros) para um departamento do governo apreender p% de uma droga ilegal e´ C(p) = 528p 100− p, 0 ≤ p < 100. Determine a taxa de variac¸a˜o do custo quando p = 30%. 11. Um contabilista estimou que o custo de aquisic¸a˜o e armazenagem de x unidades de um produto e´ dado por C(x) = 3x+ 432 x , 0 < x < 200. Determine o numero de unidades de modo que o custo seja mı´nimo. 12. Numa fa´brica, o custo total da produc¸a˜o mensal de q centenas de pec¸as, expresso em milhares de euros, e´ dada por: C(q) = q3 − 12q2 + 21q + 1000 (a) Determine o custo marginal, e calcule o seu valor para seis centenas de pec¸as. (b) Estude a variac¸a˜o do custo total no intervalo ]0, 8[. Qual o nu´mero de pec¸as que aconselha ao fabricante para que o custo total seja mı´nimo? 13. O custo com ma´quinas registadoras de um supermercado e´ func¸a˜o do nu´mero de ma´quinas que esta˜o a operar num dado momento. Sendo x o nu´mero de ma´quinas, o custo estimado C, em euros, e´ dado por C(x) = 10x+ 1000 x . Quantas ma´quinas deveriam estar a operar de modo que o custo fosse mı´nimo? 14. O custo de inventa´rio depende dos custos de execuc¸a˜o da encomenda e da armazenagem, e e´ dado por C(x) = ( Q x ) s+ (x 2 ) r, onde Q e´ o nu´mero de unidades vendidas por ano, r e´ o custo da armazenagem de uma unidade durante 1 ano, s e´ o custo da colocac¸a˜o de um pedido, e x e´ o nu´mero de unidades no pedido. Determine o tamanho do pedido que minimize o custo quando Q = 10000, s = 4, 5 e r = 5, 76. 21 15. A venda anual S de um novo produto e´ dada por: S(t) = 5t 8 + t2 , 0 ≤ t ≤ 3, onde t e´ o tempo em anos. Determine o instante exacto em que a venda anual estara´ a crescer com taxa ma´xima. 16. Um comerciante vende 2 000 unidades por meˆs ao prec¸o de 10 ε cada. Ele pode vender mais 250 unidades por meˆs para cada 0.25 ε de reduc¸a˜o no prec¸o. que prec¸o unita´rio maximizara´ a receita? 17. Se h(x) = f(g(x)) com f(2) = −4, g(2) = 2, f ′(2) = 3 e g′(2) = 5, calcule h′(2). 18. Mostre que d dx (ln(1 + ex)) = ex 1 + ex , utilizando: (a) O teorema da derivada da func¸a˜o composta. (b) O teorema da derivada da func¸a˜o inversa. 19. Se s = 3r2− 2√r + 1 e r = t3 +1, utilize a regra da cadeia para determinar o valor de ds dt . 20. Seja f uma func¸a˜o real de varia´vel real tal que a equac¸a˜o da recta tangente ao gra´fico de f no ponto de abcissa 1 e´ y = 2x. Sabendo que g(x) = f ( ex 2+2x ) , calcule g′(0). 21. Seja f uma func¸a˜o diferencia´vel em IR tal que f(2) = 1 e f(4) = −1. Considere a func¸a˜o g(x) = xf(x), x ∈ IR. (a) Prove que a func¸a˜o g(x) = 0 tem pelo menos uma raiz positiva. (b) Prove que existe um β ∈]0, 2[ tal que a tangente ao gra´fico de g no ponto de abcissa β e´ paralela a` recta y = x. 22. Calcule, caso exista, cada um dos seguintes limites: (a) lim x→0 4x − 3x x (b) lim x→+∞ ex x2 (c) lim x→1 ex−1 − x (x− 1)2 (d) lim x→0 2 ex − 1 − 2 x (e) lim x→0+ x ln(x) (f) lim x→−∞ 4 x2 − 1 x+ 1 22 23. Considere a func¸a˜o f(x) = ex + ln(x) (a) Determine o diferencial de f . (b) Determine a variac¸a˜o da func¸a˜o f se x varia de 1 para 1,02. (c) Calcule o valor aproximado de e1.1 + ln(1.1). 24. O lucro auferido com a venda de x unidades de um produto admite como modelo P = 0.0002x3 + 10x. Utilize o diferencial dP para aproximar a variac¸a˜o no lucro quando o n´ıvel de produc¸a˜o aumenta de 50 para 51 unidades. Compare com o lucro efectivo decorrente do aumento do n´ıvel de produc¸a˜o de 50 para 51 unidades. 25. Considere as func¸o˜es f(x) = ln(x) e g(x) = 1 1− x (a) Calcule o diferencial de fog. (b) Mostre, utilizando diferenciais que (fog)(0.1) ≃ 0.1 26. A venda mensal de cotas de um clube recem-inaugurado tem por modeloM(t) = 300t t2 + 1 +8, onde t e´ o nu´mero de meses decorridos desde a abertura do Clube. Sabendo que o Clube abriu no inicio de Janeiro de 2005, determine: (a) o meˆs do ano onde se venderam mais cotas. (b) a variac¸a˜o das vendas de cotas na primeira semana de Junho. 27. O custo anual do controle de stock para um fabricante e´ C = 1008000 Q + 6, 3Q, onde Q e´ o vulto do pedido quando se repo˜e o stock. Determine a variac¸a˜o anual do custo quando Q e´ aumentado de 350 para 351. 28. O custo (em euros) da produc¸a˜o de x unidades de um artigo e´ dado por C(x) = 3 √ x+500. Determine, utilizando diferenciais o valor aproximado do custo da produc¸a˜o de 15 unidades do artigo. 23 29. Na figura seguinte esta´ representado o gra´fico de uma func¸a˜o r.v.r., y = f(x): 2 4 6 1 2 3 4 5 6−1−2−3−4 y x y = f(x) (a) Sem efectuar ca´lculos, justifique que f(x) na˜o e´ diferencia´vel no ponto de abcissa x = −1. (b) Seja h(x) = ex− 1, x ∈ IR. Determine a expressa˜o que define f(x), x ∈ IR, sabendo que f(x) = h−1(x), x ≥ 2. (c) Com base no gra´fico de f(x), indique a soluc¸a˜o da inequac¸a˜o x · f(x) < 0. (d) i. Sem efectuar ca´lculos, indique, justificando, qual o valor do declive da recta tan- gente ao gra´fico de f quando x = 0. ii. Prove que o ponto de abcissa x = 0 e´ o u´nico ponto do domı´nio de f onde o declive da recta tangente ao gra´fico tem o valor apurado na al´ınea anterior. (e) Mostre, na˜o efectuando ca´lculos, que a func¸a˜o g(x) = f(x) se x < −1 f(x)− 2 se −1 ≤ x < 2 f(x) se x ≥ 2 e´ cont´ınua em x = −1. 24
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