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www.hermespardini.com.br 1 TOXOPLASMOSE Detecção de DNA do Toxoplasma gondii 1. INTRODUÇ‹O Toxoplasma gondii é um protozoário parasita intracelular obrigatório de humanos e animais de sangue quente. Usualmente assintomática, a infecção é importante em imunocomprometidos, gestantes e naqueles com acometimento ocular. A transmissão pela via oral se dá pela ingestão de carne crua ou pouco cozida contendo cistos, ou pela ingestão acidental de água ou alimentos contendo oocistos. Outras vias de transmissão: transplacentária, hemotransfusão, e transplante de órgãos sólidos (1). A infecção adquirida em imunocompetentes é sintomática em apenas 10% dos pacientes, a maioria com linfonodopatia auto-limitada. Podem apresentar febre, urticária, hepatoesplenomegalia, rash máculo-papular e corioretinite (2,3). 2. IMPORT˜NCIA CL¸NICA Imunocompetentes com toxoplasmose ocular: é causa de 85% das uveítes posteriores no Brasil. Pode resultar de infecção congênita, sendo bilateral, ou decorrente de infecção recente, neste caso, unilateral (3). Imunodeprimidos: em geral é resultado da reativação, sendo fatal se não tratada. Acomete pacientes com SIDA, malignidades, em uso de corticóides, em quimioterapia, transplantados e aqueles com doenças do colágeno. A toxoplasmose encefálica é a principal manifestação na SIDA (1). Gestantes e Toxoplasmose congênita (TC): transmissão transplacentária ocorre na infecção materna recente. Em mães com infecção aguda não-tratada, infecção congênita ocorre na seguinte probabilidade: 10 trimestre 10-25%; 20 trimestre 30-54%; 30 trimestre: 60-65% (9). A infecção transplacentária no início da gestação é mais grave. Na TC, 85% das crianças infectadas são aparentemente normais, entretanto, se não tratadas, podem desenvolver seqüelas oculares e no sistema nervoso central (SNC) (4). 3. INDICAÇ›ES DA PCR A PCR (reação em cadeia da polimerase) é uma técnica baseada na amplificação do DNA do toxoplasma em fluidos e tecidos corporais. Paciente Imunodeprimido: estudo inicial deve incluir IgG. Caso negativo, deve ser repetido anualmente nestes pacientes, orientando-os quanto a prevenção. Pacientes com SIDA tendem a títulos baixos de IgG. O diagnóstico é definido pela detecção do parasita por PCR, no sangue total ou material de biópsia (6). Paciente com acometimento do SNC: pode ser realizada a PCR no líquor em casos de encefalite, caracterizada pela presença de múltiplas lesões no cérebro. Nestes casos, a sensibilidade é de 80% e a especificidade de 100% (1,6,10). Paciente com acometimento ocular: a conduta se baseia, na maioria das vezes, no exame oftalmológico. Em casos de fundoscopia atípica ou quando o tratamento não é eficaz, a PCR pode detectar T. gondii no humor aquoso e vítreo (3,7). Toxoplasmose congênita - diagnóstico pré-natal: atualmente, o diagnóstico de infecção fetal é realizado pela pesquisa do Toxoplasma no líquido amniótico pela técnica de PCR. A dosagem de IgM em amostras coletadas por punção do cordão umbilical, além de ser realizada somente a partir da 22ª semana de gestação, é pouco sensível, não detectando baixos níveis de IgM pelos métodos disponíveis. A PCR no líquido amniótico na 18ª semana de gestação tem valor preditivo positivo de 100% e valor preditivo negativo de 99,7% (5,8,9). Toxoplasmose congênita - diagnóstico pós-natal: o diagnóstico da infecção congênita em recém- nascidos é dificultado pela positividade da IgG, indicando transferência transplacentária de anticorpos maternos que permanecem positivos por cerca de 6 a 18 meses. A presença de IgM, que não tem passagem transplacentária, pode indicar infecção fetal, porém não é suficiente para www.hermespardini.com.br 2 se estabelecer o diagnóstico, visto que o feto pode produzir anticorpos IgM tardiamente e resultados falso-positivos podem ocorrer devido à transmissão passiva de IgM na rotura da placenta. Atualmente, o método de escolha para o diagnóstico de toxoplasmose congênita é a pesquisa de toxoplasma no sangue periférico do recém-nato ou do cordão umbilical pela técnica de PCR. A detecção de DNA do toxoplasma pela PCR pode ser realizada também no líquor e outros fluidos corporais (5,9). O quadro abaixo aborda as vantagens e limitações da PCR para Toxoplasma gondii: Vantagens da PCR Detecção rápida e direta do parasita nas amostras biológicas. Alta sensibilidade. Alta especificidade. Limitações da PCR: Reações falso-negativas podem ocorrer quando a quantidade de DNA está abaixo da sensibilidade de detecção do teste ou na presença de inibidores da PCR na amostra. O Instituto Hermes Pardini disponibiliza a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para o Toxoplasma gondii: Método: Nested PCR do gene B1 do Toxoplasma gondii. São realizadas duas PCRs, sendo que a segunda reação se dá em uma região interna à primeira, aumentando a sensibilidade desse procedimento. Amostra: Líquor: 0,5ml. Material de biópsia: 250mg de tecido (congelar imediatamente após a coleta). Líquido amniótico: 2 a 10 ml. Sangue total colhido em EDTA: Crianças: 2 ml; Adultos: 5 ml. Condições de envio: Colher em tubo ou frasco estéreis. Líquor e líquido amniótico – refrigerar overnight. Tecidos – enviar em gelo seco. Sangue total – em temperatura ambiente. 4. BIBLIOGRAFIA 1. Lynfield R, Guerina NG. Toxoplasmosis. Pediatrics in Reviews. 1997; 18:1-22. 2. Guimaraes AC, Kawarrabayashi M, Borges MM, Tolezano JE, Andrade Jr TF. Regional variation in toxoplasmosis seronegativity in the São Paulo metropolitan region. Rev Inst Med Trop São Paulo. 1993; 35: 479-83. 3. Glasner PD, Silveira C, Kruszoon-Moran D. An unusual high prevalence of ocular toxoplasmosis in Southern Brazil. Am. J. Ophthal. 1992: 114: 136-144. 4. Dunn D, Waalon M, Peyron F, Petersen E, Peckham C, Gilbert R, et al. The mother-to- child transmission rate of treated toxoplasmosis in pregnancy increased with gestational age. Evidence based Obstetrics and Gynecology. 2000; 2; 37-38. 5. Naessens A, Jenun PA, Decoster A, Lappalainen M, Villena I. Diagnosis of congenital toxoplasmosis in the neonatal period: a multicenter evaluation. J Pediatrics. 1999; 135: 100-110. 6. Sax PE. Opportunistic infections in HIV disease: down but not out. Infectious Disease Clinics of North America. 2001;15. 7. Montoya JG, Parmley S, Liesenfield. Use of the polymerase chain reaction for diagnosis of ocular toxoplasmosis. Ophtalmology, 1997; 106: 1554-63. 8. Hohlfeld P, Daffos F, Costa JM, Thulliez P, Forestier F, Vidaud M. Prenatal diagnosis of congenital toxoplasmosis with a polimerase- chain-reaction test on amniotic fluiid. New Eng J. Med. 1994; 331: 695-699. 9. Foulon W, Pinon JM, Stray-Pedersen B, Pollak A, Lappalainen M, et al. Pre-natal diagnosis of congenital toxoplasmosis: a multicentric evaluation of different diagnostic parameters. Am J Obst Gyn. 1999; 181: 843-7. 10. Duppon, M et al. Detection of Toxoplasma gondii by PCR in the cerebrospinal fluid of AIDS patient. J Clin Microbiol 1995; 33:2421-2426.
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