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apostila mauro 2014

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SUMÁRIO 
 
1. A Conquista e Colonização da América ................................................................... 02 
 1.1 Sessão Leitura – As Caravelas Portuguesas ................................................... 06 
 1.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 07 
 
2. O Brasil Colonial ......................................................................................................... 10 
 2.1 Sessão Leitura – O Julgamento e a Sentença de Tiradentes ......................... 17 
2.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 18 
 
3. A Independência do Brasil ......................................................................................... 22 
 3.1 Sessão Leitura – A Vida Privada de D.João VI ................................................ 28 
 3.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 28 
 
4. O Primeiro Reinado .................................................................................................... 31 
 4.1 Sessão Leitura – Do Poder Moderador ........................................................... 34 
4.2 Exercícios de Fixação ..................................................................................... 35 
 
5. O Período Regencial ................................................................................................... 36 
 5.1 Sessão Leitura – A Estadia de Giuseppe Garibaldi no Brasil .......................... 41 
 5.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 43 
 
6. O Segundo Reinado ................................................................................................... 45 
 6.1 Sessão Leitura – A Lei Áurea .......................................................................... 53 
 6.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 54 
 
7. As Emancipações das Colônias da América Espanhola ........................................ 56 
 7.1 Sessão Leitura – Bartolomé de Las Casas ...................................................... 61 
 7.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 63 
 
8. A Independência dos Estados Unidos da América ................................................. 67 
8.1 Sessão Leitura – Pocahontas ......................................................................... 70 
8.2 Exercícios de Fixação...................................................................................... 74 
 
Pintou no ENEM .............................................................................................................. 75 
 
Referências ...................................................................................................................... 82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 01 
 
A CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA 
AMÉRICA 
 
 
Mercantilismo: Conjunto de medidas ou 
“práticas econômicas” do período de transição do 
feudalismo para o capitalismo, caracterizado 
principalmente pela intervenção do Estado na 
Economia, mas também: Metalismo; Balança 
comercial favorável; Incentivo a manufaturas; 
Incentivo a construção naval; Protecionismo 
alfandegário; Colonialismo; Pacto colonial. 
 
A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA 
 
A crise do século XIV também alcançou a 
Península Ibérica, diminuindo a população, 
provocando o êxodo para as cidades e revoltas 
camponesas. Além disso, os metais preciosos 
com que se cunhavam moedas tornavam-se cada 
vez mais escassos. No caso de Portugal a crise 
foi contornada com o processo de Expansão 
Marítima, onde as atividades comerciais já 
representavam um fator importante na economia 
da região. Essa expansão comercial marítima 
tinha duplo interesse: A Burguesia Mercantil que 
teria mais lucros e prestígio social e ao Rei que 
teria mais terras poderes e riquezas. 
Portugal foi o primeiro país europeu a 
lançar-se no processo de expansão marítima, 
sendo que isso não ocorreu por acaso, Portugal 
possuía algumas vantagens que o favoreceram 
no período como uma posição geográfica 
favorável, uma burguesia mercantil acostumada 
com o comercio marítimo e a ausência de guerras 
em seu território. Fatores que contribuíram para o 
desenvolvimento das escolas de navegação mais 
avançadas da época como a Escola de Sagres 
em 1446. 
O marco inicial da expansão ultramarina 
portuguesa foi a conquista de Ceuta (1415), 
situada na costa marroquina, importante 
comercial e estrategicamente para a expansão 
árabe, simbolizava o poderio muçulmano. Como 
desta região saíam expedições piratas árabes, a 
conquista foi justificada por Portugal como sendo 
uma reação Cristã aos ataques Muçulmanos. 
Entretanto, a burguesia lusitana saiu 
frustrada em seus objetivos. A intenção era 
interceptar as caravanas de ouro, marfim, 
pimenta e escravos que faziam paradas em 
Ceuta. Mas foram tantos os assassinatos, roubos, 
depredações, que os árabes caravaneiros 
partiram para outras rotas que os livrassem dos 
cristãos portugueses. Essa foi a razão pela qual 
Portugal passou a buscar caminhos para chegar 
diretamente às fontes de mercadorias orientais. 
Em 1454, com a conquista de Constantinopla 
pelos turcos tornou-se ainda mais importante 
alcançar as Índias por mar. 
A aventura marinha portuguesa foi 
chamada de Périplo Africano, já que pretendia 
alcançar as Índias contornando a costa da África, 
o que foi realizado no decorrer do século XV. A 
medida que atingiam novas regiões, criavam-se 
feitorias (pontos no litoral onde construíam fortes, 
e ali permaneciam alguns homens que realizavam 
trocas com os nativos) sem projeto de 
colonização ou organização de produção 
agrícola, buscando-se apenas o lucro advindo de 
negociação de produtos da região conquistada. 
Na segunda década do séc. XV, as Ilhas 
Atlânticas dos arquipélagos de Açores, Madeira e 
Cabo Verde foram ocupadas por Portugal. Em 
1434, os portugueses chegaram ao Cabo 
Bojador. O líder ad expedição, Gil Eanes, 
constatou então a existência de um oceano de 
fácil navegação ao sul. Em 1460, já se realizava 
um lucrativo comércio de escravos, desde 
Senegal até Serra Leoa. Dois anos mais tarde 
Pedro Sintra descobria o cobiçado ouro de Guiné. 
Em 1488 foi transposto o Cabo da Boa 
esperança. Comandados por Bartolomeu Dias, os 
portugueses ultrapassaram o turbulento mar da 
região, e cruzaram o extremo sul africano e 
chegaram ao Oceano Índico. A partir de então, foi 
aprendida uma nova rota extremamente ousada e 
perigosa que apesar de tudo, poderia ser 
extremamente lucrativa para Portugal. 
Em 1498, Vasco da Gama completou a 
epopeia marítima portuguesa aportando em 
Calicute, nas Índias. Para se ter uma ideia da 
importância e lucratividade do acontecimento, 
basta mencionar que os navios de Vasco da 
Gama trouxeram, em apenas uma viagem, o que 
os venezianos conseguiam transportar por terra 
durante um ano. 
No final do século XV, Portugal detinha a 
exclusividade da rota atlântica das especiarias e 
dos artigos de luxo – o mais importante setor do 
comércio internacional. 
 
 
A ESPANHA E O DESCOBRIMENTO DA 
AMÉRICA: 
 
Convém lembrar, mais uma vez, a 
conexão que existiu entre a centralização política 
e a expansão comercial. Assim, a medida que 
outros reinos se unificavam, laçavam-se também 
para a expansão marítima 
Concomitantemente a expansão portuguesa que 
ia desvendando os segredos dos mares e 
ampliando o seu comércio junto às regiões da 
4costa africana, a Espanha ainda via-se envolvida 
em conflitos bélicos pela expulsão dos mouros 
que ainda ocupavam parte de seu território. Vale 
lembra também, que a Espanha, por exemplo, 
conseguiu a sua unificação política com o 
casamento de dois reis católicos: Fernando de 
Aragão e Isabel de Castela (1469). A partir daí, 
eles intensificaram o movimento da Reconquista, 
expulsando definitivamente os mouros em 1942 e 
conseguindo assim unificar seu território. 
Com a expulsão dos mouros e a 
necessidade de uma rota comercial marítima até 
as índias, os Reis Fernando e Isabel decidiram 
patrocinar uma expedição de um navegador que 
anunciado um audacioso plano de atingir as 
Índias que havia sido rejeitado por Portugal que já 
estava envolvido em seus próprios planos: 
Cristóvão Colombo. 
No mesmo ano os reis católicos iniciaram 
a expansão ultramarina espanhola, financiando 
uma expedição que comandada por Cristóvão 
Colombo , pretendia chegar as Índias navegando 
pelo Ocidente. Aconteceu que Colombo acabou 
“encontrando” um novo continente e mudando de 
uma vez por todas o cenário europeu a partir dali: 
a América. 
 
 
A BULA INTERCOETERA E O TRATADO DE 
TORDESILHAS: 
 
Diante da “descoberta” do novo mundo, 
os Reis de Portugal e Espanha, apressaram-se 
em assegurar domínios e direitos sobre as novas 
terras – a Espanha pelo direito da descoberta e 
Portugal se valendo pelo tratado assinado entre 
as duas nações em 1480 (Tratado de 
Alcaçovas-Toledo) em que asseguravam a 
divisão sobre qualquer terra que viesse a ser 
descoberta no ultramar. Na eminência de uma 
guerra entre Portugal e Espanha, buscou-se a 
intervenção papal (Papa Alexandre VI, espanhol), 
que estabeleceu uma linha imaginária a 100 
léguas Cabo Verde onde a porção territorial a 
oeste da linha pertenceria à Espanha, e a porção 
leste pertenceria a Portugal. (Bula Inter Coetera 
1493). Caso esta bula fosse efetivamente 
acatada, a Espanha teria assegurado o pleno 
domínio sobre as terras americanas, restando a 
Portugal somente a posse das terras da África.
 Insatisfeito e inconformado com a divisão, 
Portugal ameaçou valer-se da força para decidir a 
questão, e antes que se despontasse um 
confronto armado, um novo acordo firmado entre 
os dois países, estabeleceu uma nova linha a 370 
léguas de Cabo Verde (Tratado de Tordesilhas 
1494). 
Esse acordo, ao mesmo tempo em que 
se reafirmou a supremacia desses países no 
século XV, reconhecendo o pioneirismo Ibérico na 
expansão, o tratado foi contestado pelas demais 
nações como França e Inglaterra que não o 
reconheceram. Contudo esse não 
reconhecimento só gerou consequências no 
século seguinte, quando se estabeleceu uma 
intensa concorrência entre os países europeus 
pelo domínio dos mercados ultramarinos. 
 
 
A DESCOBERTA DO BRASIL E O SEU 
SIGNIFICADO PARA PORTUGAL: 
 
Vasco da Gama, pela primeira vez, 
conseguira por via marítima, atingir os centros 
abastecedores dos ricos produtos Asiáticos: as 
Índias. Quando de seu regresso (1499), aportou 
em Lisboa com sua esquadra abarrotada de 
porcelanas, sedas, condimentos e tapetes, que 
comercializados garantiriam enormes lucros para 
Estado e a Burguesia Mercantil. 
Logo em seguida, foi organizada uma 
nova armada para estabelecer o domínio 
português sobre as Índias, e seu comando foi 
entregue a Pedro Álvares Cabral. 
Contudo, a descoberta da América pelos 
espanhóis, o Tratado de Tordesilhas, que 
reconhecia os direitos portugueses sobre uma 
parte das terras ocidentais, além do fato de Vasco 
da Gama, - segundo registra seu Diário de 
Viagem - “ter percebido sinais seguros de 
existência de terras a oeste de sua rota”, nos leva 
a crer que Cabral tenha recebido instruções para 
verificar a exatidão das informações, e em caso 
positivo tomar posse das terras. 
Assim, em meio a vigem às índias, o 
Brasil foi “descoberto” em 22 de abril de 1500. 
Após uma semana explorando a nova terra a 
esquadra seguiu viagem para saber afinal, quais 
seriam as riquezas que ela encontraria nas 
profundezas de suas matas. 
A única parte desta história que Vasco 
não menciona em seu diário é que em 1498, o 
então Rei de Portugal D. Manoel I enviou o 
navegador Duarte Pacheco em uma expedição 
sigilosa à costa da América para mapear a parte 
que caberia a Portugal pelo Tratado de 
Tordesilhas. Duarte Pacheco chegou 
aproximadamente pela costa do Maranhão e 
navegou em direção ao interior do território 
chegando até a foz do Rio Amazonas retornando 
para Portugal em seguida. Interessante, não? 
A “descoberta” aparentemente não 
apresentou nenhum atrativo, nenhum produto de 
fácil obtenção que pudesse interessar de imediato 
aos portugueses, cuja preocupação era o lucro 
comercial. Somente encontraram um povo 
estranho, incapaz de entender os recém 
chegados, que fiéis aos interesses mercantilistas 
que dominavam a época, ansiavam por notícias 
sobre a existência ou não de ouro. 
Assim, a Terra de Santa Cruz, vista pela 
ótica dos interesses mercantilistas portugueses, 
5 
 
 
 
ao findar o século XV, apareceu mais como um 
obstáculo do que propriamente como uma 
conquista vantajosa para o Reino e para os 
setores mercantis a ele vinculados. 
Todas as forças ativas do Reino estavam 
concentradas em torno do comércio oriental, 
cujos centros abastecedores haviam sido 
monopolizados pelo Estado Português. 
 
 
Os Mecanismos do Sistema 
Colonial Mercantilista 
A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O PACTO 
COLONIAL 
 
Como diversos países europeus 
procuravam acumular metais, bem como proteger 
seus produtos em busca de uma balança de 
comércio favorável, ocorreu que a política 
mercantilista de um país entrava diretamente em 
choque com a de outro, igualmente mercantilista. 
Em outras palavras, os objetivos mercantilistas de 
um eram anulados pelos esforços do outro e o 
cenário se tornava conflituante. 
Percebendo o problema, os condutores 
do mercantilismo concluíram que a solução seria 
cada país mercantilista dominar áreas 
determinadas, dentro das quais pudesse ter 
vantagens econômicas declaradas nestas áreas, 
os monopólios. Surgiram, então, com grande 
força, as idéias colonialistas. Seu objetivo básico 
era a criação de um mercado e de uma área de 
produção colonial inteiramente controladas pela 
metrópole. 
A partir dessas idéias, foi montado o 
sistema de exploração colonial, que marcou a 
conquista e a colonização de toda a América 
Latina, incluindo o Brasil. Os conceitos basicos 
desse sistema eram os seguintes: 
 Metrópole: Era a nomeação dada 
à nação que dominava a colônia e caberia à ela 
todas as decisões mais importante de suas 
colônias. 
 
 Colônia: Unidade territorial 
dominada pela metrópole cuja função seria a 
geração de riquezas para a primeira. Estas 
riquezas poderiam ser advindas diretamente da 
extração de metais preciosos (o metalismo) ou da 
exportação de matérias primas para a metrópole 
a qual a dominava. 
 
Por muito tempo se imperou na 
historiografia os conceitos de colônia de 
exploração e colônia de povoamento se 
referindo a dois modelos coloniais distintos onde 
para o primeiro a única finalidade da colônia seria 
produzir riquezas pela metrópole até ser esgotada 
sem que nenhuma parcela destas riquezas 
fossem investidas no desenvolvimento e na 
segundo modelo, o de povoamento, o quadro 
fosse diferente, referindo-se a um tipo de colônia 
onde seus moradores tinham como objetivo 
principal o desenvolvimento da colônia e não a 
exploração da mesma. Estes conceitos,porém, 
atualmente são considerados ultrapassados 
tendo em vista que o mais adequado seriam 
posturas ambíguas em quase todas experiências 
coloniais de que se tem registro uma vez que 
dificilmente se consegue explorar as riquezas de 
um território sem estabelecer uma infraestruturaadequada para tal atividade, e, por outro lado, é 
igualmente inviável o investimento em uma 
infraestrutura que seja estritamente para 
promover o bem estar dos colonos e da 
sociedade se esta não for repor os gastos para 
fazê-lo. 
Então, podemos concluir que em verdade 
as colônias apresentavam tanto um viés de 
exploração quanto de povoamento, até mesmo 
nos casos mais clássicos como o brasileiro, 
sempre relacionado ao tipo de colônia de 
exploração, porém, conforme veremos a seguir, a 
partir de 1530, os portugueses desenvolveram um 
projeto de administração e desenvolvimento de 
suas colônias aqui no Brasil que seria invejável a 
qualquer “colônia de povoamento”. 
 
A funcionalidade das colônias estavam 
orientadas sob um conjunto de normas, tratados, 
determinações e ordenações régias estabelecidos 
pela metrópoles que visavam regular como seria 
feito o comércio entre os colonos interessados na 
empresa da colonização e a metrópole a qual a 
colônia pertencia. A este conjunto foi dado o 
nome de Pacto Colonial e suas leis tinham como 
orientação a formação de um quadro onde de um 
lado a Colônia importaria os bens manufaturados 
ou escravos (no caso do Brasil) de sua Metrópole 
e que seriam consumidos por uma elite colonial; e 
do outro lado, a Colônia exportaria para a 
Metrópole os produtos agrícolas ou os metais 
preciosos que fossem nela explorados para que 
no fim, estas riquezas terminassem nos cofres do 
rei deixando, é claro, parte nas mãos da 
burguesia mercantilista que adquiria seus lucros 
no processo. 
Para que este sistema funcionasse 
perfeitamente, a metrópole detinha o monopólio 
sobre suas colônias impossibilitando a elite 
colonial de comercializar com qualquer outra 
nação. A maior parte dos lucros neste sistema 
terminavam nos cofres dos soberanos das 
nações que neste momento, pela característica 
patrimonial da sociedade, misturavam as contas 
de seus reinos com suas finanças pessoas não 
havendo diferença entre as contas da nação e as 
contas do monarca. Em suma, todo patrimônio e 
6 
 
 
 
riqueza da nação era na verdade patrimônio e 
riqueza pessoal do rei. 
 
 
A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA 
 
Á semelhança da França, a Inglaterra do 
século XVI foi abalada por lutas constantes entre 
diferentes facções religiosas surgidas com a 
Reforma Protestante, as quais tentavam se firmar 
no panorama político. No plano econômico, o 
desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, 
não mais para subsistência, mas com vistas ao 
mercado externo, provocou o fenômeno de 
concentração da renda e das propriedades. Os 
pequenos proprietários ingleses, perdendo suas 
terras para os latifundiários, passaram a 
engrossar a massa sem qualquer posse e sem 
alternativas de atividade lucrativa. 
Tais fatos geraram um clima de 
instabilidade social que ameaçava a consolidação 
da monarquia nacional, recém-estruturada. Dessa 
forma, a emigração em massa para as terras 
americanas, durante a época dos Stuart (século 
XVII), apresentou-se como uma solução, não só 
para o governo, mas também para cada um 
desses grupos frente à possibilidade de liberdade 
e enriquecimento. Na região sul dos Estados 
Unidos, devido às condições geográficas 
favoráveis, estabeleceram-se centros produtores 
de gêneros tropicais para exportação (tabaco, 
arroz, anil), baseados no regime de grandes 
propriedades monocultoras escravistas, aplicando 
as determinações do pacto colonial. 
Nos núcleos setentrionais, devido à 
semelhança de clima com a Europa, a metrópole 
inglesa não encontrou bens que pudessem 
alcançar valor comercial no mercado externo. Isto 
proporcionou a essas regiões a oportunidade de 
um desenvolvimento econômico autônomo, 
baseado na produção de alimentos em pequenas 
propriedades, nas indústrias extrativas e 
manufatureira, sempre com a predominância do 
trabalho livre e assalariado. Assim, foi-se criando 
um excedente que propiciou o desenvolvimento 
do mercado interno, articulando as áreas 
interioranas, produtoras de alimentos, com os 
centros urbanos e zonas pesqueiras do litoral. 
Essa movimentação comercial permitiu o 
acúmulo de capitais dentro da colônia e o 
surgimento de uma burguesia local, interessada 
em expandir suas atividades. Com efeito, os 
norte-americanos com o passar do tempo 
conseguiram atuar no comércio externo, através 
do chamado comércio triangular, estabelecendo 
contatos entre as áreas antilhanas (produtoras de 
açúcar e melaço), a África (fornecedora de 
escravos) e a América (produtora de cereais, 
madeira, peles, peixe seco e produtos 
manufaturados, principalmente o rum). Isto só foi 
possivel, porém, graças a postura de negligência 
de relação da Inglaterra com suas colônias que 
em muitos casos, não fazia-se cumprir o Pacto 
Colonial. 
 
 
Sessão Leitura – As Caravelas 
Portuguesas 
 
A caravela é um tipo de embarcação 
criada pelos portugueses, usada por eles e 
também pelos espanhóis durante a Era dos 
Descobrimentos, nos séculos XV e XVI. 
A caravela foi aperfeiçoada durante os 
séculos XV e XVI. Tinha inicialmente pouco mais 
de 20 tripulantes. Era uma embarcação rápida, de 
fácil manobra, capaz de bolinar e que, em caso 
de necessidade, podia ser movida a remos. Com 
cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca 
(largura) e 3 m de calado deslocava cerca de 
50 toneladas, tinha 2 ou 3 mastros, convés único 
e popa sobrelevada. As velas 
latinas (triangulares) permitiam-lhe bolinar 
(navegar em zigue-zague contra o vento). Gil 
Eanes utilizou um barco de vela redonda, mas 
seria numa caravela (tipo carraca) 
que Bartolomeu Dias dobraria o Cabo da Boa 
Esperança em 1488. É de salientar que a 
caravela é um desenvolvimento dos portugueses. 
Se bem que a caravela latina se tenha 
revelado muito eficiente quando utilizada em 
mares de ventos inconstantes, como o 
Mediterrâneo, devido às suas velas triangulares, 
com as viagens às Índias, com ventos mais 
calmos, tal não era uma vantagem, já que se 
mostrava mais lenta que na variação de velas 
redondas. A necessidade de maior 
tripulação, armamentos, espaço para mercadorias 
fez com que fosse substituída por navios maiores. 
 
 
7 
 
 
 
(Caravela Vera Cruz, réplica das Caravelas utilizadas pelos 
portugueses, construída em 2000) 
 
 
Exercícios sobre a Expansão 
Marítima 
 
1 - (Fuvest-SP) Sobre o Tratado de 
Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, 
pode-se afirmar que objetivava: 
 
a) demarcar os direitos de exploração dos 
países ibéricos, tendo como elemento propulsor o 
desenvolvimento da expansão comercial 
marítima. 
b) estimular a consolidação do reino 
português, por meio da exploração das 
especiarias africanas e da formação do exército 
nacional. 
c) impor a reserva de mercado 
metropolitano, por meio da criação de um sistema 
de monopólios que atingia todas as riquezas 
coloniais. 
d) reconhecer a transferência do eixo do 
comércio mundial do Mediterrâneo para o 
Atlântico, depois das expedições de Vasco da 
Gama às Índias. 
e) reconhecer a hegemonia anglo-
francesa sobre a exploração colonial após a 
destruição da invencível Armada de Filipe II, da 
Espanha. 
 
 
2 - (MACKENZE) A expansão marítima 
européia dos séculos XV e XVI permitiu: 
 
a) A formação de domínios coloniais 
que dinamizaram o comércio europeu. 
b) O crescimento do comércio de 
especiarias pelas rotas do Mediterrâneo. 
c) A implantação de impérios coloniais 
na Ásia, para extração de metais preciosos. 
d) O fortalecimento do feudalismo e da 
servidão na Europa Ocidental. 
e) A colonização do tipo mercantilista, 
sem a interferência do Estado e da Igreja. 
 
 
3 - (PUC-MG) O Tratado de Tordesilhas 
representa: 
a)A tomada de posse do Brasil pelos 
portugueses. 
b) O declínio do expansionismo 
espanhol. 
c) O fim da rivalidade hispano-
portuguesa na América. 
d) O marco inicial no processo da 
partilha colonial. 
e) O início da colonização do Brasil. 
 
 
4 - (PUC-MG) o fator que contribui para a 
grande expansão marítima: 
 
a) A estabilidade econômica da Idade 
Média. 
b) A organização das corporações de 
ofício. 
c) O advento das monarquias 
nacionais. 
d) O desenvolvimento do comércio 
continental europeu. 
e) O enriquecimento da nobreza feudal. 
 
 
5 - (LJFPE) Portugal e Espanha foram no 
século XV as nações modernas da Europa, 
portanto pioneiras nos grandes descobrimentos 
marítimos. Identifique as realizações portuguesas 
e as espanholas, no que diz respeito a esses 
descobrimentos. 
1 - Os espanhóis, navegando para o 
Ocidente, descobriram, em 1492, as terras do 
Canadá. 
2 - Os portugueses chegara ao Cabo das 
Tormentas, na África, em 1488. 
3 - Os portugueses completaram o 
caminho para as índias, navegando para o 
Oriente, em 1498. 
4-A coroa espanhola foi responsável pela 
primeira circunavegação da Terra iniciada em 
1519, por Fernão de Magalhães. Sebastião El 
Cano chegou de volta à Espanha em 1522. 
5 – Os portugueses chegaram às Antilhas 
em 1492, confundindo o Continente Americano 
com as Índias. 
 
Estão corretas apenas os itens: 
 
a) 2, 3 e 4; 
b) 1, 2 e 3 
c) 3, 4 e 5 
d) 1, 3 e 4 
e) 2, 4 e 5 
 
 
6 - (UNIMONTES) A respeito da 
expansão marítimo-comercial dos séculos XV e 
XVI é incorreto afirmar que: 
 
a)o eixo comercial deslocou-se do 
Mediterrâneo para o Atlântico. 
b)O afluxo de metais preciosos para a 
Europa provocou uma sensível baixa de preços. 
c) concorreu para a acumulação primitiva 
de capital, preparando o caminho para a 
Revolução Industrial. 
d)a empresa comercial foi dirigida pelo 
Estado monárquico absolutista. 
e) favoreceu a criação de grandes 
companhias para garantir um comércio mais 
seguro e lucrativo. 
8 
 
 
 
 
 
7 - (GABARITO) Todas as alternativas 
relacionam corretamente os acontecimentos e 
fenômenos importantes para a formação do 
Mundo Moderno, EXCETO: 
 
a) Renascimento Comercial e Urbano 
na Baixa Idade Média / Formação da Burguesia. 
b) Expansão Marítima Européia/ 
Constituição dos Impérios Coloniais Americanos. 
c) Monarquia Absolutista / Participação 
da Burguesia do poder Político. 
d) Mercantilismo / Acumulação de Capital 
pelas Classes Burguesas. 
e) Renascimento Cultural / Elaboração de 
uma Concepção Individualista. 
 
 
8 - (Diamantina) O famoso “Testamento 
de Adão”, ao qual o soberano francês se referia 
para reivindicar para o seu país a participação no 
processo expansionista ultramarino europeu, tem 
origem: 
a) na superioridade da marinha francesa, 
no século dezesseis, sobre a frota naval dos 
países atlânticos da Europa. 
b) na concessão feita, pelo Papa 
Alexandre VI, de terras na África e na Ásia para a 
exploração da Espanha. 
c) na assinatura do Tratado de 
Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, que 
“dividia” o mundo entre os países da Península 
Ibérica. 
d) na participação da França, junto aos 
demais países católicos europeus, na expulsão 
dos muçulmanos da bacia do Mediterrâneo, na 
época das Cruzadas. 
e) na existência de um pretenso 
documento que dava às nações da Europa o 
direito de dominar e explorar as áreas 
subdesenvolvidas da África e da América. 
 
 
9 - (PUC - MG) A descoberta da América, 
em 1492, por Colombo, em nome dos reis 
espanhóis, constitui um importante fator de 
superação da crise que atinge a Europa Ocidental 
nos séculos XIV - XV, pois: 
 
a) absorve o excedente populacional 
dos países europeus, através da criação de 
colônias de povoamento. 
b) neutraliza os conflitos entre as 
potencias européias, concentradas no processo 
de colonização do novo continente. 
c) amplia as reservas de metais 
preciosos, possibilitando maior circulação de 
moedas e acumulação de capitais. 
d) promove o processo de partilha da 
África. como fornecedora de mio-de-obra escrava, 
entre as potencias européias. 
e) estimula a produção agrícola na 
Europa pura atender à demanda da população do 
novo continente. 
 
 
10 - (CESGRANRIO) Foram inúmeras as 
conseqüências da expansão ultramarina dos 
europeus, gerando uma radical transformação no 
panorama da história da humanidade. Sobressai 
como UMA importante conseqüência: 
 
a) A constituição de impérios coloniais 
embasados pelo espírito mercantilista. 
b) a manutenção do eixo econômico do 
Mar Mediterrâneo com acesso fácil ao Oceano 
Atlântico. 
c) a dependência do comércio com o 
Oriente, fornecedor de produtos de luxo como 
sândalo, porcelanas e pedras preciosas. 
d) o pioneirismo de Portugal, explicado 
pela posição geográfica favorável 
e) a manutenção dos níveis de afluxo 
de metais preciosos para a Europa. 
 
 
11 - O mar foi, durante muito tempo, o 
lugar do medo. Diz um ditado holandês do início 
da Idade Moderna: 
“Mais vale estar na charneca com uma 
velha carroça do que no mar num navio novo.” 
Todas as alternativas contem elementos 
responsáveis pelo medo que o homem do início 
da Idade Moderna tinha do mar,EXCETO: 
 
a) Convicção de monstros marinhos e 
de cidades submersas, responsáveis pelos 
constantes naufrágios. 
b) A firme crença de que o mar fora o 
caminho pelo qual a Peste Negra chegou à 
Europa. 
c) A proibição, pela Igreja, de 
incursões no Mar Oceano com base nas palavras 
de Gênesis. 
d) As advertências contidas nas 
epopéias e nos relatos de viagens dos perigos do 
Mar Oceano. 
e)As invasões dos muçulmanos e 
berberes na Península Ibérica, possibilitadas 
pelas viagens marítimas. 
 
 
 
 
12 - O Tratado de Tordesilhas, assinado 
em 1494: 
 
a) Foi elaborado segundo os mais 
modernos conhecimentos cartográficos baseados 
na teoria do geógrafo e astrônomo grego 
Ptolomeu. 
9 
 
 
 
b) Foi respeitado pelos portugueses até 
o século XVIII, quando novas negociações 
resultaram no Tratado de Madri. 
c) Nasceu de uma atitude inovadora 
na época: a de resolver problemas políticos entre 
nações concorrentes pela via diplomática. 
d) Resultou da ação dos monarcas 
espanhóis que resistiam à adoção da Bula 
Intercoetera, contrária aos seus interesses. 
e) Surgiu da necessidade de definir a 
possessão do território brasileiro dIsputado por 
Portugal e Espanha. 
 
 
13 (UFMG – 2000) Leia o texto. 
"E aproximava-se o tempo da chegada 
das notícias de Portugal sobre a vinda das suas 
caravelas, e esperava-se essa notícia com muito 
medo e apreensão; e por causa disso não havia 
transações, nem de um ducado [...] Na feira 
alemã de Veneza não há muitos negócios. E isto 
porque os Alemães não querem comprar pelos 
altos preços correntes, e os mercadores 
venezianos não querem baixar os preços[...] E na 
verdade são as trocas tão poucas como se não 
poderia prever." 
Diário dum mercador veneziano, 1508. 
 
O quadro descrito nesse texto pode ser 
relacionado à: 
 
a) comercialização das drogas do sertão 
e produtos tropicais da colônia do Brasil. 
b) distribuição, na Europa, da produção 
açucareira do Nordeste brasileiro. 
c) importação pelos portugueses das 
especiarias das Índias Orientais. 
d) participação dos portugueses no tráfico 
de escravos da Guiné e de Moçambique. 
 
 
14 - (PUC-MG- 1998) Há 500 anos 
(1498), Vasco da Gama chegava às Índias. Essa 
conquista é significativa porque: 
 
a) eleva Portugal à alta categoriade 
potência política. 
b) liquida o comércio marítimo no 
Mediterrâneo. 
c) abre uma nova rota para o comércio 
marítimo. 
d) inaugura a “era portuguesa” no Oceano 
Atlântico. 
e) populariza o uso das especiarias na 
Europa. 
 
GABARITO DAS QUESTÕES DE EXPANSÃO 
MARÍTIMA: 1 – A / 2 – A / 3 – D / 4 – C / 5 – A / 6 
– B / 7 – C / 8 – C / 9 – C / 10 – A / 11 – C / 12 – 
C / 13 – C / 14 – C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
CAPÍTULO 02 
 
O BRASIL COLONIAL 
 
O PERÍODO PRÉ-COLONIAL: (1500 a 
1530) 
 
ANTECEDENTES: 
 
As três décadas iniciais da História do 
Brasil, bem como da trajetória do processo 
colonizador português para as novas terras 
“descobertas” apresentam características 
distintas no que se refere ao tratamento dado a 
uma nova possessão territorial. 
Não podemos esquecer que o processo 
de Expansão Marítima foi motivado e orientado 
pelo modelo econômico Mercantilista, apoiado 
sobre pilares arguidos graças a alianças político-
econômicas entre a figura do Rei fortalecido e 
centralizador, e dos ambiciosos Burgueses 
comerciantes. 
O modelo expansionista vai buscar 
retorno rápido do investimento inicial, e segundo 
os preceitos mercantilistas isso significava 
encontrar logo no primeiro momento: metais 
preciosos (movimento conhecido como 
metalismo); ou o estabelecimento de praças 
comerciais de onde fosse possível a obtenção de 
grandes lucros através do monopólio sobre 
determinados produtos produzidos naquela região 
(como no caso posterior do açúcar aqui mesmo 
no Brasil) ou comprados para a revenda no 
mercado europeu através de uma balança 
comercial favorável (como a pimenta do reino 
comprada na Índia e vendida na Europa). 
Inicialmente o Brasil não vai apresentar 
nenhuma dessas características, e associado às 
prosperidades com que os comerciantes 
portugueses aumentavam sua lucratividade com 
o comércio oriental, a terra recém-conquistada 
ficará relegada a um segundo plano entre o 
período de 1500 a 1530. 
 
 
O RELATIVO ABANDONO: 
 
O Brasil diferente do oriente, não 
apresentava nenhum atrativo do ponto de vista 
comercial: sem metais preciosos, sem mercado 
consumidor, sem produção agrícola passível de 
exploração – ao menos neste primeiro momento. 
A Coroa portuguesa enviou várias 
expedições que buscavam realizar um 
reconhecimento da costa brasileira. Em 1501 
Gaspar Lemos foi responsável pelo batismo de 
várias regiões (Cabo de São Tomé; São Vicente; 
Cabo Frio) e nessa expedição viajou também o 
florentino Américo Vespúcio que chegou a 
declarar ao governante de Florença que não 
encontrou nada de aproveitável nesta terra. Na 
verdade a existência de pau-brasil foi à única 
atividade pensada como possível de realização 
de uma atividade econômica. 
Vai ser na atividade extrativista de 
madeira realizada sob o regime de utilização do 
trabalho indígena (escambo), sendo o comércio 
uma exclusividade da Coroa Lusitana (Monopólio 
Régio). 
O termo “relativo abandono” deve-se ao 
fato de que não houve a implementação de um 
projeto efetivo de ocupação de terras por parte de 
Portugal. Contudo a atividade extrativista foi 
consentida a arrendatários (iniciativa particular de 
ocupação da terra, sem financiamento da Coroa) 
que tinham a missão de não só explorar a 
madeira, como também realizar defesa do 
território contra ataques indígenas e invasões 
estrangeiras, estabelecimento de acampamentos 
litorâneos (feitorias) para armazenagem e 
comercialização da madeira extraída, além do 
pagamento do imposto real (Quinto). 
 
 
A DECADÊNCIA DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL 
 
A mudança do cenário da ocupação nas 
terras brasileiras vai mudar assim que a 
prosperidade do comércio oriental entrou em 
declínio e as invasões estrangeiras em território 
colonial brasileiro tornaram-se mais frequentes. 
Estas são basicamente as razões que justificam a 
colonização efetiva após 1530. Com o 
crescimento da presença estrangeira junto as 
costa brasileira, torna-se cada vez mais 
fundamental um sistema de proteção territorial 
mais eficaz. Para isso várias expedições são 
enviadas para combater os corsários e piratas, 
entretanto, sem atingir grandes resultados e o 
litoral continua a ser ameaçado necessitando de 
esforços maiores por parte da Coroa portuguesa. 
Apesar de conquistado em 1500, Portugal 
não se preocupou com o Brasil por mais de 30 
anos porque os investimentos metropolitanos 
estavam concentrados no comércio com o 
oriente. Ocorre que após 1530 os lucros com este 
comércio começaram a diminuir e o governo 
resolveu colonizara o Brasil plantando aqui cana 
de açúcar para ser vendida na Europa, contando 
com investimentos e financiamentos holandeses 
para tal empreitada. 
Para cá se deslocavam aventureiros, 
militares, administradores e até condenados que 
aceitassem o exílio ou degredo como pena 
alternativa. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
O PERÍODO COLONIAL 
BRASILEIRO: (1530 a 1822) 
 
Plantada inicialmente em São Vicente 
(fundada em 1532), a cana logo se espalhou pela 
colônia, cultivada utilizando-se de mão de obra 
compulsória primeiramente indígena para logo em 
seguida ser substituída pela mão de obra 
africana. 
Dentre as razões que se motivaram para 
esta substituição, podemos destacar a 
lucratividade obtida pela Coroa com o comércio 
dos cativos africanos, ao passo que se fosse 
incentivada a escravização indígena, os colonos 
brasileiros não teriam razões para a compra dos 
escravos africanos uma vez que poderiam 
realizar incursões contra as tribos mais 
desprotegidas e assim conseguirem a mão de 
obra que necessitavam em suas lavouras. 
Como podemos imaginar, o ideal para os 
colonos seria a manutenção da mão de obra 
cativa indígena, como foi feito pela Espanha em 
suas colônias, porém, para a Coroa a 
manutenção de tal mão de obra seria 
extremamente prejudicial uma vez que com a 
perda das colônias orientais e o declínio da venda 
de especiarias, a grande fortuna de Portugal 
passará a vir deste mercado de cativos africano e 
não essencialmente, embora tenha uma ajuda, do 
açúcar. Desta forma, e também com o auxílio das 
proibições da Igreja Católica, ficou-se vetado a 
manutenção da mão de obra cativa indígena 
oficializando o negro escravo como a mão de 
obra a ser utilizada na produção açucareira (muito 
embora alguns pequenos casos de escravização 
indígena ainda fossem comuns na época). 
 
 
Fundação de São Vicente – Oscar Pereira da 
Silva (1900). 
O sistema estabelecido então foi o 
chamado “plantation”, que consistia na 
manutenção de grandes áreas latifundiárias por 
parte dos colonos, voltadas para a produção de 
um único produto de exportação (o açucar) 
utilizando uma mão de obra ampla e escrava 
somados também a manutenção de insumos 
para a subsistência como a pecuária, por 
exemplo. 
 
A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O SISTEMA 
DE CAPTANIAS HEREDITÁRIAS (1534 - 1759) 
A administração da colônia caia 
primeiramente sobre a metrópole e era ela que 
controlava todas as decisões importantes da vida 
colonial: nomeava funcionários, recebia imposto, 
controlava o comércio e a exploração, tinha 
produtos de exclusiva exploração em favor do Rei 
– Monopólio Régio – cuidava da defesa e da 
repressão contra aqueles que se opunham ao 
domínio português, isso, até 1533 durante o 
período do relativo abandono e este cenário 
sofrerá uma considerável mudança. 
Em 1534 iniciou-se o sistema de 
administração das Capitanias Hereditárias que 
dividiu o território em 15 circunscrições 
administrativas onde há uma primeira tentativa de 
descentralizações das decisões metropolitanas 
sobre a colônia uma vez que neste sistemade 
capitânias, foi concedido aos capitães donatários, 
os responsáveis pela a administração destas 
capitanias, direitos de autoridade máxima como a 
fundação de vilas, a cobrança de impostos e até 
mesmo a aplicação de penas. Evidentemente, se 
faz necessário lembrar que ainda dentro deste 
sistema, as decisões mais importantes ainda 
eram de controle da metrópole sendo elas como 
por exemplo a nomeação dos capitães, as 
delimitações territoriais e o monopólio comercial 
que proibia os colonos de comercializarem 
diretamente com outras nações ou se recusarem 
a utilizar a mão de obra escrava negreira provida 
pela Coroa, por exemplo. O sistema de capitanias 
irá prevalecer durante quase toda história colonial 
sendo extinto apenas em 1759 por Marquês de 
Pombal em uma de suas reformas administrativas 
de Portugal. 
 
 
Em 1549, observando que apenas as 
capitanias de São Vicente e Pernambuco tinham 
prosperado consideravelmente, ocorre à criação 
do Governo Geral em adição ao sistema que 
buscava assim centralizar o poder político dentro 
da colônia reduzindo ainda mais a necessidade 
das decisões mais importantes de serem 
repassadas à metrópole e assim auxiliar as 
12 
 
 
 
capitanias a prosperar através da redução desta 
burocracia. 
 
O MOVIMENTO DAS ENTRADAS E 
BANDEIRAS 
 
As entradas e bandeiras eram 
basicamente movimentos de exploração do 
território colonial ainda desconhecido e que 
aconteceram ao longo da história colonial tendo 
início em 1531. Os Bandeirantes, principais 
personagens deste movimento eram, na sua 
maioria, colonos da capitania de São Vicente 
(Vicentinos ou Paulistas). Empobrecidos pela 
estagnação econômica da capitania, durante os 
séculos XVII e XVIII organizaram sucessivas 
expedições pelo interior do país. Buscavam 
apresar índios (vendidos como escravos), 
encontrar metais preciosos e destruir quilombos. 
A diferença entre uma “entrada” e uma 
“bandeira” se dá basicamente pela finalidade da 
expedição. As entradas tem o intuito primário de 
explorar o território e é financiada pela própria 
Coroa ao passo que as bandeiras eram na 
verdade movimentos particulares realizados pelos 
bandeirantes que visavam o apresamento de 
indígenas (vale ressaltar que nos primeiros anos 
coloniais o uso da mão de obra cativa indígena 
ainda era incentivado, conforme vimos 
anteriormente) ou a descoberta de minas de 
metais preciosos tanto quanto a exploração do 
território. 
Seja por um meio ou outro, estes 
movimentos de entradas e bandeiras foram 
decisivos para o mapeamento do território 
colonial e para a exploração do mesmo. 
 
 
PRIMEIRO MOMENTO: A PRODUÇÃO 
AÇUCAREIRA (1540 – 1654) E O INICIO DO 
TRAFICO NEGREIRO 
 
O comércio de especiarias orientais já se 
encontrava decadente para Portugal em meados 
do século XVI e a exportação do pau-brasil não 
se mostrava igualmente lucrativa. Somados a 
estes fatores de uma necessidade econômica, o 
Império Português precisava também estabelecer 
um projeto colonial rentável que pudesse efetivar 
a colonização sob o território brasileiro para assim 
afastar o fantasma das invasões estrangeiras. A 
partir desta necessidade, a resposta mais cabível 
foi o estabelecimento das Capitanias Hereditárias 
organizadas sob um sistema de plantation – 
nascia então o projeto do plantio da cana de 
açúcar. 
O açúcar foi o produto escolhido não por 
acaso: os portugueses sabiam do seu alto valor 
comercial e muito embora a sua exploração 
exigisse um alto investimento para a época, além 
da rentabilidade do produto valer o risco, o 
estabelecimento de um sistema de plantation 
seria politicamente e administrativamente mais 
viável porque assim asseguraria a fundação de 
grandes fazendas, vilas e portos para sustentar e 
articular o comércio do produto podendo, assim, 
efetivamente colonizar o território. 
As capitanias de São Vicente e 
Pernambuco foram as únicas duas capitânias que 
tiveram sucesso em exportar significativas 
quantidades de açúcar e assim conseguiram um 
maior desenvolvimento em comparação as 
demais capitânias. 
O sucesso do sistema colonial neste 
primeiro momento só foi possível, porém, por um 
segundo fator diretamente ligado à produção 
açucareira: o tráfico negreiro. Portugal carecia de 
manufaturas e, portanto, a velha ideia do pacto 
colonial de que a colônia produziria matéria prima 
e consumiria as manufaturas de sua metrópole 
em troca proporcionando assim um grande 
superávit por parte da segunda não poderia ser 
aplicada uma vez que Portugal não possuía uma 
produção manufaturada considerável. Porém, 
ainda que não fosse através das primeiras 
indústrias ou do comércio de especiarias, 
Portugal encontrou uma forma de conseguir 
acumular riquezas através da venda dos negros 
cativos capturados na áfrica e que eram vendidos 
aos colonos que quisessem investir na produção 
açucareira. 
Desta forma, o “produto” manufaturado 
que Portugal revendia à colônia na verdade eram 
os escravos que seriam utilizados na mão de obra 
para a produção do açúcar que ele mesmo teria o 
direito de monopólio. Ou seja, o papel das 
colônias brasileiras era produzir açúcar para 
vendê-lo a um custo viável para Portugal 
enquanto deveria comprar de sua metrópole os 
negros cativos que lhes serviriam para a própria 
produção do açúcar. Era uma balança comercial 
extremamente benéfica para Portugal e um tanto 
quanto lucrativa também para os colonos que 
fossem bem sucedidos na produção açucareira. 
 
 
A DECADÊNCIA DA PRODUÇÃO 
AÇUCAREIRA (1580 - 1654). 
 
Em 1580 Portugal caiu sob domínio da 
Espanha, que se transformou na virtual "Dona" do 
Brasil. Em guerra com a Holanda, os espanhóis 
proibiram os holandeses, principais compradores 
e investidores do açúcar no nordeste do Brasil, de 
continuarem comercializando o açúcar brasileiro. 
Sem outra alternativa, os holandeses invadiram a 
Bahia em 1624 e Pernambuco em 1630. Quando 
foram expulsos em 1654 (Insurreição 
Pernambucana), os holandeses deram início à 
produção de açúcar nas Antilhas. A qualidade e a 
quantidade de açúcar antilhano/holandês jogaram 
para baixo o preço do açúcar no mercado 
internacional contribuindo para a decadência do 
13 
 
 
 
comércio açucareiro. 
Portugal se encontrava novamente em 
uma crise econômica que ameaçava se alastrar 
por décadas. Tal crise só pode ser solucionada 
quando enfim se dará inicio a exploração 
metalista colonial que será responsável por 
resgatar a economia portuguesa. 
 
 
A DESCOBERTA DO OURO E O CICLO DA 
MINEIRAÇÃO COLONIAL (1693 – 1770 apr.) 
 
Em 1693, após tentar percorrer o 
caminho desbravado por Fernão Dias à procura 
de esmeraldas, o bandeirante Antônio Rodrigues 
Arzão enfim encontrará ouro no território colonial 
próximo de onde hoje se encontra a cidade de 
Mariana - MG. A notícia foi extremamente 
impactante para Portugal que sofria com a 
decadência que então decidiu não poupar 
esforços na tentativa de extração dos minérios 
preciosos. De imediato esta região, até então 
inexplorada, recebeu um extraordinário afluxo de 
pessoas, vindas da metrópole e de outras regiões 
da colônia sendo alvo de disputa de interesses 
tanto de colonos quanto colonizadores 
evidenciando (o que acarretara na Revolta dos 
Emboabas) um sintoma de que a extração do 
ouro no Brasil iria precisar de um sistema colonial 
ainda mais desenvolvido para sua devida 
exploração por parte da Coroa. 
Para administrar a região mineradora a 
metrópole então criou em 1702, a Intendência das 
minas, órgão presente em cada uma das 
capitanias de onde se extraia ouro, visando 
controlar de perto a exploração aurífera. A 
Intendência era constituída por um guarda-mor e 
auxiliares submetidos diretamente à Coroa. Era 
responsávelpela distribuição dos lotes a serem 
explorados, chamados de data, e pela cobrança 
de 20% do ouro encontrado pelos mineradores, 
imposto conhecido como quinto. As datas eram 
distribuídas segundo a capacidade de explorar do 
minerador; avaliada em numero de escravos. 
Visando controlar a questão do 
contrabando, a Coroa determina que o único 
porto pelo qual seria permitido o transporte do 
ouro seria o porto do Rio de Janeiro que 
demandou também a abertura do caminho novo 
(1700-1707) que passou a ser a principal rota por 
onde o ouro extraído no interior de minas gerais 
deveria percorrer até chegar ao referido porto. 
 Apesar do controle imposto pelas 
autoridades metropolitanas, o contrabando era 
intenso e, para coibi-lo, a coroa proibiu a 
circulação de ouro em pó e em pepitas, criando 
em 1720, as casas de fundição. Todo o ouro 
encontrado nas lavras - grandes minas - ou 
garimpos, onde era feita a faiscação nas areias 
dos rios, tinha a ser entregue nesses locais, onde 
era derretido, quitado (ou seja, era lhe extraído 
quinto pertencente à Coroa) transformado em 
barras. As casas de fundição não representavam 
apenas uma forma de evitar a sonegação do 
quinto por parte de Portugal, mas também, ainda 
que de maneira não intencional, um obstáculo 
para o comércio em geral na capitania de Minas 
Gerais, visto que o ouro em pó neste território era 
a moeda corrente. A Revolta de Vila Rica terá 
como fator principal justamente o combate da 
população contra a instalação das casas de 
fundição no interior de Minas Gerais. 
Aprofundamento ainda mais o controle 
fiscal, sobretudo quando a exploração aurífera 
começou a dar sinais de esgotamento, o governo 
português fixou em 100 arrobas de ouro (1.468,9 
kg) anuais o mínimo a ser arrecadado em cada 
município como pagamento do quinto. Para 
garantir a arrecadação do montante, foi instituída 
a derrama: a cobrança dos impostos à população 
seria efetuada pelos soldados portugueses, 
chamados de dragões, que estavam autorizados 
a invadir casas e tomar tudo que tivesse valor, a 
fim de completar as 100 arrobas devidas à 
metrópole. Essa prática portuguesa deixou rastro 
de insatisfação da colônia. Todo o arrocho 
fiscalizador conseguiu temporariamente diminuir o 
tráfico ilegal, mas nunca suprimiu por completo. 
De qualquer modo, aliviou por algum tempo as 
dificuldades financeiras de Portugal. 
A descoberta de diamantes em 1729, no 
arraial do Tijuco, hoje Diamantina, em Minas 
Gerais, levou Portugal a adotar uma fiscalização 
apropriada à extração diamantífera. Inicialmente, 
dada à dificuldade em se quintar o diamante, a 
metrópole determinou a expulsão dos mineiros da 
região e arrendou a exploração a empresários, 
chamados contratadores, indivíduos que 
antecipavam parte dos lucros à coroa e recebiam 
assumir a exploração do diamante, 
estabelecendo a real extração. 
A partir da segunda metade do século 
XVIII, devido ao esgotamento das jazidas e ao 
uso de técnicas rudimentares, incapazes de uma 
prospecção mais profunda no subsolo, iniciou-se 
a decadência da produção de ouro no Brasil. O 
período situado entre 1740 e 1770 correspondeu 
ao apogeu da exploração das minas, e o ano de 
1754 registrou a maior produção de ouro. A partir 
da década de 1770, verificou-se o declínio da 
atividade, que se tornou cada vez menos 
atraente. 
 
 
O DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO 
ECONÔMICO MINEIRO 
 
O desenvolvimento econômico promovido 
pela mineração não se restringiu somente aos 
exploradores da atividade metalista – ele se 
estendeu também por fora das zonas de 
mineração. Diferentemente do plantation, a 
atividade mineradora demanda todo o tempo do 
seu atuante no ato da extração e por isso, quem 
14 
 
 
 
atua na mineração normalmente não se dedica a 
outra atividade como por exemplo o plantio de 
insumos para a subsistência. Para responder a 
esta carência do mercado, pequenos fazendeiros 
voltados sobretudo para a pecuária começaram a 
se instalar próximo as zonas de mineração, 
sobretudo nas margens dos rios, procurando 
atender a esta demanda interna de alimentos que 
existia em Minas Gerais e acabavam por 
prosperar economicamente uma vez que a 
atividade da mineração, principal consumidora do 
produto destas fazendas, se mostrava 
extremamente rentável e capaz de sustentar este 
tipo de articulação econômica. Firmou-se assim 
então um padrão mineiro de economia onde 
próximo a uma zona de mineração, e, portanto 
uma zona de produção de riqueza, fixava-se uma 
zona de produção de alimentos capaz de 
abastecer a zona de mineração e prosperar 
economicamente através deste comércio. 
 
 
AS REFORMAS POMBALINAS E O INÍCIO DA 
INSATISFAÇÃO COLONIAL 
 
 Em Portugal destacou-se a atuação do 
ministro do rei D. José I, Sebastião José Carvalho 
e Melo, o marquês de pombal (1750-1777), um 
déspota esclarecido. 
 Pombal, percebendo a extrema 
dependência econômica de seu país em relação 
à Inglaterra, até porque foi embaixador naquele 
país, procurou-se em reequilibrar a deficitária 
balança comercial lusa, adotando medidas que, 
se de um lado foram uma maior eficiência 
administrativa desenvolvimento econômico no 
reino, de outro, reforçaram as práticas 
mercantilistas no que se refere ao Brasil 
pressionando a colônia. 
 Assumido os ideais iluministas no reino, 
Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e 
colônias (1759). A expulsão dos jesuítas visava 
ao fim da autonomia dessa ordem religiosa frente 
a Coroa, um estado dentro do Estado , como se 
dizia, subordinando a Igreja ao governo. 
Como todo o ensino colonial dependia da 
companhia de Jesus, sua expulsão criou um 
vazio educacional, levando Pombal a criar o 
subsídio literário, imposto para custear a 
educação assumida pelo Estado metropolitano- 
as aulas régias. 
Acreditando na importância de se integrar 
os índios ao domínio luso, para consolidar as 
fronteiras brasileiras, Pombal determinou ainda a 
extinção da escravidão indígena em 1757, 
transformando algumas aldeias em vilas, 
especialmente na Amazônia, visando incorporar 
esses territórios à administração portuguesa. 
Nessa região, porém, a expulsão dos jesuítas 
trouxe mais dificuldades do que integração ao 
domínio metropolitano. Com esse mesmo 
objetivo, ministro de D. José I procurou estimular 
os casamentos entre colonos e índios. 
O marquês determinou a supressão da 
distinção entre "cristãos-velhos” e “cristão-novos" 
(descendentes de judeus), objetivando favorecer 
a integração destes últimos no reino, dada a sua 
sempre importante atuação econômica e social 
tanto em Portugal quanto no Brasil. Pombal 
tentou também fomentar a produção 
manufatureira, especialmente em Portugal , sem 
grande sucesso, é bom lembrar, e combateu 
duramente o contrabando colonial. 
Entre as inúmeras dificuldades que teve 
de enfrentar durante seu governo, deve-se 
registrar o grande terremoto de 1755, que 
destruiu parte da cidade de Lisboa, e o declínio 
da produção de ouro no Brasil. A Coroa viu-se 
obrigada a ampliar os gastos para reconstruir a 
capital do reino, ao mesmo tempo em que 
diminuía o ingresso de recursos. 
Para a reconstrução de Lisboa, Pombal 
recorreu ao aumento de tributos e naturalmente, 
como naquele período a renda quase interina de 
Portugal advinha de Minas Gerais, os custeios 
destas reformas seriam repassados aos colonos. 
Na colônia, Pombal extinguiu 
definitivamente as capitanias hereditárias, 
comprando e confiscando os territórios dos 
poucos donatários das capitanias da Coroa. 
Também criou a Companhia Geral do comércio 
do Estado do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778) 
e a Companhia Geral do Comércio de 
Pernambuco e Paraíba (1759-1779). Procurava 
assim controlar o comércio colonial a aumentar as 
rendas da Coroa. 
Em termos administrativos, criou cargos e 
órgãos, visandoà racionalização burocrática, e 
transferiu a capital colonial de salvador para Rio 
de Janeiro, a fim de fiscalizar com rigor a 
exportação do ouro. Foi ainda Pombal quem 
aumentou e zelou pela cobrança dos impostos 
devidos à metrópole, efetivando a primeira 
derrama (1762-1763); pouco depois, estabeleceu 
o controle real sobre a exploração de diamantes. 
Após a morte do rei D. José I, Pombal deixou o 
ministério e seus opositores assumiram o 
governo, anulando muitas de suas realizações. 
Logo foram extintas as companhias de comércio 
e publicado o Alvará de 1785, que proibia a 
instalação e funcionamento de manufatura na 
colônia. As poucas existentes foram fechadas e a 
população viu-se novamente obrigada a recorrer 
às caras manufaturadas importadas. 
As medidas de Pombal podem ser 
interpretadas como excelentes medidas para o 
desenvolvimento de Portugal, porém, se 
analisarmos com cautela, para a colônia tais 
medidas se mostraram muitas vezes prejudiciais 
e somadas ao trágico episódio da derrama 
ocorrida entre 1762 e 1763, os resultados diretos 
destas medidas na colônia foram na verdade uma 
crescente insatisfação por parte dos colonos e o 
surgimento de novas ideias que terminariam nos 
15 
 
 
 
primeiros movimentos separatistas como a 
Inconfidência Mineira (ou, conforme tem sido 
atualizada pela historiografia, Conjuração 
Mineira). 
 
 
REVOLTAS COLONIAIS ou REVOLTAS 
NATIVISTAS 
 
As primeiras rebeliões contra o domínio 
português são denominadas de Revoltas 
Nativistas ou Revoltas Coloniais. Tais 
movimentos ainda que contrários a opressão 
metropolitana, não chegaram em momento algum 
a cogitar a emancipação da colônia. 
Os principais exemplos de revoltas são a 
Revolta de Beckman (Maranhão,1684) a Guerra 
dos Emboabas (Minas Gerais,1709), a Guerra 
dos Mascates (Pernambuco,1710) e a Revolta de 
Vila Rica (Minas Gerais, 1720). 
 
Revolta de Beckman: fazendeiros do 
Maranhão, liderados pelos irmãos Beckman 
(Manuel e Thomas), revoltaram-se contra os 
jesuítas (impediram a escravização dos índios) e 
contra a Companhia Geral do Comércio do 
Maranhão (monopolizava o comércio da região 
além de não suprirem a demanda de mão de obra 
negreira). Em 1684 os revoltosos chegaram a 
ocupar a cidade de São Luís por quase um ano. 
Portugal reprimiu com violência, o movimento foi 
vencido e seus líderes foram enforcados. A 
grande revindicação da Revolta dos Beckman 
eram por melhorias no provimento de mão de 
obra para aumentar a produção açucareira – uma 
vez que o açúcar estava em decadência de 
preço, para que os fazendeiros conseguissem 
manter o padrão de vida que possuíram foi 
necessário que expandissem suas lavouras, 
porém, com a ausência de mão de obra isso não 
foi possível e os próprios acabavam arcando com 
a crise do sistema açucareiro. 
 
Guerra dos Emboabas: É o conflito 
estabelecido entre os bandeirantes vicentinos que 
vieram ocupar as regiões auríferas de Minas 
Gerais logo após a descoberta do ouro por 
Antônio Rodrigues Arzão e os colonos 
metropolitanos encarregados de colonizar a 
região com a concessão da Coroa que visava 
controlar a extração metalista. Em 1709, 
mediante intervenção militar portuguesa, os 
bandeirantes, derrotados, partiram para Goiás e 
Mato Grosso. Para melhor administrar a região, o 
governo português dividiu-se em: Capitanias de 
São Paulo e Minas Gerais e capitania do Rio de 
Janeiro. 
 
Guerra dos Mascates: Conflito 
envolvendo fazendeiros de Olinda e comerciantes 
(mascates) de Recife. Olinda era o centro político 
de Pernambuco, contando dom uma câmara de 
Vereadores. Economicamente estava em 
decadência. Em 1709, os comerciantes de Recife, 
em Ascensão econômica, conseguiram da Coroa 
sua emancipação política, com condições de 
organizar sua câmara de vereadores. Os 
olindenses, sentindo-se prejudicados uma vez 
que a emancipação de Recife deu a eles o direito 
de possuírem os próprios impostos arrecadados 
no comércio ao invés de o repassarem a Olinda, 
invadiram Recife. Em 1710 o conflito terminou 
com o intermédio de Portugal sem a necessidade 
de uma grande manobra militar e a rica Recife 
passou a ser o centro administrativo de 
Pernambuco. 
 
 
Revolta de Vila Rica: também conhecida 
como Revolta de Felipe dos Santos, foi um 
conflito envolvendo a Coroa portuguesa e 
mineradores que não aceitavam a instalação das 
"Casas de Fundição" na região aurífera de Minas 
Gerais em 1720. O movimento foi duramente 
reprimido e seu líder, Filipe dos Santos, 
enforcado e esquartejado. As "Casas de 
Fundição" foram instaladas e a Capitania de 
Minas Gerais foi separada da capitania de São 
Paulo. A luta de Felipe dos Santos e dos 
mineradores contra as casas de fundição eram 
intensas pela razão de que uma vez que fossem 
instaladas casas de fundição no interior da 
província, a cobrança do quinto seria efetivada 
com maior rigor até mesmo sobre os pequenos 
produtores e mercadores que não pretendiam 
comercializar o ouro fora de Minas Gerais, e, 
consequentemente, não precisavam pagar o 
quinto que deveria ser cobrado, até antes deste 
período, apenas quando o ouro fosse ser fundido 
em barra para ser exportado. 
 
 
AS REBELIÕES SEPARATISTAS, 
INCONFIDÊNCIAS ou CONJURAÇÕES 
 
Na segunda metade do século XVIII 
encontraram-se novos movimentos de rebeldia, 
denominados "Conjurações” ou"Inconfidências", 
destacando-se aquelas que ocorreram em Minas 
(1789) e na Bahia (1798). Essa última é também 
conhecida como "Conjuração dos Alfaiates". 
Os projetos dos conjurados mineiros e 
baianos apresentavam semelhantes: 
independência da capitania, república e 
diferenças, resultantes, sobretudo da 
configuração social do movimento (elitistas, em 
Minas; essencialmente popular na Bahia). 
Enquanto os mineiros pretendiam criar uma 
universidade, os baianos pretendiam a abolição 
da escravidão, a liberdade comercial, a 
nacionalização do comércio. A questão da 
escravidão não fora decidida a princípio pelos 
mineiros, sendo deixada para discussão pós 
deflagração. 
16 
 
 
 
Idêntico destino aguardou os movimentos 
inconfidentes: denúncias, prisões, e a violência 
expressa na morte de Tiradentes, em Minas, de 
Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens, Manuel 
Faustino e João de Deus Nascimento, na Bahia. 
A repressão do estado Português se mostrava 
extremamente severa contra qualquer movimento 
de insubordinação de caráter separatista. 
Devemos ressaltar aqui que o termo 
inconfidência remete à uma ideia depreciativa de 
"traição" e por isso não nos parece correto 
segundo as novas tendências da historiografia. É 
recomendado, portanto, a utilização do termo 
conjuração "revolta”, "levante" uma vez que taxar 
os revoltosos de "traidores" é reproduzir a 
ideologia colonialista, adequada, naquele 
contexto, aos interesses da metrópole lusitana. 
A QUESTÃO DA ESCRAVIDÃO NA COLÔNIA 
 
Conforme vimos anteriormente, a adoção 
de trabalho livre na colônia implicaria em salários 
tão elevados que inviabilizariam a empresa 
colonizadora. A saída encontrada foi á 
escravidão, que na idade moderna teve caráter 
essencialmente racial. 
Durante os primórdios do período colonial 
os índios nativos foram utilizados como escravos, 
mas a escravidão que predominou foi a dos 
negros africanos uma vez que Portugal detinha o 
seu monopólio comercial e não possuía nenhuma 
outro “produto” que trouxesse tanta lucratividade. 
Não podemos descartar, porém, o papel da Igreja 
Católica que no período protegeu a população 
indígena contra a escravidão tendo atuações 
marcantes dos jesuítas em sua defesa e que 
acabou por não se envolver na questão do tráfico 
negreiro, ao menos não abertamente, visto que 
era desta atividade que advinham grandes lucros 
para os cofres Portugueses que eram 
declaradamente uma naçãode católicos. 
No Brasil, os negros reagiram a 
incessantemente à escravidão com suicídios, 
assassinatos e fugas para o mais conhecido dos 
quilombos dos Palmares em Alagoas, liderados 
por Zumbi, principal referência do movimento 
negro brasileiro contemporâneo. 
Durante o período colonial brasileiro foi 
relativamente comum estabelecimento de uma 
relação informal entre senhores e escravos, 
intitulada Brecha Camponesa. Esta relação 
consistia na doação de um pequeno pedaço de 
terra pouco produtiva do senhor para seu escravo 
e também um dia de folga para que ele pudesse 
lavrá-la, possibilitando, assim, um vínculo maior 
do cativo com o latifúndio ao qual pertencia e, 
portanto, contribuía para a diminuição das fugas. 
 
As mais recentes pesquisas sobre o 
escravismo brasileiro tem demonstrado que é 
a relação entre senhores e escravos envolvia 
a violência mais também um rico espaço de 
negociação, informal e cotidiano, nesse 
sentido é importante destacarmos também 
que a reação dos escravos não se dava 
apenas por atos de ruptura radical com o 
sistema; havia diversas formas de resistência 
através das quais escravos conseguiram 
melhores condições de vida e mesmo de 
respeito. 
 
A QUESTÃO RELIGIOSA NO BRASIL 
COLONIAL 
 
A Igreja Católica chegou ao Brasil em 
1500, com Pedro Álvares Cabral, e daqui não 
mais saiu. Sua historia é feita de autoridade, 
dominação, piedade, coragem e hipocrisia. A 
empresa colonizadora no Brasil foi conduzida 
pela parceria Estado Português e Igreja católica. 
Os primeiros missionários que pisaram 
em solo brasileiro foram os franciscanos (com 
Cabral), mas a catequese da colônia foi 
responsabilidade principalmente dos jesuítas que 
chegaram ao país em 1549. 
Até serem expulsos, em 1759, pelo 
marquês de Pombal, os jesuítas foram os maiores 
responsáveis pela educação e pela 
evangelização na colônia. Foram 
indiscutivelmente os maiores obstáculos à 
escravidão dos indígenas, mas se omitiram com 
relação dos negros africanos. 
Com relação à presença protestante no 
Brasil colônia, podemos destacar dois 
movimentos: de 1555 a 1560, quando o almirante 
francês Nicolau de Villegaignon fundou uma 
colônia huguenote (calvinista) no Rio de Janeiro 
"França Antártica" e de 1630 a 1654, quando 
Pernambuco esteve sob domínio dos holandeses 
huguenotes. Nesse último caso destacada 
também a plena liberdade religiosa garantida 
pelos holandeses. 
A despeito dessas manifestações 
protestantes, a maior preocupação na Igreja 
católica no período colonial sempre foi coibir o 
judaísmo. Muitos judeus ibéricos haviam se 
convertido à força, ao catolicismo. Eram 
chamados "cristãos-novos". Perseguidos na 
Europa migraram para o Brasil. Para garantir que 
esses "cristãos-novos" não voltassem a praticar o 
judaísmo, Portugal enviou para a colônia o 
"Visitador do Santo Ofício". 
Este tipo de inquisidor esteve no Brasil 
em diversas oportunidades para combater as 
heresias (especialmente o judaísmo) e zelar pela 
fé e moral dos católicos da colônia. Esses 
momentos eram de terror e insegurança. 
Detalhes sutis revelavam a "falta" ao "visitador": 
recusar-se comer carne de porco, não ir a missa 
aos domingos, vestir roupas limpas aos sábado e 
comer em mesa baixa como exemplos. Caso o 
inquisidor se convencesse da "culpa", o indivíduo 
era condenado a penas que iam de simples 
penitências (assistir missa de pé, rezar terços de 
joelhos) à execução na fogueira. 
17 
 
 
 
Em qualquer hipótese, a condenação de 
um acusado não se dava em solo brasileiro, 
qualquer pessoa que tenha sido indiciado pelo 
Santo Ofício era enviado para Portugal, onde 
residiam os tribunais e deveriam responder ao 
julgamento lá, tendo muitas vezes algumas penas 
como o confisco de bens que impossibilitava o 
retorno para o conhecido “trópico dos pecados” 
(maneira como o Brasil chegou a ser conhecido 
pela Igreja Católica) 
As religiões africanas foram também 
proibidas e desqualificadas, reduzidas à mera 
feitiçaria que era igualmente passível de punição. 
Em linhas gerais, a Igreja Católica agiu na 
defesa de seus interesses e crenças. Foi 
intolerante com as diferenças, mas heroica na 
luta contra a escravidão indígena muito embora 
tenha se omitido quanto a escravidão negreira. 
Quanto ao controle moral da sociedade, é 
costume de se considerar que ela tenha agido 
dentro das linhas da “pedagogia do medo”. 
 
 
Sessão Leitura – O Julgamento e a 
Sentença de Tiradentes 
 
Negando a princípio sua participação, 
Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir 
toda a responsabilidade pela "inconfidência", 
inocentando seus companheiros. Presos, todos 
os inconfidentes aguardaram durante três anos 
pela finalização do processo. Alguns foram 
condenados à morte e outros ao degredo; 
algumas horas depois, por carta de clemência 
de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas 
para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, 
que continuou condenado à pena capital, porém 
não por morte cruel como previam as Ordenações 
do Reino: Tiradentes foi enforcado. 
Os réus foram sentenciados 
pelo crime de "lesa-majestade", definida, 
pelas ordenações afonsinas e as Ordenações 
Filipinas, como traição contra o rei. Crime este 
comparado à hanseníase pelas Ordenações 
Filipinas: -“Lesa-majestade quer dizer traição 
cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real 
Estado, que é tão grave e abominável crime, e 
que os antigos Sabedores tanto estranharam, que 
o comparavam à lepra; porque assim como esta 
enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais 
se poder curar, e empece ainda aos 
descendentes de quem a tem, e aos que ele 
conversam, pelo que é apartado da comunicação 
da gente: assim o erro de traição condena o que 
a comete, e empece e infama os que de sua linha 
descendem, posto que não tenham culpa.” 
Por igual crime de lesa-majestade, em 
1759, no reinado de D. José I de Portugal, 
afamília Távora, no processo dos Távora, havia 
padecido de morte cruel: tiveram os membros 
quebrados e foram queimados vivos, mesmo 
sendo os nobres mais importantes de Portugal. A 
Rainha Dona Maria I sofria pesadelos devido à 
cruel execução dos Távoras ordenado por seu pai 
D. José I e terminou por enlouquecer. 
Em parte por ter sido o único a assumir a 
responsabilidade, em parte, provavelmente, por 
ser o inconfidente de posição social mais baixa, 
haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, 
ou detinham patente militar superior. Por esse 
mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes 
seria um dos poucos inconfidentes que não era 
tido como maçom. 
E assim, numa manhã de sábado, 21 de 
abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão 
as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no 
trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado 
o patíbulo. O governo geral tratou de transformar 
aquela numa demonstração de força da coroa 
portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A 
leitura da sentença estendeu-se por dezoito 
horas, após a qual houve discursos de aclamação 
à rainha, e o cortejo munido de verdadeira 
fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris 
Fausto aponta essa como uma das possíveis 
causas para a preservação da memória de 
Tiradentes, argumentando que todo esse 
espetáculo acabou por despertar a ira da 
população que presenciou o evento, quando a 
intenção era, ao contrário, intimidar a população 
para que não houvesse novas revoltas. 
Executado e esquartejado, com seu 
sangue se lavrou a certidão de que estava 
cumprida a sentença, tendo sido declarados 
infames a sua memória e os seus descendentes. 
Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila 
Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca 
mais localizada; os demais restos mortais foram 
distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana 
de Cebolas(atual Inconfidência, distrito 
de Paraíba do Sul), Varginha do 
Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, 
atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera 
seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa 
em que morava, jogando-se sal ao terreno para 
que nada lá germinasse. 
“ JUSTIÇA que a Rainha Nossa 
Senhora manda fazer a este infame Réu Joaquim 
José da Silva Xavier pelo horroroso crime de 
rebelião e alta traição de que se constituiu chefe, 
e cabeça na Capitania de Minas Gerais, com a 
mais escandalosa temeridade contra a Real 
18 
 
 
 
Soberana e Suprema Autoridade da mesma 
Senhora, que Deus guarde. 
MANDA que com baraço e pregão seja levado 
pelas ruas públicas desta Cidade ao lugar da 
forca e nela morra morte natural para sempre e 
que separada a cabeça do corpo seja levada a 
Vila Rica, donde será conservada em poste alto 
junto ao lugar da sua habitação, até que o tempo 
a consuma; que seu corpo seja dividido em 
quartos e pregados em iguais postes pela estrada 
de Minas nos lugares mais públicos, 
principalmente no da Varginha e Sebollas; que a 
casa da sua habitação seja arrasada, e salgada e 
no meio de suas ruínas levantado um padrão em 
que se conserve para a posteridade a memória 
de tão abominável Réu, e delito e que ficando 
infame para seus filhos, e netos lhe sejam 
confiscados seus bens para a Coroa e Câmara 
Real. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792, Eu, o 
desembargador Francisco Luiz Álvares da Rocha, 
Escrivão da Comissão que o escrevi. Sebão. Xer. 
de Vaslos. Cout.º” 
(Sentença proferida contra o Alferes Joaquim 
José da Silva Xavier – Extraído de: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes, 
12/05/2014). 
 
Questões sobre o Sistema Colonial 
 
1 - (FGV – 1998) As relações entre 
metrópoles e colônias ibéricas foram definidas 
pelo Pacto Colonial, que consistia em: 
 
a) Um acordo entre as partes que, em 
condições de igualdade, estabeleciam metas para 
o desenvolvimento desses países; 
b) Uma imposição das metrópoles às 
colônias de exclusividade na área comercial; 
c) Uma imposição das colônias às 
metrópoles de caráter monopolista; 
d) Um acordo entre as colônias para 
servir às metrópoles; 
e) . Nenhuma das anteriores; 
 
2 - (PUC – MG – 1999) A expansão 
marítima europeia, nos séculos XV e XVI, levou 
ao processo da conquista dos povos da América. 
Relaciona-se a esse processo, EXCETO: 
 
a) aceitação pacífica da conquista pelos 
nativos, causada pelo medo dos conquistadores. 
b) superioridade bélica dos europeus 
sobre os povos “descobertos”. 
c) mortandade dos povos conquistados, 
originada pelas epidemias e violência. 
d) desorganização das culturas nativas e 
imposição de padrões culturais europeus. 
e) construção ideológica da superioridade 
racial europeia sobre outros povos. 
 
3 - (PUC – MG – 2000) A compreensão 
do significado que o processo colonizador da 
Idade Moderna adquiriu no contexto geral da 
transição feudal/capitalista encontra-se vinculada: 
 
a) à doutrina do destino manifesto. 
b) aos princípios liberais. 
c) à acumulação primitiva de capitais. 
d) à necessidade de exportação de 
capitais. 
e) ao avanço do industrialismo. 
 
 
5 - (UERJ) O mundo conhecido pelos 
europeus no século XV abrangia apenas os 
territórios ao redor do Mediterrâneo. Foram as 
navegações dos séculos XV e XVI que revelaram 
ao Velho Mundo a existência de outros 
continentes e povos. 
Um dos objetivos dos europeus, ao 
entrarem em comunicação com esses povos 
era: 
 
a) busca de metais preciosos, para satisfazer 
uma Europa em crise. 
b) procura de escravos, para atender à lavoura 
açucareira nos países ibéricos 
c) ampliação de mercados consumidores, para 
desafogar o mercado saturado 
d) expansão da fé cristã, para combater os infiéis 
convertidos ao protestantismo 
 
 
6 - (UFF – 1996) “É em parte à 
descoberta do Novo Mundo que se deverá a 
tolerância religiosa que se irá implantar no 
Antigo... As depredações promovidas pelos 
espanhóis em toda a América esclareceram o 
mundo sobre os excessos do fanatismo”. Esta 
ideia do Abade Raynal, contida na “História 
filosófica e política dos estabelecimentos e do 
comércio dos europeus nas duas Índias” (1780-
1782), exemplifica um importante aspecto do 
pensamento ilustrado acerca do colonialismo. 
Assinale a opção que interpreta corretamente a 
ideia citada: 
 
a) Trata-se de uma verdadeira teoria da 
colonização moderna, construída sobre a utopia 
de uma América igualitária e sem conflitos raciais 
ou religiosos. 
b) O que mais interessava a Raynal era 
municiar o Estado francês para exercer com mais 
eficiência e humanidade a sua tarefa 
colonizadora, mormente após a derrota na Guerra 
dos Sete Anos e a perda do Canadá. 
c) Trata-se de uma crítica aos métodos 
violentos adotados pelo colonialismo, conjugada, 
porém, ao reconhecimento de que a conquista e 
colonização da América trouxe contribuição 
decisiva para o avanço da civilização na Europa. 
19 
 
 
 
d) Raynal indicava, implicitamente, o 
direito dos povos colonizados à independência, 
exigindo que as metrópoles europeias agissem 
com tolerância em face dos inevitáveis 
movimentos emancipatórios. 
 e) Ideias como as do Abade Raynal 
fizeram da Ilustração a verdadeira base da 
ideologia anticolonialista emergente no século 
XVIII, razão pela qual sua obra foi proibida pelas 
Inquisições de Espanha e Portugal. 
 
 
7 - (UFF – 1998) A colonização da 
América, consequência da expansão marítima e 
comercial européia, foi um dos aspectos do 
grande processo de formação do mercado 
mundial. 
Considerando esta afirmativa como 
referência, o tipo de mão de obra, a região 
colonial e a metrópole que podem ser 
corretamente associados são, 
respectivamente: 
 
a) euro-africanos / Cuba / Espanha 
b) euro-africanos / Brasil / Espanha 
c) euro-indígenas / Peru / França 
d) euro-indígenas / México / Inglaterra 
e) euro-africano / Haiti / Inglaterra 
 
 
8 - (UFF – 1998) Sobre o fim da 
escravidão nas Américas e considerando-se a 
nova dinâmica do capitalismo é correto afirmar 
que: 
 
a) no Caribe, a emergência e 
expansão de um campesinato negro foi a 
mudança social mais marcante do pós-
emancipação; 
b) o caso norte-americano foi o único 
em que o fim da escravidão decorreu de acordos 
entre os membros da classe proprietária; 
c) o caso do Haiti foi um dos muitos 
exemplos de como o fim da escravidão resultou 
em revoluções sociais; 
d) no Brasil, o sistema de colonato 
representou uma tentativa fracassada de 
solução do problema da mão de obra; 
e) a abolição da escravidão no Brasil foi 
acompanhada de indenização pecuniária aos 
proprietários. 
 
9 - (UFPB – 1997) Sobre a colonização 
europeia no Novo Mundo, é certo afirmar: 
 
a) A colonização portuguesa foi a mais 
democrática, pois conseguiu um entendi-
mento menos violento entre colonizador e 
colonizado. 
b) A existência do trabalho escravo 
demonstra a violência do sistema 
colonizador, exceto nas áreas de domínio 
espanhol. 
c) As nações europeias conseguiram 
financiar suas economias e acumular rique-
zas, com destaque para a Inglaterra. 
d) A exploração econômica é um 
componente que marcou apenas as políticas 
colonizadoras da Espanha e Portugal. 
e) A montagem da exploração das riquezas 
minerais das colônias é semelhante nas 
experiências inglesa e espanhola 
 
 
 
10 - (UFRN – 1999) A colonização da 
América repercutiu na economia européia, na 
Idade Moderna. Acerca disso, é correto afirmar 
que o (a) 
 
a) enriquecimento decorrente dos metais 
preciosos americanos

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