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TRABALHO IED

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TRABALHO IED: 
VIGENCIA / VALIDADE / EFICÁCIA NA NORMA JURIDICA 
Sob o ponto de vista dogmático, a validade de uma norma significa, apenas, 
que ela está integrada ao ordenamento jurídico, ou seja, pertence ao conjunto 
das normas jurídicas. Essa integração deve ser formal (ou condicional) e 
material (ou finalística). 
Para descobrirmos se uma norma é formalmente válida, precisamos 
verificar se a autoridade que a criou possuía poder para criar normas 
jurídicas e se escolheu o instrumento adequado para conduzir a norma criada 
ao destinatário. Essa investigação se inicia na pessoa ou no órgão que criou a 
norma e “sobe” até a autoridade máxima que criou a norma fundamental do 
ordenamento. 
Uma pessoa terá poder para criar normas contratuais se preencher os 
requisitos estabelecidos pela autoridade estatal, por meio das leis; saberemos, 
por seu turno, se o estado poderia ter criado as leis verificando se a autoridade 
constituinte transmitiu a ele tal poder por meio dos artigos da Constituição. 
Uma autoridade superior, assim, transfere poderes normativos a autoridades 
inferiores por meio de normas jurídicas. 
Em concreto, o poder de criar normas jurídicas será chamado de capacidade, 
quando se tratar de pessoas físicas que agem em nome próprio, ou de 
competência, quando se tratar de pessoas ou órgãos que agem em nome 
alheio. Para que uma norma contratual seja válida, é preciso que os 
contratantes possuam capacidade negocial; para que uma lei seja válida, é 
preciso que o órgão estatal possua competência legislativa. O Congresso 
Nacional, por exemplo, é competente para criar leis ordinárias e leis 
complementares; o Presidente da República não é competente para criar leis, 
mas pode criar decretos, regulamentos e medidas provisórias. 
Mas, para que haja validade formal de uma norma, nem sempre basta que seu 
emissor possua autoridade. Algumas normas devem ser veiculadas em 
instrumentos específicos, os quais precisam preencher determinados 
requisitos. Uma norma sentencial deve ser criada por uma autoridade 
competente (um juiz de direito) e seguir alguns procedimentos para ser válida. 
O mesmo juiz não pode criar uma norma sentencial fora de um processo 
judicial. Uma norma legislativa deve ser criada por um órgão competente 
(Poder Legislativo) e seguir um processo próprio para tornar-se uma lei 
válida: iniciativa, discussão-votação-aprovação, sanção, promulgação, 
publicação. 
Caso a norma jurídica seja criada por autoridade competente, utilizando o 
instrumento correto e seguindo os procedimentos estabelecidos em normas 
jurídicas superiores, preencherá os requisitos formais de validade. Devemos, 
então, tomar o cuidado de analisar todas as normas jurídicas de mesma 
hierarquia ou superiores publicadas após a norma jurídica cuja validade se 
investiga. A razão dessa nova análise é simples: pode ser que alguma outra 
norma mais recente tenha expressamente retirado a validade da norma 
investigada (a isso chamamos revogação). Caso a revogação expressa tenha 
ocorrido, a norma não será válida. 
Porém, podemos constatar que a norma não tenha sido expressamente 
revogada por qualquer outra mais recente. Então, precisaremos analisar 
sua validade material. Trata-se de uma investigação mais meticulosa e, 
quiçá, trabalhosa: será analisado o conteúdo textual da norma para saber se 
não é contraditório com o conteúdo de outras normas jurídicas superiores 
e/ou mais recentes. Caso o conteúdo da norma analisada seja contraditório 
com o de outra, poderá haver uma incompatibilidade entre as normas que 
impede a norma investigada de pertencer ao ordenamento jurídico e ser, pois, 
válida. 
A análise da validade material exige o conhecimento do conteúdo de todas as 
normas jurídicas de hierarquia igual ou superior à da investigada, num 
universo que ultrapassa consideravelmente a barreira do milhar. Para tanto, é 
conveniente consultar os livros que tratam do assunto, pois essa análise 
costuma ser feita pelos seus autores. 
Uma norma jurídica, assim, é válida se preencher os requisitos formais e 
materiais. Formalmente, a validade depende de a autoridade possuir poder 
normativo e exercer esse poder da forma estabelecida na Constituição e/ou 
nas leis. Materialmente, a validade depende de a norma criada respeitar os 
limites do poder concedido ao seu emissor: ela não pode contrariar as normas 
criadas pelas autoridades superiores. Preenchidas as condições acima, 
constataremos que se trata de norma válida (e, portanto, jurídica). 
Todavia, dizer que uma norma possui validade não significa, necessariamente, 
dizer que ela pode ser utilizada pelos juristas. Para tanto, a norma, além de ser 
válida, deve ser vigente. A vigência de uma norma é a possibilidade, em tese, 
de ela produzir efeitos, limitando comportamentos e sendo utilizada pelos 
tribunais. 
Como regra, uma vez que a norma jurídica se torna válida ela passa a ter 
vigência (pode produzir efeitos). No caso das leis, há uma exigência especial 
derivada da Lei Complementar n. 95/98, em seu artigo 8º: toda lei deve 
indicar, de modo expresso, o início de sua vigência. 
Uma lei de “pequena repercussão” (a expressão é da Lei Complementar) pode 
iniciar sua vigência na data de sua publicação, desde que o indique em seu 
texto. Porém, se houver a necessidade de um prazo, após a publicação da lei, 
para que as pessoas tomem conhecimento de seu teor (e, claro, preparem-se 
para seus efeitos), poderá haver um “período de vacância”, indicado 
expressamente no texto (“esta lei entra em vigor após transcorridos X dias de 
sua publicação oficial”). 
O período de vacância, ou vacatio legis, é o lapso de dias entre a publicação da 
lei, quando ela se torna válida, e o início da produção de seus efeitos. Uma lei 
publicada no dia 10 de agosto, torna-se imediatamente válida. Precisaremos 
ler seus artigos para saber quando se iniciará sua vigência. Caso seja lei de 
pequena repercussão, poderá estabelecer início imediato também da vigência. 
Porém, do contrário, precisará prever um lapso de dias entre a publicação e o 
início da vigência. 
Suponhamos que essa lei estabeleça que “entra em vigor decorridos dez dias de 
sua publicação oficial”. Se ela foi publicada em 10 de agosto, devemos contar 
tal dia no prazo ou começar a contar do dia 11? O parágrafo 1º do art. 8º da 
LC 95/98 determina que o dia da publicação e o último dia da contagem 
entrem no prazo, iniciando-se a vigência no dia seguinte. Assim, o próprio dia 
10 seria o primeiro dia do prazo, sendo o dia 19 o último, que entra na 
contagem. A lei tornar-se-ia vigente a partir de 20 de agosto. Nesse dia, as 
pessoas já poderiam reivindicar juridicamente seus direitos com base em suas 
disposições e já deveriam comportar-se do modo como ela estabelece. 
Convém lembrar que a Lei de Introdução às Normas do Direito (LINDB), de 
1942, estabelece, em seu artigo 1º, que “salvo disposição em contrário, a lei 
começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada”. Ela dá a entender que uma lei pode não especificar o seu período 
de vacância, que então será de 45 dias. 
Entretanto, os termos da Lei Complementar 95, de 1998 (mais recente), são 
claros: “a vigência da lei será indicada de forma expressa”. Isso torna inútil o 
prazo fixado pelo supracitado artigo 1º. De qualquer modo, como estamos em 
um país juridicamente desorganizado, pode ocorrer de o legislador se esquecer 
de cumprir o requisito da Lei Complementar n. 95/98, deixando de especificar 
o período de vacância; então, recorreremos à regra dos 45 dias. 
Dizer que uma lei é vigente significa afirmar que ela já pode começar a 
produzir efeitos. Durante o período de vacância, a lei é válida, mas não pode 
produzir efeitos. Surge uma questão: se a nova lei determina que outra lei seja 
revogada (perca a validade), essa revogação dar-se-á durante o períodode 
vacância ou após o mesmo? Em outras palavras, qual lei um juiz deve aplicar 
para julgar um conflito, durante o período de vacância: a nova lei revogadora 
ou a lei que será revogada? 
Revogar uma lei é um efeito produzido por uma nova lei. Como dissemos, 
durante o período de vacância, a lei ainda não possui vigência. Se não é 
vigente, não pode produzir efeitos, entre os quais, revogar a lei antiga. Então, 
durante o período de vacância, a lei antiga ainda é válida e vigente; a lei nova, 
já é válida, mas não é vigente. Caso julgue um conflito nesse momento, o juiz 
deve aplicar a lei antiga, pois ainda pode produzir efeitos. 
No primeiro instante de vigência, a nova lei produzirá o efeito de revogar a lei 
anterior, retirando sua validade e, consequentemente, sua vigência. A nova lei, 
então, que já era válida, tornar-se-á também vigente. Agora, poderá produzir 
efeitos nos casos concretos. 
Será que durante a vacatio legis de uma lei, duas pessoas podem celebrar um 
contrato sujeitando-o a ela? Se a lei ainda não é vigente, pode ser incorporada 
por um contrato? 
Mesmo que a lei ainda não seja vigente, nada impede que dois contratantes 
incorporem, por vontade mútua, seu teor ao contrato que celebram, desde que 
esse contrato não viole qualquer outra lei existente. Caso viole, porém, como 
essa lei não será revogada durante o período de vacância, as partes não 
poderão incorporar o teor da nova lei ao contrato; se o fizerem, ele será nulo. 
Lembramos que o fundamento para a nova lei ser incorporada ao contrato 
não é sua força obrigatória, que ainda não existe, mas o poder contratual das 
partes. Esse poder, como registrado acima, não pode antecipar a revogação de 
uma lei. 
O legislador pode criar uma lei que terá períodos de vacância diferentes para 
distintas localidades do território brasileiro? Se analisarmos o trecho inicial 
do artigo 1º da LID, concluiremos que essa hipótese é possível: “Salvo 
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país…”. Se houver uma 
manifestação diferente no texto da lei, ela pode começar a vigorar primeiro 
em parte do país, depois no restante. 
Tal interpretação pode ser reforçada pelo fundamento do período de vacância: 
“prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento”. Por alguma 
razão, o legislador pode entender ser necessário um prazo maior para que a 
lei seja conhecida em determinadas localidades, ampliando, nesses lugares, 
a vacatio legis. 
Reforçamos, ainda, a perspectiva de que validade e vigência são coisas 
relacionadas, porém diferentes. Uma lei é válida simplesmente porque 
pertence ao ordenamento jurídico (foi publicada e, aparentemente, preenche 
os requisitos formais e materiais). Uma lei é vigente se puder produzir seus 
efeitos, limitando comportamentos e fundamentando decisões. Só uma lei 
válida pode ser vigente; toda lei vigente é válida. Mas nem toda lei válida é, 
necessariamente, vigente, pois pode estar em seu período de vacância. 
Chegamos, aqui, a um outro conceito de grande importância: a eficácia. Se a 
validade foca o pertencimento da norma ao direito e a vigência foca a 
possibilidade, em tese, de produção de efeitos, a eficácia diz respeito à 
possibilidade concreta de produção de efeitos. 
Podemos falar de eficácia em três sentidos: técnico, fático e social. Uma norma 
possui eficácia técnica se todos os requisitos estatais para sua produção 
concreta de efeitos forem preenchidos. Pensemos em uma lei: muitas vezes, a 
lei já é válida e vigente, mas, para produzir efeitos, depende da criação, por 
parte do Estado, de outras normas que a regulamentem, ou da criação de 
órgãos que viabilizem sua execução. Em tese, a lei já pode produzir efeitos; em 
concreto, ainda não, pois depende da prática de atos pelo Estado, o quais 
ainda não foram praticados. 
Imaginemos uma lei que seja válida e vigente, proibindo o comércio de 
produtos digitais. Essa lei especifica que determinado Ministério divulgará a 
relação de quais bens são produtos digitais. Ora, até que o Ministro divulgue 
tal lista, a lei não poderá ser aplicada pelos tribunais, pois falta um requisito 
técnico para sua eficácia. Também poderia ocorrer de a mesma lei prever a 
criação de um órgão para fiscalizar o eventual comércio proibido e multar os 
infratores. Enquanto o órgão não for criado, faltará outro requisito técnico 
para sua eficácia, e os infratores não poderão ser multados. 
A eficácia fática refere-se a requisitos sociais para a produção de efeitos da 
norma jurídica. Nesse caso, podemos constatar que a norma não pode 
produzir efeitos porque a sociedade, por algum motivo, ainda não está 
preparada para ela. Pode ser que a norma se refira a alguma tecnologia ainda 
não criada ou disseminada, ou ainda a alguma situação que não existe na 
sociedade. 
Podemos pensar em uma lei que estabeleça as condições para o teletransporte 
de seres humanos. Enquanto tal modalidade de transporte não for 
desenvolvida, a lei poderá ser considerada válida e vigente, mas não terá 
eficácia social, ainda que o Estado tenha tomado todas as providências 
técnicas para sua eficácia. 
O significado social de eficácia é o mais usual. Uma norma válida e vigente 
pode preencher todos os requisitos técnicos e fáticos de eficácia, porém, ainda 
assim, pode não produzir qualquer efeito na sociedade. Diremos que uma 
norma possui eficácia social quando for respeitada pelas pessoas e/ou for 
acatada pelas autoridades estatais. Por outro lado, a norma será socialmente 
ineficaz quando for desrespeitada e os infratores não forem punidos. 
Ao falarmos de eficácia social, quatro situações podem ocorrer: 
1. A norma pode ser seguida espontaneamente pelas pessoas, seja porque 
o comportamento é um costume (e as pessoas nem pensam antes de 
agir), seja porque as pessoas conhecem a norma, concordam com ela e 
a respeitam conscientemente. Um exemplo do primeiro caso é o costume 
de as pessoas andarem vestidas, que corresponde ao teor das leis; um 
exemplo do segundo caso é a norma que determina que um veículo pare 
no sinal vermelho, respeitada pela maioria da sociedade. 
2. A norma pode ser conhecida pelas pessoas, que não concordam com ela, 
mas a respeitam pelo medo de serem punidas. Um exemplo é o 
pagamento do imposto de renda: quase nenhum contribuinte concorda 
com os valores a serem pagos, mas cumprem a lei por medo da coação. 
3. A norma pode ser conhecida pelas pessoas, que não concordam com ela 
e, mesmo sendo punidas, escolhem violá-la. Nesse caso, podemos citar a 
situação de empresas que sabem que serão multadas em virtude de 
determinada prática, mas, ainda assim, não alteram seu 
comportamento, pois o valor das multas é compensado pelos lucros. 
4. A norma pode ser violada porque as pessoas sequer sabem de sua 
existência ou porque não concordam com seu teor e, mesmo com a 
violação, as autoridades não punem. Temos, aqui, as normas que se 
transformaram em “letra morta” ou que caíram em “desuso”. Tais 
normas são consideradas socialmente ineficazes. Um exemplo, é a 
norma que proíbe o jogo do bicho: muitas pessoas exploram essa 
atividade e as autoridades não as punem. Também os apostadores não 
costumam ser multados. 
Uma norma pode ser válida e vigente mas não ter eficácia técnica, fática e/ou 
social, por razões diversas conforme a modalidade de ineficácia. Por outro 
lado, uma norma pode ser tecnicamente ineficaz, porém pode ser socialmente 
eficaz: tratar-se-ia de um caso no qual a norma não foi regulamentada pelo 
Estado, mas, mesmo assim, as pessoas cumprem suas determinações 
espontaneamente. 
Talvez a questão mais controvertida, que será retomada quando enfrentarmos 
a dinâmica do ordenamento jurídico, seja saber se uma norma socialmente 
ineficaz continua válida. Analisando friamente a questão, uma norma que 
pertença ao ordenamento é válida. Ela somente perde a validadese for 
retirada, por outra norma jurídica, do conjunto. Logo, dizer que essa norma é 
socialmente ineficaz não faz dela uma norma inválida, pois nenhuma outra 
norma jurídica a retirou do ordenamento. 
Mesmo que não seja cumprida, a norma legal que proíbe o jogo do bicho 
continua válida. Saindo da frieza técnica, contudo, faz sentido defender que 
uma norma não utilizada pelos tribunais e não respeitada pela população 
continua a ser jurídica? A tese de que uma norma não utilizada pelos tribunais 
por longo tempo deve ser excluída do ordenamento jurídico é defensável e 
suscita intermináveis discussões. Seu êxito judicial dependeria de algumas 
circunstâncias, mas, excepcionalmente, poderia verificar-se. 
Um quarto conceito, que não se confunde com os anteriores, é vigor ou força 
vinculante. Uma norma jurídica possui vigor quando pode obrigar as 
pessoas e as autoridades, impondo comportamentos. Quando a norma válida 
se torna vigente, ela ganha vigor ou força para obrigar. Todavia, em algumas 
situações, mesmo que a norma perca sua vigência e sua validade, ela ainda 
pode continuar a ter vigor. 
Quando uma norma possui vigor sem ser vigente, dizemos que ocorre o 
fenômeno da ultratividade: a norma produz efeitos antes ou depois de 
terminada sua vigência. Se uma norma produz efeitos para o passado, 
atingindo situações que ocorreram antes de ela se tornar vigente, tais efeitos 
são considerados retroativos; se produz efeitos apenas durante sua vigência, 
atingindo fatos presentes e futuros, então tais efeitos são considerados 
irretroativos. Como regra, as normas jurídicas são do segundo gênero 
(desenvolveremos a questão numa postagem própria). 
Um exemplo de situação na qual a norma perdeu a validade e a vigência, mas 
conservou o vigor, é o de uma relação contratual celebrada sob a égide de uma 
lei revogada. As pessoas que celebraram o contrato devem obedecer as 
determinações da lei que valia ao tempo de sua celebração, ainda que no 
presente esteja revogada. Entre as partes do contrato, portanto, a lei inválida 
e sem vigência continua a ter vigor. 
Outro exemplo pode ser mencionado: um juiz deverá julgar um ato jurídico 
conforme a lei que era válida e vigente no momento de sua prática, ainda que 
essa lei, no presente, tenha sido revogada. Novamente, a lei conserva seu 
vigor, pois é obrigatória sua adoção pelo juiz. 
Não podemos confundir os conceitos, portanto: validade significa que a norma 
é jurídica, pertence ao ordenamento; vigência é a qualidade da norma que 
indica a possibilidade de ela, em tese, produzir efeitos; eficácia é a qualidade 
da norma que indica a possibilidade concreta de seus efeitos ocorrerem; vigor, 
por fim, é a qualidade da norma indicativa de sua força vinculante, sendo 
suscetível de obrigar as pessoas e/ou as autoridades. 
Antes de finalizarmos, devemos apresentar uma última adjetivação: em 
alguns momentos, questiona-se quanto à validade ética ou ao fundamento 
valorativo ou à justiça de uma norma jurídica. A questão não é 
propriamente se a norma pertence ou não ao ordenamento, mas se ela permite 
a concretização de valores consagrados pelo mesmo, que levam a sociedade ao 
bem comum. Uma norma jurídica pode ser tecnicamente válida, vigente, eficaz 
e ter vigor, mas sua utilização prática pode causar situações que a sociedade 
reputa injustas. 
Contemporaneamente, os juristas tendem a desvalorizar o argumento que 
questiona a validade técnica de uma norma alegando que seja injusta. Afirma-
se que a justiça ou injustiça de uma norma é questão de ponto de vista, 
podendo variar conforme o ângulo observado. Algumas vezes, por outro lado, 
a busca do fundamento valorativo pode modificar as práticas judiciais, 
transformando o direito existente. 
Um exemplo é o caso de uma pessoa miserável que pratique o furto de um 
alimento, apenas para saciar a fome. Independentemente da discussão cível do 
caso, o direito penal caminha para a adoção de uma argumentação que 
considera injusto condenar-se tal pessoa pela prática do ato e puni-la na 
esfera criminal. 
Apesar da prática acima, contudo, a norma penal que proíbe o furto continua 
válida sob o ponto de vista formal, pois não foi revogada por qualquer outra 
norma jurídica. 
Ao falarmos em fundamento valorativo, devemos distinguir duas palavras: 
legitimidade e legalidade. Uma norma jurídica é legítima quando possui 
validade ética, ou seja, corresponde aos anseios valorativos da sociedade, que 
concorda com ela. A legalidade, por seu lado, refere-se à validade formal da 
norma, ao seu pertencimento ao ordenamento. Uma norma é válida, 
independentemente dos valores que consagra, se pertence ao conjunto de 
normas jurídicas. 
Quando reputamos um ato ou uma norma legal, estamos avaliando a validade 
formal e material do mesmo: a autoridade é competente, a forma está correta, 
não há contradições com as demais normas jurídicas. Quando, porém, 
reputamos ilegítimo, consideramos que, mesmo sendo legal, o ato é injusto. 
Os conceitos acima analisados (validade, vigência, eficácia e vigor) cumprem 
a função estrutural de estabelecer os limites do ordenamento, indicando quais 
normas pertencem ao conjunto e em que situações elas podem produzir efeitos. 
Como os juristas utilizam normas jurídicas em suas atividades, o domínio 
desses termos é imprescindível para um bom desempenho desses afazeres. 
Ariane dos Santos Sena Mota 
Matricula: 201510494911

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