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ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO Prof. Dr. Ricardo Moresca ATM ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca ANATOMIA DA ATM 1 INTRODUÇÃO A articulação têmporo-mandibular (ATM) é a articulação pela qual a mandíbula se articula com o crânio, especificamente com o osso temporal. A ATM pode ser classificada como: • Diartroidal: pois pode desenvolver movimentos de rotação (gínglimo) e de translação (artrodial). • Bilateral (bicondília): duas articulações ligadas entre si pela mandíbula, com dependência funcional mútua. • Sinovial: porque os ossos são separados por espaços preenchidos porliquido sinovial. • Complexa: seu espaço articular e subdividido em superior e inferior pelo disco articular. A ATM apresenta várias características próprias que a diferencia de outras articulações do corpo humano, dentre elas duas são mais importantes: Prof. Dr. Ricardo Moresca – ricardo@moresca.com,br Especialista em Ortodontia – UFPR Mestre em Ortodontia – UMESP Doutor em Ortodontia – FO USP Professor Adjunto do Departamento de Anatomia – UFPR Professor da graduação e pós-graduação em Ortodontia – UFPR e UnicenP 2 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca 1 – apesar de apresentar-se bilateralmente, funciona como uma unidade única, a articulação direita não pode mover-se independentemente da esquerda; 2 – apresenta um ponto rígido de fechamento terminal, a superfície oclusal dos dentes. 3 – pode sofre influência da oclusão dentária no seu funcionamento. 4 – o disco articular divide o espaço articular em dois compartimentos funcionalmente distintos. 5 – as superfícies articulares são recobertas por fibrocartilagem e não por cartilagem hialina. 2 COMPONENTES ÓSSEOS Os componentes ósseos da ATM são a cabeça (côndilo) e o pescoço (colo) da mandíbula e a fossa mandibular (cavidade glenóide) e eminência articular, ambos acidentes anatômicos da porção escamosa do osso temporal. 2.1 Componente mandibular O côndilo é composto de um osso esponjoso revestido por uma delgada camada de osso compacto, cuja espessura é variada. Ele é revestido por uma camada de tecido fibrocartilaginoso denso, formado principalmente de fibras colágenas e apenas poucas fibras elásticas. Esse revestimento é mais espesso em áreas de maior demanda funcional, fornecendo as condições biológicas adequadas para receber carga durante a mastigação. O côndilo apresenta a forma aproximada de uma elipse, medindo de 7,0 a 10,0mm no sentido ântero-posterior e de 15,0 a 20,0mm látero- medialmente. Portanto, o raio da curvatura ântero-posterior é menor do 3 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca que o raio da curvatura látero-medial, o que torna o côndilo convexo látero-medialmente e bastante convexo ântero-posteriormente. Cada côndilo apresenta dois pólos (medial e lateral) sendo o pólo medial geralmente maior, mais proeminente (em relação ao ramo ascendente da mandíbula) e mais arredondado que o lateral. Na região anterior do colo do côndilo encontra-se uma depressão denominada fóvea pterigóidea onde se insere o feixe inferior e parte do feixe superior do músculo pterigóideo lateral. Na porção mais superior do côndilo existe uma suave crista transversa (látero-medial), algumas vezes quase imperceptível, que divide o côndilo em duas superfícies articulares: anterior e posterior. Quando os dentes encontram-se contatados na posição de máxima intercuspidação a superfície articular anterior do côndilo repousa na vertente posterior da eminência articular. Essa região parece ser a área de maior demanda funcional da ATM. Em relação ao ramo ascendente da mandíbula, o eixo condilar (linha que conecta os pólos medial e lateral) mantém uma relação perpendicular sendo, no entanto, inclinado anteriormente. Por outro lado, os ramos ascendentes da mandíbula não são paralelos entre si, divergindo posteriormente. Dessa forma, os prolongamentos dos longos eixos dos côndilos formam um ângulo de 145o a 160o. Esta característica leva a considerações clínicas importantes. Influencia, por exemplo, diretamente na dinâmica da articulação, pois gera eixos de rotação não coplanares durante os movimentos mandibulares. Esta inclinação também orienta o posicionamento de entrada dos raios X nas radiografias convencionais das ATMs e os cortes tomográficos e de ressonância magnética. Existe uma grande variação na forma dos côndilos entre indivíduos diferentes e entre os côndilos direito e esquerdo de um mesmo indivíduo. Essa variação é decorrente principalmente do padrão genético e da 4 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca ação de forças biomecânicas que atuam dentro dos limites fisiológicos, promovendo remodelação dos componentes articulares. 2.2 Componente temporal O componente temporal da ATM pode ser dividido em uma porção côncava denominada fossa mandibular e uma convexa mais anterior denominada eminência articular. Como o côndilo, a fossa mandibular também demonstra uma forma bastante variável. Na porção mais profunda da fossa mandibular encontra-se uma cortical óssea muito delgada. Essa condição anatômica sugere que o teto da fossa não seja uma área biologicamente desenvolvida para receber pressão durante os esforços mastigatórios. Na porção posterior da fossa mandibular, lateralmente, encontra-se a fissura escamo-timpânica (entre as porções escamosa e timpânica do osso temporal). Em sua extremidade medial a fissura escamo-timpânica é invadida por uma pequena projeção da porção petrosa do osso temporal. Esta interposição da porção petrosa divide a fissura escamo-timpânica em fissura petro-timpânica (posterior) e a petro-escamosa (anterior). A fissura petro-timpânica estabelece uma comunicação entre o ouvido médio e a ATM e por ela passam o nervo da corda do tímpano e a artéria e a veia timpânica. Essas estruturas nervosa e vasculares estão fora dos limites funcionais da articulação estando protegida de qualquer pressão do côndilo. A fossa mandibular é limitada anteriormente pela vertente posterior da eminência articular. Posteriormente, está limitada pela placa (porção) timpânica do osso temporal, estando muito próxima do meato acústico externo. Em alguns mamíferos existe um proeminente processo pós- glenóide, que limite o movimento posterior da mandíbula. Este processo é bastante reduzido nos seres humanos. Medialmente não existe um limite anatômico ósseo preciso. Ladeiam medialmente a fossa mandibular: o forame oval (nervo mandibular), o forame espinhoso (artéria meníngea 5 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca média e ramo recorrente do nervo mandibular) e a espinha do esfenóide (inserção do ligamento esfeno-madibular). A eminência articular pode ser dividida em duas paredes (vertentes), a parede posterior (mais íngreme) e a anterior (menos íngreme), divididas por uma crista transversa (látero-medial). A inclinação da eminência articular contribui para a desoclusão dos dentes posteriores durante a protrusão mandibular. Portanto, no sentido ântero-posterior a eminência articular é convexa. Já no sentido látero-medial a eminência articular apresenta-se côncava adaptando-se à curvatura do côndilo (convexa) neste mesmo sentido. Diferentemente da fossa mandibular, a eminência articular é espessa, tolerando a presença de forças durante a função. O mesmo revestimento de fibrocartilagem presente na superfície articular anterior do côndilo encontra-se na parede posterior e medial da eminência articular. Estereforço confirma a teoria de que estas regiões sejam áreas biologicamente desenvolvidas para receber esforços durante a mastigação. A projeção mais lateral da eminência articular é denominada de tubérculo articular, que serve para inserção de alguns ligamentos da ATM. Durante o movimento de abertura máxima o côndilo translada até a crista da eminência, podendo ultrapassá-la em algumas articulações. Essa hipertranslação não deve ser considerado um movimento patológico quando o indivíduo não manifestar sintomatologia dolorosa ou sinais clínicos. A luxação da ATM (open lock) ocorre quando os côndilos ultrapassam as eminências articulares, invadindo a fossa infratemporal. 3 CARTILAGEM ARTICULAR As superfícies funcionais da ATM (atritantes) são revestidas por cartilagem articular (fibrocartilagem). Ela tem como função proteger essas superfícies, 6 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca evitando o contato direto do côndilo contra o componente temporal da articulação. A camada mais superficial que reveste estas superfícies consiste de fibroblastos distribuídos em uma camada densa, avascular, de colágeno. Subjacente a esta camada fibrosa existe uma zona proliferativa de células associadas com a formação da cartilagem condilar. Adjacente ao osso, sob a camada proliferativa, está a zona fibrocartilaginosa. A cartilagem articular pode ser sede de processos degenerativos importantes. 4 DISCO ARTICULAR O disco articular é uma estrutura fibrocartilaginosa que divide o espaço articular em dois compartimentos, um superior e outro inferior. Ele tem por função adaptar as incongruências dos componentes ósseos, além de ser um elemento intermediário capaz de absorver alguma pressão. Para alguns autores, o disco articular exerce função primordial nos movimentos mandibulares constituindo-se em uma terceira superfície articular. A presença de fibrocartilagem tanto no disco articular como na cartilagem articular, no lugar de cartilagem hialina como acontece em outras articulações, confere a estas estruturas resistência e flexibilidade. Em um corte parasagital, percebe-se no disco uma forma bicôncava e três partes podem ser identificadas: • Anterior (banda anterior): é uma região espessa (2mm), principalmente na região lateral da articulação. Anteriormente é ligada ao feixe superior do músculo pterigóideo lateral através da parede anterior da cápsula articular. • Média (zona intermediária): a parte média (1mm) une as bandas anterior e posterior e suas fibras encontram-se na direção ântero- posterior. Essas fibras se entrelaçam com as fibras das bandas, assim 7 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca que ali chegam. Em máxima intercuspidação, espera-se que esta porção esteja interposta entre as superfícies funcionais (superfície articular anterior do côndilo e vertente posterior da eminência articular). • Posterior (banda posterior): a banda posterior geralmente é a mais espessa das duas bandas (3mm). Quando a mandíbula está fechada, a banda posterior do disco localiza-se sobre ou ligeiramente anterior à crista superior do côndilo. As fibras, assim como as da banda anterior, são transversais ao côndilo. No plano frontal, as bordas lateral e medial do disco articular também são mais espessas que a porção central, sendo a margem medial mais espessa que a lateral. O disco articular está inserido em quase toda sua extensão, perifericamente, à cápsula articula. Posteriormente o disco está ligado à zona bilaminar. Anteriormente o disco prende-se á parede anterior cápsula articular e indiretamente ao feixe superior do músculo pterigóideo lateral. O disco está fixado aos pólos do côndilo, tanto medialmente como lateralmente, através dos ligamentos discais ou colaterais, formando o chamado complexo côndilo-disco. Estes ligamentos permitem movimentos rotacionais do disco sobre o côndilo durante a abertura e fechamento da boca. Danos à sua estrutura, advindos de micro ou macro traumas, podem provocar o seu estiramento e predispor a deslocamentos do disco articular. O disco ainda acompanha o côndilo durante a translação condilar. Este movimento do disco pode ser atribuído aos ligamentos discais, à forma bicôncava do disco (plano parasagital) e á pressão existente entre o côndilo e eminência articular. Este tipo de relação faz com que o disco mova-se no compartimento superior com movimento de translação e no compartimento inferior com movimento de rotação. Ao mesmo tempo, faz com que o disco não deslize tanto quanto o côndilo, no movimento de protrusão (o disco move-se 7 mm enquanto o côndilo 15 mm em protrusão máxima). 8 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca O disco articular, sendo um tecido fibrocartilaginoso, é aneural e avascular. Pesquisas recentes mostram, no entanto, que a periferia do disco articular apresenta algumas terminações nervosas e vasos sanguíneos. A concentração destes elementos ocorre na margem anterior e principalmente na margem posterior, onde o disco articular recebe as fixações do músculo pterigóideo lateral e da zona bilaminar, respectivamente. A morfologia do disco articular é mantida desde que forças destrutivas ou alterações estruturais não venham a ocorrer na articulação, nessas circunstâncias alterações irreversíveis podem estar presentes. 5 ZONA RETRODISCAL Entre a face posterior do côndilo e a parede timpânica encontra-se um tecido denominado retrodiscal. Também pode ser denominado de zona bilaminar ou, mais recentemente, de ligamento posterior do disco articular. Essa região contém no seu interior espaços que são preenchidos com sangue durante o deslocamento anterior da mandíbula. A área é abundantemente inervada pelo nervo auriculotemporal. A intensa vascularização e inervação demonstram que a região não foi biologicamente desenvolvida para receber pressão durante a função. A zona retrodiscal é também denominada de zona bilaminar pelo fato de apresentar na sua estrutura, duas lâminas: uma superior e uma inferior. A lâmina superior une a borda posterior do disco articular à placa timpânica (fissura petro-timpânica) e apresenta na sua constituição grande concentração de fibras elásticas, sendo essas ainda mais abundante nas mulheres. Estas fibras são distendidas durante o movimento anterior da mandíbula e do disco articular e, no retorno do complexo côndilo-disco à posição inicial, traciona o disco para posterior. A lâmina inferior une a borda posterior do disco articular e os pólos do côndilo à superfície posterior e do côndilo, sendo composto de fibras 9 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca colágenas não elásticas. Suas fibras limitam o deslocamento anterior do disco articular. Entre a lâmina superior e inferior existe um tecido conjuntivo frouxo interposto, rico em terminações nervosas e que também apresenta um plexo venoso abundante. Esta região enche-se de sangue na abertura bucal e, durante o fechamento da boca com o côndilo ocupando este espaço, o sangue retorna para os vasos venosos. Este é um mecanismo de amortecimento e que também proporciona um extravasamento de plasma sanguíneo que entrará na composição do líquido sinovial. Um posicionamento mais posterior do côndilo na fossa mandibular pode levar a um pressionamento dessa região dando origem a dor. A compressão da zona bilaminar também pode levar à substituição dos vasos e das terminações nervosas por fibras (fibrosamento) dando origem a um pseudo-disco (metaplasia). 6 CÁPSULA ARTICULAR A cápsula articular de uma articulação sinovial é composta de tecido conjuntivofrouxo, vascularizado e inervado, que define os limites anatômicos de uma articulação. Também proporciona a retenção do líquido sinovial para nutrir e lubrificar os tecidos intra-capsulares. A resistência e limitação dos movimentos são proporcionadas pelos ligamentos. Na ATM, a cápsula se insere superiormente ao redor da borda da superfície articular do temporal e inferiormente ao colo do côndilo. Posteriormente está ligada à zona bilaminar. Anteriormente a cápsula se funde com o disco articular recebendo fibras do músculo pterigóideo lateral. A cápsula funde-se ao disco articular em sua periferia dividindo a articulação em dois compartimentos: o compartimento sinovial superior, e o compartimento sinovial inferior. O compartimento sinovial superior é maior, estendendo-se mais anteriormente que o inferior e é delimitado 10 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca superiormente pelo osso temporal e inferiormente pela superfície superior do disco articular. O compartimento sinovial inferior é reforçado pelos ligamentos discais, sendo delimitado superiormente pela superfície inferior do disco articular e inferiormente pelo côndilo mandibular. A face interna da cápsula, voltada para as cavidades articulares, é revestida pela membrana sinovial. É inervada e possui receptores sensitivos, por isso influencia a atividade muscular durante a mastigação e posicionamento da mandíbula. 7 MEMBRANA E LÍQUIDO SINOVIAL A membrana sinovial reveste internamente a cápsula articular e só não está presente nas superfícies articulares funcionais (atritantes). A cartilagem e disco articular também não são recobertos pela membrana sinovial. Vilosidades ocorrem nos limites anterior e posterior da articulação para acomodar o movimento do disco. A membrana sinovial apresenta duas camadas: a mais superficial é celular e de revestimento. A camada mais profunda é rica em capilares. A função da membrana sinovial é secretar o líquido sinovial (sinóvia) que nutre as superfícies articulares não vascularizadas, além de remover corpos estranhos presentes no interior da articulação. Uma outra função do líquido sinovial é lubrificar a articulação. Com esse objetivo, dois mecanismos são empregados: o primeiro ocorre na função reduzindo o atrito durante a movimentação das superfícies articulares. Um outro mecanismo de lubrificação descrito é o de "saturação". Quando as superfícies articulares são sujeitas a forças de compressão, o líquido retido no interior da cartilagem é eliminado, lubrificando as superfícies. Quando da presença de forças compressivas prolongadas, o mecanismo de saturação pode ser esgotado não proporcionando mais a lubrificação adequada. Essa 11 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca condição ocorre principalmente nos casos de apertamento dentário durante o sono. O ácido hialurônico é a glicosaminoglicana predominante no líquido sinovial, proporcionando a viscosidade necessária para a lubrificação da articulação. A olho nu, o líquido sinovial tem a consistência de clara de ovo. 8 LIGAMENTOS Os ligamentos são estruturas de tecido conjuntivo denso, não distensíveis, que atuam na limitação dos movimentos mandibulares. Os ligamentos da ATM podem ser classificados em intra-capsulares e extra- capsulares. Os ligamentos discais são exemplos de ligamentos intra- capsulares. Outra maneira de se classificar os ligamentos da ATM é em principal e acessório. 8.1 Ligamento principal O ligamento têmporo-mandibular é o ligamento principal da ATM. Localiza-se na parte lateral da cápsula articular, como um reforço nesta região, sendo considerado algumas vezes como um espessamento da mesma. Pode ser dividido em duas partes: uma oblíqua e outra horizontal. O ligamento oblíquo une o tubérculo articular e o processo zigomático à borda posterior do colo do côndilo, limitando o grau de rotação do mesmo. Após aproximadamente 28mm de rotação mandibular, este ligamento fica tenso, e a mandíbula é impedida de continuar a rotacionar sem que ocorra um deslocamento para anterior (translação), evitando assim a compressão de estruturas nobres do pescoço. O ligamento horizontal liga-se anteriormente também no tubérculo articular e processo zigomático e posteriormente na superfície lateral do 12 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca côndilo. Esse ligamento limita o deslocamento posterior do côndilo, evitando assim a compressão da zona retrodiscal altamente vascularizada e inervada. A resistência desse ligamento pode ser demonstrada efetivamente nos casos de trauma na região mentual. Nessas circunstâncias ocorre a fratura no colo do côndilo evitando que o mesmo invada fossa craniana média, lesando o lóbulo temporal do cérebro. 8.2 Ligamentos acessórios Ligamento Esfenomandibular: eleva-se a partir da espinha do osso esfenóide e se insere na língula da mandíbula. É passivo durante os movimentos da mandíbula mantendo a mesma intensidade de tensão durante a abertura e fechamento da boca. Ligamento Estilomandibular: estende-se a partir do processo estilóide para o ângulo medial, cobrindo a superfície exterior do processo e do ligamento estilóide. É frouxo quando as arcadas estão fechadas ou quando a mandíbula está sob repouso. O ligamento torna-se tenso somente na postura protrusiva forçada. 9 IRRIGAÇÃO ARTERIAL O suprimento arterial da porção posterior da ATM é realizado pela artéria temporal superficial e pela artéria maxilar. Anteriormente, as artérias temporal profunda, massetérica e pterigóidea proporcionam a irrigação da ATM. 10 INERVAÇÃO A inervação da ATM deriva do nervo mandibular. A metade posterior da ATM é inervada pelo nervo aurículo-temporal. A metade anterior é 13 ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO ANATOMIA DA ATM Prof. Dr. Ricardo Moresca inervada pelos nervos massetérico (porção lateral) e temporal profundo posterior (porção medial). A maioria das terminações nervosas são livres e não encapsuladas e as encapsuladas possuem os corpúsculos de Vater-Pacini, órgãos tendinosos de Golgi e terminações de Ruffini. Apresenta uma alta especialização sensitiva, e os receptores vão servir como fontes de impulsos para guiar a função muscular (mastigatória) e o sentido de localização da mandíbula. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DuBRUL, E. L. Anatomia Oral de Sicher e DuBrul. 8. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1991. 2. GOSS, Charles Mayo. Gray Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1988. 3. JOHNSON, D. 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