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HISTORIA E TRADICIONALISMO NAS SEGUNDAS

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CTG INHANDUI
PROJETO CULTURAL
HISTÓRIA E TRADICIONALISMO NAS SEGUNDAS
LARISSA IRALA DE MELO
3ª PRENDA JUVENIL
Porto Alegre, 24 Abril de 2018.
Este projeto tem por finalidade, aproximar a invernada juvenil, da historia do nosso estado e trazer ao conhecimento de todos os temas relevantes da nossa tradição.
Este projeto consiste em sugerir temas a serem pesquisados por todos os integrantes da invernada juvenil.
A cada ensaio um integrante da invernada, comandara uma conversa informal sobre um tema que tenha sido anteriormente escolhido.
Cada roda de conversa terá duração de 15 minutos com inicio, desenvolvimento e conclusão 
O sorteio do tema será feito uma semana antes, junto com o sorteio de quem comandara a conversa
Todos deverão estudar o tema para participar da conversa
Não devera repetir tema, nem tão pouco quem comandará a conversa.
A CADA RODA DE CONVERSA UM INTEGRANTE PODERÁ FAZER UMA APRESENTAÇÃO ARTISTICA
Os temas serão:
Guerra dos Farrapos
Lanceiros negros
Giuseppe e Anita Garibaldi
Mulher farroupilha
Trova gaúcha
Poesia gaúcha
Lendas gaúchas (geral)
Lenda do Negrinho do pastoreio
Lenda da Salamanca do jarau
Lenda de Sepe tyaraju
Lenda do João de Barro
Historia do chimarrão 
Historia da erva mate
Trajes e vestimentas do povo gaúcho
Historia dos CTGs 
Danças tradicionais gaúchas ( origens )
Jogos tradicionais gaúchos
Rodeios gaúchos
Guerra dos Farrapos
Durante a regência, a questão da centralização política incitou a organização de diferentes revoltas que constantemente ameaçavam a unidade do território brasileiro. Na região sul, as elites pecuaristas se colocaram em um delicado confronto com o governo federal ao se revoltarem com a política fiscal promovida na época. Onerosos tributos eram cobrados sob a produção do charque, do couro e dos muares que representavam os principais gêneros exportados pela elite pecuarista gaúcha.
Na década de 1830, as autoridades do governo resolveram intensificar as cobranças sob tais gêneros com a criação de postos fiscais que garantiriam a cobrança junto aos produtores de charque gaúchos. Essa política adotada acabava beneficiando a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro, que diferentemente dos gaúchos, arcava com uma alíquota alfandegária bem menor. Insatisfeitos com essa situação, um grupo de grandes proprietários organizou um levante que derrubou o governador provincial em 1835.
O sucesso obtido na ação dos revoltosos – liderados por Bento Gonçalves – marcou a deflagração da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos. Primeiramente, os farrapos (assim conhecidos pelo lenço vermelho que tinham preso a suas vestes) dominaram a cidade de Porto Alegre e exigiram a nomeação de um novo presidente de província. No ano seguinte, em 1836, com a intransigência do poder central, os primeiros confrontos aconteceram entre os farrapos e as tropas oficiais.
Inicialmente, as forças de repressão conseguiram enfraquecer a ação dos farrapos promovendo a retomada da capital. Após a batalha de Seival, os farrapos demonstraram sua resistência ao proclamarem a criação da República Rio-Grandense, com sede na cidade de Piratini, e dirigida por Bento Gonçalves. Em resposta, os legalistas venceram a batalha de Fanfa, onde aprisionaram vários revoltosos, incluindo o presidente Bento Gonçalves.
Nos dois anos seguintes, os confrontos se alongaram e os farrapos ganharam o apoio de duas novas lideranças revolucionárias: o brasileiro David Canabarro e o italiano Giuseppe Garibaldi. Com o apoio destes exímios combatentes, os revolucionários conseguiram novas vitórias. Em julho de 1839, partiram em direção de Santa Catarina, onde conquistaram a cidade de Laguna e proclamaram o surgimento da chamada República Juliana.
Com o prolongamento do conflito, o governo designou o Barão de Caxias para conduzir as tropas da Guarda Nacional. Nessa mesma época, dissidências políticas e a crise econômica acabaram ameaçando as intenções dos revolucionários. De fato, nenhum dos lados desta guerra tinha condições suficientes para oferecer resistência. Com isso, o próprio governo optou em desmobilizar os farrapos atendendo a sua principal reivindicação: o aumento da taxa sobre o charque estrangeiro.
A partir de então, o Barão de Caxias começou a articular as negociações que, finalmente, encerrariam essa penosa guerra. Após serem derrotados na batalha dos Porongos, em 1844, os farrapos enviaram um grupo que negociaria secretamente a rendição das tropas insurgentes na capital federal. Em março de 1845, o tratado do Ponche Verde garantiu os interesses dos revolucionários gaúchos e a hegemonia territorial do império.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
http://historiagaucha.blogspot.com.br/
LANCEIROS NEGROS
Os Escravos que lutaram em troca de liberdade
Os Lanceiros Negros tiveram papel fundamental para a Proclamação da República Rio-Grandense e foram massacrados para dar um fim pacífico à Revolução Farroupilha. Até hoje não lhes foi dado o devido reconhecimento histórico.
Guilherme Justino
Reportagem realizada em Abril de 2008
 
A Revolução Farroupilha (1835-1845), revolta de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, centralizador e escravocrata, é marcada por controvérsias; tanto à época, entre os líderes farrapos, quanto agora, entre historiadores. Uma das questões menos estudadas e conhecidas da Revolução Farroupilha, que ainda hoje se constitui em um tabu na historiografia do Rio Grande do Sul, é a enorme contribuição dos negros nessa luta e o destacado papel que nela tiveram os célebres Lanceiros Negros, grupamento militar formado por escravos que lutavam em troca da liberdade.
Apesar de os revoltosos compartilharem um mesmo ideal principal - um modelo de Estado com maior autonomia às províncias - os líderes divergiam em vários pontos. Entre os mais polêmicos estava a sua posição frente à escravidão. A resposta à pergunta “os farrapos eram ou não abolicionistas?” não pode ser respondida com um simples “sim” ou “não”. Ainda que boa parte de seus líderes fosse favorável à abolição da escravidão, as premências da guerra não permitiram a sua aprovação. As lideranças farroupilhas tiveram posições conflitantes frente à questão servil. De um lado, a chamada “maioria” – formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, Mariano de Mattos, Antônio Souza Neto e outros – assumiu uma postura claramente abolicionista. De outro, a “minoria” – Vicente da Fontoura, David Canabarro e outros chefes farrapos – aceitou a libertação dos escravos que se engajassem na luta contra o império, mas opôs-se tenazmente a qualquer tentativa de libertação geral dos escravos. A resultante dessa contradição foi a não inclusão no projeto de Constituição da República Rio-Grandense da liberdade para os escravos e a Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, quando os Lanceiros Negros foram massacrados em um episódio muito controvertido, envolvendo suspeitas de traição e cartas cuja autenticidade ainda é questionada, que mudaria os rumos da revolução.
Primeiramente, pode-se afirmar que os negros (libertos ou escravos), assim como os índios, mulatos e brancos pobres, enxergaram na Revolução Farroupilha um caminho para a conquista de sua emancipação, nela engajando-se de forma ativa desde o seu início. Ao mesmo tempo, os farrapos – diferentemente do que ocorreu em demais rebeliões feitas no Brasil – não temeram armar os escravos, premiando com a liberdade os que se engajaram na luta contra o Império. O Corpo de Lanceiros Negros era integrado por negros livres ou libertados pela Revolução e, após, pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa. Para Cláudio Moreira Bento, historiador militar e autor de diversos livros sobre a Revolução Farroupilha, “os Lanceiros Negros entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate”.
Em decorrência do êxitodas tropas formadas por combatentes negros e por insistência do Comandante farrapo João Manuel de Lima e Silva, defensor entusiasta da libertação dos escravos e do seu engajamento nas tropas rebeldes, no dia 12 de Setembro de 1836, às vésperas da batalha de Seival, foi constituído o 1º Corpo de Cavalaria de Lanceiros Negros, com mais de 400 homens, que teve importante papel na vitória sobre os imperiais.
O 1º Corpo foi recrutado, principalmente, entre os negros campeiros, ex-escravos, domadores e tropeiros das charqueadas de Pelotas e do então município de Piratini (atuais Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, até o Pirai e parte de Arroio Grande, na zona sul do Estado), hábeis nas atividades pecuárias relacionadas com as estâncias gaúchas. Em suas funções, amavam a liberdade, acostumados que estavam a movimentar-se dentro da amplidão dos horizontes da terra gaúcha. Tiveram papel relevante na maior vitória farrapa, em Rio Pardo, no dia 30 de abril de 1939, e na expedição por terra a Laguna, Santa Catarina, em 1839, quando lá foi proclamada a efêmera República Juliana.
Foi por certo lembrando Teixeira Nunes e seus bravos Lanceiros Negros, que o acompanharam na expedição a Laguna, que Giuseppe Garibaldi escreveu: "Eu vi batalhas disputadas, mas nunca e em nenhuma parte homens mais valentes nem lanceiros mais brilhantes do que os da cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e a combater pela causa sagrada dos povos. Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!" Deve-se talvez a Garibaldi, no Museu de Bolonha, Itália, o quadro intitulado Farroupilha, que fixa e imortaliza um lanceiro negro da República Rio-Grandense.
República x Império
A Revolução Farroupilha é o mais longo conflito armado que ocorreu no continente americano, durando de 1835 até 1845, dez anos de batalhas entre imperialistas e republicanos. Estes defendiam a manutenção do império; aqueles lutavam pela proclamação da República brasileira. A revolta aconteceu porque os sul-rio-grandenses, descontentes com o pouco prestígio que tinham no governo central e com a concorrência da Argentina na produção de charque, o principal produto gaúcho da época, proclamaram independência, enfrentando o exército do governo regencial, e mais tarde a invasão das tropas uruguaias.
Trata-se verdadeiramente de uma revolução apenas o movimento político-militar que vai de 19 de setembro de 1835 a 11 de setembro de 1836, porque era a revolta de uma província contra o Império do qual fazia parte. A 11 de setembro de 1836 é proclamada a República Rio-Grandense e então já não se pode mais falar em revolução, mas sim em guerra, a luta aberta entre duas potências políticas independentes e soberanas, uma República, de um lado, e um Império, de outro.
A República Rio-Grandense foi proclamada pelo general Antônio de Sousa Neto, que em seu discurso disse: “proclamamos a independência dessa província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente”. Esse ato foi uma conseqüência direta da vitória obtida por forças gaúchas na Batalha do Seival, já que até aquele momento não era consenso a idéia de separatismo. O 1º Corpo de Lanceiros Negros teve atuação importante nesse conflito, quando surgiu em reforço à Brigada Liberal do general Neto. Para Cláudio Moreira Bento, assim fica evidente a grande contribuição do gaúcho negro e mulato para a vitória da batalha do Seival e para a proclamação da República Rio-Grandense, onde buscam inspiração as mais caras tradições políticas e militares do povo gaúcho.
Passado algum tempo, as negociações de paz se impõem de ambos os lados, anos antes do final do conflito. As primeiras tentativas de acordo entre os líderes farrapos e o Império haviam ocorrido já em 1840, mas haviam emperrado, entre outros motivos, pela resistência da Corte em aceitar a exigência de liberdade para os negros que lutavam no exército farroupilha.
A mesma questão preocupava aqueles chefes farrapos contrários à abolição da escravidão – representados principalmente por David Canabarro e Antônio Vicente da Fontoura, que haviam assumido as principais funções civis e militares da República, afastando Bento Gonçalves, Domingos de Almeida e Antônio Souza Neto, e que agora negociavam a paz com o então barão de Caxias, representante do Império. Por um lado, era impossível obter um mínimo de consenso para consertar a paz sem garantir a liberdade aos negros libertos, que há anos lutavam pela República. Além disso, seria muito arriscado o retorno dos combatentes negros ao trabalho servil, o que poderia levar o fermento da rebelião para as senzalas. Por outro lado, para a ordem escravocrata reinante, também era perigoso manter livres um grande contingente de negros com experiência militar.
Bento Gonçalves apresentou uma proposta onde exigia “a liberdade dos escravos que estão aos nossos serviços” como uma das primeiras condições. Como os imperiais não concordaram com essa exigência, “no Rio Grande continuaria a guerra, não podendo voltar aos grilhões os negros que há cinco anos lutavam pela liberdade na América”. Para um dos farrapos, “homens que ombrearam conosco na defesa da liberdade, não podem voltar ao cativeiro”.
Nesse ponto, os farrapos sempre foram coerentes e leais. Servindo-se dos escravos para defender a liberdade por eles apregoada, não os abandonaram no último momento da luta, e esforçaram-se com o governo imperial para que eles não voltassem ao cativeiro. Embora o governo imperial reconhecesse o perigo da legitimação da alforria dos que com as armas na mão conquistavam, em um país cujo primeiro elemento da sua produção era o escravo, deixou-se não obstante dominar pelos sentimentos filantrópicos, que mais tarde deviam, com tanta glória para o Brasil, manifestar-se na lei da libertação do ventre da mulher escrava. Os soldados da República, recrutados na escravidão, conservaram no Império a condição de liberdade por exigência dos caudilhos da rebelião.
Com a promessa de liberdade
Os Lanceiros Negros foram organizados como tropa regular a partir da batalha de Pelotas, em abril de 1836, quando os farrapos fizeram centenas de prisioneiros, entre eles muitos negros, que constituíam a maioria da população do município. Eram os escravos que tocavam as charqueadas. Eles também trabalhavam como peões em estâncias e lavouras. Muitos eram domadores de cavalos, ginetes. Com a promessa de liberdade no final da guerra, os lanceiros transformaram-se na vanguarda das tropas farroupilhas. A liberdade era uma promessa sedutora, que fazia os escravos lançarem-se como feras nas batalhas. Eram usados em missões arriscadas, pois tinham grande mobilidade. Lutavam a pé e a cavalo, portando lanças de três metros de comprimento. Quando havia munição, usavam armas de fogo. Atacavam gritando para intimidar o inimigo. Em pouco tempo, os lanceiros passaram a ser temidos pelo inimigo, que evitavam o confronto direto com as tropas de negros.
Como lanceiros, não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros bicharás (ponchos de lã), que lhes serviram de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva. Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o bichará servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. O que os defendia em combate servia-lhes também de proteção fora dele. Eram rústicos e disciplinados. Faziam a guerra à base de recursos locais. Comiam se houvesse alimento e dormiam em qualquer local, tendo como teto o firmamento do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A maioria montava a cavalo quase que em pêlo, à moda charrua.
À medida que a guerra se aproximava do fim, eles se tornaram mais numerosos, tanto que no final havia dois corpos de lanceiros, totalizando mais de mil soldados. Como esses fatos foram escamoteados pelos historiadores do século XIX, não se sabe qual o percentualde negros nas tropas farroupilhas, nem tampouco nas tropas do governo imperial, porém tudo indica que eles foram tão importantes na guerra quanto o eram no tempo de paz. Mas também, durante a campanha militar, eles viviam segregados.
Conforme o tempo passava e a guerra se estendia, os Lanceiros Negros tornaram-se um ponto decisivo para a negociação de paz entre republicanos e imperialistas. De valentes guerreiros foram transformados em moeda de troca. A vontade dos farrapos, de libertar todos os negros que com eles lutaram, não era aceita pelo Império. Nesse contexto, surge uma das histórias mais controversas da Revolução Farroupilha.
A Surpresa de Porongos
Em novembro de 1844 estava em voga uma suspensão de armas, condição fundamental para que os governos pudessem negociar a paz. Condição essa não cumprida por todos os envolvidos. Alguns historiadores, como o professor da PUC de Porto Alegre, Moacyr Flores, atribuem o episódio de Porongos à traição dentro das forças republicanas, para eliminar o grupo de Lanceiros Negros e acabar com um dos principais entraves às conversações da paz. Para ele, "os negros foram traídos em Porongos porque Caxias tinha ordens de não lhes conceder anistia. Levaram os negros capturados em Porongos e os que foram entregues pelos Farrapos para a fazenda de Santa Cruz e para o Arsenal no Rio de Janeiro". Historiadores dessa corrente cogitam que a matança teria sido combinada entre David Canabarro, o principal general farrapo, e Duque de Caxias, representante imperial, para exterminar os integrantes, que poderiam formar bandos após o término da guerra e forçarem a assinatura da Paz de Ponche Verde. De comum acordo decidiram destruir parte do exército de Canabarro, exatamente seus contingentes negros, numa batalha pré-arranjada, conhecida como a Surpresa de Porongos. A questão da abolição da escravatura, uma das condições exigidas pelos farroupilhas para a paz, entravava as negociações. A libertação definitiva dos ex-escravos combatentes precipitaria um movimento abolicionista no resto do império, e a mão de obra escrava vinha mantendo a produção agrícola desde os tempos coloniais. Os Lanceiros Negros teriam sido previamente desarmados por Canabarro e separados do resto das tropas, sendo atacados de surpresa e dizimados pelas tropas imperiais comandadas pelo Coronel Francisco Pedro de Abreu, conhecido como Moringue.
Outros historiadores acreditam que a batalha de Porongos, foi um ataque sofrido pelo general David Canabarro – e não armado por ele em conjunto com o imperialista Caxias. Para Cláudio Moreira Bento, os Lanceiros Negros salvaram a República Rio-Grandense e o seu Exército de um colapso total, “através de resistência titânica que lhes custou muitas vidas, que contribuíram para a manutenção das condições honrosas de paz com o Império, como foi o Tratado de Ponche Verde, graças a Caxias”.
Vê-se então um conflito de versões. Para uns, Canabarro é vilão, para outros, sofre um ataque inesperado. Isso se deve a uma carta atribuída ao barão de Caxias, instruindo Moringue a atacar o corpo de Lanceiros Negros, que seriam previamente desarmados, e afirmando que tal situação teria sido previamente combinada com Canabarro. Esta carta foi mostrada em Piratini, a um professor ligado aos demais comandantes farrapos. A autenticidade desta carta foi questionada, e há a possibilidade de ela ter sido forjada pela Corte para desmoralizar Canabarro. Seja a carta verdadeira ou não, o fato é que o combate de Porongos removeu um dos obstáculos mais complicados para o restabelecimento da paz no Rio Grande, uma vez que o império não admitia conceder a liberdade aos negros que haviam lutado ao lado dos rebeldes farroupilhas, o que, segundo alguns historiadores, seria considerado um "mau exemplo" para os escravos de outras províncias.
Tenha sido surpresa ou traição, de alguma maneira os negros farrapos foram separados do resto da tropa. Isolados e portando apenas armas brancas, os Lanceiros Negros resistiram bravamente antes de serem liquidados. O combate de Porongos, onde oitenta de cem mortos foram negros, abriu caminho para a Paz de Ponche Verde alguns meses depois. “Tombam os Lanceiros Negros de Teixeira, brigando um contra vinte, num esforço incomparável de heroísmo", segundo Cláudio Moreira Bento. O desastre dos Porongos levou Canabarro ao tribunal militar farroupilha. Com a paz o trâmite continuou na justiça militar do Império. O General Manuel Luís Osório, futuro comandante das tropas brasileiras na batalha de Tuiuti (durante a Guerra do Paraguai) fez com que o processo fosse arquivado sem ter sido concluído, em 1866.
Em 28 de novembro de 1844, Teixeira Nunes e remanescentes de seu legendário Corpo de Lanceiros Negros travaram o último combate da Revolução em terras do Rio Grande do Sul, consta que em terras do atual município de Arroio Grande. A morte de Teixeira Nunes foi assim comunicada pelo então barão de Caxias, em ofício: "Posso assegurar a Vossa Excelência que o Coronel Teixeira Nunes foi abatido no campo de combate, deixando o campo, por espaço de duas léguas, juncando de cadáveres". Eram seguramente cadáveres de Lanceiros Negros. Teixeira Nunes foi um dos maiores lanceiros de seu tempo, e como uma ironia do destino teria caído mortalmente ferido por uma lança.
Para Cláudio Moreira Bento: “Esta descrição do sacrifício dos Lanceiros Negros para salvar ao máximo o Exército, o ideário da República Rio-Grandense, é comovente e deve emocionar todo o filho do Rio Grande do Sul, justificando uma homenagem póstuma, ainda que tardia, do Governo e povo do Rio Grande do Sul.”
Memorial e sítio histórico
Em 2007, a Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, em conjunto com o governo gaúcho, prefeitura de Pinheiro Machado e Instituto dos Arquitetos do Brasil realizou concurso nacional para escolher o projeto arquitetônico do Parque Memorial Lanceiros Negros, no Cerro dos Porongos, interior do município. O projeto Lanceiros Negros tem por objetivo prestar homenagens a estes heróis em Porto Alegre, no Parque Farroupilha, onde será erguida uma estátua, e preservar o Sítio Histórico onde tombaram estes anônimos negros, para que as futuras gerações possam livremente visitar, reverenciar e organizar os atos, as reflexões, ações e atividades segundo os princípios fundamentais da organização do Brasil.
No mesmo ano, o dia 14 de novembro (data da batalha de Porongos), dedicado aos Lanceiros Negros, foi unido a 20 de novembro, dia da Consciência Negra e passou a fazer parte das comemorações da semana da consciência negra.
O secretário-geral da União de Negros para a Igualdade do Rio Grande do Sul (Unegro), José Antônio Santos da Silva considerou esta uma “releitura da história oficial de uma sociedade que é racista e que agora coloca os Lanceiros Negros no seu verdadeiro lugar na história" uma vitória do movimento negro, pois, segundo ele, foram necessários "muitos anos de luta para que se reconhecesse que os Lanceiros Negros foram traídos por um homem até hoje considerado herói". Para o secretário-geral, o que houve em Porongos "foi uma chacina há 160 anos cometida contra homens negros que lutavam pela liberdade não só deles, mas de toda a população". Silva espera que o Memorial dos Lanceiros Negros "não seja apenas uma obra, mas um ponto de visitação e de reflexão não só da comunidade negra, mas de todo o povo gaúcho, para que possamos recontar a nossa história e a nossa presença neste Estado”.
Esse assunto não se esgotará tão cedo, pois a Guerra dos Farrapos foi muito manipulada pelos narradores, que sempre se preocuparam em defender um dos lados – o Império ou a República. São mais de 500 livros, nenhum isento ou imparcial. Em quase todos, os lanceiros não aparecem ou são citados apenas de passagem. Pode-se dizer que por mais de um século colocou-se uma pedra sobre a história dos negros no Rio Grande do Sul.
 
http://www.ufrgs.br/ensinodareportagem/cidades/lanceirosnegros.html
Anita Garibaldi (1821-1849), nascida Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva,foi uma revolucionária brasileira que lutou pela república no Brasil e pela unificação da Itália.
Biografia
Anita Garibaldi nasceu na cidade de Laguna (SC), em 1821, e era filha de um comerciante. Aos 14 anos, após a morte do pai, casa-se com um sapateiro, mas o casamento só dura três anos.
O marido iria se alistar nas tropas imperiais, enquanto a família de Anita apoiava os farroupilhas (ou farrapos) que desejavam separa-se do Império do Brasil.
Aos 18 anos, conhece Giuseppe Garibaldi, que vinha aportar no Brasil, e definitivamente abandonaria o esposo. Desta forma, podemos ver que Anita não aceitava ser submetidas às normas da sociedade.
Giuseppe Garibaldi veio para a América por conta do seu envolvimento com as lutas pela unificação da Itália e havia sido condenado à morte por conspiração pelo Reino da Sardenha (atual Itália).
Anita Garibaldi
Após uma temporada no Rio de Janeiro, se une às tropas de David Canabarro (1796-1867) e conquista Laguna, em 20 de julho de 1839. Seu barco havia naufragado e ele passava os dias a bordo observando a cidade com sua luneta. Súbito, deparou-se com uma jovem que lhe chamou a atenção pela beleza.
Em terra travou conhecimento com um local e este o convidou a sua casa. A primeira pessoa que lhe foi apresentada era a sobrinha, que por coincidência, era a jovem que havia visto do navio.
Anos mais tarde, ele recordaria com minúcia o primeiro encontro entre os dois:
“Um homem que tinha conhecido convidou-me a tomar café em sua casa. Entramos e a primeira pessoa que me apareceu era Anita. A mãe dos meus filhos! A companheira da minha vida, nos bons e nos maus momentos! A mulher cuja coragem tantas vezes ambiciono! Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse: 'Tu deves ser minha!'.
Junto a Garibaldi, Anita combateria as tropas imperiais. Recebeu seu batismo de fogo quando o barco foi atacado pela Marinha Imperial em 1839, onde utilizou a carabina para se defender.
Anita Garibaldi participaria da luta conduzindo colunas em marcha, organizando um hospital para cuidar dos feridos e participando também nas batalhas.
Quando os farrapos foram derrotados em Santa Catarina, o casal decidiu ir para o Uruguai, o único país da época que aceitava o divórcio e o único que havia reconhecido a República Rio-Grandense.
Conduzindo um rebanho de 900 reses, o casal se estabelece em Montevidéu onde se casam em 1842 e tem mais três filhos e viveriam na capital uruguaia de 1841-1848.
Garibaldi foi feito comandante da Marinha no Uruguai e chefiaria a Legião Italiana formada por compatriotas exilados. A marca desta tropa era o uso de camisas vermelhas e assim se tornariam conhecidos.
Giuseppe Garibaldi nunca havia esquecido a terra natal, nem as lutas que ali aconteciam. Por isso, envia a mulher e os três filhos para Nizza (atualmente Nice, na França) a fim de preparar sua chegada. Elege-se deputado em Roma em 1849 e se envolve novamente na luta pela unificação da península italiana.
Entretanto, Anita não aceita ficar em casa e vai ao encontro do marido para lutar ao seu lado contra os austríacos e franceses. Em 1849, as tropas de Garibaldi são derrotadas pelos franceses em Roma e Giuseppe e Anita, saem em retirada. Anita se recusa abandoná-lo e segue com ele, mesmo estando doente.
Anita Garibaldi morreu aos 28 anos, em 1849, grávida do quinto filho. Foi sepultada sete vezes, sendo que quatro por motivos políticos. Quanto a Garibaldi, seria vitorioso nas guerras da Unificação da Itália e considerado um dos seus fundadores.
Anita e Giuseppe Garibaldi tiveram quatro filhos e três chegaram à vida adulta. Os restos mortais de Anita Garibaldi descansam num monumento inaugurado em 1932 por Benito Mussolini, em Roma.
Contexto Histórico
A vida de Anita Garibaldi deve ser entendida dentro do contexto do Período Regencial(1831-1840) quando diversas províncias brasileiras aproveitaram a falta de uma autoridade forte para separar-se do Império do Brasil.
Os estados do sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, empreendem a Guerra dos Farrapos. Nesta época, foram fundados, por um curto período, dois países independentes: a República Rio-Grandense (1838-1845) e a República Juliana (1839).
Por outro lado, na península itálica começava o processo que culminaria na Unificação Italiana. A península itálica era um mosaico de reinos, o norte era ocupado pelos austríacos e ainda contava com os Estados Pontifícios que eram defendidos por tropas francesas.
Assim, não eram poucos os voluntários como o marinheiro Giuseppe Garibaldi, que se incorporavam as tropas do Piemonte, onde reinava a dinastia Saboia, a fim de unificar a península.
No entanto, Garibaldi se desentendeu com o rei, que o condenou à morte. Desta maneira, Garibaldi foge para a América do Sul, onde lutará ao lado dos republicanos contra o Império do Brasil. E deste modo, seu caminho vai cruzar com o da jovem Ana Maria que passará à História como Anita Garibaldi, a "Heroína dos Dois Mundos".
Curiosidades
A casa onde Anita Garibaldi viveu em Laguna é hoje um museu, aberto em 1978 e conta a história da ilustre moradora.
O município de Anita Garibaldi, elevado à cidade em 1961, se nomeia assim porque a Anita passou por ali em 1842 quando o lugar era apenas um ponto de descanso das tropas.
Anita Garibaldi foi tema da escola de samba Viradouro em 1999 com o enredo “Anita Garibaldi - a Heroína das Sete Magias”.
Sua vida foi levada às telas de cinema em vários filmes italianos e o brasileiro “Anita e Garibaldi”, de Alberto Rondalli, 2013.
Por sua importância na história brasileira, Anita Garibaldi nomeia avenidas, ruas e escolas por todo o Brasil. Em 2012, foi inaugurada a ponte Anita Garibaldi, sobre a Lagoa do Imaruí, ligando a cidade de Laguna ao continente.
Biografia de Giuseppe Garibaldi
Giuseppe Garibaldi (1807-1882) foi um militar e guerrilheiro italiano. Participou do movimento nacionalista "Jovem Itália" que pretendia a unificação de toda a península sob a forma de república. Veio exilado para o Brasil, participou da Guerra dos Farrapos, lutou na guerra entre a Argentina e o Uruguai. De volta para a Itália participa de várias lutas pela independência italiana.
Giuseppe Garibaldi (1807-1882) nasceu em Nice, no sul da França, no dia 4 de julho de 1807, quando essa cidade ainda era italiana, e pertencia ao reino da Sardenha. Seu pai, capitão da Marinha Mercante foi seu mestre. Aos 18 anos, como aprendiz, embarcou em inúmeras viagens. Em 1832, na Ucrânia encontrou alguns exilados italianos pertencentes ao movimento nacionalista de unificação da Itália, na época dividida em vários Estados absolutistas. O movimento "Jovem Itália", ao qual Garibaldi aderiu imediatamente era dirigido por Giuseppe Mazzini.
Em 1834 lidera uma conspiração em Gênova, com o apoio de Mazzini. Derrotado, é obrigado a exilar-se em Marselha, condenado à morte foge para o exilo no Brasil. Em 1835 desembarca no Rio de Janeiro, onde já se encontravam outros exilados. Em 1836, segue para o Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas na Revolta dos Farrapos e se torna mestre em guerrilha.
Giuseppe Garibaldi, três anos depois, vai para Santa Catarina auxiliar os farroupilhas a conquistar Laguna. Lá conhece Ana Maria Ribeiro da Silva, que também lutava na revolução. Com a derrota dos republicanos, Garibaldi foi para Montevidéu com sua mulher, que ficou conhecida como Anita Garibaldi. Dirigiu as defesas de Montevidéu em 1841, contra as incursões de Oribe, ex-presidente da República, então a serviço de Rosas, o ditador da Argentina.
Voltou para a Itália em 1847 e integrou-se às tropas do papa e do rei Carlos Alberto da Sardenha que pretendia expulsar os austríacos e libertar a Itália dos estrangeiros. Derrotado, voltou para Nice, ao encontro de Anita e de seus três filhos, nascidos na América. Em 1849 Garibaldi e Anita seguem para os combates em Roma, mas são perseguidose durante longa fuga, próximo de Ravenna, a caminho de Veneza, Anita é acometida pela febre tifoide e não resite.
Triste e derrotado, volta para Nice, onde é exilado pelo governo piemontês. Refugiou-se por cinco anos nos Estados Unidos e depois no Peru, até voltar à Europa em 1854. Desembarcou em Gênova e se estabeleceu em Caprera, pequena ilha ao norte da Sardenha.
Numa nova guerra contra a Áustria em 1859, assumiu o posto de major-general e dirigiu a campanha que terminou com a anexação da Lombardia pelo Piemonte. Comandou célebres camisas vermelhas entre 1860 e 1861, que utilizando táticas de guerrilha aprendidas na América do Sul, conquistou a Sicília e depois o reino de Nápoles, até então sob o domínio dos Bourbons.
Conquistou ainda a Umbria, Marcas e o reino sulista das Duas Sicílias, porém renunciou aos territórios conquistados, cedendo-os ao rei de Piemonte, Vítor Emanuel II. Liderou uma nova expedição contra as forças austríacas em 1862 e depois dirigiu suas tropas contra os Estados Pontifícios, convencido de que Roma deveria ser a capital do recém-criado estado italiano. Na batalha de Aspromonte foi ferido e aprisionado, mas logo libertado.
Participou depois da expedição para a anexação de Veneza. Em sua última campanha, lutou ao lado dos franceses em 1870 e 1871, na guerra franco-prussiana. Participou da batalha de Nuits-Saint-Georges e da libertação de Dijon.
Por seus méritos militares, Garibaldi foi eleito membro da Assembleia Nacional da França em Bordéus, mas voltou para a Itália elegeu-se deputado no Parlamento italiano em 1874 e recebeu uma pensão vitalícia pelos serviços prestados à nação. Volta para Caprera, onde morre.
Giuseppe Garibalde faleceu em Caprera, Itália, no dia 2 de junho de 1882.
Atuação das mulheres na Guerra dos Farrapos é negligenciada pela história
Afora Anita, alçada a heroína de dois mundos, que sabemos da atuação feminina na guerra?
21/09/2013 - 12h31minAtualizada em 21/09/2013 - 12h31min
Muito se tem escrito sobre a Guerra dos Farrapos. Exaltam-se seus feitos, combates viram batalhas, que não as houve, e combatentes são guindados a heróis. Cantam-se façanhas enquanto agruras são apagadas da memória. Nesse processo, as grande ausentes são as mulheres.
Afora Anita, alçada a heroína de dois mundos, que sabemos da atuação feminina na guerra? Como viveram nos 10 anos de saques, incêndios e mortes? Pesquisas em arquivos e em jornais da época apontam para grupos femininos distintos, não raro acumulando atividades, como escravas hábeis em costura e bordado; fazendeiras substituindo o administrador tombado, liberando gado mediante recibo ou vendo o rebanho espoliado. Vivandeiras acompanhavam seu homem na retaguarda, acudindo feridos em combate. Imigrantes alemãs afirmaram o minifúndio como sistema econômico produtivo, enquanto barqueiras comandavam frágeis embarcações com produtos agrícolas para o mercado de Porto Alegre. A Santa Casa de Misericórdia tornou-se estabelecimento patronal ao gerir a equipe de mulheres (gerente, porteira, madrinhas, amas de leite, criadeiras) encarregadas da criação de infantes abandonados na roda dos expostos por conta da penúria da guerra civil.
A imprensa, desde 1828, debateu ideias conservadoras versus iluminismo europeu. Também publicou anúncios de "aulas" nas quais mestras ensinavam tradicionais "prendas domésticas" e matérias humanistas. Maria Josefa Pereira Pinto reuniu as duas tarefas: entre seus alunos teve o mais tarde famoso gramático Antônio Álvares Coruja, e em 1833 foi a primeira mulher proprietária de jornal, o semanário Belona, no qual atirava "sátiras incisivas e eruditas" para ridicularizar os "pretensiosos políticos" .
Em 1838, os farroupilhas decretaram a universalização do ensino na República Rio-Grandense, medida louvável que a penúria da guerra não permitiu concretizar. Em 1842, Caxias convocou um exército de 12 mil homens e, para prover esses homens de uniformes, apelou para as mulheres da província que soubessem costurar - tarefa gigante, costura a mão, pois a máquina Singer ainda estava por ser inventada.
A guerra deu ensejo à intelectualidade de um punhado de mulheres, que responderam cada uma à sua maneira, criticando os líderes. A cega Delfina Benigna da Cunha fulminou, em glosa, o chefe farroupilha: "Maldições te sejam dadas / Bento infeliz desvairado / No Brasil e em toda a parte / Seja teu nome odiado".
Nísia Floresta, nordestina vinda ao Sul em 1833, cantou a beleza e a fartura das chácaras-cinturão verde de Porto Alegre: frutos europeus, vinhas, pêssegos aveludados, saborosos damascos, rubra maçã, roxa cereja e linda amora - fartura que, até 1835, garantiu "tudo quanto o homem pode desejar sobre a terra, paz, abundância, simpleza e a doce influência de um clima sadio". Para combater a submissão feminina ao mantenedor, traduziu ousada obra feminista, Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens. Nela sobressaem duas reivindicações basilares para a História de Gênero: o direito ao estudo e a um trabalho remunerado, que capacitem a mulher a gerir sua vida, pois ela é potencialmente capaz de advogar, de ministrar justiça, de exercer ensino universitário. A imprensa silenciou, como forma de minimizar os efeitos da ousadia.
na de Barandas, porto-alegrense solidária na busca por mais direitos, questiona os homens conservadores: "Tendo nós os mesmos sentidos e igualmente uma alma espiritual, por que não fazer uso desse admirável presente recebido do Criador?". Seu inconformismo e suas denúncias tiveram eco no esforço pela formação de um pioneiro Partido Político Feminino, movimento liderado por mulheres da elite, como Maria Josefa Fontoura Palmeiro, com trânsito em ambas as facções políticas em luta. Por fazer propaganda pela causa farroupilha, foi presa, interrogada e expulsa de Porto Alegre. Essas mulheres endossavam o partido dos maridos, embora Ana de Barandas, em seu livro O Ramalhete (1845), argumente que a mulher deva ter vontade própria para abraçar a causa que ache mais vantajosa.
Ana é vibrante ao denunciar saques e mortes. O sítio natal, "outrora morada do prazer", converteu-se "em perfeito esqueleto", destruídos "os bosques, pomar e habitações e exilados seus habitantes". Por tanto sofrimento, ela acusa as lideranças. Os políticos, afirma, "douram a pílula e fazem-na ao paladar dos gulosos que, sentindo o doce, são capazes de engolir o maior veneno (...) Os maliciosos, servem-se do lindo manto do patriotismo para cobrirem seus malignos projetos". O sofrimento de Ana espelha o do universo feminino, e ela o resume numa frase tristemente atual, embora decorridos 170 anos:
"O político tem a alma danada. Em vez da verdade, diz lindas coisas para embalar o povo incauto". https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2013/09/atuacao-das-mulheres-na-guerra-dos-farrapos-e-negligenciada-pela-historia-4277269.html
Trova e Repentismo
O material a seguir exposto foi enviado gentilmente por Valter Portalete e trata-se de uma sinopse sobre "Trova e Repentismo" elaborada por Paulo Roberto de Fraga Cirne, Assessor de Comunicação Social do MTG, pelo qual somos gratos, assim como toda a gauchada espraiada por este mundão.
TROVA E REPENTISMO
SINOPSE DE Paulo Roberto de Fraga Cirne
Assessor de Comunicação Social do MTG
PORTO ALEGRE - RS - Maio de 1999.
TROVA
Se falarmos em trova em qualquer outra região fora do Estado, ninguém terá dúvidas de que se trata da Quadra Popular ou da trova Literária.
QUADRA POPULAR - Forma poética escrita, constituída de 4 versos (linhas), rimados normalmente o 2º com o 4º versos. Vem desde os séculos XI e XIV, quando os poetas portugueses já imitavam a poesia provençal. O trovador desta modalidade poética expressa todo um pensamento em uma única estrofe, demonstrando o poder da síntese. Exemplo: 
"O dia 10 de setembro,
Foi um dia soberano.
Em que no Seival soou,
O grito republicano."
Obs: Quadra de autor desconhecido, da época da Revolução Farroupilha.
TROVA LITERÁRIA - É semelhante à quadra, porém asrimas são do 1º verso com o 3º e do 2º com o 4º. O trovador literário é uma pessoa de bom nível cultural, que sabe condicionar os versos, respeitando os critérios técnicos da trova. Exemplo: 
" O que restou da fazenda,
da casa grande amarela!...
Somente a placa de venda,
sobre o moirão da cancela."
Autora: Doralice Gomes da Rosa.
MOVIMENTO TROVADORESCO - Em todo o Brasil, é muito ativo o movimento da trova Literária. Esta movimentação se apresenta através dos inúmeros e constantes concursos de trovas. Em consequência, a produção é intensa, culminando com a publicação de livros sobre trovas por toda a parte.
UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES - UBT - Entidade de âmbito nacional, que agremia os trovadores literários. A UBT possuí seccionais nas Capitais e estas Delegacias em muitas cidades do interior.
REPENTISMO
É verso improvisado na hora e cantado. É feito no repente.
O IMPROVISO - o cantador de improviso remonta épocas muito antigas. Segundo registros, a trova em desafios de improviso já existia em Roma , por volta do ano 1.250.
NO BRASIL - em todo o Brasil, o cantador popular faz parte do acervo folclórico. Como é natural, em consequência das próprias diversidades existentes entre as regiões brasileiras, eles apresentam características próprias que os distinguem.
NO NORDESTE - o repentista nordestino tem grande talento e capacidade de improvisar. São semi-analfabetos quanto a escolaridade e geralmente pobres financeiramente. Muito solicitados para as apresentações em festas e também em épocas de campanhas eleitorais. Normalmente se apresentam em duplas e se acompanham na viola, por isto também chamados de CANTADOR DE VIOLA.
NO RIO GRANDE DO SUL - o canto de improviso entre nós, é uma das mais expressivas manifestações da cultura espontânea do Rio Grande do Sul. É talvez, a forma fundamental da música regionalista do nosso estado. Para diferenciar da trova literária, recentemente adotou-se chamar de TROVA GALPONEIRA.
TROVA GALPONEIRA
O Trovador do Rio Grande do Sul, na parte do improviso, tem estilo próprio. Sua propagação se deu nos galpões da estâncias para a modernidade das cidades de hoje. A trova galponeira é a arte de improvisar versos em diferentes modalidades de versificação e com diferentes gêneros musicais de acompanhamento, identificadores da cultura gaúcha.
INÍCIO - o improviso de antigamente era em quadrinhas, ou seja de 4 versos (linhas), com rimas intercaladas ( 2º verso com o 4º). Normalmente ao som da viola de 10 ou 12 cordas. As primeiras, caracterizavam-se por apresentar melodia livre, as chamadas QUERO-MANAS, do período fandangueiro.
TROVA GALPONEIRA - é a denominação atribuída á toda forma de improviso no Rio Grande do Sul. Atualmente as mais conhecidas são: Trova Campeira, Trova Tira-Teima (em desuso), Trova em Milonga, Trova do Martelo, Trova Estilo Gildo de Freitas e ainda a Pajada, que também é improviso.
TROVA CAMPEIRA - É a trova tradicional de desafio (disputa), no Rio Grande do sul, com estrofes em sextilhas (6 versos ou linhas). Versos em redondilha maior, onde as rimas são alternadas (2º, 4º e 6º versos) e a métrica é setissilábica, isto é, versos em sete sílabas. Esta modalidade, popularizou-se a partir das comemorações do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935. Seus primeiros grandes divulgadores foram os trovadores e gaiteiros Inácio Cardoso e Pedro Raymundo. Inácio Cardoso introduziu a sextilha (estrofe de 6 versos), que até então cantavam em quadra (4 linhas). Por ter acompanhamento de gaita com a nota musical MI MAIOR, numa ocasião Inácio Cardoso teria chamado de MI MAIOR DE GAVETÃO, sendo que também chamavam esta tradicional modalidade de TROVA CAMPEIRA. Recentemente designou-se chamar de TROVA CAMPEIRA e o gênero musical de gavetão.
GAVETÃO - Recentemente adotou-se chamar o gênero da Trova Campeira de GAVETÃO, por estar a melodia entre o chote e a toada.
TEMA - Por volta de 1956 surgiu o TEMA nas trovas de disputa, para evitar a repetição de velhos chavões, bem como para testar o conhecimento dos trovadores.
TROVA TIRA-TEIMA - Modalidade atualmente em desuso. A melodia difere um pouco do GAVETÃO e não há intervalo musical entre um cantador e outro. A parte poética é a mesma da trova campeira.
TROVA EM MILONGA - O trovador improvisa em ritmo de milonga. Normalmente é utilizada em apresentações individuais e não de disputa. As estrofes não tem um número padrão de versos, estes em redondilha maior.
TROVA DE MARTELO - Versos em redondilha maior, com rimas alternadas. A música é vaneira e marcha, com início em Mi Maior. A característica é a rima interestrófica, o concorrente completa a rima do outro. Esta modalidade teria surgido por volta de 1955.
TROVA ESTILO GILDO DE FREITAS - Os trovadores improvisam em cima da música DEFINIÇÃO DO GRITO, de Gildo de Freitas. Estrofes de 9 versos em redondilha maior, com rima no 2º, 4º, 6º e 9º versos e 7º e 8º entre si.
PAJADA - Improviso assemelhado à Trova em Milonga. O canto é lento, próximo à uma declamação, com estrofes de 10 versos. Modalidade com poucos adeptos.
TROVA ORGANIZADA
Em 1956 era fundada em Caxias do Sul - RS, a primeira entidade agremiadora dos vates do improviso. Esteve em atividade até 1964. A partir de 1983 inicia-se um novo ciclo associativo, com a fundação de diversas entidades até hoje, sendo que a maioria não subsistiu.
FESTIVAIS DE TROVA
A partir da divulgação da trova pelas emissoras de rádio, começaram a existir os concursos ou rodeios, com grandes disputas. A modalidade era a tradicional Trova Campeira. Estes concursos criaram força e propagação, através dos rodeios artísticos e campeiros promovidos pelas entidades tradicionalistas.
FESTIVAIS - Com o surgimento do MI MAIOR DE GAVETÃO em 1984 na cidade de Sapucaia do Sul, tem início o ciclo dos Festivais de Trovas. A partir daí, se proliferaram pelo interior do estado. São eventos específicos de trova, com as modalidades: Trova Campeira, Trova do Martelo, e mais recentemente, Trova Estilo GILDO DE FREITAS. 
REGISTROS HISTÓRICOS
TROVADOR MAIS POPULAR - Pedro Muniz Fagundes, conhecido com PEDRO CANGA, da época da Revolução Farroupilha.
TROVADOR MAIS FAMOSO - Leovegildo José de Freitas, o grande Gildo de Freitas.
TROVADORA MAIS FAMOSA - Doralice Gomes da Rosa, da época do auge da trova no rádio.
TROVADORA MAIS IDOSA - Bráulia Vasquez, também tocava gaita de botão. Estava com 82 anos de idade, em 1984 quando foi catalogada pelo IGTF, em Quaraí-RS.
MAIS IMPORTANTE CONCURSO - do Rodeio Internacional da Vacaria.
MAIS IMPORTANTE FESTIVAL - Mi Maior de Gavetão, de Sapucaia do Sul - RS, criado em 1984 por Derly Silva.
PRIMEIRA ENTIDADE - Agremiadora de Trovadores. Associaão de trovadores de Caxias do Sul, fundada em 14.12.56, por iniciativa do trovador CHERENGA.
PRIMEIRA ENTIDADE FORA DO ESTADO - Associação de Trovadores e Declamadores do Paraná, fundada em Curitiba a 20.07.90, por iniciativa do trovador Darci Soares.
TRABALHO PIONEIRO SOBRE TROVA - O Trovador ou Repentista Gaúcho, estudo de Janeiro de 1981, autoria de J. C. Paixão Côrtes e Dimas Noguez Costa.
TRABALHO PIONEIRO SOBRE TROVADORES - Herança de Trovador, livro compilado por Paulo Roberto de Fraga Cirne, editado em setembro de 1982.
EVENTO CULTURAL MAIS IMPORTANTE - 1º Congresso Estadual da Trova Galponeira, realizado de 19 a 21 de fevereiro de 1999 em Sapucaia do Sul-RS.
Valter Vieira Ribeiros
De uma forma poética poderíamos dizer que a declamação é a transpiração da poesia. É um ato onde a pessoa que declama externa os sentimentos retidos nos transcritos, levando os ouvintes a vivenciarem o que o poeta quis dizer em seus versos.
Segundo algumas orientações do Movimento Tradicionalista Gaúcho, o declamador deve ter uma postura cênica sóbria e sem exageros, inclusive na indumentária. No palco, segundo o poeta Colmar Duarte, o declamador deve portar-se “como quem nada teme, porém a ninguém afronta”.
Os gestos devem ser os mais naturais possíveis, como quem conta uma história. A mímica é um recurso auxiliar, não podendose sobrepor a interpretação vocal.
O tom de voz deve ser o tom natural do declamador, pois ao impostar a voz de forma inadequada pode ocorrer como quem canta fora do tom, ou seja, desafinar ou não alcançar determinada inflexão.
A dramaticidade é diretamente proporcional ao texto, mas sem “encarnar” o personagem como o ator de teatro. O declamador é apenas o portador da mensagem que o autor traz para os ouvintes. A mensagem deve ser transmitida com a maior sinceridade e convicção possíveis, para que as emoções sejam sentidas por quem assiste. Para isso, não é preciso levar para o palco adagas, borrachões, bandeiras, etc…
A diferença entre interpretação teatral e declamação é, portanto, esta: o ator finge ser um personagem, vestindo-se, pensando e agindo como tal. O declamador “conta” a história fazendo o possível para convencer as pessoas de que acredita no que está dizendo.
Portanto, não é aconselhável chorar, gritar, exagerar nos gestos ou adereços que não façam parte da indumentária. Segundo José Severo Marques, em declamação todo excesso é pecado.
Os julgadores de declamação observam muito os seguintes quesitos: a) Fundamentos da voz (dicção, impostação e inflexão). b) Expressão (facial e gestual). c) Fidelidade ao texto d) Transmissão da mensagem poética.
A declamação é uma arte quase que obrigatória nos diversos eventos artísticos do Rio Grande. Em nenhum outro Estado nota-se tamanha dedicação pela declamação. Existem milhares, isto mesmo, milhares de declamadores espalhados aos sete ventos desta velha província de São Pedro. É de prache, nos Centros de Tradições Gaúchas, nos galpões de fazendas, as pessoas receberem seus convidados com belos retrechos de poemas. As prendinhas, os piazitos, desde cedo, vão se embrenhando nestes meandros e, cada qual com seu estilo, retratam histórias, aventuras, ficções, bravuras do povo riograndense, arrancando as mais entusiásticas admirações por serem transmissores do pensamento poético. Em suma, o declamador é a garganta do vate.
Dentre os grandes declamadores do Estado, hoje queremos prestar uma homenagem ao Valter Vieira Ribeiro. Quem no meio tradicionalista, mais principalmente voltado a arte da declamação de poesia gaúcha não conhece o tradicionalista e autêntico declamador Valter Vieira Ribeiro? Patrão por três gestões do CTG Getúlio Vargas e fundador do CTG Tropel de Caudilhos, do qual foi o segundo patrão, ambos em Passo Fundo. Professor de dicção, postura e declamação, premiadíssimo campeão de rodeios em declamação, entre os quais destacam-se:
– Bi Campeão do Rodeio Internacional de Vacaria, onde foi tambem uma vez 3º Lugar, 2 vezes 2º lugar
– Campeão do Rodeio Internacional de Passo Fundo
– Destaque Especial do Fegart
Também como declamador foi premiado nos seguintes festivais de poesias inéditas:
– 3º Festival Poético da Brigada Militar, no Clube Farrapos em Porto Alegre – 1º Lugar
– Sesmaria da Poesia Gaúcha 6º Quadra em Osório – 1º Lugar
– 1º Garimpo da Poesia Gaúcha em Soledade – 2º Lugar
– Seival da Poesia Gaúcha em São Lourenço do Sul – 3º Lugar
Atuou como jurado em vários rodeios e festivais de poesias inéditas como Sesmaria da Poesia Gaúcha, de Osório e Bivaque de Campo Bom; Foi avaliador do ENART por 6 edições e é avaliador do FECART Festival Catarinense de Arte e Tradição) há dez anos.
Foi homenageado pela Câmara Municipal de Vereadores da Cidade de Passo Fundo, em sessão solene, e condecorado com o diploma de Honra ao Mérito pela conquista do 1º lugar em declamação no Rodeio Internacional de Vacaria.
Valter Vieira Ribeiro por méritos, tem seu nome reconhecido no meio tradicionalista de Passo Fundo e do Rio Grande do Sul. Segundo ele, este foi o último Rodeio de Vacaria que participa, mas com a energia que tem, com certeza o Tio Valter vai continuar representando o CTG Tropel de Caudilhos e Passo Fundo por vários anos ainda, com a imponência da voz que Deus lhe deu.
É PATRÃO DE HONRA DA CONFRARIA DO VERSO CRIOULO DE PASSO FUNDO http://www.ocariucho.com.br/5602.html Poesia Gauchesca
Nasce século XVIII e começa a se desenvolver no território, em seguida, do River Plate, um tipo de literatura popular, inicialmente anônimos, cuja característica geral é projetar para as áreas rurais do país, os costumes dos homens do campo, seus personagens típicos, toda a sua tradição e seu vocabulário. Chamamos de literatura gaúcha, uma prática que atinge o último terço do século XIX. Reflete atitudes derivadas da educação espanhola, como o culto das armas, a habilidade do homem e o sentido implícito de liberdade. Muito tem sido feito no segundo, como resulta do mesmo tipo de característica da vida do homem gaúcho solitário, das planícies do deserto que tem de aprender a lidar com a independência um estilo de vida condizente, vagando em uma área como a dos pampas, parecia oferecer a ele como um horizonte sem limites ou restrições. 
A história parece ter tomado no gaúcho épico contra os espanhóis, sob a liderança de Guemes e por isso, tomei a literatura através de Lugones, por exemplo, A Guerra Gaúcha. Mas, na realidade, o gaúcho também tem seu nome ligado com muitos episódios de nossa guerra de independência e esteve presente nas campanhas dos Montoneros, senhores da guerra, na luta para a organização nacional, sem excluir o período de Rosas, com o Colorado Monte-up, quando a campanha começa a resolver os estrangeiros, gringos, como ela chamava e vendo como intrusos o movimento proposto. 
Mesmo dentro da dinâmica global da nossa emancipação da Espanha, o uso da linguagem rústica, rural, em nossa literatura era um sinal de independência. O desejo de fugir da tradição peninsular unificação com o solo, para construir uma nova casa, contribuiu para o desenvolvimento da literatura na formação. Foi assim que, através do romance, o gaúcho aproveitou a paisagem rural, costumes muito diferentes dos seus habitantes, com tendência a esquecer a cidade e tentar capturar o popular, algumas vezes com a colaboração de música, tanto dentro e nas áreas circundantes e províncias. Esta literatura também procurou ir um público maioritariamente analfabetos, o que está em êxtase com a notícia e eventos relacionados com os poemas e cartas em um tom menor. O dialeto veio com facilidade porque era algo que não requerem atenção antes. 
Ser interpretado, e, de fato, você percebeu que não foi dito explicitamente. E enquanto nos cidadãos o núcleos desta linguagem soava de forma acentuada e caiu em formas letradas no ambiente, podendo de forma crescente ter uma penetração popular no desenvolvimento cada vez mais saturado com o consentimento ativo. Nada parecia oferecer resistência a este modo de expressão. O poema gaúcho veio com tudo para a cidade. Seus autores sabiam que o conteúdo, em payadas nas trovas literária. Como havia um fluxo concentrado, começaram a oferecer peças de toque político, e continuou nessa direção. E assim foi com a Hidalgo , Ascasubi ou Jose Hernandez . Mas isso deveu-se oportunamente.
Poesia Gaúcha e da poesia tradicional.
Não deve ser confundido a  poesia gaúcha com a poesia tradicional, latente desde o tempo da colonização. No segundo, ficamos enraizada nos velhos romances de bandidos, rodadas, hinos e canções, as faixas com heróis lendários e cavaleiros, reis e pastores, etc. Poesia tradicional baseia-se no anonimato, refletindo uma arte impessoal, que foram coletados pelos livros de cordel, as antologias, folhas soltas, ou memória de acesso aleatório e tradição oral. Esses elementos tradicionais estão contaminados em solo americano, são trabalhados em palavras, maneiras, acidentes, nomes, que lhe dão um pouco de cor local, mas sempre puras raízes históricas. 
No primeiro terço dos poetas do século XIX surgem entre nós, anônimos os menestréis, improvisadores ou memorizantes de poemas e rimas, que disseminados através de oito sílabas versos e acordes de guitarra deste tipo de poesia. Tons da sua pobreza melódica não oferecem uma grande variedade. Mas adaptar a várias formas de peças, a partir dos romances para décimas. Com os menestréis,revelação estética da poesia "não era tanto conforto, tais como notícias, profético, moralizar, idealizando e didática. Em um ambiente social sem escrever, nenhuma igreja, nenhuma escola, nenhuma pressão social (na verdade uma espécie de comunidade esparsa), o menestrel era o advogado, professor, jornalista, conselheiro. "Deve ser acrescentado que era dever inevitável, quando confrontado com dois cantores, o contraponto ou Payada.
Desenvolvimento da poesia Gáucha
Chamado de poesia Gaúcha, um gênero que surgiu na área do River Plate, tem-se mantido marca indiscutível na literatura platina. Desde o seu nascimento foi um elemento de consulta e de forma confidencial para falar entre as pessoas comuns. Esta declaração verbal, que acentuou o ladino e o evento episódico, histórico jogado apenas no momento do evento, todos lançados pela cantora. Enquanto os menestréis tinham imbuído suas composições com improvisação ou lembrada na mente popular, o gênero gaúcho jovem sofreu mais alterações. 
Dizendo tornou-se realista, cru e convincente, que, sendo repetido pelo canto da guitarra tornou-se notícia acrobata ou jornal solta aprendido refrão ou melodia. E Bartolomé Hidalgo (1788-l822) foi com sua " cielitos "a canção de combate, enquanto brincava com seus" diálogos "entre compatriotas numa conversa agradável. 
Estes dois elementos serão então desenvolvidos pela literatura gaúcha através de seus seguidores -até o mesmo menestréis, notícias ou professores dentro das comunidades de menor, cujo desenvolvimento já está declarado em uma tradição. 
Em muitos casos, que foi marcada pela reflexão humorística ou comentário. Nem todos os camponeses foram expressos entre lances verbais ou feriados elogios, mas a queixa foi igualmente contundente, várias reclamações com fatos citados para confirmação. Não queria usar a música como um jogo lírico ou puro entretenimento. Não foi a dor que estava flutuando na privacidade do verso, de modo que o poeta deu comparações aproximados da linguagem rural e impôs a obrigação de dar testemunho da verdade, sofrimento, as lutas pela independência. A política ou não deixou nenhum registro de graça social de estilo, mas agiu em primeiro plano. 
As pessoas entenderam isso, e aprendeu a história do seu país ou região, através da "beading nativa" poema sobre guitarras. Assim, o gaúcho cresceu tanto saboreando o verso na linha polemica. O descritivo de Bartolomé Hidalgo continuou com o poeta Hilary Ascasubi (1807-1875), que é o autor de uma extensão lírica, em seguida, recolhido pelo autor em três grossos volumes publicados em Paris em 1872. O costume de utilizar pseudônimos,  tão difundida na época, foi seguido não só por Ascasubi mas também, posteriormente, Estanislau del Campo (1834-1880), autor de Fausto (1866). Se Hidalgo deu em seu principal tom de voz Cielito e Ascasubi com Santos Vega frisou de uma campanha completa com foco. Aires na história de gêmeos, Campo traz para a fruição do jogo falando de poetas gaúchos. Tudo em um processo conducente à Hernandez em um pedaço superior da literatura gaúcha : o Martín Fierro . A partir daqui e ser bem marcado o curso definitivo da literatura gaúcha, não só para o verso, mas também para a prosa, incluindo tentativas de ser incluídos dramático ou narrativo. Isso vai acontecer mais tarde, Ricardo Gutierrez, Martiniano Leguizamón, Benito Lynch,Georges Braque sobre este lado da Plata , enquanto nas outras figuras emergem como de Viana Javier Eduardo Acevedo Diaz, Reyles Carlos e assim por diante. 
Texto em espanhol que tentei traduzir à meia boca, que fala da literatura poética do Plata, que posteriormente influenciou na literatura poética do Rio Grande do Sul, com nomes como Jaime Caetano Brau, Aparício Silva Rillo, Aureliano de Figueiredo Pinto entre outros. 
http://entremateseguitarra.blogspot.com.br/2012/03/poesia-gauchesca.html
O que é lenda? Porque o povo conta lendas?
Estas perguntas não são especiosas, ou gratuitas. Bem ao contrário:
lendas são parte importante do folclore de um povo, estudá-las é
fundamental para o aprofundamento da alma popular. Muitas vezes não conhecemos um grupo social em profundidade sem intimar o seu folclore. 
Estudar as lendas, portanto, é fundamental.
As lendas são histórias do País contada pelo seu povo. A lenda é
local e se localiza no tempo obrigatoriamente.
O povo conta lendas para fazer a sua autobiografia, para relatar as
suas memória. Trata-se de uma profunda e urgente necessidade de explicar-se. As lendas são assim um depoimento que o povo faz sobre si mesmo e para si mesmo. É como se estivesse diante do espelho. Trata-se, a rigor, de uma confissão e a Igreja descobriu a importância do confessionário muito antes que a Psicanálise descobrisse o divã do analista.
Depor sobre nós mesmos é catártico e o folclore tem a vantagem
sobre a mera confissão de ser sempre coletivo. Dá explicações, diz dos
porquês, exorciza fantasmas. Um banco forrado de pelego numa roda de mate será sempre mais eficaz que um terapia de grupo, em matéria de resolver os escaninhos da mente popular, embora o Folclore esteja mais próximo de Jung do que de Freud
Por definição, folclore é o conjunto das tradições, lendas e crenças de um povo cuja expressão se dá através da cultura, linguagem, artesanato, religiosidade, alimentação e vestuário de uma determinada região ou nação. O Brasil é dono de um dos folclores mais ricos do mundo, construído pelos índios, negros e brancos.
O Dia do Folclore foi instituído em 1965, quando o presidente da República, Castello Branco, assinou o Decreto Federal n° 56.747, denominando o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore Brasileiro. Dois anos depois, no Estado de São Paulo, em 27 de junho de 1967, o governador do estado, Abreu Sodré, assinou o decreto nº 48.310, instituindo agosto como o Mês do Folclore.
A criação das datas que comemoram o folclore tinha como objetivo resgatar os personagens da mitologia brasileira. Os resultados foram positivos e a prova disso é o Saci, que há pouco tempo ganhou seu próprio dia, comemorado em 31 de outubro.
http://www.lendas-gauchas.radar-rs.com.br/
Negrinho do Pastoreiro - Lendas e Mitos
A lenda do Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio cristã e meio africana.
É uma lenda muito popular no sul do Brasil e sua origem é do fim do Século XIX, no Rio Grande do Sul. Foi muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É uma lenda reconhecidamente do Rio Grande do Sul, e alguns folcloristas afirmam que a região tem uma única lenda sua, criada ao jeito local.
Conta a lenda que nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Em um dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros que acabara de comprar. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. Disse o estancieiro: "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece". Aflito, o menino foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou o cavalo pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
De volta à estância, o estancieiro, ainda mais irritado, bateu novamente no menino e o amarrou nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. A partir disso, entre os andarilhos, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio. Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fossequalquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.
QUARTA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2009
Oração - Negrinho Pastoreio
Eu quero achar-me, Negrinho!
(Diz que você acha tudo)
Ando tão longe, perdido...
Eu quero achar-me, Negrinho:
A luz da vela me mostre
O caminho do meu amor
Negrinho, você que achou
Pela mão da sua madrinha
Os trinta tordilhos negros
E varou a noite toda
De vela acesa na mão
(Piava a coruja rouca
No arrepio da escuridão
Manhãzinha,
a estrela d'alvaNa voz do galo cantava
Mas quando a vela pingava
Cada pingo era um clarão)
Negrinho, você que achou
Me leve à estrada batida
Que vai dar no coração
(Ah! os caminhos da vidaNinguém sabe onde é que estão!)
http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/negrinho/
http://historiagaucha.blogspot.com.br/2009/01/orao-negrinho-pastoreio.html

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