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resumo direito penal IV

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A tortura-castigo está prevista no inciso II do artigo 1º da Lei 9.455/97:
Art. 1º, II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
A tortura-castigo configura-se por causar intenso sofrimento físico ou mental. Assim, é necessário que o delegado tente apurar a intensidade do sofrimento, da mesma forma como promotor de justiça e juiz deverão comprová-la na denúncia e sentença, respectivamente. Assim não sendo possível, ou seja, se não houver comprovação do intenso sofrimento o caso amolda-se no crime de maus tratos.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
A diferença da tortura para o crime de maus-tratos, do art. 136, do CP, está exatamente na intensidade do sofrimento da vítima.
Dos crimes praticados por funcionário público contra administração em geral, alguns breves comentário sobre o assunto.
Verifica que o crime de Concussão previsto no Art. 316, dispõe "Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida". Conduta típica se consubstancia em exigir o agente, por si ou por interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de coação, trata-se de crime formal.
Em relação ao crime de Excesso de Exação, previsto no mesmo artigo, no seu paragráfo "§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza". O dispositivo traz duas condutas puníveis:
A) Cobrança de tributo que o agente sabe (dolo) ou deveria saber (dolo eventual) indevido;
B) Cobrança de tributo devido por meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
Nesse sentido pune-se que se exceder na cobrança de tributo ou contribuição social, crime formal.
Em relação ao prive de Prevaricação, previsto no Art. 319 CP, "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal", "consiste essencialmente no fato de espontaneamente o funcionário se desgarrar do sentido de finalidade pública que deve ser a de toda a sua vida funcional, para, no caso, em vez disto, ter a sua ação norteada para o que se lhe afigure o seu interesse ou lhe pareça, condizente com sentimento seu, pessoal".
E necessário, funcionário tenha atribuição para a prática do ato, vez que, se o ato praticado, omitido ou retardado não era de sua competência, não se pode considerar violação ao dever funcional.
O último crime em análise Condescendência Criminosa, no art. 320 CP, "Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente". A conduta e punível é a de tolerar o funcionário público a prática, por parte de seu subordinado, de infração administrativa ou penal, no exercício do cargo, deixando de responsabiliza-lo ou não comunicando a violação à autoridade competente para aplicar a sanção.
Ressalto que o superior hierárquico se omite por sentimento outro, o crime poderá ser outro, como prevaricação ou corrupção passiva. Cabe menciona que irregularidades praticada pelo subordinado fora do cargo e tolerado pelo superior, não são capazes de acarretar a prática do crime.
A nova Lei de drogas (Lei nº 11.343/06) despenalizou a conduta prevista no art. 16 da Lei nº 6.368/76, portanto, apesar do art. 28 da Lei nº 11.343/06 não ter implicado em abolitio criminis do delito de posse de drogas para consumo pessoal (art. 16 da Lei nº 6.368/76), a despenalização em benefício do Reeducando ocorreu, cuja a característica marcante é a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal[1].
Com efeito, o crime de posse de substância entorpecente para consumo pessoal, por força da Lex nova, não mais está sujeita a pena de prisão, mas sim às seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (art. 28 da Lei nº 11.343/06).
Tratando-se então da chamada novatio legis in mellius, e considerando o que dispõem o art. 5º, inc. XL, da CF/88, e o art. 2º, parágrafo único, do CP, foi aplicado ao Reeducando (aquele que já cumpre condenação pelo crime em tela) este princípio em seu favor, excluindo, assim, a pena privativa de liberdade a ele imposta.
Atento ainda ao prazo prescricional consignado no art. 30 da Lei nº 11.343/06, é bem de ver-se que o lapso temporal para operar-se a prescrição executória da pena imposta é de 02 anos, já que o rito a ser observado é o sumaríssimo (Lei nº 9.099/95), conforme preceitua o art. 48, § 1º da Lei nº 11.343/06.
Assim, verifica-se, na maioria das condenações, que o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para o crime previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/06 até a data em que o MM Juiz acolheu a tese do princípio do novatio legis in mellius em favor do Reeducando já decorreu mais de 02 anos. Logo, perdeu o Estado o direito de executar a pena imposta ao Sentenciado, ou seja, aquela que diz respeito a advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Outrossim, sendo o instituto da prescrição uma questão de ordem pública, o MM Juiz, de ofício, deve o reconhecer (declarar), por Decisão, extinguindo, portanto, a punibilidade do Reeducando (por via reflexa) com relação ao crime do art. 28 da Lei nº 11.343/06, dando-se baixa a culpa do Reeducando na Guia de Execução.

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