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Manual de Revestimentos 1INT Manual de Revestimentos de Argamassa 2INT Manual de Revestimentos O Manual é uma das ferramentas do Projeto Revestimentos de Argamassa disponibilizadas para a Comunidade da Construção. Por ser instrumento de uma comunidade técnica ativa, é nosso objetivo que o Manual seja continuamente criticado, modificado e atualizado. Para facilitar tanto a expressão de idéias dos usuários do Manual quanto a obtenção de cópias atualizadas, foi criada uma seção específica dentro da área logada do site www.comunidadedaconstrucao.com.br Questões mais polêmicas que eventualmente surjam, serão tratadas em fóruns específicos dentro do site. Créditos Concepção, gerenciamento e produção Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) Textos Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) Eng. Bruno Szlak Enga. Eliana Taniguti Enga. Elza Nakakura Enga. Érika Mota Enga. Mércia Bottura Eng. Valter Frigieri Contribuições técnicas Associação Brasileira de Argamassa Industrializada (ABAI) Eng. Adilson Schiavoni Ana Starka Eng. Arnaldo Battagin Enga. Giselle Martins Eng. Marcelo Coutinho Eng. Pedro Bastos Enga. Rubiane Antunes Ilustrações Malu Dias Marques – Drops Produções e Design Diagramação Maria Alice Gonzales - Drops Produções e Design Capa e Divisórias Azul Publicidade & Propaganda S/C Ltda. Fotos tema de capítulos Tico Utiyama Introdução Manual de Revestimentos 3INT Introdução A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), em um trabalho conjunto com diversas empresas, entidades e profiss ionais da cadeia produtiva, apresenta o Manual de Revestimentos de Argamassa. O Manual de Revestimentos, juntamente com uma série de outras ferramentas de capacitação, organização e implantação, faz parte do esforço da construção de uma comunidade de empresas profissionais que lutam para melhoria do desempenho dos sistemas construtivos à base de cimento. Objetivos do manual O Manual que você está recebendo apresenta diferenças em relação às publicações existentes no mercado. Em primeiro lugar o Manual está inserido em um Projeto, o que lhe garante uma "vida" que extrapola o meio físico. Essa vida permite tanto a atualização constante do conteúdo, quanto canais para solução de dúvidas e aprofundamento de certas questões. Em segundo lugar, é um Manual que procurou, já na sua primeira versão, reunir o conjunto de informações técnicas sobre revestimentos de argamassa, de maneira sistêmica. Em terceiro lugar, privilegiou as necessidades do tomador de decisão que atua em uma construtora e que enfrenta hoje, o desafio de melhorar os resultados operacionais de sua obra e empresa. Na prática estamos falando de: a) recuperar os conceitos físicos que são importantes para a execução da obra, para as especificações e para o diálogo com a indústria de materiais; b) organizar o conjunto de decisões que o profissional deve tomar em cada subsistema, de forma que elas estejam organizadas no tempo e coerentes com as soluções disponíveis no mercado; c) estabelecer as bases para geração do Projeto de Revestimentos, permitindo que se especifique os materiais mais adequados para cada situação e também as condições necessárias para otimizar a execução; d) discutir as práticas recomendadas de produção de maneira que se alcance a melhoria da qualidade e produtividade. Tudo isso, visando aumentar o desempenho dos revestimentos de argamassa. Introdução 4INT Manual de Revestimentos Dimensões do desempenho Custos Os revestimentos representam uma parcela significativa do custo de construção de edifícios. Segundo a Revista Construção Mercado (março 2003), tais custos representam cerca de 10 a 30% do total da construção, dependendo do tipo da edificação e do seu padrão. Os revestimentos de argamassa, muitas vezes, podem representar a maior fração dos custos citados. Produtividade Segundo o Instituto McKinsey a produtividade da mão-de- obra na construção brasileira seria aproximadamente 1/3 da produtividade americana e ficaria em um patamar inferior a uma série de outros países. A justificativa de que esses países utilizam processos produtivos de natureza distinta do brasileiro não parece explicar corretamente a diferença. Se observarmos algumas pesquisas de produtividade realizadas em nosso país, observaremos um quadro semelhante ao apresentado abaixo. Introdução Fonte: Relatórios MGI Manual de Revestimentos 5INT Fonte: McKinsey, Global Institute Introdução Fonte: Espinelli e Cocito, 1999 III SBTA O gráfico explicitando diferenças diárias significativas de produtividade parece indicar que mesmo os processos tradicionais de produção são potencialmente capazes de atingirem resultados muito melhores. De certa forma, eles apontam na mesma direção do referido relatório da McKinsey que indicam que variáveis como subempreiteiros especializados, planejamento e projeto respondem pela maior parte da diferença de produtividade observada. O único paradoxo é entender porque, apesar do seu enorme potencial de resultados, a produtividade tem sido esquecida mesmo pelas construtoras que investem em modernização. 6INT Manual de Revestimentos Qualidade Uma medida primordial para se alcançar melhor qualidade do revestimento é a elaboração de um projeto específico, com os parâmetros necessários à adequada execução dos serviços. Introdução Fonte: Possibilidade de reduzir custos de falhas [Hammarlund; Josephson, 1992]. A maior parte das medidas de racionalização construtiva devem ser adotadas ainda na etapa de projeto, por permitirem a obtenção de resultados de maior amplitude e garantirem a fixação de conhecimentos tecnológicos dentro da prática construtiva da empresa. Manual de Revestimentos 7INT Estruturação do manual O Manual é organizado em 8 capítulos. O primeiro consiste nessa introdução. O capítulo 2 aborda os Conceitos, em que são apresentadas as definições do revestimento de argamassa, suas funções, características e propriedades, além dos materiais constituintes. No capítulo 3 são tratados os Sistemas de Produção. Caracteriza-se cada um dos sistemas disponíveis no mercado, argamassa preparada na obra, industrializada em sacos, preparada em central e industrializada em silos, oferecendo uma matriz de decisão baseada em determinantes como: estocagem, transporte, mão-de-obra, prazo, entre outros. O capítulo 4, Projeto, Planejamento e Logística, apresenta os parâmetros necessários para a definição da tecnologia a ser empregada, ou seja, da especificação dos materiais e técnicas a serem adotadas, de maneira que o revestimento cumpra com sua função, respeitando os prazos e custos. O capítulo 5 compreende a Execução de Revestimentos em Fachadas. O capítulo 6, Execução de Revestimentos Internos e o capítulo 7, Execução de Contrapisos. Esses capítulos abordam a sequência de atividades, detalhando cada uma das etapas de execução e apresentando dicas importantes para se alcançar o desempenho desejado. No capítulo 8, Controle para Revestimentos Internos e Externos, são definidos os itens de controle de forma precisa, para orientar as especificações do projeto de revestimento. Introdução 8INT Manual de Revestimentos Cada um desses capítulos é estruturado atendendo a cinco requisitos: 1. As decisões estão organizadas. Ou seja, o gestor terá modelado as variáveis que definem escolhas na obra. Riscos e ganhos são avaliados. 2. As principais variáveis estão mencionadas e, principalmente, relacionadas aos processos de execução de obra. 3. Os custos relativos estão considerados de forma que o gestor possa avaliar o impacto de suas decisões. 4. As principais tecnologias estão relacionadas. 5. Os processos principais de execução estão relacionados em boas práticas. Manual de revestimentos: Ferramenta de um processo sistêmicoA opção elaboração de um Manual para os tomadores de decisão foi escolhida a partir da percepção que é na gestão dos sistemas produtivos que se concentram os maiores ganhos e as maiores perdas das construtoras. É claro que o Manual é apenas parte do processo. Somam a ele os cursos de capacitação, as palestras, e tantas outras iniciativas que têm como objetivo gerar potencial para um salto de qualidade na cadeia produtiva ligada aos revestimentos de argamassa. Ao receber esse Manual sua empresa, de fato, ingressa em uma comunidade técnica cuja sede é o site www.comunidadedaconstrucao.com.br Através dessa sede virtual, sua empresa acessará as atualizações de conteúdo do Manual, colocará, dúvidas que serão respondidas e passará a compartilhar dados, como por exemplo, alguns índices de projeto e produtividade. Manual de Revestimentos 1CON Conceitos Revestimentos Definição Função Argamassas para revestimento Chapisco Emboço Reboco Materiais Constituintes Cimento Portland Cal Água Areia Aditivo Características e Propriedades Capacidade de aderência Resistência mecânica Capacidade de absorver deformações Estanqueidade Propriedades da superfície Durabilidade Revestimentos Argamassas para revestimento Materiais Constituintes Características e Propriedades 2CON Manual de Revestimentos Manual de Revestimentos 3CON Conceitos Revestimentos O revestimento de argamassa pode ser entendido como a proteção de uma superfície porosa com uma ou mais camadas superpostas, com espessura normalmente uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma decoração final. As principais funções de um revestimento de argamassa são: • proteger a base, usualmente de alvenaria e a estrutura da ação direta dos agentes agressivos contribuindo para o isolamento termoacústico e a estanqueidade à água e aos gases; • permitir que o acabamento final resulte numa base regular, adequada ao recebimento de outros revestimentos, de acordo com o projeto arquitetônico, por meio da regularização dos elementos de vedação. Para se ter uma idéia numérica da importância do revestimento como elemento isolante, um revestimento de argamassa com espessura entre 30 a 40% da espessura da parede, pode ser responsável por 50% do isolamento acústico, 30% do isolamento térmico e constribui em 100% pela estanqueidade de uma vedação de alvenaria comum. Nota Muitas vezes, as funções do revestimento ficam comprometidas devido ao desaprumo decorrente da falta de cuidado, no momento da execução da estrutura e alvenaria, fazendo com que seja necessário “esconder na massa” as imperfeições. Revestimentos 4CON Manual de Revestimentos Argamassas para revestimento A argamassa é um material de construção constituído por uma mistura homogênea de um ou mais aglomerantes (cimento ou cal), agregado miúdo (areia) e água. Podem ainda ser adicionados alguns produtos especiais (aditivos ou adições) com a finalidade de melhorar ou conferir determinadas propriedades ao conjunto. As argamassas utilizadas para revestimento são as argamassas à base de cal, à base de cimento e argamassas mistas de cal e cimento. Dependendo das proporções entre os constituintes da mistura e sua aplicação no revestimento, elas recebem diferentes nomes em seu emprego (conforme NBR 13529/1995): Chapisco Camada de preparo da base, constituída de mistura de cimento, areia e aditivos, aplicada de forma contínua ou descontínua, com a finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento. Emboço Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base com ou sem chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra camada de reboco ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final. Reboco Camada de revestimento utilizada para o cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no acabamento final. Massa Única (emboço paulista) Revestimento executado numa camada única, cumprindo as funções do emboço e reboco. Camadas do revestimento em argamassa Argamassa para revestimento Manual de Revestimentos 5CON Materiais constituintes da argamassa Cimento Portland O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reação de seus constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A contribuição do cimento nas propriedades das argamassas está voltada sobretudo para a resistência mecânica. Além disso, o fato de ser composto por finas partículas contribui para a retenção da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado, quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior é a retração, por outro, maior também será a aderência à base. De acordo com suas características, os cimento são classificados em diferentes tipos por normas específicas, relacionadas na tabela abaixo: Cal Hidratada Numa argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função principal é funcionar como aglomerante da mistura. Neste tipo de argamassa, destacam-se as propriedades de trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações. Entretanto, são reduzidas as suas propriedades de resistência mecânica e aderência. Em argamassas mistas, de cal e cimento, devido a finura da cal há retenção de água em volta de suas partículas e consequentemente maior retenção de água na argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações. Portland comum Portland composto com escória Portland composto com pozolana Portland composto com filler Portland de alto forno Portland pozolânico Portland de alta resistência inicial Denominação Sigla Norma CP I CP II-E CP II-Z CP II-F CP III CP IV CP V-ARI NBR - 5732 NBR - 11578 NBR - 5735 NBR - 5736 NBR - 5733 NBR - 11578 NBR - 11578 Materiais constituintes 6CON Manual de Revestimentos Água A água confere continuidade à mistura, permitindo a ocorrência das reações entre os diversos componentes, sobretudo as do cimento. A água, embora seja o recurso diretamente utilizado pelo pedreiro para regular a consistência da mistura, fazendo a sua adição até a obtenção da trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor atendendo ao traço pré-estabelecido, seja para argamassa dosada em obra ou na indústria. Considera-se a água potável como a melhor para elaboração de produtos à base de cimento Portland. Não devem ser utilizada águas contaminadas ou com excesso de sais solúveis. Em geral, a água que serve para o amassamento da argamassa é a mesma utilizada para o concreto e deve seguir a NBR NM 137. Areia As areias utilizadas na preparação de argamassas podem ser originárias de: • rios; • cava; • britagem (areia de brita, areia artificial). O agregado miúdo ou areia é um constituinte das argamassas de origem mineral, de forma particulada, com diâmetros entre 0,06 e 2,0 mm. A granulometria do agregado tem influência nas proporções de aglomerantes e água da mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva granulométrica (isto é, a curva não é contínua) ou excesso e finos, ocorre maior consumo de água de amassamento, reduzindo a resistência mecânica e causando maior retração por secagem na argamassa. Trabalhabilidade Retenção de água Retração na secagem Porosidade Aderência Resistência mecânica Impermeabilidade Propriedade Quanto mais fino Quanto mais descontínua for a granulometria Quanto maior o teor de grãos angulosos Melhor Pior Pior Melhor Melhor- Aumenta Aumenta - -- Aumenta Pior Pior Melhor Pior --Pior Pior - Nota Aditivos retentores de água reduzem a quantidade de água para a mesma trabalhabilidade. Aditivos incorporadores de ar para uma mesma quantidade de água, melhoram a trabalhabilidade Materiais constituintes Manual de Revestimentos 7CON Solicitações a que o revestimento está sujeito Aditivos Os aditivos são compostos adicionados em pequena quantidade à mistura, com a finalidade de melhorar uma ou mais propriedades da argamassa no estado fresco e no estado endurecido e sua quantidade é expressa em porcentagem do aglomerante. Usualmente, através do uso de aditivos, procura- se diminuir a retração na secagem (para diminuir fissuração), aumentar o tempo de pega e manter a plasticidade (para facilitar a trabalhabilidade), aumentar a retenção de água e por fim, aumentar a aderência da argamassa ao substrato. Características e propriedades Redutores de água (plastificante) Retentores de água Reduzem a evaporação e a exsudação de água da argamassa fresca e conferem capacidade de retenção de água frente à sucção por bases absorventes. Tipos de aditivos São utilizados para melhorar a trabalhabilidade da argamassa sem alterar a quantidade de água. Incorporador de ar Retardadores de pega Aumentadores da aderência Formam microbolhas de ar, estáveis, homogeneamente distribuídas na argamassa, aumentando a trabalhabilidade e atuando a favor da permeabilidade. Retardam a hidratação do cimento, proporcionando um tempo maior de utilização. Proporcionam a aderência química ao substrato. Hidrofugantes Reduzem a absorção de água da argamassa, mas não a tornam impermeável e permitem a passagem de vapor d’água. Características e propriedades Os revestimentos de argamassa, para cumprir adequadamente as suas funções, devem possuir características e propriedades que sejam compatíveis com as condições a que estarão expostos, com as condições de execução, com a natureza da base, com as especificações de desempenho, e com o acabamento final previsto. 8CON Manual de Revestimentos As principais propriedades que o revestimento de argamassa deve apresentar, para que possa cumprir adequadamente as suas funções, estão descritas a seguir. Capacidade de Aderência Conceitua-se aderência como a propriedade que possibilita à camada de revestimento resistir às tensões normais e tangenciais atuantes na interface com a base. O mecanismo de aderência se desenvolve principalmente: • pela ancoragem da pasta aglomerante nos poros da base, ou seja, parte da água de amassamento contendo os aglomerantes é succionada pelos poros da base onde ocorre o seu endurecimento • e por efeito de ancoragem mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da superfície a ser revestida. Características e propriedades Adesão adequada entre o revestimento e o substrato O fator mais importante para uma aderência adequada do revestimento à base é que a camada de argamassa tenha a maior extensão efetiva de contato possível com a base. A extensão da aderência depende dos seguintes fatores: Trabalhabilidade da argamassa e técnica de execução do revestimento Tendo trabalhabilidade adequada, a argamassa poderá apresentar contato mais extenso com a base através de um melhor espalhamento. A técnica executiva de aplicação, em função das operações de compactação e prensagem contra a base, tende a ampliar a extensão de contato. Manual de Revestimentos 9CON Aderência inadequada entre o revestimento e o substrato devido a baixa porosidade do substrato Aderência inadequada entre o revestimento e o substrato devido aos capilares sem força de sucção Aderência inadequada entre o revestimento e o substrato devido à existência de macroporos no substrato Aderência inadequada entre o revestimento e o substrato devido ao excesso de microporos no substrato Adesão inadequada entre o revestimento e o substrato devido à falta de limpeza no substrato Natureza e características da baseNatureza e características da baseNatureza e características da baseNatureza e características da baseNatureza e características da base O diâmetro, a natureza e a distribuição dos tamanhos dos poros determinam a rugosidade superficial e a capacidade de absorção da base, podendo ampliar ou não a extensão de aderência e a ancoragem do revestimento; Características e propriedades Condições de limpeza da superfície de aplicação: A extensão de aderência é comprometida pela existência de partículas soltas ou de grãos de areia, poeira, fungos, concentração de sais na superfície (eflorescências), camadas superficiais de desmoldante ou graxa, que representam barreiras para ancoragem do revestimento à base. 10CON Manual de Revestimentos Resistência Mecânica A resistência mecânica é a capacidade dos revestimentos de suportar esforços das mais diversas naturezas, que resultam, em tensões internas de tração, compressão e cisalhamento. Esforços de abrasão superficial, cargas de impacto e movimentos de contração e expansão dos revestimentos por efeitos de umidade, são exemplos destas solicitações. Um método usual de avaliação da resistência, embora ainda empírico para servir de base para especificações, é o tradicional risco com prego ou objeto pontiagudo similar, adotado em obra para qualificar a resistência superficial dos revestimentos. Os ensaios normalizados internacionais adotam esferas de impacto, escovas elétricas de desgaste superficial, ou preconizam o uso de fitas adesivas para determinação da massa de revestimento descolada. Para nenhum dos métodos são especificados valores de referência. Capacidade de absorver deformações É a propriedade que o revestimento possui de absorver deformações intrínsecas (do próprio revestimento) ou extrínsecas (da base) sem sofrer ruptura, sem apresentar fissuras prejudiciais e sem perder aderência. Esta capacidade de absorver deformações é governada pela resistência à tração e pelo módulo de deformação do revestimento. Um dos principais fenômenos que provocam deformações de retração ocorre tão logo a argamassa é aplicada, devido à perda de água por sucção da base e por evaporação para o ambiente. A retração gera tensões internas de tração. O revestimento pode ou não ter capacidade de resistir a essas tensões, o que regula o grau de fissuração nas primeiras idades. Uma boa técnica de aplicação permite que se trabalhe uma argamassa com menos água, o que certamente diminui a retração. O grau de fissuração é função dos seguintes parâmetros: Teor e natureza dos aglomerantes Os aglomerantes devem ser de baixa a média reatividade (normalmente conseguida com baixo teor de aglomerantes, principalmente o cimento) resultando em argamassa cuja resistência à tração não seja elevada e permitindo maior capacidade de deformação. Características e propriedades Manual de Revestimentos 11CON Teor e natureza dos agregados A granulometria deve ser contínua para reduzir o volume de vazios entre os agregados, diminuindo a quantidade de pasta necessária para o preenchimento e, portanto, minimizando o potencial de retração. Além disso, o teor de finos deve ser adequado, uma vez que o excesso destes irá aumentar o consumo de água de amassamento e com isto, levar a uma maior retração de secagem do revestimento. Capacidade de absorção de água da base, condições ambientais e capacidade de retenção de água São fatores que podem regular a perda de água do revestimento durante seu endurecimento e o desenvolvimento inicial de resistência à tração. Quanto mais lentamente a argamassa perder água, tanto melhor será para a resistência mecânica do revestimento. Técnica de execução Estabelece o grau de compactação do revestimento e os momentos de sarrafeamento e desempeno. Estes parâmetros determinam o teor de umidade remanescente no revestimento, ou seja, executaro sarrafeamento e o desempeno em momento inadequado resulta em excesso de água que pode ser prejudicial ao revestimento compromentendo sua aderência à base. Nota Para que ocorra a penetração da água da chuva em uma edificação são necessárias três condições: água na superfície da parede, uma abertura através da qual a água possa passar e uma força para mover a água através da abertura. Teoricamente, se qualquer uma destas condições é eliminada, a penetração de chuva será forçosamente reduzida. Características e propriedades Argamassa com baixo teor de cimento sem provocar fissuras na superfície mas com falhas na interface pasta/agregado Argamassa com alto teor de cimento provocando fissuras na superfície por retração na secagem 12CON Manual de Revestimentos A fissuração dos revestimentos é uma situação que deve ser evitada, uma vez que, além do revestimento perder a sua capacidade de estanqueidade, a capacidade de aderência pode ficar comprometida no entorno da região fissurada. Tensões tangenciais surgem na interface base/ revestimento, na região próxima às fissuras, podendo ultrapassar o limite de resistência ao cisalhamento da interface, possibilitando o descolamento do revestimento. Além disso, as fissuras podem comprometer a durabilidade e o acabamento final previsto. Estanqueidade A estanqueidade é uma propriedade dos revestimentos relacionada com a absorção capilar de sua estrutura porosa e eventualmente fissurada da camada de argamassa endurecida. Sua importância está no nível de proteção que o revestimento oferece à base contra as intempéries. Diversos fatores influem na estanqueidade do revestimento, como as proporções e a natureza dos materiais constituintes da argamassa, a técnica de execução, a espessura da camada, a natureza da base e a quantidade e o tipo de fissuras existentes. Por outro lado, a permeabilidade ao vapor d’água é uma propriedade sempre recomendável nos revestimentos de argamassa, por favorecer a secagem de umidade acidental ou de infiltração. Evita também os riscos de umidade de condensação interna em regiões de clima mais frio. Propriedades da superfície A rugosidade e porosidade superficiais são importantes por estarem relacionadas com as funções estéticas e com a compatibilização do revestimento de argamassa com o sistema de pintura ou outro revestimento decorativo, além de influírem decisivamente na estanqueidade, na resistência mecânica e na durabilidade do revestimento. A rugosidade superficial pode variar de lisa a áspera sendo basicamente resultado do tipo de agregado, sua granulometria, do teor de agregado e da técnica de execução do revestimento. Deve também haver compatibilidade química entre o revestimento e o acabamento final previsto. No caso de tintas a óleo ou revestimentos em laminados melamínicos, por exemplo, sabe-se que não há compatibilidade com revestimentos à base de argamassa de cal. Características e propriedades Manual de Revestimentos 13CON A obtenção da rugosidade superfícial dos revestimentos deve ser feita em função do acabamento final previsto. Devem também ser consideradas as condições de exposição a que estará submetido o revestimento. Para revestimentos externos deve-se dar preferência para texturas mais rugosas. Obtêm- se assim, superfícies que dissimulam melhor os defeitos do próprio revestimento. Contudo, em regiões com maior índice de poluição atmosférica deve-se preferir revestimentos com acabamentos lisos. Estes, quando associados a uma superfície pouco porosa, dificultam a fixação de poeiras e micro- organismos conservando, desta forma, mais eficientemente as características estéticas da fachada. No caso de revestimento de múltiplas camadas, deve-se adotar para as camadas internas uma rugosidade áspera, possibilitando uma melhor ancoragem das camadas subsequentes. Outro aspecto importante da superfície é sua regularidade geométrica, principalmente como elemento intangível da percepção de qualidade da edificação como um todo. Durabilidade A durabilidade dos revestimentos de argamassa, ou seja, a capacidade de manter o desempenho de suas funções ao longo do tempo, é uma propriedade complexa e depende de procedimentos adequados desde o projeto até uso final. Na etapa de projeto devem ser, por exemplo, especificados os materiais de maneira a compatibilizar o revestimento com as condições a que estará exposto durante sua vida útil; na etapa de execução é fator determinante, além da obediência às técnicas recomendadas, a realização do controle de produção. Para a etapa de uso, deve ser objeto de especificações coerentes um programa de manutenção periódico. Os fatores que, com mais freqüência, comprometem a durabilidade dos revestimentos estão a seguir relacionados: Movimentações de origem térmica, higroscópica ou imposta por forças externas Podem causar fissuração, desagregação e descolamento dos revestimentos. Características e propriedades 14CON Manual de Revestimentos Espessura dos revestimentos Sendo excessiva intensifica a movimentação higroscópica nas primeiras idades, podendo ocasionar fissuras de retração, que podem comprometer a capacidade de aderência e a impermeabilidade do revestimento. A técnica de execução pode, quando inadequada, provocar e ou agravar o aparecimento de tais fissuras. Cultura e proliferação de microrganismos Provocam manchas escuras que ocorrem geralmente em áreas permanentemente úmidas dos revestimentos. Os fungos e líquens que se proliferam na superfície do revestimento produzem ácidos orgânicos que reagem e destroem progressivamente os aglomerantes da argamassa endurecida. Manual de Revestimentos 1SIS Sistemas de Produção Argamassa preparada na obra Argamassa industrializada em sacos Argamassa preparada em central Argamassa industrializada em silos Parâmetros de decisão 2SIS Manual de Revestimentos Manual de Revestimentos 3SIS Sistemas de Produção Parte importante do processo que leva à decisão de como se vai executar os revestimentos de argamassa é de como estas argamassas serão produzidas e transportadas no ambiente da obra. Sistemas de produção encontrados: • Argamassa preparada na obra • Argamassa industrializada em sacos • Argamassa preparada em central • Argamassa industrializada em silos Argamassa preparada na obra Este é o sistema tradicional. A fabricação de argamassas é empírica: definidos os constituintes a serem utilizados e a proporção relativa de cada constituinte (traço) na fase de projeto, a fabricação resume-se em misturar mecanicamente os constituintes em uma certa seqüência e por um dado tempo. É necessário o controle de uniformidade do produto, seja através do controle dos materiais constituintes, seja pelo contorole da própria argamassa. A armazenagem dos materiais deve ser feita de maneira adequada. Há a necessidade de se prever áreas de estocagem para as matérias-primas, tais como agregados, cimento e cal. O cimento e as cales devem ser sempre armazenados protegidos de intempéries e em local de fácil acesso. Os agregados devem ser estocados em baias cujos pisos devem se preferencialmente cimentados e separadas em função de cada tipo de material. Fluxograma para argamassa produzida em obra Argamassa 4SIS Manual de Revestimentos Argamassa industrializada em sacos Essas argamassas compõem-se de agregados com granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que otimizam as propriedades das mesmas, tanto no estado fresco quanto no endurecido. As argamassas ensacadas são fabricadas em complexos industriais, onde os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos em pó, são misturados a seco e ensacados. A embalagem pode ser plástica ou de papel kraft, semelhante aos sacos de cal e cimento. No momento da utilização, o preparo da argamassa é feito apenaspela mistura com adição de água. Por serem produzidas por processos industriais, mecanizados e com controles rígidos de produção, as argamassas ensacadas apresentam grande uniformidade de dosagem. Isto significa dizer que se pode conseguir a repetição de um traço com um grau de confiança satisfatório. Na obra, o preparo pode ser feito em uma única central para que se faça o transporte da argamassa pronta até o local de uso, ou de uma maneira mais racional, pode-se transportar os sacos e armazená-los nos andares, efetuando o preparo através de misturadores alocados no pavimento, no momento da aplicação. Esquema de produção de argamassa industrializada Argamassa Manual de Revestimentos 5SIS Argamassa preparada em central Estas argamassas são dosadas em centrais e fornecidas em caminhões-betoneira, prontas para a aplicação. Adotando- se este tipo de argamassa elimina-se a necessidade de central de preparo e área de estocagem de materiais na obra. As argamassas cimentícias apresentam curtos períodos para aplicação, mesmo quando aditivadas. Por isso deve-se prever a quantidade adequada de argamassa a receber na obra durante a jornada de trabalho. No caso de argamassa apenas de cal, essa previsão não importa muito, pois elas permanecem em condições de aplicação por alguns dias. É um sistema que só se justifica quando da aplicação de grandes quantidades de argamassa em curto período de tempo. Um exemplo onde se aplica esta forma de produção são contrapisos em grandes extensões. Fluxograma para argamassa ensacada Fluxograma para argamassa ensacada com transporte vertical Argamassa 6SIS Manual de Revestimentos Argamassa industrializada em silos As argamassas entregues em silos são produzidas em complexos industriais, onde os agregados, aglomerantes e aditivos são misturados a seco e armazenados em silos metálicos que são levados por caminhões até as obras. Na obra, os silos ficam estocados de forma a facilitar sua substituição e/ou abastecimento. No momento do preparo, o sistema dispõe de mecanismos para a adição de água e mistura, produzindo-se a argamassa. Dois são os sistemas disponíveis para a adição de água e transporte da argamassa até o local da aplicação. Via Seca No sistema chamado de via seca, o silo é pressurizado e, acoplado a ele, existe um compressor responsável por “soprar” a mistura seca até o ponto de preparo, onde se acrescenta água. Neste sistema, o bombeamento é feito a seco, ou seja, não há presença de água, e, portanto, ainda não existe a argamassa nos dutos. A água é acrescida à mistura, próxima ao ponto de aplicação, em um misturador especial. Existe, junto ao misturador, um outro reservatório para os materiais secos e o controle do fluxo dos materiais do silo até este reservatório é feito automaticamente. Sistema de argamassas em silos Argamassa Manual de Revestimentos 7SIS No caso de esvaziamento do silo, não existe a necessidade de sua substituição, pois este sistema prevê seu abastecimento. Para tanto, a nova pré-mistura chega à obra em grandes caminhões graneleiros (tais caminhões por terem volume suficiente para abastecer mais de um silo são compartimentados para haver a possibilidade de fornecimento de misturas diferentemente dosadas) e é bombeada por meio de mangueira até o silo. Em certos casos, quando as distâncias verticais ou horizontais forem muito grandes, pode-se optar pela utilização de dois compressores operando em conjunto. Via Úmida Outro sistema é aquele conhecido por via úmida, pois a mistura de água ocorre na boca do silo, produzindo a argamassa. Esta, então é transportada, pronta e, portanto, úmida, até o ponto de aplicação por meio de bombas de pistão. Note-se que, nesse sistema, o abastecimento de água e energia devem ficar concentrados perto do silo. O sistema de bombeamento não vem acoplado ao silo e é opcional. Os agregados, aglomerantes e a água são misturados na saída do silo. O sistema “via úmida” utiliza um conjunto gerador-bomba de pistão, não acoplado ao silo, para bombear a argamassa pronta até o local de aplicação. Fluxograma para transporte úmido de argamassa em silo Fluxograma para transporte seco de argamassa em silo Argamassa 8SIS Manual de Revestimentos Parâmetros de decisão – Matriz de decisão Os principais aspectos a serem analisados na escolha do sistema de produção e transporte de argamassa são: redução das áreas de estocagem, redução de perdas na etapa de transporte e agilidade no preparo da argamassa, além da redução de custo para a atividade e atendimento dos prazos necessários. Entende- se que custo total de uma atividade é uma soma de fatores, inclusive custos indiretos e custos “ocultos” (perdas, desperdícios, improdutividade, etc.) e não apenas os custos diretos associados à atividade propriamente dita. Custos também não são independentes da qualidade. Portanto, abaixo estão listados uma série de parâmetros associados à atividade de produção e transporte de argamassas e as ponderações para cada um dos sistemas disponíveis. Argamassa Produzida em canteiro Área para estocagem de materiais Há necessidade de grande área em baias especialmente montadas para esta finalidade, sendo necessário separar os diversos insumos. Nenhum estoque é necessárioProduzida em central Ensacada Silos Há necessidade de apenas uma área para armazenamento dos sacos, ou já diretamente nos pavimentos de utilização A área necessária é apenas a da projeção do silo (aproximadamente 9m2). Com a utilização de diferentes traços de argamassa, são necessárias áreas para distintos silos Desperdício de materiais Produzida em canteiro Maior probabilidade de perdas diretas de material, seja na estocagem, no manuseio, no preparo ou no transporte Produzida em central Caso o planejamento e a utilização sejam corretos, ou seja, a quantidade pedida é efetivamente utilizada, o índice de perdas do material tende a ser baixo Ensacada Por não haver estoque de matérias-primas, a tendência é que haja pequena perda de materiais, até porque há eliminação de etapas de manuseio. Silos Pode-se avaliar que para os sistemas de silo com transporte em via seca, a perda praticamente inexiste, já que o material fica lacrado no silo e é misturado em seu local de aplicação. Já para a via úmida, pode haver maior perda no transporte. Gestão do estoque de insumos Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Há necessidade de constante monitoramento dos estoques de maneira a não paralisar o fluxo de produção. Logística no recebimento de diferentes materiais Similar à administração de concretagem. As programações de entrega devem ser programadas, bem como as operações de descarga e aplicação Por ser apenas um item a ser controlado, fica mais fácil de ser gerido do que os diversos itens que compõem a argamassa Deve-se atentar para que não falte material nos silos, uma vez que a reposição não é imediata Manual de Revestimentos 9SIS Local de produção Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Tem que estar no contexto da logística do canteiro de obras como um todo. Por ser uma área grande e que abastece todos os locais da obra, deve ser escolhida com extremo cuidado. Provoca intenso tráfego de caminhões de abastecimento de insumos que devem ter acesso facilitado Não há produção na obra, mas é necessário prever local adequado para o abastecimento A produção da argamassa quando se utiliza a argamassa ensacada pode ser em uma central e esta é transportada já pronta para os pontos de aplicação. No entanto, o mais indicado é que a produção ocorra próxima aos locais de aplicação através da utilização de argamassadeiras mecânicas, pois isto facilita o transporte, exigindo menos mão de obra e propiciando menor perda Silos Dependendo do sistema,a mistura final pode ocorrer na base do silo (via úmida), ou no local de aplicação (via seca). Na base do silo, há a vantagem de se ter apenas um ponto de abastecimento de água, mas o equipamento de elevação é mais pesado, gerando um consumo maior de energia para o transporte. Já para o sistema de via seca, há a necessidade de abastecer cada ponto de aplicação com água e energia, no entanto o consumo de energia é minimizado Perdas no transporte Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Dado que existe um ponto central de produção e a argamassa é transportada pronta, com trajetos por vezes longos, existe um potencial grande de perdas nos carrinhos e nas jericas Depende do sistema de abastecimento da argamassa; se bombeado, ou se por carrinhos, as perdas são diferentes. No caso do uso de carrinhos, a perda é similar a da produzida na obra. No caso de bombeamento existe a perda na tubulação Se a argamassa for produzida próxima ao local de aplicação, as perdas podem ocorrer por danos provocados nos sacos ao serem transportados, cuja probabilidade de ocorrência é baixa Não há perdas no transporte, a não ser na via úmida, onde os resíduos que permanecem na tubulação representam valor a ser considerado e gerando a necessidade de lavagem da tubulação Mobilização dos meios de transporte Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Por se utilizar dos meios convencionais de transporte (elevador, grua, etc.), a argamassa “compete” com outros elementos que devem ser transportados por estes meios na obra, gerando por vezes congestionamentos no sistema Se for bombeado, não há congestionamento. Se for por carrinho, pode ocorrer o mesmo congestionamento do caso anterior Há apenas o transporte de sacos para os locais de aplicação, o que pode ser realizado fora dos horários de pico do sistema de transportes e portanto não gerar nenhum transtorno para a obra Silos Via seca - não utiliza o sistema convencional de transporte. Via úmida – pode haver transporte por meios convencionais da obra o que pode gerar eventuais congestionamentos no sistema Argamassa 10SIS Manual de Revestimentos Instalações e consumo de água e energia Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Instalações centralizadas de água e energia elétrica Não há necessidade de instalações específicas. No entanto, na ocorrência de falta de energia pode haver perda do caminhão de argamassa (grande volume) Considerando que a mistura ocorre próxima aos locais de aplicação, há necessidade de instalações elétricas e hidráulicas nestes pontos Se for por via úmida, a instalação é centralizada, já que a mistura ocorre junto ao silo. No caso de via seca, ocorre o mesmo que para o sistema de sacos Limitação de peso e altura Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Se houver estocagem de insumos sobre laje, deve-se atentar para os limites de carga admissíveis O caminhão betoneira não pode se posicionar sobre laje, a não ser que tenha sido feita previsão específica Se houver estocagem de insumos sobre laje, deve-se atentar para os limites de carga admissíveis Há possível limitação de altura por interferência com rede elétrica. Quanto ao peso, também há limitação do peso do silo apoiado sobre laje Manutenção de equipamentos Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Os equipamentos usualmente utilizados são muito simples (betoneira, principalmente) e requerem manutenção, preferencialmente do fornecedor Não há custo de manutenção para a obra As argamassadeiras requerem manutenção que deve ser dada pelo fabricante do equipamento no caso de locação do equipamento A manutenção é dada pela própria empresa fornecedora do silo. As misturadoras, no caso de via seca, também requerem manutenção Disponibilidade de fornecedores Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Há ampla disponibilidade de fornecedores de insumos, atentando-se para o fato que nem sempre é fácil se encontrar o fornecedor para a areia ideal Usualmente, os fornecedores de argamassa em caminhão são os mesmos fornecedores de concreto. Há, portanto, os mesmos tipos de problemas que podem ocorrer com entrega de concreto: atrasos, dificuldade de acesso de caminhões e equipamentos de elevação As argamassas ensacadas podem ser adquiridas em muitos distribuidores. Mas, a especificação de argamassas diferentes daquelas padronizadas somente pode ser feita quando houver grande quantidade a ser utilizada É o sistema que possui maior dependência em relação aos fornecedores. Uma vez escolhido o sistema, o fornecedor não pode ser mudado e fica-se sujeito a potenciais problemas de entrega. Também são poucos os fornecedores disponíveis no mercado Argamassa Manual de Revestimentos 11SIS Ajuste de traço Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Há total possibilidade de ajuste de traço, mas o controle de uniformidade e manutenção da qualidade são mais difíceis, sobretudo em função da variação das características do agregado e da própria dosagem Para caminhões diferentes, há possibilidade de ajuste do traço. A uniformidade é mantida pelo processo de dosagem industrial Os traços são padronizados e não necessitam de ajuste Os traços são padronizados e não necessitam de ajuste Responsabilidade na dosagem Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos A responsabilidade da dosagem e sua uniformidade é totalmente da Construtora A responsabilidade da dosagem e sua uniformidade são da empresa fornecedora da argamassa a partir dos requisitos solicitados pela contratante A responsabilidade da fórmula é da empresa fabricante da argamassa Domínio da tecnologia e treinamento Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Apesar de ser uma tecnologia extremamente difundida, para que a atividade de produção e transporte ocorra com a maior produtividade possível é necessário que se invista em treinamento. Usualmente não há domínio da tecnologia de dosagem, a qual na maioria das vezes é feita empiricamente em função da experiência de mestres e encarregados Uma vez que não há produção no canteiro, não há necessidade de domínio de tecnologia e treinamento Deve existir treinamento para a correta utilização do produto e adição de água à mistura Deve existir treinamento para a correta utilização do equipamento Mão-de-obra e Produtividade Produzida em canteiro Produzida em central Este é o tipo que mais necessita e utiliza mão-de-obra. No entanto, o sistema vai na contramão da tendência atual de se retirar do canteiro de obras atividades que não agregam valor diretamente ao produto final, como a fabricação da argamassa Não há mão-de-obra na fabricação, apenas no transporte. Dado que um grande volume de argamassa é aplicado em pouco tempo, há necessidade de mobilização de um grande contingente de operários, o que pode prejudicar outras atividades da obra, além de eventualmente obrigar o dimensionamento de mão-de- obra por estes picos de atividade. Argamassa A responsabilidade da fórmula é da empresa fabricante da argamassa Ensacada A mão-de-obra na preparação é bem mais reduzida que no sistema convencional e não requer treinamento. Desta maneira, pode-se dizer que o sistema como um todo é mais produtivo que o convencional Silos No caso de via seca, há muita semelhança na utilização de mão de obra com sistema ensacado. Já na via úmida, pode-se considerar uma incidência menor de mão-de-obra, dado que a adição de água está concentrada em apenas um ponto 12SIS Manual de Revestimentos Planejamento Produzida em canteiro Produzida em central EnsacadaSilos Há necessidade de se pensar as atividades de aquisição, produção e aplicação na obra integradamente, já que as argamassas de cimento são “perecíveis”. Planejamento similar ao de concretagem. Para que não ocorram problemas no momento de aplicação, toda a infra-estrutra da obra deve estar pronta para receber um grande volume de material a ser aplicado rapidamente Como usualmente as centrais de mistura são móveis, acompanhando a execução, há a possibilidade de uma grande flexibilidade no planejamento. Esta flexibilidade permite que seja possível realocar recursos rapidamente, bem como potencializar o uso do equipamento de transporte Vale o mesmo raciocínio utilizado para o sistema ensacado tanto para o sistema em via seca como para transporte úmido, apenas faz-se a mudança de tubulações que se faz necessária para cada caso Cronograma Produzida em canteiro Produzida em central Ensacada Silos Há pouca interferência do cronograma sobre o sistema e seus custos, a não ser no dimensionamento de estoques de insumos Apenas no caso de locação do equipamento de mistura, há consideração como variável importante Utilizada para obras rápidas e de grandes volumes Há pouca interferência do cronograma sobre o sistema e seus custos. Apenas no caso de locação do equipamento de mistura, há consideração como variável importante É uma variável importante na viabilização de custos. Se o prazo for fator preponderante nas opções de sistemas, este é um sistema que se viabiliza pela redução de mão de obra direta, redução dos custos de transporte, e por fim deve-se considerar a possível redução da mão-de- obra indireta Argamassa Manual de Revestimentos 1PRO Projeto, planejamento e logística Projeto de revestimento Interface e informações de outros projetos Planejamento Condicionantes para revestimentos internos Condicionantes para contrapisos Condicionantes para fachadas Prazos de carência Dimensionando recursos Produção de argamassa Transporte Aplicação Logística O que é logística Central de produção Insumos e armazenagem Transporte Produção Equipamentos Produção Aplicação Mão-de-Obra Critérios de contratação e escolha Desenvolvimento e treinamento Comprando e Recebendo Argamassa produzida na obra Argamassa industrializada Projeto de revestimento Planejamento Logística Equipamentos Mão-de-Obra Comprando e Recebendo 2PRO Manual de Revestimentos Manual de Revestimentos 3PRO Projeto, planejamento e logística Projeto de revestimento O projeto de revestimentos deve especificar os materiais e técnicas a serem adotados e conceber os detalhes construtivos capazes de conferir ao revestimento as características e propriedades necessárias ao bom desempenho na edificação. Os prazos e custos previstos no planejamento da obra, inclusive os custos de manutenção, para a execução do serviço e considerando a vida útil esperada devem ser objeto de atenção. Para o desenvolvimento do projeto de revestimentos deve-se proceder ao levantamento e análise dos seguintes aspectos: a. Exigências e limitações dos projetos arquitetônico, estrutural, de instalações hidro-sanitárias, de instalações elétricas, impermeabilização e esquadrias. b. Condições ambientais determinantes de solicitações de conforto higrotérmico e acústico no interior das edificações. c. Acabamentos que serão aplicados sobre a camada de argamassa. d. Insumos disponíveis: materiais, equipamentos, componentes e qualidade da mão-de-obra. e. Planejamento global da obra: prazos e custos. f. Análise dos esforços solicitantes dos revestimentos Com base neste levantamento e analisadas as inter-relações entre os diversos aspectos, o projetista possuirá subsídios para a elaboração do projeto para produção que deverá conter basicamente: • especificação dos materiais e técnicas construtivas; • definição das camadas; • detalhes construtivos. Projeto de revestimento 4PRO Manual de Revestimentos Interface e informações de outros projetos Uma visão sistêmica do processo de desenvolvimento de projetos procura organizar as relações entre projeto e execução. Ou seja, o subsistema revestimento deve estar inserido no contexto amplo da edificação e principalmente estar relacionado aos outros subsistemas que o envolvem – estrutura, vedações, impermeabilizações, esquadrias e instalações. Deverão ser obtidas a partir do projeto arquitetônico informações referentes a: • dimensões das paredes (comprimentos e espessura das paredes acabadas) • dimensões internas dos compartimentos • localização e dimensões dos vãos de portas, janelas e instalações especiais • características dos revestimentos especificados (como espessura) • detalhes construtivos de fixação das esquadrias, peças suspensas, frisos, peitoris, pingadeiras, etc. Do projeto de vedação devem ser obtidas as seguintes informações: • tratamento de juntas nas interfaces dos vãos e paredes e também nas ligações das paredes com os componentes estruturais; • previsão de juntas de controle; • detalhes arquitetônicos que interfiram na execução da alvenaria, como sacadas, beirais, platibandas, peitoris, ressaltos e reentrâncias para proteção da fachada; • o componente de vedação especificado (absorção e rugosidade superficial) • existência de paredes sobre componente estrutural em balanço Do projeto estrutural devem ser obtidas as seguintes informações: • dimensões dos elementos estruturais: vigas e pilares • as características de deformabilidade da estrutura. • existência de elementos em balanço • características do concreto (fck, absorção e rugosidade) Projeto de revestimento Manual de Revestimentos 5PRO Dos projetos de instalações devem ser obtidas as seguintes informações: • disposição e localização dos ramais hidráulicos • tubulações que correm pelos pisos (esgoto, gás, etc.) e suas dimensões • instalação de peças sanitárias • passagem de tubulação elétrica • pontos de luz, tomadas e interruptores • disposição e localização de instalação de incêndio • disposição e localização de instalação de gás • disposição e localização de instalações telefônicas • disposição e localização de equipamentos especiais. No projeto de impermeabilização devem ser observados os seguintes elementos: • áreas onde há previsão de impermeabilização • altura de rodapés • características do sistema utilizado, traduzidas pelo tipo de aderência com o substrato, espessura, compressibilidade da camada impermeável, espessura das camadas de regularização e proteção. • espessura total do sistema de impermeabilização adotado. No projeto de esquadrias devem ser observados os seguintes elementos: • especificação das esquadrias a serem utilizadas, com suas características dimensionais e de fixação. Condições para início dos serviços de revestimento Projeto de revestimento 6PRO Manual de Revestimentos Planejamento Todas as atividades inerentes ao processo de execução de uma edificação necessitam de um planejamento específico para o seu desenvolvimento. Cada atividade é apenas uma parte da obra e deve estar adequadamente vinculada ao todo. Deve ser avaliado em que etapa da obra podem ser inseridas as atividades de execução dos revestimentos, sendo distintos os momentos em que se realizam os revestimentos de paredes e forros internos, fachadas e contrapisos, tomando-se como referência o planejamento previsto para a edificação como um todo. Condicionantes para revestimentos internos Para iniciar os serviços de revestimento de argamassa interno devem estar concluídos: • A alvenaria de vedação de metade menos um do número total de pavimentos; • A fixação da alvenaria (“encunhamento”) de vedação em pelo menos três dos pavimentos imediatamente acima; • A colocaçãodos contramarcos (ou dos marcos, se for o caso) das esquadrias de fachada; • O embutimento e fixação de todas as instalações na alvenaria, todas devidamente testadas e liberadas. Os condicionantes para o contrapiso Para se programar a execução dos contrapisos, os seguintes serviços devem estar concluídos: • A alvenaria de vedação de metade menos um do número total de pavimentos; • A fixação da alvenaria (“encunhamento”) de vedação em pelo menos três dos pavimentos imediatamente acima; • Dutos embutidos nos pisos. Planejamento Nota Recomenda-se que o contrapiso seja executado antes de fixar a alvenaria afim de “carregar” a estrutura. Manual de Revestimentos 7PRO Condicionantes para a fachada Para a execução dos serviços de revestimento externo em um dado pavimento deverão estar completados pelo menos os seguintes serviços: • Estrutura total do edifício se o mesmo tiver menos de nove pavimentos e empregar estrutura reticulada de concreto armado, ou qualquer altura se empregar estrutura em alvenaria; • Metade mais um dos pavimentos da estrutura reticulada do edifício se o mesmo tiver nove ou mais pavimentos; • A alvenaria de vedação de metade menos um do número total de pavimentos; • A fixação da alvenaria (“encunhamento”) de vedação em pelo menos três dos pavimentos imediatamente acima daquele em que o revestimento tiver início; • A colocação dos contramarcos (ou dos marcos, se for o caso) das esquadrias de fachada; • O enclausuramento de todas as instalações em “shafts” de fachada ou o embutimento de todas as instalações na alvenaria; • A impermeabilização das sacadas e varandas, já testadas e com a proteção mecânica executada. É desejável que estejam também completados os seguintes serviços: • Contrapiso dos pavimentos com alvenaria executada e • Os revestimentos de argamassa internos dos pavimentos com a fixação executada Prazos de carência Na programação dos serviços deverão ser obedecidos os seguintes prazos de carência: Planejamento execução da estrutura de concreto armado, exceção feita aos três últimos pavimentos (60 dias) 120 dias execução da alvenaria de vedação30 dias fixação da alvenaria de vedação com encunhamento (cunhas e argamassa expansiva) 15 dias fixação da alvenaria de vedação sem encunhamento (só com argamassa de preenchimento) 7 dias fixação da alvenaria de vedação do pavimento superior 72 horas da execução do chapisco execução de emboço 7 dias da execução do emboço execução do reboco 8PRO Manual de Revestimentos A pintura e revestimento texturado só deverão ser aplicados após os seguintes prazos de cura dos revestimentos de argamassa: Dimensionando recursos Muitos são os fatores que interferem no dimensionamento dos recursos necessários à execução dos revestimentos de argamassa. O importante é se adotar um sistema de execução coerente com as demais atividades da obra. Há uma clara distinção entre as etapas de produção e transporte das argamassas e a sua aplicação. A decisão sobre o sistema de produção e transporte de argamassa é de fundamental importância para o dimensionamento de recursos necessários. Como já abordado, as opções envolvem a produção de argamassa na obra, através de central de produção ou a aquisição de mistura industrializada, seja em caminhões betoneira, sacos ou silos. A quantificação dos trabalhos, bem como os índices de produtividade das equipes de produção são também fundamentais para o dimensionamento. Quanto mais se consegue definir com clareza as necessidades de mão-de- obra nas atividades específicas e se consegue manter a sequência do trabalho, o efeito aprendizado propicia ganhos de produtividade. Produção de argamassa No caso das argamassas ensacadas e em silos, a produção na obra é simplificada, sendo necessários somente os equipamentos para mistura. Nesta situação, os problemas de movimentação interna no canteiro ficam minimizados, requerendo menos recursos humanos para o transporte. Quando a argamassa é produzida na obra, os equipamentos deverão atender ao ritmo de produção definido pelo cronograma de execução. Pintura com tintas minerais à base de cimento 15 dias Pintura com tintas minerais à base de cal 7 dias Pintura com tintas à base de resinas PVA e acrílicas 15 diasprimer selador primer tipo “liquibase” 30 dias tintas 30 dias Revestimento texturado 30 dias Planejamento Manual de Revestimentos 9PRO Nas centrais de obra normalmente os materiais são dosados em volume, e para esta dosagem devem ser utilizados recipientes especialmente preparados, com volumes constantes que não se modifiquem ao longo do seu uso, seja por deterioração do material de que são constituídos, seja por perda de partes, etc. Transporte Há que se planejar os meios de transporte da argamassa até o local de utilização. Para isso são necessários recipientes e equipamentos adequados para movimentação vertical e horizontal. O porte e a quantidade dos equipamentos necessários serão em função das distâncias entre os locais de produção e os de utilização. A diversidade de equipamentos para estas atividades é grande, estando limitada algumas vezes pela gerência da obra e pelas características dos materiais a serem transportados, bem como pelas particularidades de seu fornecimento, além dos próprios custos. No entanto, deve- se ressaltar que quanto maior a capacidade, mais eficiente será o sistema. Aplicação A aplicação dos revestimentos é uma atividade que independe do sistema de produção e transporte, admitindo-se que estas atividades já foram completadas. Portanto, os recursos necessários variam em função da finalidade da aplicação: paredes internas, forros, fachadas e contrapisos. O ferramental e os equipamentos, assim como as expectativas de produtividade da mão-de-obra são desta maneira vinculados à finalidade da aplicação. Planejamento 10PRO Manual de Revestimentos Podemos assim montar uma matriz onde se relacionam as atividades necessárias à execução dos revestimentos e os tipos de recursos necessários: Estes recursos são utilizados ao longo do tempo e permitem a visualização de como as equipes se movimentam pela obra. Logística O que é logística? O termo tem origem militar e trata do “alojamento, equipamento, e transporte de tropas, produção, distribuição, manutenção e transporte de material e de outras atividades não combatentes relacionadas”. (Michaelis) No contexto da obra, é usual tratar a logística como tudo o que envolve o arranjo físico do canteiro de obra e a movimentação de pessoas, materiais e equipamentos, e as atividades que dão suporte à produção propriamente dita. Desta maneira, a logística do canteiro está intimamente relacionada aos sistemas de produção adotados e ao planejamento da obra. Relativamente à questão dos revestimentos de argamassa, os principais aspectos a serem buscados são: redução das áreas de estocagem, redução das perdas nas etapas de transporte, redução das perdas no preparo dos materiais constituintes, otimização das operações de transporte evitando tempos de espera e desabastecimento das frentes de trabalho além de buscar agilidade no preparo da argamassa (se for o caso de preparo no canteiro). A escolha das argamassas em sacos ou em silos contribui positivamente para a racionalização do canteiro como um todo, pois diminuem em muito as áreas de estocagem e as atividades de manuseio dos materiais, além da necessidade excessiva de mão-de-obra. Logística Fachada Produção Transporte Aplicação Materiais Equipamentos Mão-de-obra Materiais Equipamentos Mão-de-obra Materiais Equipamentos Mão-de-obra Paredes internas e forros Contrapiso Manual de Revestimentos 11PRO Ao se analisar todo o ciclo de utilização das argamassas pode-se identificar etapas importantes ligadasao desperdício de materiais, como a estocagem, o transporte e a aplicação. Numa obra que produz suas próprias argamassas é constante a preocupação com as grandes áreas de estocagem e recebimento de matérias-primas. Montes de areia, pilhas de sacos de cimento e cal demandam grandes áreas de estocagem e constante monitoração do estoque para que o processo de produção não sofra descontinuidade. Para o abastecimento da produção nas frentes de trabalho, corre- se o risco de congestionamento do sistema de transporte e interferências com muitas outras atividades. A opção pela utilização dos silos, por exemplo, minimiza o espaço de armazenamento de matérias-primas uma vez que a área de estocagem limita-se à área de projeção de um silo, aproximadamente 9 m2. A etapa de transporte da argamassa pronta também pode ser otimizada através de sistema de bombeamento. É comum observar a opção pela contratação de vários silos por obra, cada um contendo uma argamassa diferente, dosada conforme características previamente definidas para cada uso. Esta opção irá demandar maior área. Na opção pelas argamassas ensacadas, os estoques de areia, cimento e cal são eliminados ou reduzidos criando espaço para um estoque de argamassa ensacada. As perdas nas atividades de descarregamento e transporte também são reduzidas uma vez que não há mais a manipulação de materiais a granel. Aqui também se destaca a possibilidade da utilização de ”pallets”, o que facilita a movimentação no canteiro. Silos para argamassa Logística 12PRO Manual de Revestimentos Produção de argamassa em obra Quando se opta pela utilização de centrais móveis, tem- se a possibilidade de ganhos em vários pontos: rapidez no preparo; rapidez no transporte de argamassa (pela proximidade do ponto de aplicação); redução do estoque de argamassa para aplicação (pela rapidez no preparo e proximidade do ponto de aplicação). Também se pode destacar a redução da probabilidade de perdas na etapa de transporte uma vez que há a redução do estoque de argamassa pronta e a produção e o abastecimento das frentes de trabalho são tarefas executadas de forma ágil. Outro item que merece destaque é a possibilidade do uso de equipamentos de transporte em horários alternativos, evitando-se aqueles de maior demanda. Central de produção Caso se opte por produzir as argamassas no canteiro de obras em uma central de produção, o arranjo do canteiro deve ser estudado para otimizar esta produção. Isto demandará uma área significativa. Insumos e armazenagem Deverá ser previsto estoque para as matérias-primas da argamassa no caso de produção no canteiro. A natureza das matérias-primas é função da composição da argamassa. A partir desta composição é possível se conhecer os materiais a serem estocados (normalmente 2 a 4 diferentes tipos). O volume dos estoques desses materiais depende da produtividade prevista. Deve-se observar que em função do porte da obra e da maneira com que se realiza o fornecimento dos materiais, deverá ser previsto o estoque para um período de tempo que não comprometa o andamento da obra devido a alguma eventualidade (chuvas, atraso no fornecimento, etc.). Deve-se respeitar os limites de tempo de estocagem dos materiais (cimento, por exemplo), bem como, os limites da áreas de estocagem. Logística Manual de Revestimentos 13PRO No caso dos aglomerantes, o local de estocagem deve estar necessariamente protegido das intempéries. O empilhamento do material ensacado deve ser inferior a 10 unidades, atendendo o limite de sobrecarga da laje. O acesso ao material deve ser feito de maneira a se utilizar sempre o primeiro que entrou no depósito. O cimento, quando recebido à granel, deve ser estocado em silos apropriados. Para os agregados, é recomendado que os locais de estocagem fiquem protegidos das intempéries, pois dessa forma consegue- se maior controle da umidade. Caso isso não seja possível e os agregados fiquem expostos ao tempo, poderá ser necessário a realização do controle de umidade para as areias e saibros através de ensaios específicos, quando a variação de umidade na argamassa implicar em alterações significativas na sua dosagem volumétrica. O armazenamento dos materiais a granel deve ser realizado tomando-se os devidos cuidados para que não ocorra mistura entre eles, recomendando-se a utilização de baias com dimensões compatíveis com o estoque necessário. Deve-se atentar ao dimensionamento das baias, considerando as perdas dos materiais em função do preparo. Transporte As atividades de transporte são acessórias, mas absolutamente necessárias para a execução dos revestimentos. São atividades que possuem um grande potencial de racionalização e redução de seus custos. Definir os equipamentos de transporte envolve estabelecer: os meios de transporte externo de materiais até o canteiro e os meios de transporte internos no canteiro de matérias- primas e da argamassa, sejam eles horizontais ou verticais. Internamente, no caso da argamassa tradicional, as matérias-primas e as argamassas produzidas podem ser transportadas por carrinhos de mão, jericas, caçambas, utilizando-se gruas, elevadores, entre outros. O planejamento das atividades de transporte deve levar em conta as distâncias a serem percorridas, a capacidade de transporte dos equipamentos utilizados e as quantidades de materiais necessários para a execução do serviço durante um determinado período. Em geral as atividades de transporte da argamassa consomem uma razoável quantidade de mão-de-obra nos canteiros, além de utilizarem intensamente os equipamentos de transporte. Logística 14PRO Manual de Revestimentos Produção da argamassa em obra Esta atividade consiste na mistura dos materiais constituintes da argamassa. O modo de preparo das argamassas deve ser definido levando-se em conta os requisitos de desempenho do revestimento, os custos, as características físicas da obra e do canteiro e os materiais disponíveis no mercado. A definição do modo de preparo das argamassas também é função da sua composição, sejam argamassas mistas de cal, com aditivos ou adições de materiais especiais. Algumas recomendações para a produção de argamassa preparada na obra são: 1. As caixas de dosagem (padiolas) devem ser: • preferencialmente metálicas para aumentar a durabilidade • identificadas para sua finalidade através de pintura em cores diferentes • com uma lateral inclinada para facilitar carga e descarga • passíveis de serem transportadas sobre rodas (podem ser fixadas em carrinhos de mão). 2. No carregamento da betoneira, a ordem de colocação de materiais deve ser a seguinte: • Para argamassa intermediária -metade das caixas de areia -cal -restante da areia • Para argamassa final -1/3 do volume da argamassa intermediária -cimento -o restante da areia ou da argamassa intermediária 3. A água é quantificada em dosador específico e adicionada na cuba da betoneira 4. A descarga da argamassa deve se dar com a cuba da betoneira em movimento 5. Tempo da mistura: é o tempo necessário para homogeneizar a mistura, da ordem de 3 a 5 minutos, quando todos os materiais estiverem na betoneira Quanto as argamassas industrializadas, deve-se seguir as recomendações do fabricante. Seja o tipo de argamassadeira, o tempo de mistura e a quantidade de água a ser adicionada na mistura. Logística Padiola para abastecimento de betoneira Manual de Revestimentos 15PRO Equipamentos Os equipamentos e ferramentas a serem utilizados na produção e aplicação de argamassas variam em função do sistema adotado para a mistura e transporte da argamassa. Produção Padiola Descrição: recipiente de madeira ou plástico ou metal, com dimensões definidas e perfeito estado para não permitir a perda de material. Pode estar acoplada a uma estrutura metálica com rodas ou ter alças. Finalidade: medir a quantidadede agregado definida e transporta-la para o local da mistura. Cuidados: Evitar impactos fortes na colocação do agregado (pode provocar a alteração do produto final); armazenar em local coberto Aplicação: mistura manual; mistura mecânica Betoneira Descrição: misturador mecânico composto por recipiente metálico giratório. Apresenta diferentes capacidades e tipos (eixo horizontal, vertical e inclinado). Pode ter pá carregadora como acessório para a colocação de materiais no seu interior Finalidade: mistura mecânica da argamassa Cuidados: lavar o recipiente metálico para não deixar resíduo de ar- gamassa incrustado; manutenção periódica; guardar em local coberto; lavar antes do início da produção Aplicação: mistura mecânica Argamassadeira Descrição: misturador mecânico dos materiais constituintes da argamassa. Apresenta eixo horizontal ou vertical, misturando os materiais de maneira mais eficiente. É leve e possui rodas, podendo ser transportado facilmente. Possui grelha serrilhada para a abertura de sacos e carregamento de argamassa em seu interior Equipamentos 16PRO Manual de Revestimentos Finalidade: Mistura de argamassa ensacada e silo em via seca. Cuidados: Lavar o recipiente metálico para não deixar resíduos de argamassa inscrustrados; efetuar manutenção periódica; guardar em local coberto; lavar antes do início da produção Aplicação: Argamassa industrializada em sacos e silo em via seca Aplicação Ferramentas e equipamentos para controle geométrico • trena metálica; • prumo de face; • prumo de centro; • nível de mangueira; • conjunto de arames de fachada (arame galvanizado nº 18) e dispositivos de fixação; • taliscas (preferencialmente placas cerâmicas). Ferramentas e equipamentos para o preparo da base • escova de aço; • ponteira; • marreta; • espátula; • vassoura; • pincel; • colher de pedreiro para aplicação do chapisco convencional; • rolo para textura para aplicação do chapisco rolado; • desempenadeira dentada de 6 x 6 mm para aplicação do chapisco desempenado na estrutura. Argamassadeira de eixo horizontal Argamassadeira contínua Equipamentos Manual de Revestimentos 17PRO Ferramentas e equipamentos para aplicação da argamassa • régua de alumínio para o sarrafeamento; • desempenadeiras de aço e madeira para o desempeno; • espuma para o camurçamento; • cantoneira de alumínio para argamassa de acabamento de cantos vivos; • réguas de canto e grampos e/ou sargentos para sua fixação; • broxa para o umedecimento da superfície. Ferramentas e equipamentos para execução de juntas • frisador de juntas; • desempenadeira de pingadeira; • régua gabarito de junta. Ferramentas específicas para contrapiso • soquete com base de 30 x 30 cm e aproximadamente 7 kg de peso, fixada a uma das extremidades de um pontalete de 1,50 m de altura. Equipamentos 18PRO Manual de Revestimentos Mão-de-Obra Um dos mais importantes elementos para a adequada execução do revestimento é a mão-de-obra qualificada. Para que isto ocorra é preciso que ela seja bem escolhida e capacitada. Há qualificações diferentes para serviços diferentes. Não são as mesmas equipes que realizam os trabalhos em fachada e aquelas que realizam os revestimentos internos. Mesmo para os contrapisos, é usual a utilização de equipes específicas. Critérios de contratação e escolha É necessário que se estabeleçam critérios objetivos que auxiliem no aumento de produtividade, aumento da qualidade final do produto e na conseqüente redução de custos. O corpo técnico da empresa deve estabelecer o perfil do profissional a ser contratado para cada atividade específica. Para os revestimentos os profissionais indicados são pedreiros e auxiliares de pedreiro. No caso de contratação de subempreiteiras deve-se também estabelecer critérios objetivos para que se possa fazer uma escolha adequada, não levando apenas em conta o preço direto proposto. Deve-se analisar o trabalho do subempreiteiro através de obras que este tenha realizado. O subempreiteiro deve estar regularizado com relação a legislação trabalhista. Os passos gerais para o processo de seleção de um subempreiteiro são: Comprovação dos dados fornecidos Verificar se as informações prestadas são verdadeiras; Negociação Estipular pontos de controle, especificações de projeto, propostas de melhorias, definição das formas de controle da qualidade, condições de pagamento, recomendações de mudanças, critérios de medição dos serviços; Definição dos itens de seleção: Definir quais são os critérios de atendimento às exigências e à estratégia empresarial; Análise final: Seleção do subempreiteiro. Mão-de-obra Manual de Revestimentos 19PRO Desenvolvimento e treinamento O treinamento é considerado um dos principais fatores de desenvolvimento do indivíduo para a realização de seu trabalho, e se esquecido, pode acarretar baixa produtividade, qualidade e conseqüentemente retrabalho e aumento de custo. São aspectos importantes no universo da construção civil tanto o treinamento específico para a função a ser desempenhada como aquele voltado à educação (alfabetização, cidadania, saúde, etc.) O treinamento deve obedecer as seguintes fases: • Levantamento de necessidades • Planejamento • Programação • Execução • Avaliação • Reciclagem periódica Algumas técnicas podem ser utilizadas e devem ser definidas na fase de planejamento. Pode-se aprender fazendo, pela teoria, através de simulações da realidade ou por vivências comportamentais. Estas técnicas e métodos podem ser combinados para um melhor rendimento no treinamento. A participação de agentes externos é sempre motivadora É importante lembrar que: A empresa deve manter cadastros dos funcionários treinados. O treinamento, para ter maior eficiência, deve ser pensado e enriquecido com exemplos da própria empresa. O encarregado do serviço é um dos elos fundamentais no processo de treinamento e deve receber por si treinamento em nível comportamental de maneira a facilitar suas relações humanas, comunicação, formas de conseguir motivação, ou seja, liderar sua equipe como um formador de profissionais eficientes e comprometidos com o resultado final do trabalho. Mão-de-obra 20PRO Manual de Revestimentos Comprando e recebendo NBR 5732Cimento Portland Comum (CPI, CPI-S) NBR 11578Cimento Portland Composto (CPII-E, CPII-Z, CPII-F) NBR 5735Cimento Portland de Alto Forno (CPIII) Comprando e Recebendo Comprar e receber corretamente os componentes para a produção de argamassas envolve uma série de procedimentos para que se garanta a quantidade dos componentes especificados. O primeiro passo é a da especificação correta. Para tanto, os seguintes dados devem constar de um pedido ou ordem de compra: • Marca comercial do produto e o fornecedor • Características conforme norma de especificação do produto • Normas de especificação do produto: Cimento Portland Pozolânico (CPIV) NBR 5736 Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CPV-ARI) NBR 5733 Cal Hidratada (CHI, CHII, CHIII) NBR 7175 Agregado para concreto NBR 7211 Argamassa para assentamento e revestimento NBR 13281 Cimento Cal Areia (na falta de uma especificação para agregado para argamassa) Argamassa Um passo paralelo a esta especificação de compra, é a seleção do fornecedor dos produtos, seja cimento, cal, areia ou argamassa. Os itens a seguir fazem parte de um procedimento de escolha do fornecedor: 1. O fornecedor deve apresentar periodicamente certificado de conformidade do produto, onde conste a avaliação frente as exigências das normas de especificação. 2. A comparação de preços entre fornecedores distintos deve ter a mesma base, ou seja, caso as quantidades entre sacos sejam diferentes. Manual de Revestimentos 21PRO 3. A análise qualitativa deve ser feita levando-se em consideração
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