Buscar

aula 4 alegações finais por memoriais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 20ª VARA CRIMINAL DO ESTADO DE 
CURITIBA/PR 
 
 
 
Processo nº ... 
 
 
 
JORGE, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, 
nos autos do processo-crime, que lhe move o Ministério Público Estadual com fulcro no artigo 411 § 9º c/c Artigo 
403, § 3º, do Código de Processo Penal, para apresentar suas 
 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
 
 
Mediante os fatos e fundamentos a seguir expostos: 
 
DOS FATOS 
 
 JORGE, com 21 anos de idade, conheceu ANALISA em um bar, linda jovem, por quem se encantou e 
após uma conversa informal, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, e 
ANALISA, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com JORGE. 
 Jorge e Analisa trocaram telefones e contatos nas redes sociais. Jorge só soube em outro momento da 
idade de Analisa, pois por estarem em ambiente de frequência adulta, não achou necessário quaisquer 
questionamento com relação a idade da mesma, pois era prática corriqueira a frequência de Analisa neste bar, 
dito pela própria AnalIsa. 
 Jorge só soube que Analisa teria 13 anos mediante a denúncia do Ministério Público, feita pelo pai de 
Analisa, sendo assim descobriu Jorge que apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de 
idade, Jorge ficou em choque com essa constatação, pois Analisa não aparentava ter a idade informada pela 
denúncia. Foram ouvidas as testemunhas de defesa do acusado e o próprio Jorge, na ocasião o Ministério Público 
ratificou a denúncia feita pelo pai de Analisa. Em suas alegações finais, o Ministério Público pede a condenação 
do réu nos termos propostos na exordial. 
 Contudo, esta tese não deve prevalecer. 
 
 
FUNDAMENTOS 
 
ABSOLVIÇÃO 
 
I - OCORRÊNCIA DO ERRO DE TIPO 
 
 JORGE conheceu ANALISA em um bar onde se frequentava maiores de 18 anos, e ANALISA, linda 
jovem com formas de mulher e não de menina, não tinha como saber inequivocamente sua idade, posto que 
deduziu ser maior devido ao ambiente e comportamento da jovem, que de forma voluntária praticaram sexo oral e 
vaginal. Analisa tem o costume de fugir e frequenta bares adultos e relatou que sempre lograva êxito em suas 
fugas. De modo algum, alguém pensou que pelo ambiente de frequência adulta Analisa teria a idade relatada na 
denúncia, não restando dúvidas de que era maior de idade. 
 Nos moldes do art. 20, CP, o erro DE TIPO ESSENCIAL gera a atipicidade da conduta, o que no caso 
em tela gera absolvição. Artigo 386 III do Código de Processo Penal. 
 
II - AFASTAMENTO DE CONCURSO MATERIAL 
 
 Subsidiariamente, não sendo aceita, a tese de atipicidade da conduta do réu, deve-se considerar a 
existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o art. 217-A do Código Penal tem como tipo ter 
conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. Para o STJ prevalece a tese de 
crime único, por ser um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo), assim sendo deverá ser afastado o 
concurso material de crimes para o caso em tela. 
 
TJ-PI - Apelação Criminal APR 00006100220128180056 PI 201400010089915 (TJ-PI) 
Ementa: PENAL PROCESSUAL PENAL - APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
(ART. 217-A, CAPUT, DO CP) CONDENAÇÃO - APELO DEFENSIVO - 
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VULNERABILIDADE – ABSOLVIÇÃO - RECURSO PROVIDO. 
Publicação - 25/05/2015 
Julgamento - 13 de Maio de 2015 
Relator - Des. José Francisco do Nascimento. 
 
TJ-RS - Apelação Crime ACR 70069219004 RS (TJ-RS) 
Ementa: APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE 
SEXUAL. ESTUPRODE VULNERÁVEL. RELATIVIZAÇÃO DA VULNERABILIDADE. ATO 
SEXUAL CONSENTIDO ENTRE A VÍTIMA DE 13 ANOS E O RÉU, SEU SUPOSTO NAMORADO, 
DE 18 ANOS. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. 
Processo ACR 70069219004 RS 
Órgão Julgador Quinta Câmara Criminal 
Publicação Diário da Justiça do dia 29/06/2016 
Julgamento 22 de Junho de 2016 
Relator Lizete Andreis Sebben 
 
III - DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUES PRE-ORDENADA 
 
 Não há que se falar em embriagues pré-ordenada, posto que embriagues pré-ordenada é ato preparatório 
para crime, não há prova neste sentido. JORGE não estava embriagado ao conhecer ANALISA. As testemunhas 
afirmam que o acusado não estava bêbado e não houve prova pericial para comprovar a embriagues de JORGE, 
sendo assim justa a medida de afastamento da agravante caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta. 
 
IV – ATENUANTE PELA CONFIÇÃO ESPONTÂNEA 
 
 O acusado confessou espontaneamente todos os fatos ocorridos, confirmou a autenticidade e se colocou 
à disposição para elucidar todos os fatos, ação prevista no Artigo 65, III, alínea “d” do Código Penal. 
 
 
 
 
V - DA PENA BASE NO MINIMO LEGAL 
 
 JORGE, réu primário, possuidor de bons antecedentes, com residência fixa, com boa conduta social, e 
no caso em tela não teve o animus necandi do tipo penal em que é acusado, posto não agir com má intenção de se 
aproveitar da suposta ingenuidade de ANALISA, fará jus a pena base no mínimo legal como medida necessária de 
reprovabilidade do ato. 
 
VII - DA APLICAÇÃO DO REGIME SEMI ABERTO 
 
 Ainda que o crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como infração hedionda 
na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo 
certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o 
preceito em abstrato. Sendo assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada 
em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução 
para o réu, pois o artigo 33, §2º, alíneas “a”, “b” e “c”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas 
superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso. 
 
 
PEDIDO 
 
Face ao exposto requer: 
 
a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade; 
b) Em caso de não absolvição, que seja concedido o afastamento do concurso material de crimes, sendo 
reconhecida a existência de crime único; 
c) Fixação da pena-base no mínimo legal; 
d) O afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a incidência da atenuante da menoridade; e 
e) Reconhecimento da atenuante; 
f) Que possa apelar em liberdade; 
g) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alíneas “a”, “b” e 
“c”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/1990. 
 
 
Curitiba/PR e data. 
 
ADVOGADO 
OAB/UF 
 
	TJ-PI - Apelação Criminal APR 00006100220128180056 PI 201400010089915 (TJ-PI)
	TJ-RS - Apelação Crime ACR 70069219004 RS (TJ-RS)

Outros materiais