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35 CAPÍTULO 3 INTRODUÇÃO À CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DE EDIFÍCIOS De maneira geral, uma construção é concebida para atender a determinadas finalidades. A sua implantação envolve a utilização dos mais diversos materiais, adequadamente dispostos e convenientemente solidarizados. Nos edifícios correntes de vários andares, tem-se, por exemplo, o concreto armado, as alvenarias de tijolos ou blocos, as esquadrias metálicas e de madeira, os revestimentos, o telhado, as instalações elétricas e hidráulicas, etc. Figura 3.1 Fachada de um edifício de concreto armado Assim, devem ser considerados vários aspectos no projeto de uma construção: aspectos ligados à sua estética e à sua funcionalidade de uso, constituindo o Projeto de Arquitetura; aspectos relativos à sua segurança, constituindo o Projeto de Estruturas; e aspectos que envolvem instalações elétricas e hidráulicas adequadas, constituindo o Projeto das Instalações. 36 3.2 Projeto Estrutural Normalmente, os materiais utilizados em uma construção podem ser divididos em dois conjuntos: partes “resistentes” constituindo a estrutura da construção; e partes “consideradas não resistentes” constituindo o enchimento da construção. O primeiro conjunto é responsável pela resistência e estabilidade da construção. Nos edifícios usuais é constituído, em geral, pelas peças de concreto armado. O segundo conjunto é constituído pelos elementos responsáveis pela forma e pelo aspecto da construção. Nos edifícios usuais, constituem enchimento: as alvenarias, as esquadrias e os revestimentos. Eles são construídos apoiando-se na estrutura de concreto. Em edifícios de alvenaria estrutural, a estrutura confunde-se com esta alvenaria. O mesmo ocorre em “sobrados” usuais onde algumas das paredes têm função estrutural. A estrutura é composta de elementos lineares (por exemplo, as vigas e os pilares), bidimensionais (por exemplo, as lajes) e tridimensionais (por exemplo, os blocos sobre estacas das fundações). Dependendo do material de construção, os elementos estruturais são constituídos de peças de seções padronizadas (por exemplo: perfis e chapas de aço; e vigotas e pontaletes de madeira). No concreto estrutural, as peças são moldadas no local, permitindo, assim, bastante liberdade na fixação das suas dimensões. Normalmente, o projeto estrutural compõe-se das seguintes etapas: concepção estrutural; análise estrutural, e síntese estrutural que se interagem para gerar o projeto da estrutura. 37 Figura 3.2 Corte indicando detalhes de uma construção 3.3 Os elementos das estruturas de concreto armado A estrutura de um edifício é composta de elementos passiveis de serem agrupados em lotes com funções semelhantes e bem definidas, denominados elementos estruturais. 3.3.1 Elementos estruturais básicos São os elementos estruturais mais frequentes: Laje maciça: elemento estrutural bidimensional, geralmente horizontal, constituindo os pisos de compartimentos; suporta diretamente as cargas verticais do piso, e é solicitado predominantemente à flexão (placa); Viga: elemento unidimensional (barra), geralmente horizontal, que vence os vãos entre os pilares dando apoio às lajes, às alvenarias de tijolos e, eventualmente, a outras vigas, e é solicitada predominantemente à flexão; e 38 Pilar: elemento unidimensional (barra), geralmente vertical, que garante o vão vertical dos compartimentos (pé direito) fornecendo apoio às vigas, e é solicitado predominantemente à compressão. As solicitações predominantes relacionadas acima estão associadas ao que chamamos de comportamento principal ou comportamento primário dos elementos estruturais. As ligações rígidas existentes entre os diversos elementos acarretam a presença de outras solicitações. Um exemplo simples de estrutura é constituído pelo piso elementar, composto de uma laje, quatro vigas e quatro pilares. Figura 3.3 Piso elementar 39 3.3.2 Elementos estruturais de fundação São elementos tridimensionais que transferem ao solo as cargas provenientes dos pilares, considerando as características mecânicas envolvidas. As fundações podem ser classificadas em: Diretas ou rasas, quando a transferência de carga se der a pequena profundidade. Neste caso, o elemento estrutural de fundação que distribui a carga do pilar para o solo chama-se sapata direta; Profundas, em estacas ou em tubulão; quando a transferência de carga se der a “grande” profundidade. Neste caso, o elemento estrutural de fundação que transfere a carga do pilar para as estacas ou tubulões chama-se bloco. Portanto, inicialmente, a carga do pilar é transferida para o bloco; a seguir, deste para as estacas ou tubulões e, finalmente, para o solo de apoio da estrutura. Figura 3.4 Elementos de fundação 3.3.3 Elementos estruturais complementares São os elementos estruturais que completam a estrutura do edifício e que, normalmente, são formados por uma combinação dos elementos estruturais básicos. Escada; Caixa d’água; Muro de arrimo; etc. 40 3.4 Concepção estrutural 3.4.1 Introdução A concepção da estrutura de um edifício consiste no estabelecimento de um arranjo adequado dos vários elementos estruturais anteriormente definidos, de modo a assegurar que o mesmo possa atender às finalidades para as quais ele foi projetado. Estabelecer um arranjo estrutural adequado consiste em atender simultaneamente, sempre que possível, aos aspectos de segurança, economia (custo e durabilidade) e aqueles relativos ao projeto arquitetônico (estética e funcionalidade). Na concepção estrutural é importante considerar o comportamento primário dos elementos estruturais. Eles podem ser resumidos como se indica a seguir: Laje: elemento plano bidimensional, apoiado em seu contorno nas vigas, constituindo os pisos dos compartimentos; recebe as cargas do piso transferindo-as para as vigas de apoio; Viga: elemento de barra sujeita à flexão, apoiada nos pilares e, geralmente, embutida nas paredes; transfere para os pilares o peso da alvenaria apoiada diretamente sobre ela e as reações das lajes; Pilares: elemento de barra sujeito à compressão, fornecendo apoio às vigas; transfere as cargas para as fundações. 3.4.2 Diretrizes gerais A concepção estrutural deve obedecer a algumas diretrizes gerais: atender às condições estéticas definidas no projeto arquitetônico; como, em geral, nos edifícios correntes, a estrutura é revestida, procura-se embutir as vigas e os pilares nas alvenarias; o posicionamento dos elementos estruturais na estrutura da construção pode ser feito com base no comportamento primário dos mesmos; assim, as lajes são posicionadas nos pisos dos compartimentos para transferir as cargas dos mesmos para as vigas de apoio; as vigas são utilizadas para transferir as reações das lajes, juntamente com o peso das alvenarias, para os pilares de apoio (ou, eventualmente, outras vigas), vencendo os vãos entre os mesmos; e os pilares são utilizados para transferir as cargas das vigas para as fundações; a transferência de cargas deve ser a mais direta possível; desta forma, deve-se evitar, na medida do possível, a utilização de apoio de vigas importantes sobre outras vigas (chamados apoios indiretos), bem como, o apoio de pilares em vigas (chamadas vigas de transição); 41 os elementos estruturais devem ser os mais uniformes possíveis, quanto à geometria e quanto às solicitações; desta forma, as vigas devem, em princípio, apresentar vãoscomparáveis entre si; as dimensões contínuas da estrutura, em planta, devem ser, em princípio, limitadas a cerca de 30m para minimizar os efeitos da variação de temperatura ambiente e da retração do concreto; assim, em construções com dimensões em planta acima de 30 m, é desejável a utilização de juntas estruturais ou juntas de separação que decompõem as estrutura original, em um conjunto de estruturas independentes entre si, para minimizar estes efeitos; a construção está sujeita a ações (por exemplo, o efeito do vento) que acarretam solicitações nos planos verticais da estrutura; estas solicitações são, normalmente, resistidas por “pórticos planos”, ortogonais entre si, os quais devem apresentar resistência e rigidez adequadas; para isso, é importante a orientação criteriosa das seções transversais dos pilares; também, é importante lembrar, a necessidade da estrutura apresentar segurança adequada contra a estabilidade global da construção, em geral, conseguida através da imposição de rigidez mínima às seções transversais dos pilares. 3.4.3 Pré-dimensionamento dos elementos estruturais Normalmente, o projeto da estrutura de um edifício inicia-se com o pré-dimensionamento dos seus elementos estruturais básicos. A seguir são apresentadas as diretrizes gerais para o pré- dimensionamento das peças. 3.4.3.1 Lajes São, normalmente, de forma retangular de lados lx e ly lx (vãos teóricos correspondentes às distancias entre os eixos das vigas opostas de apoio da laje). Os tipos usuais são: maciça, cogumelo, nervurada e mista (aqui incluída a laje de vigotas pré-moldadas). Apresentam-se, a seguir, as regras para as lajes maciças usuais de edifícios sujeitas a cargas distribuídas uniformes. A espessura da laje (h) pode ser estimada em h 2,5%.lx. 42 Figura 3.5 Laje maciça normal e rebaixada Segundo a NBR 6118:2014, devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a espessura em função do uso da laje: a) 7 cm para lajes de cobertura não em balanço; b) 8 cm para lajes de piso não em balanço c) 10 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço; d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN; e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN; f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de l/42 para lajes de piso biapoiadas e l/50 para lajes de piso contínuas; g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo, fora do capitel. Essas espessuras mínimas sugerem vãos mínimos. Assim, para lajes maciças de cobertura tem-se, em princípio, lx 0,07/2,5% = 2,8m. Costuma-se adotar espessuras inteiras em cm. Para as lajes da Figura 3.5, tem-se: Laje L2: lx = 123 + 12 = 135 cm (o menor dos lados) ly = 378 + 12 = 390 cm h (2,5%) lx = 0,025.135 = 3,4 cm 7 cm (cobertura) Laje L3: lx = 231 + 12 = 225 cm (o menor dos lados) ly = 378 + 12 = 390 cm h (2,5%) lx = 0,025.225 = 5,6 cm 7 cm (cobertura) 43 As lajes maciças podem ser ainda: normais ou rebaixadas (com opção para o emprego de forro falso e laje normal). Figura 3.6 Laje maciça normal com forro falso e suportando o peso da alvenaria Pode-se ter paredes construídas diretamente sobre a laje, principalmente quando estas paredes são pequenas e leves (paredes internas). 3.4.3.2 Vigas São, normalmente, de seção transversal retangular (bw por h) e posicionadas sob as paredes, as quais suportam. Em geral, a espessura da viga (bw) é definida de modo que ela fique embutida na parede. Assim, tem-se a espessura bw, descontando-se as espessuras de revestimento (crev, da ordem de 0,5 cm a 1,5 cm) da espessura da parede acabada (ealv). bw = ealv – 2 crev Normalmente, os tijolos cerâmicos e os blocos de concreto têm espessura (etij) de 9 cm, 14 cm e 19 cm (ealv = etij + 2 crev). 44 Figura 3.7 Viga A Figura 3.8 mostra a seção de viga embutida na alvenaria. Figura 3.8 Seção transversal de viga 45 A altura (h) da seção transversal da viga pode ser estimada em (l/10) a (1/12,5), onde l é o vão da viga (normalmente, igual a distância entre os eixos dos pilares de apoio). Nas vigas contínuas de vãos comparáveis (relação entre vãos adjacentes entre 2/3 e 3/2), costuma-se adotar altura única estimada através do vão médio lmédio. No caso de vãos muito diferentes entre si, deve-se adotar altura própria para cada vão como se fossem independentes. No caso de apoios indiretos (viga apoiada em outra viga), recomenda-se que a viga apoiada tenha altura menor ou igual ao da viga de apoio. Podem ser adotadas alturas múltiplas de 5 cm. Em geral, não devem ser utilizados vãos superiores a 6 m, face aos valores usuais de pé direito (em torno de 2,8 m) que permitem espaço disponível, para a altura da viga, em torno de 60 cm. As vigas podem ser normais ou invertidas, conforme a posição da sua alma em relação à laje. Figura 3.9 Viga normal e viga invertida 46 3.4.3.3 Pilares São, normalmente, de seção retangular posicionados nos cruzamentos das vigas, permitindo apoio direto das mesmas, e nos cantos da estrutura da edificação. Figura 3.10 Pilares Os espaçamentos dos pilares constituem os vãos das vigas, resultando, em geral, valores entre 2,5 m a 6 m. No posicionamento dos pilares, devem ser compatibilizados os diversos pisos, procurando manter a continuidade vertical dos mesmos até a fundação de modo a se evitar, o quanto possível, a utilização de vigas de transição (pilar apoiado em viga). Nos pilares de seção retangular de dimensões (b x h), recomenda-se b 19cm com b h. Pode-se adotar, também, uma seção qualquer com b 14cm, desde que no dimensionamento se multipliquem as ações por um coeficiente adicional γn = 1,95 − 0,05 ∙ b, onde b é a menor dimensão da seção transversal do pilar (em cm); conforme a NBR 6118:2014. 47 Figura 3.11 Viga de transição Para efeito de pré dimensionamento, a área da seção transversal Ac pode ser pré- dimensionada através da carga (Ptot) prevista para o pilar. Esta carga pode ser estimada através da área de influência total do pilar em questão, Atot. No caso de andares-tipo, ela equivale à área de influência em um andar multiplicada pelo número de andares existentes acima do lance considerado. A carga total média em edifícios (pméd) varia de 10 kN/m² a 12 kN/m². Portanto, tem-se: Ptot = Atot. pméd. Usualmente, a resistência admissível do concreto (adm) pode variar entre 1,5 kN/cm² a 5,0 kN/cm². Assim, Ac = Ptot / adm. 48 A partir de Ac tem-se as dimensões da seção transversal do pilar. Figura 3.12 Pilar interno (P5) Como exemplo, considere-se o pilar P5 da Figura 3.13: área de influência no andar tipo = 3 m por 3 m; número de andares = 10; carga média de piso: pméd = 10 kN/m²; adm = 1 kN/cm²; seção retangular com b = 20 cm. Tem-se: Atot = 10 ∙ (3 ∙ 3) = 90 m 2; Ptot = Atot ∙ pméd = 90 ∙ 10 = 900kN Ac = Ptot σadm⁄ = 900 1,0⁄ = 900 cm²; h = Ac b⁄ = 900 20⁄ = 45 cm 49 Figura 3.13 Pré dimensionamento da seção de pilar A seção do pilar deve ser mantida constante ao longo de um lance (entre pisos consecutivos) e pode variar ao longo de sua altura total. Esta variação pode ser feita a cada grupo de 2 ou 3 andares. Quando, por qualquer motivo, a seção for mantida constante ao longo da altura total, ela pode ser pré dimensionada no ponto mais carregado. Em princípio, adotam-se para as dimensões dopilar, múltiplos de 5 cm. As seções dos pilares devem ser posicionadas de modo a resistir aos esforços horizontais (provocados, por exemplo, pelo vento, temperatura, etc) e a garantir uma rigidez horizontal adequada, principalmente, contra a instabilidade global da construção. Particularmente, em edifícios altos, recomenda-se a utilização de alguns pilares com a função de garantir a estabilidade da estrutura. Estes constituem os pilares de contraventamento. 50 3.4.4 Esquema da estrutura É o resultado gráfico da concepção estrutural imaginada. Convém identificar todos os elementos estruturais envolvidos. Nessas condições: as lajes são representadas pela letra L com índice numérico sequencial e ordenado de modo a facilitar a sua localização; as vigas, de modo análogo, são representadas pela letra V; os pilares, de modo análogo, são representados pela letra P. Figura 3.14 Esquema da estrutura 3.5 Desenhos de estrutura A representação gráfica da estrutura é feita por meio de dois tipos de desenho: desenho de forma e desenho de armação. Cada tipo de desenho é elaborado conforme diretrizes específicas. 51 3.5.1 Desenho de forma Os desenhos de formas definem completamente, as características geométricas da estrutura. As diretrizes específicas para a elaboração destes desenhos são: locação da estrutura: a locação consiste na definição de eixos de referência, principais e secundários, em relação aos quais a estrutura se posicionará observando, rigorosamente, as medidas prescritas no projeto arquitetônico. Os eixos de locação da estrutura são, em geral, eixos característicos da construção e as divisas do terreno onde a mesma será implantada. Isto permitirá que, pronta a estrutura, as vedações e os acabamentos da construção possam ser implantados exatamente nos locais previstos no projeto arquitetônico; definição dos elementos estruturais: com base no esquema da estrutura são detalhados todos os elementos estruturais; cortes característicos: na elaboração dos desenhos de formas, é importante que sejam bem definidas as posições relativas das lajes e vigas. Nestas condições, deverão constar daqueles desenhos, cortes capazes de elucidar qualquer dúvida a respeito do citado posicionamento. Esses cortes, portanto, mostram a existência de lajes rebaixadas e vigas invertidas; dimensões: deverão constar dos desenhos de formas todas as dimensões necessárias para a localização da estrutura e as dimensões relativas aos elementos estruturais quais sejam: distância entre eixos de locação e entre esses e a divisa do terreno; espessuras das lajes; dimensões das seções transversais das vigas; dimensões das seções transversais dos pilares. 52 Figura 3.15 Formas do andar tipo 3.5.2 Desenhos de armação Os desenhos de armação definem inteiramente as armaduras a serem utilizadas nos elementos estruturais de concreto armado. As diretrizes para a elaboração destes desenhos são: identificação individual das barras que compõem as armaduras; identificação das bitolas, formas e comprimento das barras; definição do posicionamento das barras nas seções transversais dos elementos estruturais. Deverá constar dos desenhos de armação o cálculo das quantidades de aço empregadas. 53 Figura 3.16 Armação típica de lajes 54 Figura 3.17 Armação típica de vigas 55 Figura 3.18 Armação típica de pilares 3.6 Análise estrutural 3.6.1 Considerações gerais Em geral, as estruturas das construções são excessivamente complexas para possibilitarem um tratamento numérico global. Para que esse tratamento numérico torne-se exequível, costuma-se subdividir a estrutura, virtualmente, decompondo-a em partes suficientemente simples para que cada uma delas possa ser tratada separadamente e assimilada a um dos modelos estruturais estudados na Teoria das Estruturas (lajes, vigas, pórticos, grelhas, 56 etc.). Essa decomposição é norteada pelo comportamento primário dos elementos estruturais. Esse tratamento simplificado da estrutura é denominado análise estrutural. Deve-se ressaltar que o projetista da estrutura terá sempre limitações quanto às simplificações a serem adotadas, pois ele não poderá ignorar o comportamento real da mesma como um todo. A análise estrutural será tanto mais eficaz quanto mais resultados do tratamento numérico simplificado aproximarem-se dos valores reais esperados. 3.6.2 Hipóteses simplificadoras A estrutura de um edifício é, na realidade, um pórtico espacial enrijecido por placas (lajes) em diferentes níveis, em uma construção incremental. Cada novo nível é construído apoiando-se nos níveis inferiores já construídos. Os diversos níveis apresentam concretos de idades diferentes, carregados (peso próprio parcial) em épocas diferentes, gerando uma intensa redistribuição de esforços. Assim, o tratamento numérico desta estrutura, sem uma adequada análise estrutural, torna-se extremamente complexo. Por isso, adotam-se como base daquela análise, algumas hipóteses simplificadoras. 3.6.2.1 Lajes O comportamento primário das lajes é o de placas, portanto sujeitas a esforços de flexão. Elas estão ligadas monoliticamente às vigas que as suportam. Em geral, podem ser desprezados os efeitos da interação com as vigas: de fato, as flechas apresentadas pelas vigas de apoio são, em geral, desprezíveis face àquelas apresentadas pela laje, justificando a hipótese da viga de rigidez infinita que, assim, permite considerar os apoios da laje como irrecalcáveis; também, a rigidez à torção das vigas é, relativamente, pequena face à rigidez à flexão da laje permitindo, em geral, desprezar-se a solicitação resultante desta interação. Dessa forma, as solicitações de dimensionamento das lajes podem ser definidas começando pela determinação dos esforços solicitantes com placas independentes. 57 Figura 3.19 Esquema simplificado para lajes Os esforços finais para efeito de dimensionamento e verificação das lajes são definidos considerando-se, de maneira criteriosa, o comportamento real da estrutura (efeito das ligações monolíticas, comportamento mecânico dos materiais, etc.). 3.6.2.2 Vigas O comportamento primário das vigas de edifícios é o de vigas isoladas. As vigas suportam as lajes e alvenarias e são ligadas monoliticamente aos pilares. Entretanto, nos casos correntes, e para as cargas verticais, os esforços solicitantes podem ser definidos começando-se pela análise das vigas como apoiadas nos pilares. 58 Figura 3.20 Corte mostrando a V102 e os pilares associados A Figura 3.20 apresenta um corte mostrando as vigas V102 associadas aos pilares P4, P5 e P6, e as seções transversais das vigas V104, V105 e V106. Note-se que as lajes foram consideradas apoiadas nas vigas e, assim, os seus efeitos podem ser representados apenas pelas suas reações verticais constituindo cargas nas vigas. A estrutura deforma-se pela atuação das cargas. Normalmente, as flechas resultantes são imperceptíveis, da ordem de 1/500 dos respectivos vãos. Ampliando cerca de 100 vezes, pode-se visualizar a estrutura deformada esquematizada pelas linhas tracejadas. Podem ser destacadas as seguintes observações: I. os pilares de extremidade (P4 e P6) são visivelmente solicitados à flexão pelos vãos extremos da viga; II. os pilares internos (neste caso, apenas o P5) são poucos solicitados à flexão devido à interação entre os vãos adjacentes da viga; III. os encurtamentos dos pilares sãodesprezíveis face às flechas apresentadas pelas vigas; IV. as seções das vigas V104 e V106 são visivelmente torcidas junto aos pilares extremos de apoio da viga, contrariamente à viga V105. 59 As observações II a IV induzem a consideração dos apoios internos da viga simplificada como apoios livres. A observação IV referente aos apoios extremos, leva a pensar-se na necessidade da consideração de certos momentos devidos à torção das vigas que aí convergem. Esses momentos são, em geral, de pequeno valor relativo, pois resultam da compatibilidade de deslocamentos juntos aos pilares de extremidade, envolvendo rigidezes de grandezas muito diferentes entre si: de um lado tem-se a rigidez à flexão do nó de pórtico formado pela viga e pelos pilares; de outro, a rigidez à torção da viga ortogonal ao pórtico de valor muito pequeno. Por esse motivo pode-se, em princípio, desprezar-se esse efeito. A observação I exige a consideração do efeito do pilar de extremidade que pode ser estimado através da análise complementar de um nó de pórtico envolvendo os pilares de extremidade e os tramos externos da viga, conforme ilustra a Figura 3.21. Figura 3.21 Modelo simplificado para a viga 60 3.6.2.3 Pilares Normalmente, pode-se classificar os pilares em contraventados e de contraventamento. O comportamento primário dos pilares contraventados é o de uma barra comprimida. Assim, costuma-se efetuar o cálculo dos pilares contraventados, adotando-se o modelo simplificado de uma barra biarticulada comprimida sujeita a momentos fletores de extremidade. Já os pilares de contraventamento, exigem uma análise mais complexa cuja abordagem será feita oportunamente. 3.7 Síntese estrutural A adequação dos modelos estruturais primários adotados na etapa de análise estrutural deverá ser complementada numa segunda etapa do processo denominada de síntese estrutural. Ela detectará a necessidade de estabelecerem-se outros modelos estruturais (secundários, terciários, etc.) para o mesmo elemento estrutural. O dimensionamento correto dos elementos estruturais deve levar em conta a envoltória dos esforços solicitantes obtidos nos vários comportamentos considerados. Para ilustrar, considere-se o caso das vigas. A Figura 3.22 apresenta o arranjo construtivo para uma viga que suporte uma platibanda. Figura 3.22 Arranjo construtivo para a viga 61 A Figura 3.23 apresenta as cargas verticais e o modelo simplificado para avaliar os seus efeitos. Figura 3.23 Modelo simplificado da viga para cargas verticais A Figura 3.24 apresenta a ação dos ventos e o modelo simplificado adequado para avaliar os seus efeitos. Figura 3.24 Modelo simplificado da viga para cargas de vento 62 A Figura 3.25 apresenta o modelo apropriado para se estimar o efeito da carga de torção. Figura 3.25 Modelo simplificado da viga para carga de torção Para a análise global da viga, não seria permissível, por exemplo, admitirem-se articulações em todos os seus apoios, pois a estrutura tridimensional do edifício seria hipostática, sem nenhuma condição de suportar cargas horizontais, como aqueles provenientes da ação do vento. Assim, sob a ação de cargas verticais, as vigas têm um comportamento primário de peça fletida. Entretanto, sob a ação de cargas horizontais, as vigas têm um comportamento secundário, por participarem de um pórtico plano juntamente com os pilares. Por outro lado, se as cargas verticais forem excêntricas, as vigas terão um comportamento terciário de peça sujeita à torção. A finalidade da síntese estrutural é considerar adequadamente as combinações mais desfavoráveis de todos esses esforços solicitantes. 3.8 Comentários finais O projetista de estrutura, antes de realizar a análise e a síntese estruturais, necessita adotar um arranjo estrutural inicial com o pré dimensionamento dos elementos estruturais componentes. Após a determinação dos esforços solicitantes, decorrentes desse arranjo, o projetista poderá verificar se existe a necessidade de efetuar ajustes na concepção adotada. No caso positivo, dependendo da magnitude destes ajustes, poderá ser necessário repetir-se o ciclo percorrido na primeira etapa do trabalho para se conseguir o desejado refinamento de projeto. 63 3.9 Ações características Constituem ações tudo aquilo que produz solicitações na estrutura. São constituídos por: cargas provenientes de peso dos materiais, pressão do vento definida pela Norma NBR 6123, empuxos de terra, de água, e de correnteza; efeitos de temperatura, recalques diferenciais, protensão, retração e fluência do concreto estrutural. As ações constituem variáveis aleatórias. Normalmente, considera-se a intensidade das ações correspondentes ao valor característico superior, pksup, que apresenta 5% de probabilidade de ser ultrapassado. Costuma-se representar pksup, simplesmente por p. Figura 3.26 As cargas podem ser classificadas em permanente (g, G) e acidentais (q, Q). As letras maiúsculas identificam cargas concentradas e as minúsculas, cargas distribuídas por unidade de comprimento (em vigas) ou, por unidade de área (em lajes). A soma destas cargas pode ser representada por p = g + q ou, P = G + Q. 3.9.2 Cargas permanentes Estas cargas são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos de todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes. Na falta de determinação experimental, poderão ser usados os valores abaixo transcritos. 64 a) cargas fornecidas por peso especifico Concreto simples 24 kN/m³ Concreto armado 25 kN/m³ Argamassa de cal, cimento e areia 19 kN/m³ Argamassa de cimento e areia 21 kN/m³ Alvenaria de tijolo maciço 18 kN/m³ de tijolo furado (cerâmico) 13 kN/m³ de blocos de concreto 13 kN/m³ Material de enchimento entulho 15 kN/m³ argila expandida 9 kN/m³ terra 18 kN/m³ b) cargas fornecidas por unidade de área (m²) Revestimento de pisos 1,0 kN/m² Telhados telha de barro 0,7 kN/m² telha de fibro-cimento 0,4 kN/m² telha de alumínio 0,3 kN/m² Impermeabilização de pisos 1,0 kN/m² Divisória de madeira 0,2 kN/m² Caixilhos de ferro 0,3 kN/m² de alumínio 0,2 kN/m² 3.9.3 Cargas variáveis ou acidentais São as cargas que podem atuar sobre as estruturas de edificações em função de seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). Estas cargas são fixadas pela Norma NBR 6120 – “Cargas para o cálculo de estruturas de edificações”. 3.9.3.1 Cargas verticais As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos das edificações, além das que se aplicam em caráter especial, referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis, utensílios e veículos, e são supostas uniformemente distribuídas. Os valores mínimos a serem adotados para eles são: 65 c) edifícios residenciais dormitórios, salas, copas, cozinhas e banheiros 1,5 kN/m² despensas, áreas de serviço e lavanderias 2,0 kN/m² forros sem acesso a pessoas 0,5 kN/m² escadas sem acesso ao público 2,5 kN/m² corredores sem acesso ao público 2,0 kN/m² garagens (sem consideração de ) 3,0 kN/m² terraços sem acesso ao público 2,0 kN/m² d) edifícios de escritórios salas de uso geral e banheiros 2,0 kN/m² escadas com acesso ao público 3,0 kN/m² corredores com acesso ao público 3,0 kN/m² terraços com acesso ao público 3,0 kN/m² forros e garagens idem a) restaurantes 3,0 kN/m² e) escolas salasde aula e corredor 3,0 kN/m² anfiteatro com assentos fixos 3,0 kN/m² outras salas 2,0 kN/m² f) bibliotecas salas de leitura 2,5 kN/m² salas para depósito de livros 4,0 kN/m² salas com estantes de livros 6,0 kN/m² g) bancos escritórios e banheiros 2,0 kN/m² salas de diretoria e gerência 1,5 kN/m² 66 h) cinemas e teatros palco 5,0 kN/m² plateia com assentos fixos 3,0 kN/m² plateia com assentos móveis 4,0 kN/m² banheiros 2,0 kN/m² i) clubes salas de assembléias com assentos fixos e de refeições 3,0 kN/m² salas de assembléias com assentos móveis 4,0 kN/m² salão de danças ou esporte 5,0 kN/m² banheiros e sala de bilhar 2,0 kN/m² ginásio de esportes 5,0 kN/m² j) hospitais dormitórios, enfermarias, salas de cirurgia e banheiros 2,0 kN/m² corredores 3,0 kN/m² 3.9.3.2 Cargas em balcões Ao longo dos parapeitos e balcões deverão ser consideradas cargas aplicadas, uma carga na horizontal de 0,8 kN/m na altura do corrimão e uma carga vertical de 2 kN/m. A Figura 3.27 mostra estas cargas. Figura 3.27 Carga acidental em balcões 67 3.9.3.3 Cargas verticais especiais a) casa de máquinas laje sobre a caixa dos elevadores v (velocidade) 1 m/s 30 kN/m² v > 1 m/s 50 kN/m² laje adjacente à caixa dos elevadores v (velocidade) 1 m/s 5 kN/m² v > 1 m/s 7 kN/m² forro da casa de máquinas 10 kN/m² b) poços de elevadores Poço de molas dos elevadores (laje inferior) 20 kN/m² c) heliponto Deverão ser consideradas uma carga vertical de 12 kN, concentrada na posição mais desfavorável, e uma carga uniformemente distribuída de 5 kN/m². 3.9.3.4 Coeficiente de impacto O valor do coeficiente de impacto de majoração das cargas acidentais, a serem consideradas no projeto de garagens e estacionamentos para veículos, deverá ser determinado do seguinte modo: se l l0 = 1,0 se l < l0 = l0 / l 1,43 onde: l é o vão da viga ou o vão menor da laje l0 = 3 m para o caso das lajes l0 = 5 m para o caso das vigas O valor de não precisa ser considerado no cálculo dos pilares. 68 3.9.3.5 Redução das cargas acidentais No cálculo dos pilares e das fundações dos edifícios para escritórios, residências e casas comerciais não destinadas a depósitos, as cargas acidentais podem ser reduzidas de acordo com os valores indicados abaixo. Tabela 3.1 n de pisos que atuam sobre o elemento Redução percentual das cargas acidentais 1, 2 e 3 0 4 20% 5 40% 6 ou mais 60% Para efeito da aplicação destes valores, o forro deve ser considerado como piso. 3.10 Determinação das cargas atuantes nos elementos estruturais de edifícios 3.10.1 Cargas nas lajes As lajes constituem elementos planos que suportam cargas transversais que podem ser definidas por unidade de área. Normalmente, as lajes têm, em planta, forma retangular de dimensões lx por ly (vãos teóricos), onde, convencionalmente, adota-se lx ly. Figura 3.28 69 a) peso próprio (pp): 25h (h em m) g1 = ___ kN/m² b) revestimento (rev): g2 = 1 kN/m² c) enchimento: 15hench (hench em m) g3 = ___ kN/m² Figura 3.29 Quando a laje for rebaixada, o nivelamento necessita de material de enchimento que, geralmente, é constituído de entulho de obra cujo peso especifico é da ordem de 15 kN/m³. Tem- se, assim, a parcela g3. d) alvenaria direta sobre a laje: g4 = Gpar / (lxly) = ___ kN/m² Figura 3.30 Quando existir parede construída diretamente sobre a laje, o seu peso pode ser considerado através de uma carga distribuída equivalente aplicada sobre toda a área da laje. Nesta parcela g4, tem-se: Gpar = epar . (l1 + l2). PD . alv PD = pé direito 70 e) carga acidental sobre a laje: q = ___ kN/m² (definida pela NBR 6120) Tem-se, assim, a carga permanente total: g = g1 + g2 + g3 + g4 e a carga acidental q. Pode-se adotar a seguinte disposição prática para o levantamento das cargas pk. Tabela 3.2 Cargas nas lajes Lajes L1 L2 ... peso próprio revestimento enchimento alvenaria sobre a laje gk qk pk 3.10.1.2 Exemplo A Figura 3.31 mostra um esquema estrutural onde se tem 3 lajes (L1 em balanço que recebe um parapeito periférico em alvenaria de 1,2 m de altura de 15 cm de espessura, L2 com duas paredes de alvenaria de 15 cm de espessura e a L3 com rebaixo de 25 cm), 5 vigas e 4 pilares. Figura 3.31 As vigas suportam paredes de alvenaria de 25 cm, exceto a V4 com parede de 15 cm. As alvenarias são de tijolo maciço com alv = 16 kN/m³. 71 A tabela seguinte apresenta as cargas sobre as lajes, bem como, as suas diversas parcelas. Tabela 3.3 (cargas em kN/m²) LAJE L1 L2 L3 lx (m) 1,26 3,00 2,00 ly (m) 4,50 4,50 h (m) 0,08 0,08 0,07 g pp = 25h 2,00 2,00 1,75 revest. 1,00 1,00 1,00 ench = 15 hench - - 3,75 alvenaria 3,57 (*) 1,87 (**) - total 6,57 4,87 6,50 q 4,48 (***) 1,50 1,50 p = g + q 11,05 6,37 8,00 (∗) = 0,15 ∙ 1,2 ∙ (1,26 ∙ 2 + 4,5) ∙ 16 1,26 ∙ 4,5 = 3,57 kN m2⁄ (∗∗) = 0,15 ∙ 3,0 ∙ (1,5 + 2,0) ∙ 16 3,0 ∙ 4,5 = 1,87 kN m2⁄ (∗∗∗) = 2,0 ∙ (1,26 ∙ 2 + 4,5) 1,26 ∙ 4,5 + 2,0 = 4,48 kN m2⁄ 3.10.2 Cargas nas vigas Normalmente, as cargas nas vigas são constituídas de cargas distribuídas (por unidade de comprimento da viga); eventualmente, podem-se ter cargas concentradas correspondentes às reações de outras vigas (viga apoiada em viga). Figura 3.32 72 As cargas distribuídas podem ser compostas de 3 parcelas: a) peso próprio da viga: g1 = 25 bw h (kN/m) b) peso da alvenaria: g2 = epar (PD – h) alv Usualmente, desprezam-se os vazios correspondentes a portas e janelas. Em situações particulares (por exemplo, na presença de uma grande janela de acesso à sacada ocupando quase todo o vão da parede), pode-se descontar os vazios, adicionando-se, contudo, o peso das esquadrias. c) reações das lajes: g3 + q Estas reações podem ser estimadas através do seguinte modelo simplificado. A carga atuante na laje retangular é subdividida em partes proporcionais às áreas das 4 figuras (2 triângulos e 2 trapézios): a seguir, estas parcelas são aplicadas como cargas distribuídas uniformas sobre as vigas de apoio da laje (as parcelas correspondentes aos triângulos sobre as vigas de apoio do lado menor da laje, e as dos trapézios sobre os lados maiores). Para a carga total p atuando sobre a laje, tem-se: Figura 3.33 px = lx ∙ lx 2 ∙ 2 ∙ p lx = p ∙ lx 4 py = ly + (ly − lx) 2 ∙ lx 2 ∙ p ly = p ∙ lx 4 (2 − lx ly ) = px (2 − lx ly ) 73 A parcela c) é constituída de duas partes: g3 = reação da carga permanente da laje q = reação da carga acidental que atua sobre a laje Para o exemplo, tem-se: g1 = 25bwh = { 25 ∙ 0,12 ∙ 0,50 = 1,50 kN m⁄ − V1 e V2 25 ∙ 0,12 ∙ 0,45 = 1,35 kN m⁄ − V3 e V4 Admitindo-se que as paredes sejam de tijolo maciço, as externas com 25 cm e as internas com 15 cm, tem-se: g2 = epar(PD − h)γalv = { 0,25 ∙ (3,0 − 0,50) ∙ 16 = 10,00 kN m⁄ − V1 e V2 0,25 ∙ (3,0 − 0,45) ∙ 16 = 10,20 kN m⁄ − V3 e V5 0,15 ∙ (3,0 − 0,45) ∙ 16 = 6,12 kN m⁄ − V4 As reações das lajes px e py (que consideram as parcelas g3 eq atuantes nas lajes) valem: Tabela 3.4 (cargas px e py em kN/m) LAJE L1 L2 L3 lx (m) 1,26 (*) 3,00 2,00 ly (m) 4,50 4,50 g (kN/m²) 6,57 4,87 6,50 q (kN/m²) 4,48 1,50 1,50 p = g + q 11,05 6,37 8,00 px = p lx / 4 (**) 4,78 4,00 py = px (2 – lx/ly) 13,92(**) 6,37 6,22 (*) – a laje é em balanço, e o seu vão foi definido com lx; (**) – por tratar-se de laje em balanço, a reação é dada por: p lbal = 11,05 . 1,26 = 13,92 kN/m. A seguir, estão esquematizadas as cargas atuantes nas vigas V1 e V4. Figura 3.34 74 Obs.: as condições de vinculo da laje podem ser consideradas na estimativa das reações da laje, conforma ilustra a Figura 3.35. Figura 3.35 Consideração dos vínculos nas reações das lajes Conforme mostra a figura, a cada lado da laje corresponde uma área carregada. A reação (carga distribuída) é obtida, dividindo-se a resultante de carga sobre esta área pelo respectivo comprimento do lado. Resultam, assim, as reações px1, px2, py1 e py2. 3.10.3 Cargas nos pilares As cargas nos pilares são obtidas somando-se as reações das vigas neles apoiados. 75 3.11 Exemplo Dada a planta de arquitetura (Figura 3.36), pedem-se: o esquema estrutural do piso; a planta de formas; as cargas nas lajes; as reações das lajes nas vigas; as cargas nas vigas. Considerar: edifício residencial; alvenaria de tijolo maciço (com alv = 16 kN/m³); pé direito de 2,7 m; pré dimensionar os pilares para carga de 10 andares; ealv = 25 cm (paredes mais espessas na planta) e 15 cm. 76 Figura 3.36 Planta do andar tipo 77 3.11.2 Esquemas estruturais Figura 3.37 Esquema estrutural I 78 Figura 3.38 Esquema estrutural II 79 Figura 3.39 Esquema estrutural III 3.11.3 Pré dimensionamento das peças Será adotado o esquema estrutural II. Devem ser pré dimensionadas as lajes, vigas e pilares. 80 3.11.4 Planta de formas Figura 3.40 Planta de formas 3.11.5 Cargas nas lajes (kN/m²) Tabela 3.5 Lajes L1-L3-L6 L2 L4 L5 h (m) 0,07 0,07 0,08 0,08 pp = 25h 1,75 1,75 2,00 2,00 revestimento 1,00 1,00 1,00 1,00 enchimento - 0,25x15=3,75 - - paredes - 1,48 1,90 - gk 2,75 7,98 4,90 3,00 qk 1,50 1,5 2,00 1,50 pk 4,25 9,48 6,90 4,50 81 3.11.6 Reações das lajes (kN/m) As reações das lajes serão determinadas, de maneira simplificada, considerando-se a distribuição de cargas conforme as áreas delimitadas a partir de bissetrizes dos ângulos. A tabela seguinte apresenta os resultados. Tabela 3.6 Laje lx ly gk qk lx/ly gkx gky qkx qky pkx pky L1 2,75 3,25 2,75 1,50 0,85 1,89 2,18 1,03 1,19 2,92 3,37 L2 1,35 3,90 7,98 1,50 0,35 2,69 5,39 0,51 1,02 3,20 6,41 L3 2,25 3,90 2,75 1,50 0,58 1,55 2,20 0,84 1,20 2,39 3,40 L4 3,15 3,25 4,90 3,00 0,97 3,86 3,98 1,58 1,62 5,44 5,60 L5 3,60 4,95 3,00 1,50 0,73 2,70 3,44 1,35 1,72 4,05 5,16 L6 2,95 3,25 2,75 1,50 0,91 2,03 2,22 1,11 1,21 3,14 3,43 Na Figura 3.41 estão indicadas as reações das lajes sobre as vigas. Figura 3.41 Reações das lajes 82 3.11.7 Cargas nas vigas (kN/m) A determinação das cargas nas vigas está indicada na tabela seguinte. Tabela 3.7 Viga Vão b h g q pk pp alv. La Lb gk La Lb qk V1 1 12 40 1.2 9.2 2.18 - 12.58 1.19 - 1.19 13.77 2a 12 40 1.2 9.2 2.69 - 13.09 0.51 - 0.51 13.60 2b 12 40 1.2 9.2 1.55 - 11.95 0.84 - 0.84 12.79 V2 1 12 40 1.2 5.52 2.18 3.98 12.88 1.19 1.62 2.81 15.69 V3 1a 12 40 1.2 5.52 2.69 2.7 12.11 0.51 1.35 1.86 13.97 1b 12 40 1.2 5.52 1.55 2.7 10.97 0.84 1.35 2.19 13.16 V4 1 12 40 1.2 5.52 3.98 2.22 12.92 1.62 1.21 2.83 15.75 V5 1 12 40 1.2 9.20 2.22 - 12.62 1.21 - 1.21 13.83 2 12 40 1.2 9.20 2.70 - 13.10 1.35 - 1.35 14.45 V6 1 12 30 0.9 9.60 2.03 - 12.53 1.11 - 1.11 13.64 2 12 30 0.9 9.60 3.86 - 14.36 1.58 - 1.58 15.94 3 12 30 0.9 9.60 1.89 - 12.39 1.03 - 1.03 13.42 V7 1 12 40 1.2 9.20 2.03 3.44 15.87 1.11 1.72 2.83 18.70 2a 12 40 1.2 9.20 3.86 3.44 17.70 1.58 1.72 3.30 21.00 2b 12 40 1.2 5.52 3.86 5.39 15.97 1.58 1.02 2.60 18.57 3 12 40 1.2 5.52 1.89 5.39 14.00 1.03 1.02 2.05 16.05 V8 1 12 40 1.2 5.52 5.39 2.20 14.31 1.02 1.20 2.22 16.53 V9 1 12 50 1.5 8.80 3.44 - 13.74 1.72 - 1.72 15.46 2 12 50 1.5 8.80 2.20 - 12.50 1.20 - 1.20 13.70 83 3.11.8 Esquema de cargas nas vigas 84
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