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DOS CRIMES CONTRA A HONRA 2018

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DOS CRIMES CONTRA A HONRA
1. PREVISÃO LEGAL, CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Exemplo1: chamar pessoa de “ladrão” é injúria.
Exemplo2: dizer que pessoa x roubou banco x tal dia e hora, quando sabe que não aconteceu é calúnia
Exemplo3: dizer que pessoa x estava na esquina “rodando bolsinha”. É difamação.
OBS1: Se o fato imputado for contravenção, tratar-se-á de DIFAMAÇÃO. O ‘fato desonroso’ abrange a contravenção penal.
OBS2: Atentar para os crimes militares, cuja imputação falsa implica em calúnia.
2. CALÚNIA (art. 138 do CP)
2.1. CONCEITO
Caluniar consiste em imputar falsamente a alguém a prática de fato previsto como crime.
2.2. SUJEITO ATIVO CALÚNIA (ART. 138 CP)
Imputação de determinado fato, previsto como crime, sabidamente falso.
X
-Ofende honra objetiva (reputação). O que a sociedade pensa do sujeito. DIFAMAÇÃO (ART. 139 CP) Imputação de determinado fato, desonroso, em regra não importando se verdadeiro ou falso.
X
- Ofende a honra objetiva (reputação). INJÚRIA (ART. 140 CP). Atribuição de qualidade negativa. Ofende a honra subjetiva (dignidade, decoro). O que o sujeito pensa de si.
Trata-se de Crime comum. 
Qualquer pessoa, salvo os detentores de inviolabilidade (imunidade material). Ex.: Parlamentares. 
OBS: Advogados não têm imunidade quanto à calúnia, mas apenas quanto à injúria e difamação (EAOAB, art. 7º).
2.3. SUJEITO PASSIVO 
Qualquer pessoa. 
Observações: 
Menor de 18 anos (inimputável) pode ser vítima de calúnia? 
1ª C: Considerando que o menor de 18 anos não pratica crime, não pode ser vítima de calúnia. A imputação falsa configura difamação (Hungria). 
2ª C (PREVALECE): A lei exige a imputação de fato previsto como crime. Menor de 18 anos pratica fato previsto como crime, chamado de ato infracional. Assim, pode ser vítima de calúnia. 
Agora, imputar a prática de estupro a um recém-nascido não pode configurar a calúnia, devido à falta de verossimilhança da imputação, requisito essencial da configuração da calúnia. 
Pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia? 
1ªCorrente - STF/STJ: Pessoa jurídica, apesar de responsável penalmente nas infrações ambientais, NÃO PRATICA CRIME, logo não pode ser vítima de calúnia. Pessoa jurídica só pode ser vítima de difamação. 
“A imputação da prática de crime a pessoa jurídica gera a legitimidade do sócio-gerente para a queixa-crime por calúnia” (STF RHC 83091). 
2ªCorrente – Mirabete: diz que não pode ser vítima de crime contra a honra, pois o CP só protege a honra de pessoa física.
3ªCorrente – Silvio Maciel: pode ser vítima de calúnia, pois em tese, pode ser autora de crime ambiental. Ver crimes ambientais. 
O desonrado (ex.: prostituta) pode ser vítima de calúnia? 
SIM, mesmo o desonrado guarda parcela de reputação a ser defendida. 
Morto pode ser vítima de calúnia? 
NÃO. Apesar de ser punível a calúnia contra os mortos (art. 138, §2º), nesses casos quem figura como vítima é a família, interessada na reputação do defunto. 
CP Art. 138, §2º 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos
A auto calúnia é punível?
SIM, porém configura o crime de autoacusação falsa (art. 341 do CP). Não é crime contra a honra, mas sim crime contra a administração da Justiça.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Calúnia contra Presidente da República, do SF, da CD ou do STF configura crime contra a Segurança Nacional, se houver motivação política (LSN, art. 26).
Do contrário configura o crime de calúnia do CP.
LSN Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação.
2.4. TIPO OBJETIVO 
A Conduta punível no caput é ‘Imputar’ determinado fato previsto como crime, sabidamente falso. Já o §1º pune a divulgação da falsa imputação. 
Ou seja, o caput pune o criador da calúnia enquanto o §1º pune o divulgador (vulgo fofoqueiro). 
A calúnia é um crime de execução livre: A imputação ou divulgação pode ser de forma implícita ou explícita, praticada por qualquer meio: palavras, escritos, gestos etc. 
OBS: O fato deve ser previsto como crime. Se for previsto como mera contravenção penal, tratar-se-á de difamação. 
PROVA: A falsidade da imputação deve ser objetiva (relacionada à existência do fato) ou pode ser apenas subjetiva (relacionada à autoria do fato)? 
Ambas configuram a calúnia. Haverá calúnia quando o fato imputado jamais ocorreu (falsidade que recai sobre o fato) ou, quando real o acontecimento, não foi a pessoa apontada o seu autor (falsidade que recai sobre a autoria do fato).
A honra (objetiva ou subjetiva) é disponível? 
SIM. A honra é renunciável, vale dizer, o consentimento da vítima exclui o crime. 
2.5. TIPO SUBJETIVO 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
Caput – dolo (direto/eventual). 
§1º Dolo (direto) “sabendo falsa a imputação”. 
Somente se admite a modalidade dolosa (direto ou eventual), sendo imprescindível a finalidade específica de denegrir a honra da vítima (“animus callumiandi”). 
As seguintes intenções do agente não configuram a calúnia: 
“Animus jocandi” (brincadeira); 
“Animus consulendi” (aconselhar); 
“Animus narrandi” (testemunha);
“Animus corrigendi” (correção);
“Animus defendendi” (espírito de defesa).
2.6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
O crime se consuma no momento em que terceiro toma conhecimento da imputação criminosa feita à vítima, sendo dispensável o dano efetivo à sua reputação (crime formal - basta a potencialidade lesiva). 
A tentativa é admissível quando a calúnia é realizada por meio escrito e interceptada pela própria vítima, antes que terceiros tomassem conhecimento. 
# Telegrama (fonograma) interceptado pela própria vítima configura calúnia tentada ou consumada? R: No telegrama há a passagem da informação para outro, assim, a partir do momento em que foi escrito alguém já tomou conhecimento do fato (terceiro), estando o crime consumado antes de chegar ao destinatário final, portanto, quando a vítima intercepta o crime está configurado.
2.7. CALÚNIA X DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (art 339 do CP)
A intenção única é ofender a honra no crime de Calúnia 
x
Porém, na Denunciação caluniosa, mais do que ofender a honra, a intenção do agente é ver instaurado procedimento judicial contra alguém que sabe inocente. Ação penal pública incondicionada. Admite-se denunciação caluniosa com a imputação de contravenção penal, importando esta em uma redução da pena pela metade.
2.8. FORMAS DE CALÚNIA
a) Calúnia explícita ou inequívoca: a ofensa é direta, manifesta. Não deixa dúvida nenhuma acerca da vontade do agente em atacar a honra alheia.
b) Calúnia equívoca ou implícita: a ofensa é velada, discreta.
c) Calúnia reflexa: o sujeito, desejando caluniar uma pessoa, acaba na discrição do fato, atribuindo falsamente a prática de um crime também a pessoa diversa.
2.9. EXCEÇÃO DA VERDADE (ART. 138, §3º)
Trata-se de um incidente processual, forma de defesa indireta (apresentada junto com a resposta à acusação), através da qual o acusado da prática de calúnia pretende provar a veracidade do que alegou e se eximir de responsabilidade pelo suposto crime contra a honra que lhe foi imputado.
Sendo procedente a exceção (concluindo-se que a afirmação era verdadeira), configura-se a atipicidade da calúnia, pela falta de elementar do tipo “falsamente”.
Excepcionalmente, não é cabível a exceção da verdade:
I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível
Ex.: ‘A’ imputa a ‘B’ o cometimento do delito de ‘exercício arbitrário das próprias razões’ (art. 345) contra ‘C’.‘B’ ingressa com queixa crime contra ‘A’ (por calúnia). ‘A’ pode buscar prova da verdade? NÃO, pois ‘A’não tem o direito de provar um fato (delito de exercício) ao qual cabe somente a ‘C’ dar publicidade (princípio da disponibilidade da ação privada).
A razão de impedir a prova da verdade consiste em não admitir que terceiro prove a verdade de um crime do qual a própria vítima preferiu o silêncio (evitando o strepitus judicii).
Rogério Greco defende a inconstitucionalidade dessa vedação ao uso da prova da verdade, pois violaria o princípio da ampla defesa e presunção de inocência. O acusado injustamente de calúnia ficaria ceifado do direito de provar a atipicidade de sua conduta.
II - Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141
Chefe de governo/Estado estrangeiro e Presidente da República.
Motivo Chefe estrangeiro: Razões diplomáticas.
Motivo Presidente: A honra da presidente é a própria honra da República. Quem sabe de fato desonroso por ele cometido deve denunciar às autoridades competentes para julgá-lo, e não ficar dilacerando sua honra aos quatro ventos.
Rogério Greco também defende a não-recepção desse dispositivo. Não permitir que um inocente do crime de calúnia prove essa inocência através da exceção, é o mesmo que presumir que o sujeito é culpado, o que viola frontalmente o princípio da presunção de inocência.
III - Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível
Ex.: ‘A’ imputou a ‘B’ o homicídio de ‘C’. ‘B’, absolvido definitivamente deste homicídio ingressa com queixa por calúnia contra ‘A’. ‘A’ pode provar a verdade? Não, pois facultar a prova da verdade, nesse caso, equivale a permitir a exumação de um fato acobertado pela coisa julgada.
2.10. EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE (CPP, ART. 523)
Previsto no CPP, trata-se outro meio de defesa indireta, porém com objetivo diverso.
Rogério Sanches: Aqui, busca-se provar que o fato, verdadeiro ou falso, é público e notório. A procedência dessa exceção gera absolvição por crime impossível (atipicidade). Não é possível macular a honra que já está notoriamente maculada.
Nucci: A exceção da notoriedade do CPP se refere à mal denominado exceção da verdade, em relação ao crime de difamação cometido contra funcionários públicos (ver abaixo).
Rogério Greco: O objetivo da notoriedade é demonstrar que o agente da calúnia realmente pensava que o fato era verdadeiro, pois a notoriedade do mesmo assim o induziu a crer. Atua, dessa forma, em erro de tipo, excluindo o dolo e consequentemente o crime.
3. DIFAMAÇÃO
3.1. PREVISÃO LEGAL
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato (determinado) ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Perceber: aqui não precisa ser fato falso.
3.2. CONCEITO 
Difamar é imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação (honra objetiva), não importando se verdadeiro ou não. 
3.3. SUJEITO ATIVO 
Qualquer pessoa, salvo os detentores de inviolabilidade (parlamentares e advogados – art. 7º EAOAB - no exercício da função). 
3.4. SUJEITO PASSIVO 
Crime comum. Qualquer pessoa. 
Observações: 
Pessoa jurídica pode ser vítima? Duas correntes: 
1ª C: Os crimes contra a honra só protegem a honra de pessoa física (Mirabete). Não é por outro motivo que os crimes contra a honra estão no capítulo dos crimes contra a pessoa (natural). 
2ª C: Pessoa jurídica tem reputação a zelar, podendo ser vítima de difamação (STF RHC83.091). PREVALECE. 
LEGITIMIDADE - QUEIXA-CRIME - CALÚNIA - PESSOA JURÍDICA - SÓCIO-GERENTE. A pessoa jurídica pode ser vítima de difamação, masnão de injúria e calúnia. A imputação da prática de crime a pessoa jurídica gera a legitimidade do sócio-gerente para a queixa-crime por calúnia. 
Morto pode ser vítima de difamação? NÃO. Morto não pode ser vítima de nenhum crime. E nem mesmo é punível a difamação contra os mortos. 
OBS: A não recepcionada lei de imprensa punia a difamação contra os mortos. 
3.5. TIPO OBJETIVO 
A conduta punível é “imputar fato ofensivo à sua reputação”. A imputação pode ser implícita ou explícita. É crime de execução livre. 
Ex. de difamação implícita: “Eu pelo menos nunca rodei a bolsinha na esquina”. 
O tipo penal não faz expressa menção ao divulgador/propalador da difamação, como ocorre na calúnia. Apesar disso, prevalece que tal conduta também é punível, pois está implícita no caput. Entende-se que o verbo difamar abrange o tanto o criador da imputação como o propalador. 
3.6. TIPO SUBJETIVO 
Crime punido somente título de dolo (direto ou eventual), sendo imprescindível a intenção de ofender a honra (finalidade específica). “Animus diffamandi”. Ver acima os animus que excluem a calúnia, eles se aplicam aqui. 
3.7. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Ofendendo a honra objetiva, a difamação também se consuma quando terceiros tomam conhecimento da imputação. 
É crime formal, dispensando efetivo dano à honra. Basta a potencialidade de dano. 
Admite tentativa, na forma por escrito (carta interceptada pela vítima). 
Cuidado com o telegrama e fonograma, pois mesmo que interceptado pela vítima, já está consumado (o funcionário que deve elaborar, toma conhecimento da difamação). 
3.8. EXCEÇÃO DA VERDADE (ART. 139, PARÁGRAFO ÚNICO) 
Art. 139, Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
Em regra, não se admite, uma vez que, mesmo verdadeira, a imputação realizada pode configurar ofensa à reputação da vítima, configurando a difamação (o tipo penal da difamação não exige a falsidade do fato imputado). 
EXCEPCIONALMENTE, admite-se a prova da verdade se a vítima da difamação é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (propter oficium). Ex.: Imputar ao juiz o fato de trabalhar bêbado.
Fundamento dessa possibilidade: resguardo da honorabilidade do exercício da função pública. É de interesse da Administração apurar possíveis faltas de seus funcionários no exercício da função.
Tem-se entendido que se o funcionário não mais ostenta essa posição não é cabível a “exceptio veritatis”, MESMO que os fatos tenham relação com o exercício da função pública.
A consequência da procedência da exceção da verdade é a exclusão da ilicitude. Trata-se de hipótese especial de exercício regular de um direito. (Perceber que na calúnia, a exceção da verdade exclui a tipicidade, por faltar o “falso”. Aqui não precisa ser fato falso).
Cabe exceção da verdade na difamação se o funcionário público é o Presidente da República?
Não. A exposição de motivos do CP, no seu item 49, alerta que a exceção da verdade na difamação não alcança o Presidente da República ou Chefe de governo em visita ao país, pelos mesmos motivos que já vimos não ser admissível a exceptio na calúnia contra esses personagens (razões políticas e diplomáticas).
3.9. OFENSA DIRIGIDA DIRETAMENTE À VÍTIMA
Não configura difamação, pois terceiros não tiveram conhecimento do fato desonroso imputado, não alterando o panorama se a própria vítima divulgar a ofensa a ela dirigida a terceiros.
Dependendo do caso, essa ofensa dirigida diretamente à vítima pode configurar injúria, se lhe atingiu a honra subjetiva.
3.10. EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE (CPP, ART. 523)
Rogério Sanches e Tourinho: Também é possível exceção de notoriedade, configurando crime impossível por absoluta inidoneidade do meio utilizado para a prática do crime (a pretensa difamação não atingiu a honra do sujeito, uma vez que, pela notoriedade do fato, a honra já está maculada).
Bitencourt/Greco: Não é possível, em decorrência da vedação da exceção da verdade.
4. INJÚRIA
4.1. PREVISÃO LEGAL:140 CP.
4.2. SUJEITO ATIVO 
Qualquer pessoa, salvo os sujeitos que detém inviolabilidade, inclusive o advogado (art. 7º, §2º do EAOAB). 
A auto injúria não existe como fato típico, porém, excepcionalmente, pode constituir crime se a expressão utilizada ultrapassar a órbita da personalidade do indivíduo, atingindo a honra de terceiros. Exemplo: O sujeito dizer que é corno. Nesse caso, estará ofendendo a honra da mulher. 
Mirabete: É crime de injúria alguémafirmar que é filho de uma prostituta (PUTA). Nesse caso, o sujeito passivo é a mãe do agente. 
4.3. SUJEITO PASSIVO 
Qualquer pessoa com capacidade de entender a expressão ofensiva. Do contrário a dignidade ou decoro da vítima não são ofendidos. 
A expressão filho da puta ofende quem? O filho, pois a ele está sendo dirigida a ofensa. É ele o objeto da ofensa. É a chamada “injúria oblíqua”. 
Pessoa jurídica pode ser vítima de injúria? NÃO, pois pessoa jurídica não tem honra subjetiva (dignidade ou decoro). 
OBS: Mirabete entende que as pessoas jurídicas não podem ser vítimas de nenhum crime contra a honra.
É punível a injúria contra os mortos?
Lembrando: Calúnia é punível e difamação não.
A injúria contra os mortos também não é prevista pela lei (A não-recepcionada lei de imprensa previa), podendo o fato, conforme o caso, configurar o delito de vilipêndio a cadáver (Mirabete).
A injúria cometida contra funcionário público no exercício das suas funções constitui crimes de desacato (Mirabete).
4.4. TIPO OBJETIVO 
A conduta é injuriar, ou seja, atribuir qualidade negativa a outrem, ofendendo dignidade ou decoro (honra subjetiva). 
Dignidade: Sentimento que tem o indivíduo sobre seu próprio valor moral ou social. 
Decoro: Respeitabilidade do indivíduo. 
É um crime de execução livre, vale dizer, pode ser praticado por palavras, escritos, gestos ou até mesmo por omissão. 
Exemplo de injúria por omissão: Ignorar ou não retribuir cumprimento, como forma de humilhar a pessoa.
	Imputar determinado fato criminoso. 
	Calúnia. 
	Imputar determinado fato desonroso. 
	Difamação. 
	Atribuir qualidade negativa. 
	Injúria 
4.5. TIPO SUBJETIVO 
Crime punido apenas a título de dolo, exigindo-se a finalidade específica de ofender a honra subjetiva da vítima (“animus injuriandi”). Todos animus comentados na calúnia, repetem-se aqui como excludentes do dolo. 
4.6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento da imputação, dispensando efetivo dano à sua honra. Trata-se de CRIME FORMAL. 
A tentativa é cabível? 
1ª C: NÃO se admite tentativa na injúria, pois no momento em que o sujeito ajuíza a queixa é porque ele já tomou conhecimento da imputação e, portanto, o crime já se consumou. 
2ª C: SIM. Quando a injúria é plurissubsistente (execução fracionada) admite tentativa. Exemplo: O agente manda uma carta injuriosa para a vítima que, antes de recebê-la, vem a morrer. Tomando conhecimento da carta, seus sucessores podem ingressar com queixa-crime buscando a punição do agente por tentativa de injúria. Prevalece. 
OBS: Zaffaroni admite a tentativa até mesmo na forma verbal (quando alguém tapa a boca do sujeito). 
4.7. EXCEÇÃO DA VERDADE 
Calúnia: Em regra, é admissível. Três exceções (presidente e chefe de estado estrangeiro; se o fato criminoso imputado constitui crime de ação penal privada; se o fato imputado já está acobertado pela coisa julgada material). 
x
Difamação: Em regra, não é admissível. Exceção: Ofensa à Funcionário Público em razão da função. 
x
Injúria? Não se admite e não existem exceções. 
E a exceção da notoriedade é possível (art. 523 CPP)? NÃO, por duas razões: 
A notoriedade está ligada à honra objetiva, enquanto a injúria ofende a honra subjetiva. 
O art. 523 do CPP fala em fato imputado, enquanto a injúria não se trata de imputação de fato, e sim de qualidade. 
4.8. PERDÃO JUDICIAL
perdão judicial, ato unilateral realizado pelo juiz (que dispensa a concordância do acusado), é previsto no art. 140, §1º, in verbis:
Art. 140, § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Trata-se de um direito subjetivo do réu. Preenchidos os requisitos, o juiz deve perdoar. É um poder-dever.
I – Provocação: ‘A’ provoca ‘B’, que responde com uma injúria. Aqui a provocação é diversa de uma injúria. Exemplo: A dá um tapa e ‘B’ responde com injúria.
Nesse caso, o perdão judicial só beneficia ‘B’.
II – Retorsão imediata: ‘A’ provoca ‘B’, que responde com uma injúria. Aqui a provocação constitui uma injúria.
Nesse caso, o perdão beneficia os dois sujeitos?
1ªcorr – sim
2º corr – não, somente o segundo injuriador.
4.9. QUALIFICADORA: INJÚRIA REAL (ART. 140, §2º)
Art. 140, § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Trata-se de uma forma qualificada de injúria onde o agente se utiliza de vias de fato ou violência para ofender a honra subjetiva da vítima.
Frise-se: A violência ou vias de fato não são utilizados como meio de ofender a integridade física da vítima, mas sim como forma de humilhá-la.
Hungria: Mais do que a integridade física, o agressor quer atingir a alma.
Ex.: Puxão de cabelo, cuspir em alguém, tapa na cara.
Consequência
Detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Percebe-se, no entanto, que as vias de fato ficam absorvidas (não recebem punição autônoma), vale dizer, somente há concurso de delitos quando a injúria for praticada mediante violência.
O preceito secundário traz uma previsão de concurso de delitos necessário.
Prevalece na doutrina que se trata de concurso material necessário (art. 69 do CP), haja vista a previsão de cumulação de penas. Nesse sentido, Mirabete.
Rogério Greco: Trata-se na realidade de um concurso formal impróprio (imperfeito) necessário  Uma conduta, produzindo dois resultados (desígnios autônomos), com soma das penas (cúmulo material), nos termos do art. 70, “in fine” do CP. 
DEFENSORIA: Crítica à soma das penas: Bis in idem. A violência é usada para configurar a forma qualificada da injúria e também para configurar o delito correspondente à violência. 
4.10. QUALIFICADORA: INJÚRIA PRECONCEITO (ART. 140, §3º)
Trata-se da forma qualificada de injúria, onde o agente se utiliza de elementos preconceituosos para atingir a honra subjetiva da vítima. 
Não se confunde com os delitos de RACISMO previstos na Lei 7.716/89, nos quais o preconceito é exteriorizado através de atos de segregação à vítima. 
É possível o perdão judicial na injúria preconceito? NÃO. 
Fundamentos: 
a) A posição topográfica do perdão judicial permite concluir não se aplicar ao §3º (Se o legislador quisesse estender o perdão à injúria qualificada teria o colocado como disposição de encerramento). 
b) A injúria preconceito consiste em violação séria à honra da vítima, ferindo uma das metas fundamentais do Estado Democrático de Direito, qual seja, a dignidade da pessoa humana, logo incompatível com o perdão judicial. 
Exemplo: O sujeito retribui um tapa com uma injúria-preconceito.
5. DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA
5.1. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTES): TODOS OS CRIMES CONTRA A HONRA
5.1.1. Previsão legal
A majorante é aplicada a todos os crimes do capítulo.
5.1.2. Análise do art. 141 CP
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro
Lembrando que na calúnia – previsto no dispositivo referente – e na difamação, nos casos deste inciso, não cabe exceção da verdade
Fundamento da majoração quanto ao Presidente: Ofender o Presidente equivale a ofender todos os cidadãos.
OBS: No caso de calúnia e difamação, se houver motivação política, tratar-se-á de crime político, nos termos da Lei de Segurança Nacional.
Fundamento da majoração quanto à autoridade estrangeira: A ofensa ao chefe de governo estrangeiro pode estremecer relações internacionais das quais o Brasil participa.
II - Contra funcionário público, em razão de suas funções
Lembrando que somente neste caso admite-se exceção da verdade na difamação.
Não basta ofender o funcionário; a ofensa deve ser relacionada ao exercício a função (propter officium).OBS: Se a ofensa se der na presença do funcionário, pode-se configurar o delito de desacato, mais grave.
Fundamento: A ofensa atrapalha o andamento da vida funcional da vítima, prejudicando, consequentemente, a Máquina Administrativa.
OBS: Mirabete entende que o funcionário público para esses fins abrange tanto art. 327, caput, quanto o art. 327, §1º.
III - Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Várias pessoas: Prevalece que devem estar presentes pelo menos 03 testemunhas, não computando autores, coautores, partícipes e pessoas que não conseguem entender de alguma forma a expressão ofensiva. Em regra, a vítima também não é computada, salvo quando é testemunha de outro crime contra a honra.
Exemplo: Caso onde o agente ofende ao mesmo tempo 04 pessoas. Três dessas pessoas são computadas como testemunhas em cada ofensa isoladamente considerada. (Bento de Faria se contenta com 02).
É imprescindível ainda que o agente tenha conhecimento da presença de várias pessoas.
Meio que facilite a divulgação de calúnia, difamação ou injúria: IMPRENSA, alto-falante, palanque.
OBS: O crime contra a honra que antes era disciplinado pela Lei de Imprensa agora configura forma qualificada do CP. – ADPF 130
IV - Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. 
Motivo da exceção: Evitar bis in idem com a injúria qualificada pelo preconceito. 
Lembrando que o dolo do agente deve abranger todas essas circunstâncias pessoais (responsabilidade penal subjetiva). Em não sabendo das qualidades da vítima, o agente age em erro de tipo. 
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro
Trata-se da chamada ofensa mercenária. 
Bitencourt: Ambos (mandante e executor) devem responder com a pena majorada. 
Greco: Somente o executor deve ter a pena majorada, até porque nada impede que o mandante haja impelido por algum motivo relevante, o que se tornaria totalmente incompatível com a torpeza do crime mercenário. 
Há doutrina tratando isto como se fosse qualificadora. Está errado. É majorante. 
5.2. HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DE CRIME: INJÚRIA e DIFAMAÇÃO (art. 142) 
5.2.1. Previsão legal
Esse dispositivo só se aplica à INJÚRIA E DIFAMAÇÃO. A calúnia jamais é beneficiada por essas hipóteses. 
5.2.2. Natureza jurídica do art. 142 
1ª C (PREVALECE): Causa especial de exclusão da ilicitude, pois configuram estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito (Damásio). 
2ª C: Causa de exclusão da punibilidade (Noronha, Hungria e Fragoso). 
3ª C: Causa de exclusão de elemento subjetivo do tipo - intenção de ofender. 
4ª C: Causa de atipicidade, para os adeptos da tipicidade conglobante (conforme o que diz Damásio). 
5.2.3. Análise do art. 142 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Trata-se da chamada imunidade judiciária, que abrange as ofensas proferidas em audiência ou nos autos do processo, levada a efeito pela parte ou por seu procurador. 
É imprescindível que a ofensa tenha conexão com a causa discutida. Não pode a parte usar de uma petição ao juízo para chamar a outra parte de corno, por exemplo.
Imunidade do Advogado: O advogado também é imune pelas opiniões e manifestações, nos termos do art. 133 da CF/88, que é regulamentado pelo Estatuto da Advocacia e da OAB, como já analisamos anteriormente (imunidade profissional). 
A doutrina e jurisprudência divergem quanto à existência de imunidade quanto às ofensas irrogadas contra magistrado. 
Ministério Público tem imunidade? 
Greco e Nucci dizem que só tem imunidade quanto atuam como parte; respondendo por ofensas quando atua como fiscal da lei. 
Sanches: Tem imunidade prevista no art. 41, V da Lei 8.625/93 (LONMP). 
Juiz tem imunidade? 
Greco entende que não, pois aquele que tem o dever de conduzir uma audiência não pode se deixar influenciar pelo calor das discussões. 
Sanches diz que tem imunidade com base no Art. 23 do CP (estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito). 
Lembrando que todos os atos, palavras e manifestações que desbordem do razoável constituem excesso punível. Por isso, afirma-se que essa imunidade é relativa.
II - A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; 
Trata-se da chamada Imunidade literária, artística ou científica. 
É uma imunidade relativa, como expressamente prevê a parte final do dispositivo. 
Essa excludente se baseia, diretamente, na falta de dolo de ofender do agente, sendo, por isso, causa de atipicidade. 
III - O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. 
Trata-se da chamada Imunidade funcional. 
Hungria e Fragoso: É uma imunidade absoluta, ilimitada, irrestrita. Não é o que prevalece. 
Entretanto, prevalece que essa imunidade não agasalha o funcionário quando presente o excesso.
Parágrafo único - Nos casos dos incisos I (judiciária) e III (funcional), responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. 
Terceiros que dão publicidade às ofensas acobertadas pelas imunidades judiciária e funcional respondem pelo delito. Diferente é o caso da publicidade da crítica, que, como já vimos, é fato atípico, logo não é punível. 
5.3. RETRATAÇÃO: CALÚNIA E DIFAMAÇÃO
Retratar-se é desdizer-se, retirar o que disse, trazer a verdade novamente à tona. 
Trata-se de uma causa de extinção da punibilidade, declarada pelo juiz, independentemente de aquiescência do querelante. 
OBS: A retratação extingue a punibilidade, mas não isenta o querelado de responsabilidade civil. 
A retratação como causa de isenção de pena só é cabível na calúnia e na difamação, não sendo admissível na injúria. 
OBS: A lei de imprensa também abrangia a retratação da injúria. 
A retratação só é cabível nos crimes contra a honra processados por ação penal privada (o dispositivo é claro ao mencionar QUERELADO). Como veremos a seguir, existem casos excepcionais onde o crime de processa por ação penal pública condicionada
Momento da retratação 
Prevalece que deve ser realizada até a publicação da sentença (decisão de 1º grau). A retratação em grau de recurso gera no máximo a atenuante do art. 65, III, ‘b’ do CP. 
CP Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
... 
III - ter o agente: 
... 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
E na denunciação caluniosa (art. 339 CP) a retratação extingue a punibilidade? Não. Isso porque aqui não ofendemos somente a honra, mas a administração da justiça que já foi movida inútil e criminosamente. 
A retratação do caluniador se estende aos concorrentes? 
Não, pois o artigo fala em QUERELADO é isento de pena. É uma circunstância subjetiva incomunicável. 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
5.3.1. Lei 13.188/2015
A Lei nº 13.188/2015 (trata do direito de resposta) alterou o Código Penal, acrescentando um parágrafo logo em seguida ao art. 143:
Art. 143. (...)
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Desse modo, a Lei nº 13.188/2015 acrescenta mais um requisito para que a retratação tenha efeitos penais: exige-se agora, de forma expressa, que a retratação ocorra, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
5.4. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES: TODOS OS CRIMES CONTRA A HONRA 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julgaofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
Conceito: Medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos empregados, não se mostra evidente a intenção de ofender a honra, gerando dúvidas. 
OBS: O pedido de explicações não interrompe ou suspende o prazo decadencial, tampouco o prazo prescricional.
A resposta ao pedido de explicações também é facultativa. A ausência de resposta não implica em presunção de culpa do suposto ofensor, tampouco em condenação antecipada.
Se a parte ofendida deseja perseguir a pena do ofensor deverá ingressar com a ação penal, que deverá seguir todo o devido processo, até que o juiz decida se houve ou não a ofensa à honra.
O juiz do rito das explicações sequer aprecia ou julga as explicações dadas. Somente o juiz da eventual ação penal poderá valorar as explicações, caso no qual poderá rejeitar a peça acusatória por inépcia (falta de justa causa) se entender que as explicações foram suficientemente esclarecedoras no sentido de afastar a tipicidade da conduta.
Rito do pedido de explicações em juízo: Conforme Bitencourt, na ausência de rito específico, deve-se seguir o rito das notificações e interpelações judiciais previsto nos arts. 726 a 729 do CPC/2015.
O pedido de explicações deve ser formulado no juízo competente para processar a autoridade detentora de foro especial.
5.5. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
STF Súmula 714 É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
OBS: A opção pela representação torna preclusa a queixa-crime (STF HC 84.659-9). Ver processo penal: legitimidade concorrente. Preclusão lógica e consumativa. 125 
Consequências da escolha pela representação (vantagens do agente):
	Queixa 
	Representação 
	
a) Cabe perdão do ofendido. 
b) É possível perempção. 
c) Cabe renúncia. 
	
a) Não cabe perdão do ofendido; 
b) Não é possível perempção; 
c) Em regra, não cabe renúncia. 
A alteração relativa à ação penal da injúria preconceito retroage? Duas correntes:
1ª C: É norma processual, portanto com aplicação imediata (tempus regit actum).
2ª C (PREVALECE): A alteração é prejudicial ao réu na medida em que aumenta o poder de punir do Estado (pois retira do acusado três causas extintivas da punibilidade), logo não pode retroagir. Assim, os fatos anteriores à lei continuam dependendo de queixa.
Ocorre aqui o mesmo que com os crimes sexuais, bem como o delito de sequestro qualificado pela motivação libidinosa (antigo rapto violento).
5.6. UMA CONDUTA: CALÚNIA, DIFAMAÇÃO e INJÚRIA
João, síndico do prédio, brigou com Pedro em virtude de desavenças quanto à prestação de contas. 
Pedro escreveu, então, uma carta, distribuída a todos os demais condôminos, na qual dizia que João: 
 No mês de 09/2014, desviou R$ 10 mil da conta do condomínio em proveito próprio (calúnia); 
 Que, no dia da assembleia ocorrida em 22/10/2014, estava tão bêbado que não conseguia parar em pé (difamação); e 
 Que ele era um gordo, feioso e burro (injúria). 
João, por intermédio de advogado, ajuizou ação penal privada (queixa-crime) contra Pedro, imputando-lhe os delitos de calúnia (art. 139), difamação (art. 140) e injúria (art. 141 do CP)]
Em sua defesa, Pedro alegou que João, ao imputar-lhe três crimes por conta de um mesmo fato (uma mesma carta) estaria incorrendo em bis in idem e que a acusação de calúnia, por ser mais grave, deveria absorver as demais. A tese do querelado (Pedro) está correta?
NÃO. É possível que se impute, de forma concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de difamação e de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação.
A situação não caracteriza ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem, já que os crimes previstos nos arts. 138, 139 e 140 do CP tutelam bens jurídicos distintos, não se podendo asseverar, de antemão, que o primeiro absorveria os demais. Ademais, constatado que diferentes afirmações constantes da missiva atribuída ao réu foram utilizadas para caracterizar os crimes de calúnia e de difamação, não se pode afirmar que teria havido dupla persecução pelos mesmos fatos. De mais a mais, ainda que os dizeres também sejam considerados para fins de evidenciar o cometimento de injúria, o certo é que essa infração penal, por tutelar bem jurídico diverso daquele protegido na calúnia e na difamação, a princípio, não pode ser por elas absorvido

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