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04. QUESTÕES PRELIMINARES E PREJUDICIAIS

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DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS E PRELIMINARES 
 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 
SUMÁRIO: 1. Introdução – 2. Distinção entre Questões Prévias, Preliminares, 
Prejudiciais e dos Incidentes Processuais: 2.1 Incidentes Processuais, 2.2 Das 
Questões Prévias, 2.3 Das Questões Preliminares e Prejudiciais – 3.Breve Histórico 
do Fenômeno da Prejudicialidade – 4. Visão atual das Prejudiciais e Preliminares – 5. 
Da Questão Prejudicial e da Coisa Julgada – 6. Das Questões Prejudiciais Lógica e 
Jurídica – 7. Do Ponto Prejudicial e da Causa Prejudicial – 8. Síntese da matéria em 
forma de enunciados – 9. Manancial de Jurisprudência sobre a matéria. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O direito processual apresenta temas de relevante dificuldade e que exige apreciação 
científica de precisão para delinear os seus contornos e, assim, individualiza-los. 
 
 Dentre esses temas encontram-se as questões preliminares e prejudiciais, cujos 
contornos, particularidades e diferenças procuraremos, tanto quanto possível nesta 
oportunidade, demonstrar, a partir de uma breve incursão histórica e do panorama atualizado 
que a doutrina e jurisprudência modernas têm sobre os institutos em questão. Para tanto, 
não poupamos a invocação das varias concepções dos estudiosos sobre a matéria, que 
muitas vezes serão incorporadas ao nosso texto, mas sempre com a preocupação rigorosa 
de mencionarmos a fonte da qual advém, através de notas de rodapé. 
 
 
2. DOS INCIDENTES PROCESSUAIS E DA DISTINÇÃO ENTRE QUESTÕES PRÉVIAS, 
PRELIMINARES E PREJUDICIAIS 
 
2.1 – INCIDENTES PROCESSUAIS 
 
Reina grande confusão no emprego da palavra incidente, não só em livros de Direito mês 
até nas leis. Assim nos adverte Tornaghi1 que explica a sua colocação: ―além de, com ela, 
se designarem vários fenômenos jurídicos, ainda aparecem escritores que inventam outros 
termos, os quais só servem para aumentar a confusão"2. 
 
 Incidir, do latim ―incido‖, ―is‖, ―cidi‖, ―cisum‖, ―ere‖, quer dizer: cair em cima, cair dentro. 
 
 Os vários tipos de procedimento (ordinário, sumário, sumaríssimo, especial) descritos 
numa lei de processo constituem somente esquemas ideais, concebidos teoricamente, sendo 
raro que numa realização prática o procedimento se reduza àquela singeleza, pois surgem 
quase sempre alegações, dúvidas, controvérsias que nele vêm influir. Dessa forma, cabe 
 
1 Hélio Tornaghi “A Relação Processual Penal”, São Paulo, Saraiva, 2ª ed. 1987 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 2 
aqui mencionar a distinção feita por Menestrina3 em matéria de prejudicialidade, que é hoje 
por muitos aceita: pontos incidentes (alegações, pedidos, despachos etc.), questões 
incidentes (controvérsias não relativas ao mérito e que devem ser resolvidas ao longo do 
processo) e causas incidentes (objeto de processos incidentes, que correm geralmente em 
autos apartados). 
 
 Questões incidentes são, portanto, as controvérsias que podem surgir em meio ao 
processo, em torno de assunto estranho ao mérito e que são resolvidas de passagem, 
―incidenter tantum‖, isto é, sem que a decisão faça coisa julgada e somente para o fim de 
passar adiante. Tais questões chamam-se, por essas razões, ―incidentes ou questões 
incidentais‖. 
 
 A expressão ―questão incidental‖ é usada, ora em sentido amplo, ora no estrito. ―latu 
sensu‖, são incidentais todas as questões relativas ao processo, à ação ou ao mérito, que 
vão surgindo no decorrer do processo e devem ser logo resolvidas. Nesse sentido é usado o 
termo por Anichini (Incidenti, in Nuovo Digesto) ao denominar incidente 
 
a atividade processual secundária ou acessória que se insere na estrutura ordinária do 
processo: 1) para a solução de questões que se ligam apenas ao desenvolvimento da 
relação processual, sem atingir direta ou indiretamente o mérito da causa principal ou que, 
surgindo por ocasião dessa, a ela se vinculam sem formar parte dela; 2) para a decisão 
parcial antecipada de questões de mérito; 3) para a adoção de medidas provisórias ou 
conservativas. 
 
 Stricto sensu, entretanto, questões incidentes são sempre e somente as de forma, de 
processo4. Tuccio e Manestrina citam um acordão da Corte de Cassação italiana em que se 
mostra as características da questão incidente: a) é secundária; b) é acessória; c) surge no 
decorrer do processo; d) abre um parêntese no procedimento; e) não absorve o mérito; f) não 
desmembra a questão de mérito; g) precede a decisão de mérito sem prejulgá-la. 
 
2.2 - DAS QESTÕES PRÉVIAS 
 
A doutrina chama de questões prévias todas aquelas que devem anteceder o exame do 
mérito da causa, ou questão de fundo, como preferem denominar alguns. 
 
 A circunstância de as questões prejudiciais e preliminares deverem ser julgadas 
previamente, ou seja, antes da questão principal, levou alguns processualistas a 
estabelecerem confusão entre elas. Assim nos alerta Tourinho Filho5: ―Sem embargo da 
 
2 Como por exemplo, menciona: “é o caso de Jaime Guasp que fala em incidentes, incidências e superincidentes (Derecho 
procesal civil. 3 ed. Madri, 1968) 
3 Francesco Menestrina “La Pregiudiciale nel Processo Civile, Milão, Dott. A Giuffré Editore, 1963, p.57” 
4 Manestrina, ob.cit. na nota 3 
5 Fernando da Costa Tourinho Filho, “Processo Penal” vol. 2, Saraiva, 18ª edição, São Paulo, 1997 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 3 
semelhança que apresentam, que repousa, unicamente, no julgamento prévio, as questões 
prejudiciais distinguem-se, nitidamente , das questões preliminares‖, conforme veremos 
adiante, com maior detalhamento. 
 
 As questões prévias são, portanto, o gênero, do qual fazem parte as questões 
preliminares e as questões prejudiciais, que são o objeto da nossa apreciação. 
 
2.3 – DAS QUESTÕES PRELIMNARES E PREJUDICIAIS 
 
 As questões preliminares, numa definição singela, seriam aquelas cuja solução pode 
tornar dispensável ou inadmissível o julgamento das questões delas dependentes, e 
questões prejudiciais, no dizer de alguns6, são, simplesmente, aquelas cuja decisão 
influenciará ou determinará o conteúdo da questão vinculada. Na palavra de Vicente Greco 
Filho, a preliminar, ―que pode ser processual ou de mérito, é um fato que impede o 
conhecimento da questão principal‖, enquanto a prejudicial ―é uma relação jurídica cuja 
existência ou inexistência condiciona a decisão da questão principal7‖, sendo exemplos de 
questões preliminares processuais, na palavra de Nelson Agnaldo Moraes dos Santos8, a 
litispendência, a coisa julgada, a perempção, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse 
de agir e a ilegitimidade ―ad causam‖; e de mérito: a prescrição e a decadência. 
 
 Dentro desta ótica, numa demanda em que se busca a condenação ao pagamento de 
multa contratual, constitui questão prejudicial a alegação de nulidade do contrato; sendo 
também exemplo de questão prejudicial a negação do vínculo de paternidade, apresentada 
pelo réu em uma demanda alimentícia. 
 
 
 
 
3. BREVE HISTÓRICO DO FENÔMENO DA PREJUDICIALIDADE 
 
 Visto como distintas as questões preliminares e as questões prejudiciais, vale traçarmos, 
com a base de Olavo de Oliveira Neto9, um breve histórico da evolução do conceito de 
―prejudicialidade‖. 
 
 
6 Como João Batista Lopes, citado por Nelson Agnaldo Moraes do Santos, em “A Técnica de Elaboração da Sentença.” 
Saraiva, 1996, baseado nas lições de Pontes de Miranda, Barbosa Moreira e Thereza Alvim. 
7 Vicente Greco Filho “Direito Processual Civil Brasileiro”. 8. ed. São Paulo, Saraiva, 1993. 
8 Ob.citada 
9 In “Conexão por Prejudicialidade”, São Paulo,RT, 1994 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 4 
 O fenômeno da prejudicialidade era conhecido em Roma, onde existiam as ―praeiudicialis‖. 
Tratavam-se de fórmulas destituídas de carga condenatória, onde se objetivava apenas a 
certeza acerca determinada intenção. Em outras palavras, segundo lição de José Carlos 
Barbosa Moreira10: 
 
Acerca dos ―praeiudicia‖ romanos, a despeito de obscuridade e contradições que se apontam 
nas fontes, algumas noções precisas podem ter-se por assentes, à vista das conclusões a que 
chegaram os mais autorizados estudiosos do assunto. Na sua feição mais característica, o 
instituto visava precipuamente à fixação judicial da certeza jurídica em torno de certa relação 
ou estado. A fórmula ―praeiudicialis‖, desprovida de ―condemnatio‖, reduzia-se à ―intentio. 
 
 Nota-se, pois, que a prejudicialidade estava ligada à criação da nossa ação declaratória, 
consoante mencionado por Alfredo Buzaid11, assim: ―As ações prejudiciais, no direito 
romano, são apenas o ponto de partida do desenvolvimento da ação declaratória‖ , pois a 
fórmula romana não continha carga de condenação , limitando-se a tornar certa a 
interpretação acerca de determinada ralação jurídica. Não havia uma definição própria do 
fenômeno prejudicialidade, embora fosse conhecido e identificado para efeito de declaração. 
 
 Como essas ações diziam respeito, quase sempre, ao estado das pessoas, o direito pátrio 
mais remoto entendia que existia uma espécie de ação denominada prejudicial, que tratava 
apenas desse tipo de matéria. Em outras palavras, entendia-se que as questões prejudiciais 
eram aquelas que tratavam do estado de pessoas. 
 
 Não obstante a concepção romana, os autores lograram identificar e definir questões 
prejudiciais, que deveriam ser solucionadas antes de se dar uma decisão à ação chamada 
por eles de principal. Nesse sentido é a colocação de Affonso D. Gama12, que oferecia a 
seguinte definição: ―Questões ou excepções prejudiciaes são aquellas , cuja prévia decisão é 
necessária para que possa haver julgamento sobre outras questões, que se prendem , e que 
podem ficar sem objeto, conforme as prejudiciais forem decididas desta ou d’aquella 
maneira‖. 
 
 Pontes de Miranda13, por seu turno, embora não tenha chegado à essência do conceito 
atual de prejudicialidade, percebeu que ela estava ligada com a relação existente entre 
questões. Por isso definiu assim: 
 
Compreende-se que o princípio de serem julgadas antes da questão principal as questões 
prejudiciais seja deduzido da própria definição de prejudicialidade e até do étimo 
 
10 José Carlos Barbosa Moreira, “Questões Prejudiciais e Coisa Julgada, Rio, 1967, p. 15. 
11 Alfredo Buzaid, “Ação Declaratória no Direito Brasileiro”, Saraiva, 1943. 
12 Affonso Dionísio Gama, “Das A;cões Prejudiciaes”, Saraiva, 1928 p. 17. 
13 Comentários ao Código de Processo Civil, Forense, Rio, 1947 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 5 
(praejudicialis): dá-se prejudicialidade quando alguma questão se interpõe que pode excluir 
a obrigação de sentenciar sobre a questão principal. 
 
 Jorge Americano14, citado por Olavo de Oliveira Neto, ensinava que as questões 
prejudiciais eram aquelas relacionadas com o ―próprio juízo, em sua composição‖. 
Identificava a existência de três espécies: A que diz respeito à competência do Juízo, a que 
diz respeito a suspeição do juiz e outras, chamadas de preliminares, que diziam respeito ao 
processo (nulidades processuais) ou ao mérito (litispendência , coisa julgada e exceções de 
direito substantivo, como a novação, compensação, prescrição etc.). 
 
 Daí já se percebe uma aproximação dos conceitos modernos, pois existe uma 
classificação das questões prévias e a distinção entre elas, o ponto e a causa prejudicial. 
 
 Com base nesse panorama, Ada Pellegrini Grinover15 professava que 
 
O julgamento da questão final só pode ser feito após a eliminação gradativa de todas as 
questões prejudiciais, assim chamadas por constituírem o antecedente lógico da decisão 
final, e por serem julgadas antes que se possa decidir sobre a questão principal. 
 
Ainda, elaborou uma classificação das questões dizendo que aquelas que surgem durante 
o processo são prejudiciais em sentido lato, reservando a denominação de prejudiciais em 
sentido estrito para as questões relativas a outros estados ou relações jurídicas, que não 
dizem respeito à relação jurídica controvertida, mas que, embora podendo ser objeto de 
processo autônomo, apresentam-se naquele processo apenas como ponto duvidoso na 
discussão da questão principal. E conclui dizendo que ―às questões prejudiciais em sentido 
lato, dá-se hoje o nome de questões preliminares‖. 
 
 Alfredo Buzaid16 trata de diferenciar as questões prejudiciais e as questões preliminares, 
dizendo que estas dizem respeito aos pressupostos do processo, enquanto aquelas seriam 
as que constituem objeto próprio da ação declaratória incidental. 
 
 Toda essa evolução das noções ligadas à relação de prejudicialidade, diz Olavo de 
Oliveira Neto17, demonstram que ainda não se havia apurado a verdadeira concepção do 
instituto, sendo gritantes as divergências de entendimento, tendo-se que cada autor adotava 
uma posição frente o problema, segundo sua ótica particular e às vezes isolada. 
 
4. VISÃO ATUAL DAS PREJUDICIAIS E PRELIMINARES 
 
14 In “Comentários ao Código de Processo Civil do Brasil”, Saraiva, 1940, v.1º/601 e ss 
15 Ada Pelegrini Grinover “Ação Declaratória Incidental”, Ed. RT, 1972, pp. 9-11 
16 Alfredo Buzaid, “Ação Declaratória no Direito Brasileiro”, Saraiva, 1943, pp. 187-189 
17 “Conexão por Prejudicialidade”, ed. RT, São Paulo, 1994, p. 76 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 6 
 
 A moderna concepção do que seja questões prejudiciais e preliminares tem sustentação 
na obra de Menestrina18, que entre nós foi estudada com profundidade por Barbosa Moreira, 
Thereza Alvim e Scarence Fernandes, para quem todas as questões que surgem no decorrer 
do processo, devendo ser conhecidas e decididas antes da decisão do mérito, são chamadas 
de questões prévias. Todas elas são logicamente antecedentes de outras, havendo entre 
elas uma relação de dependência. 
 
 Assim, toda questão que surge ao longo do processo e exige decisão antes do mérito da 
causa deve ser considerada uma questão prévia. Se, ao contrário, o juiz puder conhecer e 
julgar a causa sem decidir a questão, ela não será prévia. Desse modo se pode afirmar que o 
que caracteriza uma questão prévia é o seu aparecimento durante o processo e a 
necessidade de sua decisão antes da decisão de mérito, ou ainda, que entre as questões, 
prévias e de mérito, existe uma relação de dependência, porque aquelas devem ser 
apreciadas e decididas necessariamente antes desta. 
 
 A partir dessa constatação, Olavo de Oliveira Neto19 faz uma definição da questão prévia 
como sendo ―aquela que aparece no decorrer do processo e deve, lógica e necessariamente, 
ser decidida antes do julgamento final da causa‖. E nos alerta no sentido de que, ―se é 
correto dizer que essas questões (prévias) influenciam a questão final, pois se assim não 
fosse não haveria necessidade de decidi-las antes, também é certo que essa influência não 
se dá sempre da mesma maneira‖. 
 
Dessa constatação é que irá resultar a distinção mais precisa entre as questões prévias e 
preliminares, feita por Barbosa Moreira, segundo a qual, fugindo da tendência generalizada 
em visualizar e definir as questões preliminares a partir da matéria que veicula, ou seja, 
como sendo tão somente aquelas que digam respeito aos pressupostos processuais, centra 
tal distinção na maneira pela qual as questões prévias influenciama questão principal. 
 
 Segundo ele20, para a construção da sua síntese e estabelecimento de critério distintivo 
entre as preliminares e prejudiciais, bem assim para a formulação de esquema classificatório 
das questões prévias, que se a solução de uma questão influi necessariamente na de outra, 
e se em razão de tal influência é que se vai atribuir tal ou qual ―nomen júris‖, a investigação 
da distinção deve concentrar-se no esclarecimento da relação que liga as duas questões, ou 
seja, no tipo de influência que uma questão vai gerar ou realizar na outra; partindo-se do 
 
18 Ob cit. na nota 3 
19 Ob.citada na nota 17 
20 “Questões Prejudiciais e Coisa Julgada” Rio, 1967 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 7 
pressuposto de que a solução de certa questão pode influenciar a de outra de duas 
maneiras; uma tornando dispensável ou impossível a solução dessa outra; ou, duas, 
predeterminando o sentido em que a outra há de ser resolvida. 
 
 Dessa forma, questões preliminares seriam todas aquelas que, necessária e logicamente, 
atuam na questão principal de modo a tornar dispensável ou impossível a sua apreciação, 
enquanto que as questões prejudiciais seriam todas as que atuam, também necessária e 
logicamente, na questão principal, mas apenas influenciando na sua solução. 
 
 Conforme ensinamento de Tereza Alvim, citada por Olavo de Oliveira Neto21, nessa 
mesma linha, as questões preliminares seriam aquelas que devem, lógica e 
necessariamente, ser decididas antes da questão subseqüente, pois impedem sua decisão; 
enquanto que as prejudiciais são aquelas que devem lógica e necessariamente, ser 
decididas antes da questão subseqüente , porque influenciam na sua decisão. Eis ai, então, 
o que se deve observar para a correta distinção e classificação das questões prejudiciais e 
das questões preliminares, que são, igualmente, questões prévias. 
 
 Dentro dessa concepção, se percebe que não é equivocada a afirmação de que a maioria 
das questões preliminares estão, de regra, vinculadas aos pressupostos processuais, sejam 
os de existência - que permitem o surgimento da relação processual - sejam os de validez - 
que permitem a apreciação do "meritum causae" ; mas o que não se pode dizer é que se 
encerrem nessas matérias. 
 
 O próprio Barbosa Moreira nos faz a advertência de que esses conceitos devem ser 
observados com certa relatividade, porquanto uma questão X pode ser preliminar da questão 
Y e prejudicial da questão Z; sendo importante observar sim, é a natureza da influência que a 
questão condicionante (prévia) exerce sobre a condicionada (principal), e não propriamente a 
matéria que veicula. 
 
Com isso é possível concluir que não se pode estabelecer previamente quais questões 
são preliminares e quais são prejudiciais, como grande parte da doutrina costuma fazer. 
 
Vale registrar que a natureza da relação que surge entre as questões condicionante e 
condicionada nem sempre é de direito material, como pretendem os partidários da 
denominada corrente substancialista22, podendo perfeitamente ser de cunho processual, 
 
21 Obra citada (na nota nº17), pg.78 
22 Corrente oriunda da Alemanha,na primeira metade do século XIX, retornada em época recente na Itália, onde alcançou 
interesse e desenvolvimento. 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 8 
como na hipótese em que a relação de prejudicialidade entre as questões se dá em razão de 
matérias de cunho exclusivamente processual, a exemplo do que ocorre na solução de 
incidente de impugnação ao valor da causa como prejudicial à decisão quanto ao acerto do 
procedimento a ser adotado em determinada demanda. 
 
Afigura-se importante trazermos a classificação das questões prejudiciais proposta por 
Barbosa Moreira23 que tem em vista três aspectos: A origem, que levaria em conta o ramo do 
direito a que pertencem as questões; Os efeitos, quando a solução da prejudicial impusesse, 
ou não, ao juiz, a suspensão do processo e a influência exercida na questão condicionada ou 
principal. Assim, graficamente: 
 
PREJUDICIAIS HOMOGÊNEAS: Se as questões forem afetas ao mesmo ramo do 
direito. Ex. A prova da paternidade como condicionante da tutela alimentícia. 
QUANTO A ORÍGEM 
PREJUDICIAIS HETEROGÊNEAS: Se as questões forem afetas a ramos do 
direito diferentes. Ex. A definição do titular da propriedade no Cível, como condicionante 
à demanda por crime de furto (subtração de coisa alheia) 
 
 
OBRIGATÓRIA: Impõe ao juiz a suspensão do processo 
QUANTO AOS EFEITOS 
FACULTATIVA: A suspensão do processo é discricionária 
 
 
TOTAL: Quando as questões influenciam nas sua prejudicadas de 
maneira absoluta no que toca à sua decisão. 
 
QUANTO A INFLUÊNCIA 
EXERCIDA SOBRE A 
A QUESTÃO PRINCIPAL 
 
PARCIAL: Quando as questões prejudiciais influenciam apenas 
parcialmente na decisão da questão prejudicada ou principal. 
 
 
 
5 . DA QUESTÃO PREJUDICIAL E DA COISA JULGADA 
 
 
 Nesse aspecto é conveniente lembrar que a apreciação da questão prejudicial, em regra, 
não produz coisa julgada material, consoante disposição expressa do art. 469 inc. III do 
Código de Processo Civil. Mas, nos termos do art. 470 deste mesmo estatuto, faz coisa 
julgada a resolução da questão prejudicial se a parte o requerer (art. 5º e 325) e o juiz for 
competente em razão da matéria e constituir pressuposto processual necessário para o 
 
23 Ob. citada na nota 10 
 
 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 9 
julgamento da lide ou, mais corretamente, do pedido. É que nessas casos, consoante 
ensinamento preciso de Ada Pellegrini Grinover24 , insere-se no processo em andamento 
uma nova pretensão, deduzida mediante ação declaratória incidental, que transforma 
também a questão prejudicial em objeto do processo, passando a ser decidida, por sentença, 
junto com a principal (no dispositivo da sentença e não entre os motivos). 
 
 Ainda sobre o preceito constante no inc. III do art. 469, relativo às questões prejudiciais 
fazerem ou não coisa julgada, são bem esclarecedoras as lembranças e ensinamentos de 
Moacir Amaral Santos25 quando assenta que ―a resolução de tais questões como motivos da 
decisão final, isto é, como fim de fundamentá-la, não incide em coisa julgada.‖ 
 
 O mesmo Amaral Santos, ainda na mesma passagem de sua obra, lembrando que foi 
Chiovenda quem inspirou o inc. III do art. 469 do CPC, transcreve nela a seguinte lição deste 
jurista sobre a questão que se analisa: 
 
As questões prejudiciais são decididas, em regra, sem os efeitos de coisa julgada 
(incidenter tantum). Daí a necessidade de manter a coisa julgada nos confins da 
demanda, e de discernir na cognição as questões prejudiciais ou motivos, sobre os 
quais o juiz decide incidenter tantum, ou seja, com o fim exclusivo de preparar a 
decisão final, mesmo quando não se insiram em sua competência, e a demanda 
baseada na qual a causa é designada à sua competência e sobre a qual provê 
principaliter, com autoridade de julgado. 
 
 Concluindo as suas colocações sobre a matéria em foco (questão prejudicial e coisa 
julgada) o apontado jurista sintetiza assim: 
 
O princípio é que não faz coisa julgada a apreciação de questão prejudicial, seja esta 
ou aquela solução , feita incidentalmente no processo. Ou, com as palavras da lei: não 
faz coisa julgada a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentalmente no 
processo (art. 469, nº III). De tal modo, se a resolução da questão prejudicial se dá 
apenas como preparação lógica do julgamento da lide, não fará coisa julgada, mas 
apenas terá a natureza e a eficácia de motivo da sentença. Todavia, se qualquerdas 
partes, no momento próprio, requerer que a prejudicial seja resolvida com força de 
sentença declaratória, isto é, se a seu respeito propuser ação declaratória incidente, a 
decisão , que a declarar, acolhendo-a ou rejeitando-a, terá eficácia de coisa julgada. 
 
 
6 . DA QUESTÃO PREJUDICIAL LÓGICA E JURÍDICA 
 
 Pelo que foi até aqui colocado, verifica-se que o instituto da prejudicialidade 
(consubstanciado nas questões prejuduciais) se erige como de natureza tipicamente 
processual; e ainda, que para a sua distinção das questões preliminares não se faz uso de 
nenhum critério jurídico, mas tão somente de critérios lógicos. A partir disso é possível 
 
24 In “Teoria Geral do Processo” , junto com Antônio Carlos de Araújo Cintra e Cândido Rangel Dinamerco, Ed. 
Malheiros, 13ª edição, 1997, pag. 312. 
25 “Comentários ao Código de Processo Civil” , Ed. Forense, Vol. IV, 6ª edição pg.442 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 10 
concluir que não há questão prejudicial que não seja lógica; o mesmo não acontecendo em 
relação às questões prejudiciais em sentido jurídico, ou simplesmente prejudiciais jurídicas, 
assim definidas por Barbosa Moreira26 como sendo aquelas que se caracterizam por 
ensejarem a possibilidade de fazer, das matérias que trata, coisa julgada. Assim, teríamos 
que toda prejudicial jurídica é também lógica, mas nem toda prejudicial lógica é 
necessariamente jurídica. Eis, ―ipsis litteris‖, a lição de Barbosa Moreira: 
 
Para revestir-se de interesse prático, o critério de distinção entre prejudicialidade 
meramente lógica e prejudicialidade jurídica há de se atender a um requisito 
essencial: ser bastante para isolar as questões em relação as quais tenha sentido 
indagar se fazem ou não coisa julgada os pronunciamentos judiciais que as resolvem, 
sem excluir a priori, por outro lado, nenhuma questão a propósito da qual seja lícito 
suscitar o problema. O requisito fica preenchido com a negação da qualidade de 
prejudicial em sentido jurídico: a) às questões referentes à identificação e 
interpretação da norma; b) às meras questiones facti.. É exatamente o resultado da 
aplicação do critério a que se alude: limita ele o horizonte às questões que implicam 
valoração jurídica dos fatos – e são essas as questões a cujo respeito, em princípio, 
vale formular a indagação relativa à justa causa‖. 
 
 
7. DO PONTO PREJUDICIAL E DA CAUSA PREJUDICIAL 
 
 Hélio Tornaghi define ponto prejudicial como qualquer matéria, de direito ou de fato, não 
controvertida, que o juiz tenha de verificar por ser pressuposto da decisão sobre o que pede 
o autor, apenas incidentalmente, e com único objetivo de chegar à conclusão final27. 
 
 De tal definição poderemos concluir, junto com Thereza Celina Alvim28, que o ponto 
prejudicial nada mais é do que uma questão que foi decidida anteriormente ao processo, com 
força de coisa julgada. 
 
Quanto a causa prejudicial, é Barbosa Moreira29 quem a define como aquela ―resultante 
de pronunciamento emitido principaliter em processo distinto, mas ao menos em parte 
contemporâneo, que pode ter nascido independentemente, mas também pode ter-se 
originado do próprio processo em que se discute a questão subordinada‖. 
 
 
 
 
8 . SÍNTESE DA MATÉRIA EM FORMA DE ENUNCIADOS 
 
 
26 Ob. citada na nota 10 
27 Hélio Tornaghi, “Comentários ao Código de Processo Civil” vol. 1, pag. 97, Ed. RT, 1974 
28 Thereza Alvim , “Questões Prejudiciais e Limites da Coisa Julgada”, Ed. RT, São Paulo, 1977. 
29 Ob. citada na nota nº10 
Helvécio Giudice de Argôllo 
 11 
 Questão prejudicial ,segundo os ensinamentos de Barbosa Moreira, é aquela que influi no 
teor do julgamento de outra. Segundo José Alberto dos Reis, é aquela cuja solução é 
necessária para se decidir uma outra; é a questão, matéria, que, não sendo aquela proposta 
para ser solucionada, influi ou pode influir na sua decisão. 
 
 O acolhimento das preliminares impede a apreciação das questões logicamente 
subseqüentes. Já o juízo proferido na questão prejudicial repercute no conteúdo da decisão 
principal. Dessa forma, se o juízo acolher a alegação de coisa julgada (como qualquer outra 
preliminar), não adentrará ao mérito. Mas, acolhendo ou rejeitando a prejudicial, deverá 
julgar o pedido principal de modo coerente com o juízo anterior. 
 
 Questões preliminares são aquelas que devem, lógica e necessariamente, ser decididas 
antes da questão subseqüente, pois impedem a sua decisão; 
 
 Não se pode estabelecer previamente, como parte da doutrina pretende, quais as questões 
preliminares e quais são as prejudiciais, uma vez que uma mesma matéria poderá, conforme 
o caso concreto, influenciar a questão subseqüente de maneira diversa; 
 
 Não se pode que as questões preliminares, em regra, estão ligadas aos pressupostos 
processuais . 
 
 A relação de prejudicialidade entre as questões prévias e principal se estabelecem, tanto 
em função de conteúdo material, quanto do conteúdo processual; 
 
 Ponto prejudicial é uma questão que foi decidida anteriormente ao processo, com força de 
coisa julgada. 
 
 Causa Prejudicial é aquela que exerce sobre outra causa , de natureza idêntica ou diversa, 
influência que impede ou direciona o seu julgamento. 
 
 A decisão da questão prejudicial , em regra, não faz coisa julgada. Entretanto, se solicitada 
a sua decisão em forma de sentença declaratória incidental, na forma do art. 5º do CPC, sua 
decisão fará coisa julgada. 
 
9. MANANCIAL DE JURISPRUDÊNCIA SOBRE A MATÉRIA
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 “Não há litispendência entre a ação declaratória direta e questão prejudicial decidida 
―incidenter tantum em ação pendente distinta, porque esta não produz coisa julgada material 
, a teor dos arts. 5º, 325 e 470 do CPC.‖ (Ac. unân. 4.012 da 1ª Câm. do TJPR de 13.5.86, na 
apel. 145/84, rel. Des. Cláudio Nunes do Nascimento) 
 
 TACivSP - INDENIZAÇÃO -- Possessória -- Ampliação do pedido -- Contra-ação que só 
pode ser proposta em face do autor da possessória -- Discussão sobre contrato e área 
diversos -- Inadmissibilidade. SENTENÇA -Questões preliminares ou prejudiciais que não 
foram examinadas - Apreciação em sede de apelação – Inadmissibilidade. Inteligência do art. 
515 do Código de Processo Civil. 
 
 TJSP - FALSIDADE DOCUMENTAL _ Uso de documento falso _ Delito cometido em 
processo cível _ Sentença deste ainda não transitada em julgado _ Irrelevância para a 
consumação do falso _ Pendência, no entanto, de apelação com questões que podem 
 
30 A jurisprudência foi coletada a partir de pesquisa realizada em todas as “Revistas dos Tribunais” do período de 
janeiro de 86 até hoje, ou seja, dos volumes 603 a 750. 
Helvécio Giudice de Argôllo 
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assumir o caráter de prejudiciais - Suspensão da ação penal - Aplicação do art. 93 do CPP. 
 
 STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO -- Desistência não homologada -- Acórdão não 
transitado em julgado -- Nova interposição no prazo legal -- Tempestividade -- Recurso 
declarado tempestivo, mas não conhecido -- Votos vencidos. CERCEAMENTO DE DEFESA 
-- Descaracterização -- Oportunidade dada para apresentação de razões escritas, inclusive 
para alegações de mérito -- Silêncio da parte sobre as questões de fundo, limitando-se a 
suscitar preliminares de nulidade do processo -- Inteligência dos arts. 5.º, V, do Dec.-lei 
201/67, e 153, § 15, da CF/69 -- Recurso declarado tempestivo, mas não conhecido – voto 
vencido. 
 
 STJ - CONEXÃO - Execução e ação consignatória - Admissibilidade - Eventual 
procedência da consignatória que se revela como prejudicial ao direito do credor. 
 
 STF - RECURSO EXTRAORDINÁRI0 - Prazo para sua interposição - Não decurso em 
férias. RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Decisãodefinitiva - O que se entende - Questão 
prejudicial de inconstitucionalidade que não se inclui - Inclusão do caso concreto para julgar 
o recurso. AGRAVO REGIMENTAL - Traslado deficiente - Falta da decisão do plenário, peça 
essencial à compreensão da controvérsia - Negado o provimento ao Agravo - Voto vencedor. 
 
 TACivSP - DESPEJO -- Denúncia vazia -- Propositura posterior de renovatória de locação 
pelo locatário -- Identidade de causa de pedir ou objeto entre as demandas inexistente -- 
Conexão não configurada -- Suspensão do segundo feito determinada até o julgamento da 
ação prejudicial -- Aplicação do art. 265, IV, "a", do CPC. 
 
 TJSP - INCIDENTE DE FALSIDADE -- Argüição que se refere tão-só à falsidade 
documental (arts. 390-395 do CPC) -- Impossibilidade de ter por objeto certidões, laudos, 
memoriais, autos, termos de serventuários ou auxiliares do juízo, que não são documentos 
produzidos por uma parte contra a outra. PROCESSO -- Questão prejudicial penal (art. 1l0 
do CPC) -- Caracterização somente quando o fato ilícito elemento do suporte fático da regra 
jurídica de Direito Penal é ao mesmo tempo elemento do suporte fático da regra jurídica de 
Direito Civil, justificando o sobrestamento do feito até o deslinde da ação penal. PROVA -- 
Declaração escrita de testemunha -- Depoimento veiculado sem o indispensável contraditório 
(CPC, arts. 336 e 410) -- Valor probante inexistente. SEPARAÇÃO JUDICIAL -- Grave 
violação dos deveres do casamento -- Procedência da ação não comprometida pelo simples 
fato de estar o autor freqüentando ainda o antigo lar conjugal. 
 
 TAMG - DESPEJO -- Imóvel objeto de usufruto -- Ilegitimidade "ad causam" -- Ação 
proposta pelo nu-proprietário -- Irrelevância da argüição de nulidade da cláusula contratual 
de usufruto sucessivo -- Questão prejudicial que não pode ser decidida incidentalmente por 
não ser o usufrutuário parte na relação principal -- Carência decretada -- Declarações de voto 
vencedor e vencido. 
 
 STJ - ALIMENTOS -- Filho ilegítimo -- Reconhecimento da paternidade que constitui 
questão prejudicial cujo exame não faz coisa julgada -- Impossibilidade de a decisão 
determinar que desde logo se proceda a alterações no Registro Civil, tendo em vista o 
pedido exclusivamente à pretensão alimentar -- Ofensa ao art. 128 do CPC reconhecida -- 
Recurso especial provido -- Aplicação do art.469, III, do CPC e inaplicabilidade do art. 4.º, 
parágrafo único, da Lei 883/49. 
 TACivSP - TRANSAÇÃO -- Homologação transitada em julgado -- Execução da sentença 
não suspensa pela interposição de ação de anulação do acordo -- Questão que não se 
caracteriza como prejudicial, na medida em que não pode ser oposta à eficácia de caráter 
formal do julgado -- Decisão que deve prevalecer enquanto não desconstituída -- Inteligência 
dos arts. 5.º, 265, IV, "a", 325 e 486, c/c o art. 489, do CPC. 
 
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 TACrimSP - CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR -- Usura -- Conduta cuja 
tipificação depende de decisão em embargos do devedor em execução civil -- Prejudicial 
que, embora facultativa, impede a responsabilização penal -- Suspensão do processo que 
não pode ser determinada em grau de apelação -- Absolvição que se impõe por insuficiência 
probatória -- Inteligência do art. 93 e aplicação do art. 386, Vl, do CPP. 
 
 STF - CONTRABANDO -- Ação penal -- Trancamento pretendido em "habeas corpus" sob 
alegação de existência de questão prejudicial tributária e ausência de dolo -- 
Inadmissibilidade -- Crime que não depende de qualquer prejudicial de natureza 
administrativa -- Campo estreito do remédio heróico, que não permite perscrutar sobre a 
inexistência de dolo -- Denúncia fundada de forma escorreita, descrevendo conduta que, em 
tese, engloba o tipo do art. 334, primeira parte, do CP -- Constrangimento ilegal inexistente -- 
Ordem denegada. 
 
 TACrimSP - AÇ—O PENAL -- Questão prejudicial civil -- Decisão irrevogável proferida no 
Cível fazendo desaparecer elementos constitutivos do crime descrito na denúncia, tornando 
atípicos os fatos atribuídos -- Força vinculante da sentença, que deve ser aceita como 
verdade pela jurisdição penal, produzindo efeitos também em relação ao Ministério Público, 
ainda que não tenha participado do processo -- Rejeição da denúncia mantida -- Aplicação 
dos arts. 92 e 93 do CPP -- Declaração de voto. 
 
 TACivSP - EMBARGOS A EXECUÇÃO -- Declaratória incidental -- Descabimento -- 
Hipótese em que toda a matéria visando a desconstituir o título exeqüendo pode ser argüida 
nos embargos -- Inexistência, ademais, de questão prejudicial, condição de admissibilidade 
da ação, sendo único o objeto das duas demandas -- Processo extinto -- Aplicação do art. 
295, parágrafo único, III, do CPC. 
 
 TJSP - ALIMENTOS -- Paternidade reconhecida como questão prejudicial -- Irrelevância 
do fato de ser a mãe do menor casada à época da concepção, eis que separada de fato há 
vários anos -- Presunção de paternidade do marido afastada, pela inexistência de 
convivência conjugal -- Decisão que, porém, não faz prova nem coisa julgada para ação de 
filiação e petição de herança -- Verba devida -- Voto vencido -- Inteligência dos arts. 337, 
338, 340, 343 e 346 do CC e 1.º, § 2.º, da Lei 883/49. 
 
STF - ALIMENTOS -- Recurso extraordinário -- Óbice regimental relativo ao valor da causa -
- Não afastamento pelo exame da paternidade como questão prejudicial, e não objeto de 
declaratória incidental -- Ação de estado, portanto, não caracterizada -- Incidência, ademais, 
das Súmulas 279, 282, 291 e 356 -- Aplicação d arts. 5. , 325, 469, I, e 470 do CPC e 325, 
VIII, do RISTF, RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE -- Questão prejudicial em ação de 
alimentos -- Prova -- Realização do exame no sistema HLA indeferida pelo tribunal "a quo" -- 
Admissibilidade -- Suficiência dos elementos de convicção já produzidos -- Violação do art. 
560, parágrafo único, do CPC não caracterizada -- Recurso extraordinário não conhecido. 
 
 TACivSP - EMBARGOS A EXECUÇÃO -- Declaratória incidental de inexistência de 
relação jurídica -- Descabimento -- Ação em que se ataca o título visando à sua 
desconstituição, não deixando campo para discussão da causa remota, prejudicial ao pedido 
-- Possibilidade, porém, de recebimento como declaratória autônoma. 
 
 TACivSP - JULGAMENTO EM 2.ª INSTÂNCIA -- Questão prejudicial -- Argüição de 
inconstitucionalidade de lei -- Submissão ao tribunal pleno -- Falta, entretanto, de prévio 
acolhimento expresso pela Câmara -- Inadmissibilidade -- Incompetência do plenário para se 
manifestar sobre prejudicial não previamente acolhida -- Não conhecimento -- Inteligência 
dos arts. 480 e 481 do CPC -- Retorno dos autos determinado -- Declarações de votos 
vencedor e vencido. 
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 TACivSP - CONEXÃO - Despejo por falta de pagamento de aluguel e consignação em 
pagamento - Identidade de causas de pedir - Prejudicialidade manifesta - Impossibilidade de 
julgamento simultâneo - Paralisação da ação de despejo, automaticamente prejudicada se 
reconhecida a "mora accipiendi" do locador e, conseqüentemente, a força liberatória da 
consignação - Irrelevância do fato de aquela ter sido distribuída antes da prejudicial. 
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - Aluguel - "Mora accipiendi" - Desnecessidade de prova 
cabal - Ação de despejo ajuizada pelo credor logo após o vencimento do prazo legal para o 
pagamento - Fato que demonstra interesse de romper o contrato de locação por infração 
contratual -Recusa de recebimento, portanto, injustificada - Ação procedente, com 
conseqüente indeferimento da pretensão do locador. 
 
 TJSP - MEDIDA CAUTELAR -- Exibição de documentos em poder de terceiro -- Hipótese 
que não configura questão prejudicial a exigir a suspensão do processo principal -- 
Inteligência dos arts. 265, IV, "a". 355 a 363 e 381 e 382do CPC. RECURSO -- Apelação -- 
Decisão que indefere cautelar de exibição de documento -- Cabimento -- Inteligência do art. 
296 do CPC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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- TOURINHO FILHO Fernando da Costa – ―Processo Penal‖ , São Paulo, Saraiva, 1997; 
 
- LOPES João Batista – ―A Técnica de Elaboração da Sentença‖; 
 
- OLIVEIRA NETO Olavo de – ―Conexão Por Prejudicialidade‖, São Paulo, RT, 1994; 
 
Helvécio Giudice de Argôllo 
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- BARBOSA MOREIRA José Carlos – ―Questões Prejudiciais e Coisa Julgada‖, Rio , 1967; 
 
- BUZAID Alfredo – ―Ação Declaratória no Direito Brasileiro‖, Saraiva, 1943; 
 
- MIRANDA Pontes – ―Comentários ao Código de Processo Civil‖, Forense, Rio, 1947; 
 
- AMERICANO Jorge – ―Comentários ao Código de Processo Civil Brasileiro‖, Saraiva, 1940; 
 
- DINAMARCO Cândido Rangel e CINTRA Antônio Carlos de Araújo – ―Teoria Geral do 
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- SANTOS Moacir Amaral – ―Comentários ao Código de Processo Civil‖ Ed. Forense, vol.IV; 
 
- ALVIM Thereza – ―Questões Prejudiciais e Limites da Coisa Julgada‖ Ed.RT, São Paulo, 
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- Revista dos Tribunais (RT); 
 
- GRINOVER Ada Pelegrini – ―Ação Declaratória Incidental‖ Ed. RT, 1972; 
 
- GRECO FILHO Vicente – ―Direito Processual Civil Brasileiro‖ 8ª.ed. São Paulo, Saraiva, 
1983 
 
- GAMA Afonso Dionísio – ―Das Ações Prejudiciais‖, Saraiva, 1928; 
 
- GUASP Jaime – ―Derecho Procesal Civil‖ e ed. Madri, 1968;

Outros materiais