Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS E PRELIMINARES Helvécio Giudice de Argôllo SUMÁRIO: 1. Introdução – 2. Distinção entre Questões Prévias, Preliminares, Prejudiciais e dos Incidentes Processuais: 2.1 Incidentes Processuais, 2.2 Das Questões Prévias, 2.3 Das Questões Preliminares e Prejudiciais – 3.Breve Histórico do Fenômeno da Prejudicialidade – 4. Visão atual das Prejudiciais e Preliminares – 5. Da Questão Prejudicial e da Coisa Julgada – 6. Das Questões Prejudiciais Lógica e Jurídica – 7. Do Ponto Prejudicial e da Causa Prejudicial – 8. Síntese da matéria em forma de enunciados – 9. Manancial de Jurisprudência sobre a matéria. 1. INTRODUÇÃO O direito processual apresenta temas de relevante dificuldade e que exige apreciação científica de precisão para delinear os seus contornos e, assim, individualiza-los. Dentre esses temas encontram-se as questões preliminares e prejudiciais, cujos contornos, particularidades e diferenças procuraremos, tanto quanto possível nesta oportunidade, demonstrar, a partir de uma breve incursão histórica e do panorama atualizado que a doutrina e jurisprudência modernas têm sobre os institutos em questão. Para tanto, não poupamos a invocação das varias concepções dos estudiosos sobre a matéria, que muitas vezes serão incorporadas ao nosso texto, mas sempre com a preocupação rigorosa de mencionarmos a fonte da qual advém, através de notas de rodapé. 2. DOS INCIDENTES PROCESSUAIS E DA DISTINÇÃO ENTRE QUESTÕES PRÉVIAS, PRELIMINARES E PREJUDICIAIS 2.1 – INCIDENTES PROCESSUAIS Reina grande confusão no emprego da palavra incidente, não só em livros de Direito mês até nas leis. Assim nos adverte Tornaghi1 que explica a sua colocação: ―além de, com ela, se designarem vários fenômenos jurídicos, ainda aparecem escritores que inventam outros termos, os quais só servem para aumentar a confusão"2. Incidir, do latim ―incido‖, ―is‖, ―cidi‖, ―cisum‖, ―ere‖, quer dizer: cair em cima, cair dentro. Os vários tipos de procedimento (ordinário, sumário, sumaríssimo, especial) descritos numa lei de processo constituem somente esquemas ideais, concebidos teoricamente, sendo raro que numa realização prática o procedimento se reduza àquela singeleza, pois surgem quase sempre alegações, dúvidas, controvérsias que nele vêm influir. Dessa forma, cabe 1 Hélio Tornaghi “A Relação Processual Penal”, São Paulo, Saraiva, 2ª ed. 1987 Helvécio Giudice de Argôllo 2 aqui mencionar a distinção feita por Menestrina3 em matéria de prejudicialidade, que é hoje por muitos aceita: pontos incidentes (alegações, pedidos, despachos etc.), questões incidentes (controvérsias não relativas ao mérito e que devem ser resolvidas ao longo do processo) e causas incidentes (objeto de processos incidentes, que correm geralmente em autos apartados). Questões incidentes são, portanto, as controvérsias que podem surgir em meio ao processo, em torno de assunto estranho ao mérito e que são resolvidas de passagem, ―incidenter tantum‖, isto é, sem que a decisão faça coisa julgada e somente para o fim de passar adiante. Tais questões chamam-se, por essas razões, ―incidentes ou questões incidentais‖. A expressão ―questão incidental‖ é usada, ora em sentido amplo, ora no estrito. ―latu sensu‖, são incidentais todas as questões relativas ao processo, à ação ou ao mérito, que vão surgindo no decorrer do processo e devem ser logo resolvidas. Nesse sentido é usado o termo por Anichini (Incidenti, in Nuovo Digesto) ao denominar incidente a atividade processual secundária ou acessória que se insere na estrutura ordinária do processo: 1) para a solução de questões que se ligam apenas ao desenvolvimento da relação processual, sem atingir direta ou indiretamente o mérito da causa principal ou que, surgindo por ocasião dessa, a ela se vinculam sem formar parte dela; 2) para a decisão parcial antecipada de questões de mérito; 3) para a adoção de medidas provisórias ou conservativas. Stricto sensu, entretanto, questões incidentes são sempre e somente as de forma, de processo4. Tuccio e Manestrina citam um acordão da Corte de Cassação italiana em que se mostra as características da questão incidente: a) é secundária; b) é acessória; c) surge no decorrer do processo; d) abre um parêntese no procedimento; e) não absorve o mérito; f) não desmembra a questão de mérito; g) precede a decisão de mérito sem prejulgá-la. 2.2 - DAS QESTÕES PRÉVIAS A doutrina chama de questões prévias todas aquelas que devem anteceder o exame do mérito da causa, ou questão de fundo, como preferem denominar alguns. A circunstância de as questões prejudiciais e preliminares deverem ser julgadas previamente, ou seja, antes da questão principal, levou alguns processualistas a estabelecerem confusão entre elas. Assim nos alerta Tourinho Filho5: ―Sem embargo da 2 Como por exemplo, menciona: “é o caso de Jaime Guasp que fala em incidentes, incidências e superincidentes (Derecho procesal civil. 3 ed. Madri, 1968) 3 Francesco Menestrina “La Pregiudiciale nel Processo Civile, Milão, Dott. A Giuffré Editore, 1963, p.57” 4 Manestrina, ob.cit. na nota 3 5 Fernando da Costa Tourinho Filho, “Processo Penal” vol. 2, Saraiva, 18ª edição, São Paulo, 1997 Helvécio Giudice de Argôllo 3 semelhança que apresentam, que repousa, unicamente, no julgamento prévio, as questões prejudiciais distinguem-se, nitidamente , das questões preliminares‖, conforme veremos adiante, com maior detalhamento. As questões prévias são, portanto, o gênero, do qual fazem parte as questões preliminares e as questões prejudiciais, que são o objeto da nossa apreciação. 2.3 – DAS QUESTÕES PRELIMNARES E PREJUDICIAIS As questões preliminares, numa definição singela, seriam aquelas cuja solução pode tornar dispensável ou inadmissível o julgamento das questões delas dependentes, e questões prejudiciais, no dizer de alguns6, são, simplesmente, aquelas cuja decisão influenciará ou determinará o conteúdo da questão vinculada. Na palavra de Vicente Greco Filho, a preliminar, ―que pode ser processual ou de mérito, é um fato que impede o conhecimento da questão principal‖, enquanto a prejudicial ―é uma relação jurídica cuja existência ou inexistência condiciona a decisão da questão principal7‖, sendo exemplos de questões preliminares processuais, na palavra de Nelson Agnaldo Moraes dos Santos8, a litispendência, a coisa julgada, a perempção, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a ilegitimidade ―ad causam‖; e de mérito: a prescrição e a decadência. Dentro desta ótica, numa demanda em que se busca a condenação ao pagamento de multa contratual, constitui questão prejudicial a alegação de nulidade do contrato; sendo também exemplo de questão prejudicial a negação do vínculo de paternidade, apresentada pelo réu em uma demanda alimentícia. 3. BREVE HISTÓRICO DO FENÔMENO DA PREJUDICIALIDADE Visto como distintas as questões preliminares e as questões prejudiciais, vale traçarmos, com a base de Olavo de Oliveira Neto9, um breve histórico da evolução do conceito de ―prejudicialidade‖. 6 Como João Batista Lopes, citado por Nelson Agnaldo Moraes do Santos, em “A Técnica de Elaboração da Sentença.” Saraiva, 1996, baseado nas lições de Pontes de Miranda, Barbosa Moreira e Thereza Alvim. 7 Vicente Greco Filho “Direito Processual Civil Brasileiro”. 8. ed. São Paulo, Saraiva, 1993. 8 Ob.citada 9 In “Conexão por Prejudicialidade”, São Paulo,RT, 1994 Helvécio Giudice de Argôllo 4 O fenômeno da prejudicialidade era conhecido em Roma, onde existiam as ―praeiudicialis‖. Tratavam-se de fórmulas destituídas de carga condenatória, onde se objetivava apenas a certeza acerca determinada intenção. Em outras palavras, segundo lição de José Carlos Barbosa Moreira10: Acerca dos ―praeiudicia‖ romanos, a despeito de obscuridade e contradições que se apontam nas fontes, algumas noções precisas podem ter-se por assentes, à vista das conclusões a que chegaram os mais autorizados estudiosos do assunto. Na sua feição mais característica, o instituto visava precipuamente à fixação judicial da certeza jurídica em torno de certa relação ou estado. A fórmula ―praeiudicialis‖, desprovida de ―condemnatio‖, reduzia-se à ―intentio. Nota-se, pois, que a prejudicialidade estava ligada à criação da nossa ação declaratória, consoante mencionado por Alfredo Buzaid11, assim: ―As ações prejudiciais, no direito romano, são apenas o ponto de partida do desenvolvimento da ação declaratória‖ , pois a fórmula romana não continha carga de condenação , limitando-se a tornar certa a interpretação acerca de determinada ralação jurídica. Não havia uma definição própria do fenômeno prejudicialidade, embora fosse conhecido e identificado para efeito de declaração. Como essas ações diziam respeito, quase sempre, ao estado das pessoas, o direito pátrio mais remoto entendia que existia uma espécie de ação denominada prejudicial, que tratava apenas desse tipo de matéria. Em outras palavras, entendia-se que as questões prejudiciais eram aquelas que tratavam do estado de pessoas. Não obstante a concepção romana, os autores lograram identificar e definir questões prejudiciais, que deveriam ser solucionadas antes de se dar uma decisão à ação chamada por eles de principal. Nesse sentido é a colocação de Affonso D. Gama12, que oferecia a seguinte definição: ―Questões ou excepções prejudiciaes são aquellas , cuja prévia decisão é necessária para que possa haver julgamento sobre outras questões, que se prendem , e que podem ficar sem objeto, conforme as prejudiciais forem decididas desta ou d’aquella maneira‖. Pontes de Miranda13, por seu turno, embora não tenha chegado à essência do conceito atual de prejudicialidade, percebeu que ela estava ligada com a relação existente entre questões. Por isso definiu assim: Compreende-se que o princípio de serem julgadas antes da questão principal as questões prejudiciais seja deduzido da própria definição de prejudicialidade e até do étimo 10 José Carlos Barbosa Moreira, “Questões Prejudiciais e Coisa Julgada, Rio, 1967, p. 15. 11 Alfredo Buzaid, “Ação Declaratória no Direito Brasileiro”, Saraiva, 1943. 12 Affonso Dionísio Gama, “Das A;cões Prejudiciaes”, Saraiva, 1928 p. 17. 13 Comentários ao Código de Processo Civil, Forense, Rio, 1947 Helvécio Giudice de Argôllo 5 (praejudicialis): dá-se prejudicialidade quando alguma questão se interpõe que pode excluir a obrigação de sentenciar sobre a questão principal. Jorge Americano14, citado por Olavo de Oliveira Neto, ensinava que as questões prejudiciais eram aquelas relacionadas com o ―próprio juízo, em sua composição‖. Identificava a existência de três espécies: A que diz respeito à competência do Juízo, a que diz respeito a suspeição do juiz e outras, chamadas de preliminares, que diziam respeito ao processo (nulidades processuais) ou ao mérito (litispendência , coisa julgada e exceções de direito substantivo, como a novação, compensação, prescrição etc.). Daí já se percebe uma aproximação dos conceitos modernos, pois existe uma classificação das questões prévias e a distinção entre elas, o ponto e a causa prejudicial. Com base nesse panorama, Ada Pellegrini Grinover15 professava que O julgamento da questão final só pode ser feito após a eliminação gradativa de todas as questões prejudiciais, assim chamadas por constituírem o antecedente lógico da decisão final, e por serem julgadas antes que se possa decidir sobre a questão principal. Ainda, elaborou uma classificação das questões dizendo que aquelas que surgem durante o processo são prejudiciais em sentido lato, reservando a denominação de prejudiciais em sentido estrito para as questões relativas a outros estados ou relações jurídicas, que não dizem respeito à relação jurídica controvertida, mas que, embora podendo ser objeto de processo autônomo, apresentam-se naquele processo apenas como ponto duvidoso na discussão da questão principal. E conclui dizendo que ―às questões prejudiciais em sentido lato, dá-se hoje o nome de questões preliminares‖. Alfredo Buzaid16 trata de diferenciar as questões prejudiciais e as questões preliminares, dizendo que estas dizem respeito aos pressupostos do processo, enquanto aquelas seriam as que constituem objeto próprio da ação declaratória incidental. Toda essa evolução das noções ligadas à relação de prejudicialidade, diz Olavo de Oliveira Neto17, demonstram que ainda não se havia apurado a verdadeira concepção do instituto, sendo gritantes as divergências de entendimento, tendo-se que cada autor adotava uma posição frente o problema, segundo sua ótica particular e às vezes isolada. 4. VISÃO ATUAL DAS PREJUDICIAIS E PRELIMINARES 14 In “Comentários ao Código de Processo Civil do Brasil”, Saraiva, 1940, v.1º/601 e ss 15 Ada Pelegrini Grinover “Ação Declaratória Incidental”, Ed. RT, 1972, pp. 9-11 16 Alfredo Buzaid, “Ação Declaratória no Direito Brasileiro”, Saraiva, 1943, pp. 187-189 17 “Conexão por Prejudicialidade”, ed. RT, São Paulo, 1994, p. 76 Helvécio Giudice de Argôllo 6 A moderna concepção do que seja questões prejudiciais e preliminares tem sustentação na obra de Menestrina18, que entre nós foi estudada com profundidade por Barbosa Moreira, Thereza Alvim e Scarence Fernandes, para quem todas as questões que surgem no decorrer do processo, devendo ser conhecidas e decididas antes da decisão do mérito, são chamadas de questões prévias. Todas elas são logicamente antecedentes de outras, havendo entre elas uma relação de dependência. Assim, toda questão que surge ao longo do processo e exige decisão antes do mérito da causa deve ser considerada uma questão prévia. Se, ao contrário, o juiz puder conhecer e julgar a causa sem decidir a questão, ela não será prévia. Desse modo se pode afirmar que o que caracteriza uma questão prévia é o seu aparecimento durante o processo e a necessidade de sua decisão antes da decisão de mérito, ou ainda, que entre as questões, prévias e de mérito, existe uma relação de dependência, porque aquelas devem ser apreciadas e decididas necessariamente antes desta. A partir dessa constatação, Olavo de Oliveira Neto19 faz uma definição da questão prévia como sendo ―aquela que aparece no decorrer do processo e deve, lógica e necessariamente, ser decidida antes do julgamento final da causa‖. E nos alerta no sentido de que, ―se é correto dizer que essas questões (prévias) influenciam a questão final, pois se assim não fosse não haveria necessidade de decidi-las antes, também é certo que essa influência não se dá sempre da mesma maneira‖. Dessa constatação é que irá resultar a distinção mais precisa entre as questões prévias e preliminares, feita por Barbosa Moreira, segundo a qual, fugindo da tendência generalizada em visualizar e definir as questões preliminares a partir da matéria que veicula, ou seja, como sendo tão somente aquelas que digam respeito aos pressupostos processuais, centra tal distinção na maneira pela qual as questões prévias influenciama questão principal. Segundo ele20, para a construção da sua síntese e estabelecimento de critério distintivo entre as preliminares e prejudiciais, bem assim para a formulação de esquema classificatório das questões prévias, que se a solução de uma questão influi necessariamente na de outra, e se em razão de tal influência é que se vai atribuir tal ou qual ―nomen júris‖, a investigação da distinção deve concentrar-se no esclarecimento da relação que liga as duas questões, ou seja, no tipo de influência que uma questão vai gerar ou realizar na outra; partindo-se do 18 Ob cit. na nota 3 19 Ob.citada na nota 17 20 “Questões Prejudiciais e Coisa Julgada” Rio, 1967 Helvécio Giudice de Argôllo 7 pressuposto de que a solução de certa questão pode influenciar a de outra de duas maneiras; uma tornando dispensável ou impossível a solução dessa outra; ou, duas, predeterminando o sentido em que a outra há de ser resolvida. Dessa forma, questões preliminares seriam todas aquelas que, necessária e logicamente, atuam na questão principal de modo a tornar dispensável ou impossível a sua apreciação, enquanto que as questões prejudiciais seriam todas as que atuam, também necessária e logicamente, na questão principal, mas apenas influenciando na sua solução. Conforme ensinamento de Tereza Alvim, citada por Olavo de Oliveira Neto21, nessa mesma linha, as questões preliminares seriam aquelas que devem, lógica e necessariamente, ser decididas antes da questão subseqüente, pois impedem sua decisão; enquanto que as prejudiciais são aquelas que devem lógica e necessariamente, ser decididas antes da questão subseqüente , porque influenciam na sua decisão. Eis ai, então, o que se deve observar para a correta distinção e classificação das questões prejudiciais e das questões preliminares, que são, igualmente, questões prévias. Dentro dessa concepção, se percebe que não é equivocada a afirmação de que a maioria das questões preliminares estão, de regra, vinculadas aos pressupostos processuais, sejam os de existência - que permitem o surgimento da relação processual - sejam os de validez - que permitem a apreciação do "meritum causae" ; mas o que não se pode dizer é que se encerrem nessas matérias. O próprio Barbosa Moreira nos faz a advertência de que esses conceitos devem ser observados com certa relatividade, porquanto uma questão X pode ser preliminar da questão Y e prejudicial da questão Z; sendo importante observar sim, é a natureza da influência que a questão condicionante (prévia) exerce sobre a condicionada (principal), e não propriamente a matéria que veicula. Com isso é possível concluir que não se pode estabelecer previamente quais questões são preliminares e quais são prejudiciais, como grande parte da doutrina costuma fazer. Vale registrar que a natureza da relação que surge entre as questões condicionante e condicionada nem sempre é de direito material, como pretendem os partidários da denominada corrente substancialista22, podendo perfeitamente ser de cunho processual, 21 Obra citada (na nota nº17), pg.78 22 Corrente oriunda da Alemanha,na primeira metade do século XIX, retornada em época recente na Itália, onde alcançou interesse e desenvolvimento. Helvécio Giudice de Argôllo 8 como na hipótese em que a relação de prejudicialidade entre as questões se dá em razão de matérias de cunho exclusivamente processual, a exemplo do que ocorre na solução de incidente de impugnação ao valor da causa como prejudicial à decisão quanto ao acerto do procedimento a ser adotado em determinada demanda. Afigura-se importante trazermos a classificação das questões prejudiciais proposta por Barbosa Moreira23 que tem em vista três aspectos: A origem, que levaria em conta o ramo do direito a que pertencem as questões; Os efeitos, quando a solução da prejudicial impusesse, ou não, ao juiz, a suspensão do processo e a influência exercida na questão condicionada ou principal. Assim, graficamente: PREJUDICIAIS HOMOGÊNEAS: Se as questões forem afetas ao mesmo ramo do direito. Ex. A prova da paternidade como condicionante da tutela alimentícia. QUANTO A ORÍGEM PREJUDICIAIS HETEROGÊNEAS: Se as questões forem afetas a ramos do direito diferentes. Ex. A definição do titular da propriedade no Cível, como condicionante à demanda por crime de furto (subtração de coisa alheia) OBRIGATÓRIA: Impõe ao juiz a suspensão do processo QUANTO AOS EFEITOS FACULTATIVA: A suspensão do processo é discricionária TOTAL: Quando as questões influenciam nas sua prejudicadas de maneira absoluta no que toca à sua decisão. QUANTO A INFLUÊNCIA EXERCIDA SOBRE A A QUESTÃO PRINCIPAL PARCIAL: Quando as questões prejudiciais influenciam apenas parcialmente na decisão da questão prejudicada ou principal. 5 . DA QUESTÃO PREJUDICIAL E DA COISA JULGADA Nesse aspecto é conveniente lembrar que a apreciação da questão prejudicial, em regra, não produz coisa julgada material, consoante disposição expressa do art. 469 inc. III do Código de Processo Civil. Mas, nos termos do art. 470 deste mesmo estatuto, faz coisa julgada a resolução da questão prejudicial se a parte o requerer (art. 5º e 325) e o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto processual necessário para o 23 Ob. citada na nota 10 Helvécio Giudice de Argôllo 9 julgamento da lide ou, mais corretamente, do pedido. É que nessas casos, consoante ensinamento preciso de Ada Pellegrini Grinover24 , insere-se no processo em andamento uma nova pretensão, deduzida mediante ação declaratória incidental, que transforma também a questão prejudicial em objeto do processo, passando a ser decidida, por sentença, junto com a principal (no dispositivo da sentença e não entre os motivos). Ainda sobre o preceito constante no inc. III do art. 469, relativo às questões prejudiciais fazerem ou não coisa julgada, são bem esclarecedoras as lembranças e ensinamentos de Moacir Amaral Santos25 quando assenta que ―a resolução de tais questões como motivos da decisão final, isto é, como fim de fundamentá-la, não incide em coisa julgada.‖ O mesmo Amaral Santos, ainda na mesma passagem de sua obra, lembrando que foi Chiovenda quem inspirou o inc. III do art. 469 do CPC, transcreve nela a seguinte lição deste jurista sobre a questão que se analisa: As questões prejudiciais são decididas, em regra, sem os efeitos de coisa julgada (incidenter tantum). Daí a necessidade de manter a coisa julgada nos confins da demanda, e de discernir na cognição as questões prejudiciais ou motivos, sobre os quais o juiz decide incidenter tantum, ou seja, com o fim exclusivo de preparar a decisão final, mesmo quando não se insiram em sua competência, e a demanda baseada na qual a causa é designada à sua competência e sobre a qual provê principaliter, com autoridade de julgado. Concluindo as suas colocações sobre a matéria em foco (questão prejudicial e coisa julgada) o apontado jurista sintetiza assim: O princípio é que não faz coisa julgada a apreciação de questão prejudicial, seja esta ou aquela solução , feita incidentalmente no processo. Ou, com as palavras da lei: não faz coisa julgada a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentalmente no processo (art. 469, nº III). De tal modo, se a resolução da questão prejudicial se dá apenas como preparação lógica do julgamento da lide, não fará coisa julgada, mas apenas terá a natureza e a eficácia de motivo da sentença. Todavia, se qualquerdas partes, no momento próprio, requerer que a prejudicial seja resolvida com força de sentença declaratória, isto é, se a seu respeito propuser ação declaratória incidente, a decisão , que a declarar, acolhendo-a ou rejeitando-a, terá eficácia de coisa julgada. 6 . DA QUESTÃO PREJUDICIAL LÓGICA E JURÍDICA Pelo que foi até aqui colocado, verifica-se que o instituto da prejudicialidade (consubstanciado nas questões prejuduciais) se erige como de natureza tipicamente processual; e ainda, que para a sua distinção das questões preliminares não se faz uso de nenhum critério jurídico, mas tão somente de critérios lógicos. A partir disso é possível 24 In “Teoria Geral do Processo” , junto com Antônio Carlos de Araújo Cintra e Cândido Rangel Dinamerco, Ed. Malheiros, 13ª edição, 1997, pag. 312. 25 “Comentários ao Código de Processo Civil” , Ed. Forense, Vol. IV, 6ª edição pg.442 Helvécio Giudice de Argôllo 10 concluir que não há questão prejudicial que não seja lógica; o mesmo não acontecendo em relação às questões prejudiciais em sentido jurídico, ou simplesmente prejudiciais jurídicas, assim definidas por Barbosa Moreira26 como sendo aquelas que se caracterizam por ensejarem a possibilidade de fazer, das matérias que trata, coisa julgada. Assim, teríamos que toda prejudicial jurídica é também lógica, mas nem toda prejudicial lógica é necessariamente jurídica. Eis, ―ipsis litteris‖, a lição de Barbosa Moreira: Para revestir-se de interesse prático, o critério de distinção entre prejudicialidade meramente lógica e prejudicialidade jurídica há de se atender a um requisito essencial: ser bastante para isolar as questões em relação as quais tenha sentido indagar se fazem ou não coisa julgada os pronunciamentos judiciais que as resolvem, sem excluir a priori, por outro lado, nenhuma questão a propósito da qual seja lícito suscitar o problema. O requisito fica preenchido com a negação da qualidade de prejudicial em sentido jurídico: a) às questões referentes à identificação e interpretação da norma; b) às meras questiones facti.. É exatamente o resultado da aplicação do critério a que se alude: limita ele o horizonte às questões que implicam valoração jurídica dos fatos – e são essas as questões a cujo respeito, em princípio, vale formular a indagação relativa à justa causa‖. 7. DO PONTO PREJUDICIAL E DA CAUSA PREJUDICIAL Hélio Tornaghi define ponto prejudicial como qualquer matéria, de direito ou de fato, não controvertida, que o juiz tenha de verificar por ser pressuposto da decisão sobre o que pede o autor, apenas incidentalmente, e com único objetivo de chegar à conclusão final27. De tal definição poderemos concluir, junto com Thereza Celina Alvim28, que o ponto prejudicial nada mais é do que uma questão que foi decidida anteriormente ao processo, com força de coisa julgada. Quanto a causa prejudicial, é Barbosa Moreira29 quem a define como aquela ―resultante de pronunciamento emitido principaliter em processo distinto, mas ao menos em parte contemporâneo, que pode ter nascido independentemente, mas também pode ter-se originado do próprio processo em que se discute a questão subordinada‖. 8 . SÍNTESE DA MATÉRIA EM FORMA DE ENUNCIADOS 26 Ob. citada na nota 10 27 Hélio Tornaghi, “Comentários ao Código de Processo Civil” vol. 1, pag. 97, Ed. RT, 1974 28 Thereza Alvim , “Questões Prejudiciais e Limites da Coisa Julgada”, Ed. RT, São Paulo, 1977. 29 Ob. citada na nota nº10 Helvécio Giudice de Argôllo 11 Questão prejudicial ,segundo os ensinamentos de Barbosa Moreira, é aquela que influi no teor do julgamento de outra. Segundo José Alberto dos Reis, é aquela cuja solução é necessária para se decidir uma outra; é a questão, matéria, que, não sendo aquela proposta para ser solucionada, influi ou pode influir na sua decisão. O acolhimento das preliminares impede a apreciação das questões logicamente subseqüentes. Já o juízo proferido na questão prejudicial repercute no conteúdo da decisão principal. Dessa forma, se o juízo acolher a alegação de coisa julgada (como qualquer outra preliminar), não adentrará ao mérito. Mas, acolhendo ou rejeitando a prejudicial, deverá julgar o pedido principal de modo coerente com o juízo anterior. Questões preliminares são aquelas que devem, lógica e necessariamente, ser decididas antes da questão subseqüente, pois impedem a sua decisão; Não se pode estabelecer previamente, como parte da doutrina pretende, quais as questões preliminares e quais são as prejudiciais, uma vez que uma mesma matéria poderá, conforme o caso concreto, influenciar a questão subseqüente de maneira diversa; Não se pode que as questões preliminares, em regra, estão ligadas aos pressupostos processuais . A relação de prejudicialidade entre as questões prévias e principal se estabelecem, tanto em função de conteúdo material, quanto do conteúdo processual; Ponto prejudicial é uma questão que foi decidida anteriormente ao processo, com força de coisa julgada. Causa Prejudicial é aquela que exerce sobre outra causa , de natureza idêntica ou diversa, influência que impede ou direciona o seu julgamento. A decisão da questão prejudicial , em regra, não faz coisa julgada. Entretanto, se solicitada a sua decisão em forma de sentença declaratória incidental, na forma do art. 5º do CPC, sua decisão fará coisa julgada. 9. MANANCIAL DE JURISPRUDÊNCIA SOBRE A MATÉRIA 30 “Não há litispendência entre a ação declaratória direta e questão prejudicial decidida ―incidenter tantum em ação pendente distinta, porque esta não produz coisa julgada material , a teor dos arts. 5º, 325 e 470 do CPC.‖ (Ac. unân. 4.012 da 1ª Câm. do TJPR de 13.5.86, na apel. 145/84, rel. Des. Cláudio Nunes do Nascimento) TACivSP - INDENIZAÇÃO -- Possessória -- Ampliação do pedido -- Contra-ação que só pode ser proposta em face do autor da possessória -- Discussão sobre contrato e área diversos -- Inadmissibilidade. SENTENÇA -Questões preliminares ou prejudiciais que não foram examinadas - Apreciação em sede de apelação – Inadmissibilidade. Inteligência do art. 515 do Código de Processo Civil. TJSP - FALSIDADE DOCUMENTAL _ Uso de documento falso _ Delito cometido em processo cível _ Sentença deste ainda não transitada em julgado _ Irrelevância para a consumação do falso _ Pendência, no entanto, de apelação com questões que podem 30 A jurisprudência foi coletada a partir de pesquisa realizada em todas as “Revistas dos Tribunais” do período de janeiro de 86 até hoje, ou seja, dos volumes 603 a 750. Helvécio Giudice de Argôllo 12 assumir o caráter de prejudiciais - Suspensão da ação penal - Aplicação do art. 93 do CPP. STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO -- Desistência não homologada -- Acórdão não transitado em julgado -- Nova interposição no prazo legal -- Tempestividade -- Recurso declarado tempestivo, mas não conhecido -- Votos vencidos. CERCEAMENTO DE DEFESA -- Descaracterização -- Oportunidade dada para apresentação de razões escritas, inclusive para alegações de mérito -- Silêncio da parte sobre as questões de fundo, limitando-se a suscitar preliminares de nulidade do processo -- Inteligência dos arts. 5.º, V, do Dec.-lei 201/67, e 153, § 15, da CF/69 -- Recurso declarado tempestivo, mas não conhecido – voto vencido. STJ - CONEXÃO - Execução e ação consignatória - Admissibilidade - Eventual procedência da consignatória que se revela como prejudicial ao direito do credor. STF - RECURSO EXTRAORDINÁRI0 - Prazo para sua interposição - Não decurso em férias. RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Decisãodefinitiva - O que se entende - Questão prejudicial de inconstitucionalidade que não se inclui - Inclusão do caso concreto para julgar o recurso. AGRAVO REGIMENTAL - Traslado deficiente - Falta da decisão do plenário, peça essencial à compreensão da controvérsia - Negado o provimento ao Agravo - Voto vencedor. TACivSP - DESPEJO -- Denúncia vazia -- Propositura posterior de renovatória de locação pelo locatário -- Identidade de causa de pedir ou objeto entre as demandas inexistente -- Conexão não configurada -- Suspensão do segundo feito determinada até o julgamento da ação prejudicial -- Aplicação do art. 265, IV, "a", do CPC. TJSP - INCIDENTE DE FALSIDADE -- Argüição que se refere tão-só à falsidade documental (arts. 390-395 do CPC) -- Impossibilidade de ter por objeto certidões, laudos, memoriais, autos, termos de serventuários ou auxiliares do juízo, que não são documentos produzidos por uma parte contra a outra. PROCESSO -- Questão prejudicial penal (art. 1l0 do CPC) -- Caracterização somente quando o fato ilícito elemento do suporte fático da regra jurídica de Direito Penal é ao mesmo tempo elemento do suporte fático da regra jurídica de Direito Civil, justificando o sobrestamento do feito até o deslinde da ação penal. PROVA -- Declaração escrita de testemunha -- Depoimento veiculado sem o indispensável contraditório (CPC, arts. 336 e 410) -- Valor probante inexistente. SEPARAÇÃO JUDICIAL -- Grave violação dos deveres do casamento -- Procedência da ação não comprometida pelo simples fato de estar o autor freqüentando ainda o antigo lar conjugal. TAMG - DESPEJO -- Imóvel objeto de usufruto -- Ilegitimidade "ad causam" -- Ação proposta pelo nu-proprietário -- Irrelevância da argüição de nulidade da cláusula contratual de usufruto sucessivo -- Questão prejudicial que não pode ser decidida incidentalmente por não ser o usufrutuário parte na relação principal -- Carência decretada -- Declarações de voto vencedor e vencido. STJ - ALIMENTOS -- Filho ilegítimo -- Reconhecimento da paternidade que constitui questão prejudicial cujo exame não faz coisa julgada -- Impossibilidade de a decisão determinar que desde logo se proceda a alterações no Registro Civil, tendo em vista o pedido exclusivamente à pretensão alimentar -- Ofensa ao art. 128 do CPC reconhecida -- Recurso especial provido -- Aplicação do art.469, III, do CPC e inaplicabilidade do art. 4.º, parágrafo único, da Lei 883/49. TACivSP - TRANSAÇÃO -- Homologação transitada em julgado -- Execução da sentença não suspensa pela interposição de ação de anulação do acordo -- Questão que não se caracteriza como prejudicial, na medida em que não pode ser oposta à eficácia de caráter formal do julgado -- Decisão que deve prevalecer enquanto não desconstituída -- Inteligência dos arts. 5.º, 265, IV, "a", 325 e 486, c/c o art. 489, do CPC. Helvécio Giudice de Argôllo 13 TACrimSP - CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR -- Usura -- Conduta cuja tipificação depende de decisão em embargos do devedor em execução civil -- Prejudicial que, embora facultativa, impede a responsabilização penal -- Suspensão do processo que não pode ser determinada em grau de apelação -- Absolvição que se impõe por insuficiência probatória -- Inteligência do art. 93 e aplicação do art. 386, Vl, do CPP. STF - CONTRABANDO -- Ação penal -- Trancamento pretendido em "habeas corpus" sob alegação de existência de questão prejudicial tributária e ausência de dolo -- Inadmissibilidade -- Crime que não depende de qualquer prejudicial de natureza administrativa -- Campo estreito do remédio heróico, que não permite perscrutar sobre a inexistência de dolo -- Denúncia fundada de forma escorreita, descrevendo conduta que, em tese, engloba o tipo do art. 334, primeira parte, do CP -- Constrangimento ilegal inexistente -- Ordem denegada. TACrimSP - AÇ—O PENAL -- Questão prejudicial civil -- Decisão irrevogável proferida no Cível fazendo desaparecer elementos constitutivos do crime descrito na denúncia, tornando atípicos os fatos atribuídos -- Força vinculante da sentença, que deve ser aceita como verdade pela jurisdição penal, produzindo efeitos também em relação ao Ministério Público, ainda que não tenha participado do processo -- Rejeição da denúncia mantida -- Aplicação dos arts. 92 e 93 do CPP -- Declaração de voto. TACivSP - EMBARGOS A EXECUÇÃO -- Declaratória incidental -- Descabimento -- Hipótese em que toda a matéria visando a desconstituir o título exeqüendo pode ser argüida nos embargos -- Inexistência, ademais, de questão prejudicial, condição de admissibilidade da ação, sendo único o objeto das duas demandas -- Processo extinto -- Aplicação do art. 295, parágrafo único, III, do CPC. TJSP - ALIMENTOS -- Paternidade reconhecida como questão prejudicial -- Irrelevância do fato de ser a mãe do menor casada à época da concepção, eis que separada de fato há vários anos -- Presunção de paternidade do marido afastada, pela inexistência de convivência conjugal -- Decisão que, porém, não faz prova nem coisa julgada para ação de filiação e petição de herança -- Verba devida -- Voto vencido -- Inteligência dos arts. 337, 338, 340, 343 e 346 do CC e 1.º, § 2.º, da Lei 883/49. STF - ALIMENTOS -- Recurso extraordinário -- Óbice regimental relativo ao valor da causa - - Não afastamento pelo exame da paternidade como questão prejudicial, e não objeto de declaratória incidental -- Ação de estado, portanto, não caracterizada -- Incidência, ademais, das Súmulas 279, 282, 291 e 356 -- Aplicação d arts. 5. , 325, 469, I, e 470 do CPC e 325, VIII, do RISTF, RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE -- Questão prejudicial em ação de alimentos -- Prova -- Realização do exame no sistema HLA indeferida pelo tribunal "a quo" -- Admissibilidade -- Suficiência dos elementos de convicção já produzidos -- Violação do art. 560, parágrafo único, do CPC não caracterizada -- Recurso extraordinário não conhecido. TACivSP - EMBARGOS A EXECUÇÃO -- Declaratória incidental de inexistência de relação jurídica -- Descabimento -- Ação em que se ataca o título visando à sua desconstituição, não deixando campo para discussão da causa remota, prejudicial ao pedido -- Possibilidade, porém, de recebimento como declaratória autônoma. TACivSP - JULGAMENTO EM 2.ª INSTÂNCIA -- Questão prejudicial -- Argüição de inconstitucionalidade de lei -- Submissão ao tribunal pleno -- Falta, entretanto, de prévio acolhimento expresso pela Câmara -- Inadmissibilidade -- Incompetência do plenário para se manifestar sobre prejudicial não previamente acolhida -- Não conhecimento -- Inteligência dos arts. 480 e 481 do CPC -- Retorno dos autos determinado -- Declarações de votos vencedor e vencido. Helvécio Giudice de Argôllo 14 TACivSP - CONEXÃO - Despejo por falta de pagamento de aluguel e consignação em pagamento - Identidade de causas de pedir - Prejudicialidade manifesta - Impossibilidade de julgamento simultâneo - Paralisação da ação de despejo, automaticamente prejudicada se reconhecida a "mora accipiendi" do locador e, conseqüentemente, a força liberatória da consignação - Irrelevância do fato de aquela ter sido distribuída antes da prejudicial. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - Aluguel - "Mora accipiendi" - Desnecessidade de prova cabal - Ação de despejo ajuizada pelo credor logo após o vencimento do prazo legal para o pagamento - Fato que demonstra interesse de romper o contrato de locação por infração contratual -Recusa de recebimento, portanto, injustificada - Ação procedente, com conseqüente indeferimento da pretensão do locador. TJSP - MEDIDA CAUTELAR -- Exibição de documentos em poder de terceiro -- Hipótese que não configura questão prejudicial a exigir a suspensão do processo principal -- Inteligência dos arts. 265, IV, "a". 355 a 363 e 381 e 382do CPC. RECURSO -- Apelação -- Decisão que indefere cautelar de exibição de documento -- Cabimento -- Inteligência do art. 296 do CPC. BIBLIOGRAFIA - TORNAGHI Hélio – ―A Relação Processual Penal‖, São Paulo, Saraiva, 2ª ED. 1987; - TORNAGHI Hélio – ―Comentários ao Código de Processo Civil‖, Ed. RT, 1974; - MENESTRINA Francesco – ―La Pregiudiciale nel Processo Civile‖ Milão, Dott. A Giuffré Editora, 1963; - TOURINHO FILHO Fernando da Costa – ―Processo Penal‖ , São Paulo, Saraiva, 1997; - LOPES João Batista – ―A Técnica de Elaboração da Sentença‖; - OLIVEIRA NETO Olavo de – ―Conexão Por Prejudicialidade‖, São Paulo, RT, 1994; Helvécio Giudice de Argôllo 15 - BARBOSA MOREIRA José Carlos – ―Questões Prejudiciais e Coisa Julgada‖, Rio , 1967; - BUZAID Alfredo – ―Ação Declaratória no Direito Brasileiro‖, Saraiva, 1943; - MIRANDA Pontes – ―Comentários ao Código de Processo Civil‖, Forense, Rio, 1947; - AMERICANO Jorge – ―Comentários ao Código de Processo Civil Brasileiro‖, Saraiva, 1940; - DINAMARCO Cândido Rangel e CINTRA Antônio Carlos de Araújo – ―Teoria Geral do Processo‖ Ed. Malheiros, 13ª edição, 1997; - SANTOS Moacir Amaral – ―Comentários ao Código de Processo Civil‖ Ed. Forense, vol.IV; - ALVIM Thereza – ―Questões Prejudiciais e Limites da Coisa Julgada‖ Ed.RT, São Paulo, 1977; - Revista dos Tribunais (RT); - GRINOVER Ada Pelegrini – ―Ação Declaratória Incidental‖ Ed. RT, 1972; - GRECO FILHO Vicente – ―Direito Processual Civil Brasileiro‖ 8ª.ed. São Paulo, Saraiva, 1983 - GAMA Afonso Dionísio – ―Das Ações Prejudiciais‖, Saraiva, 1928; - GUASP Jaime – ―Derecho Procesal Civil‖ e ed. Madri, 1968;
Compartilhar