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America II Sistema Escravista nas Américas.

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Os sistemas escravistas das América tem sido fonte de diferentes perspectivas de analise por parte dos historiadores. Hebert Klein, em ´´ A experiência afro-americana numa perspectiva comparativa: situação atual do debate sobre a escravidão nas américas`` demonstra que a os estudos desenvolvidos pela historiografia das décadas de 40 a 70 do século passado que pretenderam abordar este tema, apontaram aspectos que comparativamente apresentam semelhanças e distinções especificas, mas que por sua vez possibilitaram a construção de interessantes questões sobre o desenvolvimento destas sociedades escravistas. Permitindo o desenvolvimento dos focos de abordagem segundo a metodologia utilizada por parte dos pesquisadores. 
	Klein ao situar a sua abordagem a partir do método comparativo, demonstra os ganhos conceituas que são possíveis a partir desta analise. Busca ao fundo perceber nas distintas sociedades escravistas seus caracteres particulares, o que possibilita progressivamente inferir os aspectos mais gerais deste modelo de sociedade. Desta forma, a analise é pontual e compreende quatro elementos – mercado de trabalho, estruturas demográficas, manumissão e a possibilidade de mobilidade social de pessoas de cor livres- o que possibilita ao leitor acompanhar uma reflexão mais elaborada sobre as relações estabelecidas dentro das sociedades escravistas das américas. 
	Começa deste modo a apontar as contradições entre estes sistemas, orientando o leitor a formular uma imagem distinta entre estas sociedades, que claramente possibilita a identificação de suas especificidades segundo os aspectos relativos à realidade social em relação ao tipo de sistema empregado. Esses aspectos são estabelecidos por sua vez em referência a características econômicas, sociais e politicas particulares a cada sociedade. Mas que em geral, se compreendem segundo a sua finalidade econômica, apontada como uma semelhança geral segundo o autor, da qual se orientava para a produção de bens de exportação. O autor aponta para as especificidades existentes entre as diferentes regiões quanto à inserção dentro deste sistema da mão de obra de imigrantes, que em muitos casos se apresentava como uma desvantagem econômica para a execução de certas tarefas, devido os custos e a sua possibilidade de exploração direta. Justifica-se por sua vez a concentração da mão de obra escrava no campo em contra partida a meio urbano, mas que não a excluía de estar inserida neste meio. Todas essas sociedades empregavam um sistema de hierarquização das funções de forma bastante semelhante, e da qual a utilidade do escravo era a peça fundamental. Estas´´fabricas do campo`` segundo o Klein era um tipo próprio da organização do trabalho dentro do sistema escravista.
 Desenvolveu-se neste processo, como herança do passado colonial, uma característica fundamental a estas sociedades, em função das suas estruturas demográficas, segundo a qual as regiões mais ricas possuíam uma concentração maior de escravos. Aspecto este que por sua vez se apresenta como uma semelhança em todas as sociedades escravistas das Américas. Destoando apenas em relação à concentração destes escravos nas mãos dos senhores, e as funções que ocupavam dentro destas sociedades, assim como a possível mobilidade social que caracterizava as suas particularidades. 
	É neste sentido que, em relação à organização do trabalho que o autor aponta uma das principais características comuns a este sistema. A semelhança dava-se em função da cultura que era empregada, isto é, o seu regime de exploração e o lugar ocupado pelos cativos neste sistema. O Açúcar, por exemplo, despendia de uma técnica de cultivo que necessitava de correspondência direta do trabalho qualificado dos escravos. A lavoura era por excelência um lugar masculino, enquanto as demais funções eram ocupadas por mulheres. Apesar de o açúcar ser uma cultura mais degradante em todo o seu processo de produção, se for comparada ao algodão norte americano, percebemos uma semelhança fundamental dentro destas ``empresas do campo`` isto é, a origem da mão de obra empregada no trabalho e a sua disciplina. Hierarquizada no campo na relação entre feitores e cativos. Hebert Klein aponta um fator de distinção entre os sistemas Americanos, do qual a relativa escassez da oferta de mão de obra branca, assim como as suas capacidades de execução de tarefas demandadas por este sistema, determinava os lugares ocupados por estes escravos dentro da sociedade. Isso implicaria por sua vez, em uma maior capacitação destes indivíduos escravizados para a execução das tarefas demandadas, fato que ocorreu com maior frequência nas sociedades Hispânicas e no Brasil em comparação aos EUA, que distinguia claramente as funções que poderiam ser ocupadas por Negros e Brancos.
	É neste sentido que Klein demonstra a relação deste tipo de função exercida pelos cativos nas diferentes sociedades com os padrões de manumissão por elas apresentados. Por sua vez, isso implica segundo o autor diretamente na possibilidade de mobilidade social destes negros livres dentro destas sociedades. Estes aspectos eram relativos à relação estabelecida entre os Senhores e os seus Escravos, da qual toda a possibilidade de negociação proferia um espaço de mobilidade dentro do sistema. O autor levanta uma questão interessante sobre este tipo de relação, refletindo até que ponto estas características apresentadas pelas sociedades Latinas estava intrinsecamente estabelecidas em função das características particulares das Monarquias Católicas, que asseguravam segundo direitos particulares relativos a posição que ocupavam. 
	A organização social do trabalho neste sistema nos revela, segundo os aspectos comparativos estabelecidos por Hebert Klein, pontos fundamentais para a analise de suas características particulares. Segundo o autor, no Brasil 1/3 dos escravos estavam diretamente empregados nas tarefas do campo, isto é na lavoura, enquanto o restante se ocupava de tarefas variadas, domesticas ou urbanas. Este mesmo modelo, encontrava-se a par das demais sociedades Latinas, em especial Cuba e Porto Rico. O que significa estabelecer deste modo, a visão de uma sociedade mais complexa quando nos referimos aos padrões de trabalho dos cativos, assim como a posição em que se encontravam os libertos. Enquanto o sul dos EUA, apresentavam estruturas semelhantes às encontradas no caribe não-hispânico, que por sua vez restringia os cativos, com frequência, à rotina costumeira destas empresas agrícolas, e que em sua maioria não carecia de especialização para exercer estas funções, impendido assim substancialmente qualquer possibilidade de ascensão dentro da hierarquia social. O século XIX se apresenta como um marco fundamental da distinção entre estas sociedades, pois as leis que controlavam a mobilidade dos escravos impediam cada vez mais a possibilidade de mobilidade dos cativos nos EUA, ao passo que na América Latina este movimento se deu em sentido contrário. Se refletindo inclusive nos dados apresentados quanto à concentração de escravos e libertos nestas regiões. As praticas consuetudinárias nos EUA progressivamente se caracterizavam por uma sobreposição do Estado sobre o direito dos proprietários de escravos à exercer tal pratica. Assim como as consequências diretas destas ações como a impossibilidade dos negros libertos de exercerem funções particulares dentro destas sociedades. Inversamente às demais sociedades Latinas, onde a quantidade alforrias crescia, no sul do EUA elas tendiam cada vez mais a diminuir.
Este fator foi preponderante para o que Klein admite ser uma das distinções principais destes sistemas, uma vez que a possibilidade do cativo desenvolver sua vida de maneira particular, ainda que em dependência simbólica ao senhor, acarretou numericamente em 1/3 das compras de alforrias nas sociedades Latinas assim como o reconhecimento do direito e dos códigos escravistas de forma legal segundo estas práticas, que eram tão comuns nestas sociedades. Em oposição ao que é apresentadopelo autor quando trata do mesmo período em relação ao a Sul do EUA. Também foram reconhecidas as alforrias exercidas nos inventários post-mortem, mecanismo costumeiro nas sociedades católicas. Numericamente a quantidade de alforrias é bastante semelhante em todos os sistemas. Contudo as medidas tomadas no século XIX pelos diferentes Estados caracterizaram os sentidos atribuídos ao sistema escravista dentro destas sociedades. Já que comparativamente um mesmo período de tempo, produziu leis como a do ´´Ventre Livre`` em diferentes sociedades latinas, e na América do Norte, progressivamente restringiu, segundo as palavras de Klein, a possibilidade de alforria e mobilidade social dos cativos. 
	Em suma, Klein demonstra que as características distintas entre as diferentes sociedades eram adotadas em relação à organização do trabalho, admitindo-se como elemento chave para a sua analise o lugar ocupado pelos escravos e libertos dentro destes sistemas, em referência aos seus aspectos Econômicos, Políticos e Sociais. Fator que distinguia claramente a postura adotada pelas sociedades latino americanas do sul dos Estados Unidos, e do caribe não-hispânico. Demonstrando que a possibilidade de mobilidade destes indivíduos era entendida como um elemento constituinte da ordem destas sociedades, não só como propriedade, mas com plenitude de suas ações e direitos e que compunham estes sistemas de forma autônoma. Isso é evidente na possibilidade de assumir cargos públicos, exercer funções militares, e participar de irmandades e confrarias religiosas. O que o Klein traz a evidencia é que o negro das sociedades escravistas dos EUA foi visto como um elemento deficiente e limitado na construção da ordem social como um todo, ao passo que nas sociedades latinas ele foi o elemento mais fundamental0. 
A analise desenvolvida pelo método comparativo, conforme demonstrou Hebert Klein, possibilita a quebra dos obstáculos que as demais pesquisas voltadas unicamente para uma perspectiva local não nos permitem. Assim as questões abordadas perpassam os horizontes mais profundos das abordagens históricas sobre este tema

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