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Maneirismo 2017

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Unidade II
MANEIRISMO
 Diante da dificuldade em caracterizar as qualidades de 
todos os movimentos artísticos importantes dos 
séculos XV ao XVII, os pesquisadores, a partir do 
início do século XX, introduziram um novo termo
Histórico
Girolamo Mazzola ou 
Parmigianino (1503-1540): 
“A Visão de São Jerônimo”
para distinguir as 
importantes diferenças 
verificadas entre a Alta 
Renascença e a arte 
produzida no final do século 
XVI (barroco): o 
denominado “maneirismo”.
Século XVI: Reforma e Contra-Reforma
 Reforma: Movimento de reação contra diversos pontos 
da doutrina da Igreja Católica iniciado por Martinho 
Lutero em 1517. Logo recebeu o apoio de diversos 
religiosos e governantes europeus, tendo maior impacto 
em regiões da Alemanha, França, Suíça, Países Baixos, 
Reino Unido, Escandinávia, dentre outros. Como 
resultado, a Igreja divide-se entre os católicos romanos e 
os “reformados” ou “protestantes”.
 Contra-Reforma: Em resposta à Reforma protestante, a 
Igreja Católica, a partir do Concílio de Trento (1545) põe 
em ação uma série de medidas em defesa de seus 
interesses: a retomada da Inquisição, a proibição de vários 
livros, criação de novas ordens religiosas (destaque para a 
Companhia de Jesus), expansão da catequese no Novo 
Mundo etc. 
Século XVI: Reforma e Contra-Reforma
 Neste período de incertezas, em que o “certo” e o 
“errado” no cristianismo era discutido abertamente - um 
período também de muitas guerras e mortes em defesa de 
maneiras distintas de cultuar Cristo -, era natural que os 
artistas, mais sensíveis, aproveitassem a “abertura” 
temporária para questionar convicções e modelos 
tradicionais;
 O Maneirismo, portanto, afetou não apenas a arquitetura, 
mas também a pintura e a escultura. 
 O conceito de “Maneirismo”, na verdade, é um 
conceito moderno (década de 1920), surgido quando
os estudiosos voltaram suas atenções a um período da 
arquitetura de meados do século XVI que, em função
de sua atitude “peculiar” - e particular - em relação às
normas clássicas, havia sido anteriormente repudiado
e definido como algo “excêntrico” ou “perverso e 
decadante”;
 A palavra “maneirista”, por sua vez, origina-se do 
termo italiano “maniera”, que pode ser definido como
“maneira” ou “modo”, o que implica uma abordagem
autoconsciente e/ou planejada dos autores.
O Maneirismo
 Variedade: tanto na decoração quanto na forma de 
utilização dos elementos clássicos;
 Sofisticação: normalmente manifestada na forma de 
interessantes “jogos visuais” (quebras das regras).
As principais características da arquitetura maneirista são:
Detalhe do 
Palazzo del Té
(c.1534)
de Giulio 
Romano, em 
Mantua (Itália)
O Maneirismo
No pátio interno do Palazzo del Té cada parede é diferente 
das outras e cada uma traz diferentes “brincadeiras” com 
as formas clássicas. Ou seja, uma VARIEDADE de soluções 
inusitadas que só os especialistas da arquitetura clássica, 
profissionais mais SOFISTIFCADOS, irão perceber.
O Maneirismo
Palazzo del Té: os
tríglifos “caídos” nada mais 
são do que uma manifestação 
explícita de quebrar as regras 
clássicas
O Maneirismo
Rusticados
“variados”
Falsa 
janela
Logo abaixo dos tríglifos “caídos” ficam algumas “falsas portas” (na
verdade, nichos), em diferentes formatos e larguras. Cria-se,
portanto, uma certa sensação de insegurança – falsa – de que os
tríglifos desabariam justamente em cima dessas aberturas. É o que
Cortney North chama de “humor arquitetônico”.
O Maneirismo
E mais: porque usar aduelas em cima de aberturas
retangulares? Isso vai de encontro a tudo o que era feito desde
a Antiguidade Clássica... E para terminar, a aduela de topo (ou
chave) ainda foi levemente erguida, quebrando o alinhamento!
O Maneirismo
O Maneirismo
Portas que brincam com as aduelas, frontões, o rusticado etc.
 Um arquiteto maneirista, portanto, é um profissional
que, a partir da profunda compreensão das normas
clássicas, quebra-as ou altera-as em função de uma
variedade de motivos. 
O Maneirismo
Villa Giulia (1551-
1553): projeto de 
Giacomo Vignola, com 
contribuições de 
Michelangelo, Giorgio 
Vasari e Bartolomeu 
Ammanati
O Maneirismo
 “O Renascimento e o seu apogeu (...) mantiveram o 
equilíbrio, a harmonia e a gravidade romana. O 
Maneirismo, porém, tinha ideias diferentes. 
Recorreu à dessemelhança, à tensão emocional, (...) 
ao efeito cênico e à sobrecarga decorativa para 
conseguir os efeitos desejados. Os arquitetos 
maneiristas podiam desprezar todas as regras 
vitruvianas para serem mais românticos e 
individualistas que os seus antecessores imediatos”; 
(R. Jordan)
 G. C. Argan: o maneirismo “nasce como arte livre 
da obrigação de imitar, ou mais precisamente, como 
arte que é mimesis, mas da ideia e não da natureza”.
A Arte Maneirista
 “Se equilíbrio e harmonia são as principais 
características da Alta Renascença, o maneirismo é seu 
oposto: é a arte do desequilíbrio e da dissonância.” (N. 
Pevsner)
El-Greco (1541-1614)
A Arte Maneirista
Agnolo Bronzino (1503-1572)
 Pevsner: “os tipos do maneirismo são 
delgados, elegantes e com atitudes 
afetadas”; 
 Uma tal “afetação” era uma experiência 
nova para o Ocidente. A Idade Média, e 
também a Renascença, haviam sido muito 
mais ingênuas; 
 O período de profunda crise existencial 
provocado pela disputa Reforma X Contra-
Reforma rompeu com o “estado de 
inocência” das pessoas, e esta é a razão 
pela qual “o maneirismo é cheio de 
maneirismos.” (N. Pevsner)
A Arte Maneirista
Michelangelo: “Escravo 
morrendo” (c.1513-1520)
A Arquitetura Maneirista
 Enfim: devemos lembrar que a aplicação dos princípios 
do maneirismo à arquitetura “é relativamente recente e, 
ainda, objeto de controvérsias.” (Pevsner)
Biblioteca Laurenziana
(Michelangelo)
A Arquitetura Maneirista
 Para a sua melhor compreensão, Pevsner propõe, 
como exemplo, a comparação de dois palácios do 
século XVI: o Palazzo Farnese (de Antonio de 
Sangallo) e o Palazzo Massimi alle Colonne (de 
Baldassare Peruzzi) – “os mais perfeitos 
exemplos da arquitetura entre palácios da Alta 
Renascença e do Maneirismo”;
 Pevsner: “o contraste entre suas qualidades 
emocionais logo se revelará como sendo o 
contraste entre os dois estilos tal como podemos 
distingui-los na pintura”. 
A Arquitetura Maneirista
Palazzo Farnese
Palazzo Massimi alle
Colonne
 O Palazzo Massimi, de Baldassare Peruzzi (1481-
1536), membro do círculo de Bramante e Rafael em 
Roma, foi iniciado em 1535 e, de fato, não seguiu 
fielmente os cânones da Antiguidade; 
 A edificação compõe-se, na realidade, de dois 
palácios (para dois irmãos), habilmente construídos 
de modo a terem uma só fachada. 
A Arquitetura Maneirista
 No Palazzo Massimi há um vivo contraste entre a 
profunda escuridão da loggia do térreo e a “planeza e 
a finura de folha de papel dos andares superiores”. 
(Pevsner)
A Arquitetura Maneirista
 As janelas do primeiro 
andar têm pouco relevo 
comparadas com as que 
víamos na Alta Renascença, 
enquanto as janelas do 
segundo e terceiro andares 
são pequenas e têm curiosas 
molduras. Ou seja, não se 
diferenciam pelo tamanho e 
nem pela importância, como 
acontecia durante a 
Renascença. 
A Arquitetura Maneirista
 “As janelas superiores – nada clássicas – mais parecem 
quadros com belíssimas molduras penduradas na 
parede do que aquilo a que Sangallo teria chamado 
janelas. São uma extravagância, e uma extravagância 
deliciosa de Peruzzi”. (R. Jordan)
A ArquiteturaManeirista
 Além disso, uma leve curva de toda a fachada 
dá “delicadeza e animação” ao conjunto, 
“enquanto as fachadas rigorosamente 
retilíneas da Renascença pareciam expressar 
uma poderosa solidez”;
 O Palazzo Massimi, apesar de menor que o 
Palazzo Farnese em tamanho e “dignidade”, 
“tem, por sua vez, uma sofisticada elegância
que se dirige ao connoisseur intelectual e 
supercivilizado”. 
A Arquitetura Maneirista
Ou seja, uma arquitetura diferente 
e sofisticada, que só os 
especialistas irão compreender!
 Este palácio iniciou, portanto, uma fase nova e original na 
arquitetura italiana. “Representou uma inovação, 
marcando o começo do Maneirismo” em Roma. (R. 
Jordan)
A Arquitetura Maneirista
 Andrea Palladio (1508-1580)
 Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
A Arquitetura Maneirista: Arquitetos
Os arquitetos maneiristas em destaque são:
Andrea Palladio
 Nascido em Pádova, Palladio (Andrea di Pietro dalla
Gôndola) é descrito como o “arquiteto mais original 
de todo o período”; 
 O termo “palladiano”, por exemplo, tornou-se – na 
língua inglesa – sinônimo de arquitetura clássica;
 Foi também, como já vimos, o autor 
do importante tratado de arquitetura 
intitulado Quattro Libri
dell’Arquitetura, publicado em 1570. 
Antes disso, fora colaborador de uma 
das várias reedições da obra de 
Vitrúvio. Ou seja, ele era um 
especialista em arquitetura clássica!
Andrea Palladio
 O que fez Palladio? Ele “tomou emprestado” 
conceitos do passado, acrescentou suas próprias ideais
e desenvolveu uma abordagem para o projeto que 
facilitaria sua aplicação pelos futuros construtores;
 Graças a isso, Palladio tornou-se um dos arquitetos 
mais copiados do ocidente, inspirando projetos de 
casas nobres e prédios públicos ao redor do mundo. 
Basilica de Vicenza
(1549-1617)
Andrea Palladio
 Ex.: a “janela palladiana”
Andrea Palladio
 Palladio respeitou, sim, as tradições clássicas 
quando buscou a perfeição arquitetônica através da 
simetria (em plantas e fachadas), do estudo das 
proporções (com um domínio de volumes e massas 
e suas relações com a escala humana), do uso das 
ordens clássicas e da rica decoração escultórica;
 Porém, ele usou tudo 
isso de modo 
inovador, tanto do 
ponto de vista 
estético quanto 
construtivo. 
Villa Rotonda
 Atuando principalmente em Vicenza e seus 
arredores, Palladio era chamado para projetar, de 
modo quase exclusivo, casas urbanas e de campo 
- os palazzi e as villas -, e é bem significativo que 
os efeitos do seu estilo possam ser demonstrados 
sem recorrer à análise de suas igrejas; 
 De fato, desde a Renascença, a arquitetura 
secular havia se tornado tão importante como 
veículo de expressão visual quanto a arquitetura 
religiosa.
Andrea Palladio: Villas
 Os ricos comerciantes de Veneza demandavam uma
casa de campo (villa) que lhes permitisse desfrutar
ao máximo a natureza (como faziam os antigos
gregos e romanos) e também que demonstrasse, 
através de uma certa imponência, o seu poder e 
prestígio;
Andrea Palladio: Villas
 Um típico palácio veneziano, 
com seu caráter urbano, estaria
fora de questão, pois não seria
funcional , não facilitaria o 
contato com o ambiente externo
e também acabaria custando
outra pequena fortuna. 
 Algo novo era necessário. Uma edificação que fosse 
“magnífica”, mas de baixo custo; um edifício que 
fosse confortável, que promovesse o repouso, mas 
que também fosse funcional (pois a maioria das 
villas era erguida como sede de fazendas
produtivas);
 Foi Palladio, portanto, que forneceu a solução (uma
solução, por sinal, que ultrapassaria as fronteiras de 
Vicenza): as suas novas villas. 
Andrea Palladio: Villas
 Com base em seus estudos (Vitrúvio, Alberti etc.) e 
observações próprias, Palladio desenvolveu suas
villas de forma a atender três princícipos básicos (de 
acordo com C. Gable): 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas simples, mas marcantes;
Materiais de baixo custo;
Proporção nas dimensões dos ambientes 
internos, de forma a atingir-se a “harmonia” e 
“equilíbrio” dos espaços.
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
 De uma forma geral, Palladio desenvolveu 3 tipos
básicos de fachadas. A primeira e mais simples de 
todas, também a mais numerosa em exemplos, é 
caracterizada por uma loggia (galeria) central com três
aberturas; 
 Exemplos: Villa Godi (c.1540), Villa Caldogno, Villa 
Saraceno, Villa Gazzotti (as três da década de 1540), 
Villa Pisani (c.1552) etc. 
Andrea Palladio: Villas
Villa Caldogno
Villa Pisani
Andrea Palladio: Villas
Villa Gazzotti
Villa Saraceno
 O segundo tipo de fachada, por sua vez, usou como
modelo as fachadas dos templos gregos. Por sinal, a 
ideia de adaptar o frontão triangular e as colunas
gregas às residências particulares teria sido uma das 
mais copiadas inspirações de Palladio. 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
Villa Emo (1559)
Andrea Palladio: Villas
Villa Barbaro (c.1554)
 Exemplo: na Villa Barbaro, além disso, o edifício
principal (central) está ladeado simetricamente por
armazéns (para o estoque de grãos, vinho etc.).
 A Villa Barbaro ainda possui outra característica
especial: nas extremidades dos armazéns, Palladio 
ergueu dois imensos pombais (encimados por
grandes relógios solares), criando o chamado
“perfil de 5 partes” (que seria posteriormente
incorporado por diversas construções na Inglaterra
- e até mesmo nos EUA – nos séculos seguintes). 
Andrea Palladio: Villas
Andrea Palladio: Villas
Harewood House (1771): Robert Adam e John Carr
Houghton Hall (1729): Colen Campbell e James Gibbs
Villa Barbaro
Andrea Palladio: Villas
Woburn Abbey (1746): Henry Flitcroft
Capitólio americano (séc. XIX, diversos arquitetos)
Villa Barbaro
 O terceiro tipo, mais “inovador” que os anteriores, 
faria uso de duas loggias, uma diretamente sobre a 
outra. 
 Um exemplo desse modelo é a Villa Cornaro (1553). 
Nas palavras de Gable, “um lugar para sentar e admirar
o mundo a partir de um ambiente protegido”. 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
Villa Cornaro (fachada 
posterior, do jardim)
 Ao invés de pedra, Palladio construiu
suas villas em alvenaria (rebocada) de 
tijolos comuns, reduzindo drasticamente
o custo de construção (mas sem abrir mão
do efeito imponente das edificações); 
 Até mesmo os capitéis, quando situados
em fachadas menos expostas às
intempéries, eram feitos em cerâmica; 
 E as arquitraves (sob os frontões), em
muitos casos, são peças em madeira
recobertas com estuque. 
Andrea Palladio: Villas
Materiais de baixo custo
 E mais: tendo em vista que as villas só eram
frequentados nas estações quentes do ano (ou seja, 
durante as colheitas), não havia preocupação com o 
aquecimento interno dos ambientes.
Andrea Palladio: Villas
Materiais de baixo custo
 Veremos, por sinal, que este será um dos principais
problemas enfrentados pelos proprietários das casas de 
campo inglesas que resolveram copiar os modelos de 
Palladio, sem as devidas adaptações ao clima mais
rigoroso do norte europeu…
Andrea Palladio: Villas
Materiais de baixo custo
Croome Court no 
inverno...
 Este aspecto de Palladio foi um dos menos
compreendidos por seus imitadores (e portanto
menos duplicado).
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
 Primeiramente, Palladio defendia que as partes de 
uma casa deveriam ser proporcionais entre si e 
também em relação ao todo. Isso se reflete, por
exemplo, na simplicidadedas plantas baixas, que são
facilmente compreendidas por quem percorre as 
casas. 
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
La Rotonda Villa Foscari
 E mais: plantas baixas simples e “harmônicas” 
facilitam a construção, tornando-a mais econômica. 
Palladio inclusive era defensor da justaposição das 
paredes (paredes do pavimento superior coincidindo
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
Villa Foscari
com as paredes abaixo), 
simplificando ao máximo
a estrutura de suas villas. 
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
Villa Cornaro
 No próprio dimensionamento dos espaços internos, 
pesquisas recentes sugerem que Palladio teria feito
uso de proporções que seguissem a seção áurea –
1,614). 
Salas com aproximadamente
6,0m x 10,m
 Uma de suas mais conhecidas – e bem preservadas –
casas de campo é a Villa Capra, ou Villa Rotonda, 
construída nos arredores de Vicenza entre 1550 e 1554;
 Compõe-se, de fato, de um 
“caso extremo de uma 
simetria (...) absoluta”; uma 
“realização acadêmica de 
alta perfeição”.
Andrea Palladio: Villas
 Uma casa como a Villa Rotonda, contudo, não tem 
apenas uma fachada simétrica: é simétrica em todas as 
fachadas e o fato de estar sobre-elevada e ter grandes 
lanços de escadas de acesso “dá-lhe o aspecto de um 
mirante ou de um templo de jardim”. 
Andrea Palladio: Villas
 Como casa para se viver, ela realmente está mais 
adaptada aos meses quentes, mas ainda assim “é nobre 
e, como seus finos pórticos jônicos, seus frontões, suas 
poucas janelas de frontão (...) e seu domo central, é 
solene sem ser pomposa”. (Pevsner)
Andrea Palladio: Villas
Vista aérea da Villa Rotonda
Andrea Palladio: Villas
Interior da Villa Rotonda
Andrea Palladio: Villas
 Outro detalhe importante: nessas villas, pela primeira 
vez na história da arquitetura ocidental, a paisagem e o 
edifício foram concebidos “como pertencentes um ao 
outro”, “como dependentes um do outro”;
 Aqui, pela primeira vez, “os eixos principais de uma 
casa continuam pela natureza adentro; ou, inversamente, 
um espectador situado do lado de fora vê a casa 
estendendo-se como se fosse um quadro, fechando a 
perspectiva”. 
Villa Rotonda
Andrea Palladio: Villas
 R. Jordan: “Foi este casamento da arquitetura com a 
Natureza (...) que assegurou a popularidade de Palladio 
junto da nobreza inglesa do século XVIII”.
Vista aérea da Villa Godi
Andrea Palladio: Villas
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
Michelangelo Buonarotti
 Michelangelo, mais do que qualquer outro artista, “foi 
responsável por ter conduzido a arte em direção ao 
Maneirismo”;
 “A verdade é que Michelangelo pertenceu à 
Renascença apenas por uns poucos anos, no início de 
sua carreira”. Segundo Pevsner, “de seu trabalho 
posterior a 1515 quase nada é renascentista”;
 Seu difícil temperamento, segundo 
alguns autores, teria tornado 
impossível para ele aceitar os ideais da 
Renascença por muito tempo. 
 Michelangelo, como vários de seus contemporâneos, 
passou da pintura e escultura direto para a arquitetura
sem qualquer preparação específica. 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
Detalhe do teto da Capela Sistina (Vaticano)
Michelangelo Buonarotti
 Contudo, enquanto outros escultores, na posição de 
arquitetos, enxergavam a arquitetura meramente como
uma forma de expor as esculturas, Michelangelo
parecia enxergar as próprias edificações como
esculturas em grande escala, e como resultado disso 
tratou a arquitetura de forma intrinsicamente diferente
de seus colegas;
 Curiosamente, Michelangelo, em
seus projetos, costumava trabalhar
com maquetes e croquis, abrindo
mão dos desenhos precisos, com 
medidas criteriosamente
calculadas, o contrário da prática
no século XVI.
Michelangelo Buonarotti
Maquete (em madeira) da fachada da Basílica de San Lorenzo
Michelangelo Buonarotti
 Michelangelo acreditava que o conhecimento da
anatomia humana era crucial para um arquiteto e, de 
acordo com alguns estudiosos, está claro que ele, de 
algum modo, aplicou o seu domínio do corpo humano
na forma em que abordava os projetos, “desejando
expressar os estresses, a tensão e a força muscular 
visíveis no corpo humano em movimento ao usar
elementos como colunas, capitéis e entablamentos no 
lugar de músculos e ossos”. (L. Collinge)
Michelangelo Buonarotti
 Em 1520, após concluir a Capela Sistina e tendo 
abandonado o projeto do túmulo de Júlio II, 
Michelangelo retornou a Florença para trabalhar 
na Capela dos Medici (o mausoléu da família 
Medici) e na Biblioteca Laurenziana (a 
biblioteca dos Medici), com o respectivo vestíbulo 
e escadaria; 
 Este conjunto pode ser descrito como o mais puro 
Maneirismo: “não há (...) nenhuma distorção 
deliberada, nenhuma anarquia (...)... apenas um 
certo uso arbitrário dos elementos clássicos em 
ordem ao cumprimento de um objetivo sublime”. 
(Pevsner)
Michelangelo Buonarotti
 Capela dos Medici - A capela dos Medici, o primeiro 
trabalho de arquitetura de Michelangelo (c.1520), é na 
verdade a Nuova Sacrestia da Basílica de San Lorenzo 
(Florença), projeto original de Brunelleschi, composta de 
um quadrado com cerca de 12m de lado, construída sob 
encomenda do papa Leão X (Giovanni de Medici).
Michelangelo Buonarotti
 A Basílica de San Lorenzo já possuía uma sacristia (a 
Vecchia Sacrestia), que fez parte do projeto original de 
Brunelleschi para a igreja (iniciada por volta de 1421).
Michelangelo Buonarotti
 Nas palavras de Pevsner, a nova capela constitui “uma 
sinfonia em mármore branco e pedra preta”. Mesmo 
inacabada, possui um dos mais impressionantes 
conjuntos escultóricos de Michelangelo.
Michelangelo Buonarotti
 A função da Nuova Sacrestia era pouco convencional: 
como mausoléu privativo da família Medici, teve o seu
uso definido em Bula Papal de 1532. De acordo com 
estas instruções, os clérigos de San Lorenzo deveriam
celebrar missas todos os dias, em todos os turnos, 
revezando os celebrantes;
 Uma vez que a capela era de uso privado, não havia, de 
fato, necessidade de espaço para a congregação e com 
isso o corpo da capela tornou-se, de certa forma, “um 
altar tridimensional”. 
Michelangelo Buonarotti
Capela Medici
 Com relação às paredes, a novidade de Michelangelo –
em contraste com o projeto de Brunelleschi para a 
Vecchia Sacrestia - foi enfatizar os esforços estruturais
da edificação, dando uma força expressiva às suas
superfícies.
Michelangelo Buonarotti
 As pilastras de Michelangelo, por
exemplo, possuem uma presença
muito mais “incisiva”, muito mais
volumosa, do que as pilastras de 
Brunelleschi na capela próxima;
 Exemplo: atrás de algumas destas
pilastras, existe uma “segunda
camada” de pietra serena com 
dupla função: apoiam os arcos do 
segundo pavimento e também
acrescentam massa às pilastras
principais (à sua frente). 
Michelangelo Buonarotti
 Este recurso, ao lado da maneira na qual a superfície da 
parede sobre as tumbas foi recortada/escavada, não
apenas na área do arco mas também nos tímpanos, “dá à 
articualção da pietra serena um papel bem mais
destacado do que ela possui na Velha Sacristia”.
Michelangelo Buonarotti
 Uma vez definido o esquema do interior da capela, 
Michelangeloentão voltou sua atenção aos “outros
ornamentos”; ou seja, às tumbas em mármore e demais
elementos decorativos.
Michelangelo Buonarotti
 Para este fim, ele usou como veículos de expressão
não apenas as tumbas e as superfícies das paredes, 
mas também elementos “mais mundanos”, tais como
portas e efeitos de iluminação. Ou seja, é importante
entender que tudo foi projetado com o efeito geral em
mente!
Michelangelo Buonarotti
 As figuras centrais de Giuliano e Lorenzo Medici, por
exemplo, não tinham a intenção de funcionar como
representações fiéis destes indivíduos, mas sim como
uma “alegoria” de cada personagem;
Michelangelo Buonarotti
 Tudo indica que Michelangelo, desde o princípio, 
manipulou a luz de forma a realçar as diferentes
qualidades desses dois conjuntos escultóricos. 
 Giuliano Medici 
representa a “Vida 
Ativa”, flanqueado
pelas estátuas do 
“Dia” e da “Noite”;
 Sobre esse
conjunto, 
Michelangelo 
“derramou” uma
maior quantidade
de luz natural.
Michelangelo Buonarotti
 Lorenzo, por sua
vez, com uma
postura bem mais
pensativa e 
flanqueado pelas
representações da 
“Aurora” e do 
“Crepúsculo”, 
representou a “Vida 
Contemplativa”;
 Um conjunto, 
portanto, na
penumbra…
Michelangelo Buonarotti
 A capela é iluminada pela cúpula e pelas janelas do 
andar superior. Portanto, a luz que penetra pela janela
superior situada no lado oposto à estátua de Giuliano, 
tem como função destacar o conjunto que representa a 
“Vida Ativa”. Do mesmo modo, uma janela situada ao
lado foi bloqueada, de forma a que Lorenzo, ao invés de 
aparecer em forte relevo, simulasse “um recolhimento à 
sombra”. 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
 Esta manipulação da luz
natural com o objetivo
explícito de enfatizar
determinadas qualidades
raramente foi usada na
arquitetura desse período; 
 De fato, foi apenas na época
do Barroco, já no século
XVII, que todas as 
possibilidades desse tipo de 
abordagem foram
exploradas. 
Michelangelo Buonarotti
 De forma análoga à abordagem dadas aos elementos
decorativos, objetos funcionais, tais como portas, 
também foram usados de “uma rara forma expressiva”;
 Na maior parte das edificações, a porta, por exemplo, é 
um elemento essencial, geralmente destacada pela
arquitetura de forma a se tornar facilmente acessível. 
Michelangelo Buonarotti
 O mausoléu dos Medici, porém, foi pensado como um 
“mundo recluso privado”; quando as portas são
fechadas, o mundo externo, portanto, deixa de ter
importância. As portas, sob este ponto de vista, são uma
distração, e assim, ao invés de serem facilmente
reconhecíveis, são utilizadas como um motivo
ornamental, repetido oito vezes ao redor das paredes do 
nível inferior. 
Michelangelo Buonarotti
 Porém, somente quatro destas portas são “reais”: duas
dando acesso a pequenos aposentos que flanqueiam o 
altar, uma ao transepto e uma ao exterior da igreja. 
Portanto, quando estão todas fechadas, existe realmente
uma sensação deliberada de desorientação! 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
 Nesse contexto, o seu desenho
“incomum” se torna mais
lógico do que aparenta à 
primeira vista. Ou seja, elas
não foram projetadas para 
lembrar portas convencionais, 
e por isso a moldura ao redor
das portas continua pelo piso, 
de forma “a negar sua função”. 
 O papel dos tabernáculos
também deve ser analisado sob 
este mesmo ponto de vista: 
uma vez que não havia
intenção de enfatizar as portas, 
os elementos de destaque
nestas áreas - aqueles com a 
função de chamar a atenção do 
visitante - foram justamente os
tabernáculos situados logo 
acima.
Michelangelo Buonarotti
 Igualmente curioso é o fato do nicho não ser profundo
o bastante para ser usado da forma convencional – ou
seja, como uma moldura para uma escultura -, mas foi
propositalmente projetado para permanecer vazio!
Michelangelo Buonarotti
 Em resumo, nas palavras de Pevsner, esta capela, 
“tal como o Panteão (...) representa a conjugação 
perfeita da escultura com a arquitetura, o que 
constitui o ideal supremo da arquitetura”, 
independentemente do estilo;
 Foi assim que Michelangelo – como outros artistas 
maiores de sua geração -, ao afastar-se da 
Renascença, concebeu o maneirismo e o Barroco;
 “O século XVI inspirou-se no maneirismo de 
Michelangelo, o século XVII apreciou sua terribilitá
e dela extraiu o Barroco”. (N. Pevsner)
Michelangelo Buonarotti
 Outros projetos relevantes de Michelangelo: a 
Bilioteca Laurenziana (também para os Medici, em 
Florença), a praça do Capitólio (Roma), a 
complementação do Palazzo Farnese (Roma) e, 
naturalmente, uma nova proposta para a Basílica de 
São Pedro (principalmente a parte posterior e o 
domo) em Roma.
Michelangelo Buonarotti
Escadaria do vestíbulo da 
Biblioteca Laurenziana
(Florença)
Michelangelo Buonarotti
Vestíbulo da Biblioteca Laurenziana (Florença)
Michelangelo Buonarotti
Sala de Leitura da Biblioteca Laurenziana: efeito de “sucção” do olhar 
Michelangelo Buonarotti
Planta baixa da Basílica de São 
Pedro (de Michelangelo) - 1547
Planta baixa da Basílica de São 
Pedro (de Bramante) – c.1505
Michelangelo Buonarotti
Planta baixa da Basílica de São Pedro (com a extensão 
da nave projetada por Carlo Maderno) – c.1603
Referências:
COLLINGE, Lucinda Hawkins. RICKETTS, Annabel. Michelangelo. 
Greenwich: Brompton Books Corp., 1992.
GABLE, Carl I. The Secrets of Palladio’s Villas. Disponível em: 
<http://www.boglewood.com/palladio/analysis.html>. Acesso em: 12 
out. 2013
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. 
São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São 
Paulo: Martins Fontes, 2002.
RIBA. Palladio and Britain. Disponível em: 
<http://www.architecture.com/librarydrawingsandphotographs/palladio
/andreapalladio/andreapalladio.aspx>. Acesso em: 10 set. 2013.

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