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Arquitetura Gótica
 “Se Bizâncio, no Oriente, 
sucedera a Roma como capital 
mundial, o mesmo se passou com 
Paris, no Ocidente. A Ilha da 
França tornou-se um cofre onde 
se preservava a civilização. De 
Paris e das catedrais da Ilha de 
França – Saint-Denis, Laon, 
Chartres, Amiens, Beauvais, Le 
Mans e Bourges – brotaram os 
princípios estéticos e estruturais 
do gótico, que irradiaram através 
da Europa graças aos grandes 
mestres de obra.” (R. Jordan)
 O estilo gótico divide-se, basicamente, em duas 
fases: o clássico e o tardio;
 Gótico clássico (c.1150-1250)
 Gótico tardio (c.1250-1500)
 “Em 1140 foi lançada a pedra fundamental do 
novo coro da abadia de Saint Denis, perto de 
Paris, que seria consagrada em 1144. (...) Pode-
se dizer com segurança que, seja quem for que 
tenha projetado o coro em Saint Denis, essa 
pessoa inventou o estilo gótico.” (N. Pevsner)
Vista (atual) do coro de Saint Denis (com as posteriores alterações)
 Curiosidade: o estilo gótico foi 
originalmente denominado 
“estilo francês” (Opus 
Francigenum). O termo “gótico” 
surgiu bem mais tarde, quando 
esse estilo já havia caído em 
desuso. O termo “gótico”, 
portanto, em sua referência aos 
godos (um dos povos 
“bárbaros” da Europa), surgiu 
como uma forma de crítica 
negativa (ainda que inexata). 
(Jackie Craven)
 No entanto, praticamente todas as 
regiões da Europa medieval 
emprestaram seu cunho próprio à 
arquitetura gótica (como, aliás, já 
havia acontecido com a 
arquitetura românica);
 A arquitetura alemã, a espanhola, 
a inglesa etc., cada uma constitui 
uma variante regional do “grande 
tema estrutural” desenvolvido 
pelos construtores franceses.
 “Um estilo não é apenas um agregado de 
características, mas um todo integrado.” (N. Pevsner) 
 As principais características do gótico são o uso de:
O arco ogival
O arcobotante
A abóbada nervurada
O arco ogival
Arcobotante
Abóbada nervurada
Abóbada nervurada
Abóbada nervurada
 Lembrete: nenhum destes três elementos (arco 
ogival, arcobotante e abóbada nervurada) foi uma 
invenção gótica! A novidade decisiva, portanto, 
foi a combinação desses motivos numa nova 
proposta estética!
 Essa proposta, por sua vez, tinha como objetivo 
“animar massas inertes de pedra, acelerar o 
movimento do espaço e reduzir toda a 
construção” a um sistema “inervado de linhas de 
ação.” (N. Pevsner)
 Outro ponto fundamental do gótico: “este desejo de 
substituir a parede por vitrais.” (R. Jordan)
 Ou seja, o estilo gótico procurou “inundar” de luz 
aqueles espaços que, até então (estilo Românico) 
viviam na penumbra.
Igreja de St. 
Chapelle (Paris): 
1243-1248
 Uma das maiores vantagens 
estruturais do arco ogival é a 
expressiva redução no empuxo 
lateral a ser absorvido pelas 
paredes (e contrafortes). 
 Em comparação ao arco 
semicircular (arco pleno) dos 
romanos, por exemplo, essa 
redução chega a quase 50%!
Arco Pleno 
(Semicircular)
Arco 
Ogival
 O arco ogival, portanto, permite ao projetista não 
apenas aproximar-se da verticalidade desejada, como 
também construir abóbadas sobre vãos que não 
“estavam sujeitos à tirania do tramo quadrado” (R. 
Jordan);
 Ou seja, resolve-se a questão do 
uso do tramo retangular sem a 
necessidade de usar os arcos 
abatidos (muito mais inseguros).
 De fato, variando a altura das flechas dos vários arcos 
ogivais, o tramo podia ter praticamente qualquer 
forma, adequando-se à função da planta; 
 Exemplos: os tramos em forma de losango dos 
deambulatórios, as capelas poligonais etc.
 O arco ogival, permitiu ainda o aparecimento de uma 
multiplicidade de nervuras de abóbadas; todas 
arrancando de um mesmo fuste, todas com curvatura 
diferente; todas podendo ter inclusive a mesma 
altura.
 As características estéticas do gótico, portanto, só 
foram possíveis graças às qualidades técnicas do arco 
ogival. (R. Jordan)
Saint Severin (Paris), 
coluna construída na 
reforma de 1489
 Com o uso dos vãos retangulares, por sua vez, torna-se 
possível aumentar o número de pontos de apoio das 
coberturas em abóbadas e com isso reduzir o esforço 
aplicado individualmente em cada um deles (em 
comparação à abóbada de arestas tradicional e o seu 
tramo quadrado).
 Arco abatido ou asa de cesto, sarapanel ou 
arco rebaixado é um tipo de arco de forma 
achatada em que o valor da flecha é inferior à 
metade do raio. É composto de três curvas de 
centros diferentes. Pode ser aplicado em vários 
elementos arquitectónicos e artísticos, como 
portais, janelas, retábulos, etc.
 A abóbada gótica alongada (retangular) era então 
construída com nervuras destinadas a reforçar as 
arestas (uma solução tecnicamente vantajosa); 
 As nervuras dos tramos abobadados, porém, não 
tinham que atingir necessariamente a mesma altura. 
Ou seja, com o uso do arco ogival, a altura de cada 
nervura ficava a critério do autor do projeto. 
 O peso (empuxo) das 
abóbadas da nave principal, 
por sua vez, era agora 
transmitido através dos 
arcobotantes por cima das 
naves laterais, e destes para 
os contrafortes (na parte 
externa) até o chão.
arcobotantes
 Do século XII ao século 
XVI, de fato, esse sistema 
(arcobotantes e contrafortes) 
foi possibilitando “desbastar 
a parede”, de modo que, por 
fim, não restou praticamente 
parede alguma; nada a não 
ser janelas enormes entre os 
contrafortes, vedadas com o 
uso de impressionantes 
vitrais.
 Após a construção do coro em Saint Denis, entre 
1140 e 1220, novas catedrais foram iniciadas em 
escala cada vez maior;
 Das primeiras igrejas góticas francesas, sabemos que 
assemelhavam-se muito às igrejas românicas 
normandas, “onde os primeiros pedreiros góticos da 
França, (...) foram buscar sua inspiração”;
 Essas primeiras edificações tinham, portanto, três 
andares: arcada, galeria e clerestório (lembrete: as 
abóbadas, a esta altura - a partir do exemplo de 
Durham - já eram nervuradas).
Vista interna de Saint-Denis (Paris, França)
 Em Noyon, cerca de 15 anos 
após St. Denis, surgiu um 
elemento novo : as paredes 
ganharam um trifório, isto é, 
uma passagem baixa aberta na 
parede, entre a galeria e o 
clerestório. 
 A divisão da parede em quatro 
andares, em vez de três, 
“elimina muito da inércia 
anterior.” (N. Pevsner)
Vista interna da catedral de Noyon (França)
trifório
 Em harmonia com esse ritmo, temos ainda, por algum 
tempo, a abóbada sexpartida (solução típica das 
igrejas românicas da Normandia);
 E mais: na fase inicial do gótico, o tramo quadrado 
ainda é dominante.
Abóbadas sexpartidas de 
Notre Dame de Paris
 Todavia, em Notre Dame de Paris, 
testemunhamos um passo adiante 
da concepção da nave principal: o 
fim da alternância românica dos 
pilares (ou seja, nem os pilares 
cilíndricos e nem as colunas 
engastadas que se apoiam neles são 
mais diferenciados. 
Corte da versão original de Notre
Dame de Paris, com a parede 
dividida em quatro seções, tendo 
uma fileira de janelas circulares 
substituído o trifório.
 A planta baixa de Notre Dame, porém, 
é ainda mais “audaciosa” que sua 
elevação: o arquiteto colocou o 
transepto quase exatamente a meio 
caminho entre as duas extremidades;
 Disso tudo resulta um ritmo espacial 
muito mais suave do que o das 
catedrais românicas: o espaço não mais 
se divide em numerosas unidades “que 
é preciso como que somar mentalmente 
para ter a ideia do conjunto”,mas 
concentra-se agora em três áreas: oeste, 
centro e leste.
Vista interna do transepto de Notre Dame de Paris
 Lembremos ainda “a instituição de peregrinações
que, (...) já nos tempos românicos parece ter 
conduzido a uma maior especialização da planta nas 
igrejas, com [naves] colaterais, deambulatórios e 
capelas radiantes. No gótico, a planta destas capelas 
do lado oriental atingiu o máximo da capacidade 
inventiva”. (R. Jordan)
Chartres BeauvaisMagdeburg
c.1150-c.1250
 Abóbadas da nave principal voltam a ter apenas 
nervuras diagonais (ou seja, não são mais 
sexpartidas);
 Tramos retangulares (ao invés de quadrados);
 Colunas cilíndricas que prolongam-se, normalmente, 
até o início das abóbadas;
 As altas e amplas galerias desaparecem (ou seja, as 
naves voltam a ter apenas três andares). Com isso, 
apenas um trifório baixo separa as altas arcadas das 
janelas do clerestório.
Principais características:
Catedral de Chartres (França) – 1194 a 1220
Catedral de Chartres (França)
 “Depois de Chartres ter introduzido 
seu novo tipo de pilares, sua 
elevação com três andares e suas 
abóbadas quadripartidas, Reims, 
Amiens e Beauvais não fizeram 
mais do que aperfeiçoar esse tipo
para levá-lo aos extremos mais 
ousados e excitantes”; (Pevsner)
 Portanto, tanto nas plantas baixas 
quanto nos interiores, atingiu-se, 
sem dúvida, um certo equilíbrio na 
França (país de origem do estilo 
gótico).
AmiensChartres Reims
AmiensChartres Reims
 “O equilíbrio do gótico 
clássico é um equilíbrio entre 
dois impulsos de igual força e 
direções opostas”: um vertical 
e outro horizontal; (Pevsner)
 A primeira impressão é a de 
“uma altura prodigiosa que 
corta nossa respiração”.
Catedral de Amiens
 Graças à delicadeza de todos os 
componentes, “o impulso 
vertical” é tão irresistível quanto 
o era o impulso na direção leste 
nas primeiras igrejas cristãs 
(arquitetura paleocristã);
 Apesar disso, o impulso em 
direção ao leste (ao altar-mor) 
não diminuiu: a estreiteza das 
arcadas e a uniformidade dos 
pilares não parecem levar a 
qualquer mudança de direção 
(mesmo que momentânea). 
Catedral de Amiens
 “Nessa caminhada para a frente, os pilares nos 
acompanham, surgindo e desaparecendo. (...) No 
entanto, (...) o transepto nos faz parar e desvia o nosso 
olhar para a esquerda e a direita. Aí nós nos detemos e 
tentamos, pela primeira vez, apreender o todo”. 
(Pevsner)
 Não havia nada de comparável nas igrejas românicas, 
onde “o movimento se desenvolvia lentamente, de 
espaço em espaço, de compartimento em 
compartimento.”
Igreja de St. Madeleine (Vezelay)
Catedral de Reims
 A introdução do rendilhado, uma invenção do estilo 
gótico, é particularmente significativa; 
 É possível seguir o desenvolvimento dessa técnica de 
Chartres a Reims e de Reims a Amiens. 
Chartres Amiens
 Antes de Reims, o rendilhado não é mais do 
que o recorte de um certo padrão numa parede 
cuja superfície permanece intacta;
 Em Reims, pela primeira vez, encontramos o 
rendilhado de nervuras, em oposição ao 
rendilhado plano; 
 A ênfase maior repousa, agora, nas linhas do desenho 
e não mais na superfície da parede.
Catedral de Reims
Catedral de Amiens
Processo produtivo das grandes aberturas 
(janelas, rosáceas etc.) góticas
 O exterior das catedrais 
góticas do fim do século XII e 
começo do XIII estava em 
perfeita harmonia com o 
interior – pelo menos na 
forma na qual eram 
planejadas, pois raras foram as 
catedrais dessa época que 
foram terminadas!
Uma das exceções: 
Catedral de Laon (França)
 O intenso verticalismo dos 
exteriores vai ser outra inovação do 
gótico francês; 
 A flecha (“criação do espírito 
gótico”) é a expressão máxima 
desse “ímpeto em direção ao céu” e 
representa um importante avanço 
quando a comparamos com as 
“flechas” românicas, que 
apresentam-se como simples 
coberturas de formas cônicas ou 
piramidais.
torres 
românicas
torres 
góticas
 Tudo nos leva a crer que, nas 
principais catedrais, as torres 
deveriam terminar em flecha: 
Chartres, Laon, Reims, 
Amiens etc.;
 A primeira flecha na França é 
a da torre sul de Chartres e, na 
Inglaterra, a da catedral de 
Oxford.
Catedral de 
Chartres
Catedral de 
Oxford
Chartres: exemplo da evolução das flechas (norte e sul)
 Os arcobotantes, elementos que compõe o exterior, 
aparecem pela primeira vez em Notre Dame de Paris 
e em Canterbury (Inglaterra), nos anos 1160 e 1170
respectivamente.
Notre Dame de Paris
 Além de atender a necessidade estrutural, a construção 
dos arcobotantes é “intrincada é fascinante; não é 
fantasiosa nem inconsequente, mas sim orientada pela 
lógica, e exprime, de fato, a mesma tensão que governa 
os interiores.” (Pevsner)
Notre Dame de Paris
 Faziam recair o peso onde era 
necessário, perpendicularmente 
à linha de empuxo; 
 Dividiam pelo lado de fora cada 
um dos tramos internos.
Os contrafortes (mais evoluídos que os românicos) 
também desempenham uma função estrutural e estética 
ao mesmo tempo:
 Outro elemento ornamental característico das 
edificações góticas (a partir do início do século XIII) 
é a gárgula (provavelmente do francês “gargouille”, 
que significa garganta);
 Esses elementos eram 
originalmente destinados a escoar 
as águas pluviais dos grandes 
telhados, conduzindo-as o mais 
longe possível de paredes e 
fundações. 
Gárgulas
Gárgula da Catedral de Freiburg (Alemanha) – séc. XIII
Algumas gárgulas, contudo, 
possuem apenas uma função 
ornamental. Determinados autores 
fazem essa distinção, 
denominando esses elementos 
“quimeras” ou “grotescos”. Notre-Dame de Paris
 “A catedral gótica apela para toda a nossa capacidade 
emocional e intelectual. Ora nos descobrimos 
perdidos na resplandecência mística, púrpura e 
azulada dos seus vitrais, ora nossa atenção volta a ser
atraída pelo percurso 
preciso dessas linhas 
ao mesmo tempo 
delgadas e 
suficientemente 
fortes.” (Pevsner)
 “...o arquiteto gótico, muito mais audacioso em 
suas construções, com sua alma ocidental de 
eterno pesquisador e inventor, sempre em busca 
do inédito, procura criar um contraste entre 
um interior espiritual e um exterior racional. 
De fato, quando estamos no interior da catedral, 
não podemos compreender, e não se espera que 
compreendamos, as leis que a governam em seu 
conjunto. Pelo contrário, no exterior o mecanismo 
complicado da estrutura nos é exposto com 
franqueza.” (N. Pevsner)
Amiens: vista externa
Amiens: interior
 A catedral era trabalhada como uma verdadeira 
“enciclopédia talhada na pedra”: são retratadas a 
vida de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, cenas 
e personagens do Antigo Testamento etc.
Catedral de Amiens
As molduras de cada pedra, além de reduzir o seu peso
(sem perda de sua função), enriqueciam a sua natureza 
decorativa, demarcando as linhas de força em todo o 
edifício.
 Todas têm plantas muito largas, mas 
ainda são cruciformes – isto é, os 
transeptos representam pequenas 
projeções. A Catedral de Notre Dame
de Paris (1163-1267), por exemplo, 
com as suas naves laterais duplas e 
perfeita unidade em todo o seu 
comprimento, pode ser considerada 
“a materialização de um ideal”. 
As edificações religiosas desse período, especialmente 
as francesas, têm vários pontos em comum:
 Essas catedrais têm, quase todas, portais profundos.Os de Laon, Reims e Amiens, por exemplo, contam-
se entre as grandes obras da arquitetura.
ChartresLaon
 A maior parte das catedrais francesas inclui ainda 
torres ocidentais (ou infraestrutura preparada para as 
receber). Lembrete: poucas catedrais chegaram a ser 
acabadas exteriormente! Chartres
Notre-Dame
Amiens
 No interior, como já dissemos, 
essas grandes catedrais do 
apogeu do estilo gótico 
apresentam uma estrutura em 
três andares: primeiro, há a 
arcada da nave central (que 
abre para as naves laterais), 
acima fica o trifório e 
finalmente temos o clerestório, 
que “inunda de luz” a nave 
central.
 O arco que separa os tramos, 
porém, deixa de se diferenciar 
das outras nervuras – como 
acontecia no românico – e, por 
isso mesmo, o que vemos no 
teto não é tanto uma série de 
tramos em sequência, mas sim 
um padrão de nervuras iguais, 
“crescendo organicamente a 
partir dos fustes”.
 Uma vez que os painéis de vidro 
tinham que ser sustentados, e dado 
que tais janelas tinham 
necessariamente de ser resistentes ao 
vento, eram então dividas por 
colunelas e rendilhados;
 Por seu turno, essa circunstância deu 
uma tal projeção ao artífice de 
vitrais, que esta arte se tornou um 
acessório do estilo gótico, tal como 
o mosaico o fora do bizantino. 
 Em resumo: foi sobretudo alterando as proporções 
relativas da arcada, trifório e clerestório que os 
construtores góticos clássicos franceses edificaram 
catedrais diferentes umas das outras. 
 Os cistercienses, nova ordem reformada 
francesa do século XII, foram os 
primeiros a adotar e difundir a arquitetura 
gótica na Inglaterra (R. Jordan); 
 As construções cistercienses inglesas 
estão entre as primeiras a usar ativamente 
os arcos ogivais; 
 Em Canterbury, após o incêndio de 1174 
na catedral, Guilherme de Sens teria 
introduzido o estilo gótico na construção 
das catedrais inglesas. 
Ruínas da abadia cisterciense de Melrose (c.1146)
 Na Inglaterra, Henrique VIII (séc. 
XVI) e Oliver Cromwell (séc. 
XVII) infelizmente destruíram a 
maioria das esculturas das antigas 
catedrais góticas; 
 Porém, nem a fachada de Wells, 
nem as estátuas existentes em 
Lincoln ou Westminster atingiam 
a perfeição de Reims ou Chartres. 
Afinal de contas, “os ingleses não 
são um povo de escultores.” 
(Pevsner) Detalhe da fachada de Wells
 Em compensação, sua arquitetura é tão elegante 
quanto a das catedrais francesas, ao mesmo tempo 
que permanece tipicamente nacional;
 Lembrete: o gótico inglês, assim como o estilo 
românico, encontra suas origens na França 
(Normandia).
Catedral de Lincoln
 Early English (c.1175 a c.1275), que corresponde ao 
gótico clássico no resto da Europa;
 O decorated style (c.1280 a c.1380) foi o estilo dos 
relevos decorativos e dos rendilhados mais 
imaginativos, além de incluir novas experiências de 
espaço; 
 O perpendicular style (c.1360 até o século XVI) 
despontou depois de 1330, quando desapareceram as 
características curvilíneas do decorated style e que 
perdurou com poucas variantes até o século XVI. 
A partir do século XIX, os pesquisadores dividiram o 
gótico inglês em três períodos:
 Entre as particularidades do gótico inglês (ilustrando 
muito bem a diferença de abordagem entre as 
arquiteturas da França e da Inglaterra) são os 
transeptos duplicados, tal como encontramos em 
Canterbury, Lincoln, Wells, Salisbury e em muitas 
outras catedrais: tratava-se de um esquema que 
prolongava todo o braço oriental, possibilitando assim 
um enorme coro para os religiosos.
Catedral de 
Canterbury
Catedral de Lincoln 
(sem o claustro e a 
Lady Chapel)
Catedral de 
Wells
 Na França, como vimos, o estilo gótico tendia para 
uma concentração espacial. O Early English, por 
outro lado, não tem essa característica! Uma catedral 
como a de Salisbury, com sua extremidade leste 
quadrada e seu transepto duplo quadrado, ainda se 
compõe de uma soma de unidades (ou seja, uma série 
de “compartimentos reunidos)”. 
Catedral de Salisbury
 Outro exemplo: “Comparando-se (...) Lincoln com 
Reims, essa diferença se evidencia claramente. Reims 
parece vigorosamente compacta; Lincoln se 
esparrama (...).” (Pevsner)
Reims
Lincoln
 Early English e a Catedral de Salisbury: “A 
horizontalidade do interior é (...) característica do gótico 
inglês. Não há qualquer acentuação vertical, como por 
exemplo um fuste que ligue os três andares.” (R. Jordan)
Catedral de Salisbury
Catedral de Salisbury
 Quando as fachadas, como as de Lincoln (c.1192) e Wells 
(c.1191) - representantes fiéis do Early English -, se 
desenvolvem plenamente, sua existência não tem relação 
com o interior que está por trás delas; “são como telas 
colocadas diante da igreja propriamente dita, e não o 
exterior logicamente concebido, como projeção do 
sistema interior – como as fachadas francesas.” (Pevsner)
Catedral 
de Lincoln
Catedral 
de Wells
 As naves de Lincoln e Amiens
evidenciam outro contraste 
evidente entre os dois países: às 
nervuras principais da clássica 
abóbada quadripartida, os ingleses 
acrescentam outras nervuras, 
chamadas terciarões, que, 
irradiando do mesmo ponto, sobem 
até a mesma altura. Em Lincoln, 
por exemplo, de cada mísula 
irradiam sete nervuras, ficando a 
abóbada subdividida em 14 partes!
Catedral de AmiensCatedral de Lincoln
 Além dos terciarões, o arquiteto de Lincoln acrescentou 
também uma nervura contínua na aresta culminante;
 A nervura da aresta culminante, que se tornou modelo 
na Inglaterra, sublinha uma vez mais o comprimento (a 
horizontalidade), minimizando a altura das edificações.
 A Lady Chapel , por vezes 
considerada “a obra-prima” do 
estilo gótico inglês, é outro 
elemento típico desse estilo no país;
 Ela consiste normalmente de uma 
pequena igreja-salão, com abóbadas 
quase sempre suportadas por fustes 
monolíticos bastante delgados.
 Exemplos: Salisbury (Early
English) e Ely (decorated style)
Planta baixa da 
catedral de Ely
Lady Chapel de Salisbury
Lady Chapel de Ely
 “O clássico é apenas um momento na história de 
uma civilização. Nas mais avançadas, França e 
Inglaterra, ele foi atingido ao final do século XII.” 
(Pevsner) 
 Por volta de 1275, contudo, os franceses “perderam 
o vigor”. As novas catedrais construídas a partir 
deste momento não trouxeram qualquer elemento 
novo, permanecendo fiéis às regras estabelecidas em 
Saint Denis e Beauvais décadas antes; 
 A Inglaterra, pelo contrário, manteria sua energia 
criadora por mais um século. De fato, a arquitetura 
inglesa entre 1250 e 1350 foi a mais avançada, a 
mais importante e a mais inspirada da Europa.
c.1250-c.1500
 “O gótico tardio, embora ainda faça 
parte do estilo gótico em virtude do 
uso predominante do arco ogival, é 
essencialmente diferente do gótico 
clássico das grandes catedrais”; 
(Pevsner)
 Em termos de ornamentação das 
edificações religiosas, nota-se uma 
tendência para um maior refinamento e 
também para uma maior 
complexidade;
 Destaque para as edificações inglesas.
 Realmente não existe qualquer 
ornamento esculpido em sua 
nave e, no entanto, dos feixes 
de nervuras à aglomeração dos 
pilares, raros são os trechos de 
parede lisa; 
 As nervuras das abóbadas 
foram multiplicadas até a nave 
central parecer uma “floresta 
de pedra”.
O melhor exemplo do decorated style inglês é 
representado pela Catedral de Exeter (c.1280):
Catedral de Exeter
 O clerestórioe o trifório desaparecem e com isso as 
naves laterais são da mesma altura da principal; 
 Na abóbada central, vemos um novo tipo de 
nervura: os liernes;
 Tal como a nave central de Exeter, a de Bristol
também se encontra mais dependente do jogo de luz 
e sombra do conjunto de molduras do que 
propriamente dos ornamentos em si.
O desenvolvimento do perpendicular style, por 
sua vez, pode ser evidenciado na Catedral de 
Bristol (c.1298):
Catedral de Bristol – os LIERNES são pequenas nervuras na abóbada, que 
ligam uma nervura principal a outra, formando desenhos de estrelas, um 
motivo que atingiu a máxima complexidade nas abóbadas perpendiculares, 
na Inglaterra, e nas abóbodas do gótico tardio, na Alemanha.
Catedral de Bristol
1. A criação de um espaço 
unificado, com a forma de uma 
“igreja-salão” (ou seja, com 
naves laterais da mesma altura da 
nave central e sem o clerestório). 
Esta tendência, ao que tudo 
indica, teve sua origem nos 
dormitórios e refeitórios da 
arquitetura monástica.
Em termos da disposição dos espaços no gótico 
tardio, os aspectos relevantes são:
Corte da catedral de Ely
1. Pilares compósitos 
(apresentam capitéis apenas 
em fustes de menor 
importância; os outros 
lançam-se para o alto e se 
inserem nas abóbadas, sem 
nenhuma interrupção).
Catedral de Bristol
Em termos da disposição dos espaços no gótico 
tardio, os aspectos relevantes são:
1. As abóbadas se assentam 
inteiramente sobre uma rede em 
forma de estrela, constituída de 
nervuras primárias (ogivais), 
secundárias (terciarões) e 
terciárias (liernes).
Catedral de Ely
Em termos da disposição dos espaços no gótico 
tardio, os aspectos relevantes são:
 Dessa forma, em catedrais como Bristol, Ely e Wells, 
“nossos olhos são constantemente atraídos para 
perspectivas fugidias e oblíquas, para cima e para os 
lados”(ao contrário do que ocorria no gótico clássico, 
com a predominância de apenas duas direções).
Catedral de Bristol
 Enquanto na Inglaterra a nova experiência de um 
espaço em movimento se exprime de modo 
complexo com o perpendicular style, no 
continente europeu “procura-se obter um 
resultado semelhante com meios opostos”; 
 “As tendências predominantes em todos os 
países do continente europeu não eram no 
sentido de uma maior complexidade 
tridimensional do espaço, mas sim da amplidão 
ininterrupta.” (Pevsner)
 Essas tendências, na Espanha, Alemanha, 
Itália e França, estavam ligadas ao 
desenvolvimento de duas ordens religiosas -
os franciscanos e os dominicanos, fundadas 
em 1209 e 1215 respectivamente - que 
rapidamente se expandem a partir de 1225;
 O que caracterizava todas as igrejas dos 
frades era, mais do que qualquer coisa, o fato 
de serem igrejas onde eram feitos grandes 
sermões.
 Ou seja, eram igrejas grandes, simples e funcionais, 
apresentando “poucos elementos que sugerissem uma 
atmosfera especificamente eclesiástica”; 
 Eram necessárias, portanto, naves espaçosas para 
abrigar as multidões que vinham ouvir as pregações 
dos religiosos. 
 “Os frades, como se sabe, pertenciam a 
ordens populares. Desprezavam a 
existência fácil e segregada das outras 
ordens em seus domínios retirados no 
interior; instalavam-se em cidades 
movimentadas, e lá desenvolviam sua 
notável técnica de pregação, como um 
veículo de propaganda religiosa (...). 
Assim, só precisavam de um amplo 
auditório, de um púlpito e de um altar”. 
(Pevsner)
 Essa simplicidade exterior, independente do que 
acontecia no interior, também é típica das igrejas 
dos frades na Alemanha;
 Na Alemanha, os interiores inicialmente não 
tinham naves laterais, mas depois, sobretudo 
após 1300, assumiram, praticamente como regra, 
a forma das igrejas-salão (ou Hallenkirche),
aquelas igrejas em que – como vimos - naves 
laterais têm a mesma altura da nave principal.
Catedral de St. Marien - Freiberg (final do séc. XV)
 A decoração, tal como na 
França e na Inglaterra, tornou-
se progressivamente mais 
ornamentada, mas por quase 
300 anos a forma básica 
permaneceu a mesma: o 
clerestório e o trifório 
desapareceram e a igreja 
transformou-se num salão com 
colunas, iluminado pelas janelas 
altas das naves laterais.
Catedral de St. Marien - Freiberg
Igreja de São Lourenço 
(Nuremberg)
Igreja de São Lourenço 
(Nuremberg)
Igreja de São Lourenço (Nuremberg)
 As nervuras flutuantes são também “uma 
especialidade das mais audaciosas” dessas igrejas do 
gótico alemão tardio; 
 Surgem pela primeira vez na catedral de São Vito em 
Praga (c.1352).
Exemplo de uma “abóbada esquelética” (nervuras flutuantes)
 A partir do século XIV, ocorrem uma série de 
mudanças sociais na Europa;
 Uma nova classe social surgiu - a classe à qual 
pertenciam os administradores reais, os homens de 
negócio, os líderes da Liga Hanseática alemã etc. – a 
mesma classe que agora seria responsável pela 
construção de dezenas de esplêndidas igrejas 
paroquiais;
 Ou seja, a antiga aristocracia, aos poucos, dividiu o 
poder com os burgueses, os “novos ricos”, cuja 
proporção nas cidades aumentaria cada vez mais.
 “Os mercadores, os burgueses e as 
guildas fundaram cidades. O poder 
destas associações (...) teve enorme 
importância. Câmaras municipais, 
casas de guildas, armazéns e grandes 
praças de mercado (...) mostram que, 
muito antes do final da Idade Média, 
os edifícios monumentais deixaram de 
provir apenas da Igreja e tornaram-se 
igualmente um símbolo de sucesso 
mundano.” (R. Jordan)
Prefeitura de Gouda (Holanda) – séc. XV 
Prefeitura de Louvain
(Bélgica): 1448-1469
Palazzo Ducale (Veneza) – c. 1345-1365
Referências:
CRAVEN, Jackie. 1100-1450: Gothic. Architecture reaches new 
heights. Disponível em: 
<http://architecture.about.com/od/periodsstyles/ig/Historic-
Styles/Gothic.htm>. Acesso em: 21 abr. 2014.
FRANKL, Paul. Gothic Architecture. London: Yale University
Press, 2001.
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. 
São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
MACDONALD, Fiona. JAMES, John. Fique por dentro da história: 
uma catedral medieval. São Paulo: Editora Manole Ltda., s.d.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São 
Paulo: Martins Fontes, 2002.

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