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Enterobiose

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
ENTEROBIOSE 
 
 Enterobíase/Enterobiose ou oxiurose ou é o nome da infecção por oxiúros (Enterobius vermicularis), que são 
vermes nematôdeos com menos de 15 mm de comprimento e que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente 
primatas, incluindo o homem. É a única parasitose que ainda é hoje comum nos países desenvolvidos, atingindo 
particularmente as crianças. 
O oxiúro é um verme nemátode pequeno e fusiforme. As fêmeas têm cerca de 1 centímetro e cauda longa, 
enquanto os machos apenas 3 milímetros. 
A enterobiose é, portanto, uma doença parasitária ocasionada por um helminto designado como Enterobius 
vermicularis, o qual apresenta como principal meio de transmissão a ingestão de ovos infectantes. A infecção pode 
cursar assintomáticamente ou apresentar sintomas, sendo o mais característico o prurido anal (mais acentuado à noite), 
acompanhado de insônia, irritabilidade, nervosismo. Podem acontecer manifestações como vulvogenites, quando os 
oxiúros migram para a região vaginal. É uma parasitose altamente contagiosa, o que justifica a necessidade de não só 
tratar os indivíduos parasitados, mas todos os indivíduos que vivem com o mesmo para evitar esse contágio. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 Família: Oxyuridae 
 Filo: Nemathelminto 
 Classe: Trematoda 
 Gênero: Enterobius 
 Espécie: E. Vermicularis. 
 
 
MORFOLOGIA 
 O E. vermicularis apresenta nítido dimorfismo sexual, entretanto, alguns caracteres são comuns aos dois sexos: 
cor branca (semelhantes a fios de algodão), filiformes. Na extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se 
expansões vesiculosas muito típicas, chamadas "asas cefálicas". A boca é pequena, seguida de um esôfago também 
típico: é claviforme, terminando em um bulbo cardíaco. Os caracteres específicos de cada forma são os que se seguem: 
 
FÊMEA 
 Mede cerca de 1cm de comprimento, por 0,4mm de diâmetro. Cauda pontiaguda e longa. A vulva abre-se na 
porção média anterior, a qual é seguida por uma curta vagina que se comunica com dois úteros; cada ramo uterino se 
continua com o oviduto e ovário. 
 
MACHO 
 Mede cerca de 5mm de comprimento, por 0,2rnm de diâmetro. Cauda fortemente recurvada em sentido ventral, 
com um espículo presente; apresenta um único testículo. Se difere da fêmea apenas pela sua porção posterior e 
tamanho. 
 
OVOS 
 Mede cerca de 50µm de comprimento por 20µm de largura. Apresenta o aspecto grosseiro de um D, pois um dos 
lados é sensivelmente achatado e o outro é convexo. Possui membrana dupla, lisa e transparente. No momento em que 
sai da fêmea, já apresenta no seu interior uma larva. 
 
 
HABITAT 
 Machos e fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas, repletas de ovos (5 a 16 mil ovos), são encontradas na 
região perianal após migrarem para esta região e causarem o prurido característico da parasitose. 
 
 
CICLO BIOLÓGICO 
 É do tipo monoxênico; após a cópula, os machos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas, repletas de 
ovos, se desprendem do ceco e dirigem-se para o ânus (principalmente à noite). Alguns autores suspeitam que elas 
realizam oviposição na região perianal, mas a maioria afirma que a fêmea não é capaz de fazer postura dos ovos; os 
mesmos seriam eliminados por rompimento da fêmea, devido a algum traumatismo ou dissecamento. Como ela se 
assemelha a um "saco de ovos", com a cutícula extremamente distendida, parece que o rompimento da mesma se toma 
fácil. 
Arlindo Ugulino Netto. 
PARASITOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 
 
Os ovos eliminados, já embrionados, se tomam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo hospedeiro. 
No intestino delgado, as larvas rabditoides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal até o ceco. Aí chegando, 
transformam-se em vermes adultos. Um a dois meses depois as fêmeas são encontradas na região perianal. Não 
havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se aí. 
 
 
TRANSMISSÃO 
 Os mecanismos de transmissão que podem ocorrer são: 
 Heteroinfecção: quando ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo hospedeiro (é também conhecida 
como primoinfecção); 
 Indireta: quando ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou; 
 Autoinfecção externa ou direta: a criança (fiequentemente) ou o adulto (raramente) levam os ovos da região 
perianal à boca. E o principal mecanismo responsável pela cronicidade dessa verminose; 
 Autoinfecção interna: parece ser um processo raro no qual as larvas eclodiam ainda dentro do reto e depois 
migrariam até o ceco, transformando-se em vermes adultos; 
 Retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal (externamente), penetram pelo ânus e migram pelo 
intestino grosso chegando até o ceco, onde se transformam em vermes adultos. 
 
 
PATOGENIA 
Na maioria dos casos, o parasitismo passa despercebido pelo paciente. Este só nota que alberga o verme 
quando sente ligeiro prurido anal (a noite, principalmente) ou quando vê o verme (chamado popularmente de 
"lagartinha") nas fezes. Em infecções maiores, pode provocar enterite catarral por ação mecânica e irritativa. O ceco 
apresenta-se inflamado e, às vezes, o apêndice também é atingido. 
A alteração mais intensa e mais frequente é o prurido anal. A mucosa local mostra-se congesta, recoberta de 
muco contendo ovo e, às vezes, fêmeas inteiras. O ato de coçar a região anal pode lesar ainda mais o local, 
possibilitando infecção bacteriana secundária. O prurido ainda provoca perda de sono, nervosismo e, devido a 
proximidade dos órgãos genitais, pode levar à masturbação e erotismo, principalmente em meninas. 
A presença de vermes nos órgãos genitais femininos pode levar a vaginite, metrite, salpingite e ovarite. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
CLÍNICO 
 O prurido anal noturno e continuado pode levar a uma suspeita clínica de enterobiose. 
 
LABORATORIAL 
 O exame de fezes não funciona para essa verminose intestinal. O melhor método é o da fita adesiva 
(transparente) ou método de Graham. Essa técnica deve ser feita ao amanhecer, antes de a pessoa banhar-se, e 
repetida em dias sucessivos, caso dê negativo. Caso a lâmina não possa ser examinada no mesmo dia, a mesma 
deverá ser conservada em geladeira, devidamente embalada em papel-alumínio. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Essa helmintose tem alta prevalência nas crianças em idade escolar, com distribuição universal. E de 
transmissão eminentemente doméstica ou de ambientes coletivos fechados (creches, asilos, enfermarias infantis etc.). 
Os fatores responsáveis por essas situações são: 
 Somente a espécie humana alberga o E. vermicularis; 
 Fêmeas eliminam grande quantidade de ovos na região perianal; 
 Os ovos em poucas horas se tornam infectantes, podendo atingir os hospedeiros por vários mecanismos (direto, 
indireto, retroinfecção); 
 Os ovos podem resistir até três semanas em ambiente domésticos, contaminando alimentos e "poeira". 
 
 
PROFILAXIA 
 A roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro não deve ser "sacudida" pela manhã, e sim enrolada e 
lavada em água fervente, diariamente; 
 Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família (ou outra coletividade) e repetir o medicamento duas ou 
três vezes, com intervalo de 20 dias, até que nenhuma pessoa se apresente parasitada; 
 Corte rente das unhas, aplicação de pomada mercurial na região perianal ao deitar-se, banho de chuveiro ao 
levantar-se e limpeza doméstica com aspirador de pós, são medidas complementares de utilidade. 
 
 
TRATAMENTO 
Os medicamentos mais utilizados são os mesmos empregados contra o A. Lumbricoides. 
 Pamoato de Pirantel: o medicamento é apresentado sob a forma líquida e comprimidos; a dose indicada é de 
10mg/kg em dose única, com eficácia de 80-100% de cura. Os efeitos colaterais são náuseas e vômitos, 
cefaleias, sonolência e erupção cutânea;contraindicação: gravidez e disfunção hepática. 
 Albendazol: o medicamento é apresentado sob a forma líquida (suspensão contendo 40mg/ml e comprimidos 
200mg); a dose indicada para tratamento da enterobiose, em crianças acima de 2 anos, é de 100mg em dose 
única, com eficácia próxima a 100% de cura. Os efeitos colaterais são náuseas, vômitos, cefaleias, podendo ou 
não estar associados a desconforto gastrintestinais. 
 Ivermectina: o medicamento é apresentado sob a forma de comprimidos de 6mg; a dose indicada é de 
200µg/kg em dose única, para pacientes com mais de 15kg de peso corporal. 
 
OBS: Embora todos esses medicamentos apresentem uma certa eficácia, a droga de escolha específica para a 
enterobiose é o Pirpan® (parmoato de pervínio).

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