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Pós-graduação em Administração de Empresas MARKETING EMPRESARIAL Prof. Luís Henrique Pereira Julho/2014 Pós-graduação em Administração de Empresas Sumário MÓDULO 1: FUNDAMENTOS DE MARKETING .......................................................................... 5 1.1 O CONCEITO DE MARKETING ............................................................................................5 1.2 O MERCADO E AS NECESSIDADES DOS CLIENTES ....................................................................6 1.3 EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE EMPRESAS E CLIENTES ...........................................................7 1.4 O CICLO VIRTUOSO DO MARKETING ....................................................................................9 1.5 O COMPOSTO DE MARKETING ......................................................................................... 11 1.6 NOVAS TENDÊNCIAS EM MARKETING ................................................................................. 12 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .............................................................................................. 13 SITES RECOMENDADOS ...................................................................................................... 13 MÓDULO 2 : O MERCADO E OS CONSUMIDORES ................................................................... 15 2.1 O AMBIENTE DE MARKETING .......................................................................................... 15 2.2 A PESQUISA E A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DE MARKETING .................................................... 18 2.3 O COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES .......................................................................... 21 2.4 A ESTRATÉGIA DE MARKETING ........................................................................................ 23 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .............................................................................................. 27 SITES RECOMENDADOS ...................................................................................................... 27 MÓDULO 3: PRODUTO, MARCA E PREÇO ............................................................................. 29 3.1 CONCEITO DE PRODUTO ............................................................................................... 29 3.2 DECISÕES DE PRODUTOS .............................................................................................. 31 3.3 MARCAS ................................................................................................................. 34 3.4 ESTRATÉGIA DE MARCAS: CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES ................................................... 35 3.5 PREÇOS .................................................................................................................. 37 3.6 ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS ...................................................................... 38 3.7 MERCADO E DEMANDA ................................................................................................. 42 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ............................................................................................. 45 SITES RECOMENDADOS ..................................................................................................... 45 MÓDULO 4: CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING .................... 47 4.1 NATUREZA E IMPORTÂNCIA DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................... 47 4.2 COMPORTAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS CANAIS ................................................................... 49 4.3 DECISÕES DE PROJETO E GESTÃO DOS CANAIS ..................................................................... 51 4.4 O COMPOSTO PROMOCIONAL .......................................................................................... 52 4.5 ESTRATÉGIAS DO COMPOSTO PROMOCIONAL ........................................................................ 56 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ............................................................................................. 59 SITES RECOMENDADOS: .................................................................................................... 59 MÓDULO 5: SERVIÇOS ................................................................................................... 61 5.1 O CONCEITO DE SERVIÇOS ............................................................................................ 61 5.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS ..................................................................... 63 5.3 QUALIDADE DE SERVIÇOS ............................................................................................. 64 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ............................................................................................. 69 SITES RECOMENDADOS ..................................................................................................... 69 Módulo 1 Marketing Empresarial 4 Marketing Empresarial Módulo 3 29 MÓDULO 3: PRODUTO, MARCA E PREÇO Uma etapa muito importante no processo de marketing diz respeito à forma que apresentamos a nossa oferta de valor. O produto e sua configuração geral, ou seja, a marca, o design, a embalagem é a maneira como tornamos tangível a proposta de valor estabelecida pela estratégia de marketing adotada. Outro elemento importante a exprimir nessa proposta é o preço. Por meio da precificação estabelecemos o posicionamento que desejamos para o produto na mente do consumidor, uma vez que preço atribui uma parte expressiva do valor que se deseja comunicar ao consumidor permitindo que o mesmo avalie e estabeleça uma referência em relação às demais ofertas da concorrência. Ao final desse módulo você deverá ser capaz de: 1. Definir produto e suas classificações mais importantes. 2. Descrever as decisões que as empresas tomam sobre seus produtos, linhas de produtos e mixes de produtos. 3. Definir o que é marca e discutir as estratégias de marcas. 4. Definir o que é preço e discutir a importância da determinação de preços. 5. Descrever as principais estratégias de preços utilizadas nas empresas. 3.1 CONCEITO DE PRODUTO Define-se produto como algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade. Produtos incluem mais do que bens tangíveis. Definidos mais amplamente incluem objetos físicos, serviços1, eventos, pessoas, lugares, organizações, ideias ou uma combinação de alguns desses elementos. O produto é um elemento-chave da oferta ao mercado. O planejamento do mix de marketing começa com a formulação de uma oferta que proporcione valor aos clientes-alvo e esta se torna a base sobre a qual a empresa constrói relacionamentos lucrativos com os clientes. 3.1.1 Níveis de produtos Os planejadores de produtos precisam pensar em três níveis (figura 1). Cada nível de serviço agrega mais valor para o cliente. O nível mais básico é o benefício central. Neste nível, a preocupação é fazer o consumidor entender o que ele, de fato, está comprando. Assim, os profissionais de marketing devem definir primeiro os benefícios centrais, ou seja, aqueles que estão ligados à solução do problema para o consumidor. No segundo nível, os planejadores de produtos devem transformar o benefício central em um produto básico. Desta maneira, desenvolvem as características do produto, tais como: atributos, design, nível de qualidade, marca e embalagem. Por fim, os responsáveis pelo planejamento de produtos devem preparar um produto ampliado ao redor do benefício central e do produto básico oferecendo serviços e benefícios adicionais ao consumidor.1 Neste módulo não detalharemos serviços, pois o tema será tratado mais especificamente no módulo 5. Módulo 3 Marketing Empresarial 30 Figura 1: Níveis de Produto Fonte: Kotler e Keller, 2007 3.1.2 Classificação de produtos Os produtos dividem-se em duas classes amplas, baseadas no tipo de consumidor que os utiliza – produtos de consumo e produtos organizacionais. 3.1.3 Produtos de consumo Produtos de consumo são aqueles comprados por consumidores finais para o uso próprio. Entre os eles temos: de conveniência, de compra comparada, de especialidade e os não procurados. Os produtos de conveniência são aqueles que o consumidor geralmente compra com frequência, rapidez, comparação e esforço mínimos. Sabonetes, doces, refrigerantes e comida fast food são exemplos desses produtos. Geralmente tem preço baixo e são disponibilizados em muitos pontos de venda. Os produtos de compra comparada são aqueles comprados com menor frequência e cujas características de preço, qualidade e estilo são comparadas pelo consumidor. Quando escolhem esses produtos, os consumidores empregam mais tempo e esforço na tomada de decisão, fazendo comparações. Exemplos incluem móveis, vestuário, eletrodomésticos. Os seus fabricantes geralmente distribuem os produtos em um menor número de pontos de venda, mas oferecem um suporte de vendas mais bem preparado para auxiliar os clientes em seus esforços de comparação. Os produtos de especialidade são produtos e serviços com características específicas ou identificação de marca pelos quais um significativo grupo de compradores está disposto a fazer um esforço especial de compra. Exemplos incluem marcas e tipos específicos de carros, roupas Produto ampliado Produto básico Produto núcleo Marketing Empresarial Módulo 3 31 de grife, aparelhos de som ou fotografia sofisticados. A distribuição dos mesmos é bastante seletiva. Os produtos não procurados, por sua vez, são produtos que o consumidor não conhece ou normalmente não pensa em comprá-los. Exemplos clássicos de produtos e serviços conhecidos, mas não procurados são: seguros de vida, jazigos e serviços funerários. 3.1.4 Produtos organizacionais Os produtos organizacionais são os produtos comprados para processamento posterior ou para uso na gestão de um negócio. Assim, a distinção entre produto de consumo e produto organizacional é fundamentada na finalidade para qual o produto é comprado. Os três grupos de produtos organizacionais incluem materiais e peças, bens de capital e suprimentos e serviços. 3.2 DECISÕES DE PRODUTOS Os profissionais de marketing tomam decisões de produtos em três níveis: � de produtos individuais � de linhas de produto � de mix de produtos A seguir, discutiremos cada uma das decisões... 3.2.1 Decisões de produtos individuais As decisões de produtos individuais envolvem atributos do produto, branding, embalagem, rotulagem e serviços de apoio, bem como assistência para o produto. 3.2.1.1 Atributos do produto Desenvolver um produto envolve definir os benefícios que ele oferecerá. Esses benefícios são comunicados e entregues por meio de atributos de produto, tais como: qualidade, características, estilo e design. A qualidade exerce um impacto direto no desempenho do produto e está estreitamente ligada ao valor e à satisfação para o cliente. Com relação às características, um produto pode ser oferecido com características variáveis. O ponto de partida é o modelo mais básico. A empresa pode criar modelos de nível mais alto acrescentando mais características. Essa é uma ferramenta competitiva de diferenciação entre os produtos da empresa e dos concorrentes. Outro modo de agregar valor para o cliente é por meio de design e estilo distintivos do produto. Um bom design contribui tanto para utilidade quanto para aparência do produto e pode diferenciá-lo em relação aos concorrentes. A Apple se distingue de seus concorrentes pelo design inovador de seus produtos, que inclui não somente a aparência, mas a funcionabilidade e ergonomia adotada. Módulo 3 Marketing Empresarial 32 3.2.1.2 Branding Uma marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho – ou uma combinação desses elementos – que identifica o fabricante ou vendedor de um produto. Os consumidores veem a marca como parte importante do produto e o branding pode agregar valor a ele. Construir e gerenciar marcas são tarefas muito importantes para os profissionais de marketing. Trataremos dessa questão em mais detalhes mais adiante. 3.2.1.3 Embalagem A embalagem envolve o projeto, a produção do recipiente e envoltório do produto. A função primordial da embalagem é conter e proteger o produto. Nos últimos tempos, entretanto, a embalagem se transformou em uma importante ferramenta de marketing, ajudando na tarefa de comunicar e vender o produto. 3.2.1.4 Rotulagem Os rótulos podem variar partindo de simples etiquetas presas aos produtos até projetos gráficos complexos que fazem parte da embalagem. Eles desempenham diversas funções, desde a identificação do produto ou marca até a descrição das características do produto com informações sobre o conteúdo, fabricante, data de validade, instruções de consumo ou uso. Com o aumento da preocupação dos consumidores em relação a questões de segurança e saúde, os rótulos passaram a desempenhar a importante tarefa de informar ao usuário sobre o uso ou consumo adequado do produto, sendo, inclusive exigidos por órgãos de fiscalização e regulação, tais como: ANVISA, Inmetro, entre outros. 3.2.1.5 Serviços de apoio e assistência ao produto A oferta de uma empresa ao mercado inclui usualmente alguns serviços de apoio e assistência que podem ser uma parte maior ou menor da oferta total. Garantia, garantia estendida, serviço entrega em domicilio, entre outros, podem fazer parte dessa oferta. 3.2.2 Decisões de linhas de produtos Além das decisões sobre produtos individuais, a estratégia de produto exige também o desenvolvimento de uma linha de produtos que é um grupo de itens intimamente relacionados porque funcionam de maneira semelhante, são vendidos ao mesmo grupo de clientes, comercializados pelos mesmos tipos de lojas ou se incluem em determinadas faixas de preços. A decisão mais importante de linha de produtos envolve a sua extensão– número de itens que ela comporta. A linha é muito pequena se o gestor puder aumentar o lucro pelo acréscimo de itens e é muito extensa se ele puder aumentar os lucros pela redução de itens. A extensão da linha de produtos é influenciada por objetivos e recursos da empresa. Uma empresa pode aumentar a extensão de sua linha de produtos de duas maneiras: pela ampliação ou complementação. A ampliação ocorre quando uma empresa estende para além de sua faixa atual podendo ser para baixo, para cima ou em ambos os sentidos. Empresas posicionadas na faixa superior do mercado podem ampliar suas linhas para baixo para preencher uma lacuna no mercado que pode atrair um novo concorrente ou para enfrentar o ataque de um concorrente a seu segmento superior. Ela também pode adicionar produtos à parte inferior porque observou um rápido crescimento nos segmentos inferiores, como no caso do Mercedes Classe C da DaimlerChrysler. Marketing Empresarial Módulo 3 33 As empresas posicionadas na faixa mais baixa podem querer estender sua linha de produtos para cima para dar mais prestígio a seus produtos. Também podem ser atraídas por uma taxa de crescimento ou de margens mais altas oferecidas no segmento superior, como no caso do lançamento do Lexus pela Toyota. As empresas que operam na faixamédia de mercado podem decidir ampliar suas linhas em ambos os sentidos, como fez a rede Accor, com introdução das bandeiras Íbis budget e Sofitel as já existentes - Íbis e Mercure. Uma alternativa à ampliação da linha de produtos é a complementação da linha, ou seja, a adição de mais itens à faixa atual da linha. Há diversas razões para a complementação de linha: lucros extras, satisfazer revendedores, usar o excesso de capacidade de produção, assumir a liderança como uma empresa de linha completa e preencher lacunas de mercado para afugentar concorrentes. Contudo, a complementação é exagerada se confundir o consumidor ou resultar em canibalização. A empresa deve estar atenta para que os novos itens sejam perceptivelmente diferentes daqueles já existentes. 3.2.3 Decisões do Mix de produtos Uma organização que possui diversas linhas de produto tem um ‘mix de produtos’ – também chamado de composto de produtos – que consiste em todas as linhas de produtos e todos os itens que determinado vendedor põe à venda. O mix de produtos de uma empresa tem quatro dimensões importantes: � Abrangência � Extensão � Profundidade � Consistência A abrangência refere-se ao número de diferentes linhas de produtos que a empresa possui. A extensão diz respeito ao total de itens que a empresa possui dentro de cada uma das suas linhas. A profundidade refere-se ao número de versões oferecidas de cada linha de produto. Por fim, a consistência do mix de produtos se refere ao grau de proximidade das várias linhas de produtos no uso final, nas exigências de produção, nos canais de distribuição ou em qualquer outra característica. Podemos dizer, por exemplo, que a Nestlé é uma empresa que possui um mix de produtos que tem boa abrangência, pois apresenta uma linha de produtos lácteos, biscoitos, chocolates, achocolatados, sucos, nutrição, bebês, águas, entre outros. Possui, também, boa extensão de linhas de produtos, uma vez que dispõe de vários itens em cada linha, como no caso de biscoitos. Suas linhas tem profundidade, uma vez que disponibiliza seus produtos em várias versões, como no caso de iogurtes, com variados sabores, tamanhos, light, etc. Em relação à consistência, podemos dizer que as linhas da Nestlé são consideradas boas, em virtude de serem vendidos nos mesmos pontos de vendas, ter exigências de produção similares e estarem relativamente próximas em seu uso final, ou seja, a alimentação. 3.2.4 Estratégias de ciclo de vida dos produtos Após o lançamento de um novo produto, a gerência de marketing deseja que ele tenha vida longa e de sucesso. Embora não espere que o produto seja vendido para sempre, a empresa quer obter um lucro razoável que compense todos os esforços e riscos em que incorreu para lançá-lo. A gerência de marketing está ciente de que cada produto terá um ciclo de vida, embora não possa adivinhar exatamente como será e que duração terá. Módulo 3 Marketing Empresarial 34 A figura 2 mostra um exemplo de ciclo de vida do produto (CVP), o curso das vendas e dos lucros de um produto ao longo de sua vida. O ciclo de vida apresenta cinco estágios distintos: 1. O desenvolvimento do produto começa quando a empresa descobre e desenvolve uma ideia para um novo produto. Nesse estágio, as vendas são iguais a zero e os custos de investimentos aumentam. 2. A introdução é um período de baixo crescimento de vendas, pois o produto ainda não é conhecido no mercado. Nesse estágio, os lucros não existem devido às despesas pesadas com o lançamento. A empresa deve oferecer um produto básico. 3. O crescimento é um período de rápida aceitação pelo mercado e crescimento de lucros. Neste estágio a empresa pode oferecer ampliações de produto, atendimento e garantia. 4. A maturidade é um período de redução no crescimento de vendas, porque o produto já conseguiu a aceitação da maioria dos compradores potenciais. O nível de lucros se estabiliza ou declina devido a maiores gastos de marketing para defender o produto da concorrência. Nesse estágio a empresa deve procurar a diversificação de suas marcas e modelos. 5. O declínio é o período em que as vendas diminuem e os lucros caem. Nesse estágio a empresa deve descontinuar marcas e produtos com desempenho fraco. Figura 2: Vendas e lucros ao longo do Ciclo de vida de produtos 3.3 MARCAS As marcas são mais do que meros nomes e símbolos. Elas são um elemento-chave nas relações da empresa com os consumidores, pois representam as percepções e os sentimentos em relação a um produto e seu desempenho, ou seja, tudo o que o produto significa para os compradores. Em uma análise final, as marcas existem na mente dos consumidores. O valor real de uma marca forte é seu poder de conquistar a preferência e a fidelidade do consumidor. As marcas variam no nível de poder e valor que tem no mercado. Algumas marcas - como Coca-Cola, Nike, Apple, Itaú, Google e Facebook – se transformam em ícones atraentes que mantêm seu poder no mercado por anos, até mesmo por gerações. Essas marcas tem sucesso no mercado não somente porque entregam benefícios distintivos, mas também porque formam uma profunda conexão com os clientes. Marketing Empresarial Módulo 3 35 3.3.1 Brand Equity Uma marca poderosa possui um grande brand equity - efeito diferenciador positivo que o conhecimento do nome da marca tem sobre a reação do cliente ao produto. Uma medida do brand equity é a extensão na qual alguns clientes se dispõem a pagar mais pela marca. Uma marca com um forte valor patrimonial é um ativo muito valioso. A avaliação da marca é o processo de estimar o seu valor financeiro total. É difícil mensurá-lo e existem diferentes metodologias de avaliação. De acordo com a Interbrand - uma importante consultoria de avaliação de marcas - a marca mais valiosa do mundo em 2013 era a Apple, no valor de cerca de 100 bilhões de dólares, ultrapassando a Coca-Cola que se manteve no topo por muitos anos. Um alto brand equity proporciona muitas vantagens competitivas a uma empresa, pois uma marca poderosa tem um alto nível de conscientização, fidelidade por parte do consumidor, o que oferece à empresa algumas defesas contra guerras de preço. Acima de tudo, uma marca forte constrói a base para o desenvolvimento de sólidos e lucrativos relacionamentos com o cliente. Assim, o ativo fundamental do brand equity é o valor do cliente – o valor dos relacionamentos com o cliente criados pela marca. Uma marca forte é importante, mas o que ela de fato representa é um conjunto lucrativo de clientes fiéis. O foco desejado de marketing é o desenvolvimento do valor do cliente, com a administração da marca servindo de ferramenta essencial de marketing. 3.4 ESTRATÉGIA DE MARCAS: CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES O branding apresenta decisões desafiadoras aos profissionais de marketing. A figura 2 mostra que as principais decisões de estratégia de marca envolvem posicionamento, seleção do nome, patrocínio e desenvolvimento da marca. Figura 3: Principais decisões estratégicas de marca Módulo 3 Marketing Empresarial 36 3.4.1 Posicionamento da marca Os profissionais de marketing precisam posicionar suas marcas na mente dos clientes-alvo e podem posicioná-las em qualquer um dos três níveis. No nível mais baixo, pode ser com base nos atributos do produto. Já um posicionamento melhor pode ser adquirido pela associação de seu nome a um benefício desejável, por exemplo: uma empresa de cosméticos, além de falar dos ingredientes utilizados na produção de determinado item, também pode apontar os benefícios desse produto para a beleza ou a saúde ou o meio-ambiente. As marcas fortes vão além do posicionamentopor atributos ou benefícios. Elas se posicionam sobre fortes crenças e valores, incorporando uma forte carga emocional. Ao posicionar uma marca, o profissional de marketing deve definir uma missão para ela, bem como uma visão do que ela deve ser e fazer. A marca é a promessa da empresa de fornecer consistentemente um conjunto específico de atributos, benefícios, serviços e experiências aos compradores. A promessa da marca deve ser simples e honesta. 3.4.2 Seleção do nome da marca Um bom nome pode ajudar no sucesso do produto. Entretanto, encontrar o melhor nome de marca pode ser uma tarefa difícil. Entre as qualidades desejáveis de um nome de marca estão: a. Ele deve sugerir algo a respeito dos benefícios e qualidades do produto. Exemplos: Bombril, Credicard, Facebook. b. Deve ser fácil de pronunciar, de reconhecer e de lembrar. Nomes curtos ajudam. Exemplos: Gol, Oi, Tim, Azul. c. O nome da marca deve ser inconfundível. Exemplos: Google, Kodak, Volkswagen. d. O nome pode ser extensível. Assim, Casa dos Fogões pode ser um nome restritivo. e. O nome não deve ter outros significados em língua estrangeira. Exemplos: Ford Pinto, Fox, Tupy. f. Não deve haver impedimento ao seu registro e à sua proteção legal. 3.4.3 Patrocínio de marca Uma empresa tem quatro opções quanto ao patrocínio. O produto pode ser lançado como uma marca do fabricante ou como marca própria (também chamada de marca de varejo ou marca do distribuidor). Embora a maioria dos fabricantes crie seus próprios nomes de marca, outros comercializam marcas licenciadas. Por fim, duas empresas podem juntar suas forças e dar a um produto o co-branding. Um bom exemplo disso é a união entre Nestlé e a The Coca-Cola Company para o lançamento do Nestea. 3.4.4 Desenvolvimento de marca Conforme apresentado no quadro 1, a seguir, uma empresa tem quatro opções quando se trata do desenvolvimento de marcas. Ela pode introduzir extensões de linhas, extensões de marca, multimarcas ou novas marcas. As extensões de linhas ocorrem quando uma empresa estende nomes de marcas existentes a novas formas, cores, tamanhos, ingredientes ou sabores de uma categoria de produto existente. Marketing Empresarial Módulo 3 37 Uma extensão de marca envolve estender um nome de marca atual para produtos novos ou modificados em uma nova categoria. Exemplos de extensão de marca são o Nescau Ball e os biscoitos Nescau, ou seja, a empresa estendeu sua marca de achocolatado Nescau para chocolates, cereais e biscoitos. Muitas vezes as empresas lançam marcas adicionais na mesma categoria. Empresas como a Procter and Gamble (P&G) e Unilever comercializam muitas marcas diferentes em cada uma das categorias de produtos que fabrica. O uso de multimarcas oferece um meio de estabelecer diferentes características e apelar a diferentes motivos de compra. Permite também que uma empresa garanta mais espaço nas prateleiras dos revendedores. Por fim, uma empresa pode acreditar que o poder de marca existente está se desgastando e um novo nome de marca é necessário. A empresa pode criar um nome novo quando entra em uma nova categoria de produtos para a qual nenhum de seus nomes de marcas existentes seja adequado. Quadro 1. Estratégias de desenvolvimento de marca Categoria de produto Existente Novo Nome de marca Existente Extensão de linha Extensão de marca Novo Multimarcas Novas marcas 3.5 PREÇOS No sentido mais estrito, preço é a quantia em dinheiro que se cobra por um produto ou serviço. De maneira mais ampla, é a soma de todos os valores que os consumidores trocam pelos benefícios de obter ou utilizar um produto ou serviço. Historicamente, preço tem sido o principal fator que afeta a escolha do consumidor. Nas ultimas décadas, fatores não relativos a preço tem ganhado uma maior importância, contudo é inegável a importância de preço na determinação da participação de mercado e lucratividade da empresa. O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita - todos os outros representam custos - além de ser também um dos elementos mais flexíveis. Diferentemente das características dos produtos e dos compromissos com os canais de distribuição, os preços podem ser alterados rapidamente. Ao mesmo tempo, a determinação de preços é o maior problema que muitos executivos de marketing enfrentam e muitas empresas não lidam bem com a precificação. Um erro comum é que empresas estão muito dispostas a reduzir preços para fazer uma venda, ao invés de convencer os consumidores de que seus produtos tem um valor maior. Outros erros incluem preços demasiadamente orientados para custos e não para o valor do consumidor e preços que não consideram os outros elementos do mix de marketing. Módulo 3 Marketing Empresarial 38 3.5.1 Fatores a considerar na definição de preços O preço que uma empresa cobra estará entre um que seja muito alto para produzir demanda e outro que seja muito baixo para produzir lucros. A figura 4 resume as considerações mais importantes no estabelecimento do preço. As percepções que o consumidor tem do valor do produto estabelecem o teto para o preço. Isso significa que se ele perceber que o preço é maior do que o valor do produto, ele não comprará. Os custos determinam o piso para o preço. Ao estabelecer um preço entre esses dois extremos, a empresa deve considerar diversos outros fatores externos e internos, incluindo sua estratégia e mix de marketing, a natureza do mercado e da demanda e as estratégias dos concorrentes. A determinação de preços eficaz e orientada para o comprador envolve saber qual é o valor que os consumidores percebem nos benefícios que recebem do produto e estabelecer um preço para esse valor. Figura 4: Considerações no estabelecimento do preço. 3.6 ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS 3.6.1 Determinação de preços baseada no valor Uma boa determinação de preços começa com um entendimento do valor que um produto ou serviço cria para os clientes, pois considera a percepção que os consumidores têm do valor como fator fundamental para a determinação do preço e não do custo do vendedor. A determinação baseada no valor significa que a empresa não pode elaborar o projeto e o programa de marketing de um produto para somente depois determinar o preço, uma vez que esse último precisa ser considerado em conjunto com outras variáveis do mix de marketing, antes do estabelecimento do programa de marketing. A figura 5 compara a determinação de preços com base no valor e nos custos. Quando ela é baseada nos custos, significa que é orientada para o produto. Nesse caso, a empresa elabora o projeto do que considera um bom produto, determina o custo total de produção e estabelece um preço que cubra os custos mais um lucro-alvo. O marketing deverá então convencer os consumidores de que o valor do produto àquele preço justifica a compra. Se o preço ficar muito alto, a empresa deverá se contentar com markups mais baixos ou vendas menores que, por sua vez, resultam em lucros decepcionantes. A determinação de preços baseada no valor reverte esse processo. Nesse modelo, a empresa estabelece um preço-alvo baseado na percepção que os clientes têm do produto. O valor-alvo e o preço-alvo guiam então as decisões sobre o projeto do produto e os custos em que se pode Marketing Empresarial Módulo 3 39 incorrer. Como resultado, a determinação de preços se inicia com a análise das necessidades, bem como com as percepções de valor do consumidor e o preço é estabelecido para se adequar ao valor percebido pelo cliente. É importante ter em mente que “um bom preço” não necessariamentesignifica um “preço baixo”. Figura 5: Determinação de preços baseada nos custos versus determinação de preços baseada no valor Fonte: Adaptado de Nagle e Holden, 2002. 3.6.2 Custos da empresa e do produto Enquanto as percepções de valor por parte dos clientes estabelecem o limite superior, os custos estabelecem o limite inferior do preço que a empresa quer cobrar. A determinação de preços baseada nos custos implica em estabelecer um preço apoiado nos custos de produção, distribuição e venda do produto somado a uma taxa justa de retorno de seu esforço e risco. Os custos das empresas podem ser um importante elemento de sua estratégia de determinação de preços. 3.6.3 Tipos de custos Os custos de uma empresa se apresentam de duas formas: fixos e variáveis. Os custos fixos (também chamados de custos indiretos) são aqueles que não variam com o nível de produção e vendas. Nesses custos, entram, por exemplo, os aluguéis e salários. Os custos variáveis, por sua vez, variam diretamente com o nível de produção. O custo variável de produção de uma unidade em uma indústria é o mesmo, porém o custo variável total de produção dessas unidades diferencia de acordo com a quantidade produzida. Os custos totais equivalem à soma dos custos fixos e variáveis para qualquer nível de produção. A administração precisa cobrar um preço que, no mínimo, cubra os custos totais de produção para certo nível de produção. A empresa deve monitorar seus custos cuidadosamente. Se a produção e a venda custarem mais para uma empresa do que para seus concorrentes, ela precisará cobrar um preço mais alto ou obter um lucro menor, o que vai colocá-la em desvantagem competitiva no mercado em que atua. 3.6.4 Custos como função da experiência em produção A existência de uma curva declinante de experiência é fato significativo para a empresa. O custo unitário de produção não somente cairá, mas cairá mais rapidamente se a empresa fabricar mais e vender mais em certo período de tempo. Contudo, o mercado deve estar pronto para comprar essa produção maior. Esse é o chamado efeito de escala tão desejado por empresas. Determinação de preços baseada nos custos Determinação de preços baseada no Valor Módulo 3 Marketing Empresarial 40 Contudo, concentrar-se unicamente na redução de custos e na exploração da curva de experiência nem sempre funciona e tem alguns riscos. A determinação agressiva de preços pode dar ao produto uma imagem negativa. A estratégia também pressupõe que os concorrentes estejam fracos e não se mostrem dispostos a enfrentar as reduções de preço promovidas pela empresa. Por fim, enquanto uma empresa acumula volume utilizando uma determinada tecnologia, um concorrente pode descobri uma tecnologia de custo mais baixo que permita a adoção de preços mais baixos que o líder de mercado, que continua a operar conforme a antiga curva de experiência. Principalmente em mercados ponto.com essa a lógica da curva de experiência pode ser uma cilada. 3.6.5 Determinação de preços baseada nos custos O método mais simples de determinação de preços é o preço por custo mais margem, também chamado de preço de markup. 3.6.6 Análise do ponto de equilíbrio e determinação de lucro-alvo Outra abordagem de determinação de preços orientada para custos é o preço de equilíbrio (ou uma variação denominada preço de lucro-alvo). A empresa tenta determinar o preço no qual os custos de produção e marketing se igualam ao preço de venda ou realizam o lucro-alvo. A determinação do preço de lucro-alvo usa o conceito do gráfico do ponto de equilíbrio, que mostra o custo e a receita totais esperados para diferentes níveis de volume de vendas. O ponto de equilíbrio é o ponto que determina a quantidade de unidades a ser vendida para que o lucro seja igual a zero. Ou seja, é o ponto de vendas a partir do qual a empresa começa a gerar lucro. A figura 6 apresenta o gráfico do ponto de equilíbrio. O volume do ponto de equilíbrio é dado pela seguinte fórmula: Marketing Empresarial Módulo 3 41 Figura 6: Gráfico do ponto de equilíbrio para determinação de preço-alvo. 3.6.7 Outras considerações internas e externas que afetam as decisões de preço As percepções de valor que o cliente tem determinam o limite superior para os preços e os custos determinam o limite inferior. Entretanto, ao manter os preços dentro desses limites, a empresa deve levar em consideração vários outros fatores internos e externos. Os fatores internos que afetam a determinação do preço incluem a estratégia de marketing geral, os objetivos e o mix de marketing da empresa, bem como outras considerações organizacionais. Entre os fatores externos que afetam as decisões de preço estão a natureza do mercado e a demanda, as estratégias e os preços praticados pelos concorrentes e outros elementos ambientais. 3.6.8 A estratégia geral de marketing, objetivos e mix de marketing O preço é apenas um elemento da estratégia de marketing mais ampla da empresa. Assim, antes de estabelecer o preço, a empresa deve decidir qual será sua estratégia geral de marketing para o produto ou serviço. Se ela escolheu cuidadosamente seu mercado-alvo e posicionamento, então sua estratégia para o mix de marketing será razoavelmente descomplicada. Os objetivos gerais de determinação de preços podem incluir sobrevivência, maximização do lucro corrente, liderança de participação de mercado ou desenvolvimento de relacionamento com o cliente. Em um nível mais específico, a empresa pode estabelecer preços que atraiam novos clientes ou que mantenham de forma lucrativa os já existentes. Ela pode estabelecer preços baixos para impedir a concorrência de entrar no mercado ou pode determinar preços no mesmo nível dos concorrentes para estabilizar o mercado. Pode estabelecer também preços para manter a fidelidade e o apoio dos distribuidores ou para evitar intervenções do governo. Os preços podem ser reduzidos temporariamente para criar interesse por uma marca. Ou pode-se determinar o preço de um produto para ajudar nas vendas de outros produtos da 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 0 10 20 30 40 50 60 70 volume de vendas em unidades (milhares) R e a is (em m ilh a re s ) Receita Total Custo total Lucro alvo Custo fixo Módulo 3 Marketing Empresarial 42 linha da empresa. Assim, o preço presta um grande auxílio à empresa para que ela atinja seus objetivos em muitos níveis. As decisões de preço precisam ser coordenadas com as decisões de projeto, distribuição e promoções do produto para formar um programa de marketing integrado. As decisões tomadas para outras variáveis do mix podem influenciar as decisões de preço. As empresas geralmente posicionam seus produtos em relação ao preço para então adaptar outras decisões de mix de marketing. 3.7 MERCADO E DEMANDA 3.7.1 Análise da relação preço-demanda Cada preço que a empresa cobrar levará a um nível diferente de demanda a relação entre o preço cobrado e o nível de demanda resultante é mostrada na curva de demanda da figura 7. Essa curva mostra o número de unidades que o mercado comprará em dado período de tempo pelos diferentes preços que podem ser cobrados. No caso normal, a demanda e o preço têm relação inversa, isto é, quanto mais alto for o preço, menor será a demanda. Figura 7: Curvas de demanda Marketing Empresarial Módulo 3 43 3.7.2 Elasticidade de preço da demanda As empresas também precisam conhecer a elasticidadede preço – como a demanda se comportará diante de uma mudança de preço. Considere as duas curvas da figura 7. Na figura 7 A, um aumento no preço de P1 para P2 leva a uma queda relativamente pequena de Q1 para Q2. Entretanto na figura 7 B, o mesmo aumento de preço produz uma grande queda na demanda de Q1* para Q2*. Quando a demanda praticamente não muda com uma pequena mudança no preço dizemos que ela é inelástica. Se a mudança é grande dizemos que ela é elástica. A elasticidade de preço da demanda e dada pela seguinte fórmula: Uma observação importante é que quanto menos elástica for a demanda, mais vantajoso é para o vendedor um aumento de preço. 3.7.3 Estratégias e preços dos concorrentes Ao definir seus preços, a empresa deve também levar em consideração os custos, os preços e as ofertas ao mercado. Os consumidores basearão seus julgamentos do valor de um produto nos preços que os concorrentes cobram por produtos similares. Além disso, a estratégia de preços da empresa poderá pode afetar a natureza da concorrência que enfrenta. Uma estratégia de altos preços e altas margens pode atrair a concorrência. Por outro lado, uma estratégia de baixos preços e baixas margens pode afastar os concorrentes. 3.7.4 Estratégias de determinação de preços de novos produtos As estratégias de determinação de preços geralmente mudam á medida que o produto avança em seu ciclo de vida. O estágio da introdução é desafiador. As empresas que apresentam um novo produto enfrentam o desafio de estabelecer preços pela primeira vez. Elas podem escolher entre duas estratégias gerais: determinação de preços de desnatamento (skimming de mercado) e determinação de preços de penetração de mercado. 3.7.5 Determinação de preços de desnatamento Muitas empresas que lançam produtos novos estabelecem inicialmente um preço alto para “desnatar” depois, camada por camada. Essa estratégia é muito utilizada por empresas de tecnologia, como Apple, Samsung e Sony. O desnatamento só faz sentido sob determinadas condições. A qualidade e a imagem do produto devem dar respaldo a seu preço mais elevado, e é preciso que haja compradores suficientes que queiram pagar esse preço pelo produto. Em segundo lugar, os custos pra produzir um volume menor não podem ser tão altos a ponto de anular a vantagem de cobrar mais. Por fim, os concorrentes não podem ter condições de entrar facilmente no mercado e oferecer o produto por preços mais baixos. Módulo 3 Marketing Empresarial 44 3.7.6 Determinação de preços de penetração de mercado Na penetração de mercado, as empresas estabelecem um preço inicial baixo com a finalidade de penetrar no mercado rápida e profundamente. O objetivo é atrair um grande número de compradores rapidamente e conquistar uma grande participação de mercado. O alto volume de vendas resulta na diminuição dos custos, permitindo que a empresa reduza seus preços ainda mais. Diversas condições precisam ser satisfeitas para que essa estratégia de preços funcione. Em primeiro lugar, o mercado deve ser altamente sensível a preços. Em segundo, os custos de produção e distribuição precisam cair à medida que aumenta o volume de vendas. Por último, o preço baixo deve ajudar a afastar a concorrência e a empresa precisa manter a sua posição de preço baixo, caso contrário a vantagem de preço pode ser apenas temporária. Marketing Empresarial Módulo 3 45 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA KELLER, K. L.; MACHADO, M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo, Pearson, 2007. Capítulos 8, 9, 10 e 11. KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. NAGLE, T. T.; HOGAN, J. E. Estratégia e táticas de preço. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice- Hall, 2009. SITES RECOMENDADOS www.interbrand.com www.mundodomarketing.com.br www.portaldomarketing.com.br http://exame.abril.com.br/marketing Módulo 3 Marketing Empresarial 46 Marketing Empresarial Módulo 4 47 MÓDULO 4: CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING A grande maioria dos fabricantes não vende diretamente para os seus consumidores finais, entre estes dois, vários intermediários realizam diversas funções. Os intermediários constituem um canal de distribuição, também chamado de canal comercial ou de marketing. Os canais de distribuição são conjuntos de organizações interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo. Neste módulo, vamos estudar como esses canais formam o conjunto de caminhos que um produto ou serviço seguirá após a produção, culminando na compra ou mesmo na utilização pelo usuário final. Outra parte integrante do mix de marketing é a comunicação integrada de marketing, que é o meio pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores, direta ou indiretamente, sobre os produtos e marcas que comercializam. Ela representa a voz da marca e é o meio pelo qual se estabelece um diálogo, construindo relacionamentos com os seus consumidores. Ao final desse módulo você deverá ser capaz de: 1. Compreender a natureza e a importância dos canais de distribuição; 2. Analisar o comportamento e a organização dos canais de distribuição; 3. Compreender a gestão dos canais e suas decisões; 4. Descrever cada um dos itens do composto promocional; 5. Explicar as estratégias das empresas na escolha de seus itens de comunicação. 4.1 NATUREZA E IMPORTÂNCIA DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Um sistema de canais de marketing é o conjunto de canais específicos utilizados por uma empresa e as decisões referentes a eles estão entre as mais cruciais com que os gestores precisam lidar, pois representam um custo de oportunidade substancial, já que um de seus principais papéis é converter potenciais compradores em clientes lucrativos. Desse modo, os canais de marketing não devem apenas servir aos mercados, mas criar mercados. Os intermediários - atacadistas e varejistas - compram, adquirem direitos sobre os produtos e os revendem, sendo denominados comerciantes. Os corretores - representantes dos fabricantes ou de vendas - buscam captar clientes e negociam em nome do fabricante, mas não possuem os produtos, são conhecidos como representantes comerciais. Os facilitadores são as transportadoras, armazéns independentes, bancos, agências de propaganda, que oferecem apoio a todo o processo de distribuição, mas não possuem direitos sobre os produtos, nem negociam as compras e vendas. O conceito de canais de marketing não está limitado à distribuição de mercadorias físicas. Os prestadores de serviços e ideias também enfrentam o problema de fazer com que sua produção esteja disponível e acessível ao público-alvo. Conforme a evolução das tecnologias de internet, diversos setores de serviços, tais como: bancos, seguros, viagens e corretagem de títulos mobiliários, passarão a operar através de novos canais. Os canais de marketing representam um custo de oportunidade substancial e um de seus principais papéis é converter compradores potenciais em pedidos lucrativos, ou seja, eles não devem apenas servir aos mercados, mas devem também criar novos mercados. Módulo 4 Marketing Empresarial 48 A escolha dos canais é algo que afeta todas as outras decisões de marketing, afinal, o preço estabelecido pela empresa depende da utilização de grandes redes de varejo ou lojas especializadas. As decisões relativas à força de vendas e à propagandadependem do grau de treinamento e motivação que os revendedores necessitam. As decisões do canal envolvem compromissos de prazo relativamente longo com outras empresas, bem como um conjunto de políticas e procedimentos. As escolhas dos canais em si dependem da estratégia de marketing da empresa com relação a segmentação, seleção de alvo e posicionamento, cabendo aos profissionais de marketing garantir que as tomadas de decisões nessas diferentes áreas, sejam feitas de modo a maximizar o valor coletivamente. 4.1.1 Estratégia push (de empurrar) e pull (de puxar) Ao gerenciar intermediários, a empresa deve decidir quanto esforço vai dedicar às estratégias de marketing push e pull. Em uma estratégia push - de pressão - usam-se a equipe de vendas e a promoção dirigida ao revendedor com o intuito de induzir os intermediários a expor, promover e vender o produto aos usuários finais. Essa estratégia se mostra apropriada quando: • o grau de fidelidade à marca na categoria é baixo; • a escolha da marca é feita na loja; • o produto é comprado por impulso; • seus benefícios são bem conhecidos. Já em uma estratégia pull - de atração - o fabricante utiliza a propaganda e a promoção ao consumidor para induzi-lo a pedir o produto aos intermediários, fazendo com que estes os recomendem. Essa estratégia se mostra adequada quando: • há alto grau de fidelidade à marca; • há grande envolvimento na categoria; • as pessoas percebem diferenças entre as marcas; • escolhem a marca antes de ir à loja. 4.1.2 Funções de distribuição De acordo com Churchill e Peter (2000), as funções de distribuição podem ser alinhadas em três grandes grupos: funções transacionais, logísticas e de facilitação. � Funções transacionais: por comprar e vender mercadorias, os intermediários podem otimizar os canais. Se cada fabricante vendesse diretamente, isso encareceria o processo de distribuição, tanto para o consumidor quanto para o fabricante. Embora o varejista inclua no preço uma margem de lucro, o valor para o cliente aumenta devido à redução no tempo de busca e redução do custo de deslocamento. Outra função é a redução no risco de deterioração ou obsolescência do produto. Em suma, entre as funções transacionais, encontram-se: compra, venda e riscos. � Funções logísticas: As funções logísticas são relacionadas à distribuição e armazenamento das mercadorias propriamente ditas. Dentre elas, estão: concentração, armazenamento, organização e distribuição física. Marketing Empresarial Módulo 4 49 � Funções de facilitação: Tais funções são relativas ao fluxo de informações e à facilitação de crédito para o consumidor. Dentre elas, são dignas de destaque: financiamento, graduação e pesquisa de marketing. 4.2 COMPORTAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS CANAIS Um fabricante delega parte do trabalho de vendas a intermediários, renunciando uma parte do controle sobre ‘como’ e ‘para quem’ os produtos são vendidos por meio de seus contatos, experiência, especialização e escala de operação. Com isso, os intermediários disponibilizam mercadorias em larga escala e as tornam acessíveis aos mercados-alvo, oferecendo à empresa mais eficiência e eficácia do que ela poderia conseguir trabalhando sozinha. Ou seja, um canal de marketing transfere as mercadorias dos fabricantes para os consumidores e preenche as lacunas de tempo, local e posse que separam as mercadorias e os serviços daqueles que precisam ou desejam possuí-los. Os membros do canal de marketing realizam várias funções-chave como: � Reunir informações sobre clientes - atuais e potenciais - concorrentes, outros participantes e forças do ambiente de marketing; � Desenvolver e disseminar mensagens persuasivas para estimular a compra; � Entrar em acordo sobre preço e outras condições para que se possa realizar a transferência de propriedade ou posse; � Formalizar os pedidos com os fabricantes; � Levantar os recursos para financiar estoques em diferentes níveis no canal de marketing; � Fornecer condições para a armazenagem e a movimentação de produtos físicos; � Assumir riscos relacionados à operação do canal; � Fornecer condições para o pagamento das faturas dos compradores por meio de bancos e outras instituições financeiras; � Supervisionar a transferência real de propriedade de uma organização ou pessoa para outra organização ou pessoa. O fabricante e o consumidor final fazem parte de todos os canais. A figura 1 ilustra vários canais de bens de consumo, cada um com uma extensão diferente. O canal de nível zero - também chamado de canal de marketing direto - consiste em um fabricante que vende diretamente ao consumidor final. Temos como exemplos: • as vendas de porta em porta; • reuniões domiciliares com demonstrações; • mala direta; • telemarketing; • vendas pela televisão e pela internet; • além de lojas do próprio fabricante. Módulo 4 Marketing Empresarial 50 Figura 1. Canais de marketing de bens de consumo Fonte: Adaptado de Kotler e Keller, 2010. O canal de um nível conta com um único intermediário de vendas, como um varejista. Já o canal de dois níveis conta com dois intermediários, normalmente um atacadista e um varejista. O canal de três níveis conta com três intermediários, mas existem canais de marketing ainda mais extensos, como por exemplo, no Japão, onde a distribuição de produtos alimentícios pode envolver até seis níveis. Figura 2. Canais de marketing industrial Fonte: Adaptado de Kotler e Keller, 2010. Marketing Empresarial Módulo 4 51 A Figura 2 nos mostra os canais normalmente utilizados no marketing B2B. Um fabricante de mercadorias para consumo industrial pode utilizar sua força de vendas para vender diretamente a seus clientes industriais ou vender para distribuidores do setor em questão, que vendem para clientes industriais. Também poderá vender por meio de representantes próprios ou mesmo de divisões de vendas diretamente aos clientes, assim como indiretamente, por meio de distribuidores industriais. Os canais de marketing de nível 0 (zero), 1 e 2 são bastante comuns no marketing industrial. 4.3 DECISÕES DE PROJETO E GESTÃO DOS CANAIS Uma empresa nova, invariavelmente, começa como uma operação local, em um mercado limitado. Essa empresa geralmente utiliza agentes intermediários já existentes e a quantidade destes, como em qualquer mercado local, provavelmente será limitado, com alguns representantes de vendas dos fabricantes, atacadistas, diversos varejistas estabelecidos, transportadoras e armazéns. Decidir sobre os melhores canais pode não ser um problema, mas pode se tornar um ao convencer os intermediários disponíveis a vender a linha de produtos da empresa. Logo após a escolha de uma alternativa de canal pela empresa, cada intermediário deve ser selecionado, treinado, motivado e avaliado, por isso, os arranjos de canais devem ser modificados com o tempo. Se a empresa for bem-sucedida, ela poderá montar filiais em novos mercados e vir a utilizar canais diferentes em variados mercados. Em mercados menores, é possível que a empresa consiga vender diretamente para os varejistas, já em mercados maiores, a venda pode ser por meio dos distribuidores. Em áreas rurais, ela pode optar por trabalhar com armazéns e em áreas urbanas, com comerciantes mais especializados. Em uma parte do país pode promover franquias exclusivas ou vender por meio de todos os pontos-de-venda dispostos a comercializar o seu produto. Em suma, o sistema de canal vai variar de acordo com as oportunidades e condições locais. Projetar um sistema de canal requer, além de analisar as necessidades do cliente, estabelecer os objetivos,identificar e avaliar as principais alternativas do canal. Ao desenvolver um canal de marketing a empresa deve entender os níveis de produção de serviços desejados pelos seus clientes-alvo. Os canais produzem cinco diferentes níveis de produção de serviços, são eles: 1. O tamanho do lote: número de unidades que o canal permite a um cliente normal comprar em uma determinada ocasião. 2. O tempo de espera: tempo médio que os clientes desse canal esperam para receber suas mercadorias. Os canais de entrega rápida são os preferidos. 3. A conveniência espacial: grau em que o canal de marketing facilita a compra do produto para os clientes. 4. A variedade do produto: nível de variedade oferecido pelo canal de marketing. Os clientes preferem maior variedade, uma vez que mais opções aumentam a chance de encontrar o que precisam. 5. O apoio de serviço: são serviços adicionais, tais como: crediário, entrega, instalação e reparos, que são fornecidos pelo canal. Quanto maior o apoio de serviços, maior o trabalho fornecido pelo canal. O idealizador do canal de marketing sabe que fornecer maior produção de serviços significa maiores custos com o canal e preços mais elevados para os clientes. O sucesso das lojas de Módulo 4 Marketing Empresarial 52 descontos indica que muitos consumidores estão dispostos a aceitar uma produção de serviços inferior se puderem economizar. Mas, independentemente da qualidade do projeto e do gerenciamento de canais, sempre haverá algum conflito, no mínimo, porque os interesses das empresas participantes nem sempre coincidem. Um conflito de canal ocorre quando as ações de um dos membros impedem que outro canal atinja seu objetivo. A coordenação do canal ocorre quando os membros atuam em conjunto para atingir os objetivos em comum, em oposição a seus objetivos individuais potencialmente incompatíveis. Examinaremos três questões importantes: • Os tipos de conflito que surgem nos canais; • As causas do conflito de canais; • Possíveis soluções para resolver as situações de conflito. Os tipos de conflito podem ocorrem de forma vertical, horizontal ou multicanal: � Conflito horizontal: ocorre entre membros do mesmo nível de canal. � Conflito vertical: ocorre entre diferentes níveis no mesmo canal. � Conflito multicanal: existe quando o fabricante estabelece dois ou mais canais que vendem para o mesmo mercado. Esse conflito tende a se tornar bastante intenso quando membros de um canal conseguem um preço menor ou trabalham com uma margem de lucro menor. Algumas causas de conflito de canal são fáceis de resolver, outras nem tanto. O conflito pode ser desencadeado por: � Incompatibilidade de objetivos: o fabricante pode querer atingir rápida penetração no mercado, por meio de uma política de preços reduzidos. Os revendedores podem preferir trabalhar com margens de lucros maiores e buscar lucratividade de curto prazo. � Direitos e papéis poucos claros: limites territoriais e crédito pelas vendas costumam gerar conflitos. � Diferenças de percepção: o fabricante pode estar otimista quanto à perspectiva econômica em curto prazo e querer que os revendedores mantenham um estoque maior. Os revendedores podem discordar disso. � Dependência dos intermediários em relação ao fabricante: o destino dos revendedores exclusivos, como por exemplo, concessionárias de automóveis são afetadas de perto pelas decisões do fabricante quanto ao produto e aos preços, e isso cria um enorme potencial de conflito. Em certa medida, os conflitos de canal podem ser construtivos, levando um ambiente em transformação para uma adaptação mais dinâmica, entretanto, o excesso deles provoca um desequilíbrio. O desafio, então, não é eliminar o conflito, mas sim, lidar melhor com ele. 4.4 O COMPOSTO PROMOCIONAL O marketing moderno exige mais do que apenas desenvolver um bom produto por um preço atraente e, com isso, torna-lo acessível. Também cabem as empresas se comunicarem com as atuais e potenciais partes interessadas, bem como com o público em geral. Para muitas delas o problema não é comunicar, mas ‘o que dizer’, para ‘quem dizer’ e ‘com que’ frequência fazê- lo. Marketing Empresarial Módulo 4 53 O composto promocional (ou mix de comunicação de marketing) possui oito formas essenciais de comunicação: 1. Propaganda: qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoais de ideias, mercadorias ou serviços por um anunciante identificado via mídia impressa (jornais e revistas), eletrônicas (rádio e televisão), em rede (telefone, cabo, satélite e wireless) e expositiva (painéis, placas de sinalização e cartazes). 2. Promoção de vendas: uma variedade de incentivos de curto prazo para encorajar a experimentação ou a compra de um produto ou serviço, incluindo promoções: de consumo (como amostras, cupons e prêmios), comerciais (como bonificações de propaganda e exposição) corporativas e da força de vendas (concursos para representantes de vendas). 3. Relações públicas e publicidade: uma variedade de programas internos dirigidos: aos funcionários da empresa ou externos, aos consumidores, a outras empresas, o governo e a mídia - elaborados para promover ou proteger a imagem de uma empresa - ou a comunicação de cada um de seus produtos. 4. Vendas pessoais: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais, visando apresentar bens ou serviços, responder a perguntas e estimular a venda. 5. Marketing direto: utilização de correio, telefone, e-mail ou Internet para se comunicar diretamente com clientes específicos e potenciais ou lhes solicitar uma resposta direta ou diálogo. 6. Marketing interativo: atividades e programas on-line destinados a envolver clientes atuais ou potenciais, direta ou indiretamente, aumentar a conscientização, melhorar a imagem ou gerar vendas de bens e serviços. 7. Marketing boca a boca: comunicação de uma pessoa para outra - verbal escrita ou eletrônica - que se refere aos méritos ou as experiências de compra ou uso de bens e serviços. 8. Eventos e experiências: atividades e programas patrocinados por uma empresa - destinados a criar em uma base diária - ou em ocasiões especiais e interações com consumidores - que estejam associadas à marca, incluindo esportes, artes, entretenimento e eventos associados a uma causa social - bem como atividades menos formais. 4.4.1 Propaganda Existem muitas formas e utilizações da propaganda, entretanto podemos notar as seguintes qualidades: � Apresentação pública: a natureza pública da propaganda confere certa legitimidade ao produto e também sugere uma oferta padronizada. Como muitas pessoas recebem a mesma mensagem, os compradores sabem que os motivos para a compra do produto serão compreendidos publicamente. � Penetração: a propaganda permite que a mensagem seja repetida muitas vezes, possibilitando ao comprador receber e comparar a mensagem de vários concorrentes. A propaganda em larga escala transmite algo positivo sobre o tamanho, poder e sucesso do fornecedor. � Impessoalidade: o público não se sente obrigado a prestar atenção, nem a responder à propaganda, pois é um monólogo e não um diálogo. A propaganda pode ser utilizada para desenvolver uma imagem duradoura para um produto ou estimular vendas rápidas. Ela pode alcançar eficazmente compradores dispersos Módulo 4 Marketing Empresarial 54 geograficamente. Algumas formas de propaganda - como as transmitidas na televisão - podem exigir um orçamento alto, enquanto outros - como anúncios em rádios - podem ser feitas com um orçamento menor. A propaganda pode ter efeito sobre as vendas simplesmente pela sua repetição. 4.4.2Promoção de vendas Embora as ferramentas de promoção de vendas, como: cupons, concursos e prêmios sejam bastante diferentes, elas oferecem três benefícios característicos: � Comunicação: chamam a atenção e geralmente oferecem informações que podem levar o consumidor ao produto. � Incentivo: incorporam algum tipo de concessão, estímulo ou contribuição valiosa para o consumidor. � Convite: constituem um convite especial para efetuar a transação imediatamente. As empresas utilizam ferramentas de promoção de vendas para atrair uma resposta mais forte e rápida do comprador. A promoção de vendas pode ser utilizada para obter efeitos de curto prazo, como chamar mais atenção para o lançamento de produtos ou aumentar vendas em declínio. 4.4.3 Relações públicas e assessoria de impressa O apelo das atividades de relações públicas e assessoria de impressa baseiam-se em três características distintas: � Alta credibilidade: matérias, assim como artigos em jornais, revistas e sites são mais autênticos e confiáveis para os leitores do que anúncios. � Possibilidade de pegar os compradores desprevenidos: a atividade de relações públicas pode atingir clientes potenciais que preferem evitar vendedores e anúncios. � Dramatização: com o trabalho de relações públicas, a empresa ou produto pode se tornar mais concreto para o cliente potencial. Os profissionais de marketing tendem a utilizar a atividade de relações públicas menos do que poderiam, no entanto, um programa bem elaborado, coordenado com outros elementos do composto promocional, pode ser extremamente eficaz. 4.4.4 Vendas pessoais A venda pessoal é a ferramenta mais eficaz em estágios mais avançados do processo de compra, especialmente para aumentar a preferência e a convicção do comprador, levando-o à ação. As vendas pessoais possuem três características bem distintas, são elas: � Interação pessoal: as vendas pessoais implicam um relacionamento imediato e interativo entre duas ou mais pessoas, onde cada uma delas pode observar as reações da outra bem de perto. � Relacionamento: as vendas pessoais permitem que surjam todos os tipos de relacionamentos, desde o simples relacionamento profissional de venda até uma amizade pessoal mais profunda. Os vendedores geralmente sabem de cor os interesses e necessidades de seus clientes. Marketing Empresarial Módulo 4 55 � Resposta: as vendas pessoais fazem com que o comprador se sinta, de certa maneira, obrigado a comprar após ouvir a argumentação do vendedor. 4.4.5 Marketing direto e interativo Embora existam muitas formas de marketing direto e interativo, como por exemplo: mala direta, telemarketing e marketing pela internet, todas elas possuem quatro características em comum: � Privado: a mensagem normalmente é dirigida a uma pessoa específica. � Personalizado: a mensagem pode ser preparada para atrair a pessoa a quem é endereçada. � Atualizado: a mensagem pode ser preparada rapidamente. � Interativo: a mensagem pode ser alterada, dependendo da resposta da pessoa. 4.4.6 Marketing ‘boca a boca’ O ‘boca a boca’ também assume muitas formas, tanto on-line quanto off-line. Veremos a seguir três características que se destacam: � Influente: visto que as pessoas confiam em quem conhecem e respeitam suas opiniões, a comunicação boca a boca pode ser altamente influente. � Pessoal: o ‘boca a boca’ pode ser um diálogo muito íntimo que reflete fatos, opiniões e experiências pessoais. � Oportuna: o ‘boca a boca’ ocorre quando as pessoas querem ouvi-lo e estão mais interessadas. Muitas vezes, isso acontece após eventos ou experiências marcantes ou significativas. 4.4.7 Eventos e experiências Existem diversas vantagens ligadas a eventos e experiências, contanto que sejam: � Relevantes: um evento ou experiência bem escolhidos podem ser vistos como extremamente relevantes à medida que o consumidor seja pessoalmente envolvido. � Envolventes: por ocorrerem ao vivo e em tempo real, eventos e experiências são considerados mais ativamente envolventes pelos consumidores. � Implícitos: os eventos costumam ser um tipo de venda indireta e não agressiva. A seguir, uma tabela com as principais plataformas de cada um dos itens do composto promocional: Módulo 4 Marketing Empresarial 56 Tabela 1. Plataformas do composto promocional 4.5 ESTRATÉGIAS DO COMPOSTO PROMOCIONAL O processo de elaboração da comunicação, para que se obtenha a resposta desejada, requer a solução de três problemas: • O que dizer? (estratégia de mensagem) • Como dizer? (estratégia criativa) • Quem deve dizer? (fonte da mensagem). 4.5.1 Estratégia de mensagem Ao determinar a estratégia de mensagem, a gerência deve procurar apelos, temas ou ideias que se conectem ao posicionamento da marca e ajudem a estabelecer pontos de paridade, bem como pontos de diferença. Alguns podem estar relacionados diretamente com o desempenho do bem ou serviço (qualidade, economia ou valor da marca), enquanto outros podem estar relacionados com considerações mais extrínsecas (contemporaneidade, popularidade ou tradição da marca). 4.5.2 Estratégia criativa A eficácia da comunicação depende de como a mensagem é expressa, assim como do conteúdo da mensagem em si. Uma comunicação ineficaz pode significar que se optou por uma mensagem errada ou que a mensagem certa foi transmitida insatisfatoriamente. As Marketing Empresarial Módulo 4 57 estratégias criativas definem como os profissionais de marketing traduzem suas mensagens em uma comunicação específica. Elas podem ser classificadas, de maneira abrangente, como estratégias que envolvem apelos informativos ou transformacionais. Os apelos informativos se baseiam nos atributos ou benefícios de um bem ou serviço. Exemplos na propaganda são os anúncios: com foco na solução de problemas, demonstração de produto, comparação de produtos e testemunhos de pessoas desconhecidas ou celebridades. Os apelos informativos pressupõem um processo extremamente racional de comunicação por parte do consumidor. Os apelos transformacionais se baseiam em um benefício ou uma imagem que não possui relação com o produto. Podem descrever que tipo de pessoa utiliza a marca ou que tipo de experiência resulta do uso da marca. De modo geral, os apelos transformacionais tentam estimular as emoções que motivarão a compra. Os comunicadores trabalham com apelos negativos, como medo, culpa e vergonha, para induzir as pessoas a fazer algo - como escovar os dentes, realizar um exame de saúde periódico – ou deixar de fazer algo – fumar, abusar de bebidas alcoólicas, comer demais. Apelos ao medo funcionam melhor quando: moderados, sejam de fonte com grande credibilidade e a comunicação prometa o alívio, de maneira aceitável e eficaz, do medo que desperta. As mensagens são mais persuasivas quando moderadamente discrepantes em relação àquilo em que o público acredita. As que expressam somente aquilo em que o público já acredita, no máximo, reforçam essas crenças. Por outro lado, se as mensagens forem discrepantes demais, serão contestadas e rejeitadas. Os comunicadores também utilizam apelos emocionais positivos, como: humor, amor, orgulho e alegria. Elementos motivacionais, como: a presença de bebês engraçadinhos, filhotes travessos, músicas famosas ou apelos sexuais provocantes, são muitas vezes empregados para atrair a atenção do consumidor e elevar seu envolvimento com um anúncio. Essas técnicas são consideradas necessárias no árduo ambiente de mídia atual, caracterizado pelo baixo envolvimento do consumidor, pelo excesso de anúncios concorrentes e pelos bombardeios deanúncios entre a programação. As táticas de obtenção de atenção são quase sempre eficazes demais e podem acabar desviando a atenção da marca, prejudicando a compreensão, desgastando rapidamente a receptividade e lançando uma imagem negativa sobre o produto. 4.5.3 Fonte da mensagem As mensagens provenientes de fontes atraentes ou famosas chamam mais atenção e são lembradas com mais facilidade, por isso, os anunciantes costumam usar celebridades como porta-vozes. O que importa realmente é a credibilidade da fonte. As três fontes de credibilidade identificadas com maior frequência são o domínio do assunto, a confiabilidade e a atratividade: • Domínio do assunto: se refere ao fato de a fonte ser considerada objetiva e honesta. • Confiabilidade: Confia-se mais nos amigos do que em estranhos ou em vendedores, e pessoas que não são pagas para endossar um produto são consideradas mais dignas de confiança do que aquelas que recebem por isso. • Atratividade: descreve a simpatia da fonte. As qualidades como sinceridade, humor e naturalidade despertam mais atratividade por uma fonte. Módulo 4 Marketing Empresarial 58 4.5.4 Estratégia de pressão e de atração Após a solução dos problemas, os profissionais de marketing precisam escolher duas estratégias básicas de promoção: pressão ou atração. A ênfase relativa sobre ferramentas de promoção específicas é o que as diferencia. Figura 3. Estratégia de promoção de pressão x estratégia de promoção de atração. Fonte: Kotler e Armstrong, 2011. Uma estratégia de pressão implica empurrar o produto pelos canais de distribuição até o consumidor final. O fabricante direciona suas atividades de marketing ― principalmente venda pessoal e promoção dirigida aos membros do canal de distribuição ― aos membros do canal para induzi-los a trabalhar com o produto e promovê-lo entre os consumidores finais. Quando usa uma estratégia de atração, o fabricante direciona suas atividades de marketing, como propaganda e promoção de vendas, ao consumidor final para induzi-lo a comprar o produto. Se a estratégia de atração for eficaz, então os consumidores vão demandar o produto dos membros do canal, que, por sua vez, vão demandá-lo dos fabricantes. Assim, com o uso da estratégia de atração, a demanda do consumidor puxa o produto pelos canais. Marketing Empresarial Módulo 4 59 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 1. BAKER, M. J. Administração de Marketing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 2. CHURCHILL JR.; G. PETERS, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. 3. FERREL, O. C. HARTLINE; M. D. LUCAS Jr G. et LUCK, D. L. Estratégia de marketing. São Paulo: Atlas, 2000. 4. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo, Pearson, 2007. 5. KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. 6. LAS CASAS, A. L. Marketing. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. SITES RECOMENDADOS: http://www.janelanaweb.com (portal luso-brasileiro sobre gestão e marketing) http://www.marketing.org http://www.marketingpower.com Módulo 4 Marketing Empresarial 60 Marketing Empresarial Módulo 5 61 MÓDULO 5: SERVIÇOS Nos últimos anos, é inegável a importância do setor de serviços para a economia brasileira. De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o setor de serviços (que engloba o comércio), de 2003 a 2013, passou de 64,7% para 69,4% do valor adicionado do PIB. A relevância dos serviços brasileiros também se torna crescente no comércio internacional. Enquanto o valor das exportações mundiais de serviços teve elevação de 133,5% no período de 2003 a 2012, o Brasil mostrou aumento de 281,6% no período, de acordo com dados da UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) e do BCB (Banco Central do Brasil). Além disso, o setor de serviços apresenta-se como o principal gerador de empregos formais no Brasil. Somente em 2013, de acordo com os dados do CAGED/MTE, a área de comércio e serviços corresponderam a 76% do saldo total de empregos criados com carteira assinada - após adicionarem, respectivamente, 305 mil e 546 mil postos de trabalho. Assim, dada a importância de serviços na economia, houve um crescente interesse nas particularidades do marketing de serviços. Ao final desse módulo você deverá ser capaz de: 1. Definir o conceito de serviços 2. Definir os tipos de serviços 3. Identificar as principais características que afetam o marketing de serviços 4. Estabelecer os objetivos e estratégias para melhorar a qualidade em serviços 5.1 O CONCEITO DE SERVIÇOS A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um bem tangível. Cada vez mais, fabricantes, distribuidores e varejistas oferecem serviços de valor agregado ou simplesmente um excelente atendimento ao cliente em busca de diferenciação. 5.1.1 Categorias do mix de serviços O componente de serviço pode ser parte principal ou secundária da oferta total. Existem cinco categorias de oferta ao mercado: 1. Bens puramente tangíveis: bens tangíveis como sabonete, creme dental e refrigerante, sem nenhum tipo de serviço associado a eles. 2. Bens tangíveis associados a serviços: bens tangíveis como: carro, computador, telefone celular, micro-ondas, associados a um ou mais serviços. Em geral, quanto mais Módulo 5 Marketing Empresarial 62 tecnologicamente sofisticados forem esses bens, mais suas vendas dependerão de uma alta qualidade de serviços ao consumidor. 3. Híbridos: ofertas como uma refeição em um restaurante, igualmente compostas por bens e serviços. As pessoas frequentam restaurantes tanto pela comida servida, quanto pelo serviço prestado. 4. Serviço principal associado a bens ou serviços secundários: um serviço principal como viagens aéreas, com serviços adicionais ou bens de apoio, como lanches e bebidas. Esse serviço requer um bem de alto investimento de capital, ou seja, a aeronave, mas o item principal é o serviço (transporte). 5. Serviço puro: essencialmente um serviço intangível, como de uma diarista de limpeza ou uma consulta médica. Em virtude dessa ampla variedade, fica difícil generalizar os serviços sem uma distinção mais aprofundada. � Os serviços podem ser baseados em equipamentos (lava-rápidos, máquinas de venda automáticas) ou baseados em pessoas (corte de cabelo, serviços de massagem). Os serviços baseados em pessoas podem ser divididos entre os que não requerem nenhuma qualificação, os que requerem alguma qualificação e os que exigem especialização. � As empresas prestadoras de serviços podem optar por diferentes processos para fornecer aquilo que se propõem. Os restaurantes, por exemplo, apresentam-se em diferentes formatos: fast food, por kilo (bufê) e a la carte. � Alguns serviços exigem a presença do cliente, como uma academia, mas o conserto de um carro, não. Se a presença do cliente é indispensável, o prestador de serviços tem de levar em conta suas necessidades. Salas de espera com televisão, revistas, música ambiente, café e espaço para crianças são, às vezes, elementos que diferenciam a oferta e, desta forma, fundamentais para entrega do serviço com qualidade. � Os serviços podem atender a uma necessidade pessoal (serviços pessoais) ou organizacional (serviços empresariais). De modo geral, os prestadores de serviços desenvolvem planos de marketing específicos para cada um desses mercados. No caso de alguns serviços, os clientes não conseguem julgar a qualidade técnica, mesmo após recebê-lo
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