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A contextualização da morte e do morrer através da história Faculdade Estácio São Luís – Curso de Enfermagem Disciplina: Tanatologia Profa. Me. Janaína de Jesus Castro Câmara Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE ATRAVÉS DA HISTÓRIA As representações de morte são imersas em um contexto cultural. • Edgard Morin: nas atitudes e crenças diante da morte que o homem exprime o que a sua vida tem de mais fundamental. • Antiguidade: morte presente no cotidiano do homem. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE DOMADA TÍPICA DA ÉPOCA MEDIEVAL • O homem era expectador da natureza, contemplativo diante da possibilidade da morte. • Mundo teocêntrico - aceitação inconteste do processo de morte, que ocorria ou na guerra ou por doenças. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE DOMADA - TÍPICA DA ÉPOCA MEDIEVAL A morte era uma atitude familiar e próxima, por isso chamada de domada. O local da sepultura na Idade Média era nas Igrejas, perto dos santos - PROTEÇÃO. Divisão entre pobres e ricos - afastados ou próximos do altar. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE DOMADA - TÍPICA DA ÉPOCA MEDIEVAL • A morte era esperada no leito: cerimônia pública organizada pelo próprio moribundo e sua família. • Todos podiam estar presentes (parentes, amigos e crianças). • Ritos de morte: manifestações de tristeza e dor; O temor das pessoas era morrer repentinamente, sem homenagens cabidas. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE DE SI MESMO - SÉCULO XIV/XV • O homem passa a se preocupar com o que acontecerá depois da morte e racionaliza o processo de perda (para quem fica e para quem vai). • Surgem os TESTAMENTOS - Formados por duas partes: a confissão/ desejos e a distribuição das fortunas. • Parte da fortuna ia para a Igreja como uma forma de libertação para a vida eterna. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE DE SI MESMO - SÉCULO XIV/XV • Surge a cor preta para simbolizar o luto - disfarce para espantar a morte e os mortos que viriam confundir o enlutado com um outro morto. • Significação social de perda, tristeza - que criava a paz e serenidade interior. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara VIDA NO CADÁVER, VIDA NA MORTE SÉCULOS XVII/XVIII - RENASCIMENTO • O mundo regido pela razão - preocupação com as condições do enterro. Surgem os VELÓRIOS como uma forma de certificação da morte - até 48 horas após a morte. • A MORTE DO OUTRO Morte Romântica - morte desejada enquanto libertação e possibilidade de reencontro entre os amores. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE INVERTIDA SÉCULO XX Mundo tecnocêntrico: • A morte é negada, banida do discurso cotidiano, ocultada e temida. • Adota-se a mentira sistemática, o silêncio - marcada pela negação e interdição. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE INVERTIDA - SÉCULO XX Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE INVERTIDA - SÉCULO XX • O homem está desaparelhado para enfrentar a morte, compreendida como eventualidade; • A morte vem acompanhada da ideia de fracasso do corpo, do sistema de atenção médica, da sociedade, das relações com Deus e com os homens; Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara MORTE CONTEMPORÂNEA • Vivenciada nos hospitais, nas UTIs, controlada pelos profissionais de saúde - 80% das pessoas morrem no hospital; • Velório ocorre longe da casa do morto - afastamento da própria família - morte solitária. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE NA SOCIEDADE CAPITALISTA - OCIDENTAL • Progressos da terapêutica médica e procedimentos cirúrgicos; • A morte é vivenciada pela cumplicidade dos amigos e familiares que escondem e negam-lhe a morte, e pelos profissionais obstinados pela cura da doença, por meio de medidas terapêuticas eficazes para prolongar-lhe a vida. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE NA SOCIEDADE CAPITALISTA - OCIDENTAL • Mudança radical na visão da morte: ilusão da eternidade dá ao homem a sensação de poder dominar e controlar as coisas, as pessoas e conservar o que tem. A possibilidade de morte é afastada. • Apesar de buscar a negação frente à morte, o homem angustia-se por ser mortal. Adoecer e morrer são preocupações permanentes. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A MORTE NA SOCIEDADE CAPITALISTA - OCIDENTAL • A morte foi dividida em cerebral, biológica e celular, grande aparelhagem para medir e prolongar a vida - o momento da Morte vira um acordo feito entre a família e o médico. • Preparação e embelezamento para os mortos, e o cuidado de tudo referente ao morto é feito por profissionais e não pelos familiares. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A CONCEPÇÃO DE MORTE NO ORIENTE • Crença na possibilidade de libertação do sofrimento, aceitação do sofrimento como um fato natural da existência humana, aliada à coragem de encarar os problemas de frente (Enfrentamento + Naturalidade + Coragem). • A Arte de Morrer - enfrentamento da morte de forma lúcida, calma e heróica, com intelecto dirigido para a superação e sublimação mental da dor e do sofrimento proporcionados pela enfermidade do corpo. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara A CONCEPÇÃO DE MORTE NO ORIENTE • A Arte de Viver: três estágios de disciplina: escuta, reflexão e meditação, levando ao autoconhecimento. • Vivência pacífica da morte: através da correta prática de uma fidedigna Arte de Morrer, a morte terá então perdido o seu estado negativo e redundará em vitória. Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara • A morte é vista como fim, ruptura, ocultada, vergonhosa; • Os rituais corresponderão a esta forma de encarar a morte. • São sentimentos de fracasso, vergonha, raiva, temor. OCIDENTE • A morte surge como um estado de transição e principalmente de evolução, para o qual deve haver um preparo; • A morte é a iniciação de outra vida. ORIENTE Aula 3: A contextualização da morte e do morrer através da história Profa. Me. Janaína de J. C. Câmara SUGESTÕES DE LEITURA • KOVÁCS, Maria Júlia. KOVÁCS, M. J. Morte e Desenvolvimento Humano. Casa do Psicólogo. 2002. Cap. 3 (Atitudes diante da morte. Visão histórica, social e cultural; • SILVA, A.L.L. & RUIZ, E.M. Cuidar, morte e morrer: significações para profissionais de enfermagem. Disponível no formato on line em Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 20, n. 1, p. 15- 25, janeiro/abril 2003
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