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TEORIAS DA COMUNICAÇÃO Profa. Me. Patrícia Lima EMENTA Contextualizar o campo de estudo e o(s) objeto(s) da comunicação como atividade humana em face da ordenação científica que pauta a contemporaneidade. Principias escolas do pensamento comunicacional, pois dentro desse campo, elas são não só representativas como indicativas da estruturação de uma nova necessidade do pensamento: entender os desafios e paradigmas da própria comunicação. OBJETIVOS Apontar o sentido e a abrangência das Teorias da Comunicação e sua relação com os fenômenos e práticas comunicativas, considerando seus respectivos contextos históricos. Apresentar as teorias da Comunicação a partir de escolas, tendências e problematizações em torno da questão epistemológica advinda com a modernidade. Repensar o modelo unidirecional da comunicação em face de uma nova ordenação múltipla da comunicação, enfatizando temas diversos como a materialidade dos meios, os estudos culturais, as mediações. UNIDADE I: COMUNICAÇÃO E CIÊNCIA UNIDADE II: A COMUNICAÇÃO E OS PARADIGMAS UNIDADE III : VISÕES AUTORAIS UNIDADE IV: ESTUDOS CULTURAIS UNIDADE V: MEDIAÇÕES E ESTUDOS DE RECEPÇÃO Avaliações: PROVA AV1 AV2 AV3 O que é COMUNICAÇÃO? O conceito de comunicação é difícil de delimitar e, por consequência, de definir. De um determinado ponto de vista, todos os comportamentos e atitudes humanas e mesmo não humanas, intencionais ou não intencionais, podem ser entendidos como comunicação. Uma pessoa está dormindo? Para um receptor, ela está a comunicar que dorme. Penteia-se e veste-se de determinada forma? Está a comunicar. Um inseto macho esfrega as asas nas patas para atrair uma parceira? Ele está, certamente, a comunicar. Um cão abana o rabo? Ele comunica alegria e afeição. Uma flor apresenta um maravilhoso colorido e emite determinadas substâncias bem cheirosas para atrair as abelhas que espalham o pólen, essencial para a fertilização de outras plantas? Também está a comunicar. A raiz etimológica da palavra comunicação é a palavra latina communicatione, que, por sua vez, deriva da palavra commune, ou seja, comum. Communicatione significa, em latim, participar, pôr em comum ou ação comum. Portanto, comunicar é, etimologicamente, relacionar seres viventes e, normalmente, conscientes (seres humanos), tornar alguma coisa comum entre esses seres, seja essa coisa uma informação, uma experiência, uma sensação, uma emoção, etc. Assim, pode-se pensar na comunicação em duas grandes asserções: A comunicação como o processo em que comunicadores trocam propositadamente mensagens codificadas (gestos, palavras, imagens...), através de um canal, num determinado contexto, o que gera determinados efeitos; e A comunicação como uma atividade social, onde as pessoas, imersas numa determinada cultura, criam e trocam significados, respondendo, desta forma, à realidade que cotidianamente experimentam. A comunicação é indispensável para a sobrevivência dos seres humanos e para a formação e coesão de comunidades, sociedades e culturas. Temos de comunicar, entre outras razões: Para trocarmos informações; Para nos entendermos e sermos entendidos; Para entretermos e sermos entretidos; Para nos integrarmos nos grupos e comunidades, nas organizações e na sociedade; Para satisfazermos as necessidades econômicas que nos permitem pagar a alimentação, o vestuário e os bens que, de uma forma geral, consumimos; Para interagirmos com os outros, conseguindo amigos e parceiros, tendo sucesso pessoal, sexual e profissional, algo fundamental para a nossa autoestima e equilíbrio. Comunicamos, em síntese, para satisfazer necessidades, que, de acordo com a pirâmide de necessidades de Maslow (1954), podem ser básicas (água, comida, vestuário...), de segurança, sociais (ter amigos e ser aceite por outros), de autoestima (ter competência, autoconfiança e conquistar o respeito dos outros) e de atualização pessoal (desenvolver todo o nosso potencial). A comunicação pode ainda ser: Mediada (comunicação feita recorrendo a dispositivos técnicos de comunicação, os “media”, como acontece quando se escreve um livro para outros lerem, ou quando se faz e emite um telejornal); Direta ou não mediada (comunicação feita sem a intermediação de dispositivos técnicos, como acontece numa conversa face-a- face). Formas de Comunicação Humana Há seis grandes formas de comunicação humana: Intrapessoal - Comunicação de alguém consigo mesmo, usando, por exemplo, frases introspectivas e formas de pensamento automático; A comunicação intrapessoal é a comunicação estabelecida por um indivíduo consigo mesmo através de mecanismos conscientes (pensamentos, planos...) ou inconscientes (sonhos). A comunicação intrapessoal é, sobretudo, um processo mental, mas pode contemplar outras formas. Por exemplo, por vezes, quando alguém reflete consigo mesmo, faz gestos que o ajudam a compreender a intensidade das suas emoções e o significado dos pensamentos. Quando alguém faz uma lista de compras para seu próprio uso, recorre a caneta e papel e escreve palavras. O mesmo sucede quando alguém verte os seus pensamentos pessoais e intransmissíveis para um diário. Por que é que as pessoas comunicam consigo mesmas? Para refletir sobre os outros, o mundo e elas mesmas, normalmente em ordem a aperfeiçoar o seu agir social, ou seja, o seu papel social nas interações que estabelecem com os outros, nos relacionamentos, nas comunidades e na sociedade de que fazem parte, mas também para desenvolverem ideias sobre elas próprias e para avaliarem e darem sentido às suas experiências, pontos de vista e vivências. Em suma, para darem sentido à sua existência.. Interpessoal - Comunicação entre dois indivíduos, comunicação dentro de um pequeno grupo não formal de indivíduos ou entre pequenos grupos informais de indivíduos, servindo, por exemplo, para criar e sustentar relações pessoais; A comunicação interpessoal é aquela que se estabelece entre indivíduos, tipicamente entre dois indivíduos ou pequenos grupos, normalmente informais (amigos que se encontram, por exemplo), ocorrendo no decurso normal do cotidiano. Habitualmente, como se disse, a comunicação interpessoal é direta, mas pode ser mediada. É o que ocorre, por exemplo, quando se telefona, se envia uma carta ou um e-mail. Para alguns autores, a comunicação interpessoal mediada é descrita como mediocomunicação, pois, comumente, implica o recurso a redes de comunicação pública, como as redes telefônicas ou a Internet, e afasta fisicamente os interlocutores, reduzindo a intensidade do feedback ou mesmo eliminando-o. A comunicação interpessoal direta é, de alguma forma, a mais rica, já que é aquela que integra diretamente mais elementos no contexto da comunicação. Na comunicação interpessoal direta, a componente não-verbal (gestos, posição dos braços e das mãos, espaço físico entre os interlocutores, posição do corpo, expressões faciais, contato ocular, vestuário, silêncios, modulação da voz, cheiros emanados pelos interlocutores, idade aparente dos interlocutores, etc.) é tão relevante quanto a verbal (as palavras em si). Grupal - Comunicação no seio de grupos "formais“ de média ou grande dimensão; A denominação "comunicação grupal" não deixa dúvidas - diz respeito à comunicação que ocorre no interior dos grupos. Não dos grupos grandes, como organizações, mas sim de grupos pequenos, como o grupo de amigos, a família, a pequena associação, etc. Os grupos podem formar-se de diferentes maneiras. A família, por exemplo, forma-se com base em relações de consanguinidade, parentesco ou similares. O grupo de amigos forma-se por afinidades. Normalmente, dentro dos grupos os indivíduos tendem a manter relações interpessoais diretas de comunicação, mas o número, as personalidades e os estatutos e papéis dos membros do grupo influenciam o comportamentodos seus membros. Por exemplo, nos grupos sociais primários, como as famílias, o controle dos comportamentos e atitudes é intenso, exercendo-se através da comunicação (manifestações de agrado, desagrado, recompensa, punição, marginalização...) e tornando difícil a mudança de atitudes, exceto em questões conjunturais. Organizacional - Comunicação desenvolvida no seio de organizações, como as empresas, e destas para o exterior; A exemplo do que acontece com a designação “comunicação grupal”, também é fácil discernir que o conceito de “comunicação organizacional” diz respeito à comunicação que se estabelece no seio das organizações. Uma organização, na definição de Gill e Adams (1998), é um grupo de grande dimensão, que possui um propósito definido e requer elementos com competências diferentes. Por exemplo, uma Universidade é, sem dúvida, uma organização. O seu propósito é produzir e difundir conhecimento, formando pessoas. Nela coexistem professores, estudantes, quadros administrativos, bibliotecários, técnicos de informática, funcionários de limpeza, funcionários de lanchonetes, etc. Todos são necessários para levar a missão da Universidade a bom porto. Social - Comunicação desenvolvida para grupos heterogêneos e grandes de pessoas, também denominada de difusão, comunicação coletiva ou comunicação de massas (mass communication). A comunicação social ou comunicação de massas é a comunicação efetuada a grande escala, de forma impessoal, para uso e benefício de um grande, anônimo e heterogêneo número de receptores em simultâneo, que fisicamente podem estar bastante separados, sendo, habitualmente, diminutas as possibilidades de interação e feedback do receptor com o emissor. Cada receptor, de alguma forma, percebe que as outras pessoas (outros receptores) também são expostas à comunicação social. Mas a audiência não é personalizada. É tida, ao invés, como um agregado de indivíduos pontualmente unidos pela recepção comum de uma mensagem, consumida, por norma, devido ao fato de corresponder aos interesses, necessidades, crenças, valores e expectativas desses indivíduos. A comunicação social, no sentido de comunicação orientada para um público massivo, mais heterogêneo, está, normalmente, relacionada com o jornalismo, a indústria de entretenimento (audiovisual, livros, discos...), a publicidade e a propaganda, mas outras atividades de comunicação em sociedade, como as relações públicas e o marketing, também podem promover ações que devem integrar-se na categoria “comunicação social”, embora isto nem sempre aconteça. Consequentemente, a categoria “comunicação social” não deve aplicar-se, indistintamente, a toda a atividade, ou estratégia, de comunicação em sociedade, mas apenas aos fenômenos que implicam que uma mensagem é enviada, simultaneamente, para um grande e heterogêneo número de receptores, o que implica o recurso a um meio de difusão dessa mensagem. O meio difusor pode, ou não, permitir a interação do receptor com a mensagem. A televisão tradicional, a rádio tradicional, os jornais e as revistas, limitam bastante a interação e o feedback. A Internet potenciam-nos, em maior ou menor grau. Extrapessoal - Comunicação desenvolvida com animais, com máquinas e, creem algumas pessoas, com espíritos, extraterrestres e outras entidades das quais não existe prova física (nem evidência de comunicação). Bibliografia HOLFELDT, Antônio e outros. Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. MARTINO, LuisMauro Sá. Teoria da Comunicação: ideias, conceitos e métodos. Petrópolis: Vozes, 2009. VILALBA, Rodrigo. Teoria da Comunicação. São Paulo: Ática, 2006.
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