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Aula_01 (1)

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1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém 
todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do 
conteúdo. 
 
Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da 
apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você 
encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a 
respeito de cada item. 
Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. 
 
 
A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um 
momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados 
devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. 
 
A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você 
deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma 
mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na 
disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções 
audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. 
Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais 
complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, 
artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. 
Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e 
organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu 
aprendizado! 
Bons estudos! 
2 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sabemos que, atualmente, a noção de estratégia vem ganhando relevância por 
ser um instrumento gerencial importante e decisivo para o futuro das 
organizações. 
 
Em outras palavras, o sucesso das empresas está vinculado à elaboração de 
estratégias. 
 
Neste estudo, você compreenderá como se desenvolvem os processos 
estratégicos dentro do mundo corporativo. O domínio dessa técnica é 
fundamental à função de gestor empresarial. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
 
• Recordar a evolução do conceito de estratégia. 
 
 
• Aplicar essa noção ao novo ambiente empresarial de busca de vantagens 
competitivas; 
 
• Explicar os estágios do processo de elaboração da estratégia; 
 
 
• Integrar as estratégias empresariais à gestão de projetos a partir da 
articulação entre seus respectivos processos. 
3 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A finalidade dos estudos a respeito da estratégia empresarial é aprender a 
escolher os caminhos, os cursos, os programas de ação adequados, a fim de 
alcançar determinados objetivos. 
 
Uma fonte de aprendizagem de estratégias diversas pode ser obtida na área 
militar. 
 
Nesta aula, você entenderá como as estratégias militares foram formadas e de 
que maneira seus princípios antigos básicos de ataque e de defesa podem ser 
aplicados no mundo dos negócios. 
 
Além disso, você saberá como se deu a transição histórica do conceito tradicional 
de estratégia para sua aplicação no ambiente empresarial, no qual utilizamos 
recursos capazes de minimizar os problemas e maximizar oportunidades. 
 
Objetivo: 
 
• Identificar a importância do conceito de estratégia militar para a formação 
da estratégia empresarial; 
 
• Explicar o desenvolvimento da estratégia empresarial dentro do novo 
ambiente de negócios. 
 
 
 
 
 
 
4 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Conteúdo 
 
Importância do pensamento estratégico 
Você sabe qual é a palavra mais utilizada no mundo empresarial? 
 
 
ESTRATÉGIA 
 
Diante de tantas incertezas, principalmente depois do início do processo de 
globalização da economia, muitos passaram a se referir à estratégia como 
fundamental ao sucesso dos negócios no ambiente corporativo. 
Vejamos o que afirma Prahalad em uma palestra sobre estratégia: 
https://www.youtube.com/watch?v=sQ70x8L1nMU 
Como você pôde observar, os dirigentes estão percebendo a importância da 
análise e da construção do futuro das empresas e instituições de quaisquer 
naturezas, o que é possível a partir do estudo de estratégias empresariais. 
 
Infelizmente, ainda há líderes organizacionais que aplicam, frequentemente, em 
seu cotidiano de trabalho apenas estratégias que já funcionaram no passado. 
Outros simplesmente sustentam seu dia a dia evitando aquilo que não deu certo. 
Para esses dirigentes, as experiências adquiridas servem para delinear tanto o 
presente quanto o futuro. Com a dinâmica do mundo externo, do ponto de 
vista estratégico, o que já passou pouco ou nada contribui para o que pode 
acontecer no futuro. 
 
Vamos entender mais sobre o assunto a partir da retomada do conceito 
tradicional de estratégia e seu desenvolvimento nos meios militares. 
 
 
Da estratégia militar à estratégia empresarial 
 
O tema estratégia remonta milhares de anos e sempre esteve relacionado à área 
militar. Afinal, desde a Antiguidade, a guerra foi a primeira fonte de inspiração 
5 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
dos estrategistas. Os generais vitoriosos ficaram com essa marca como 
diferencial de sua atuação. 
 
Há quem diga que essa palavra foi utilizada pela primeira vez na Grécia Antiga 
com o seguinte significado: 
 
ESTRATÉGIA = ARTE DO GERAL 
O fundamento dessa interpretação está no fato de que, ao invés de ficarem à 
frente da batalha – como era de costume –, os comandantes começaram a se 
afastar do campo de guerra para ter uma visão do conjunto de batalhas. Dessa 
forma, eles poderiam orientar as ações, a fim de conquistar vitórias. 
 
 
 
 
No decorrer do tempo, ficou comprovado que os conceitos e princípios que 
guiaram o estabelecimento das estratégias militares poderiam contribuir, de 
6 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
forma significativa, para a compreensão e as definições de estratégias voltadas 
para o mundo dos negócios. Em outras palavras, todo esse conhecimento 
advindo da era militar se constituiria como fator relevante para o sucesso das 
organizações nos dias de hoje. 
 
Exemplo de uma das legiões do exército Romano antigo. Suas duas maiores 
lições são copiadas até hoje pelo mundo todo: disciplina e estratégia. 
 
Da estratégia militar à estratégia empresarial - Sun Tzu 
 
Veja por que esse pensamento da estratégia militar se consolidou tão fortemente. 
Vamos conhecer, a partir de agora, as reflexões de generais que ficaram famosos 
por suas contribuições à aplicação da estratégia no meio militar. 
 
Comecemos pelo general chinês Sun Tzu. Há aproximadamente 2.500 anos, esse 
chefe militar escreveu o famoso livro A arte da guerra, cujo conteúdo trata dos 
seguintes assuntos: 
 
• Preparação de planos; 
• Guerra efetiva; 
• Manobras e variações táticas; 
• Exército em marcha; 
• Terreno de guerra; 
• Pontos fortes e fracos do inimigo; 
• Organização dos exércitos. 
7 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
Para Sun Tzu, poderíamos planejar uma guerra fazendo a análise ambiental de 
nossas próprias condições e das condições dos recursos do inimigo. Mas como 
isso era possível? 
 
De acordo com Sun Tzu, para realizar a análise ambiental do cenário de 
guerra, era necessário considerar alguns fatores, tais como: 
 
 
 
 
O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com as 
de seus governantes. Sendo assim, as pessoas compartilham todas as 
consequências. 
 
O clima representa o dia e a noite, o frio e o calor, e a sucessão das estações. 
8 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
O terreno indica as condiçõesde natureza, a localização, as dimensões e as 
chances de sobrevivência. 
 
O comando refere-se às virtudes do comandante. 
 
 
A doutrina diz respeito à organização eficiente, à existência de uma cadeia de 
comando rígida e a uma estrutura logística. 
 
Por fim, o general analisava os potenciais e recursos do inimigo em comparação 
aos seus, a partir dos seguintes questionamentos: 
 
• Que dirigente é mais sábio e capaz? 
• Que comandante possui o maior talento? 
• Que exército obtém vantagens de natureza e de terreno? 
• Em que exército se observam melhor as regulações e as instruções? 
• Quais são as tropas mais fortes? 
• Que exército tem oficiais e tropas mais bem treinadas? 
• Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção 
 
Muitos autores e consultores transformaram as várias lições de 
Sun Tzu em versões contemporâneas, aplicando-as ao meio 
empresarial. 
9 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
"Aquele que conhece a si mesmo 
e ao inimigo deverá vencer 
todas as batalhas. 
Aquele que se conhece, mas não 
ao inimigo, terá metade da chance de vencer. 
Aquele que não se conhece, 
nem ao inimigo, perderá todas as batalhas.“ 
SunTzu 
 
 
Reflexões de Clausewitz 
Agora, vamos conhecer as reflexões do general Carl Von Clausewitz a respeito 
do conceito de estratégia. 
 
No ocidente, um dos estudos mais divulgados foi o livro de sua autoria, intitulado 
Da guerra. Desde sua publicação, a obra é utilizada como manual de estratégia 
militar. Esse general revolucionou sua época ao construir a seguinte teoria 
estratégica de guerra – consequência dos impactos das transformações do 
período: 
 
Primeiramente, o general Clausewitz definia seus objetivos, até porque as 
operações de guerra eram orientadas para atingir metas traçadas pelo alto 
comando militar. Esses objetivos eram fragmentados de acordo com sua 
especificidade e distribuídos ao longo da estrutura militar para o planejamento 
das ações de combate. 
 
Essas experiências militares e as publicações sobre a guerra constituíram a base 
para o desenvolvimento de novas ideias estratégicas. Veja, a seguir, como esse 
aprendizado se encaixa no mundo dos negócios. 
 
 
10 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
PRINCÍPIO DA OFENSIVA 
Trata-se de tirar vantagens do inimigo, restringindo suas possibilidades de 
ataques e reduzindo os níveis de expectativas dos oponentes. 
 
PRINCÍPIO DA MANOBRA 
Trata-se de organizar os recursos para oferecer melhores condições de emprego 
e de produtividade, deixando o oponente em desvantagem. 
 
PRINCÍPIO DA MASSA 
Trata-se de concentrar os recursos para obter superioridade e poder alcançar 
uma vitória decisiva sobre o inimigo. Esse princípio está relacionado tanto à 
quantidade de recursos quanto a sua qualidade e eficiência. 
 
PRINCÍPIO DA ECONOMIA DE FORÇAS E DE RECURSOS 
Trata-se de poupar meios, principalmente evitando a difusão de recursos e o 
desgaste desnecessário em operações secundárias. Os recursos devem ser 
utilizados de forma equilibrada para alcançar o máximo de eficiência com o 
mínimo de esforços. 
 
PRINCÍPIO DA UNIDADE DE COMANDO 
Trata-se de seguir à risca a hierarquia. Em outras palavras, esse princípio remete 
à imputação da responsabilidade ao comandante geral, mesmo que a 
administração seja obtida através da coordenação dos demais níveis da 
corporação. 
 
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA 
Trata-se de eliminar a probabilidade de o inimigo nos surpreender, evitando que 
este possa interferir nas operações e atingir, de forma prejudicial, os pontos 
importantes no território e as forças de ataque. 
 
 
 
11 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE 
Trata-se de simplificar os objetivos – que devem ser claros e de fácil 
entendimento para todos os escalões –, reduzindo qualquer possibilidade de 
falhas por falta de compreensão. 
 
 
 
 
Transição histórica do conceito de estratégia 
A adaptação da estratégia militar para os negócios das organizações começou 
após a Revolução Industrial, em meados do século XIX. Mas foi o século XX que 
ficou marcado como sua época de ouro: momento em que as empresas 
começaram a aplicar, efetivamente, os conceitos militares em seu ambiente 
corporativo. 
Vejamos como se deu essa transição histórica: 
 
 
 
Atenção 
 
Toda a estratégia militar foi usada como um meio para se alcançar 
objetivos. Em outras palavras, a morte ou o desarmamento do 
adversário serviram como instrumento da política ou como 
imposição da vontade do vencedor. 
12 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Década de 1920: O conceito de estratégia – até então associado à política com 
Clausewitz e, principalmente, à área militar com Sun Tzu – passou a incorporar- 
se ao ambiente de negócios a partir da década de 1920. Desse período em diante, 
as empresas como DuPont e General Motors (GM) apresentaram uma nova 
visão de organização, dissociando as questões estratégicas das administrativas e 
operacionais. 
 
 
 
Década de 1940: De fato, as noções de estratégia ganharam destaque na 
literatura corporativa a partir da década de 1940. O ponto de mutação foi a 
Teoria dos Jogos, de Von Neuman e Morgenstern, que, exatamente no ano de 
1948, proporcionou a aplicação da estratégia ao meio empresarial. Ficou claro 
que a guerra travada não era mais com clientes tampouco com fornecedores, 
mas sim com a concorrência crescente no mercado. De qualquer forma, até o 
final da referida década, o conceito de estratégia ainda estava ligado às 
operações. 
 
Década de 1960: A década de 1960 ficou conhecida como o período dos anos 
dourados do início do desenvolvimento da estratégia. Nessa época, tal conceito 
passou a ser associado a vários tipos de planejamento, tais como: 
• Estratégico; 
13 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
• Empresarial; 
• Corporativo; 
• De negócios. 
 
 
 
Meio empresarial: luta pela competitividade 
Como vimos anteriormente, as definições de estratégia foram ganhando mais 
abrangência ao longo do tempo, deixando de ser algo muito específico da área 
militar para atingir os setores do governo e de negócios. 
 
Mas, afinal, qual é a grande diferença entre estratégias militares e 
empresariais? 
 
 
A dinâmica dos cenários do mundo corporativo representa essa distinção: as 
guerras militares não acontecem rotineiramente, mas as guerras de negócios são 
travadas todos os dias. 
 
As empresas lutam para manter a competitividade no mercado, em busca de 
clientes e de participações potenciais, a fim de que seus produtos não sejam 
substituídos pelos da concorrência. Por isso, as noções de estratégia não 
separam a organização de seu ambiente de atuação. Afinal, há uma 
relação dialética entre ambos, a partir da qual são construídos os 
caminhos alternativos a serem percorridos ou as estratégias passíveis 
de utilização. Essas, por sua vez, são inseridas nos diversos níveis da estrutura 
organizacional, traçando uma perspectiva para o futuro das empresas. 
 
 
Contribuições de autores renomados 
Vamos conhecer, agora, o pensamento de alguns autores renomados que ficaram 
conhecidos por suas valiosas contribuições sobre o conceito de estratégia: 
 
14 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
Michael Porter 
 
Michael Porter foi o primeiro a elaborar, na década de 1980, estratégias 
organizacionais em uma indústria. 
 
O autor realizou um brilhante estudo sobre a essência da formulação estratégica 
e publicou uma série de livros célebres na área – atualmente muito utilizadosno 
campo da análise setorial como parte do planejamento estratégico de empresas. 
 
Veja o que ele fala sobre o conceito de estratégia. 
https://www.youtube.com/watch?v=os1n2Ea3wUs 
 
Na visão de Porter, a empresa tem como meta procurar uma posição no setor 
industrial em que atua, buscando a defesa das cinco forças competitivas, quais 
sejam: Fornecedores; compradores; produtos e serviços substitutos; entrantes 
potenciais; próprios concorrentes. 
 
De acordo com Porter (1980): “A estratégia competitiva representa ações 
ofensivas ou defensivas. Seu objetivo é criar uma posição defensável em uma 
indústria para enfrentar, com sucesso, as forças competitivas e, dessa forma, 
obter um retorno maior sobre o investimento”. 
 
Mintzberg 
 
Mintzberg colocou a lógica do design no processo de elaboração das estratégias. 
15 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
Para o autor, a estratégia é um plano uniforme, amplo e integrado que assegura 
o alcance de objetivos da organização. Trata-se de um conjunto de diretrizes 
formuladas para lidar com cenários. 
 
Por exemplo, imagine que pretendamos identificar o que a empresa deve fazer 
para aumentar sua participação no mercado. Para fins de determinação, 
preparamos as ações antecipadamente e as desenvolvemos de forma consciente. 
Nesse caso, traçamos um plano antes de formularmos as ações pertinentes – 
uma espécie de linha de conduta que funciona como orientação para o ato 
pensado e consciente que se propaga nos diferentes níveis e áreas das empresas. 
Em outras palavras, esse plano representa um curso de ação para o alcance de 
objetivos predeterminados. 
 
De acordo com Mintzberg (1988): “A estratégia é uma força mediadora 
entre a organização e seu entorno: um padrão no processo de tomada 
de decisões organizacionais para fazer face ao meio em que a empresa 
está inserida”. 
 
Igor Ansoff 
 
O pensamento de Igor Ansoff também agregou valor ao desenvolvimento da 
estratégia empresarial. 
 
Conforme aponta o autor, o estudo da estratégia somente ganhou importância 
depois da segunda metade do século XX, até porque a primeira foi caracterizada 
pelo crescimento de mercado continuado e por cenários relativamente estáveis. 
Mas, em meados da década de 1990, a situação transformou-se: a dinâmica 
organizacional começou a se caracterizar pela incerteza. 
 
Em um mundo marcado pelas mudanças ambientais, sociais, políticas, 
econômicas e tecnológicas, a estratégia converteu-se em ferramenta ideal de 
orientação empresarial. Isso possibilitou às organizações a busca pelo 
16 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
desenvolvimento de novas maneiras de gestão, pela flexibilidade e por 
oportunidades estratégicas. 
 
De acordo com Ansoff (1965 ): “A estratégia é um conjunto de regras de 
tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial. As 
decisões estratégicas dizem respeito à relação entre a empresa e seu 
ecossistema”. 
 
Hamel e Prahalad 
 
Em 1994, Hamel e Prahalad afirmaram que a estratégia designa ações que devem 
ser iniciadas imediatamente pelas organizações e que podem levá-las a uma 
situação mais vantajosa no futuro. 
 
Os autores argumentavam que a essência da estratégia está relacionada à 
capacidade da organização em desenvolver vantagens competitivas mais rápido 
que seus concorrentes. 
 
O resultado é o aperfeiçoamento de habilidades e competências e a aquisição de 
novos conhecimentos. Em outras palavras, a estratégia é uma maneira de 
organizar e modificar nosso comportamento atual na busca do sucesso 
permanente no presente e no futuro. 
 
De acordo com Hamel e Prahalad (1994): 
 
“A estratégia é a construção do futuro a partir 
do uso de competências essenciais da empresa. 
A organização deve ser abordada como um 
conjunto de forças, aptidões e habilidades que 
podem ser reagrupadas e reutilizadas para criar 
novos negócios, produtos e serviços capazes de 
antecipar desejos e necessidades”. 
 
17 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Novo ambiente empresarial 
Agora que já sabemos como se deu a transição histórica das noções estratégicas 
para o ambiente empresarial, vamos conhecer o conceito atual de estratégia? 
Antes disso, precisamos entender como se apresenta esse meio organizacional 
nos dias de hoje. Captar e compreender os grandes cenários que se estão 
delineando para o futuro é tão vital para a estratégia empresarial quanto 
administrar os problemas do dia a dia. 
 
Isso significa que, se a empresa ancorar seus planos estratégicos unicamente no 
presente, correrá o risco de se deparar com surpresas oriundas de 
transformações que atingem: 
 
• Os fornecedores; 
• Os clientes; 
• A competição; 
• O ambiente empresarial como um todo. 
 
 
E o resultado será alarmante: a organização não terá como reagir a 
essas mudanças de forma eficaz. 
 
Atualmente, enfrentar as turbulências de curto prazo e visualizar as 
transformações mais significativas que ocorrem no ambiente externo é essencial. 
Afinal, o aumento da concorrência entre as organizações é uma tendência na 
qual se observam: 
 
• Mudanças rápidas nas exigências do consumidor em relação a produtos e 
a serviços; 
• Demanda crescente do cliente por produtos e serviços de qualidade; 
• Alteração no poder de compra da população; 
• Escassez de insumos produtivos e recursos críticos e estratégicos; 
• Avanços tecnológicos e a consequente quebra de paradigma; 
• Falta de habilidades e competências; 
18 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
• Modificações no ritmo e na natureza social. 
 
 
 
Mas como é possível, então, montar o quebra-cabeça formado por 
milhares de acontecimentos internos e externos à organização? Como 
encaixar os pequenos fatos internos à empresa no todo maior em 
constante transformação? 
 
Através da análise de cenários e tendências. 
Vamos discutir mais sobre o assunto a seguir. 
 
 
 
Análise de cenários e tendências 
Mesmo em um ambiente de incertezas, a análise de grandes tendências 
transforma dados em informações e em conhecimentos, o que pode dar 
significado aos cenários e revelar os desafios que a organização tem pela frente. 
Esses desafios – ou qualquer aparente ameaça – não devem ser encarados 
apenas como problemas, mas analisados a partir de um ponto de vista positivo: 
às vezes, as transformações implicam oportunidades. 
 
É possível alinhar os esforços da organização e as forças que atuam em seu 
ambiente, aplicando, de forma mais racional, as energias disponíveis a ele. 
 
Essa capacidade de harmonia e interação com o ambiente externo constitui o 
principal diferencial competitivo da empresa, o que influencia o próprio processo 
de mutação do mundo dos negócios. 
 
A organização que elabora suas estratégias em sintonia com as mudanças 
ambientais tem mais condições de obter sucesso no mercado. 
 
Todas as evidências anteriores mostram que há, portanto, um caráter 
extremamente realista na atitude de se pensar sobre o futuro. Não se trata de 
prever o que vai acontecer. 
19 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Para elaborarmos estratégias eficazes, precisamos compreender as mudanças 
que ocorrem, constantemente, no contexto político, social, econômico, 
tecnológico e competitivo. 
 
A partir desse entendimento, poderemos analisar tais transformações 
advindas do ambiente externo às empresas, abstrair esse processo de 
mutação ao longo do tempo e, por fim, formular estratégias relevantes 
para o sucesso das organizações. 
 
 
 
Empresa e ambiente externo 
Conforme já apontamos, em um ambiente dinâmico, a finalidade da estratégia é 
estabelecer quaisserão os caminhos, os cursos e programas de ação, e os 
projetos que devem ser seguidos para alcançarmos os objetivos e desafios 
estabelecidos. 
 
Disso resulta o vínculo permanente entre: 
 
EMPRESA + AMBIENTE EXTERNO 
 
Nessa situação, a empresa procura definir e operacionalizar estratégias que 
maximizem os resultados da interação mantida.Portanto, a estratégia está 
relacionada à capacidade de utilizar, adequadamente, os recursos físicos, 
financeiros e humanos com o objetivo de minimizar os pontos fracos e maximizar 
os fortes. 
 
Quando nos referimos, então, à estratégia empresarial, estamos sinalizando 
que a escolha por um caminho, por um norte, por uma direção deve ser tomada 
pela empresa como um todo. 
 
Mas que destino devemos dar à organização e como podemos 
20 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
estabelecê-lo? Vamos descobrir? 
 
 
Formulação da estratégia empresarial 
Vejamos, agora, como ocorre o processo de elaboração da estratégia. 
 
 
As estratégias são formuladas com base nos seguintes aspectos: 
 
• Objetivos e desafios estabelecidos pela organização; 
 
 
• Realidade identificada no diagnóstico estratégico; 
 
 
• Respeito à visão, à missão e aos fatores críticos de sucesso. 
 
 
A essência dessa construção consiste em lidar com a CONCORRÊNCIA, pois a 
estratégia tem forte abordagem para consolidar a vantagem competitiva da 
empresa. 
 
Esse processo deve, ainda, basear-se, necessariamente, em um inventário dos 
recursos disponíveis, no planejamento de sua utilização e na especificação de 
recursos que ainda não estão à disposição da empresa, mas precisam ser 
adquiridos em seu ambiente interno. Além disso, para ser considerada viável, a 
estratégia precisa ajustar-se às modificações do meio e adequar-se aos objetivos 
propostos. 
 
Por exemplo, se você pretende chegar a uma ilha, mas não dispõe de nenhum 
barco, precisa encontrar alternativas para alcançar seu objetivo – seja alugando, 
comprando ou fretando um meio de transporte. O mesmo ocorre no mundo 
corporativo. Por isso: A formulação de estratégias é condição essencial 
para a própria viabilização de metas. 
 
Aprenda Mais 
 
Aprenda mais sobre o exército romano antigo. 
21 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais sobre os postulados teóricos de Porter a respeito de 
competitividade, sugerimos a seguinte leitura: PORTER, M. E. Estratégia 
competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2004. 
 
 
 
Para saber mais sobre os temas estudados nesta aula, leia a coletânea de artigos 
disponíveis na Biblioteca Virtual. 
21 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Referências 
 
ANSOFF, H. I.; MACDONNEL, E. J. Implantando a Administração 
Estratégica. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
CLAUSEWITZ, C. V. Da guerra. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 
 
HANZHANG, T. A arte da guerra. São Paulo: Gente, 2010. 
 
MINTZBERG, H.; AHLSTRANSD, B.; LAMPEL, J. Safari da estratégia. Porto 
Alegre: Bookman, 2010. 
 
PORTER, M. Vantagem competitiva. São Paulo: Campus, 2012. 
 
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro. São Paulo: Campus, 
2010. 
 
ZACCARELLI, S. B. Estratégia e sucesso nas empresas. São Paulo: Saraiva, 
2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
 
De acordo com Sun Tzu, poderíamos planejar uma guerra fazendo a análise 
ambiental de nossas próprias condições e das condições dos recursos do inimigo. 
Para ele, precisamos fazer com que as ideias do povo estejam de acordo com as 
de seus governantes. Essa descrição se refere ao seguinte conceito: 
a) Clima 
 
b) Caminho 
 
c) Comando 
 
d) Terreno 
 
e) Doutrina 
 
 
 
Questão 2 
23 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
O princípio de guerra proposto pelo general Clausewitz cujo objetivo é organizar 
os recursos para oferecer melhores condições de emprego e de produtividade, 
deixando o oponente em desvantagem, é o seguinte: 
a) Princípio da massa 
 
b) Princípio da manobra 
 
c) Princípio da ofensiva 
 
d) Princípio da unidade de comando 
 
e) Princípio da economia de forças e de recursos 
 
 
 
Questão 3 
 
No contexto militar, a estratégia foi utilizada da seguinte forma: 
 
a) Em harmonia e interação com seu entorno, constituindo o principal 
diferencial de luta. 
b) Para monitorar a congruência entre os possíveis esforços das tropas e as 
forças que atuavam em combate. 
c) Em sintonia com as mudanças ambientais, o que dava aos militantes mais 
condições de obter sucesso na guerra. 
d) Como um meio para se alcançar objetivos, como instrumento da política 
ou como imposição da vontade do vencedor. 
e) Para enfrentar as turbulências de curto prazo e visualizar as 
transformações mais significativas que ocorriam a seu redor. 
24 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
DuPont: Líder mundial em inovação e ciência orientadas para o mercado, a 
empresa DuPont introduz, todos os anos, novos produtos, materiais, serviços 
e aplicações patenteadas, servindo a setores diversos, tais como os de: 
• Agricultura e nutrição; 
• Eletrônicos e comunicações; 
• Segurança e proteção; 
• Casa e construção; 
• Transporte e vestuário. 
 
 
Seu objetivo é fornecer alimentos saudáveis e suficientes para as pessoas do 
mundo inteiro, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e proteger o 
homem e o meio ambiente para as próximas gerações. 
Adaptado de: 
 http://www.dupont.com.br/corporate-functions/our-company.html 
 
 
General Motors (GM): Multinacional cuja principal área de negócios é a 
produção de automóveis. Líder de vendas por 77 anos consecutivos (1931- 
2007), a empresa fabrica carros e caminhões em 34 países e vende veículos 
em cerca de 140 países. 
A GM tem várias marcas em seu portfólio, entre as quais estão: 
• Buick; 
• Cadillac; 
• Chevrolet; 
• GMC. 
 
 
Adaptado de: http://www.gm.com/. 
25 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
Carl Von Clausewitz: Oficial do Exército no período de efervescência política 
em que ocorreram a Revolução Francesa e a Revolução Militar Napoleônica 
(1789-1814). 
 
Dialética: Debate de ideias em que um posicionamento é defendido e 
contradito logo depois, como uma oposição de forças (antítese) que tendem a 
se resolver em uma solução (síntese). Esse processo ocorre por meio do 
diálogo e da discussão. 
 
Estratégia: Palavra cuja origem vem do grego στρατηγική /strati̱ gikí̱ /. Trata- 
se da arte e da ciência de dirigir forças militares para vencer um inimigo ou, 
mais precisamente, da: 
“Arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios 
ou aviões para alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos 
favoráveis a futuras ações táticas”. 
 
Teoria dos Jogos: Teoria desenvolvida com a finalidade de analisar situações 
competitivas que envolvem interesses conflitantes. Nesses casos, existem duas 
ou mais pessoas com objetivos diferentes. A ação de cada uma influencia, mas 
não determina completamente o resultado do jogo. Além disso, admite-se que 
cada pessoa conheça as metas de seu oponente, o que caracteriza um agente 
racional. O objetivo é entender o comportamento humano em situações de 
concorrência, tendo como base alguns fatos do cotidiano. 
Disponível em: 
http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/12005/CristienedosSantosCosta.pdf 
Acesso em: 14 out. 2013. 
26 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
 
Questão 1 - BJustificativa: O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo 
com as de seus governantes. Sendo assim, as pessoas compartilham todas as 
consequências. 
 
Questão 2 - B 
Justificativa: O princípio da manobra tem como objetivo organizar os recursos 
para oferecer melhores condições de emprego e de produtividade, deixando o 
oponente em desvantagem. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: Mintzberg colocou a lógica do design no processo de elaboração das 
estratégias – resultado de um plano lógico e integrado. 
27 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
Audemir Leuzinger de Queiroz cursou Mestrado em Logística pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), é Especialista em Engenharia 
Econômica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e em Ciências 
Contábeis pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), Graduado em Ciências 
Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e realizou cursos de 
extensão universitária em Planejamento Estratégico, Marketing e Finanças pela 
PUC-RJ. Exerceu, ao longo de vários anos, os cargos de supervisor de diretoria 
em unidades do Grupo Souza Cruz e em empresas coligadas em várias partes do 
País, e de Diretor Executivo dos setores de Finanças, Contabilidade, Informática 
e Logística na Ediouro Publicações S/A. Além disso, foi Coordenador Nacional dos 
cursos de Pós-Graduação da área de Gestão e Coordenador Geral do curso de 
Graduação Tecnológica em Logística na Universidade Estácio de Sá (UNESA). 
Atualmente, é professor de Logística Aplicada ao e-Commerce na FGV-RJ e de 
Logística Empresarial no Instituto Nacional de Desenvolvimento em Educação 
Continuada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (INDEC-UFRJ). Também 
atua como docente do curso de Pós-Graduação em Administração Estratégica 
oferecido pela UNESA, ministrando a disciplina Planejamento Estratégico, nas 
modalidades presencial e a distância. Nessa instituição, é, ainda, Coordenador 
dos cursos de Pós-Graduação da referida área e de Logística Empresarial. 
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8665913435065636.

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