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1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! 2 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Sabemos que, atualmente, a noção de estratégia vem ganhando relevância por ser um instrumento gerencial importante e decisivo para o futuro das organizações. Em outras palavras, o sucesso das empresas está vinculado à elaboração de estratégias. Neste estudo, você compreenderá como se desenvolvem os processos estratégicos dentro do mundo corporativo. O domínio dessa técnica é fundamental à função de gestor empresarial. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: • Recordar a evolução do conceito de estratégia. • Aplicar essa noção ao novo ambiente empresarial de busca de vantagens competitivas; • Explicar os estágios do processo de elaboração da estratégia; • Integrar as estratégias empresariais à gestão de projetos a partir da articulação entre seus respectivos processos. 3 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Introdução A finalidade dos estudos a respeito da estratégia empresarial é aprender a escolher os caminhos, os cursos, os programas de ação adequados, a fim de alcançar determinados objetivos. Uma fonte de aprendizagem de estratégias diversas pode ser obtida na área militar. Nesta aula, você entenderá como as estratégias militares foram formadas e de que maneira seus princípios antigos básicos de ataque e de defesa podem ser aplicados no mundo dos negócios. Além disso, você saberá como se deu a transição histórica do conceito tradicional de estratégia para sua aplicação no ambiente empresarial, no qual utilizamos recursos capazes de minimizar os problemas e maximizar oportunidades. Objetivo: • Identificar a importância do conceito de estratégia militar para a formação da estratégia empresarial; • Explicar o desenvolvimento da estratégia empresarial dentro do novo ambiente de negócios. 4 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Conteúdo Importância do pensamento estratégico Você sabe qual é a palavra mais utilizada no mundo empresarial? ESTRATÉGIA Diante de tantas incertezas, principalmente depois do início do processo de globalização da economia, muitos passaram a se referir à estratégia como fundamental ao sucesso dos negócios no ambiente corporativo. Vejamos o que afirma Prahalad em uma palestra sobre estratégia: https://www.youtube.com/watch?v=sQ70x8L1nMU Como você pôde observar, os dirigentes estão percebendo a importância da análise e da construção do futuro das empresas e instituições de quaisquer naturezas, o que é possível a partir do estudo de estratégias empresariais. Infelizmente, ainda há líderes organizacionais que aplicam, frequentemente, em seu cotidiano de trabalho apenas estratégias que já funcionaram no passado. Outros simplesmente sustentam seu dia a dia evitando aquilo que não deu certo. Para esses dirigentes, as experiências adquiridas servem para delinear tanto o presente quanto o futuro. Com a dinâmica do mundo externo, do ponto de vista estratégico, o que já passou pouco ou nada contribui para o que pode acontecer no futuro. Vamos entender mais sobre o assunto a partir da retomada do conceito tradicional de estratégia e seu desenvolvimento nos meios militares. Da estratégia militar à estratégia empresarial O tema estratégia remonta milhares de anos e sempre esteve relacionado à área militar. Afinal, desde a Antiguidade, a guerra foi a primeira fonte de inspiração 5 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL dos estrategistas. Os generais vitoriosos ficaram com essa marca como diferencial de sua atuação. Há quem diga que essa palavra foi utilizada pela primeira vez na Grécia Antiga com o seguinte significado: ESTRATÉGIA = ARTE DO GERAL O fundamento dessa interpretação está no fato de que, ao invés de ficarem à frente da batalha – como era de costume –, os comandantes começaram a se afastar do campo de guerra para ter uma visão do conjunto de batalhas. Dessa forma, eles poderiam orientar as ações, a fim de conquistar vitórias. No decorrer do tempo, ficou comprovado que os conceitos e princípios que guiaram o estabelecimento das estratégias militares poderiam contribuir, de 6 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL forma significativa, para a compreensão e as definições de estratégias voltadas para o mundo dos negócios. Em outras palavras, todo esse conhecimento advindo da era militar se constituiria como fator relevante para o sucesso das organizações nos dias de hoje. Exemplo de uma das legiões do exército Romano antigo. Suas duas maiores lições são copiadas até hoje pelo mundo todo: disciplina e estratégia. Da estratégia militar à estratégia empresarial - Sun Tzu Veja por que esse pensamento da estratégia militar se consolidou tão fortemente. Vamos conhecer, a partir de agora, as reflexões de generais que ficaram famosos por suas contribuições à aplicação da estratégia no meio militar. Comecemos pelo general chinês Sun Tzu. Há aproximadamente 2.500 anos, esse chefe militar escreveu o famoso livro A arte da guerra, cujo conteúdo trata dos seguintes assuntos: • Preparação de planos; • Guerra efetiva; • Manobras e variações táticas; • Exército em marcha; • Terreno de guerra; • Pontos fortes e fracos do inimigo; • Organização dos exércitos. 7 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Para Sun Tzu, poderíamos planejar uma guerra fazendo a análise ambiental de nossas próprias condições e das condições dos recursos do inimigo. Mas como isso era possível? De acordo com Sun Tzu, para realizar a análise ambiental do cenário de guerra, era necessário considerar alguns fatores, tais como: O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com as de seus governantes. Sendo assim, as pessoas compartilham todas as consequências. O clima representa o dia e a noite, o frio e o calor, e a sucessão das estações. 8 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL O terreno indica as condiçõesde natureza, a localização, as dimensões e as chances de sobrevivência. O comando refere-se às virtudes do comandante. A doutrina diz respeito à organização eficiente, à existência de uma cadeia de comando rígida e a uma estrutura logística. Por fim, o general analisava os potenciais e recursos do inimigo em comparação aos seus, a partir dos seguintes questionamentos: • Que dirigente é mais sábio e capaz? • Que comandante possui o maior talento? • Que exército obtém vantagens de natureza e de terreno? • Em que exército se observam melhor as regulações e as instruções? • Quais são as tropas mais fortes? • Que exército tem oficiais e tropas mais bem treinadas? • Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa? Atenção Muitos autores e consultores transformaram as várias lições de Sun Tzu em versões contemporâneas, aplicando-as ao meio empresarial. 9 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL "Aquele que conhece a si mesmo e ao inimigo deverá vencer todas as batalhas. Aquele que se conhece, mas não ao inimigo, terá metade da chance de vencer. Aquele que não se conhece, nem ao inimigo, perderá todas as batalhas.“ SunTzu Reflexões de Clausewitz Agora, vamos conhecer as reflexões do general Carl Von Clausewitz a respeito do conceito de estratégia. No ocidente, um dos estudos mais divulgados foi o livro de sua autoria, intitulado Da guerra. Desde sua publicação, a obra é utilizada como manual de estratégia militar. Esse general revolucionou sua época ao construir a seguinte teoria estratégica de guerra – consequência dos impactos das transformações do período: Primeiramente, o general Clausewitz definia seus objetivos, até porque as operações de guerra eram orientadas para atingir metas traçadas pelo alto comando militar. Esses objetivos eram fragmentados de acordo com sua especificidade e distribuídos ao longo da estrutura militar para o planejamento das ações de combate. Essas experiências militares e as publicações sobre a guerra constituíram a base para o desenvolvimento de novas ideias estratégicas. Veja, a seguir, como esse aprendizado se encaixa no mundo dos negócios. 10 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PRINCÍPIO DA OFENSIVA Trata-se de tirar vantagens do inimigo, restringindo suas possibilidades de ataques e reduzindo os níveis de expectativas dos oponentes. PRINCÍPIO DA MANOBRA Trata-se de organizar os recursos para oferecer melhores condições de emprego e de produtividade, deixando o oponente em desvantagem. PRINCÍPIO DA MASSA Trata-se de concentrar os recursos para obter superioridade e poder alcançar uma vitória decisiva sobre o inimigo. Esse princípio está relacionado tanto à quantidade de recursos quanto a sua qualidade e eficiência. PRINCÍPIO DA ECONOMIA DE FORÇAS E DE RECURSOS Trata-se de poupar meios, principalmente evitando a difusão de recursos e o desgaste desnecessário em operações secundárias. Os recursos devem ser utilizados de forma equilibrada para alcançar o máximo de eficiência com o mínimo de esforços. PRINCÍPIO DA UNIDADE DE COMANDO Trata-se de seguir à risca a hierarquia. Em outras palavras, esse princípio remete à imputação da responsabilidade ao comandante geral, mesmo que a administração seja obtida através da coordenação dos demais níveis da corporação. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA Trata-se de eliminar a probabilidade de o inimigo nos surpreender, evitando que este possa interferir nas operações e atingir, de forma prejudicial, os pontos importantes no território e as forças de ataque. 11 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE Trata-se de simplificar os objetivos – que devem ser claros e de fácil entendimento para todos os escalões –, reduzindo qualquer possibilidade de falhas por falta de compreensão. Transição histórica do conceito de estratégia A adaptação da estratégia militar para os negócios das organizações começou após a Revolução Industrial, em meados do século XIX. Mas foi o século XX que ficou marcado como sua época de ouro: momento em que as empresas começaram a aplicar, efetivamente, os conceitos militares em seu ambiente corporativo. Vejamos como se deu essa transição histórica: Atenção Toda a estratégia militar foi usada como um meio para se alcançar objetivos. Em outras palavras, a morte ou o desarmamento do adversário serviram como instrumento da política ou como imposição da vontade do vencedor. 12 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Década de 1920: O conceito de estratégia – até então associado à política com Clausewitz e, principalmente, à área militar com Sun Tzu – passou a incorporar- se ao ambiente de negócios a partir da década de 1920. Desse período em diante, as empresas como DuPont e General Motors (GM) apresentaram uma nova visão de organização, dissociando as questões estratégicas das administrativas e operacionais. Década de 1940: De fato, as noções de estratégia ganharam destaque na literatura corporativa a partir da década de 1940. O ponto de mutação foi a Teoria dos Jogos, de Von Neuman e Morgenstern, que, exatamente no ano de 1948, proporcionou a aplicação da estratégia ao meio empresarial. Ficou claro que a guerra travada não era mais com clientes tampouco com fornecedores, mas sim com a concorrência crescente no mercado. De qualquer forma, até o final da referida década, o conceito de estratégia ainda estava ligado às operações. Década de 1960: A década de 1960 ficou conhecida como o período dos anos dourados do início do desenvolvimento da estratégia. Nessa época, tal conceito passou a ser associado a vários tipos de planejamento, tais como: • Estratégico; 13 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL • Empresarial; • Corporativo; • De negócios. Meio empresarial: luta pela competitividade Como vimos anteriormente, as definições de estratégia foram ganhando mais abrangência ao longo do tempo, deixando de ser algo muito específico da área militar para atingir os setores do governo e de negócios. Mas, afinal, qual é a grande diferença entre estratégias militares e empresariais? A dinâmica dos cenários do mundo corporativo representa essa distinção: as guerras militares não acontecem rotineiramente, mas as guerras de negócios são travadas todos os dias. As empresas lutam para manter a competitividade no mercado, em busca de clientes e de participações potenciais, a fim de que seus produtos não sejam substituídos pelos da concorrência. Por isso, as noções de estratégia não separam a organização de seu ambiente de atuação. Afinal, há uma relação dialética entre ambos, a partir da qual são construídos os caminhos alternativos a serem percorridos ou as estratégias passíveis de utilização. Essas, por sua vez, são inseridas nos diversos níveis da estrutura organizacional, traçando uma perspectiva para o futuro das empresas. Contribuições de autores renomados Vamos conhecer, agora, o pensamento de alguns autores renomados que ficaram conhecidos por suas valiosas contribuições sobre o conceito de estratégia: 14 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Michael Porter Michael Porter foi o primeiro a elaborar, na década de 1980, estratégias organizacionais em uma indústria. O autor realizou um brilhante estudo sobre a essência da formulação estratégica e publicou uma série de livros célebres na área – atualmente muito utilizadosno campo da análise setorial como parte do planejamento estratégico de empresas. Veja o que ele fala sobre o conceito de estratégia. https://www.youtube.com/watch?v=os1n2Ea3wUs Na visão de Porter, a empresa tem como meta procurar uma posição no setor industrial em que atua, buscando a defesa das cinco forças competitivas, quais sejam: Fornecedores; compradores; produtos e serviços substitutos; entrantes potenciais; próprios concorrentes. De acordo com Porter (1980): “A estratégia competitiva representa ações ofensivas ou defensivas. Seu objetivo é criar uma posição defensável em uma indústria para enfrentar, com sucesso, as forças competitivas e, dessa forma, obter um retorno maior sobre o investimento”. Mintzberg Mintzberg colocou a lógica do design no processo de elaboração das estratégias. 15 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Para o autor, a estratégia é um plano uniforme, amplo e integrado que assegura o alcance de objetivos da organização. Trata-se de um conjunto de diretrizes formuladas para lidar com cenários. Por exemplo, imagine que pretendamos identificar o que a empresa deve fazer para aumentar sua participação no mercado. Para fins de determinação, preparamos as ações antecipadamente e as desenvolvemos de forma consciente. Nesse caso, traçamos um plano antes de formularmos as ações pertinentes – uma espécie de linha de conduta que funciona como orientação para o ato pensado e consciente que se propaga nos diferentes níveis e áreas das empresas. Em outras palavras, esse plano representa um curso de ação para o alcance de objetivos predeterminados. De acordo com Mintzberg (1988): “A estratégia é uma força mediadora entre a organização e seu entorno: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio em que a empresa está inserida”. Igor Ansoff O pensamento de Igor Ansoff também agregou valor ao desenvolvimento da estratégia empresarial. Conforme aponta o autor, o estudo da estratégia somente ganhou importância depois da segunda metade do século XX, até porque a primeira foi caracterizada pelo crescimento de mercado continuado e por cenários relativamente estáveis. Mas, em meados da década de 1990, a situação transformou-se: a dinâmica organizacional começou a se caracterizar pela incerteza. Em um mundo marcado pelas mudanças ambientais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, a estratégia converteu-se em ferramenta ideal de orientação empresarial. Isso possibilitou às organizações a busca pelo 16 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL desenvolvimento de novas maneiras de gestão, pela flexibilidade e por oportunidades estratégicas. De acordo com Ansoff (1965 ): “A estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à relação entre a empresa e seu ecossistema”. Hamel e Prahalad Em 1994, Hamel e Prahalad afirmaram que a estratégia designa ações que devem ser iniciadas imediatamente pelas organizações e que podem levá-las a uma situação mais vantajosa no futuro. Os autores argumentavam que a essência da estratégia está relacionada à capacidade da organização em desenvolver vantagens competitivas mais rápido que seus concorrentes. O resultado é o aperfeiçoamento de habilidades e competências e a aquisição de novos conhecimentos. Em outras palavras, a estratégia é uma maneira de organizar e modificar nosso comportamento atual na busca do sucesso permanente no presente e no futuro. De acordo com Hamel e Prahalad (1994): “A estratégia é a construção do futuro a partir do uso de competências essenciais da empresa. A organização deve ser abordada como um conjunto de forças, aptidões e habilidades que podem ser reagrupadas e reutilizadas para criar novos negócios, produtos e serviços capazes de antecipar desejos e necessidades”. 17 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Novo ambiente empresarial Agora que já sabemos como se deu a transição histórica das noções estratégicas para o ambiente empresarial, vamos conhecer o conceito atual de estratégia? Antes disso, precisamos entender como se apresenta esse meio organizacional nos dias de hoje. Captar e compreender os grandes cenários que se estão delineando para o futuro é tão vital para a estratégia empresarial quanto administrar os problemas do dia a dia. Isso significa que, se a empresa ancorar seus planos estratégicos unicamente no presente, correrá o risco de se deparar com surpresas oriundas de transformações que atingem: • Os fornecedores; • Os clientes; • A competição; • O ambiente empresarial como um todo. E o resultado será alarmante: a organização não terá como reagir a essas mudanças de forma eficaz. Atualmente, enfrentar as turbulências de curto prazo e visualizar as transformações mais significativas que ocorrem no ambiente externo é essencial. Afinal, o aumento da concorrência entre as organizações é uma tendência na qual se observam: • Mudanças rápidas nas exigências do consumidor em relação a produtos e a serviços; • Demanda crescente do cliente por produtos e serviços de qualidade; • Alteração no poder de compra da população; • Escassez de insumos produtivos e recursos críticos e estratégicos; • Avanços tecnológicos e a consequente quebra de paradigma; • Falta de habilidades e competências; 18 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL • Modificações no ritmo e na natureza social. Mas como é possível, então, montar o quebra-cabeça formado por milhares de acontecimentos internos e externos à organização? Como encaixar os pequenos fatos internos à empresa no todo maior em constante transformação? Através da análise de cenários e tendências. Vamos discutir mais sobre o assunto a seguir. Análise de cenários e tendências Mesmo em um ambiente de incertezas, a análise de grandes tendências transforma dados em informações e em conhecimentos, o que pode dar significado aos cenários e revelar os desafios que a organização tem pela frente. Esses desafios – ou qualquer aparente ameaça – não devem ser encarados apenas como problemas, mas analisados a partir de um ponto de vista positivo: às vezes, as transformações implicam oportunidades. É possível alinhar os esforços da organização e as forças que atuam em seu ambiente, aplicando, de forma mais racional, as energias disponíveis a ele. Essa capacidade de harmonia e interação com o ambiente externo constitui o principal diferencial competitivo da empresa, o que influencia o próprio processo de mutação do mundo dos negócios. A organização que elabora suas estratégias em sintonia com as mudanças ambientais tem mais condições de obter sucesso no mercado. Todas as evidências anteriores mostram que há, portanto, um caráter extremamente realista na atitude de se pensar sobre o futuro. Não se trata de prever o que vai acontecer. 19 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Para elaborarmos estratégias eficazes, precisamos compreender as mudanças que ocorrem, constantemente, no contexto político, social, econômico, tecnológico e competitivo. A partir desse entendimento, poderemos analisar tais transformações advindas do ambiente externo às empresas, abstrair esse processo de mutação ao longo do tempo e, por fim, formular estratégias relevantes para o sucesso das organizações. Empresa e ambiente externo Conforme já apontamos, em um ambiente dinâmico, a finalidade da estratégia é estabelecer quaisserão os caminhos, os cursos e programas de ação, e os projetos que devem ser seguidos para alcançarmos os objetivos e desafios estabelecidos. Disso resulta o vínculo permanente entre: EMPRESA + AMBIENTE EXTERNO Nessa situação, a empresa procura definir e operacionalizar estratégias que maximizem os resultados da interação mantida.Portanto, a estratégia está relacionada à capacidade de utilizar, adequadamente, os recursos físicos, financeiros e humanos com o objetivo de minimizar os pontos fracos e maximizar os fortes. Quando nos referimos, então, à estratégia empresarial, estamos sinalizando que a escolha por um caminho, por um norte, por uma direção deve ser tomada pela empresa como um todo. Mas que destino devemos dar à organização e como podemos 20 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL estabelecê-lo? Vamos descobrir? Formulação da estratégia empresarial Vejamos, agora, como ocorre o processo de elaboração da estratégia. As estratégias são formuladas com base nos seguintes aspectos: • Objetivos e desafios estabelecidos pela organização; • Realidade identificada no diagnóstico estratégico; • Respeito à visão, à missão e aos fatores críticos de sucesso. A essência dessa construção consiste em lidar com a CONCORRÊNCIA, pois a estratégia tem forte abordagem para consolidar a vantagem competitiva da empresa. Esse processo deve, ainda, basear-se, necessariamente, em um inventário dos recursos disponíveis, no planejamento de sua utilização e na especificação de recursos que ainda não estão à disposição da empresa, mas precisam ser adquiridos em seu ambiente interno. Além disso, para ser considerada viável, a estratégia precisa ajustar-se às modificações do meio e adequar-se aos objetivos propostos. Por exemplo, se você pretende chegar a uma ilha, mas não dispõe de nenhum barco, precisa encontrar alternativas para alcançar seu objetivo – seja alugando, comprando ou fretando um meio de transporte. O mesmo ocorre no mundo corporativo. Por isso: A formulação de estratégias é condição essencial para a própria viabilização de metas. Aprenda Mais Aprenda mais sobre o exército romano antigo. 21 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Para saber mais sobre os postulados teóricos de Porter a respeito de competitividade, sugerimos a seguinte leitura: PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Para saber mais sobre os temas estudados nesta aula, leia a coletânea de artigos disponíveis na Biblioteca Virtual. 21 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Referências ANSOFF, H. I.; MACDONNEL, E. J. Implantando a Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 2010. CLAUSEWITZ, C. V. Da guerra. São Paulo: Martins Fontes, 2010. HANZHANG, T. A arte da guerra. São Paulo: Gente, 2010. MINTZBERG, H.; AHLSTRANSD, B.; LAMPEL, J. Safari da estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2010. PORTER, M. Vantagem competitiva. São Paulo: Campus, 2012. PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro. São Paulo: Campus, 2010. ZACCARELLI, S. B. Estratégia e sucesso nas empresas. São Paulo: Saraiva, 2010. 22 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Exercícios de fixação Questão 1 De acordo com Sun Tzu, poderíamos planejar uma guerra fazendo a análise ambiental de nossas próprias condições e das condições dos recursos do inimigo. Para ele, precisamos fazer com que as ideias do povo estejam de acordo com as de seus governantes. Essa descrição se refere ao seguinte conceito: a) Clima b) Caminho c) Comando d) Terreno e) Doutrina Questão 2 23 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL O princípio de guerra proposto pelo general Clausewitz cujo objetivo é organizar os recursos para oferecer melhores condições de emprego e de produtividade, deixando o oponente em desvantagem, é o seguinte: a) Princípio da massa b) Princípio da manobra c) Princípio da ofensiva d) Princípio da unidade de comando e) Princípio da economia de forças e de recursos Questão 3 No contexto militar, a estratégia foi utilizada da seguinte forma: a) Em harmonia e interação com seu entorno, constituindo o principal diferencial de luta. b) Para monitorar a congruência entre os possíveis esforços das tropas e as forças que atuavam em combate. c) Em sintonia com as mudanças ambientais, o que dava aos militantes mais condições de obter sucesso na guerra. d) Como um meio para se alcançar objetivos, como instrumento da política ou como imposição da vontade do vencedor. e) Para enfrentar as turbulências de curto prazo e visualizar as transformações mais significativas que ocorriam a seu redor. 24 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL DuPont: Líder mundial em inovação e ciência orientadas para o mercado, a empresa DuPont introduz, todos os anos, novos produtos, materiais, serviços e aplicações patenteadas, servindo a setores diversos, tais como os de: • Agricultura e nutrição; • Eletrônicos e comunicações; • Segurança e proteção; • Casa e construção; • Transporte e vestuário. Seu objetivo é fornecer alimentos saudáveis e suficientes para as pessoas do mundo inteiro, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e proteger o homem e o meio ambiente para as próximas gerações. Adaptado de: http://www.dupont.com.br/corporate-functions/our-company.html General Motors (GM): Multinacional cuja principal área de negócios é a produção de automóveis. Líder de vendas por 77 anos consecutivos (1931- 2007), a empresa fabrica carros e caminhões em 34 países e vende veículos em cerca de 140 países. A GM tem várias marcas em seu portfólio, entre as quais estão: • Buick; • Cadillac; • Chevrolet; • GMC. Adaptado de: http://www.gm.com/. 25 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Carl Von Clausewitz: Oficial do Exército no período de efervescência política em que ocorreram a Revolução Francesa e a Revolução Militar Napoleônica (1789-1814). Dialética: Debate de ideias em que um posicionamento é defendido e contradito logo depois, como uma oposição de forças (antítese) que tendem a se resolver em uma solução (síntese). Esse processo ocorre por meio do diálogo e da discussão. Estratégia: Palavra cuja origem vem do grego στρατηγική /strati̱ gikí̱ /. Trata- se da arte e da ciência de dirigir forças militares para vencer um inimigo ou, mais precisamente, da: “Arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios ou aviões para alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas”. Teoria dos Jogos: Teoria desenvolvida com a finalidade de analisar situações competitivas que envolvem interesses conflitantes. Nesses casos, existem duas ou mais pessoas com objetivos diferentes. A ação de cada uma influencia, mas não determina completamente o resultado do jogo. Além disso, admite-se que cada pessoa conheça as metas de seu oponente, o que caracteriza um agente racional. O objetivo é entender o comportamento humano em situações de concorrência, tendo como base alguns fatos do cotidiano. Disponível em: http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/12005/CristienedosSantosCosta.pdf Acesso em: 14 out. 2013. 26 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - BJustificativa: O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com as de seus governantes. Sendo assim, as pessoas compartilham todas as consequências. Questão 2 - B Justificativa: O princípio da manobra tem como objetivo organizar os recursos para oferecer melhores condições de emprego e de produtividade, deixando o oponente em desvantagem. Questão 3 - D Justificativa: Mintzberg colocou a lógica do design no processo de elaboração das estratégias – resultado de um plano lógico e integrado. 27 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Audemir Leuzinger de Queiroz cursou Mestrado em Logística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), é Especialista em Engenharia Econômica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e em Ciências Contábeis pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e realizou cursos de extensão universitária em Planejamento Estratégico, Marketing e Finanças pela PUC-RJ. Exerceu, ao longo de vários anos, os cargos de supervisor de diretoria em unidades do Grupo Souza Cruz e em empresas coligadas em várias partes do País, e de Diretor Executivo dos setores de Finanças, Contabilidade, Informática e Logística na Ediouro Publicações S/A. Além disso, foi Coordenador Nacional dos cursos de Pós-Graduação da área de Gestão e Coordenador Geral do curso de Graduação Tecnológica em Logística na Universidade Estácio de Sá (UNESA). Atualmente, é professor de Logística Aplicada ao e-Commerce na FGV-RJ e de Logística Empresarial no Instituto Nacional de Desenvolvimento em Educação Continuada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (INDEC-UFRJ). Também atua como docente do curso de Pós-Graduação em Administração Estratégica oferecido pela UNESA, ministrando a disciplina Planejamento Estratégico, nas modalidades presencial e a distância. Nessa instituição, é, ainda, Coordenador dos cursos de Pós-Graduação da referida área e de Logística Empresarial. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8665913435065636.
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