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Agentes Físicos III
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Esp. Erika Gambeti Viana de Santana
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos 
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução ao Tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar Fonte: iStock/Getty Im
ages
Objetivos
• Definir Higiene ocupacional, Limite de tolerância e requisitos. Apresentar os agentes 
físicos: radiações ionizantes e não ionizantes e exposição a ambientes frios, saber como 
funcionam e os efeitos à saúde do trabalhador. 
Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o 
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Agentes Físicos III
UNIDADE 
Agentes Físicos III
6
Introdução ao Tema
Veremos a seguir que radiação ionizante é a radiação que possui energia suficiente 
para ionizar átomos e moléculas. A energia mínima típica da radiação ionizante é de 
cerca de 10 eV. Pode danificar células e afetar o material genético (DNA), causando 
doenças graves (por exemplo: câncer), levando até à morte. A radiação ionizante consiste 
em ondas eletromagnéticas com energia suficiente para fazer com que os elétrons se 
desprendam de átomos e moléculas, alterando sua estrutura – num processo conhecido 
como ionização. Como resultado, eles tornam-se eletricamente carregados. Como parte 
do nosso ambiente, tanto das fontes naturais presentes na Terra (terrestres) quanto do 
espaço (cósmico), estamos permanentemente expostos às radiações ionizantes. Além 
disso, fontes artificiais também contribuem para nossa exposição.
Existem vários tipos de radiação ionizante e cada um tem um poder diferente de 
penetração e causa diferentes graus de ionização na matéria. Os tipos de radiações 
ionizantes mais conhecidos são os raios X, usados em equipamento radiológico para 
fins médicos, como, por exemplo, em diagnóstico e tratamento. A radiação alfa (α), 
beta (β) e gama (γ) produzidas por núcleos de átomos instáveis são outros tipos de 
radiações ionizantes.
Nesta unidade, também são analisados os efeitos nocivos das radiações não ionizantes. 
Denominamos de radiação não ionizante a radiação com frequência inferior a 1016 
Hz, cujos efeitos à saúde são diferentes daqueles causados pela radiação ionizante e, 
portanto, exigem outras ações corretivas e de controle.
À medida que a ciência e a tecnologia evoluem, novos problemas ocupacionais são 
criados. Como exemplo, temos os problemas associados a forno de micro-ondas, a 
terminais de vídeo ou a apontadores de laser. Não existem ainda evidências indicando 
que esses problemas são significativos, mas os cientistas continuam a pesquisar as 
possibilidades. As radiações não ionizantes apresentam interesse do ponto de vista 
ambiental, porque os seus efeitos sobre a saúde das pessoas são potencialmente 
importantes, sendo que exposições sem controle podem levar à ocorrência de sérias 
lesões ou doenças. Por outro lado, há uma proliferação de equipamentos, inclusive de 
uso doméstico, que emitem radiações, tais como fornos de micro-onda, radares para 
barcos (inclusive de recreação), lasers, inspeção para controle de qualidade, lâmpadas 
ultravioletas para eliminar germes, etc.
Abordaremos também temperaturas frias, pois diversas atividades laborais expõem os 
trabalhadores aos danos causados pelo frio. A exposição ocupacional ao frio é dividida 
em dois grupos: as atividades exercidas ao ar livre, como: construção civil, agricultura, 
pesca, exploração de petróleo, policiamento, resgate e salvamento, vigilância e outros; e 
as atividades exercidas em ambientes fechados, como: câmaras frias, câmaras frigoríficas, 
fabricação de gelo, fabricação de sorvetes e outros. No caso de ambientes fechados, 
devemos ter um laudo de inspeção a fim de avaliarmos se a atividade será considerada 
insalubre (Portaria n.º 3214/78 do MTb – NR/15). Considera-se artificialmente frio 
um ambiente de trabalho medindo-se a temperatura do mesmo e fazendo a consulta 
7
7
climática do mapa oficial do Ministério do Trabalho onde o local de trabalho se encontra. 
A temperatura do ambiente deve ser medida com o uso de termômetro de bulbo seco, 
com capacidade para leituras de pelo menos -40C.
O trabalho em ambientes extremamente frios se constitui num risco potencial 
à saúde dos trabalhadores, podendo causar desconforto, doenças ocupacionais, 
acidentes e até mesmo morte, quando o trabalhador fica preso acidentalmente em 
ambientes frios ou imerso em água gelada. Os trabalhadores devem estar protegidos 
contra a exposição ao frio, de modo que a temperatura central do corpo não caia 
abaixo de 36°C. As lesões mais graves causadas pelo frio decorrem da perda excessiva 
de calor do corpo e diminuição da temperatura no centro do corpo, o que chamamos 
de hipotermia. A hipotermia e outras lesões causadas pelo frio podem ser evitadas se 
forem adotadas práticas adequadas para o trabalho nessa situação. Roupas de frio, 
inclusive proteção para a cabeça, luvas mitenes e botas isolantes devem ser usadas por 
pessoas expostas ao frio.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
8
Leitura Obrigatória
Agentes físicos – radiações ionizantes
Desde os primórdios da humanidade, o homem esteve exposto às radiações 
ionizantes provenientes do espaço exterior, do solo, da água, do ar e dos seres vivos. O 
crescente uso de fontes emissoras dessas radiações em atividades médico-hospitalares, 
industriais e de pesquisa evidenciou o risco potencial da exposição humana a elas. 
A fim de melhor avaliar esse risco e proteger os indivíduos dos efeitos deletérios das 
radiações ionizantes, foram desenvolvidos instrumentos de detecção e procedimentos 
de controle da exposição. A Proteção Radiológica é a área do conhecimento que 
abrange os estudos sobre as diferentes formas de geração de radiação ionizante, os 
meios para detectá-las, a sua interação com sistemas biológicos e as técnicas para 
controlar a exposição humana a elas.
A classificação de uma radiação como ionizante está relacionada à sua capacidade de 
produzir ionização em sistemas biológicos. O corpo humano é constituído basicamente 
por água, hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio, cujos potenciais de ionização 
situam-se entre 12 e 15 eV. Portanto, a energia mínima transportada pela radiação, 
capaz de produzir ionização nesses sistemas, é 12,4 eV.
Dentro do espectro eletromagnético, serão consideradas ionizantes as radiações 
com comprimentos de onda inferiores a 100 nm. Entretanto, não apenas as radiações 
eletromagnéticas apresentam essa propriedade, também radiações corpusculares, 
tais como prótons, elétrons e nêutrons, são capazes de produzir ionização. A energia 
corpuscular a ser transferida para o meio, ionizando-o, é a energia de movimento ou 
cinética, cuja magnitude é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade da 
partícula. Desse modo, qualquer partícula ordinária ao ser acelerada, fornecendo-lhe 
energia cinética superior a 12,4 eV,passará a ser ionizante, posto que será capaz de 
ionizar sistemas biológicos.
Se montarmos um gráfico da constituição nuclear dos átomos conhecidos (naturais 
e artificiais), representando no eixo vertical o número de nêutrons e no horizontal o 
de prótons, obteremos uma faixa larga e deslocada em direção ao eixo vertical. Ao 
observarmos atentamente essa faixa, verificamos que no seu trecho central e abaixo de 
uma massa atômica correspondente a 190, estão localizados núcleos que não modificam 
a sua constituição interna (quantidade de prótons e nêutrons) com o decorrer do tempo, 
sendo, por essa razão, considerados estáveis. Por outro lado, os núcleos localizados nas 
bordas da faixa e no trecho acima de 190 apresentam uma variação na quantidade de 
prótons e nêutrons com o passar do tempo, e por isso são denominados instáveis. Em 
outras palavras, ou eles apresentam um excesso de partículas no seu interior, ou têm 
nêutrons demais ou nêutrons de menos para serem estáveis.
Esse estado de instabilidade representa um excesso de energia ou um gasto energético 
para o núcleo. Tendo-se em vista que todos os sistemas na natureza buscam se rearranjar 
de tal forma que o seu gasto de energia seja mínimo, o núcleo atômico irá sofrer uma 
9
9
série de transformações espontâneas até atingir o estado que represente o de menor 
consumo energético (estado fundamental). Durante essas transformações, o núcleo se 
libera do excesso de partículas e energia que possui, modificando assim a sua estrutura 
(desintegração) e diminuindo seu nível de energia (decaimento).
A radioatividade é definida como o fenômeno físico de emissão espontânea de 
radiação ionizante por núcleos atômicos instáveis. Esse fenômeno e as propriedades 
radioativas de um núcleo independem do estado físico ou químico em que este se apresenta. 
Tais propriedades dependem unicamente das características intrínsecas do núcleo, e 
não podem ser alteradas por quaisquer ações externas (aquecimento, congelamento, 
diluição, compressão, etc.). O fenômeno da emissão de radiação ionizante pode ocorrer 
naturalmente ou ser induzido por meio do bombardeamento de núcleos estáveis com 
partículas carregadas, como no caso de aceleradores de partículas, ou nêutrons, como 
ocorre nos reatores nucleares. Os átomos naturalmente radioativos estão agrupados 
em séries, nas quais um elemento se transforma em outro, sucessivamente, até atingir 
a estabilidade nuclear. O primeiro elemento da série é denominado pai e o último 
corresponde ao elemento estável. As quatro séries radioativas existentes na natureza 
são o Tório, Netúnio, Urânio e Actínio.
As radiações ionizantes podem ser geradas em equipamentos eletrônicos, emitidas 
por materiais radioativos ou como resultado de reações nucleares. Nos equipamentos 
eletrônicos, a desaceleração de feixe de elétrons por um alvo resulta na emissão de 
radiação eletromagnética, conhecida como radiação de frenamento ou Raios X. A 
emissão dessa radiação, em níveis significantes do ponto de vista biológico, ocorre para 
voltagem de operação superior a 15 kV e alvo com número atômico elevado (tal como 
chumbo ou tungstênio). Nessas condições, são gerados raios X com energia superior 
a 5 keV, e os dispositivos emissores incluem: equipamentos de Raios X, microscópios 
eletrônicos, soldagem com feixe de elétrons, retificadores e estabilizadores termiônicos 
de alta voltagem, tríodos de alta voltagem, magnetrons e tubos de raios catódicos.
Os materiais radioativos podem ser encontrados na forma sólida (particulada ou 
compacta), líquida ou gasosa. Dependendo da finalidade de uso, o material pode estar 
contido no interior de uma cápsula lacrada. Tal configuração impede a dispersão do 
material para o ambiente, não havendo o risco de contaminação radioativa, exceto nos 
casos em que o lacre é rompido ou a cápsula apresente falha. São exemplos de fontes 
seladas os medidores de densidade, gramatura, espessura, nível, massa e umidade, e os 
irradiadores para terapia de câncer e para ensaios não destrutivos.
Quando o material se encontra na sua forma livre, a fonte é denominada não selada. 
Nessas condições, o material radioativo pode difundir-se para o ambiente, havendo o 
risco de contaminação radioativa. Esse tipo de fonte é amplamente utilizado em Medicina 
Nuclear, para fins de terapia oncológica e de diagnóstico. Outro tipo menos comum 
de fonte de radiação consiste nos aceleradores de partículas. Nesses equipamentos, as 
partículas (elétrons, nêutrons, íons positivos) são aceleradas até se alcançar a energia 
desejada. O uso dessas fontes ocorre predominantemente nas áreas de terapia do câncer 
e de pesquisa.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
10
Na última categoria, estão os reatores nucleares de pesquisa e de potência (geração 
de energia elétrica). A emissão de radiação (raios gama e nêutrons) é resultado das 
reações de fissão de elementos pesados, tal como o urânio.
Ao ionizar a matéria, a radiação transfere a sua energia produzindo pares iônicos 
(íon positivo e íon negativo) ao longo de sua trajetória. Nos sistemas biológicos, esses 
pares iônicos irão reagir com outros átomos e moléculas, interferindo no metabolismo 
celular ou danificando o DNA. Dependendo da forma como a radiação transfere a sua 
energia para o meio, será classificada como radiação diretamente ionizante ou radiação 
indiretamente ionizante.
Radiação ionizante - direta
1. As partículas carregadas ao se aproximarem de um átomo ou molécula irão atrair 
ou repelir o elétron orbital. Durante essa interação, parte da energia da partícula é 
transferida para o átomo, arrancando o elétron de sua órbita e desacelerando-a. Por 
transferir a energia gradativamente, em atrações e repulsões sucessivas, as partículas 
carregadas são denominadas radiações diretamente ionizantes. Estão nessa categoria as 
partículas alfa e as beta.
 · As partículas alfa consistem de 2 prótons e 2 nêutrons, e são emitidas quando 
o núcleo apresenta excesso de partículas nucleares (nucleon). Nesse processo, 
como a proporção de prótons e nêutrons no interior do núcleo é alterada, 
ocorre a transformação de um elemento químico em outro, conforme a 
reação de desintegração. Os átomos alfa emissores naturais apresentam 
número atômico elevado (Z>82) e emitem partículas com energia maior ou 
igual a 3,93 MeV. A probabilidade de ocorrência da desintegração aumenta 
com a energia da partícula alfa. Desse modo, os átomos que se desintegram 
mais rapidamente emitem as partículas alfa mais energéticas.
Como as partículas alfa são massivas e apresentam carga elétrica duplamente positiva, 
as interações com os elétrons orbitais são mais fortes e a trajetória por ela percorrida é 
linear. Em virtude da forte atração, a transferência da energia ocorre mais rapidamente, 
resultando em uma densidade de ionização elevada e um curto alcance no meio. Por 
exemplo, uma partícula alfa com energia de 3 MeV tem um alcance de 2,8 cm no ar e 
produz 4000 pares iônicos/ mm. Quando a fonte emissora está localizada externamente 
ao corpo, não se constitui em risco, posto que mesmo as partículas alfa mais energéticas 
não atravessam a camada morta da pele. Entretanto, em caso de irradiação interna, 
quando o material radioativo foi incorporado, o risco para o indivíduo é elevado. Nessas 
condições, toda a energia da radiação é dissipada em tecidos vivos, produzindo o dano.
 · As partículas beta são emitidas pelo núcleo quando há um excesso de 
nêutrons. O nêutron excedente se desintegra em um próton e um elétron, 
sendo esse último expulso do interior do núcleo. Desse modo, a carga e a 
massa dessa partícula são iguais às do elétron orbital. No decaimento beta, 
ocorre a transformação de um elemento químico em outro. As partículas 
beta são emitidas com energia inferior à das alfa, a maior parte com valores 
abaixo de 4 MeV. Como a massa dessa partícula é da ordem da massado 
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elétron orbital, a sua trajetória dentro do meio é irregular e a sua velocidade 
é maior do que a da alfa. A densidade de ionização é relativamente elevada 
para as partículas com energia mais baixa, posto que a velocidade é 
menor e, portanto, o tempo de interação é maior. À medida que a energia 
aumenta, a densidade de ionização decresce, até o valor mínimo em 1 MeV. 
Em virtude de sua menor carga e maior velocidade, a partícula beta será 
mais penetrante do que a alfa. Como exemplificado no tópico anterior, uma 
partícula beta com energia de 3MeV terá um alcance no ar de 1000 cm e 
produzirá 4 pares iônicos/ mm.
Em relação aos sistemas biológicos, a camada morta da pele já não oferece blindagem 
suficiente para essa radiação, sendo necessárias energias tão baixas quanto 70 keV 
para penetrá-la. As partículas beta com energia inferior a 200 keV apresentam uma 
penetrabilidade baixa, e as fontes que as emitem não são consideradas perigosas, quando 
estão fora do corpo. Apesar de seu alcance ser menor do que o da alfa, as fontes emissoras 
beta são consideradas potencialmente perigosas em caso de irradiação interna.
Uma atenção especial deve ser dada em relação ao material que encapsula ou blinda 
essas fontes, posto que ocorre a emissão de radiação eletromagnética penetrante durante 
a desaceleração das partículas beta. A probabilidade de emissão aumenta com o número 
atômico do absorvedor. Blindagens com material de número atômico inferior a 13 (por 
exemplo, alumínio) são as mais recomendadas.
Radiação ionizante – indireta
2. O nêutron e as radiações eletromagnéticas, por não possuírem carga elétrica, 
não podem transferir sua energia por meio de atração ou repulsão dos elétrons orbitais. 
Em sua interação com o meio, transferem parte ou a totalidade de sua energia para 
partículas carregadas, e estas é que irão ionizar o meio de forma semelhante à das 
radiações diretamente ionizantes. Por necessitar de uma partícula secundária para 
produzir a ionização, essas radiações são denominadas indiretamente ionizantes.
 · Raios Gama - em grande parte das desintegrações por emissão de partículas 
alfa ou beta, o núcleo resultante ainda apresenta um excesso de energia, 
sendo por isso instável. A fim de atingir a estabilidade, o núcleo excitado 
emite esse excesso de energia na forma de radiação eletromagnética, 
denominada radiação gama. Como nesse processo há apenas mudança 
de nível energético, sem alteração na proporção de prótons e nêutrons, 
o elemento químico será o mesmo. Geralmente essa desexcitação ocorre 
imediatamente após a desintegração do núcleo, e dependendo dos níveis 
de energia do núcleo formado, pode haver a emissão de um ou mais raios 
gama. O elétron é a partícula secundária emitida após a absorção dos raios 
gama pelos átomos do material por ele atravessado. São três os mecanismos 
de interação gama com a matéria: a absorção fotoelétrica, o espalhamento 
Compton e a produção de pares. Na absorção fotoelétrica, toda a energia do 
raio gama é transferida para o elétron fortemente ligado.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
12
O fotoelétron irá dissipar a sua energia, produzindo ionização ao longo de sua 
trajetória no meio. A absorção fotoelétrica é o mecanismo de interação predominante 
para raios gama de baixa energia e materiais de número atômico baixo.
No espalhamento Compton ocorre a colisão elástica do raio gama com o elétron 
orbital, cuja energia de ligação seja muito inferior à do raio gama. Nesse processo, parte 
da energia do raio gama é transferida para o elétron, que por sua vez irá dissipar sua 
energia, produzindo ionização. A probabilidade de ocorrência desse tipo de interação 
decresce com o aumento da energia do raio gama e com o aumento do número atômico 
do absorvedor. Esse é o principal mecanismo de interação em elementos com baixo 
número atômico.
Para raios gama de energia superior a 1,02 MeV, ocorre a produção de pares. 
Nesse mecanismo, o fóton de raio gama, ao passar nas proximidades de um núcleo, 
desaparece, formando um pósitron e um elétron. A energia excedente na produção do 
par aparece como energia cinética do pósitron e do elétron criados.
Em geral, o pósitron criado é aniquilado ao interagir com o elétron orbital do átomo 
em cujo núcleo foi produzido o par. Desse modo, a ionização produzida é decorrente da 
dissipação da energia cinética do elétron produzido por esse mecanismo. A produção de 
pares é o mecanismo predominante em materiais com número atômico elevado.
Na interação do raio gama com a matéria, cada fóton é removido individualmente 
em um único evento. A redução da intensidade do feixe de raios gama é dada pelo 
coeficiente de atenuação linear. O coeficiente de atenuação linear corresponde à fração 
do feixe de raio gama atenuada por unidade de espessura do absorvedor, e representa a 
probabilidade de que a interação com a matéria ocorra. Esse coeficiente é dependente 
da energia do raio gama e do tipo de material do absorvedor.
Em virtude de sua forma de interação, os raios gamas apresentam grande poder 
de penetração. Para os sistemas biológicos, a irradiação por fonte externa ao corpo 
apresenta risco elevado, posto que a energia pode ser dissipada em tecidos mais 
profundos do corpo.
 · Raios X - a desaceleração de elétrons rápidos por colisão com um alvo resulta 
na emissão de radiação eletromagnética, denominada raios X. A maior parte 
da energia do elétron é transformada em calor e uma pequena parte na 
forma de raios X. Nos dispositivos eletrônicos a vácuo, os elétrons emitidos 
por um filamento aquecido (o cátodo) são acelerados pela diferença de 
potencial estabelecida entre o cátodo e o ânodo. Esses elétrons ao colidirem 
com o alvo (ânodo) são bruscamente desacelerados, aquecendo o alvo e 
emitindo radiação eletromagnética. O rendimento na produção de raios X 
é proporcional ao número atômico do alvo, ou seja, quanto mais elevado 
for o número atômico, maior será a emissão de raios X. A energia máxima 
com que o raio X é emitido é proporcional à diferença de potencial aplicada 
(voltagem de operação), e a intensidade do feixe é proporcional à corrente e 
à voltagem. Como a proporção da energia do elétron que é emitida na forma 
de radiação eletromagnética segue uma distribuição normal, o espectro de 
emissão é contínuo.
13
13
Por ser uma radiação eletromagnética, os mecanismos de transferência da energia 
dos raios X para o meio são idênticos aos observados para os raios gama. Desse modo, a 
ionização será produzida pelos elétrons secundários emitidos nos processos de absorção 
fotoelétrica, espalhamento Compton e produção de pares. O poder de penetração do 
raio X dependerá da energia da radiação. Assim, os raios X de energia muito baixa 
(E<5keV) serão prontamente absorvidos pelo alvo e estruturas do equipamento. Os raios 
X usados para fins de diagnóstico têm sua energia ajustada em função do tecido a ser 
radiografado, sendo a voltagem de operação mais elevada para tecidos mais profundos 
do corpo, tais como ossos.
Seguem algumas fontes de raios X, intencionais e não intencionais, mais comumente 
utilizadas ou encontradas em ambientes de trabalho:
 · Raio X Analítico utilizado para Análise de materiais.
 · Sistema de Inspeção de Aeroportos utilizado para Inspeção de bagagem.
 · Raio X Diagnóstico utilizado para Radiografia odontológica, Radiografia 
médica e Fluoroscopia médica.
 · Raio X Terapêutico utilizado para Radioterapia.
 · Raio X Industrial utilizado para Ensaios não destrutivos.
 · Tomógrafo Computadorizado utilizado para Diagnóstico médico. 
 · Microscópio Eletrônico utilizado para Análise de espécimes/ amostras.
 · Sistema de Feixe de Elétrons a Vácuo utilizado para Evaporação de materiais, 
Soldagem de materiais e Fusão de materiais.
 · Triodos de Alta Voltagem utilizados para Aquecedores industriais e Válvulas 
transmissorasde alta potência.
 · Magnetrons utilizados para Radar da Marinha e radar de alta potência.
As grandezas e unidades mais utilizadas em proteção radiológica são aquelas para 
mensuração de características da fonte radioativa e as relacionadas à energia absorvida 
da radiação pelo meio (dose).
Exposição - dose
A quantidade de energia da radiação eletromagnética transferida para uma unidade 
de massa de ar é denominada Dose de Exposição. A dose corresponde à densidade 
de ionização produzida por unidade de massa de ar; assim, a unidade será dada em 
termos da carga elétrica produzida por kg de ar. Portanto, a unidade de exposição (UE) é 
definida como a quantidade de raios X ou gama que produz íons carregando 1 Coulomb 
de carga de mesmo sinal por kg de ar, ou seja:
1UE = 1C/kg de ar
 A equivalência entre a unidade de exposição definida pelo SI e a unidade de exposição 
antiga (Roentgen) é dada pela relação:
1UE = 3881R
UNIDADE 
Agentes Físicos III
14
Como essa quantidade é uma função do campo de radiação, e este depende da taxa 
de produção da radiação, geralmente o que se mede é a Taxa de Dose de Exposição, 
determinando-se a dose pela integração dessa taxa no tempo, conforme a relação: 
X X t= ×∆
Como a dose de exposição não permitia quantificar a energia absorvida de qualquer 
tipo de radiação ionizante por qualquer material, foi definida uma nova grandeza de 
dose. A dose absorvida é definida como a quantidade de energia da radiação absorvida 
por unidade de massa de material, sendo a sua unidade o Gray (Gy). O Gray é a dose 
absorvida de 1 joule por quilograma, ou seja: 1Gy=1J/kg.
A equivalência entre a unidade de dose absorvida definida pelo SI e a unidade antiga 
(rad) é dada pela relação: 1 Gy= 100 rad
Como essa dose depende da taxa de produção de radiação, o que se mede é a taxa 
de dose absorvida, sendo a dose dada pela integração da taxa no tempo, conforme a 
relação: 1 Gy = 100 rad
Em sistemas biológicos, a mesma quantidade de dose absorvida de diferentes tipos 
de radiação resultará em efeitos diferentes, posto que o efeito ou dano depende da 
densidade de ionização produzida. Em virtude dessa variabilidade, foi necessária a 
definição da dose equivalente, a qual corresponde à dose absorvida necessária para 
produzir um determinado efeito ponderado pela eficiência da radiação em produzir esse 
efeito, ou seja: H = D x Q, sendo que os valores de Q são:
 · Para X, gama, beta e elétrons - Q = 1.
 · Para Prótons e partículas com 1 unidade de carga, massa >1 u.m.a. e energia 
desconhecida – Q = 10.
 · Para Nêutrons de energia desconhecida – Q = 20.
 · Para Alfa, fragmentos de fissão, íons pesados – Q = 20.
A unidade de dose equivalente é o Sievert (Sv), o qual é definido como a dose 
equivalente de radiação de 1 joule por quilograma, ou seja:
1Sv=1J/kg
A equivalência entre a unidade de dose absorvida definida pelo SI e a unidade 
antiga (rem) é dada pela relação:
1 Sv= 100 rem
Como essa dose depende da taxa de produção de radiação, o que se mede 
é a taxa de dose equivalente, sendo a dose dada pela integração da taxa no tempo, 
conforme a relação: 
H H t= ×∆
A radiação ionizante não pode ser detectada por nenhum dos sentidos humanos, 
sendo para tanto necessários instrumentos para sua detecção e quantificação. Os 
detectores de radiação podem ser usados para medição das taxas de dose de radiação, 
15
15
por meio de leituras instantâneas, ou para quantificação da dose, com leituras integradas 
no tempo total de exposição individual à radiação.
A escolha do detector deve ser cuidadosa e levar em conta aspectos como o tipo de 
radiação, a energia, as taxas de dose máxima e mínima esperadas, condições de emissão 
da radiação (contínua ou em pulsos) e o parâmetro a ser avaliado (dose ou taxa de dose). 
Esses critérios são fundamentais, posto que o uso de equipamento inadequado pode 
levar à subestimação dos níveis de radiação realmente existentes.
Câmara de ionização
Em geral, esse detector consiste em uma câmara formada por dois discos paralelos. 
O espaço entre os discos é preenchido por volume de ar ou material equivalente. As 
faces externas são pintadas com tinta preta que proporciona o isolamento elétrico e 
previne a ocorrência de fuga de corrente. A radiação, ao atravessar a câmara, produz 
ionização no gás, sendo o número de íons coletados igual ao número de íons formados 
durante a irradiação. A corrente elétrica gerada é proporcional à intensidade do feixe de 
radiação eletromagnética.
A câmara de ionização é um detector sensível a choques mecânicos, não possibilitando 
o seu uso em qualquer ambiente. É o mais indicado para avaliação de raios X, 
particularmente quando a fonte emite raios X em pulsos.
Detector Geiger Müller
O detector Geiger Müller consiste de um tubo metálico ou ampola de vidro preenchido 
com gás, podendo ser provido de extremidade ou lateral mais delgada, em geral mica. 
Ao atravessar o tubo, a partícula produz uma avalanche de ionizações, as quais geram 
um pulso elétrico. A cada partícula corresponde um pulso elétrico, sendo o detector 
GM um excelente contador de partículas. Entretanto, como a amplitude dos pulsos 
independe da ionização inicial, não há proporcionalidade com a energia da radiação e 
nem discriminação do tipo de radiação detectada.
Esse detector é o mais amplamente utilizado, por ser versátil e apresentar maior 
resistência a choques mecânicos. Pode ser usado na detecção de radiação alfa, beta, 
gama e X.
Detector de cintilação
O detector de cintilação é constituído por um cristal, geralmente iodeto de sódio com 
impurezas de tálio, e um tubo fotomultiplicador. O tubo fotomultiplicador possui na face 
de entrada, em contato com o cristal, um cátodo fotossensível. Ao longo do seu corpo 
possui uma série de placas paralelas, denominadas dínodos. Na extremidade de saída 
está localizado o ânodo.
A radiação eletromagnética ao ser absorvida pelo cristal é re-emitida na forma de luz 
visível, proporcional à energia da radiação incidente. Essa luz é dirigida para o cátodo, 
resultando na emissão de elétron. Cada elétron ao colidir com o primeiro dínodo 
gera mais elétrons, que colidem no segundo dínodo, gerando mais elétrons, e assim 
UNIDADE 
Agentes Físicos III
16
sucessivamente, até serem coletados no ânodo. Esse efeito multiplicador de elétrons 
a cada colisão é responsável pela amplificação da corrente, possibilitando a sua leitura 
pelo medidor.
Esse tipo de detector pode ser danificado ao submetê-lo a choques mecânicos, 
restringindo o seu uso a condições de campo mais controladas. Por sua sensibilidade 
(permite detectar baixos níveis de radiação) e precisão, é muito utilizado em medicina 
nuclear, em procedimentos de radioterapia e de diagnóstico com uso de radiofármacos.
Caneta dosimétrica
A caneta dosimétrica, ou eletroscópio consiste de uma câmara selada e preenchida 
com gás, provida de dois eletrodos de fibra de quartzo, sendo um fixo e o outro móvel. Na 
extremidade de leitura, é possível visualizar a escala, ao longo da qual o eletrodo móvel 
se desloca, registrando a dose. Quando o eletroscópio é carregado, os dois eletrodos 
ficam juntos, representando o zero na escala. À medida que ocorrem ionizações no 
interior da câmara, o eletroscópio é descarregado, sendo a descarga proporcional à 
intensidade de ionização produzida. 
Esse instrumento é adequado para leitura diária de dose, requerida em situações de 
ingresso eventual e não rotineiro em áreas controladas (onde estão as fontes de radiação).
Filme dosimétrico
Consiste de dois filmes radiográficos, encerrados em invólucro de plástico ou de 
metal. À medida que o filme absorve a energia da radiação, ocorre a precipitação dos 
sais de prata, presentes na emulsão, aumentando a sua densidade óptica (enegrecimento 
do filme). A mudança na densidade óptica é proporcionalà dose absorvida da radiação. 
A leitura da dose é feita com um densitômetro fotoelétrico, que mede a densidade óptica 
do filme. A correspondência entre essa grandeza e a dose é obtida por meio da curva de 
calibração do filme que contém a relação entre dose e densidade óptica.
Esse dosímetro pode ser usado tanto para partículas beta e nêutrons, quanto para 
raios X e gama.
Dosímetro termoluminescente
Certos cristais, tais como fluoreto de cálcio dopado com magnésio e fluoreto de 
lítio, ao serem expostos à radiação e posteriormente aquecidos, emitem luz, sendo 
denominados termoluminescentes.
A absorção da energia da radiação excita os átomos no cristal. O aquecimento do 
cristal produz a desexcitação dos átomos com a emissão de luz. A quantidade total de 
luz é proporcional ao número de elétrons excitados, que por sua vez é proporcional à 
quantidade de energia absorvida da radiação. A correspondência entre a quantidade de 
luz e a dose é obtida por meio da curva de calibração do cristal.
Os dosímetros termoluminescentes podem ser usados para medida de dose 
associada à exposição a partículas beta, elétrons, prótons e raios X e gama.
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O primeiro efeito, que ocorre quase instantaneamente após a irradiação, é físico e 
consiste na ionização e excitação dos átomos e moléculas constituintes da célula. Os 
fragmentos gerados nesse processo (íons e radicais livres), altamente reativos e difusíveis, 
reagem quimicamente com as moléculas vizinhas e entre si. Essas reações dão origem a 
outras, nas quais macromoléculas, tais como proteínas, e cadeias metabólicas importantes 
sofrem alterações. Como resultado, ocorre a inibição ou retardo na síntese de constituintes 
essenciais da célula, especialmente aqueles necessários para manutenção da estrutura e 
função celulares ou para divisão e crescimento. Essas alterações interferem temporariamente 
nas funções celulares ou, em casos mais extremos, causam a morte celular.
A absorção da energia da radiação que ocorre por meio da ionização de outras 
moléculas protoplasmáticas que não a água pode diretamente danificar estruturas 
celulares e comprometer funções vitais. A probabilidade de que as alterações em 
estruturas essenciais levem ao caos celular depende de sua importância dentro da célula, 
ou seja, quanto mais específicas, maior o dano. Quando as moléculas modificadas pela 
ionização são um ácido nucléico, uma enzima ou uma proteína, podem ocorrer efeitos 
específicos. A dissociação do ácido desoxirribonucléico danifica genes e, quando os 
danos não são adequadamente reparados, leva a mutações que são transmitidas para a 
próxima geração da célula irradiada.
Uma forma indireta de danificar moléculas importantes, tal como o DNA, é mediante 
a produção de radicais livres no interior da célula. A ionização da água presente na 
célula, decorrente da absorção da energia da radiação, resulta na formação desses 
radicais que são altamente reativos. No caso de radiações com alta transferência linear 
de energia (elevada densidade de ionização), tal como as partículas alfa, os radicais são 
formados muito próximos, podendo reagir entre eles e formar peróxido de hidrogênio. 
Por ser altamente estável, o peróxido pode difundir-se para pontos remotos, danificando 
moléculas ou células que não sofreram dano direto.
A rápida e intensa resposta da matéria viva frente ao impacto de uma irradiação 
é denominada radiossensibilidade. Essa sensibilidade pode ser de uma célula, tecido 
ou indivíduo.
A radiossensibilidade celular depende do estágio de divisão em que a célula se 
encontra, sendo máxima entre a última telófase e o começo da prófase seguinte, quando 
a cromatina oferece área superficial maior para irradiação. São mais sensíveis à radiação 
as células que possuem taxa mitótica mais alta e mantêm por mais tempo a capacidade 
de divisão. Outros fatores que aumentam a sensibilidade são a atividade metabólica 
elevada e o maior grau de especialização da célula. A presença de oxigênio em elevada 
concentração favorece a formação de peróxidos, conferindo maior sensibilidade à célula.
Quando o corpo todo ou a maior parte dele é exposto a uma grande dose aguda de 
radiação penetrante (nêutrons, raios X e gama), desenvolve-se um quadro de afecções 
denominado síndrome aguda das radiações. A síndrome envolverá mais órgãos ou 
sistemas dependendo da dose recebida, e quanto maior a dose maior será o impacto sobre 
o organismo. Em função da sua gravidade, a síndrome aguda das radiações é subdividida 
em síndrome hematopoiética, síndrome gastrintestinal e síndrome do sistema nervoso 
UNIDADE 
Agentes Físicos III
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central. Os sinais e sintomas comuns a todas as categorias são a ocorrência de náuseas 
e vômitos, mal estar e fadiga, estado febril e contagem alterada de células sanguíneas.
A síndrome apresenta-se em três estágios: inicial ou prodrômico, latência e doença 
manifesta. A rapidez com que a síndrome evolui de um estágio para outro depende da 
dose recebida pelo indivíduo, sendo que para as doses letais o período de latência não 
ocorre, evoluindo direto do estágio inicial para o da doença manifesta.
A fase prodrômica, também denominada fase tóxica, é caracterizada pela 
ocorrência de náuseas e vômitos. A sua duração é de 1 a 2 dias, sendo que o 
período de tempo transcorrido entre a irradiação e o surgimento dos sintomas 
iniciais está diretamente relacionado com a magnitude da dose. Passada essa fase, o 
indivíduo sente-se relativamente bem, devido ao abrandamento dos sintomas, porém 
internamente estão ocorrendo mudanças que irão produzir o quadro da doença 
manifesta. A extensão da fase de latência varia com a dose recebida, podendo ser de 
dias, semanas ou ainda nem ocorrer.
A fase da doença manifesta corresponde à culminação das alterações que vinham se 
processando, desde a irradiação, na pele, tecidos hematopoiéticos e no revestimento 
do intestino delgado. Os sinais e sintomas associados a cada órgão ou sistemas mais 
diretamente envolvidos são:
 · Pele: a epilação ocorre para doses a partir de 3,5 Gy, sendo completa e 
permanente em 7,5 Gy. A perda de pelos ou cabelos é mais evidente nas 
regiões do corpo que ficaram mais próximas da fonte de radiação.
 · Órgãos formadores de sangue: seguindo doses relativamente baixas (acima 
de 2,0 Gy) há a atrofia da medula óssea, do baço e dos gânglios linfáticos. Em 
doses de 2,0 Gy ocorre a depressão medular e em 4,0-6,0 Gy há a aplasia 
medular. O decréscimo das células do sangue periférico depende do tempo de 
vida da célula em circulação e do tempo de maturação das células imaturas. 
Ocorre inicialmente uma leucopenia, ficando o organismo susceptível a 
infecções, particularmente na boca e garganta, podendo ocorrer pneumonia. 
A diminuição da quantidade de plaquetas circulante leva a hemorragias na 
pele e nos tratos gastrintestinal, urinário e respiratório.
 · Intestino delgado: os distúrbios gastrintestinais aparecem em doses iguais 
ou superiores a 10,0 Gy como resultado da destruição das células epiteliais do 
intestino. Como as vilosidades ficam desnudadas, ocorrem vômitos e diarreias 
com grande perda de líquidos, incapacidade de absorção de alimentos e 
infecções, decorrentes da invasão bacteriana nas paredes intestinais. Pode 
ocorrer insuficiência renal ou circulatória.
 · Sistema nervoso central: doses superiores a 20 Gy causam graves danos 
ao sistema nervoso central. Alguns minutos após a irradiação, ocorre 
a inconsciência, com o óbito acontecendo em horas ou poucos dias. Os 
sinais e sintomas específicos do comprometimento do SNC incluem ataxia, 
desorientação, choque e convulsões. O edema cerebral pode vir a ser um 
evento terminal.
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Em circunstâncias de irradiação parcial aguda, em que nenhum sistema ou órgão 
vital tenha sido exposto, efeitos localizados podem ser observados. Em face da sua 
localização no corpo, a peleé o órgão que frequentemente recebe doses elevadas 
em irradiações acidentais. Para doses mais baixas (2 a 3 Gy) é observada a epilação. 
Entretanto, à medida que a dose aumenta, mais estruturas cutâneas são envolvidas, 
ocorrendo eritema, radiodermatite, vesiculação, ulceração e necrose (>20 Gy). Nos 
olhos, a inflamação da córnea e da conjuntiva pode ocorrer seguindo doses de vários 
grays. A irradiação dos ovários ou dos testículos com doses de poucos grays pode levar 
à esterilidade temporária, e em doses mais elevadas, à infertilidade.
Os efeitos tardios são decorrentes de uma única irradiação aguda e elevada ou 
exposição contínua a níveis de radiação mais baixos. Essa exposição contínua pode ser 
devida à irradiação externa ou como resultado da ingestão ou inalação de radioisótopos, 
que por sua similaridade química com metabólitos normais ficam depositados em tecidos 
ou órgãos. Durante o tempo de residência desses radioisótopos dentro do organismo, os 
tecidos ou órgãos são continuamente irradiados. Os efeitos tardios incluem o câncer, os 
efeitos hereditários e as cataratas. Os tipos de câncer observados com maior frequência 
são aqueles afetando o sistema hematopoiético, os pulmões, a tiroide, os ossos e a pele.
Limites pra exposição
Os limites para exposição humana à radiação ionizante são estabelecidos para 
proteger tanto o trabalhador que tem contato direto com a fonte de radiação, quanto 
aquele cujo posto de trabalho ou área de trânsito é próximo à fonte. O primeiro é 
denominado indivíduo ocupacionalmente exposto e o segundo, indivíduo do público.
Entretanto, a limitação da dose individual é o terceiro princípio das normas de proteção 
radiológica a ser considerado. O primeiro estabelece que a exposição deve ser justificada, 
ou seja, os benefícios devem ser comprovados e superar os danos eventualmente 
associados à prática. O segundo princípio determina que todos os esforços devem ser 
feitos para manter as doses o mais baixo praticável.
Os limites ocupacionais de exposição foram fixados para prevenir os efeitos 
determinísticos e limitar a ocorrência dos efeitos estocásticos. As principais características 
dos efeitos determinísticos são:
 · a curva dose resposta é sigmóide;
 · apresenta limiar de dose, abaixo da qual nenhum efeito é esperado;
 · à medida que a dose aumenta, a gravidade do efeito aumenta até atingir o 
patamar onde a gravidade é máxima;
 · o indivíduo pode apresentar recuperação quando o dano não é permanente.
São efeitos determinísticos a síndrome aguda das radiações, a catarata, a radiodermatite 
e a radionecrose. Os efeitos estocásticos apresentam as características:
 · a curva dose resposta é linear;
 · não há limiar de dose, qualquer dose é eficaz para produzir o efeito;
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Agentes Físicos III
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 · à medida que a dose aumenta, a probabilidade de ocorrência do efeito aumenta;
 · o indivíduo não apresenta recuperação – irreversibilidade do efeito;
 · uma única ionização pode dar origem ao efeito.
OBSERVAÇÃO: Os principais efeitos estocásticos são o câncer e os efeitos 
hereditários.
CNEN NE 3.01
O CNEN NE 3.01 fornece algumas diretrizes básicas de radioproteção:
Princípios básicos
 · Justificação: nenhuma prática deve ser autorizada a menos que sua 
introdução produza um benefício líquido positivo para a sociedade.
 · Otimização: todas as exposições devem ser mantidas tão baixas quanto 
razoavelmente exequíveis, levando-se em conta fatores sociais e econômicos.
 · Limitação da dose individual: as doses individuais de trabalhadores e 
indivíduos do público não devem exceder os limites anuais de dose equivalente 
estabelecidos na Norma.
Limitação da dose
 · Nenhum trabalhador deve ser exposto sem que seja necessário, que tenha 
conhecimento dos riscos e esteja devidamente treinado.
 · Em exposições de rotina, nenhum trabalhador deve receber, por ano, doses 
equivalentes superiores aos limites estipulados no CNEN.
 · Nenhum indivíduo do público deve receber, por ano, doses superiores aos 
limites estabelecidos no CNEN.
Controle de área
 · Área livre: isenta de regras especiais, onde as doses equivalentes efetivas 
anuais (DEEA) não ultrapassam o limite primário para indivíduos do público.
 · Área restrita: sujeita a regras especiais, onde as condições de exposição 
podem ocasionar DEEA superiores a 2/100 do limite primário para 
trabalhadores.
 · Área controlada: área restrita onde as DEEA podem ser iguais ou superiores 
a 3/10 do limite primário para trabalhadores.
 · Área supervisionada: área restrita onde as DEEA são mantidos inferiores a 
3/10 do limite primário para trabalhadores.
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Controle dos trabalhadores
 · Nível de registro deve ser 1/10 da fração do limite anual aplicado ao período 
de monitoração.
 · Nível de investigação deve ser 3/10 da fração do limite anual aplicado ao 
período de monitoração.
 · Em áreas controladas as pessoas devem ser monitoradas individualmente.
 · Imediatamente após exposições acidentais ou de emergência as doses devem 
ser avaliadas.
 · Devem ser submetidos a controle médico trabalhadores que receberem, em 
uma única exposição, dose superior a 2 vezes o limite primário.
Controle da exposição - radiação ionizante
As formas básicas de proteção contra a irradiação externa são:
 · Tempo: a dose recebida pelo indivíduo é diretamente proporcional ao tempo 
de exposição. Desse modo, quanto menos tempo ele permanece junto à 
fonte de radiação menor será a sua dose. Por exemplo, se a taxa de dose 
equivalente a que um indivíduo estaria exposto fosse 100 Sv/h, teríamos as 
doses equivalente de 100 Sv para 1hora, 50 Sv para 30 minutos e 25 Sv 
para 15 minutos.
 · Distância: a dose varia aproximadamente com o inverso do quadrado da 
distância, então quanto maior a distância mantida entre o indivíduo e a fonte, 
menor é a dose recebida. No caso de fontes emissoras alfa e emissoras beta, 
a distância em relação à fonte já é uma forma eficiente de proteção, posto 
que essas partículas têm um alcance relativamente curto, tendo sua energia 
absorvida pela camada de ar existente entre a fonte e o indivíduo.
 · Blindagem: se o indivíduo tiver que trabalhar próximo à fonte por um longo 
período, a proteção mais eficiente é a blindagem da fonte ou a interposição 
de uma barreira.
A radiação interna é decorrente da ingestão, inalação ou absorção percutânea de 
material radioativo, o qual em seu trânsito dentro do organismo e depois no local de 
deposição irá irradiando os tecidos até ser completamente eliminado do organismo. As 
formas de proteção visam prevenir o contato com o material radioativo, bem como a sua 
inalação ou ingestão. O tipo de controle ou de equipamento de proteção individual a ser 
adotado dependerá das características físico-químicas do radioisótopo.
As formas de controle geralmente adotadas são:
 · uso de roupas, máscaras, luvas e sapatos para prevenir a contaminação da 
pele e a inalação de gases, vapores ou partículas radioativas;
 · manipulação de material radioativo em capelas ou sistemas enclausurados;
 · sistema de ventilação local exaustora provido de dispositivo de purificação do 
ar (filtros, lavadores de gases) nos locais de manipulação e ventilação geral 
nas áreas de trabalho.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
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Contaminação radioativa
A incorporação e subsequente retenção das substâncias radioativas em tecidos ou 
órgãos específicos do corpo resultam na irradiação dos locais em que se encontram 
concentrados, causando danos. O tipo ou grau de dano causado depende da quantidade 
de isótopo radioativo depositado e da natureza e energia da radiação emitida. As 
características físico-químicas do isótopo determinam a rota de entrada preferencial, o 
grau de retenção e o caminho percorrido dentro do corpo até sua excreção.
As rotas de entrada para os radioisótopos são a inalação,ingestão e absorção 
percutânea. Após a sua ingestão ou inalação, o isótopo é absorvido nos tratos digestivo 
e respiratório, atinge a corrente sanguínea, e por meio desta é distribuído pelo corpo, 
depositando-se em tecidos corpóreos. Em geral, os materiais insolúveis não são 
absorvidos, e sua eliminação pelos tratos digestivo e respiratório é razoavelmente rápida.
No caso de materiais insolúveis, dependendo do tamanho e forma dos 
aerodispersóides, eles podem ser removidos pela ação ciliar da mucosa do trato 
respiratório ou penetrarem nos sacos alveolares, ficando ali retidos. Apenas partículas 
com diâmetro igual ou inferior a 10 micrômetros atingem esse ponto dentro da 
árvore respiratória. Uma parte do material depositado nos alvéolos é capturada pelo 
sistema linfático e drenada para várias regiões do pulmão, podendo permanecer nos 
gânglios linfáticos por um longo período. Uma pequena fração pode atingir a corrente 
sanguínea e ser capturada pelo sistema retículo-endotelial em várias regiões do corpo.
O material insolúvel ingerido permanece no trato gastrintestinal, misturando-se ou 
fazendo parte do bolo fecal no intestino grosso, até ser eliminado. Entretanto, quando 
a substância ingerida é solúvel a absorção pelo sistema digestivo é eficiente, atingindo 
rapidamente a corrente sanguínea.
Algumas substâncias, tal como o trítio, são prontamente absorvidas através da pele 
intacta, atingindo a corrente sanguínea. Nesse caso, a rota dermal é uma via importante de 
incorporação do radioisótopo. As demais substâncias depositam-se na pele, irradiando-a 
até serem removidas. Nesse caso, o risco de incorporação é considerável apenas quando 
a pele em contato com a substância apresenta-se danificada.
Os principais meios de eliminação do material incorporado são através das 
fezes ou da urina. A taxa de eliminação é normalmente expressa como meia-
vida biológica, e depende da metabolização da substância pelo organismo. Essa 
grandeza é definida como o período de tempo necessário para que metade do 
material incorporado seja eliminada ou excretada. O risco total representado pela 
incorporação de radioisótopos depende da dose recebida, a qual é em função da 
quantidade do material radioativo depositado.
Descontamização 
O material radioativo deve ser removido ou eliminado do corpo o mais prontamente 
possível, a fim de reduzir a dose interna e externa que o indivíduo venha a receber. Na 
descontaminação pessoal externa, adotam-se métodos progressivamente agressivos, até 
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23
a total remoção do material depositado. Esse procedimento deve ser cuidadosamente 
realizado para preservar ao máximo a barreira dermal. Os métodos em ordem de 
agressividade são:
 · se Grau Agressividade for I = jateamento com água;
 · se Grau Agressividade for II = água morna e sabão;
 · se Grau Agressividade for III = sabão abrasivo suave, escova macia e água;
 · se Grau Agressividade for IV = detergente;
 · se Grau Agressividade for V = mistura 50% detergente em pó e 50% fubá;
 · se Grau Agressividade for VI = solução quelante;
 · se Grau Agressividade for VII = ácido orgânico suave (ácido cítrico).
Após a descontaminação externa, os indivíduos devem tomar um banho completo, 
com especial atenção para lavagem dos cabelos, mãos e unhas.
Em caso de contaminação interna, o objetivo dos métodos adotados é reduzir a 
absorção e eliminar a maior parte retida no organismo. Os métodos de eliminação 
incluem a excreção renal dos materiais mais solúveis, eliminação nas fezes daqueles 
retidos no trato gastrintestinal ou secretados por via biliar, e a exalação de gases e 
substâncias voláteis. Os procedimentos de descontaminação pessoal interna estão 
compreendidos em duas fases, a primeira de ordem mecânica e a segunda de natureza 
química. A fase mecânica intervém durante o período pré-metabólico e visa impedir 
a permanência da substância no organismo ou acelerar a sua excreção, sendo o 
procedimento dependente da rota de entrada da substância. Em caso de inalação de 
substâncias insolúveis, administra-se expectorante comum. Quando há a ingestão de 
materiais radioativos, procede-se à lavagem estomacal e administram-se purgantes e 
eméticos. A implementação da fase seguinte ocorre após a metabolização do material 
radioativo e visa aumentar a quantidade de material radioativo excretado, sendo que para 
cada isótopo adota-se um procedimento em particular. Esses procedimentos incluem a 
diluição isotópica e administração de sais ou quelantes. No caso dos quelantes, a terapia 
é mais eficiente se for administrado logo após a contaminação ou no período em que 
estão nos tecidos moles, e ainda não foram complemente absorvidos.
Agentes físicos – radiações não ionizantes
O espectro eletromagnético é composto de todos os tipos de radiação, incluindo a 
radiação ionizante (cósmica, gama e raios X). A parte não ionizante do espectro é composta 
das radiações ultravioleta, visível, infravermelha, micro-ondas, ondas de televisão, ondas 
de rádio e ELF (“extra low frequency” ou ondas de frequência muito baixas). Quanto 
maior a frequência, maior a energia associada à radiação eletromagnética.
 · Radiação ultravioleta:
A radiação ultravioleta tem frequências entre:
7,88 x 1014Hz e 1018Hz
UNIDADE 
Agentes Físicos III
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A faixa mais distante, denominada UVC (100 a 280 nm), é usada para aplicações 
bactericidas, como a eliminação de germes. As lâmpadas que geram radiação de 245 
nm podem também ser utilizadas para destruir bactérias e vírus.
A radiação UVB é chamada também de eritermal e compreende a faixa de 280 a 
320 nm. Os seus efeitos benéficos incluem o bronzeamento da pele e a formação de 
vitamina D.
A faixa ultravioleta mais próxima da visível vai de cerca de 320 a 380 nm e também 
é chamada de “luz negra”, pois faz com que certos materiais fosforesçam.
O espectro da luz solar natural se inicia em cerca de 295 nm, com os comprimentos 
de onda mais curtos sendo filtrados pela atmosfera. De modo similar, a composição e 
a espessura do vidro de lâmpadas, bem como as camadas de recobrimento de fósforo 
nas fontes de mercúrio e fluorescentes, atuam como filtros para as ondas de menores 
comprimentos de onda.
 · Limites de tolerância: Radiação ultravioleta - como a radiação ultravioleta 
de curto comprimento de onda pode causar reações químicas, como 
queimaduras de pele, esta banda tem limites de tolerância mais restritivos 
que a faixa ultravioleta mais próxima do espectro visível.
Já no livreto de 1994-1995 da ACGIH, à página 102, aparece um valor denominado 
função afáquica de risco (aphakic risk function), com o valor diminuindo de 6,00 para 
305 nm para 1,43 para 400 nm. Acima de 380-400 nm adentramos as faixas da luz 
violeta e azul.
Radiação visível
A faixa visível do espectro eletromagnético tem comprimentos de onda entre 380 
a 780 nm, correspondendo à faixa de frequências entre 7,88 x 1014 Hz a 3,83x 
1014 Hz. As leis da radiação foram primeiramente estudadas para a luz visível, e os 
problemas ocupacionais da iluminação são discutidos em capítulo à parte.
 · Limites de tolerância: Radiação visível - a CIE – Comissão Internacional de 
Iluminação é uma organização orientada à cooperação e troca de informações 
entre seus países com membros em todos os assuntos relativos à iluminação. 
Suas publicações cobrem desde níveis recomendados até metodologias de 
medição e definições de parâmetros.
Os limites da ACGIH são indicados para fontes de luz visível e infravermelho próximo 
com emissão de mais de 1 nit (1 candela por metro quadrado), com cuidado especial 
para a luz azul, principalmente na faixa 425 a 450 nm. Para lasers, a ACGIH dedica 
muitas páginas.
Laser
O termo laser é uma abreviação para “light amplification by stimulated emission of 
radiation”, ou seja, amplificação da luz por estimulação da emissão de radiação.
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25A luz de fontes convencionais tem variados comprimentos de onda e se irradia em 
todas as direções, com interferências construtivas e destrutivas. É denominada de luz 
incoerente. Por outro lado, a luz de uma fonte laser vibra num único plano, propaga-
se numa única direção e é monocromática (tem um único comprimento de onda). É 
denominada de luz coerente.
Um instrumento que gera radiação laser produz um feixe de apenas uma frequência, 
mas esta não precisa ser apenas da faixa visível. Um dos feixes mais poderosos utiliza 
dióxido de carbono e gera um fluxo contínuo e muito quente de radiação infravermelha. 
Outros lasers operam nas frequências ultravioletas.
Radiação infravermelha
A região do infravermelho se estende aproximadamente desde o vermelho 
visível (cerca de 750 nm) até a região de micro-ondas (3 mm). A exposição a raios 
infravermelhos pode ocorrer para qualquer superfície que esteja a uma temperatura 
inferior à da superfície emissora, ocorrendo transferência de calor radiante quando a 
energia emitida por um corpo é absorvida por outro.
A radiação infravermelha tem inúmeras aplicações associadas a aquecimento, e 
industrialmente pode-se citar:
 · secagem e cozimento de tintas, vernizes, adesivos, esmaltes, etc.;
 · aquecimento de partes metálicas para ajuste na montagem, fundição, etc.;
 · desidratação de têxteis, papel, couro, carnes, vegetais, potes de argila, etc.;
 · descongelamento de vagões de mina no inverno de modo que possam 
ser descarregados.
A radiação infravermelha é percebida pela pele como uma sensação de calor, com o 
aumento de temperatura da epiderme dependendo do comprimento de onda, do tempo 
de exposição e da quantidade total de energia transferida ao tecido.
 · Limites de tolerância: o TLV para exposição ao infravermelho é de 10 mW/
m2, para exposições superiores a 1000 segundos. Esse valor é especificado 
para proteção à córnea e ao cristalino do olho. A ACGIH também fornece uma 
fórmula para a proteção da retina com relação a lâmpadas de aquecimento 
por infravermelho. Isso decorre do fato de que algumas dessas lâmpadas 
emitem muito pouca luz visível, e a pupila não corta automaticamente o 
excesso de radiação como acontece com a faixa visível.
 · Ações corretivas: a camada de ozônio bloqueia os efeitos da radiação UVC, 
com a radiação UVA e UVB sendo maiores na primavera e no verão. Em 
geral, a UVB é mais intensa entre 10 horas e 14 horas, enquanto a UVA é 
mais nociva no início da manhã e no final da tarde.
Num dia ensolarado de verão, ao meio dia, 15 minutos podem ser suficientes para se 
criar uma queimadura numa pele desprotegida.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
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Para proteger trabalhadores da radiação UV quando estão sob luz solar direta, deve 
ser usada roupa tightly-woven cobrindo o máximo possível do corpo, além de se usar 
um chapéu. Proteção contra raios UV pode ser obtida também com o uso de loções e 
cremes contendo óxido de zinco e de titânio (ZnO e TiO2), e classificados de acordo 
com uma escala de proteção entre 1 e 18. A proteção será eficiente se for mantido um 
adequado filme sobre a pele e for usado um fator de proteção alto (>14).
As telas de proteção e os óculos com lentes especiais podem proteger efetivamente 
contra UVA e UVB. Óculos de segurança de plástico são menos eficientes, mas filtram 
também a radiação UV.
Micro-ondas
A radiação de micro-ondas se localiza entre o infravermelho distante e as ondas de rádio, 
tendo sido uma das últimas a serem criadas no laboratório e terem aplicação comercial.
A energia de micro-ondas é uma forma muito conveniente de aquecimento e em 
determinadas situações apresenta várias vantagens sobre outras fontes de calor. É limpa, 
flexível e reage instantaneamente ao mecanismo de controle. Além disso, impede que 
os produtos de combustão ou o calor convectivo sejam adicionados ao ambiente de 
trabalho. A facilidade com que essa energia é convertida em calor proporciona altas 
taxas de conversão e aquecimento.
 · Limites de tolerância: os TLVs para essas radiações estão agrupados no 
livreto da ACGIH de 2002, traduzido pela ABHO, nas páginas 157 a 162, e 
os conceitos envolvidos estão além do escopo desse livro.
 · Ações corretivas: os radares comumente usados para medir a velocidade 
nas estradas ou para mapear o clima não geram uma condição de perigo, 
a menos que sejam visualizados diretamente na frente da antena durante a 
operação e a uma distância de alguns metros.
Todavia, radares maiores, como os de busca ou de alarme, podem gerar campos de 
intensidades perigosas, devendo ser checados antes que qualquer pessoa trabalhe em 
frente da antena. As pessoas que trabalham perto ou ao redor de antenas de radares 
de alta potência ou de instrumentos de teste de radares devem ser adequadamente 
treinadas e supervisionadas para diminuir a exposição, além de ficar o menor tempo 
possível perto das regiões de risco.
Para toda a gama de radiações de micro-ondas, o dano só ocorrerá se as instruções 
do fabricante não forem seguidas. Cada equipamento tem suas instruções específicas e 
generalizações não devem ser feitas.
Ondas de rádio
As ondas de rádio e de televisão são utilizadas como transmissoras de sinais, e 
nós “ouvimos” o rádio ao sintonizar uma dada frequência. Grandes faixas (bandas) de 
frequência são alocadas para tipos particulares de transmissores de sinais, de modo que 
a TV usa uma banda de alta frequência, enquanto a CB usa uma frequência mais baixa. 
As rádios AM e FM usam bandas intermediárias, entre a TV e a CB. O poder emissivo 
dessas ondas de rádio é muito baixo e ainda não se conhece efeito danoso à saúde.
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As radiofrequências podem também ser utilizadas em equipamentos de aquecimento 
elétrico, existindo muitas aplicações usando aquecedores de alta frequência.
Na metalmecânica, tem sido usado aquecimento via ondas de rádio para endurecimento 
de dentes de engrenagens e superfícies de rolamentos, bem como para recozimento 
e soldagem. Nas fábricas de madeira, tem sido usada para laminação e colagem em 
geral. Na indústria alimentícia, o aquecimento por radiofrequência tem sido usado 
para esterilização de contêineres e eliminação de bactérias. Outras aplicações incluem 
moldagem de plásticos, vulcanização de borrachas, imposição de torção em têxteis e 
vedação térmica.
 · Limites de tolerância: os TLVs para essas radiações estão agrupados no 
livreto da ACGIH de 2002, traduzido pela ABHO, nas páginas 157 a 162, e 
os conceitos envolvidos estão além do escopo desse livro.
 · Ações corretivas: as ações corretivas para os aquecedores de radiofrequência 
são as mesmas que as para os aquecedores de micro-ondas. Devem ser 
seguidas as recomendações do fabricante e os aquecedores devem ser bem 
blindados para conter ou divergir a energia de radiofrequência.
Ondas de Frequência Extra Baixa (ELF)
Junto ao início da escala de frequências, têm-se as ondas elétricas, que são geradas 
a partir da conversão de energia mecânica em energia elétrica. Os geradores para uso 
domiciliar produzem energia na frequência de 60 Hz, a qual pode ser transmitida a 
centenas de quilômetros através de fios condutores.
Um valor arbitrário de 104 Hz separa em princípio as ondas elétricas (abaixo de 104 
Hz) das ondas de rádio (acima de 104 Hz). Todavia, algumas aplicações elétricas usam 
frequências acima desse valor e alguns usos de radiofrequência se localizam abaixo desse 
valor limítrofe. A sigla ELF deriva dos termos “extra low frequencies”.
 · Limites de tolerância: o livreto da ACGIH de 2002, traduzido pela 
ABHO, apresenta limites de tolerância para esse tipo de radiação, com o 
T da equação apresentado nas páginas 153 a 155 se referindo a Tesla. Os 
conceitos envolvidos, porém, estão fora do escopo desse livro.
 · Ações corretivas: para as frequências extremamente baixas (ELF – “extremely 
low frequencies”), praticamentequalquer superfície é uma eficiente barreira 
ao campo elétrico. As pessoas trabalhando com linhas de transmissão de alta 
voltagem ou em regiões de altos campos usam roupas de proteção condutivas. 
E uma ação administrativa é diminuir ao máximo o tempo de trabalho em 
locais com altos campos.
Infelizmente, não existe ainda um método prático de redução da exposição aos 
campos magnéticos ELF. As ações práticas incluem a diminuição do tempo de exposição 
ou a limitação dos campos magnéticos a níveis considerados seguros. Todavia, o que 
seria um nível seguro ainda é motivo de estudos e controvérsias.
UNIDADE 
Agentes Físicos III
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Radiação solar
A radiação solar é composta por:
 · raios cósmicos;
 · rádio frequência;
 · radiação visível;
 · radiação infravermelha;
 · radiação ultravioleta;
Ao atravessar a camada da atmosfera, a radiação solar perde cerca de 1/3 de sua 
energia. Assim, chega à superfície da Terra apenas 2/3 da radiação inicial e tem a 
seguinte composição.
A UVC é totalmente absorvida pela camada de ozônio, então a radiação solar que 
atinge o solo é composta aproximadamente por:
 · 5% UV(95% UVA e 5% UVB);
 · 40% RADIAÇÃO VISÍVEL;
 · 55% RADIAÇÃO INFRAVERMELHA.
Radiação ultravioleta:
 · UVC - 100 – 280 nm (10 a 20% dos efeitos danosos da radiação solar).
 · UVB - 280 – 320 nm (queimaduras, foto envelhecimento e câncer de pele).
 · UVA - 320 – 380 nm.
 · Influência da hora: 
 · 11 às 15hs - pior período de exposição;
 · 13hs - pico de exposição;
 · 12 às 14hs - 1/3 da radiação UV;
 · 10 às 16hs - ¾ da radiação UV.
 · Influência da latitude: próximo do equador a incidência é maior.
 · Influência da altitude: a cada 300 metros de altitude, a incidência aumenta em 4%.
 · Influência da cobertura de nuvens: mesmo em tempo coberto de nuvens, 
podem-se receber queimaduras, pois as nuvens absorvem o infravermelho 
mas não a UV.
 · Influência do vento: o vento poderá dar uma sensação de conforto e 
poderemos eventualmente ficar mais expostos à radiação UV.
A radiação ultravioleta pode ser absorvida pelos tecidos humanos causando danos 
biológicos à pele e aos olhos. Para a pele, podemos ter erithema, envelhecimento precoce, 
câncer; enquanto para os olhos podemos ter fotossensibilização e fotoconjuntivite, que é 
uma espécie de queimadura dos olhos pelo sol.
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A exposição à radiação ultravioleta provoca, através de reações químicas, danos 
não ionizantes às células da pele. Essas reações químicas podem induzir um precoce 
envelhecimento da pele devido à dilatação dos finos capilares sanguíneos, efeito 
conhecido como erithema, e ser a causa de 90% de todos os cânceres de pele. O câncer 
resulta da reação dos raios ultravioletas com o material genético das células, produzindo 
mutações. As maiores taxas de incidências ocorrem para as latitudes tropicais e pessoas 
de pele clara, como são os casos do Brasil, da Austrália e da África do Sul.
A radiação UVC é retida eficientemente pela camada de ozônio da atmosfera 
terrestre. Quando a atividade solar se torna anormalmente alta, essa camada não é 
100% eficiente na retenção, e pode ocorrer uma excessiva exposição na superfície da 
Terra. O câncer de pele, conhecido como melanoma, em geral, aumenta num período 
de 2 a 3 anos após um período de atividade solar anormal.
A banda de raios solares UVB tem comprimento de onda inicial com cerca de 295 
nm, sendo responsável pelo bronzeamento e queimaduras na pele, além de também 
promover o câncer de pele. A banda UVB é conhecida como banda eritermal e pode 
sensibilizar a pele com relação à exposição à radiação UVA. A exposição à UVB permite 
ao corpo produzir vitamina D, mas essa exposição não requer mais do que 30 minutos 
diários ao sol.
A banda UVA, também conhecida como ultravioleta próxima ou “luz negra”, é a 
maior responsável pelo bronzeamento da pele, e seus efeitos danosos são importantes 
também na visão. Pode ocorrer exposição excessiva à UVA em regiões com neve, onde 
a reflexão de mais de 85% da radiação UV incidente pode causar a chamada “cegueira 
da neve”. Nesse fenômeno, ocorre a morte de células nas camadas mais externas do 
olho, com a consequente opacidade da cobertura do olho.
Radiação UV de comprimento de onda muito curto é extremamente destrutiva ao 
olho. A exposição por alguns poucos minutos produz inflamações severas e dolorosas, 
com efeitos posteriores que podem durar anos. A exposição à UV de curto comprimento 
de onda gera poucos sinais exteriores, como inchaço e vermelhidão não pronunciados. 
Todavia, ocorre muita dificuldade para focalizar na leitura, principalmente sob luz artificial, 
e as dores internas sentidas no olho se tornam quase intoleráveis. A recuperação é lenta, 
requerendo meses ou mesmo anos, com alguns efeitos, como a sensibilidade a curtos 
comprimentos de onda, sendo permanentes.
A luz visível pode ser nociva ao olho humano, pois como uma forma de radiação, ao 
ser interceptada e absorvida, converte-se em outra forma de energia, usualmente calor. 
Assim, ao entrar no olho a luz se transforma em calor e se a potência for considerável, 
pode ser nociva e até destrutiva, causando inflamação e queimaduras. Esses efeitos 
danosos associados à radiação excessiva são maiores nas faixas do vermelho e violeta, 
sendo menores nas faixas do verde ou amarelo. Isso porque para o mesmo nível de 
“visibilidade” as potências associadas são menores para as bandas verde ou amarela.
A luz direta de solda a arco ou do sol produzem intensidade excessiva e se houver 
visualização por períodos prolongados ocorrerá queimadura. Os mecanismos de proteção 
automática do olho, como fechamento da pupila ou fechamento das pálpebras, não 
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Agentes Físicos III
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fornecem proteção adequada para as radiações excessivas. Uma queimadura decorrente 
de uma intensidade muito alta surge logo após a exposição, gerando vermelhidão nos 
olhos, inchaço e muito lacrimejamento, todavia a recuperação ocorre em poucos dias, 
mesmo nos casos mais severos.
Um dos problemas da luz visível associado à higiene ocupacional e à segurança do 
trabalho é o problema do ofuscamento. Denominamos de ofuscamento o desconforto, 
incômodo, perda de visibilidade e diminuição de desempenho causado por uma 
luminância no campo visual maior que aquela para a qual o olho pode se adaptar.
Apesar das múltiplas causas do ofuscamento, na maioria dos casos ele pode ser 
classificado como desconfortante ou desabilitante.
O ofuscamento desconfortante é incômodo, mas não conduz necessariamente ao 
impedimento da tarefa visual. Em geral, é atribuído à tendência do olho de se fixar nos 
pontos mais brilhantes do campo visual. O grau de desconforto produzido por uma 
luminária é dependente de 4 fatores: a luminância da fonte, o tamanho da fonte, o 
ângulo entre a fonte e o observador e o nível de adaptação do olho do observador.
Fontes de luz coerente (laser) podem causar danos na córnea (catarata) e deterioração 
epidérmica (tipo de queimadura). A exposição prolongada pode causar danos variando 
de leves queimaduras na retina até perda total da visão. A visualização restrita e óculos 
de lente podem oferecer alguma proteção, exceto aos lasers muito potentes. As medidas 
de proteção são semelhantes às para os que trabalham com solda a arco, não se devendo 
olhar diretamente para a fonte.
O uso de lasers é comum nos levantamentos topográficos e geodésicos, mas nesse 
caso são usados lasers de baixa intensidade, o que ajuda na proteção visual.
Até o presente não se caracterizou a emissão de radiações perigosas pelos terminais 
de vídeo, mas eles podem causar cansaço visual. Apesar das autoridades concordarem 
que trabalho em frente a terminais de vídeo não conduz a significantes danos à visão, 
existem relatórios reclamando de problemas visuais associados a eles. As reclamações 
variam de levesdores de cabeça após longos períodos em frente a vídeos até dores mais 
fortes, imagens fantasmas e perturbações do sistema visual. Não há dúvidas de que o 
trabalho com terminais exige bastante da visão, mas em essência não mais que outras 
tarefas que também exigem muito do sistema visual.
As exigências sobre a visão são sobre seu mecanismo de funcionamento, 
principalmente focalização e convergência. Se o foco é mantido num ponto fixo 
por muito tempo, os músculos ciliares que controlam a acomodação podem ter 
espasmos. Isso pode ser desconfortável e causar certa ardência, mas não é perigoso 
para a vista, e o espasmo pode ser diminuído com relaxamento e, portanto, é melhor 
prevenir do que curar.
A exposição à radiação infravermelha de curto comprimento de onda (750 a 1500 
nm) pode causar aguda queimadura e aumento de pigmentação da pele. Pode também 
causar danos à córnea, à íris e ao cristalino. A excessiva exposição à radiação visível e 
infravermelha de fornalhas, fornos e outros corpos quentes similares tem sido conhecida 
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como causadora da “doença dos sopradores de vidro” ou “catarata do calor”. Essa 
doença está associada a um embaçamento da superfície posterior do cristalino. Porém 
em relação a micro-ondas, existem algumas controvérsias sobre a segurança dos fornos 
de micro-ondas. As micro-ondas são absorvidas pelos alimentos, produzindo-se um 
quase instantâneo aumento de temperatura. Esse tipo de radiação não é ionizante nem 
gera material radiativo, mas a exposição a ela faz com que o calor seja imediatamente 
absorvido pelo corpo. O calor faz com que as moléculas vibrem rapidamente, afastando-
as de suas posições de equilíbrio, originando alterações químicas e eventualmente 
gerando morte celular.
A energia gerada num forno de micro-ondas provém de um tubo magnético, sendo 
similar àquela emitida pelos radares. Os maiores perigos estão associados a vazamentos 
dessa energia, e estes normalmente ocorrem junto à porta do forno e envolvem as 
vizinhanças desta. Os vazamentos normalmente decorrem de vedações já gastas, trincos 
e fechaduras defeituosos e para aqueles com um visor, pela marca em volta da janela.
A radiação de micro-ondas na zona de alta frequência pode gerar danos se ocorrerem 
múltiplas longas exposições. Podem ocorrer cataratas e esterilidade temporária e têm-
se atribuído a ela casos de mongolismo, mortes fetais e câncer. Todavia, não existem 
critérios quantitativos objetivos relativos a esses danos, sendo um valor máximo admitido 
como limite de tolerância 10 mW/cm². A única preocupação com as ondas de rádio se 
refere ao aquecimento através de aquecedores de radiofrequência. Apesar da exposição 
poder eventualmente ocorrer, ela usualmente é bem localizada. Já referente à radiação 
ELF, linhas de transmissão de energia e certos instrumentos industriais operam com 
campos magnéticos e elétricos de baixas frequências, com 50 Hz na Europa e Ásia, e 
60 Hz nos Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Uma corrente de pesquisa afirma que essas frequências podem afetar o sistema 
nervoso central e o funcionamento do cérebro, havendo energia ressonante muito 
similar à que o cérebro usa. Numerosos estudos relatam efeitos biológicos em animais 
em laboratório, mas não foram ainda confirmados efeitos patológicos. Quaisquer que 
sejam os mecanismos envolvidos nos efeitos induzidos por esses campos, eles ainda não 
são totalmente conhecidos e pesquisas continuam a serem efetuadas.
A maioria dos estudos efetuados com seres humanos envolve trabalhadores atuando 
na área de linhas de eletricidade e pessoas que vivem nas proximidades de linhas 
de transmissão de altas voltagens. Esses estudos analisam fatores como a incidência 
de câncer, desordens no sistema reprodutor, saúde geral e disfunções congênitas, 
comparando os valores com dados da população geral.
A ACGIH publica anualmente seus limites de tolerância (TLV) e a radiação não 
ionizante aparece na parte relativa a agentes físicos. A norma brasileira NR-15 trata 
do assunto no Anexo 7.
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Medição - metodologia
Radiômetros: para a radiação ionizante, todos os instrumentos de medição se 
baseiam no fato de que a energia da radiação desloca elétrons de suas órbitas normais, 
criando íons (partículas carregadas). Esses íons podem produzir outros efeitos, como um 
feixe de luz ou uma corrente elétrica, que podem então ser amplificados e medidos.
A radiação não ionizante não tem energia suficiente para retirar um elétron de sua 
órbita e formar um íon. A medição, portanto, segue outro princípio, com a energia 
radiante atingindo células feitas de materiais especiais e contidas nos instrumentos 
denominados radiômetros. Esses materiais permitem facilmente que se crie um fluxo de 
elétrons em seu interior ao serem atingidos pela energia radiante. Com o uso de tubos 
fotomultiplicadores, pode-se fazer com que os elétrons liberados desloquem mais outros 
elétrons, de modo que a corrente possa ser lida numa escala. Ajustando-se a resposta, 
pode-se obter uma leitura de um número proporcional à intensidade da radiação.
Com o uso de filtros, podem-se bloquear todas as radiações menos as de interesse, 
de modo que a combinação adequada de filtros permite que se meça com um 
mesmo instrumento faixas específicas do espectro não ionizante. Esses instrumentos 
permitem que se façam medições de intensidade radiante com diferenças de várias 
ordens de magnitude.
 · Fotômetros: o fotômetro é um radiômetro que filtra todas as radiações fora 
da faixa de comprimentos de onda entre 380 e 780 nm. Além disso, reage 
à luz imitando a resposta do olho humano, através de uma compensação 
definida pela curva espectral de eficiência luminosa. Essa curva, definida 
internacionalmente e obtida a partir de experimentos com o olho humano, 
tem a forma de um sino com seu máximo valor de ordenada correspondendo 
à abscissa comprimento de onda de 555 nm (luz verde). 
Os fotômetros têm embutidos filtros que simulam essa curva e a medida fornecida 
pelo instrumento é similar à habilidade do cérebro em perceber a radiação visível. A 
célula fotossensível dos fotômetros é usualmente feita de selênio, com a quantidade 
de elétrons liberada por esse metal sendo proporcional à energia ra diante atingindo a 
célula. O resultado da medição pode ser expresso em lux, que representa a quantidade 
de fluxo luminoso (lúmen) que atinge uma área de 1 m². Lux é a unidade de iluminância, 
ou seja, a quantidade de luz visível por área.
 · Métodos mistos: detectores de radiação podem operar também com base 
em outros princípios. Um simples termômetro pode detectar radiação 
infravermelha, pois a energia transformada em calor aumenta a energia das 
moléculas de álcool ou mercúrio, com a consequente expansão do fluido. 
Esse termômetro pode ser protegido de outros tipos de fontes de calor de 
modo que apenas a energia radiante seja medida. Esse tipo de termômetro 
será discutido com mais pormenores no capítulo sobre calor.
A energia radiante pode afetar a resistência elétrica de um fio, de modo que pela 
detecção de pequenas alterações de corrente pode-se ter um instrumento para medir 
intensidades de uma faixa do espectro eletromagnético.
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Radares são instrumentos que captam os ecos do sinal por eles emitidos, sendo 
usados desde na aviação até no controle de velocidade nas estradas. Apesar de operarem 
na banda de frequência entre 100 Hz e 100 GHz, eles não medem exatamente radiação 
não ionizante e não podem ser classificados como radiômetros.
Agente físico - exposição aos ambientes frios
A exposição ao frio pode se dar em trabalhos ao ar livre em climas frios ou em 
ambientes fechados como em câmaras frigoríficas. O mecanismo termorregulador, 
localizado no hipotálamo, ativa os mecanismos para o controle térmico mantendo a 
temperatura interna constante. No caso do aumento da

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