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Das penas

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DAS PENAS
CONCEITO DE PENA: é uma resposta, uma retribuição imposta pelo Estado àquele que pratica um ilícito penal (crime e contravenção) – com objetivo de prevenção do crime. 
 ESPÉCIES DE PENA – CF/88
Art. 5.º - XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
 ESPÉCIES DE PENAS VEDADAS PELA CF/88
Rol Taxativo
A CF/88 autoriza outras penas além nas prevista no Art. 5.º, inc. XLVI, CF/88, no entanto o próprio constituinte proibiu determinadas espécies de pena: 
Art. 5.º - XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
As espécies de penas estão previstas no Art. 5.º da CF/88 – portanto, constituem CLÁUSULAS PÉTREAS e não podem ser suprimidas nem mesmo por Emenda Constitucional: 
Art. § 4.º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV -  os direitos e garantias individuais.
INEXISTE POSSIBILIDADE DE PROJETO DE LEI OU DE EMENDA CONSTITUCIONAL TENDENTE A ADOÇÃO DA PENA DE MORTE. Tal debate deve ser considerado meramente acadêmica, pois existe vedação constitucional. 
PENA DE MORTE: somente no caso de guerra declarada – na forma prevista no Código Penal e Processual Militar. 
CARÁTER PERPÉTUO: a materialização da pena de caráter perpétuo está no Art. 75 do CP, caput: o cumprimento da pena privativa de liberdade não pode ultrapassar 30 anos.
TRABALHOS FORÇADOS: a LEP estabelece a obrigatoriedade do trabalho ao condenado por pena privativa de liberdade. No entanto, caso se recuse a execução dos serviços, NÃO PODE SER FORÇADO. 
 
BANIMENTO: retirada forçada de um nacional de seu país, como método de repressão política, em virtude da prática de determinado fato no território nacional. Ou seja, é a extinção da possibilidade de um cidadão viver em sua terra natal – pode gera um cidadão apátrida, se não possuir previamente a dupla cidadania. É vedada a pena de banimento do brasileiro nato ou naturalizado. 
 
CRUÉIS: por exemplo, tratamento desumano e degradante, açoites, chicotes, marcações de ferro. 
FINALIDADES DA PENA
TEORIA ABSOLUTA ou da RETRIBUIÇÃO: finalidade da pena é PUNIR o infrator (retribuir o mal que fez à sociedade e à vítima, com a prática do delito); 
TEORIA RELATIVA ou da PREVENÇÃO: a finalidade da pena é intimidar, EVITAR que novos delitos sejam cometidos; 
PREVENÇÃO GERAL: ocorre no momento da cominação da pena em abstrato pelo legislador e visa intimidar toda a sociedade (ambiente social) – prevenção antes da prática do crime. 
PREVENÇÃO ESPECIAL: na sentença (cominação da pena em concreto), o juiz aplica a pena visando proteger a sociedade da reincidência do delinquente = ao mesmo tempo, a prevenção especial é direcionada para a ressocialização e reingresso do delinquente ao convívio social - prevenção que ocorre após a prática do crime. 
TEORIA MISTA ou CONCILIATÓRIA: pena tem finalidade repressiva e preventiva (art. 59 – repressão e prevenção do crime). 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS ÀS PENAS
LEGALIDADE e ANTERIORIDADE - Nullum crimen, nulla poena sine lege praevia. 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Art. 5.º - XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
LEGALIDADE (ou reserva legal): A tipicidade da conduta e a pena devem estar previstas em lei vigente – não se admitindo pena comuninada em decreto, resolução, medida provisória. 
ANTERIORIDADE: a lei que incrimina a conduta e impõe a pena deve estar em vigor na época em que o infração penal for praticada (não se pune fato pretérito à lei)
2. PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO (ou humanidade) – são vedadas penas cruéis, de morte, trabalhos forçados, de banimento, perpétua – decorrência do Princ. da Dignidade da Pessoa Humana. 
3. PESSOALIDADE (ou intranscendência, personalidade) - a pena não pode passar da pessoa do condenado – pena corporal e pena de multa (fundo penitenciário nacional). 
ATENÇÃO: Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO: só permite até o limite da herança deixada pelo de cujos (PERDIMENTO DE BENS E REPARAÇÃO DOS DANOS é retirado do patrimônio herdado, não podendo se estender aos sucessores – não pode adentrar no patrimônio dos herdeiros).
4. PROPORCIONALIDADE – a pena deve ser proporcional ao crime praticado. Este princípio deve nortear o legislador para evitar distorções entre a pena em abstrato e a gravidade do delito. 
5. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA – Art. 5.º - XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...] – de acordo com a culpabilidade e os méritos pessoais do acusado – grau de periculosidade, agravantes, atenuantes, reincidência. É um direito fundamental do réu. 
NUCCI: pena exata e merecida, não pena-padrão
Crimes hediondos: antes da previsão legal da progressão de regime de cumprimento da pena (2/5, se primário; 3/5, se reincidente) predominava entendimento de que o cumprimento em regime integralmente fechado violava o princípio da individualização da pena, devendo, por isso, ser autorizada a progressão de regime. 
Tráfico de drogas: Declarou inconstitucional arts. 44 e 33, §4.º da Lei n. 11.343/2006, autorizando a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime de tráfico, sempre que a pena for igual ou inferior à 4 anos e não haja violência ou grave ameaça, por violação à individualização da pena. 
A INDIVIDUALIZAÇÃO da pena se faz de três etapas: 
LEGISLATIVA: fixação da pena mínima e máxima em abstrato, no momento da criação da norma; 
JUDICIAL: na sentença, quando o juiz aplica a pena no caso concreto;
EXECUTÓRIA: individualização promovida no juízo da execução, que traz como consequência, por exemplo, a progressão e regressão no cumprimento da pena. 
6. INDERROGABILIDADE – o juiz não pode deixar de aplicar uma pena ao condenado – salvo exceções legais, como o perdão judicial em crimes de homicídio culposo, lesão corporal culposa, receptação culposa.
PENAS PRINCIPAIS 
O legislador regulamentou as penas principais no art. 32 do Código Penal: 
1. Pena Privativa de Liberdade: penas de reclusão e detenção para os crimes (art. 33, CP). Pena de prisão simples para as contravenções penais (LCP, art. 6.º - Decreto Lei n.º 3.688/41); FORMA PRINCIPAL DE PUNIÇÃO.
2. Pena Restritiva de Direitos: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de final de semana (art. 43, CP).
3. Pena de multa: art. 49, CP. 
RECLUSÃO E DETENÇÃO
Os crimes apenados com RECLUSÃO são considerados mais graves pelo legislador. Ex: homicídio, estupro, roubo, furto, estelionato, concussão, peculato, tráfico de drogas.
Os crimes apenados com DETENÇÃO são considerados menos graves pelo legislador. Ex: lesão corporal leve, prevaricação, desobediência, desacato. 
1. RECLUSÃO E DETENÇÃO – principais diferenças: 
RECLUSÃO: pode ser cumprida em regime fechado, semiaberto e aberto – inclusive, o juiz pode fixar o cumprimento da pena em regime incialmente fechado. 
DETENÇÃO: pode ser cumprida em regime semiaberto e aberto – salvo no caso de regressão (já em sede de execução da pena) é que vai ser cumprido em regime fechado (o juiz da sentença nunca pode determinar o início do cumprimento em regime inicialmente fechado) 
2. MEDIDA DE SEGURANÇA (sanção penal – mas não pena, por não estar prevista na CF/88). Aplicável aos inimputáveis por doença mental: 
Art. 97 - Se o
agente for inimputável, o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
 
INTERNAÇÃO: se o crime for apenado com RECLUSÃO (hospital de custódia e tratamento).
TRATAMENTO AMBULATORIAL: se o crime for apenado com detenção.
3. RECLUSÃO – por ser mais grave, cumpre-se antes da DETENÇÃO – disposição do art. 69 e 76 do Código Penal. 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
4. EFEITOS SECUNDÁRIOS ESPECÍFICOS DA SENTENÇA: nos crimes apenados com RECLUSÃO, o juiz pode determinar, de modo fundamentado, a incapacidade para exercício do pátrio poder (poder familiar), da curatela ou tutela, se o crime doloso for praticado contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, CP). 
Ex: No crimes de maus tratos (art. 136) não é possível, pois apenado com detenção. No entanto, na sua forma qualificada pela lesão corporal grave, é possível porque apenado com reclusão (art. 136, § 1.º). 
PRISÃO SIMPLES
Modalidade de pena privativa de liberdade prevista na Lei de Contravenções Penais (art. 6.º): 
O regime de cumprimento de pena: ABERTO E SEMIABERTO. Em hipótese alguma, é possível em regime fechado;
 A pena não pode ser cumprida com rigor penitenciário – em regime aberto ou semiaberto, em ala especial ou seção de prisão comum; 
3. Deve cumprir a pena separado de quem foi condenado pela prática de crime; 
4. Trabalho facultativo quando a pena não superar 15 dias. 
ATENÇÃO: na prática, só cumpre a pena de prisão simples se for reincidente. Quando primário, por ser infração de menor potencial ofensivo, pode haver suspensão condicional do processo e substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. 
COMINAÇÃO DAS PENAS
As penas podem ser cominadas abstratamente: 
ISOLADAMENTE: somente uma pena (homicídio: pena privativa de liberdade);
CUMULATIVAMENTE: aplica-se ao agente mais de uma pena (furto: pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa);
ALTERNATIVAMETE: opção entre duas modalidades de penas (ameaça: detenção ou multa).
REGIMES PENITENCIÁRIOS
FECHADO: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima e média; 
SEMIABERTO: cumpre a pena em colônia agrícola, industrial ou similar; 
ABERTO: trabalha ou frequenta cursos durante o dia e recolhe-se a noite em Casa do Albergado ou estabelecimento similar; 
REGIMES PROGRESSIVO DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Nos termos do Art. 33, § 2.º do CP e do Art. 112 da LEP – Lei de Execução Penal – a pena privativa de liberdade será executada de forma progressiva = do regime mais rigoroso, para o menos rigoroso, quando o preso tiver cumprido as exigências legais. 
1/6 de cumprimento no regime mais rigoroso – pode o condenado ser transferido para o regime mais brando. Por exemplo: 
 FECHADO SEMIABERTO
Se o crime for Hediondo ou equiparado (tráfico de drogas, terrorismo e tortura) – necessário para a progressão o cumprimento de 2/5, se primário; 3/5, se reincidente (a partir da Lei n.º 11.464/2007). Antes de 2007: STF entende ser 1/6. Não há imposição obrigatória de regime fechado inicial. 
CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
SISTEMA PROGRESSIVO 
Art. 33. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
Art. 112, LEP - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário [...].
 
 
Atualmente, para a progressão, basta o atestado de boa conduta carcerária (Boletim Informativo) e o cumprimento do tempo de pena exigido – EXAME CRIMINOLÓGICO tornou-se facultativo. O juiz, considerando as peculiaridades da causa, se entender necessário para sua convicção, pode requerer o exame o exame criminológico ou ouvir a Comissão Técnica de Classificação – em decisão adequadamente motivada. 
Súmula 439, STJ = Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. 
NA PRÁTICA: a desativação das Comissões Técnicas de Avaliação pelo Poder Executivo – o juiz conta apenas com o exame criminológico, no qual participa um médico psiquiatra, um psicólogo e um assistente social. 
REQUISITOS PARA PROGRESSÃO DE REGIME
OBJETIVO: verificar o tempo de cumprimento da pena no regime anterior (1/6 ou regra dos crimes hediondos)
SUBJETIVO: mérito do condenado através da verificação do bom comportamento carcerário (emitido pelo Direito da Penitenciária – Boletim Informativo) 
Se o juiz entender, pode requerer o exame criminológico (faculdade do juiz). 
O juiz da execução deve ouvir o Ministério Público e a defesa (art. 112, LEP)
REGIME INICIAL DO CUMPRIMENTO DE PENA 
O juiz, ao proferir uma sentença condenatória, deve fixar o regime inicial de cumprimento (art. 10, Lei de Execução Penal), observando os critérios do Art. 33, § 2.º. 
Primeiro passo é verificar se a pena é de RECLUSÃO ou DETENÇÃO 
PROGRESSÃO CRIMES PRATICADOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: condicionada à reparação do dano causado ao erário – além de cumprir 1/6 e ter bom comportamento carcerário – é necessária a recomposição do patrimônio público = reparar o dano ou devolver o produto do ilícito (art. 33, § 4.º). 
NUCCI = considera inconstitucional por ofensa à individualização da pena e ao inafastável o direito de progredir = STF considera constitucional.
CRIMES APENADOS COM RECLUSÃO
Os crimes apenados com RECLUSÃO podem ser cumpridos em regime aberto, semiaberto e fechado (Art. 33, caput). Para fixar o regime inicial, o juiz vai considerar a regra do Art. 33. § 2.º: 
a) PENA fixada na sentença superior a 8 anos = NECESSARIAMENTE o regime inicial de cumprimento FECHADO;
b) PENA superior a 4 anos e não exceda a 8 (oito), o réu poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime SEMIABERTO, se não for REINCIDENTE (réu primário);
c) PENA igual ou inferior a 4 anos, o réu poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto, SE NÃO FOR REINCIDENTE (réu primário); 
E SE O RÉU FOR REINCIDENTE? 
Se o condenado REINCIDENTE receber pena de reclusão, o regime inicial de cumprimento deverá ser em REGIME FECHADO, não importando a quantidade da pena imposta. 
Excepcionalmente, o crime apenado com pena igual ou inferior a 4 anos, o juiz poderá fixar ao REINCIDENTE o regime inicial SEMIABERTO (menos gravoso): 
SE AS CIRCUNSTÂNCIAS FOREM FAVORÁVEIS: 
Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos, se favoráveis as circunstâncias judiciais. (CAPEZ não concorda)
2. NO CASO DE MULTA: se o reincidente for apenado anteriormente com pena de multa, pode iniciar o cumprimento em regime semiaberto – e não o fechado – desde que a pena seja igual ou não superior a 4 anos. 
ATENÇÃO: o juiz, além de considerar a PENA e a PRIMARIEDADE – deverá combinar outros fatores para fixação do regime inicial de cumprimento da pena, conforme previsão do Art. 33, § 3.º: 
Art. 33. § 3.º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime.
O juiz pode determinar regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso? 
Sim, mesmo sendo o réu primário. Para tanto, as
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (conduta social, antecedentes, culpabilidade, personalidade, motivos, circunstâncias e consequências do crime – Art. 59) deverão ser consideradas DESFAVORÁVEIS pelo juiz quando da fixação do regime inicial de cumprimento da pena, com observância à Súmula n. 719. 
Súmula 719. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
"Regime Prisional mais gravoso. A Turma denegou a ordem de habeas corpus a paciente incurso nas sanções do art. 214 do CP , que buscava o abrandamento do regime prisional. Para o Min. Relator, o regime inicial mais gravoso (fechado) foi adequadamente firmado pelo juízo, devido às circunstâncias do delito praticado, em vítima de nove anos, sobrinho de sua companheira, portanto, no seio familiar, a merecer a repreensão mais severa. Nessas situações, o fato de o réu ser primário e a quantidade da pena aplicada (seis anos) não prevalecem sobre as características degradantes do ato praticado. Ademais, a jurisprudência deste Superior Tribunal firmou-se no sentido de que a escolha do regime prisional inicial não está vinculada de modo absoluto ao quantum da sanção imposta, devem-se considerar as demais circunstâncias do caso concreto. Precedentes citados: HC 98.295-PR , DJe 30/6/2008, e HC 112.760-RJ , DJe 16/2/2009. (HC 107.401-SP , Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/3/2009) " .
Como se vê, de acordo com o § 3º do dispositivo supracitado, a determinação do regime inicial de cumprimento de pena deve, sempre, observar (também) os critérios previstos no art. 59 (culpabilidade, antecedentes, conduta social, entre outros). O critério do quantum da pena deve ser combinado com outros critérios (primariedade ou reincidência + art. 59 do CP). Da conjugação de todos esses fatores é que emerge o regime inicial de cumprimento da pena. No caso, o réu foi condenado ao cumprimento de uma pena de seis anos de reclusão, o que, inicialmente, partindo da análise isolada do § 2.º do art. 33 do CP, lhe conferiria o direito ao regime semiaberto.
Porém, além da quantidade da pena aplicada e da primariedade, o juiz levou (e sempre deve levar) em consideração as condições judiciais elencadas pelo art. 59 do CP. O delito foi praticado contra vítima de 09 anos de idade e no seio familiar, o que conduziu o magistrado de 1º instância a determinar o regime fechado, como o inicial de cumprimento de pena
Uma decisão incensurável: o julgador, quando da fixação do regime inicial de cumprimento da pena, não está atrelado (exclusivamente) ao quantum imposto na sentença, devendo atentar-se, sim, como questão de justiça, (também) às circunstâncias previstas no Art.  59 do CP. 
O Código Penal firmou uma regra (levando em conta a quantidade da pena e a primariedade ou reincidência), mas essa regra comporta exceções, quando devidamente justificadas. Tudo isso possibilita ao juiz buscar o justo em cada caso concreto. 
SÚMULA 718, STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato (deve ser gravidade em concreto) do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Se o juiz fixou 1 ano de reclusão para o furto (pena mínima) – réu primário, não pode fixar regime inicial semiaberto sob o argumento de que o crime é grave. Ou por entender, por exemplo, que a receptação (pena de 1 a 4 anos de reclusão) é grave porque incentiva a criminalidade. 
SÚMULA 440, STJ – Fixada a pena-base no mínimo legal, é VEDADO o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sansão imposta, com base apenas na gravidade abstrata do crime. 
Se o juiz fixou a pena mínima ao condenado, significa que considerou favoráveis a circunstâncias judiciais do Art. 59. Se favoráveis para fixar a pena mínima, não podem ser desfavoráveis para fixação do regime inicial de cumprimento da pena. 
EM SÍNTESE: recebendo pena mínima, a regra é o regime inicial mais brando. Se o juiz sentenciante aplicar pena acima do mínimo, pode estabelecer regime mais rigoroso – desde que apresente motivação idônea (verifica no caso concreto que as circunstâncias são desfavoráveis).
Homicídio: pena em abstrato de 06 a 20 anos de reclusão. Se fixar a mínima de seis, não poderá determinar regime mais gravoso para o início do cumprimento da pena = deve ser no semiaberto. 
CRIMES APENADOS COM DETENÇÃO
O regime inicial para cumprimento da pena só pode ser o regime aberto e semiaberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado, no caso de regressão de regime (Art. 33, caput). Para fixar o regime inicial, o juiz vai considerar a regra do Art. 33. § 2.º: 
a) SEMIABERTO: se a PENA fixada na sentença superior a 4 anos e se o réu for REINCIDENTE; 
b) ABERTO: se a PENA fixada na sentença for igual ou inferior a 4 anos e o réu não for REINCIDENTE. 
O juiz pode determinar regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso? SEMIABERTO? 
Sim. Para tanto, as CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (conduta social, antecedentes, culpabilidade, personalidade, motivos, circunstâncias e consequências do crime – Art. 59) deverão ser consideradas DESFAVORÁVEIS. 
ATENÇÃO: se o réu reincidente for apenado apenas com pena de DETENÇÃO superior a 4 anos, regime inicial é semiaberto (Art. 33, § 2.º).
Por isso, se o réu reincidente tiver cometido vários crimes apenados com DETENÇÃO e a soma das penas superar 8 anos, também não pode iniciar em regime fechado, por falta de amparo legal. Somente nos casos de REGRESSÃO pode ser fixado REGIME FECHADO ao condenado por crime apenado com DETENÇÃO.
CORRENTE MAJORITÁRIA DA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA 
Não é possível fixar o regime INICIALMENTE fechado ao SETENCIADO que cometeu crime apenado com DETENÇÃO – só é possível o semiaberto. 
ALTERAÇÃO DO REGIME INICIAL PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO – o juiz das execuções não pode alterá-lo. Isso só é possível por razões supervenientes (durante a execução da pena, como progressão e regressão, nova condenação). 
OMISSÃO DO JUIZ SENTENCIANTE: se as partes não interporem embargos de declaração para suprir omissão, o juiz da execução deve fixar o regime inicial de cumprimento – devendo resolver em favor do réu, determinando o regime de cumprimento mais brando. 
PROGRESSÃO POR SALTO
Consiste na passagem direta do regime fechado para o regime aberto – em regra, não é permitida, pois a LEP exige o cumprimento (1/6, 2/5 ou 3/5, no caso dos crimes hediondos). 
É inadmissível segundo a Súmula 491, STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. 
STJ: admite decisão em sentido contrário. Entende que a falta de vagas – seja no regime semiaberto ou aberto – é um problema do Estado e o condenado não responder pela ineficiência Estatal. 
Súmula 56, STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
RE 641.320/RS: Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados: 
(I) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; 
(II) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; 
(III) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. 
Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado
 
NUCCI: entende estar errada a ideia de que o condenado deve “aguardar” a vaga do regime semiaberto em regime aberto. 
Se o sentenciado ingressa no ABERTO por falta de vaga no semiaberto e demonstra adaptação ao regime – inexiste razão para
colocá-lo no semiaberto se surgir a vaga – fere a finalidade de ressocialização da pena, gerando efeito negativo na proposta de reinserção social. 
Segundo o autor, a existência de vaga no semiaberto não deve determinar a regressão do sentenciado – salvo se verificada, pelo juízo da execução, a inadequação do sentenciado ao regime aberto. 
ATENÇÃO: se o condenado cumpriu o tempo e não tem a vaga. Por exemplo: cumpriu 1/6 e adquiriu o direito para ir pro semiaberto. Não tem vaga, então permaneceu no fechado e cumpriu mais 1/6. Neste caso, adquiriu o direito de ir para o aberto – não é salto, pois cumpriu o tempo de pena exigido. 
 
CONDENAÇÃO SUPERIOR A 30 ANOS: o índice de 1/6 (PROGRESÃO) deve ser calculado sobre o montante total da pena (art. 75, CP e Súmula 715, STF).
Assim, se o total da pena der 120 anos, depois de unificada, a porcentagem de 1/6 deve incidir sobre o total – 1/6 de 120 = 20 anos. 
Se for 300 anos, 1/6 de 300 = 50 anos – como é vedado o cumprimento superior a 30 anos, o réu deve ser colocado em liberdade com 30 anos de cumprimento da pena. 
FIXAÇÃO DE REGIME INICIAL NO CASO DO CONCURSO DE CRIMES: regime inicial deve considerar a pena total imposta: 
Se o concurso for MATERIAL ou FORMAL IMPERFEITO: deve-se proceder a soma e depois fixar o regime inicial; 
Se o concurso for FORMAL ou CRIME CONTINUADO: o resultado final da exasperação (ou soma, no material benéfico). 
Se ALGUMA PENA FOR DE RECLUSÃO: deve-se observar o montante a ser cumprido e fixar o regime segundo a regra da reclusão. 
Se todas forem de DETENÇÃO: deve-se observar a regra da detenção. No máximo, vai iniciar em regime semiaberto, tendo em vista que só pode fechado no caso de regressão. 
NOVA CONDENAÇÃO DURANTE A EXECUÇÃO
O juiz da execução vai fixar novo regime de cumprimento da pena: o regime de cumprimento da pena é fixado pelo juiz na sentença penal (Código Penal, artigo 59, III), mas, na hipótese prevista no art. 111 da LEP caberá ao juiz da execução fixar o novo regime inicial: 
Art. 111. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. 
 
Soma-se a nova pena ao que falta para cumprir da anterior para fixar o novo regime de cumprimento de pena: 
Pena de 5 anos da primeira condenação. Cumpriu 3 anos, faltam 2 anos de detenção para cumprimento do total da pena. Sobrevindo uma condenação de 7 anos de reclusão, restam 9 anos que devem ser cumpridos em regime inicialmente fechado. 
CRITÉRIOS PARA REGRESSÃO
Basicamente são três situação autorizam a transferência do preso do regime menos severo para o mais rigoroso. (SEMIABERTO FECHADO)
1. QUANDO A REGRESSÃO DECORRE DE CONDENAÇÃO NO CURSO DA EXECUÇÃO - na fase da execução, sobrevém nova condenação (art. 111, LEP)
Um sujeito condenado a pena de 6 anos em regime semiaberto – e sobrevém condenação de 4 anos em regime aberto, o juiz realizar a soma e determinar o cumprimento de 10 anos de pena, em regime incialmente fechado (deve regredir, porque demonstrou a inadaptação para o regime semiaberto). 
2. REGRESSÃO POR FALTA: falta grave (art. 119, inc. I, da LEP). Por exemplo, são faltas graves a apreensão de celular, entorpecente, desobedecer à ordem de funcionário, fuga (art. 50, LEP).
3. PRÁTICA DE CRIME DOLOSO: o condenado, durante a execução da pena, comete infração dolosa. 
CONDENADO CUMPRE PENA NO REGIME FECHADO E COMETE FALTA GRAVE 
Não é possível regredir um preso que comete falta grave no fechado (o FECHADO é o sistema mais severo). Deverá iniciar nova contagem de tempo para progressão – calculada sobre o restante da pena que tem a cumprir (e não o montante inicialmente imposto = sobre o restante da pena).
Réu condenado a crime comum a 12 anos de reclusão. Deve cumprir 1/6 para progredir pro regime fechado (2 anos). Cumprido 1 ano de pena, comete falta grave, quando faltam 11 anos de cumprimento da pena. 
Então deve começar nova contagem de tempo para que possa progredir. Assim, só vai progredir quando cumprir 1/6 sobre o que falta da pena: no caso, 1/6 de 11 anos. 
REGRESSÃO POR SALTO
Determina o Art. 118, caput, LEP: A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos. 
De acordo com este artigo o juiz pode transferir o preso para qualquer regime mais rigoroso – sendo autorizado, portanto, determinar o cumprimento no fechado, quando o preso comete crime no aberto. 
CASO CONCRETO: (HC 134060 MC, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 26/04/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-083 DIVULG: 28/04/2016 PUBLIC: 29/04/2016)
Condenação pelo crime de tráfico de drogas à pena de 6 (seis) anos e 2 (dois) meses em regime semiaberto. Cumpriu a pena e progrediu para o aberto – mas por praticar o crime de receptação foi regredido pelo juízo ao regime fechado. 
A execução da pena é flexível e respeita a individualidade de cada condenado. Havendo merecimento, a tendência é a finalização da pena no regime mais brando, que é o aberto. 
Se o condenado demonstrar a inadaptação ao regime no qual está implantado, poderá haver a regressão. Nesse sentido a decisão, que citou um trecho do NUCCI (Leis Penais e Processuais Penais comentadas vol. 2. 6ª ed. São Paulo: RT, 2012, p. 299): 
“A execução da pena é flexível e respeita a individualidade de cada condenado. Havendo merecimento, a tendência é a finalização da pena no regime mais brando, que é o aberto. Se faltas graves forem cometidas, demonstrando a inadaptação do condenado ao regime no qual está inserido, poderá haver regressão. Não existe a obrigatoriedade de retornar ao regime anterior, vale dizer, se estava no aberto, deve seguir ao semiaberto. Eventualmente, conforme preceitua o art. 118, caput, pode ser o condenado transferido para qualquer dos regimes mais rigorosos, sendo viável o salto do aberto para o fechado. Depende, pois, do caso concreto.”
LOCAL CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME FECHADO
Estabelecimento de segurança MÁXIMA E MÉDIA: ou seja, com rigor penitenciário. Lei determina: cela com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, em ambiente arejado, boas condições térmicas, área mínima de 6 metros quadrados. 
As penitenciárias destinadas a homens devem ser construídas em lugares afastados, porém em distância que não inviabiliza as visitas. 
 PENITENCIÁRIA FEMININA: deve ter ala de gestantes e parturiente bem como creche para amparar crianças de 6 meses a 7 anos, que esteja desamparada. 
COMENTÁRIOS: falência da pena de prisão – o executivo não cumpre a lei e as penas muitas vezes são cumpridas sem qualquer condição de salubridade, em cadeias (o que é proibido) – distante do adequado sistema punitivo. 
Em presídio do Piauí, há baratas na caixa d´água, esgoto dentro das celas e dezenas de ratos nos corredores. Em outro, um surto de sarna atingiu 150 detentos e até o diretor do presídio. 
Já em Natal, visitamos o IML (Instituto Médico Legal), que não comporta mais tantos mortos. Os corpos são deixados no pátio, sob um sol de mais de 30 graus.
 
No Piauí e na Bahia metade das mortes que ocorrem dentro do sistema penitenciário é causada por doenças como HIV, sífilis e tuberculose. As condições sanitárias são péssimas. 
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
Criado pela Lei n.º 10.792/2003 – que alterou a LEP autorizando o RDD. 
Pode ser decretado para preso provisório (prisão em flagrante ou prisão preventiva), definitivo, nacional ou estrangeiro. 
BASTA UM DESTES REQUISITOS PARA A DECRETAÇÃO DO RDD: 
1. Prática de fato definido como crime doloso durante o cumprimento da pena que implique subversão da ordem ou disciplina; 
2. Existência de provas de que o preso apresenta risco para a ordem e segurança do estabelecimento e da sociedade; 
3. Fundadas suspeitas de envolvimento e participação do preso, a qualquer título, em organizações criminosas. 
O Regime Disciplinar Diferenciado
tem as seguintes características: 
DURAÇÃO: máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição, se for praticada nova falta grave da mesma espécie (que autorize o RDD), limitado a 1/6 da pena aplicada. 
Por isso, se receber pena de 12 anos, pode ficar no máximo, 2 anos neste regime (1/6) da pena.
CONSEQUÊNCIAS: 
Recolhimento em cela individual; 
Possibilidade de duas visitas semanais, sem contar crianças, por duas horas; 
Duas horas de sol (22 horas em cela individual). 
COMPETÊNCIA PARA DECRETAR A MEDIDA: juiz das execuções, a requerimento fundamentado do diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa (Secretário da Adm. Penitenciária ou Segurança Pública). 
O juiz deve ouvir o Ministério Público e a defesa. O prazo para resposta é de 15 dias. O diretor do estabelecimento prisional pode isolar preventivamente o preso por 10 dias de recolhimento. 
ATENÇÃO: não se trata de um ato meramente administrativo. É um ato judicial que depende de manifestação do MP e da Defesa – devendo a decisão ser motivada pelo juiz da execução. 
Constitucionalidade da medida: muitas defendem que o RDD fere o princípio da dignidade humana – principalmente no que se refere ao fato de manter a pessoa 22 horas em cela individual. 
Ao mesmo tempo, muitos defendem ser uma medida proporcional à gravidade do crime organizado. Não se pode tratar o preso comum da mesma forma que os líderes das facções que praticam crimes dentro e fora das prisões. 
Além disso, não seria viável considerar a inconstitucionalidade do RDD, tendo em vista que muitos presos vivem em situações precárias e insalubres – diferente de quem está no RDD que tem a garantia da cela individual, com segurança e higiene. 
APURAÇÃO INFRAÇÃO DISCIPLINAR
Quando o preso comete uma infração disciplinar - falta grave (art. 50, LEP) ou um crime doloso - durante a execução da pena, deve ser instaurado um procedimento disciplinar para apuração da sua conduta.
Neste procedimento é garantido princípio da ampla defesa: o preso será assistido por um advogado particular ou por um defensor público. 
O diretor do estabelecimento prisional deve enviar a decisão desta apuração para o juiz da execução para que este decida motivadamente sobre a regressão. 
Prazo para início e conclusão do procedimento na unidade prisional: 3 anos. A LEP é omissa em relação ao prazo (fixado pela jurisprudência). 
Além da regressão no regime de cumprimento da pena e possibilidade de perda de até 1/3 dos dias remidos, o preso é punido com restrição ou privação de direitos e isolamento – se não for caso de RDD. 
A autoridade administrativa (diretor do estabelecimento) pode determinar o isolamento preventivo pelo período de 10 dias (que será ao final, descontado se tiver que cumprir mais dias de isolamento). 
USO DE CELULAR
PARA O PRESO: não é crime, FALTA GRAVE. 
LEP: tiver em posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar que permita comunicação com outros presos. 
PARA O FUNCIONÁRIO PÚBLICO: crime previsto no Art. 419-A – Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (pune apenas a conduta omissiva do funcionário público)
Crime previsto no Art. 349-A: Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (crime contra a administração da justiça – pode ser praticado por qualquer pessoa)
DIREITOS POLÍTICOS DO PRESO (votar e ser votado): a sentença condenatória transitada em julgado (art. 15, III, CF/88) suspende os direitos políticos do sentenciado, enquanto durar o cumprimento da pena. 
O preso provisório (sem sentença com trânsito em julgado ou que cumpre prisão em flagrante, preventiva) tem direito ao voto e os juízes eleitorais devem providenciar com antecedência as medidas necessárias para o exercício deste direito. 
NA PRÁTICA: o juiz eleitoral requisita à unidade prisional informações acerca do número de presos eleitores. A unidade passa um formulário individual para que os presos se manifestem. Se tiver o número mínimo de eleitores necessários para uma Seção Eleitoral Especial (50 eleitores), poderá haver votação nas unidades que abrigam presos provisórios. 
 
TRABALHO INTERNO DO CONDENADO
O trabalho interno, quando existe no estabelecimento, é realizado durante o dia e de acordo com as aptidões do preso. É remunerado (não pode ser menos de ¾ do salário mínimo). 
É um dever do preso. A recusa ao trabalho constitui falta grave (art. 50, VI, LEP). Não será inferior a 6h, nem superior a 8h, com descanso semanal aos sábados e feriados. Não é obrigatório ao preso provisório. 
TRABALHO EXTERNO DO CONDENADO
No regime fechado o trabalho externo só é possível em obras públicas, realizados por órgãos da administração direta ou indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (SOB VIGILÂNCIA).
REQUISITOS: cumprimento de 1/6 da pena, aptidão, disciplina, indispensável o exame criminológico. Depende de autorização administrativa do diretor do estabelecimento e consentimento expresso do preso.
Dois mil e quinhentos presos do Espírito Santo têm o direito de trabalhar como forma de reduzir a pena. Destes, 62 trabalham em obras públicas do Estado, como no Hospital da Polícia Militar. Além do benefício da redução do tempo na prisão, os detentos têm a oportunidade de ressocialização e as empresas e estado ganham mais mão de obra. As funções são as mais variadas: pedreiro, pintor e eletricista são algumas delas. A cada três dias trabalhados, a pena é reduzida em um dia. 
Pelo menos 200 reeducandos da Penitenciária Central do Estado (PCE) e do Centro de Ressocialização de Cuiabá devem começar a trabalhar neste mês em obras de reforma de praças da capital. Cuiabá foi a última das 30 cidades mato-grossenses a aderir ao projeto de reinserção social dos reeducandos, que a cada três dias de trabalho têm a remição de um dia da pena. Eles ficarão o dia fora e  devem retornar ao final do dia para a unidade prisional. Durante o período em que estiverem trabalhando, serão monitorados por um agente prisional para evitar a fuga. O monitoramento também será feito por meio das tornozeleiras ou pulseiras eletrônicas, que já foram adquiridas pelo governo e devem ser colocadas nos presos após a Justiça definir quem irá usá-las.
REMIÇÃO POR TRABALHO – prevista na Lei de Execução Penal, garantindo 1 dia de pena a menos a cada 3 dias de trabalho – inclusive para preso provisórios e hediondos ou equiparados. 
A remição pelo trabalho é um direito de quem cumpre a pena. Em maio de 2015, a 3ª Seção do STJ pacificou o entendimento de que o trabalho externo pode ser contado para remir a pena de condenados à prisão, e não apenas o trabalho exercido dentro do ambiente carcerário.
REMIÇÃO POR ESTUDO – o condenado que cumpre a pena em regime fechado, semiaberto e ABERTO (art. 126, §2.º LEP) pode remir 1 dia de pena a cada 12 h de frequência escolar, caracterizada por atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação profissional. Podem ser de forma presencial ou pelo Ensino a Distância (EAD), desde que certificadas pelas autoridades educacionais competentes. Aumenta-se 1/3 se concluir ensino médio, fundamental ou superior. 
REMIÇÃO POR LEITURA – já é realidade em diversos presídios do país. De acordo com a Recomendação n. 44 do CNJ, deve ser estimulada a remição pela leitura como forma de atividade complementar, especialmente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho, educação e qualificação profissional. 
Há necessidade de elaboração de um projeto por parte da autoridade penitenciária estadual ou federal visando a remição pela leitura. 
O preso deve ter o prazo de
22 a 30 dias para a leitura de uma obra, apresentando ao final do período uma resenha a respeito do assunto, que deverá ser avaliada pela comissão organizadora do projeto. Cada obra lida possibilita a remição de quatro dias de pena, com o limite de doze obras por ano, ou seja, no máximo 48 dias de remição por leitura a cada doze meses.
SE O PRESO COMETER FALTA GRAVE O JUIZ PODERÁ REVOGAR, no máximo, 1/3 dos dias remidos. 
DETRAÇÃO PENAL: Computa-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de (art. 42, CP): 
Prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro (prisão antes da condenação: flagrante e preventiva, por exemplo); 
Prisão administrativa;
Internação em casas de saúde: hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (internação provisória – art. 319, VII, CPP).
EXEMPLO: alguém foi condenado a 3 anos e 6 seis meses e havia ficado preso por 6 meses aguardando a sentença (prisão provisória), terá de cumprir apenas o restante da pena, ou seja, 3 anos. Se for tempo de medida de segurança, computa-se também. 
Desconta-se este tempo, independentemente do regime inicial fixado. Se ficou 4 meses provisoriamente preso e recebe uma condenação de 2 anos e 4 meses em regime aberto, desconta-se 4 meses, restando apenas 2 anos para cumprimento. 
PRISÃO ADMINISTRATIVA: aquela decretada por autoridade administrativa para compelir o devedor ao cumprimento de uma obrigação. Todavia, com a Constituição Federal de 1988, tal instituto foi abolido:
Art. 5º. LXI. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
DETRAÇÃO E REGIME INICIAL DO CUMPRIMENTO DA PENA 
O art. 387, § 2.º do CPP prevê expressamente que a detração deve ser levada em conta na fixação do regime inicial do cumprimento da pena. Surgiram diferentes entendimentos: 
1. O juiz DEVE aplicar a pena no caso concreto e, no final, antes de fixar o regime inicial de cumprimento, descontar o tempo de prisão provisória.
2. É uma FACULDADE do juiz do processo de conhecimento (juiz sentenciante) – se não o fizer, a detração será computada no juízo das execuções. A intenção do legislador foi permitir que o juiz aplique regime inicial mais brando mediante o cômputo do tempo de pena provisória. 
O juiz, de acordo com o Art. 387, § 2.º CPP, ao condenar o réu deverá descontar o tempo da prisão provisória, para depois fixar o regime inicial:
8a e 4m de reclusão – 6 meses de prisão provisória = 7 anos e 10 meses, que autoriza, se for primário, o início no regime semiaberto. 
A mesma pena para réu primário que não ficou preso determina o regime inicial fechado de cumprimento da pena (superior a 8 anos). 
SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL – o juiz da execução pode determinar a conversão da pena privativa de liberdade por medida de segurança se, durante a execução da pena, sobrevém doença mental. No entanto, deve respeitar o tempo final de cumprimento da pena. 
DIFERENTE DE QUANDO DETERMINA A MEDIDA DE SEGURANÇA NA SENTENÇA: absolvição imprópria, aplica-se a Medida de Segurança no lugar da pena, por tempo indeterminado (enquanto perdurar a periculosidade, atestada por perícia – art. 97, CP). 
PERMISSÕES DE SAÍDA DE PRESOS
PROVISÓRIOS, FECHADO E SEMIABERTO
É permitida a saída do preso do estabelecimento prisional, MEDIANTE ESCOLTA, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão ou para tratamento médico (art. 120, LEP). 
Saída vai durar apenas o TEMPO NECESSÁRIO À FINALIDADE DA SAÍDA. Quem autoriza esta saída é o diretor do estabelecimento. Se houver recusa, é possível ser feito ao juiz da execução criminal. 
SAÍDA TEMPORÁRIA DO SEMIBERTO
O regime semiaberto é cumprido em colônia agrícola ou industrial, ou em estabelecimento similar. É a saída sem vigilância (pode ter monitoramento eletrônico), mediante autorização judicial (art. 112, LEP): 
Visita à família;
 
II. Frequência em curso profissionalizante, de segundo grau ou superior, na comarca do juízo da execução; 
III. Participação em atividades que concorram ao convívio social. 
REGRAS: prazo não superior a 7 dias, que poderá ser renovado por mais 4 vezes durante (5 vezes ao ano), com distância de 45 dias entre uma e outra. No caso de curso: tempo de saída necessário para cumprimento da atividade 
O juiz pode impor condições ao preso com direito ao beneficio (art. 124, LEP, rol exemplificativo, pois pode impor outras): 
Fornecer endereço da família ou onde pode ser encontrado;
Recolhimento na residência no período noturno; 
Não frequentar lugares, bares, casas noturnas. 
O juiz (ato judicial motivado), além de ouvir o Ministério Público e a Administração Penitenciária (diretor da Unidade Prisional), deve verificar os seguintes requisitos para a autorização de saída temporária: 
Comportamento adequado; 
Cumprimento de 1/6 da pena, se primário; e 1/4 se reincidente;
Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena
Súmula n. 40, STJ – considera-se o tempo de pena cumprido no fechado (ou seja, o tempo de 1/6 que da progressão).
REVOGAÇÃO automática: se praticar crime doloso, cometer falta grave, desatender as condições impostas pelo juiz ou revelar baixo aproveitamento no curso (só terá direito após ser ABSOLVIÇÃO DO CRIME, CANCELAMENTO DA FALTA GRAVE ou DEMONSTRAÇÃO DE MERECIMENTO. 
MONITORAMENTO ELETRÔNICO 
Saída temporária e prisão domiciliar 
Art. 146-C.  O condenado com monitoramento possui os seguintes deveres: 
      
I. receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;      
II – não pode remover, violar, modificar, danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;       
A violação destes deveres poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:  regressão, revogação saída temporária ou prisão domiciliar, advertência. 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES QUANTO AOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (terrorismo, tráfico e tortura)
A Lei n. 11.464/20017 alterou a Lei dos Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90). 
Não existe mais qualquer proibição à progressão do crime hediondo e assemelhados. 
Crime hediondos praticados antes de 2007 – a progressão do regime deve obedecer o requisito temporal de 1/6 por ser mais benéfico (art. 33 CP e 11 da LEP). 
Não há imposição obrigatória de início do cumprimento da pena em regime fechado. Assim sendo, se a pena for não superior a 8 anos, o regime inicial poderá ser no semiaberto, se o réu não for reincidente. 
Um pessoa foi condenada pela Primeira Turma do STF a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime inicial fechado e 248 dias-multa pelo crime de lavagem de dinheiro. O ministro do STF Edson Fachin determinou o início do cumprimento da pena. O auto do crime foi condenado em processo que o acusa de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O recurso seria relativo desvios de obras públicas que foram enviadas ao exterior, por meio da atuação de doleiros, a partir de um esquema de cobrança de propina, na década de 1990. 
A denúncia apontava que as obras foram superfaturadas e o dinheiro da prefeitura foi desviado por meio da subcontratação de outras empresas que emitiam notas fiscais falsas para simular a realização de serviços e justificar a transferência do dinheiro desviado. O autor não foi condenado por corrupção passiva, pois esse crime já havia prescrito, ou seja, o tempo decorrido desse os crimes não permitia mais que ele fosse punido por eles. 
Este condenado encontra-se preso com 87 anos de idade, acometido de neoplasia metastática, patologia cardíaca e outros males, com altos mensais aos cofres públicos. 
De acordo com os princípio que regem a pena, não seria mais racional autorizar conversão para o regime
domiciliar? Com base em qual princípio? 
Essa pena – cominada tantos anos depois, atinge sua finalidade repressiva e preventiva?
QUESTÃO DOS TRANSEXUAIS
Em abril de 2014, entrou em vigor a Resolução Conjunta 1, editada pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, prevendo a possibilidade de  transferência de “pessoas que passaram por procedimento cirúrgico de transgenitalização” para “Unidades Prisionais do sexo correspondente”.
As alas especiais funcionam em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba e Mato Grosso. Em São Paulo, onde vive 40% da população prisional brasileira, não há política oficial de separação dos LGBTs dos demais. 
AS TRANSFERÊNCIAS QUE EXISTEM FORAM DECORRENTES DE DECISÕES JUDICIAIS. 
NA PRÁTICA: ficam em penitenciárias ou CDPs masculinos, no raio do seguro e em cela própria. Assim que entra separa imediatamente e informa o juiz corregedor – que na maioria das vezes tem fixado regras específicas para a população transexual. 
 
SUGESTÃO: 
https://www.youtube.com/watch?v=KROJ2urwh6M

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