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Constitucional 1 Introdução: Revolução Francesa (1789): derruba a monarquia (Estado Absolutista) e cria o Estado Liberal. Surgem os Direitos Fundamentais (1a dimensão) e a Separação de Poderes, para limitar o poder absolutista do Estado, bem como a Constituição para instituir as normas aplicáveis ao Estado e seus cidadãos. Alguns autores acreditam que os direitos fundamentais surgiram em 1776 com a Revolução Americana, no entanto, o EUA era periférico, e a França acabou se destacando como a precursora dos direitos fundamentais, pois derrubou a monarquia absolutista em 1789, passando a criar oficialmente o Estado Liberal, tendo como característica a Separação de Poderes e uma Constituição para ser cumprida pelo Estado e seus cidadãos. Esta Revolução irradiou pela Europa seus ideais, fazendo cair as monarquias da época. Separação dos Poderes: diminui/limita o poder do Estado. Antes, o rei tinha em suas mãos todos os poderes. O mesmo ocorre durante ditaduras, sejam elas militares ou não. No Brasil, a grande preocupação da atualidade é que o Poder Judiciário esteja acima dos demais poderes (Legislativo e Executivo). Estado Liberal: Estado mínimo, liberdade individual, não interventor (que não intervém nas relações privadas). Garante a vida, propriedade (direito negativo – basta que o Estado fique inerte para que sua propriedade seja garantida), liberdade, segurança, além dos direitos fundamentais da 1a dimensão: direitos civis e políticos e igualdade formal – “todos são iguais perante a lei” (símbolo do liberalismo). O Estado Liberal não intervém nas relações trabalhistas, ou seja, não protege o trabalhador. Dentro dessa ideologia, o que importa é o “PACTA SUNT SERVANDA”. Esse paradigma liberal se encerra com a 1a Guerra Mundial e começa a surgir o Welfare State, Estado Social (Estado de Bem-Estar Social). Estado Social: surgiu com a Constituição de Weimar, em 1919 (México, em 1917, foi o primeiro, após a Revolução de 1910, mas por ser periférico não marcou como símbolo da criação do Estado Social). Garante os direitos fundamentais de 2a dimensão – direitos sociais, culturais, trabalhistas, econômicos. Empenha-se para proteger as minorias ou os hipossuficientes – mulheres, idosos, crianças, indígenas. O Estado Social Democrático de Direito visa garantir o bem-estar social (Welfare State). O tratamento isonômico, neste caso, significa, “dar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na exata medida de suas desigualdades” (igualdade material). Alguns exemplos de igualdade material: bolsa família, sistema de cotas para negros e deficientes físicos, estatuto da criança e do adolescente, etc. O Estado intervém na economia, protegendo a economia nacional. 1934: Getúlio Vargas traz o Welfare State para o Brasil. Direito Constitucional O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda a organização e o funcionamento do Estado e a defesa dos direitos e garantias fundamentais de seus cidadãos. O Direito Público se caracteriza pela existência de normas cogentes (obrigatórias), impositivas ou de ordem pública. Não admitem disposição em contrário, ainda que haja acordo entre as partes, pois “só se pode fazer aquilo que está autorizado no texto da lei”. Já no Direito Privado, prevalece o acordo de vontades, pois “os entes privados podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe” – máxima da liberdade. Os principais conteúdos tratados pelo Direito Constitucional são: os direitos e garantias fundamentais, a estrutura e organização do Estado e seus órgãos, o modo de aquisição e a forma de exercício do poder, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas e os objetivos socioeconômicos do Estado. A Constituição de um país é considerada como um conjunto normativo fundamental e cada um de seus preceitos adquire característica de superioridade absoluta, ou seja, é superior hierarquicamente às demais normas de um mesmo ordenamento jurídico estatal. Constitucionalismo O Constitucionalismo é o movimento cultural, social, jurídico e político que tem como principal característica a limitação do exercício do poder do Estado por meio do texto constitucional, preservando os direitos fundamentais do povo. É errôneo supor que o Constitucionalismo surgiu apenas com o advento das revoluções modernas, que instauraram a democracia e afastaram os regimes absolutistas até então existentes. Karl Loewenstein identifica o nascimento do Constitucionalismo entre os hebreus, que já em seu Estado teocrático, criaram limites ao poder político, por meio da imposição da chamada “Lei do Senhor”. Essa foi a primeira aparição do fenômeno do Constitucionalismo, embora atualmente, com a evolução do conceito, já estejamos muito mais avançados. No século XVIII, dois documentos mudaram a história do Constitucionalismo: A Constituição Americana de 1787 e a Constituição Francesa de 1791, esta última, reforçada pela Revolução Francesa em 1789. Por influência dessas 2 Constituições e dos ideais da Revolução Francesa, o Constitucionalismo se espalhou por toda a Europa e cada monarquia foi caindo por terra. Os países começaram a criar suas Constituições limitando os poderes do Estado (Constituição Espanhola, em 1812; Constituição Portuguesa, em 1822; a Constituição Brasileira, em 1824, são alguns exemplos). O Constitucionalismo Social É o movimento que passou a prever os direitos sociais (direito à saúde, direitos trabalhistas, etc) na Constituição. O Constitucionalismo Social surgiu com a Constituição Mexicana, em 1917, mas se tornou mais conhecido após a Constituição de Weimar, em 1919 (alemã). Antes do Constitucionalismo Social, estavam previstos somente os direitos individuais, em uma perspectiva liberal de defesa de direitos. No Estado Liberal, o indivíduo tinha seus direitos individuais e o Estado não interferia nas relações privadas. No Estado Social, a Constituição prevê a necessidade de defender os direitos sociais, o que exige uma postura mais ativa (intervencionista) do Estado. No Brasil, a primeira Constituição a prever a defesa dos direitos sociais foi a de 1934, promulgada por Getúlio Vargas. O Transconstitucionalismo É o Constitucionalismo que observa a relação entre o direito interno e o direito internacional para melhor tutela dos direitos fundamentais. Os tratados internacionais que tratam dos direitos humanos podem complementar a defesa dos direitos fundamentais, quando o Estado não o faz por completo, ou seja, quando o Estado não prevê a solução para um caso constitucional (direitos fundamentais ou organização do poder), busca-se formas transversais de articulação. O Constitucionalismo do Futuro Teoria desenhado pelo jurista argentino José Roberto Dromi, que afirma que as constituições do futuro serão desenhadas com base em valores solidários e verídicos, promovendo a cooperação recíproca. A CF Brasileira já faz essa previsão quando afirma que um dos objetivos da República Federativa do Brasil é “construir uma sociedade solidária”. O Constitucionalismo Transnacional (que difere do Transconstitucionalismo) Essa teoria defende a possibilidade de se criar uma única Constituição para mais de um Estado. A União Europeia tentou durante anos ter uma única Constituição para seus países membros. Em 2008, foi assinado o Tratado de Lisboa, que se baseia na ideia do Constitucionalismo Transnacional, mas não substituiu a Constituição originária de cada país membro do bloco, mantendo-as de forma concomitante. Neoconstitucionalismo É o Constitucionalismo na atualidade, sendo resultado de uma série de princípios constitucionais do século XX. Surgiuapós a 2a GM, como fruto do movimento pós-positivista, tendo como marco teórico a Teoria da Força Normativa da Constituição. O principal objetivo do Neoconstitucionalismo é buscar uma maior eficácia social da Constituição, em especial dos direitos fundamentais. História das Constituições Brasileiras Estamos na 8a Constituição brasileira. A primeira Constituição do Brasil foi outorgada em 1824, por D. Pedro I, que chegou a reunir uma Assembleia Constituinte para elaborar e promulgar, mas no entanto, dissolveu-a, pois esta estava limitando os poderes do imperador. Em seguida, tivemos a promulgação da Constituição de 1891, já no período da República Velha. A terceira, foi promulgada por Getúlio Vargas em 1934, sob forte influência da Constituição de Weimar, que marca a entrada da garantia aos direitos fundamentais de 2a dimensão. Logo após, veio a Constituição de 37, também na Era Vargas. Essa Carta tinha intenção de ser cesarista, mas no entanto, GV nunca colocou ao texto para aprovação em plebiscito e ao impô-la, se tornou outorgada. Em 46, após a queda do Estado Novo (GV declarou guerra contra os alemães, sendo também um regime autoritário), inicia-se nova era democrática no Brasil. Convoca-se uma Assembleia Constituinte para elaboração da nova Constituição, promulgada no mesmo ano. Em 67, após o golpe militar (1964), elabora-se nova Constituição que é outorgada pelos militares, embora tenha cumprido todas as formalidades em sua elaboração. Dois anos depois (69), surge uma emenda constituicional que modifica toda a Constituição, buscando legalizar e institucionalizar o golpe militar. É uma emenda considerada como uma nova Constituição. Com o fim da ditadura, uma nova Constituição precisa ser elaborada marcando a volta do governo democrático. Em 1988, a Lei Magna é promulgada e utilizada até os dias atuais. Conceitos de Constituição: Vestígios do conceito moderno de Constituição já se encontram em Aristóteles ao falar da “politeia”, que significa o modo de ser da polis. Na Idade Média, o rei inglês João Sem Terra assina a Magna Carta, sendo esta o documento máximo de um país. Mas as Constituições americana (1787) e francesa (1791) é que dão início à história da Constituição, tal qual compreendida atualmente. A ideia de Constituição foi albergada pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, art. 16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não esteja assegurada a garantia dos direitos e nem estabelecida a separação dos poderes, não tem Constituição”. Lassalle diz que a Constituição de um país não é a que necessariamente está escrita, e sim, que a Constituição real é aquela ditada pelos reais fatores de poder, que são os intelectuais, os empresários (poder econômico), os políticos, etc. Logo, a Constituição escrita se tornaria uma “mera folha de papel”. Já para Carl Schmitt, uma Constituição verdadeira só deve conter as decisões políticas fundamentais do Estado; essa Constituição é um reflexo das escolhas e decisões políticas do país. O restante deveria ser classificado como normas infraconstitucionais, ou seja, as demais regras que estão no texto constitucional, mas não são essenciais para a proteção das decisões políticas. Essas leis seriam chamadas de leis constitucionais. Schmitt foi muito criticado porque foi o autor que embasou o constitucionalismo da Alemanha nazista. Esse tipo de Constituição não se baseia nos valores da justiça e na defesa dos direitos fundamentais, e sim, nas decisões políticas que a origina. Carl Schmitt dividiu as normas em materialmente ou formalmente constitucionais. A norma materialmente constitucional é exclusivamente a norma que organiza e/ou limita o poder do Estado, garantindo os direitos fundamentais de seus cidadãos. As normas que organizam o Estado envolvem o regime (R-D-A), o sistema (S-P-P) e forma de governo (Monarquia x República), assim como a forma de Estado (unitário, federal). Já as normas que limitam o poder do Estado são aquelas que abrangem uma das esferas dos 3 Poderes: legislativo, judiciário e executivo. Qualquer lei que defenda os direitos fundamentais, de qualquer dimensão são normas materialmente constitucionais. Segundo C. Schmitt, a Constituição deveria ser composta somente de leis materialmente constitucionais. Já as normas que não organizam e nem limitam o poder do Estado, nem tratam dos direitos fundamentais, são chamadas de normas formalmente constitucionais (leis constitucionais). Para Hesse, a Constituição deve sim ter força normativa, ou seja, deve ser obedecida e não ser apenas uma folha de papel, modificando a realidade social, em prol da defesa dos direitos fundamentais. Ao ser efetivada (eficácia social), ela traz segurança jurídica. Hans Kelsen afirma que a Constituição é a lei mais importante de todo o ordenamento jurídico. Ele representa o ordenamento jurídico em forma piramidal, colocando a Constituição no topo. Abaixo da Constituição vem as demais normas infraconstitucionais, decretos, jurisprudências, etc. Para Kelsen, os atos primários são todas as normas descritas no artigo 59 da CF/88, que compõe o processo legislativo: emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Classificação da Constituição: § Quanto à origem: outorgada (imposta; são aquelas impostas por quem não recebeu poder para tanto (imperador, ditador); não há participação popular); promulgada (votada; são fruto de uma Assembleia Constituinte eleita para tanto. São, portanto, conhecidas também como constituições democráticas ou populares); cesarista ou bonapartista (ditador faz mas não impõe, colocando a Constituição para ser votada – aprovação popular). Atenção à Constituição de 1937, pois Getúlio Vargas tinha a intenção de que essa Constituição fosse cesarista/bonapartista, mas acabou sendo outorgada. § Quanto à estabilidade: quanto ao grau de sua alterabilidade, existem 4 tipos de Constituição: rígida (o processo legislativo de alteração da redação é mais dificultoso, precisando de 3/5 e 2T para ser aprovada); flexível (o processo legislativo é menos dificultoso e idêntico ao processo de alteração de uma lei infraconstitucional; não possui supremacia formal); semiflexível ou semirígida (parte dela pode ser alterada como lei infra e a outra parte somente através do processo dificultoso); super rígidas (Alexandre de Moraes, isolado na doutrina, diz que nossa CF é super rígida, pois existe um núcleo de leis que são cláusulas pétreas e não podem ser alteradas nem mesmo se através do processo dificultoso. As cláusulas pétreas estão descritas no art. 60, § 4o - “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais”). Todas as nossas Constituições foram rígidas, exceto a do Império (1824), que seria classificada como semiflexível, pois as normas materialmente constitucionais eram modificadas através do processo mais dificultoso e as normas formalmente constitucionais, eram modificadas como leis infra. § Quanto à quantidade de ideologias: Constituição ortodoxa (escolhe apenas uma ideologia. Ex: Constituição americana que optou pelo modelo liberal. Outro exemplo é a Constituição da antiga URSS que optou pelo modelo social); ou Constituição heterodoxa ou eclética ou compromissória (mescla as ideologias liberais e sociais. Ex: CF Brasileira – em seu art. 170, que diz que “a ordem econômicabrasileira pautada na livre iniciativa (liberal)..., tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (social)”. § Quanto ao conteúdo ideológico: Constituição liberal/garantia (surgem como triunfo da ideologia burguesa francesa; trata-se de Constituições marcadas pela divisão de poderes, limitando o poder estatal, agora não mais absolutista e ilimitado, e pela ampla liberdade do cidadão; exigem a não-intervenção estatal na esfera privada e daí o conceito de “constituição negativa ou absenteísta) ou Consitutição Social (passa-se a consagrar a necessidade de que o Estado atue positivamente, corrigindo as desigualdades sociais e proporcionando a igualdade real de todos – igualdade material. É o chamado Estado do Bem Estar Social ou do Bem Comum; também chamadas de Consituição dirigentes ou welfaristas). § Quanto à extensão da Carta: Constituição analítica - (analítica é a que possui normas dirigent es, programáticas, são extensas e detalhadas, como é o caso da nossa CF) ou Constituição sintética (é a Constituição reduzida, sucinta, são aquelas que se restringem somente aos elementos substancialmente constitucionais, emitindo princípio, organizando e limitando o poder do Estado. Ex: Constituição americana). § Constituição dogmática (é fruto da elaboração levada a efeito por um corpo destinado à sua confecção: as Assembleias Constituintes. Em geral, são tecidas a partir de institutos já consagrados na teoria, na doutrina, e dogmas políticos e sua elaboração ocorre de um só fôlego, como resultado intencionalmente cogitado, potanto são necessariamente escritas; relacionada ao pensamento político atual) ou Constituição histórica (vem dos costumes, da tradição, da jurisprudência; é aquela resultante da gradativa sedimentação jurídica de um povo, por meio de suas tradições). § Constituição escrita (são as Constituições sistematizadas formalmente) ou Constituição costumeira (tem como principal característica a informalidade; originam-se da sociedade e não de uma entidade especialmente designada para isso. Um exemplo dessa Constituição é a Constituição francesa no ancien régime). PRAFREDD ( PR )romulgada ( A )nalítica ( F )ormal ( R )ígida ( E)clética ( D )ogmática ( D )irigente Recepção Com a evolução da sociedade, faz-se necessário que a Constituição acompanhe esse andamento, para que todas as normas tenham eficácia social e não fiquem obsoletas com o decorrer do tempo. No entanto, a dificuldade prática em conceber e introduzir toda uma nova regulamentação das relações sociais ergue-se como obstáculo insuperável. Seria necessário um trabalho de longos anos e quando se chegasse ao fim, novas alterações já precisariam ser feitas. Por isso, no momento em que a nova doutrina é colocada em vigor, haveria com ela, automaticamente, um processo de reconhecimento da legislação pretérita e, automaticamente, uma verificação de sua conformidade com a nova ordem que se estabelece. No caso de esta ocorrer, imediatamente, numa espécie de processo legislativo simplificado, a norma infra anterior passa a ter existência e validade perante a nova ordem jurídica, ou seja, ela é recepcionada tacitamente pela nova Constituição. Sendo assim, toda norma pretérita que estiver incompatível com a nova Constituição é imediatamente eliminada ou revogada (também de maneira tácita), “sem necessidade de escrever nenhuma linha”. Pode acontecer de algum artigo, que uma parte dele seja recepcionada e outra revogada. ü 1o passo: verifica se as leis infraconstitucionais são materialmente compatíveis com a nova Constituição. As leis infraconstitucionais são recepcionadas ou revogadas na nova Constituição, tacitamente, ou seja, de maneira não expressa. Às vezes, um artigo dentro da mesma lei é recepcionado e outro não (revogado), ou até mesmo parte de um artigo ou norma. ü 2o passo: atribuir o novo “status” da norma recepcionada. Quanto à forma, as leis recepcionadas podem ter os seguintes status: lei ordinária, complementar, medida provisória, lei delegada, resolução, decreto legislativo, emenda constitucional (art. 59, CF/88). Lei 100/1980 – foi recepcionada? Como saber se a lei foi recepcionada ou não? R: Primeiro verifica-se se a lei é materialmente compatível com a Nova Constituição (materialmente compativel = se viola algum princípio da nova Constituição). Caso não viole, ela permanecerá com o mesmo nome (Lei 100/1980) e pode ou não assumir um novo status (nova forma). Mas se a lei fosse sobre regular o confisco, ela não teria sido recepcionada, pois o confisco não é mais permitido e portanto, ela seria materialmente incompatível. Agora, se a lei fosse ordinária e regulasse algum tributo, ela poderia ser recepcionada pela nova Constituição, mas assumiria nova forma, pois pela nova CF, tributos são regulados em leis complementares. Repristinação Em via de regra, o Direito Brasileiro não admite o fenômeno da repristinação, salvo se conter expressamente no texto da lei revogadora – tem que dizer expressamente no texto da lei z que volta a valer o conteúdo da lei X. A lei X é criada e depois revogada pela lei Y. Após certo tempo, a lei Z revoga a lei Y e diz que volta a valer a lei X. Desconstitucionalização É o fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior permanecem em vigor, desde que compatíveis com a nova ordem, porém com status de lei infraconstitucional. Em via de regra, o Brasil não admite o fenômeno da desconstitucionalização. A CF/69 foi “rasgada”, revogada por completo e criada nova CF: CF/88. No entanto, pode ser percebido quando a nova Constituição expressamente, assim o requerer, tendo em vista ser o poder originário, ilimitado e autônomo do ponto de vista jurídico. A CF é constituída de preâmbulo, corpo e ADCT (atos das disposições constitucionais). O STF não considera o preâmbulo como norma constitucional (foi objeto de discussão motivado pelo “Deus” x estado laico). As normas infraconstitucionais da lei antiga podem ser recepcionadas ou revogadas na nova Constituição, vai depender se elas são materialmente compatíveis com a nova CF. Norma autoexecutável x Norma não autoexecutável A norma autoexecutável é aquela que existe e tem eficácia social/efetividade. Já a norma não autoexecutável é aquela que existe no papel, mas não tem eficácia social, porque está dependendo da criação de uma lei complementar (“lei adormecida”). José Afonso da Silva: eficácia das normas constitucionais § Normas constitucionais com eficácia plena: São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem ou tem possibilidades de produzir todos os efeitos essenciais (eficácia social ou efetividade). São normas auto executáveis e não dependem de lei infra que as regularize ou restrinja. Ex 1: remédios constitucionais. Ex 2: art. 2o, CF/88 (“São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”). § Normas constitucionais com eficácia contida: é uma norma com eficácia plena gerando todos os seus efeitos, porém a própria norma permite que uma lei infra a restrinja. Ex: Art. 5o, § XIII (“é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”). Advogado precisa passar na OAB para atuar na profissão. § Normas constitucionais com eficácia limitada: norma não autoexecutável; normas escritas, mas que não possuem eficácia social, porque dependem de lei complementar. Enquanto a lei complementar não for criada, ela continuasem efetividade. Ex: greve dos servidores públicos. Até 2007, os servidores públicos não faziam greve pois não havia lei regulando o ato. Outro exemplo, é o art. 18, § 4 (“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”). Art. 133 (“O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei ”) – qual a classificação? R: Eficácia contida, pois diz que toda ação na justiça necessita de advogado para representar as partes, sendo ele indispensável na administração da justiça – entra em vigor com eficácia plena e gerando todos os seus efeitos, no entanto, é uma norma de eficácia contida, pois a própria lei a restringe – “nos limites da lei”. Princípio da Máxima Efetividade: é dar a maior eficácia social possível à norma constitucional. Poder Constituinte Estudar o Poder Constituinte significa debruçar-se sobre o intricado problema do fundamento de uma Constituição, já que é sobre esta que repousará todo o ordenamento jurídico da nação. O Poder Constituinte é o supremo fornecedor das diretrizes normativas que constarão nesse documento supremo. Não obstante isso, encontra limitações que lhe balizam o atuar. A Constituição é o fruto desse poder e simboliza o ultimo nível jurídico (mais alto). § Poder constituinte originário: finalidade única de criar uma nova Constituição federal; ele é ilimitado, soberano e incondicionado, podendo modificar até mesmo cláusula pétrea da CF antiga. Após a criação, desaparece o órgão criador da CF. Soberano, ilimitado, incondicionado, inaugural. Cria uma nova Constituição e por isso, cria um novo Estado. No Estado Democrático é a Assembleia Constituinte eleita pelo povo que cria a Constituição. Ao entrar com um recurso no STF para dizer que uma regra é inconstitucional, o STF não pode se pronunciar sobre o caso, pois não tem competência jurídica, pois a Constituição primeira é ilimitada, soberana, incondicionada. Já uma emenda é de competência do STF julgar se é inconstitucional ou não. Para modificar uma norma constitucional originária existe o poder constituinte reformador, revogando ou alterando a norma. § Poder constituinte derivado reformador: atualiza/altera a CF mediante emendas constitucionais e regulamenta a CF através de leis complementares e federais. § Poder constituinte derivado decorrente: é o poder de cada um dos estados membros de uma Federação (mais o distrito federal) de elaborar suas respectivas Constituições estaduais. Também é responsável pela sua manutenção (emendas constitucionais estaduais). Nosso Congresso pode alterar toda a nossa Constituição, exceto as cláusulas pétreas: voto, direitos fundamentais, forma federativa de Estado e a separação dos poderes – art. 60, § 4o, CF/88. Emenda Constitucional X Revisão Constitucional X Mutação Constitucional A Emenda Constitucional é uma norma que modifica/altera uma norma constitucional a qualquer tempo, mas precisa ter 3/5 e 2T. A Revisão Constitucional só foi realizada por previsão constitucional após 5 anos da promulgação da CF, pelo voto da maioria absoluta e em sessão unicameral (art. 3o, ADCT – atos das disposições constitucionais). A Mutação Constitucional é a mudança na interpretação da lei constitucional, sem que haja mudança do seu texto. Ex: casamento homoafetivo, prisão após julgamento em segunda instância. Limitações Constitucionais do Poder Constituinte Derivado Reformador Existem limitações para alterar normas constitucionais. São elas: Reserva Legal x Reserva de Jurisdição As normas de eficácia contida estão submetidas à reserva legal e de jurisdição. A reserva legal é uma autorização para o indivíduo gozar daquele direito que está escrito na lei. Para que uma reserva legal seja classificada como absoluta, basta que a própria lei a regulamente. Ex: “lei fará”, “lei estabelecerá”. Já a reserva legal relativa não é a lei que regulamenta o tema, apenas estabelece os limites da lei. Ex: “de acordo com a lei”, “nos termos da lei”, “nos limites da lei”. As normas constitucionais podem ou não estarem submetidas à reserva legal, no entanto, temos diversas normas que estão submetidas tanto à reserva legal quanto à reserva de jurisdição. É a ideia de norma de eficácia contida. Ainda temos outros 2 tipos de reservas legais: Qualificada - ocorre quando a Constituição não se limita a exigir que eventual restrição seja prevista em lei, estabelecendo, também as condições especiais, os fins a serem perseguidos ou os meios a serem utilizados na restrição, por exemplo, inciso XII do Artigo 5º da Carta Magna: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.” Tais imposições do constituinte impedem autoridades administrativas de decidirem acerca da quebra do sigilo e proíbem que o legislador a regulamente, por exemplo, para apurar infração administrativa. Além disso, deixam bem claro que só poderá haver restrição à comunicação telefônica. Simples - encontramos nas hipóteses em que a Constituição apenas exige que a restrição seja prevista em lei, p. eg., no inciso VII do artigo 5º da Constituição de 1988: “é assegurada, nos termos de lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares e internação coletiva”. Por último, temos a reserva de jurisdição que é um princípio constitucional que reserva ao Poder Judiciário a primeira e última palavra sobre determinado assunto. Por exemplo, art. 5o, XII, CF/88: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” – somente o juiz pode quebrar o sigilo das comunicações, na forma que a lei estabelecer, para investigação criminal ou instrução processual penal. Portanto, sempre que tiver o termo “por ordem judicial", estamos diante de um direito fundamental com reserva de jurisdição. Obs: sigilo telefônico é o histórico; sigilo bancário é o extrato bancário com entrada e saída de créditos e débitos. Obs2: CPI tem poder de juiz, mas não possui reserva de jurisdição. Artigo 5o, § 2o – diz que os direitos fundamentais não estão somente no art. 5o da CF. Estão espalhados por toda a CF, regimes, princípios e também nos tratados internacionais em que o Brasil faça parte. Ainda há os DFs não escritos. Ninguém é obrigado a fazer teste de DNA – não está escrito em nenhum lugar. Outro exemplo: não produzir prova contra si próprio – é derivado de tratado internacional. Ninguém deve ser detido por dívidas. Pacto de San José da Costa Rica – só prende devedores de Alimentos. Nossa CF - prende o devedor de Alimentos e o depositário infiel. Qual vale mais? A CF ou o tratado internacional? STF fez uma súmula vinculante sobre esse assunto dizendo que o tratado vale mais – SV 25. Tratados internacionais de Direitos Humanos, aprovados por 3/5 e em 2 turnos, serão considerados equivalentes a emendas constitucionais. Pós-positivismo No pós-positivismo, toda norma jurídica tem que ter eficácia social, por conta do Princípio da Máxima Efetividade (Barroso), ouseja, tenta-se dar a maior efetividade possível às normas constitucionais. Se equivale ao conceito de força normativa da Constituição de Hesse e também ao princípio da máxima efetividade de Barroso. Hermenêutica A interpretação do Direito consiste em que o intérprete sempre deve partir das normas constitucionais, adequando sempre que necessário, as normas infraconstitucionais ao conteúdo específico da Constituição. Por esse motivo, dizemos que nossa hermenêutica é pós-positivista, pois o que está na lei é o que vale, sendo permitida a interpretação. Dworkin e Alexy sistematizaram o que era Regra e Princípio. Fizeram uma distinção qualitativa: Regra é diferente de Princípio? Sim! A regra é um comando de certeza e possui hipótese e consequência jurídica. O critério utilizado é “tudo ou nada” – “all or nothing”. Ou a regra é válida e aplicada ou ela não vale nada. Tem silogismo (premissa maior e premissa menor) e possui aplicação mecânica da regra. Ex: aposentadoria compulsória ao completar 70 anos. Ex: ninguém é obrigado a fazer teste de DNA – é uma regra porque tem aplicação mecânica. Já o Princípio só traz o valor; é mais amplo. É um comando de otimização; não possui hipótese e consequência jurídica Ex: Princípio da dignidade humana. Para o positivismo jurídico só é norma o que é regra, porque somente a regra pode fazer subsunção silogística. Princípio só traz o valor. Colisão de Regras e Princípios Quando uma regra colide com a outra verifica-se a hierarquia, cronologia (mais nova prevalece) e especificidade (a específica afasta a geral). Ex: Regra constitucional – aposentadoria compulsória aos 70 anos. Lei estadual – aposentadoria compulsória aos 65 anos. Qual prevalece? A lei constitucional, pois nesse caso ela é hierarquicamente superior à lei estadual (e às demais leis). Sendo assim, a lei estadual está fora do mundo jurídico pela regra do “tudo ou nada”. Já quando são os princípios que colidem, é necessário que o árbitro pondere valores de acordo com o caso concreto em questão. O que é mais importante para o mundo jurídico: imagem, honra e dignidade da pessoa ou direito de informação, liberdade de expressão? Nesse caso deve haver uma ponderação de valores, que vai variar de acordo com o caso concreto. Ex: Maria precisa de um medicamento caro e que não está na RENAME – o juiz pós-positivista ia ponderar o valor de Maria estar doente (direito à saúde, à vida), com a falta de dinheiro do Estado (princípio da reserva do possível). O juiz precisa sopesar esses dois princípios, baseados nesse caso concreto e arbitrar sua sentença. Se fosse um milionário pedindo o benefício, ia dar a causa ao Estado, dizendo que a falta de dinheiro do Estado (reserva do possível) impossibilitaria a disposição do remédio necessário, já que o autor tem dinheiro para pagar e o Estado não. No caso de Mariazinha, que era pobre, ele ia levar em consideração o valor à vida, à saúde e ia sentenciar o Estado a pagar o medicamento à Mariazinha. Se fosse um juiz positivista, ia julgar a ação de Mariazinha improcedente, uma vez que o medicamento que ela necessita não estaria na lista de medicamentos providos pelo Estado. Caso o juiz dê o medicamento à Mariazinha, ele está criando direito e isso é chamado de ativismo judicial. NÃO CONFUNDIR... Ativismo judicial ≠ Atividade legiferante: o primeiro é o Poder Judiciário criando direitos a partir de casos concretos. Já o segundo, é o legislador fazendo as leis em sua ação típica. O ativismo judicial também é diferente do decisionismo judicial. Nesse caso, é o juiz criando direito arbitrariamente, sem ponderação de valores. Remédios Constitucionais Os Remédios constitucionais são garantias instrumentais destinadas à proteção dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. HABEAS CORPUS “Tomes o corpo”; é uma garantia constitucional em favor de quem sofreu abuso de poder ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima, ou seja, quando alguém impede sua liberdade de ir, vir e permanecer. Referida ação pode ser formulada sem advogado, não tendo que obedecer a nenhuma formalidade processual ou instrumental, de maneira gratuita. Liberdade ambulatorial = liberdade de locomoção. Art. 5o, LXVIII – “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. NO BRASIL... ... a primeira manifestação do instituto do habeas corpus deu-se em 1821, através de um alvará emitido por D. Pedro I, pelo qual se assegurava a liberdade de locomoção. No entanto, a terminologia HC só apareceria (infraconstitucional) em 1830, no Código de Processo Criminal. Foi garantido constitucionalmente a partir de 1891 (com texto aberto), permanecendo o HC nas Constituições subsequentes, inclusive na de 1988, em seu artigo 5o, inciso 68. Com a formulação ampla do texto constitucional e a ausência de outras garantias que tutelassem os demais direitos e liberdades contra ilegalidade ou abuso de poder levaram à interpretação errônea de que o habeas corpus poderia ser utilizado para reparar lesão a qualquer liberdade ou direito. Tratava-se da chamada “teoria brasileira do habeas corpus”, que perdurou até o advento da Reforma Constitucional de 1926, impondo o exercício da garantia somente para os casos de lesão ou ameaça de lesão à liberdade de ir e vir. Em 1926, através da reforma constitucional, o habeas corpus teve seu âmbito de proteção reduzido, ficando vedada a sua proteção a direitos que não a liberdade de locomoção. De 1926 a 1934 ficamos apenas com o remédio constitucional do HC em nosso ordenamento jurídico, período em que os indivíduos ficaram sem remédio constitucional quando tinham outro direito violado diferente do ir, vir e permanecer. Em 1934 surgiu o remédio mandado de segurança, para complementar o HC como remédio constitucional, com o requerimento de ter DLC (direito liquido e certo), provado de plano. Figuras do HC: O juiz de direito, no exercício da atividade jurisdicional, pode conceder de ofício. No entanto, os juízes, desembargadores ou ministros, quando não estiverem exercendo a atividade jurisdicional, impetrarão o HC, já que estarão atuando como pessoa comum. Posso usar HC para interceptação telefônica (grampo)? R: Caso você tenha identificado alguma ilegalidade ou abuso de poder que resultar na sua prisão, então o HC é permitido. Para evitar a investigação objetivando a aplicação de pena pecuniária, o HC está afastado. HABEAS DATA “Tomes a informação”; figura jurídica genuinamente brasileira, que nasce junto com a CF de 1988. É uma garantia constitucional que se destina a disciplinar o direito de acesso a informações, constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para conhecimento ou retificação das informações, todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante. Art. 5o, LXXII – “conceder-se-á habeas data: a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registrou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Esfera íntima do indivíduo – é personalíssimo. Você tem o direito de saber quais informações umaentidade governamental ou de caráter público sabe de você. Única exceção é impetrar para cônjuge falecido (supérstite). Entidade governamental: pessoa jurídica de direito público que compõe o governo (federal, estadual e municipal) – ABIN, órgãos militares, polícia, secretarias, etc. Entidade de caráter público: são entidades que repassam as informações a terceiros, como por exemplo, Serasa, SPC. Importante não confundir essa garantia com o DIREITO DE OBTER CERTIDÕES, presente também no art. 5o, XXXIV, b, CF/88. Utiliza-se o Mandado de Segurança no caso desse direito ser violado. O direito de obter certidões é direito líquido e certo (DLC), que quando violado, basta anexar a negativa do órgão para que se recorra ao mandado de segurança. Princípio Inafastabilidade do Controle Jurisdicional – previsto no art. 5o, XXXV – “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Ocorre quando um juiz não quer receber uma ação por ainda não haver esgotado a via administrativa. Segundo esse artigo ele não pode exclui de apreciação; ele é obrigado a aceitar o caso para julgar. As únicas exceções a esse princípio são: o HD e a justiça desportiva (art. 217, §§ 1o e 2o, CF/88) – nesses 2 casos, é necessário que se esgotem antes as vias administrativas (via administrativa de curso forçado). Então, por exemplo, se uma pessoa está com nome negativado no SPC e entra com ação judicial, o juiz não recebe, sem que haja o esgotamento da via administrativa. Esse esgotamento da via administrativa pode ser por prazo (10 dias para conhecimento e 15 dias para correção ou complementação) ou por uma negativa. São 3 os tipos de HD: conhecimento, retificação e complementação. MANDADO DE SEGURANÇA Remédio Constitucional para proteger o direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalidade no processo excluindo a proteção de direitos inerentes à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; Direito líquido e certo é aquele é possível provar de plano o direito violado, ou seja, é possível provar de plano mediante prova pré-constituída (documental) sem a necessidade de dilação probatória. Provar de plano significa que tem que conseguir provar sem precisar de testemunhas ou testes periciais. Sem dilação probatória significa que o juiz não concede aumento de prazo para que sejam constituídas as provas do processo. Importante lembrar a correção feita pela doutrina em relação à terminologia empregada pela Constituição, na medida em que TODO direito, se existente, já é líquido e certo. Os fatos é que deverão ser líquidos e certos para o cabimento do writ. O Mandado de Segurança é subsidiário, ou seja, só poderá ser utilizado se não couber uso do HC ou do HD. Caso não consiga provar de plano, é possível entrar com uma ação ordinária, podendo, nesse caso, chamar testemunhas, fazer provas periciais, etc., ou seja, tudo que não é possível no mandado de segurança. O MS pode ser individual (caso entre com MS individual e coletivo para uma mesma pessoa, prevalecerá o individual) ou coletivo. Art. 5o, LXIX – “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. Cabe MS contra questão jurídica controvertida? SIM. NÃO PODE SE OS FATOS FOREM CONTROVERTIDOS. TEM DE PROVAR DE PLANO. Cabe MS contra lei em tese? NÃO. AÇÃO POPULAR - Artigo 5o, LXXIII, CF/88: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. - Pode ser impetrada por qualquer cidadão. - Atos Lesivos: • PATRIMONIO PÚBLICO / HISTÓRICO • MORALIDADE ADMINISTRATIVA • MEIO AMBIENTE - Competência para julgamento: juiz natural (1ª. instância); portanto, ação popular contra o presidente não é de competência do STF, porque não está no rol taxativo do art. 102 da CF. - Preso só pode entrar com ação popular se a sentença não tiver transitado em julgado (neste caso de sentença transitada em julgado o preso perde a cidadania). Todo brasileiro é um nacional (nato ou naturalizado). Mas nem todo nacional é um cidadão. Para ser cidadão é necessário que seja um nacional. Conceito: cidadão é o nacional no pleno gozo de seus direitos civis e políticos (votar, ser votado e participar da vida política do seu país – democracia popular rousseauniana. Eficácia dos Direitos Fundamentais a) Eficácia Vertical A Eficácia Vertical é quando há a relação entre Estado e Indivíduo. Quando o Estado viola algum direito fundamental do indivíduo, nos referimos à eficácia vertical, pois o Estado está hierarquicamente superior ao indivíduo. b) Eficácia Horizontal Já a Eficácia Horizontal se dá quando um particular viola os DFs de outro particular. Os Estados positivistas não reconhecem a Eficácia Horizontal. A relação entre particulares, para esse tipo de Estado, acontece toda na esfera particular, não havendo regra prevista na Constituição desses países. O pragmatismo americano se aproxima muito da negação da eficácia horizontal. No entanto, eles possuem o “State Action”: eles só reconhecem que um particular viola os DFs de outro, quando exercendo função pública TEORIA INDIRETA DA EFICÁCIA HORIZONTAL Teoria Indireta: reconhece que um particular pode violar os direitos fundamentais de outro particular, mas precisa estar previsto em lei. Por exemplo, uma casa de festa pode lançar um anão num espetáculo, mas somente se não houver lei proibindo. Sendo assim, sem lei proibindo, a teoria indireta reconhece que HÁ A EFICÁCIA HORIZONTAL. è Previsto em lei è Conceito aberto TEORIA DIRETA DA EFICÁCIA HORIZONTAL Teoria Direta: é a mais aplicada no Brasil, STF reconhece e adota. É quando a regra é aplicada diretamente da CF. Nessa teoria há a ponderação de valores entre a autonomia privada e os direitos fundamentais violados. Por exemplo, o Colégio São Bento tem sua autonomia privada (Pacta Sunt Servanda) para decidir que quer ter apenas meninos estudando no seu recinto, mas viola a isonomia de gêneros, prevista na CF. Outro exemplo: em determinado terreno particular, o proprietário só deixa transitar por ele crianças loiras e de olhos azuis. Nesse caso, temos os seguintes valores envolvidos: autonomia privada (direito à propriedade) x isonomia das crianças. Caso aqui seja apenas um caso de discriminação, provavelmente a isonomia irá prevalecer e o juiz sentenciará a abertura de portas para as demais crianças. Agora, imaginemos que seja o mesmo terreno particular, mas o proprietário só deixasse passar crianças muçulmanas porque na rua de passagem para a escola, essas crianças estavam sofrendo algum tipo de abuso ou discriminação. Então, a segregação das crianças já toma outra roupagem e irá prevalecer o direito à propriedade que nesse caso está protegendo o hipossuficiente. Um terceiro exemplo citado em sala de aula falava sobre o caso de um membro de um clube particular ser expulso sem que se explicasse o motivo e sem dar direito ao contraditório a à ampla defesa. Valores que estão em jogo: autonomia privada x princípio do contraditório e da ampla defesa. Para o juizjulgar esse caso, ele precisará entender o caso concreto e utilizará a TÉCNICA DE PONDERAÇÃO DE VALORES. è PONDERAÇÃO DE VALORES HERMENEUTICA PARA SENTENÇA DE JUIZ - Técnica: ir ao caso concreto, identificar os valores envolvidos e em colisão, aplicar pesos para identificar os fatores constitucionais envolvidos e ponderar valores para o resultado OBS: Reserva legal – simples – qualificada (específica) Reserva de jurisdição – juiz pode violar o direito
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