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RESUMO DOS INFORMATIVOS ATÉ A PAGINA 58

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INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL 
Se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame – (Info 838) – IMPORTANTE!!!
		O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização. 
STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 6/9/2016 (Info 838).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João respondia a ação penal por roubo. O Ministério Público suspeitou da integridade mental do acusado. Diante disso, requereu a instauração de incidente de insanidade mental, nos termos do art. 149 do CPP:
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
O pedido foi deferido pelo magistrado. Ocorre que o réu impetrou habeas corpus afirmando que não deseja ser submetido ao exame.
O acusado pode ser submetido ao incidente de insanidade mental mesmo contra a sua vontade? NÃO. No direito brasileiro, adotou-se o critério biopsicológico para a análise da inimputabilidade do acusado, nos termos do art. 26 do CP:
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Regra semelhante é encontrada no Código Penal Militar:
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acôrdo com êsse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Assim, havendo dúvida sobre a imputabilidade, é indispensável a realização de exame médico-pericial no réu. Ocorre que, se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame. O privilégio contra a autoincriminação, garantia constitucional, permite ao réu o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a se submeter a prova pericial que entende, por qualquer motivo, lhe ser desfavorável. A jurisprudência do STF não admite a produção de prova que exija a condução coercitiva do réu para dela participar.
INDULTO NATALINO 
Condenado que pratica falta grave nos 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino não terá direito ao benefício mesmo que a homologação ocorra após o decreto – (Info 842)
		O art. 5º do Decreto 8.380/2014 prevê que a pessoa não pode ser beneficiada com o indulto natalino se tiver recebido sanção disciplinar grave no período de 24/12/2013 até 24/12/2014: 
“Art. 5º A declaração do indulto e da comutação de penas previstos neste Decreto fica condicionada à inexistência de aplicação de sanção, reconhecida pelo juízo competente, em audiência de justificação, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, por falta disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente à data de publicação deste Decreto.” 
Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial desta sanção disciplinar tenha ocorrido em data posterior à publicação do decreto. 
Dessa forma, a falta disciplinar é que tem que ter ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja posterior. 
STF. 2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/8/16 (Info 837). 
STF. 2ª Turma. RHC 133443/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 04/10/16 (Info 842).
Interpretação do art. 4º do Decreto 7.873/2012 – (Info 837)
		O art. 4º do Decreto 7.873/12 prevê que a pessoa não pode ser beneficiada com o indulto natalino se tiver recebido sanção disciplinar grave no período de 26/12/2011 até 26/12/2012: 
“Art. 4º A declaração do indulto e da comutação de penas previstos neste Decreto fica condicionada à inexistência de aplicação de sanção, homologada pelo juízo competente, em audiência de justificação, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, por falta disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente à data de publicação deste Decreto.” 
Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial desta sanção disciplinar tenha ocorrido em data posterior à publicação do decreto. 
Dessa forma, a falta disciplinar é que tem que ter ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja posterior. 
STF. 2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/8/2016 (Info 837).
	OBS:
Indulto: É um benefício concedido pelo Presidente da República por meio do qual as pessoas condenadas por determinados crimes ficarão livres dos efeitos executórios da condenação, desde que se enquadrem nas condições previstas no decreto presidencial.
Indulto natalino: É bastante comum o Presidente da República editar um decreto, no final de todos os anos, concedendo indulto. Esse decreto é conhecido como “indulto natalino”. No decreto de indulto já constam todas as condições para a concessão do benefício. Caso o apenado atenda a esses requisitos, o juiz das execuções deve reconhecer o direito, extinguindo a pena.
Período de prova no sursis não pode ser equiparado a cumprimento de pena (Info 808)
		Em 2013, a Presidente da República editou o Decreto 8.172/2013 concedendo o indulto natalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos. 
No art. 1º, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os réus condenados a pena privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, até 25/12/2013, 1/4 (um quarto) da pena. 
Se o condenado foi beneficiado com sursis e já cumpriu mais de 1/4 do período de prova ele poderá ser beneficiado com o indulto? É possível afirmar que cumprimento do período de prova no sursis é a mesma coisa que cumprimento de pena? 
NÃO. Não é possível o cômputo do período de prova cumprido em suspensão condicional da pena para preenchimento do requisito temporal objetivo do indulto natalino. O sursis não tem natureza de pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ou seja, um benefício que o condenado recebe para não ter que cumprir pena. Por essa razão, não se pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis e que esteja cumprindo período de prova se encontre cumprindo pena. Cumprimento de período de prova não é cumprimento de pena. 
STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/6/15 (Info 792). 
STF. 2ª Turma. HC 123698/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/11/15 (Info 808). 
Período de prova no sursis não pode ser equiparado a cumprimento de pena – (Info 794)
		Em 2013, a Presidente da República editou o Decreto 8.172/2013 concedendo o indulto natalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos. 
No art. 1º, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os réus condenados a pena privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, até 25/12/2013, 1/4 (um quarto) da pena. 
Se o condenado foi beneficiado com sursis e já cumpriu mais de 1/4 do período de prova ele poderá ser beneficiado com o indulto? É possível afirmar que cumprimento do período de prova no sursis é a mesma coisa que cumprimento de pena? 
NÃO. O sursis não tem natureza de pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ou seja, um benefício que o condenado recebe para não ter que cumprir pena. Por essa razão, não se pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis e que esteja cumprindo período de prova seencontre cumprindo pena. Cumprimento de período de prova não é cumprimento de pena. 
STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/6/2015 (Info 792).
TRANSAÇÃO PENAL 
Em caso de transação penal, não se aplicam os efeitos do art. 91 do CP – (Info 787) – IMPORTANTE!!!
		As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença condenatória. Tal não ocorre, portanto, quando há transação penal, cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo. 
STF. Plenário. RE 795567/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/5/15 (Info 787).
INDULTO 
O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado parcelou este valor para ter direito à progressão de regime – (Info 884)
		O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado.
O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser rigorosamente cumprido sob pena de descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio da isonomia e da boa-fé objetiva.
STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, j. 8/11/17 (Info 884).
	OBS:
Anistia, graça e indulto:
- são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir;
- classificam-se como causas de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP);
- a anistia, a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo Poder Executivo (nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão judicial;
- podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.
	ANISTIA
	GRAÇA (ou indulto individual)
	Indulto (ou indulto coletivo)
	É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se “perdoa” a prática de um fato criminoso.
Normalmente, incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger outras espécies de delito.
	Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Apagam o efeito executório da condenação.
A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Procurador Geral da República;
Advogado Geral da União;
Ministros de Estado.
	É concedida por meio de uma lei federal ordinária
	É concedida por meio de um Decreto.
	Pode ser concedida:
antes do trânsito em julgado (anistia própria);
depois do trânsito em julgado (anistia imprópria).
	Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
	Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenação.
b) Impropriamente dita: quando concedida após a condenação.
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do autor do fato punível. Ex.: exige primariedade.
a) Incondicionada: não se exige condição para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua concessão. Ex.: reparação do dano.
a) Comum: atinge crimes comuns.
b)Especial: atinge crimes políticos.
	Classificação
a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (comutação).
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.
	Extingue os efeitos penais (principais e secundários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	O réu condenado que foi anistiado, se cometer novo crime, não será reincidente.
	O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
	É um benefício coletivo que, por referir-se somente a fatos, atinge apenas os que o cometeram.
	É um benefício individual (com destinatário certo).
Depende de pedido do sentenciado.
	É um benefício coletivo (sem destinatário certo).
É concedido de ofício (não depende de provocação).
Vale ressaltar que a concessão do indulto está inserida no exercício do poder discricionário do Presidente da República (STF. ADI 2.795-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa).
Indulto natalino: É bastante comum o Presidente da República editar um Decreto, no final de todos os anos, concedendo indulto. Esse Decreto é conhecido como “indulto natalino”. No Decreto de indulto já constam todas as condições para a concessão do benefício. Caso o apenado atenda a esses requisitos, o juiz das execuções deve reconhecer o direito, extinguindo a pena pelo indulto.
Imagine agora a seguinte situação: João foi condenado a 5 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 200 dias-multa. Após algum tempo, ele progrediu para o regime aberto, com base no preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos, entre os quais o compromisso do pagamento da multa, por meio de parcelamento acordado com a Fazenda Nacional. Assim, ele estava no regime aberto e pagando, parceladamente, todos os meses, a multa. Foi aí que o Presidente da República editou um Decreto concedendo indulto natalino. João atendeu aos requisitos e, em razão disso, o magistrado declarou extinta a pena privativa de liberdade imposta a ele. O julgador, contudo, manteve a exigência do pagamento da multa. A defesa recorreu contra a decisão alegando que no Decreto de indulto havia previsão expressa de que o indulto alcançava também a pena de multa. Veja o artigo do Decreto:
Art. 7º O indulto ou a comutação da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos alcança a pena de multa aplicada cumulativamente.
Parágrafo único. A inadimplência da pena de multa cumulada com pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos não impede a declaração do indulto ou da comutação de penas.
A tese da defesa foi acolhida pelo STF? NÃO.
O réu voluntariamente aderiu ao parcelamento para que pudesse ter direito à progressão de regime, que só pode ocorrer com o pagamento integral da multa ou com o compromisso de seu pagamento parcelado. Nesse caso, não se aplica integralmente o decreto de indulto, que extingue todas as penas, inclusive a de multa, pois, para que se obtivesse a progressão, houve a substituição da pena pecuniária pelo compromisso de pagamento parcelado.
A automática concessão do indulto da multa a condenado que tenha condições econômicas de quitá-la, sem sacrifício dos recursos indispensáveis ao sustento próprio ou de sua família, constituiria, em última análise, injustificável descumprimento de decisão judicial e indesejável tratamento privilegiado em relação àqueles sentenciados que tempestivamente pagaram a sanção pecuniária.
A liberalidade contida no parágrafo único do art. 7º do Decreto Presidencial somente deve ser admitida na hipótese em que a defesa comprovar a extrema carência econômica do condenado, que sequer tenha tido condições de firmar compromisso de parcelamento do débito. Essa interpretação mais restritiva leva em consideração: 
(i) o fato de que a pena de multa, embora convertida em dívida de valor, não perdeu o seu caráter de sanção criminal e o seu injustificado inadimplemento interfere no gozo dos benefícios da execução penal (como, por exemplo, na progressão de regime); 
(ii) o caráter essencialmente igualitário que permeiaa concessão, pelo Presidente da República, da clemência estatal.
Possibilidade de concessão para pessoas submetidas a medida de segurança – (Info 806) – IMPORTANTE!!!
		Indulto é um ato do Presidente da República (art. 84, XII, da CF/88), materializado por meio de um Decreto, por meio do qual é extinto o efeito executório da condenação imposta a alguém. Em outras palavras, mesmo havendo ainda pena a ser cumprida, o Estado renuncia ao seu direito de punir, sendo uma causa de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP).
Tradicionalmente, o indulto é concedido a pessoas que receberam uma pena por terem sido condenadas pela prática de infração penal. No entanto, é possível que o indulto seja concedido a pessoas que receberam medida de segurança.
Sobre o tema, o STF definiu a seguinte tese:
"Reveste-se de legitimidade jurídica a concessão, pelo Presidente da República, do benefício constitucional do indulto (CF, art. 84, XII), que traduz expressão do poder de graça do Estado, mesmo se se tratar de indulgência destinada a favorecer pessoa que, em razão de sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade, sofre medida de segurança, ainda que de caráter pessoal e detentivo."
STF. Plenário. RE 628658/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4 e 5/11/2015 (Info 806).
FIANÇA 
Concessão de liberdade provisória sem fiança a flagranteado assistido pela Defensoria Pública – (Info 800)
		O indivíduo foi preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas. 
O magistrado concedeu liberdade provisória com a fixação de 2 salários-mínimos de fiança. 
Como não foi paga a fiança, o indivíduo permaneceu preso. 
A Defensoria Pública impetrou habeas corpus e o STF deferiu a liberdade provisória em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiança. 
Os Ministros afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedição do alvará de soltura ao recolhimento da fiança. 
Segundo entendeu o STF, o réu não tinha condições financeiras de arcar com o valor da fiança, o que se poderia presumir pelo fato de ser assistido pela Defensoria Pública, o que pressuporia sua hipossuficiência. 
Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e não tendo o preso condições de pagar a fiança, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão cautelar. 
STF. 1ª Turma. HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/9/2015 (Info 800).
Impossibilidade de se manter o valor da fiança sem analisar a situação econômica do agente – (Info 741)
		O CPP prevê que o valor da fiança poderá ser reduzido ou até dispensado se assim recomendar a situação econômica do preso. Logo, o juiz, para indeferir o pedido da defesa para dispensa da fiança, deverá fundamentar sua decisão na análise da capacidade econômica do agente. Não se pode, portanto, manter a fiança sem levar em consideração esse fator essencial. 
STF. 2ª Turma. HC 114731, rel. Min. Teori Zavascki, j. 1º/4/2014 (Info 741).
BUSCA E APREENSÃO
Em regra, a busca em veículo é equiparada à busca pessoal e não precisa de mandado judicial para a sua realização – (Info 843)
		A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e, portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. 
Exceção: será necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito jurídico de domicílio. 
STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/10/16 (Info 843).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João estava sendo investigado pela polícia e o juiz autorizou a realização de medida de busca e apreensão em sua casa. A polícia cumpriu o mandado e realizou a busca na residência do investigado. Quando voltaram à Delegacia, os policiais verificaram que não havia sido apreendida uma agenda que constantemente era mencionada nas interceptações telefônicas e que ficaria sempre em poder do investigado. O Delegado lembrou que algumas vezes foi mencionado nos diálogos que a agenda estava no carro. Diante disso, voltaram ao local para procurar no interior do veículo de João, que estava estacionado na frente da casa, em via pública.
O mandado expedido pelo juiz não mencionava autorização para fazer buscas em veículos. Mesmo assim, os policiais abriram o carro e apreenderam a agenda que estava dentro dele. Posteriormente, João foi denunciado e o referido documento foi prova fundamental para a condenação. A defesa alegou que houve nulidade considerando que, como o carro estava estacionado, trancado e sem condutor, somente poderia ser realizada busca em seu interior com autorização judicial.
Primeira pergunta: após ser encerrado o cumprimento do mandado de busca e apreensão, seria possível reabrir a diligência e realizar nova busca na casa do investigado? NÃO. O art. 245, § 7º, do CPP determina que, finda a busca domiciliar, os executores da medida lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais. Neste momento se considera encerrada a diligência. Após o encerramento da busca domiciliar, as autoridades responsáveis por sua execução não podem, horas depois, reabri-la e realizar novas buscas e apreensões sem nova ordem judicial autorizadora. Assim, se os policiais, após o encerramento da diligência, tivessem retomado as buscas na casa do investigado, tal diligência seria, em tese, ilegal.
STJ. 6ª Turma. HC 216.437/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 20/09/12.
Segunda pergunta: a apreensão da agenda no carro do investigado foi ilegal? Houve nulidade? NÃO.
Existem duas espécies de busca (art. 240 do CPP):
a) a busca domiciliar, que é realizada na casa do investigado ou acusado;
b) a busca pessoal, que é efetivada no corpo da pessoa ou em objetos que a ela pertençam.
A busca em automóvel é equiparada à busca pessoal e, por isso, prescinde (dispensa) de autorização judicial, nos termos do art. 244 do CPP:
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
Assim, não é necessário mandado judicial para que a polícia realize busca por objetos em interior de veículo de propriedade do investigado se houver fundadas suspeitas de que a pessoa esteja na posse de material que possa constituir corpo de delito. Isso se justifica porque o veículo da pessoa, em regra, não pode ser considerado domicílio.
Exceção: será indispensável mandado judicial se o veículo é utilizado pelo investigado para moradia, como é o caso de cabines de caminhão, barcos, trailers etc.
SUSPEIÇÃO
Arguição de suspeição de Rodrigo Janot em relação a Michel Temer – (Info 877)
		É possível a arguição de suspeição de membros do Ministério Público, inclusive do Procurador-Geral da República nos processos que tramitam no âmbito do STF. 
O STF entendeu que o então Procurador-Geral da República Rodrigo Janot não era suspeito para investigar e denunciar Michel Temer. Entendeu-se que o fato de o PGR dar entrevistas falando sobre o caso, requerer que o inquérito fosse dirigido para determinado Delegado e ainda que um determinado Procurador, em tese, tenha orientado o advogado do réu acerca da colaboração premiada não caracterizam hipóteses de suspeição. 
STF. Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 13/9/17 (Info 877).
	OBS:
Primeira pergunta: é cabível arguição de suspeição contra membro do Ministério Público? SIM.
É possível a arguição de suspeição de membros do Ministério Público, inclusive do Procurador-Geral da República nos processos que tramitam no âmbito do STF. STF. Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/9/2017 (Info877).
Em um Estado Democrático de Direito, ninguém pode ficar subtraído da jurisdição. O dever de investigar é da instituição, e não de um de seus membros. Assim, sendo reconhecida a suspeição de um determinado membro, a investigação continuaria normalmente, mas agora sendo conduzida por outro integrante do Ministério Público.
Vale ressaltar que a própria Lei Orgânica do MPU (LC 75/93) reconhece a possibilidade de serem arguidas situações de impedimento e suspeição dos membros do MP:
Art. 238. Os impedimentos e as suspeições dos membros do Ministério Público são os previstos em lei.
O CPP determina que as mesmas causas de impedimento e suspeição previstas ao juiz devem também ser aplicadas aos membros do Ministério Público:
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
Importante esclarecer que é possível arguir a suspeição do membro do Ministério Público tanto quando ele atua como parte como também como custos legis (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 1211).
Deve-se mencionar, por fim, que o simples fato de o membro do MP ter participado da investigação criminal, não faz com que ele seja impedido ou suspeito para oferecer a denúncia e atuar na ação penal. Nesse sentido:
Súmula 234-STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
Esse é também o entendimento do STF: HC 85011, Relator p/ Acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/05/2015.
E quanto ao mérito da suspeição, o STF concordou com os argumentos da defesa? O Procurador Rodrigo Janot foi reconhecido como suspeito para conduzir as investigações e a ação penal contra Michel Temer? NÃO. 
O STF entendeu que o então Procurador-Geral da República Rodrigo Janot não era suspeito para investigar e denunciar Michel Temer. 
Entendeu-se que o fato de o PGR dar entrevistas falando sobre o caso, requerer que o inquérito fosse dirigido para determinado Delegado e ainda que um determinado Procurador, em tese, tenha orientado o advogado do réu acerca da colaboração premiada não caracterizam hipóteses de suspeição. STF. Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/9/2017 (Info 877).
A emissão de opinião por parte do chefe do Ministério Público da União, por si só, não se qualifica como hipótese de inimizade capital.
Para que se caracterize como “inimigo capital”, “é indispensável que o sentimento seja grave, que remeta ao ódio, a um sentimento de rancor ou de vingança. Não basta uma simples antipatia ou malquerença” (LIMA, Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal Comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 695).
O Procurador-Geral da República, ao manifestar em entrevistas, congressos etc. as ações que o Ministério Público tem realizado na chamada operação “Lava Jato” adota conduta consentânea com a transparência que deve caracterizar o agir republicano.
O requerimento do Procurador-Geral para que o inquérito fosse distribuído e ficasse restringido apenas ao Delegado que já estava trabalhando na investigação não significa uma interferência ministerial na Polícia Federal. Além disso, isso não indica inimizade capital entre o PGR e o réu.
Por fim, a alegação de que um determinado Procurador (Marcelo Miller) teria orientado o advogado da parte sobre a colaboração premiada não significa suspeição por dois motivos: um, porque essa versão de que houve essa orientação ainda não está sendo apurada, não havendo prova efetiva; dois, porque não há como presumir que o arguido (PGR) tivesse o conhecimento dessa cogitada circunstância. As causas de impedimento e suspeição são sempre pessoais, de forma que não é possível acolher a alegação de que eventual esclarecimento prestado por um Procurador da República contaminaria, automaticamente, a higidez da atuação do Procurador-Geral da República.
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA 
Oitiva antecipada de testemunhas apenas pelo fato de serem policiais – (Info 806) 
		Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá haver autorizada a sua oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles iriam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? 
1ª corrente: SIM. O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade faz com que ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das ocorrências acabam se perdendo em sua memória. Existem vários precedentes do STJ nesse sentido.
2ª corrente: NÃO. Não serve como justificativa a alegação de que as testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui, por si só, para o esquecimento das circunstâncias que cercam a apuração da suposta autoria de cada infração penal.
STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/11/2015 (Info 806).
PROVA EMPRESTADA
INQUÉRITO CIVIL: Compartilhamento no inquérito civil das provas colhidas em investigação criminal mesmo que acobertadas pelo sigilo – (Info 815) – IMPORTANTE!!!
		É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico. 
STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, j. 23/2/16 (Info 815).
PROVAS
PROVA TESTEMUNHAL: Ordem de inquirição das testemunhas – (Info 885)
		Segundo a redação atual do art. 212 do CPP, quem primeiro começa fazendo perguntas à testemunha é a parte que teve a iniciativa de arrolá-la. Em seguida, a outra parte terá direito de perguntar e, por fim, o magistrado. 
Assim, a inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo juízo. 
Em um caso concreto, durante a audiência de instrução, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, somente então, permitiu que as partes formulassem perguntas. 
O STF entendeu que houve violação ao art. 212 do CPP e, em razão disso, determinou que fosse realizada uma nova inquirição das testemunhas, observada a ordem prevista no CPP. 
STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, j. 14/11/17 (Info 885).
Antecipação da prova testemunhal pela gravidade do crime e possibilidade concreta de perecimento – (Info 851)
		A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode ser justificada como medida necessária pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso do tempo. 
Além disso, a antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às garantias inerentes à defesa. Isso porque quando o processo retomar seu curso, caso haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta que seja feita nova inquirição. 
STF. 2ª Turma. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, j. 13/12/16 (Info 851).
	OBS:
Esta decisão do STF neste HC 135386/DF vai de encontro à Súmula 455 do STJ? NÃO. O STF entendeu que havia possibilidade concreta de perecimento. Desse modo, para o Tribunal, a decisão foi concretamente fundamentada. No caso, o juiz não decidiu apenas com base no decurso do tempo,tendo ele também suscitado outros argumentos, como o fato de que houve dificuldade na localização das testemunhas e que os endereços que havia nos autos eram apenas profissionais (e não residenciais).
Assim, não significa que neste HC 135386/DF tenha havido mudança de entendimento sobre o tema.
Vale ressaltar, inclusive, que a defesa, antes de impetrar o HC no STF, já havia manejado o writ no STJ, tendo ali sido igualmente negado o pedido de nulidade, conforme se pode observar pela ementa abaixo:
(...) 1. A antecipação da produção de prova, com base no art. 366 do Código de Processo Penal, encontra-se, no caso em exame, concretamente fundamentada em razão do decurso do tempo aliado à condição de policial militar de uma das testemunhas, circunstância fática relevante que autoriza a medida antecipatória e que não implica ofensa ao teor do Enunciado n. 455 da Súmula do STJ.
2. Em relação às demais testemunhas, também há motivação concreta a justificar a oitiva antecipada, uma vez que as instâncias ordinárias embasaram-se na dificuldade de localização, por não possuírem vínculo com a vítima ou com o acusado, especialmente porque constam dos autos apenas os endereços profissionais e não residenciais. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 346.603/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2016.
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem ser desentranhadas do processo – (Info 849)
		Se determinada prova é considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas e substituídas. 
A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP. 
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. 
STF. 2ª Turma. RHC 137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 29/11/16 (Info 849).
Entrega voluntária de computador do órgão público para ser periciado em investigação. Autorização para acesso de e-mails baixados no computador que foi objeto de busca e apreensão – (Info 849)
		Não há nulidade se, em mandado de busca e apreensão, o titular do órgão entrega para ser periciado pela Polícia o computador utilizado pela chefia e, após esse fato, antes de a perícia ser iniciada, o magistrado responsável pela investigação autoriza a diligência na máquina. 
Não há violação do sigilo de correspondência eletrônica se o magistrado autoriza a apreensão e perícia de computador e nele estão armazenados os e-mails do investigado que, então, são lidos e examinados. A proteção a que se refere o art. 5º, XII, da CF/88, é da 'comunicação de dados' e não dos 'dados em si mesmos', ainda quando armazenados em computador. 
STF. 1ª Turma. RHC 132062/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, j. 29/11/16 (Info 849).
A tradução dos documentos em idioma estrangeiro só será realizada quando for necessário – (Info 831)
		A tradução para o vernáculo de documentos em idioma estrangeiro juntados aos autos só deverá ser realizada se tal providência for absolutamente “necessária”.
É o que prevê o CPP: "Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade." 
A decisão sobre a necessidade ou não da tradução dos documentos cabe ao juiz da causa. 
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 675/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 17/0/15. 
STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 22/6/16 (Info 831).
Legitimidade da prova obtida por meio de cooperação jurídica internacional – (Info 831)
		A utilização pelo MP de documentos enviados por outros países para fins de investigação por meio de cooperação jurídica internacional é legítima mesmo não havendo ainda legislação específica no Brasil regulamentando o tema. Isso porque a transferência de procedimento criminal encontra abrigo em convenções internacionais sobre cooperação jurídica, cujas normas, quando ratificadas, assumem status de lei federal. 
Dessa forma, é legítima a providência da autoridade brasileira de, com base em material probatório obtido da Confederação Suíça, por sistema de cooperação jurídica internacional, investigar e processar o congressista em questão pelo delito de evasão de divisas, já que se trata de fato delituoso diretamente vinculado à persecução penal objeto da cooperação, que tem como foco central delitos de corrupção e lavagem de capitais. 
STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 22/6/16 (Info 831).
Indeferimento de oitiva das vítimas e inexistência de cerceamento de defesa – (Info 823)
		Não há direito absoluto à produção de prova. Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do juiz da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas partes. 
Assim, não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. 
Em regra, o ofendido deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova. 
STF. 1ª Turma. HC 131158/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2016 (Info 823).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: Em janeiro de 2013 ocorreu um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), no qual morreram 241 pessoas e 636 sobreviveram com ferimentos. Um dos sócios da boate foi denunciado por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio qualificado. A defesa do sócio requereu ao juiz que, na instrução processual, fossem ouvidos todos os 636 sobreviventes. O magistrado negou o pedido, o que fez com que o advogado impetrasse sucessivos habeas corpus alegando cerceamento de defesa até que o tema chegasse ao STF.
O que decidiu o Supremo? Houve cerceamento de defesa pelo fato de o juiz ter indeferido a oitiva das vítimas? NÃO.
O art. 411 do CPP determina que:
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível (...)
Dessa forma, em regra, o ofendido deverá ser ouvido. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova.
No caso concreto, o magistrado, em observância ao sistema da persuasão racional, proferiu decisão motivada dispensando a oitiva de todas as vítimas do homicídio tentado. Segundo o juiz, a produção dessa prova, diante da peculiaridade do caso concreto, acarretaria, em síntese, a necessidade de mais de 954 horas de audiência para a tomada de declarações das 638 vítimas, a nova exposição delas ao cenário traumático em que os fatos teriam se desenvolvido e a repetição de relatos que não auxiliariam no esclarecimento dos fatos.
O STF acrescentou, ainda, que o rito especial do tribunal do júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as testemunhas que não prestam compromisso legal.
Prova insuficiente para condenação – (Info 743)
		A delação de corréu e depoimento de informante não poderiam servir como elementos decisivos para a condenação, porque não seria exigido o compromisso legal de falar a verdade. 
STF. Plenário. AP 465/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/4/2014 (Info 743).
CONFISSÃO
Réu só tem direito à atenuante caso a autoria criminosa seja ignorada ou imputada a outrem – (Info 824) – IMPORTANTE!!!
		A atenuante da confissão tratada no art. 72, III, "d", do Código Penal Militar está vinculada à revelação da autoria criminosaignorada ou imputada a outrem. 
A atenuante de pena prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal comum exige apenas a espontaneidade, mas não pode ser aplicada para os crimes militares em virtude do critério da especialidade. 
STF. 1ª Turma. HC 115189/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
	OBS:
Confissão espontânea e crimes militares: Nos crimes militares, as atenuantes estão previstas no art. 72 do Código Penal Militar.
Dentre elas está a confissão espontânea. Ocorre que a confissão no CPM é tratada de forma diferente e mais rigorosa do que no Código Penal comum. Compare:
	Código Penal
	Código Penal Militar
	Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
	Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem;
	Exige apenas a espontaneidade.
	Além da espontaneidade, exige que o crime estivesse com sua autoria ignorada ou sendo imputada a outrem.
Dessa forma, o indivíduo acusado de um crime militar somente terá direito a esta atenuante se o crime por ele confessado:
tinha autoridade ignorada; ou
se ele estava sendo imputado a outra pessoa.
Assim, se o crime já estava praticamente esclarecido e, desde a sua prática, sempre se soube que o réu era o seu autor, não incidirá a atenuante mesmo que ele tenha confessado. Ex: crime praticado na frente de diversas testemunhas.
É possível aplicar a regra do art. 65, III, "d", do Código Penal comum para os crimes militares? NÃO.
Direito de permanecer calado e confissão feita por pessoa convocada para ser testemunha – (Info 754) – IMPORTANTE!!!
		Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma investigação e, durante o seu depoimento, acaba confessando um crime, essa confissão não é válida se a autoridade que presidia o ato não o advertiu previamente de que ele não era obrigado a produzir prova contra si mesmo, tendo o direito de permanecer calado.
STF. 2ª Turma. RHC 122279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/8/14 (Info 754).
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
“Denúncia anônima”, quebra de sigilo e renovação das interceptações – (Info 890)
		“Denúncia anônima” e quebra de sigilo 
Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar investigações preliminares com base em "denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade das alegações contidas no documento apócrifo. 
A Polícia, com base em diligências preliminares para atestar a veracidade dessas “denúncias” e também lastreada em informações recebidas pelo Ministério da Justiça e pela CGU, requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado. 
O STF entendeu que a decisão do magistrado foi correta considerando que a decretação da interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e sim após a realização de diligências investigativas e também com base nas informações recebidas dos órgãos públicos de fiscalização. 
Renovação das interceptações 
A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º). 
A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. 
STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, j. 6/2/2018 (Info 890).
Crime achado – (Info 869) – IMPORTANTE!!!
		O réu estava sendo investigado pela prática do crime de tráfico de drogas. 
Presentes os requisitos constitucionais e legais, o juiz autorizou a interceptação telefônica para apurar o tráfico. 
Por meio dos diálogos, descobriu-se que o acusado foi o autor de um homicídio.
A prova obtida a respeito da prática do homicídio é LÍCITA, mesmo a interceptação telefônica tendo sido decretada para investigar outro delito que não tinha relação com o crime contra a vida. 
Na presente situação, tem-se aquilo que o Min. Alexandre de Moraes chamou de “crime achado”, ou seja, uma infração penal desconhecida e não investigada até o momento em que, apurando-se outro fato, descobriu-se esse novo delito. 
Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não seja conexo) com o delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos constitucionais e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade ou fraude. 
STF. 1ª Turma. HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 13/6/17 (Info 869).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: Foi instaurada operação policial para investigar o crime de tráfico de drogas que seria praticado por João. O juiz deferiu a intercepção telefônica do número de aparelho celular utilizado pelo investigado. No curso da referida interceptação, pelos diálogos mantidos, ficou constatado que João ordenou o homicídio de um inimigo seu, o que foi cumprido por um comparsa. O Ministério Público ofereceu denúncia contra João e seu comparsa pela prática de homicídio qualificado. A defesa do réu arguiu a nulidade da prova colhida, considerando que a interceptação foi autorizada pelo juiz com o objetivo de apurar o delito de tráfico de drogas (e não eventual homicídio).
O STF acolheu a tese de defesa? As provas relativas ao homicídio são ilegais? NÃO.
Obs.: a expressão “crime achado” é encontrada no Curso de Direito Constitucional do Min. Alexandre de Moraes e nada mais é do que aquilo que a doutrina denomina “serendipidade” ou “encontro fortuito de crime”.
Serendipidade: A serendipidade consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto da investigação. A serendipidade (tradução literal da palavra inglesa serendipity), também é conhecida como “descoberta casual” ou “encontro fortuito”. Para Luiz Flávio Gomes, “serendipidade é o ato de fazer descobertas relevantes ao acaso, em forma de aparentes coincidências. De acordo com o dicionário Houaiss, a palavra vem do inglês serendipity: descobrir coisas por acaso.” 
Obs.: Apesar de ser a hipótese mais comum, a serendipidade não se dá apenas no caso de interceptação telefônica. Assim, é possível que ocorra a descoberta fortuita de crimes durante a execução de outras medidas de investigação, como, por exemplo, durante a quebra de sigilo bancário ou fiscal. Nesse sentido confira o seguinte julgado:
A Polícia Federal instaurou inquérito policial para apurar o suposto delito de fraude contra licitação (art. 90 da Lei nº 8.666/90) praticado por João e outros.
A requerimento da autoridade policial e do MPF, o juiz decretou uma série de medidas cautelares, dentre elas a quebra do sigilo bancário e fiscal.
Durante o cumprimento dessas medidas, a Polícia detectou a existência de indícios de que João teria praticado também o delito de peculato (art. 312 do CP).
As provas do peculato são lícitas.
O fato de elementos indiciários acerca da prática de crime surgirem no decorrer da execução de medida de quebra de sigilo bancário e fiscal determinada para apuração de outros crimes não impede, por si só, que os dados colhidos sejam utilizados para a averiguação da suposta prática daquele delito.
Com efeito, pode ocorrer o que se chama de fenômeno da serendipidade, que consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto da investigação.
STJ. 6ª Turma. HC 282.096-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2014 (Info 539).
Aprofundando: Alguns autores fazem a seguinte distinção:
a) Serendipidade objetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro crime que não estava sendo investigado.
b) Serendipidade subjetiva: ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do envolvimentocriminoso de outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. Ex: durante a interceptação telefônica instaurada para investigar João, descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado Federal).
Nesse sentido: MASSON, Cleber; MARÇAL, Vinicius. Crime organizado. São Paulo: Método, 2017, p. 274.
Há ainda uma outra classificação que fala que a serendipidade pode ser dividida em “graus”:
a) Serendipidade de primeiro grau: é o encontro fortuito de provas quando houver conexão ou continência com o fato que se apurava.
b) Serendipidade de segundo grau: é o encontro fortuito de provas quando não houver conexão ou continência com o fato que se apurava.
Renovação das interceptações – (Info 855) – (TJAM-2016)
		A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º). 
A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. 
STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 21/2/2017 (Info 855).
	(PCAC-2017-IBADE): Quanto ao número de vezes em que o prazo da interceptação telefônica pode ser renovado, entende a doutrina, bem com o Superior Tribunal de Justiça, em seu mais recente julgado acerca do tema, no início de 2013, que o prazo da interceptação pode ser renovado indefinidamente, desde que comprovada a indispensabilidade do meio de prova. 
	OBS:
É possível a prorrogação da interceptação por mais de uma vez? SIM, é plenamente possível. A jurisprudência do STF e do STJ consolidou o entendimento segundo o qual as interceptações telefônicas podem ser prorrogadas, desde que devidamente fundamentadas pelo juízo competente em relação à necessidade do prosseguimento das investigações, especialmente quando o caso for complexo e a prova indispensável. 
Entende-se que a redação deste art. 5º foi mal elaborada e que, quando fala em “renovável por igual tempo” não está limitando a possibilidade de renovações sucessivas, mas tão somente dizendo que as renovações não poderão exceder, cada uma delas, o prazo de 15 dias.
De igual modo, a expressão “uma vez”, presente no dispositivo legal, deve ser entendida como sinônima de “desde que”, não significando que a renovação da interceptação somente ocorre “1 (uma) vez”.
Interceptação do número do advogado do investigado e consequências processuais – (Info 832)
		O simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado não é causa, por si só, para gerar a anulação de todo o processo e da condenação que foi imposta ao réu. 
Se o Tribunal constatar que houve indevida interceptação do advogado do investigado e que, portanto, foram violadas as prerrogativas da defesa, essa situação poderá gerar três consequências processuais: 
1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação; 
2ª) Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório e com ele relacionados; 
3ª) Afastamento do magistrado caso se demonstre que, ao assim agir, atuava de forma parcial.
Se o próprio juiz, ao perceber que o advogado do investigado foi indevidamente "grampeado", anula as gravações envolvendo o profissional e, na sentença, não utiliza nenhuma dessas conversas nem qualquer prova derivada delas, não há motivo para se anular a condenação imposta. 
STF. 2ª Turma. HC 129706/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/6/2016 (Info 832).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João, líder de organização criminosa, estava sendo investigado juntamente com dezenas de outras pessoas pela Polícia Federal. Após diversas diligências que confirmaram a existência de indícios da prática de crimes, o Delegado de Polícia Federal pediu ao Juiz a interceptação telefônica de dezenas de terminais (números) que estariam sendo utilizados para diálogos suspeitos envolvendo João e outros indivíduos. Após manifestação favorável do MPF, o magistrado deferiu as interceptações. Foram gravadas conversas por 15 dias, até que a operação policial foi deflagrada e inúmeras pessoas foram presas. Após a deflagração, percebeu-se que um dos números interceptados era o do advogado de João (Dr. Luis) que, no entanto, não foi preso.
Em regra, é possível a interceptação telefônica do advogado da pessoa que está sendo investigada?
Regra geral: NÃO.
As conversas mantidas entre o investigado e seu advogado são protegidas pelo sigilo profissional e, portanto, em regra, não podem ser objeto de interceptação telefônica. Esta garantia encontra-se prevista no art. 7º, II, do Estatuto da OAB (Lei 8.906/94):
Art. 7º São direitos do advogado:
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;
Exceção: será possível que o juiz autorize a interceptação telefônica do advogado se houver indícios concretos de que este profissional também está participando da prática dos crimes em conjunto com seu cliente. Neste caso, o próprio advogado se torna um dos investigados. A garantia prevista no art. 7º, II, da Lei 8.906/94 não é absoluta e só pode ser invocada se o advogado estiver no exercício legítimo da advocacia, não servindo como manto para o cometimento de delitos. Nesse sentido:
(...) 1. Como se sabe, não existem direitos absolutos no ordenamento jurídico pátrio, motivo pelo qual a suspeita de que crimes estariam sendo cometidos por profissional da advocacia permite que o sigilo de suas comunicações telefônicas seja afastado, notadamente quando ausente a demonstração de que as conversas gravadas se refeririam exclusivamente ao patrocínio de determinado cliente.
2. Há que se considerar, ainda, que o exercício da advocacia não pode ser invocado com o objetivo de legitimar a prática delituosa, ou seja, caso os ilícitos sejam cometidos valendo-se da qualidade de advogado, nada impede que os diálogos sejam gravados mediante autorização judicial e, posteriormente, utilizados como prova em ação penal, tal como sucedeu no caso dos autos. (...)
STJ. 5ª Turma. RHC 51.487/SP, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), j. 23/06/15.
Voltando ao exemplo: Imaginemos que Dr. Luis estava agindo corretamente, ou seja, atuava como advogado, mas sem participar dos crimes que estavam sendo cometidos pelo seu cliente. Quando teve conhecimento que foi "grampeado", Dr. Luis peticionou ao Juiz requerendo que tais elementos probatórios fossem declarados ilícitos e desentranhados dos autos. O Juiz concordou com o requerimento do advogado e determinou o desentranhamento de todos os diálogos interceptados que envolviam o Dr. Luis. Segundo justificou o magistrado, no momento da autorização da interceptação ele não teria notado que um dos telefones grampeados era do advogado do réu. Ao final do processo, João (o cliente do Dr. Luis) foi condenado. Dr. Luis recorreu alegando que a interceptação do advogado do investigado tornou todo o processo nulo, por violação ao direito de defesa e às prerrogativas contidas no Estatuto da OAB.
O simples fato de o advogado do réu ter sido interceptado é causa suficiente para gerar a anulação de todo o processo? NÃO. Se o Tribunal constatar que houve indevida interceptação do advogado do investigado e que, portanto, foram violadas as prerrogativas da defesa, essa situação poderá gerar três consequências processuais:
1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação
No caso concreto, esta primeira providência não poderia mais ser tomada pelo STF, considerando que o próprio juiz que autorizou a interceptação anulou a decisão na parte que se referia ao advogado e o resultado da interceptação foi desentranhado e destruído após a defesa informar que o terminal interceptado pertencia ao patrono doacusado. Desse modo, não há mais nulidade a ser decretada, visto que o ato já se tornou ineficaz.
2ª) Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório e com ele relacionados
O Tribunal, ao analisar a situação, além de anular a decisão que decretou a interceptação do advogado, poderá também anular os atos processuais posteriores, desde que estejam diretamente relacionados com a interceptação do advogado. Assim, se algum elemento probatório foi colhido a partir dos diálogos captados com o advogado, este elemento probatório derivado também deverá ser anulado. Ex: na conversa com seu advogado, o investigado menciona o nome de uma pessoa que era desconhecida da Polícia. A partir desta informação, a Polícia convoca esta pessoa para depor e, no depoimento, surgem novos elementos contra o investigado. Este depoimento deverá ser invalidado porque está diretamente relacionado com a prova ilícita. Este depoimento pode ser considerado como "prova ilícita por derivação". Nesse sentido, veja o que dispõe o CPP:
Art. 573. (...) § 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.
No exemplo dado, os diálogos interceptados com o advogado não geraram novos elementos de prova que foram utilizados contra o réu. As conversas que foram coletadas não se mostraram úteis à instrução e, ao serem descartadas, não contaminaram as demais provas.
3ª) Afastamento do magistrado caso se demonstre que, ao assim agir, atuava de forma parcial
Se o magistrado intercepta conscientemente o advogado do investigado mesmo sabendo que ele não participava do projeto criminoso, este juiz revela indícios de que atua de forma parcial, em prejuízo da defesa. Logo, isso pode servir como fundamento para se arguir a parcialidade e a recusa do magistrado. No entanto, no exemplo dado, restou demonstrado que a interceptação ocorreu sem que a qualidade de advogado tenha sido percebida previamente. A interceptação foi determinada pelo magistrado atendendo representação policial, de forma que não foi o juiz quem selecionou o telefone como alvo da investigação. Os elementos indicaram que o magistrado não buscou, conscientemente, afrontar os direitos da defesa, tanto que, no momento em que soube da situação, determinou a anulação das provas e o seu desentranhamento dos autos. Dessa forma, a atuação do juiz não fugiu da conduta que se espera de um magistrado imparcial.
Validade da interceptação decretada por Juiz da Central de Inquéritos Criminais que não será o competente para julgar a ação penal – (Info 816) – IMPORTANTE!!!
		É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de Central de Inquéritos Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura ação penal que será proposta. 
Não há, neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, considerando que este dispositivo não fixa regra de competência, mas sim reserva de jurisdição para quebra do sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve ser decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). 
Admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuar na fase pré-processual decretando medidas que dependam da intervenção do Poder Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o competente para julgar a ação penal que será proposta posteriormente. 
STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016 (Info 816).
	OBS:
Este também é o entendimento do STJ:
(...) 1. O art. 50, I, "e" da LC nº 234/2002, especializou a Vara de Inquéritos Criminais para o acompanhamento judicial e de garantias na fase investigatória, nesse limite compreendendo-se as questionadas decisões de quebra do sigilo telefônico.
2. A especialização de varas é forma de racionalização do trabalho jurisdicional e, tratando-se de separação da fase investigatória, inclusive salutar à garantia da imparcialidade do juiz das garantias, que não atuará na no juízo da culpa, com valoração das provas no feito criminal contraditório.
3. A previsão contida no art. 1º da Lei nº 9.296/96 é simples reiteração da regra geral de que as medidas cautelares são solvidas pelo juízo competente para a ação principal, e não determinação de diferenciado tratamento de competência para a quebra do sigilo telefônico.
4. Nenhuma nulidade há na deliberação sobre cautelares e jurisdição de garantias por magistrado da Vara de Inquéritos, que como tal não atuará na futura ação principal. (...)
STJ. 6ª Turma. RHC 49.380/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/11/2014.
Possibilidade de compartilhamento das provas obtidas em outro processo criminal – (Info 811)
		O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova.
STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
Ausência de autos apartados configura mera irregularidade – (Info 811)
		Segundo o art. 8º da Lei 9.296/96, o procedimento de interceptação telefônica (requerimento, decisão, transcrição dos diálogos etc.) deverá ser instrumentalizado em autos apartados.
Haverá nulidade caso a interceptação não seja formalizada em autos apartados?
NÃO. Preenchidas as exigências previstas na Lei nº 9.296/96 (ex: autorização judicial, prazo etc.), não deve ser considerada ilícita a interceptação telefônica pela simples ausência de autuação. A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que não viola os elementos essenciais à validade da interceptação.
STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
Desnecessidade de transcrição das conversas interceptadas – (Info 742) – IMPORTANTE!!!
		Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do material que, direta e indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em determinar a transcrição da integralidade ou de partes do áudio. 
STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014 (Info 742).
O caráter subsidiário e excepcional da interceptação telefônica
		A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei n. 9.296/1996. 
Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. 
STF. Segunda Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012.
Condução dos procedimentos de interceptação telefônica
		Segundo o art. 6º, da Lei n. 9.296/96, os procedimentos de interceptação telefônica serão conduzidos pela autoridade policial (Delegado de Polícia Civil ou Federal). O STJ e o STF, contudo, entendem que tal acompanhamento poderá ser feito por outros órgãos, como, por exemplo, a polícia militar (o que ocorreu no caso concreto), não sendo atribuição exclusiva da autoridade policial. 
STF. 2ª Turma. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15/5/2012.
COLABORAÇÃO PREMIADA 
Descumprimento de colaboração premiada não justifica, por si só, prisão preventiva – (Info 609) – IMPORTANTE!!!
		O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização, isoladamente, não autoriza a imposição da segregação cautelar. 
Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido acordo de colaboração premiada. 
Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que,em decorrência do descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. 
Por essa razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. 
É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. 
STJ. 6ª Turma. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, j. 27/6/17 (Info 609). 
STF. 2ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, j. 25/4/17 (Info 862).
O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê um limite máximo de duração do sigilo, sendo possível que ele seja retirado antes do recebimento da denúncia – (Info 877)
		O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia (art. 7º, § 3º da Lei 12.850/13). Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo.
Para que o sigilo seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo. 
STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 12/9/17 (Info 877).
	OBS:
Colaboração premiada é um instituto previsto na legislação por meio do qual...
- um investigado ou acusado da prática de infração penal
- decide confessar a prática do delito
- e, além disso, aceita colaborar com a investigação ou com o processo
- fornecendo informações que irão ajudar,
- de forma efetiva,
- na obtenção de provas contra os demais autores dos delitos e contra a organização criminosa,
- na prevenção de novos crimes,
- na recuperação do produto ou proveito dos crimes ou
- na localização da vítima com integridade física preservada,
- recebendo o colaborador, em contrapartida, determinados benefícios penais (ex: redução de sua pena).
Atenção: A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei 12.850/13). A colaboração premiada não é um meio de prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada é um meio, uma técnica, um instrumento para se obter as provas.
“Enquanto os meios de prova são aptos a servir, diretamente, ao convencimento do juiz sobre a veracidade ou não de uma afirmação fática (p. ex., o depoimento de uma testemunha, ou o teor de uma escritura pública), os meios de obtenção de provas (p. ex.: uma busca e apreensão) são instrumentos para a colheita de elementos ou fontes de provas, estes sim, aptos a convencer o julgador (p. ex.: um extrato bancário [documento] encontrado em uma busca e apreensão domiciliar). Ou seja, enquanto o meio de prova se presta ao convencimento direto do julgador, os meios de obtenção de provas somente indiretamente, e dependendo do resultado de sua realização, poderão servir à reconstrução da história dos fatos” (BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. Rio de Janeiro. Campus: Elsevier. 2012, p. 270).
MOMENTO: A colaboração premiada e a concessão dos benefícios dela decorrentes podem ocorrer em três momentos:
1) Na fase de investigação criminal (inquérito policial ou investigação conduzida pelo MP);
2) Durante o curso do processo penal (ainda que já em instância recursal);
3) Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
PROCEDIMENTO ATÉ A ASSINATURA DO ACORDO DE COLABORAÇÃO:
1) Negociação do acordo
O investigado (ou acusado), assistido por advogado, negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado de Polícia ou com o Ministério Público.
O juiz não participará, em hipótese alguma, das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração (§ 6º do art. 4º).
Caso o magistrado interagisse nas negociações, haveria uma grave violação do sistema acusatório e um seríssimo risco de contaminação da sua imparcialidade, considerando que as informações enunciadas pelo eventual colaborador iriam incutir no julgador preconcepções sobre o próprio delator e seus comparsas.
Se as negociações não culminassem com um acordo, a opinião do julgador a respeito do investigado/denunciado já estaria construída em seu psicológico, considerando que teria ouvido confissões sobre os fatos criminosos.
Ademais, a simples presença do juiz da causa na tentativa de acordo poderia exercer uma indevida coerção velada para que o investigado/acusado aceitasse eventual proposta, o que contraria a natureza do instituto, já que a colaboração deve ser voluntária.
A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição (não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilo bancário ou fiscal. 
Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador. 
O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a indispensável homologação. 
STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
2) Formalização do acordo e envio à Justiça
Caso as negociações tenham êxito, as declarações do colaborador serão registradas (em meio escrito ou audiovisual) e será elaborado um termo de acordo de colaboração premiada, a ser assinado por todas as partes e, então, remetido ao juiz para homologação.
3) Requisitos formais do acordo 
Segundo o art. 6º, o termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter os seguintes requisitos formais: 
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; 
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; 
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.
Na proposta encaminhada ao Judiciário já deverá ser especificado o benefício que deverá ser concedido ao colaborador (ex: redução de 2/3 da pena). Deve-se esclarecer, contudo, que o magistrado não está vinculado aos termos da proposta, podendo adequá-la ao caso concreto (§ 8º do art. 4º).
4) O pedido de homologação do acordo é autuado como processo sigiloso
O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto (art. 7º).
As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 horas. Obs: se já houver um juízo que estiver funcionando no caso (ex: tiver deferido interceptação telefônica, recebido a ação penal etc.), este será o competente para apreciar o acordo, sendo distribuído a ele por prevenção.
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao Delegado de Polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento.
O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia (§ 3º do art. 7º).
5) Análise da homologação pelo juiz
As negociações do acordo de colaboração premiada ocorrem em âmbito extrajudicial, sendo vedada, como vimos, a participação do magistrado. Repetindo: o magistrado não participa da negociação do acordo.
Ocorre que, após celebrado, o pacto somente terá eficácia processual se for homologado pelo juiz.
Na análise da homologação do acordo, o juiz deverá examinar os seguintes aspectos:
a) Regularidade: se os aspectos formais e procedimentais foram atendidos;
b) Legalidade: se a pactuação celebrada ofende algum dispositivolegal;
c) Voluntariedade: se o investigado/acusado não foi coagido a assinar o acordo.
Art. 4º (...) § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
"A homologação não representa juízo de valor sobre as declarações eventualmente já prestadas pelo colaborador à autoridade judicial ou ao Ministério Público." (Min. Dias Toffoli, no HC 127483/PR). Isso significa que, quando o juiz homologa o acordo de colaboração premiada, não está necessariamente concordando ou afirmando que as declarações prestadas pelo colaborador são verdadeiras. Tais declarações ainda serão objeto de apuração.
A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013).
O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores. 
A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se confirmaram com as provas produzidas será feita apenas no momento do julgamento do processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. 
STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
SIGILO LEVANTADO ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA:
O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê o seguinte:
Art. 7º (...)
§ 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5º.
É possível que esse sigilo seja retirado antes do recebimento da denúncia? SIM. O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê um limite máximo de duração do sigilo, sendo possível que ele seja levantado (retirado) antes do recebimento da denúncia.
Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo. Para que o sigilo seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo. Assim, nada impede que o sigilo do acordo seja afastado em momento anterior ao recebimento da denúncia, possibilitando conhecer aquele que subscreveu o acordo, bem assim o conteúdo do que declarado.
Depois que forem realizadas as diligências cautelares, em regra, não subsiste mais razão para o sigilo, mesmo que ainda não tenha sido recebida a denúncia. Não há direito subjetivo do colaborador a que se mantenha, indefinidamente, a restrição de acesso ao conteúdo do acordo. Isso porque no âmbito da administração pública a regra é a publicidade e o sigilo é exceção, conforme estabelece o art. 5º, LX, da CF/88:
Art. 5º (...)
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Diversos aspectos relacionados com a homologação do acordo – (Info 870) – IMPORTANTE!!!
		Natureza jurídica do acordo de colaboração premiada 
A colaboração premiada é um negócio jurídico processual entre o Ministério Público e o colaborador, sendo vedada a participação do magistrado na celebração do ajuste entre as partes. 
Papel do Poder Judiciário no acordo de colaboração premiada 
A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição (não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilo bancário ou fiscal. 
Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador.
O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a indispensável homologação. 
Natureza da decisão que homologa o acordo de colaboração premiada 
A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei 12.850/2013). 
O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores. 
A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se confirmaram com as provas produzidas será feita apenas no momento do julgamento do processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. 
Na decisão homologatória, magistrado examina se as cláusulas contratuais ofendem manifestamente o ordenamento jurídico 
No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. 
Ex: o Relator poderá excluir ao acordo a cláusula que limite o acesso à justiça, por violar o art. 5º, XXXV, da CF/88. 
Neste momento, o Relator não realiza qualquer controle de mérito, limitando-se aos aspectos formais e legais do acordo. 
Em caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do Relator?
É atribuição do Relator homologar, monocraticamente, o acordo de colaboração premiada, analisando apenas a sua regularidade, legalidade e voluntariedade, nos termos do art. 4º, § 7º da Lei nº 12.850/2013: 
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. 
Não há qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão monocrática. O art. 21, I e II, do RISTF confere ao Ministro Relator no STF poderes instrutórios para ordenar, de forma singular, a realização de quaisquer meios de obtenção de provas. 
Em caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do órgão colegiado? 
Compete ao órgão colegiado, em decisão final de mérito, avaliar o cumprimento dos termos do acordo homologado e a sua eficácia, conforme previsto no art. 4º, § 11 da Lei nº 12.850/2013: 
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
Assim, é possível que o órgão julgador, no momento da sentença ou acórdão, ou seja, após a conclusão da instrução probatória, avalie se os termos da colaboração foram cumpridos e se os resultados concretos foram atingidos, o que definirá a sua eficácia. 
Acordo de colaboração homologado pelo Relator deve, em regra, produzir seus efeitos, salvo se presente hipótese de anulabilidade 
O acordo de colaboração devidamente homologado individualmente pelo relator deve, em regra, produzir seus efeitos diante do cumprimento dos deveres assumidos pelo colaborador. 
Vale ressaltar, no entanto, que o órgão colegiado detém a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou de conhecimento posterior que firam a legalidade do acordo, nos termos do § 4º do art. 966do CPC/2015: 
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
Direitos do colaborador somente serão assegurados se ele cumprir seus deveres 
O

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