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06 Nocoes de Direito Penal 1 1

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prefeitura do Município de Osasco/SP 
Guarda Civil Municipal 
 
 
 
Dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio (Art. 121 ao 183). .................................................. 1 
 
Dos crimes contra a Administração Pública (Art. 312 ao 337-A – os artigos em referência são do Código 
Penal) ..................................................................................................................................................... 77 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1323210 E-book gerado especialmente para CLECIO RODRIGUES LIMA
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA (ART. 121 A 128) 
 
É finalidade fundamental do Estado, a proteção da pessoa humana, já que é o centro e a essência de 
sua existência (o Estado). 
O bem de maior valor do homem, sem dúvida alguma, é a vida e, quem tira a vida de outra pessoa é 
punido, desde os tempos mais remotos. 
O HOMICÍDIO é definido como a eliminação da vida extrauterina de um homem por outro. No código 
penal, artigo 121 a definição é simples - matar alguém, pena 6 a 20 anos de reclusão. 
O objetivo do artigo é a proteção da vida, que, inclusive, é garantia constitucional. 
Somente o homem pode ser sujeito ativo do homicídio, e, não se exige nenhuma qualidade especial 
para isto, podendo ser praticado por qualquer pessoa (crime comum). 
Pode ser sujeito passivo, qualquer pessoa, basta ser humano, não existindo distinção qualquer, 
sendo importante, saber-se, somente, quando se tem o início da vida que, para efeitos do homicídio, é 
início do parto e, se ocorrer antes, trata-se de aborto. 
Não se importa o legislador, com a expectativa de vida do nonato, basta haver a vida, para que sua 
eliminação seja punida. 
Eliminando-se a vida de um animal, ou até de um vegetal, não haverá homicídio, da mesma forma 
quando a ação de matar se dirige contra um cadáver. 
São seres humanos os considerados monstros, os portadores de graves deficiências, os moribundos, 
etc. 
No caso de xifópagos, a eliminação da vida de um deles, da qual depende a do outro, será considerado 
homicídio em concurso formal. 
Elemento objetivo: Descrição típica é matar alguém, eliminar a vida do ser humano, que pode ser feio 
por qualquer meio, diretamente ou indiretamente. 
Os meios podem ser classificados como físicos, químicos, patogênicos e psíquicos ou morais, podendo 
ser causado, ainda, por ação ou omissão, desde que haja o nexo causal. 
Elemento subjetivo (Dolo - genérico) É a intenção, o querer eliminar a vida humana, não sendo 
necessário o fim especial de agir, que, entretanto, pode estar presente, qualificando ou privilegiando o 
crime. 
A transmissão do vírus da AIDS, quando causa a morte é considerado homicídio, na modalidade do 
dolo eventual. Se não ocorreu a morte o crime é de lesão corporal de natureza grave, mas, não caracteriza 
tentativa de homicídio. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
Por ser crime material o homicídio, para consumação, depende de resultado naturalístico, que ocorre 
com a morte da vítima, definida como sendo a parada de funcionamento cerebral, circulatória e 
respiratória, de caráter definitivo. 
A comprovação do homicídio se faz através de exame necroscópico. 
É possível a tentativa de homicídio. Havendo ataque à vida e, não ocorrendo o resultado por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá a tentativa de homicídio. 
Deve-se diferenciar tentativa de homicídio de lesão corporal, cuja distinção se encontra na intenção 
do agente, que pode ser deduzido através de critérios objetivos, como a violência do golpe, a sede das 
lesões, o tipo de arma utilizada, etc., devendo existir, ainda, o efetivo ataque ao bem jurídico, não se 
impostando, exclusivamente, com a gravidade das lesões sofridas pela vítima. 
Fala-se em tentativa branca, quando o agente dispara contra a vítima, mas não consegue atingi-la. 
 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: ARTIGO 121, parágrafo 1º do C.P. Não é delito autônomo, mas, caso 
de diminuição de pena pela existência de determinadas circunstâncias que tornam menos grave a 
Dos crimes contra a pessoa e contra o patrimônio (Art. 121 ao 183) 
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reprovabilidade da conduta e, por consequência, a pena, sendo a diminuição entre os limites de 1/6 a 1/3 
que, de acordo com a maioria dos juristas é obrigatória, mas, existe entendimento em contrário. 
As circunstâncias que diminuem a pena são: relevante valor social ou moral e a violenta emoção, após 
a injusta provocação da vítima. 
Tais circunstâncias, que já foram estudas (sentimento sociais) demonstram que o agente não possuí 
um alto grau de periculosidade, devendo, pois, sofrer uma menor punição. 
Os sentimentos morais, relembrando, são sentimentos individuais que podem levar a prática do crime, 
como a piedade, no caso da eutanásia que, por nossa legislação é punida a título de homicídio. 
Por fim se tem a violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima, quem contém os 
seguintes requisitos: existência da emoção; provocação da vítima e reação imediata A emoção é um 
estado grave que, momentaneamente, perturba o sentido do ser humano, levando ao crime. Assim, não 
se incluí no privilégio, o chamado homicídio passional (matar por amor). 
Se não estiver presente a emoção violenta, poderá existir circunstância atenuante, mas não o 
privilégio. 
É de suma importância a injustiça na provocação 
A circunstância de tempo, logo em seguida, também deve estar presente, a reação deverá ser 
imediata. 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO: ARTIGO 121, parágrafo 2º. 
São circunstâncias que, presentes, demonstram, ao contrário dos privilégios, uma periculosidade 
maior no agente, merecendo, pois, uma sanção maior. 
São causas que qualificam o homicídio: 
a) paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe: a vida não pode ser motivo de 
comércio, receber alguma vantagem, em especial dinheiro para tirar a vida de outro ser humano é 
repugnante e, no caso, respondem pelo crime o mandante e o agente e comunica-se ao coautor, por ser 
elementar do crime. 
Qualquer outro ativo repugnante, ignóbil, desprezível, como o caso de homicídio praticado para 
recebimento de herança, também qualifica o homicídio. 
b) motivo fútil: é o motivo pequeno, sem importância, amplamente desproporcional, e é analisada do 
ponto de vista objetivo e não de acordo com o réu. 
c) veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa 
resultar perigo comum: nota-se, nos presentes casos que o agente tem um desprezo total em relação 
à vítima, não se importando com o sofrimento quelhe vai impor, com a utilização dos meios cruéis, 
veneno, fogo, nem tampouco com a vida de outras pessoas que possam ser atingidas por seu ato, 
merecendo, assim, uma maior punição. 
Para reconhecimento da qualificadora, entretanto, é necessária a comprovação do nexo entre a 
utilização do meio insidioso ou cruel e a morte, inclusive com exame toxicológico. 
A asfixia pode ocorrer de diversas formas, bloqueio das vias respiratórias, enforcamento, esganadura, 
estrangulamento, soterramento, confinamento, etc. 
Outros meios que podem ser citados é a morte por descarga elétrica de alta tensão, a armadilha, a 
sabotagem, etc. 
Como meios que pode causar perigo comum, aponta-se a inundação, desabamento, etc. 
d) traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa 
do ofendido: que demonstram covardia por parte do agente. 
A traição ocorre quando o agente atinge a vítima que se encontra confiando nele, ou descuidado, por 
não imaginar a intenção do assassino. 
A emboscada ou tocaia é a espera e escolha do lugar melhor para a execução da vítima que 
desconhece a situação. 
A dissimulação é o disfarce, uma máscara que esconde da vítima seu destino e a intenção do agente. 
A surpresa, quando dificulta a defesa da vítima é considerada como qualificadora, como o exemplo do 
crime praticado quando a vítima estava dormindo. 
e) crimes praticados para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: Ou seja, quando haja conexão entre dois crimes, sendo um deles praticado pelo ou para o 
outro, podendo ser anterior, concomitante e posterior. 
A premeditação não é considerada qualificadora, podendo ser considerada circunstância judicial para 
a fixação da pena acima do mínimo legal. 
Matar o pai não qualifica o crime, mas, trata-se de circunstância agravante. 
Conforme o caso o homicídio pode ser considerado m crime político, genocídio. 
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As circunstâncias qualificadoras e privilegiadoras se comunicam entre os coautores, desde que 
objetivas e conhecidas pelo coautor, havendo entendimento diverso. 
Outra dúvida na doutrina, a respeito destas circunstâncias, é a possibilidade de reconhecimento de 
qualificadoras e privilegiadoras num mesmo fato. Alguns entendem não ser possível, pois, um crime 
qualificado, não pode ser considerado ao mesmo tempo privilegiado. Numa segunda posição estão os 
que entendem que é possível a coexistência de qualificadoras objetivas com o privilégio e, a terceira 
entende ser possível a coexistência em qualquer hipótese. 
Não é possível a combinação de circunstâncias qualificadoras de caráter subjetivo com as 
circunstâncias privilegiadoras. 
Com o advento do E.C.A., o crime de homicídio praticado contra menor de 14 anos, seja simples, 
qualificado ou privilegiado, terá um aumento de 1/3. 
Existe distinção entre o homicídio e o aborto pois nesta e conduta somente poderá ocorrer antes do 
início do parto e do infanticídio pois, neste, existe uma série de elementos, como mãe, a serem 
preenchidos pelo sujeito ativo. 
O concurso, quer seja formal ou material, pode ocorrer quando da prática de homicídio, como ocultação 
de cadáver, lesões corporais em terceiros, etc, sendo, inclusive, possível, a continuidade delitiva. 
f) feminicídio: Com recente alteração à norma penal pela Lei nº 13.104/2015, foi inserida a 
qualificadora que eleva a pena quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição 
de sexo feminino. Diz-se de razões da condição de sexo feminino quando o crime envolve: violência 
doméstica e familiar; e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Importante destacar, ainda, que utiliza-se os termos “feminicídio” ou “assassinato relacionado a 
gênero”, ao assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres. Tal tipo penal se refere a um 
crime de ódio contra as mulheres, justificada sócio-culturalmente por uma história de dominação da 
mulher pelo homem e estimulada pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado. 
O doutrinador Nucci, em comentário acerca da alteração da Lei menciona que em lugar do legislador 
criar essa nova figura qualificada do delito do art. 121, maior eficácia teria, ao combate da violência contra 
a mulher, se este elevasse as penas dos crimes de ameaça e lesão corporal, uma vez que estas são as 
causas primárias do homicídio cometido contra a mulher. Assim, ameaçar de morte permanece com pena 
de multa (a menor). Lesionar a integridade corporal, três meses de detenção, com vários benefícios, logo, 
prisão não há. Quer-se punir o mais, ignorando-se o menos. 
Frisa-se, ainda, que nos termos do art. 121, §7º, do CP, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um 
terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 
g) Lei 13.142/2015: Esta norma acrescenta mais uma circunstância qualificadora ao crime de 
homicídio, tornando mais severa a punição àquele que pratica ou tenta praticar este crime contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
Antes de prosseguir cabe destacar alguns pontos importantes sobre os sujeitos passivos do delito. Em 
primeiro lugar, a proteção é estendida àqueles abrangidos pelo o art. 142 da CF/88, sendo estes os 
membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. Já o art. 144 
disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária 
federal, polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros militares e guardas municipais. 
Na categoria integrantes do sistema prisional entende-se que não estão abrangidos apenas os agentes 
presentes no dia a dia da execução penal (diretor da penitenciária, agentes penitenciários, guardas, etc), 
mas também aqueles que atuam em certas etapas da execução (comissão técnica de classificação, 
comissão de exame criminológico, conselho penitenciário etc). 
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública 
(FNSP), é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, coordenado pela Secretaria 
Nacional de Segurança Pública (SENASP). É um agrupamento de polícia da União que assume o papel 
de polícia militar em distúrbios sociais ou em situações excepcionais nos estados brasileiros, sempre que 
a ordem pública é posta em situação concreta de risco. É composta pelos quadros mais destacados das 
polícias de cada Estado e da Polícia Federal, seus integrantes possuem a proteção da norma. 
 
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ATENÇÃO: Nos três casos, a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra o 
agente no exercício da função ou em decorrência dela. 
 
Por fim, o crime de homicídio é punido mais severamente quando cometidos contra o cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas anteriores. 
Contudo, alerta o legislador ser indispensável que o crime tenha sido praticado em razão dessa condição, 
ou seja, que o homicida escolheu matar aquela vítima exatamente por ser ela parente de policial. 
Cumpre destacar ainda aqui que a Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos) foi igualmente alterada pela 
norma. Com isso, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte, quando praticados 
contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da ConstituiçãoFederal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. Grau, em razão dessa condição 
passam a ser etiquetados como hediondos. 
 
HOMICÍDIO CULPOSO: artigo 121, § 3º. a culpa é a produção de um resultado não querido, mas 
previsível. Assim, homicídio culposo ocorre quando o agente consegue a morte da vítima sem ter a 
intenção do resultado. 
Geralmente verifica-se o crime de homicídio culposo, em acidentes de trânsito, tanto é verdade que 
luta-se pela criação de delito autônomos em relação aos acidentes de trânsito, onde a culpa consiste na 
transgressão de determinada regra de trânsito, devendo haver, além da transgressão, prova inequívoca 
da culpa do agente. Às vezes a culpa vem revelado no fato do motorista dirigir embriagado, na contra 
mão de direção, em velocidade incompatível para o local. 
Se necessário se faz a prova da culpa do agente, impõe-se o entendimento de que se a culpa for da 
vítima, não haverá responsabilização penal, em relação àquele que causou a lesão, salvo no caso de 
culpa recíproca. 
 
HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO: artigo 121 § 4º. Ocorre a qualificadora do homicídio culposo, 
nas seguintes hipóteses: 1- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, que não deve ser confundida com a imperícia, pois, no caso, o agente conhece a regra técnica, 
entretanto, não a observa, como o caso do motorista que, sabendo estar obrigado a utilizar as duas mãos 
no volante, dirige com apenas uma, não havendo necessidade de ser um motorista profissional, pois a lei 
se refere também a arte e ofício. 2- quando o agente não prestar socorro à vítima, não procura minorar 
as consequências de seu ato, ou foge da prisão em flagrante. O socorro á vítima é obrigação legal, e o 
seu descumprimento implica em aumento de pena no homicídio culposo, mas, se ficar comprovado que 
o agente podia evitar a morte da vítima, caso prestasse socorro, responderá por homicídio doloso, pois, 
com conduta anterior criou o risco de produzir o resultado. 
É natural que se o agente deixou de prestar o socorro à vítima, ou fugiu do local com a intenção de 
buscar socorro próprio ou, de populares que o agrediriam, a qualificadora não poderá ser reconhecida, o 
mesmo ocorrendo se a vítima foi socorrida por terceiros. 
É possível o concurso formal, no caso de haver duas ou mais vítimas. 
Paira dúvida, entretanto, na possibilidade de concurso entre o homicídio culposo e a contravenção de 
falta de habilitação, uma corrente entendendo que não pode ser absorvida a contravenção, 
reconhecendo-se, assim, o concurso. Outra corrente descorda desta posição, entendendo haver a 
absorção, sendo a primeira a predominante. 
Além das consequências penais o CTB prevê como consequência administrativa da condenação por 
crime culposo de trânsito, a inabilitação para dirigir veículos. 
 
PERDÃO JUDICIAL: artigo 121 § 5º. Quando as consequências da infração foram danosas para o 
agente a ponto da sanção penal ser desnecessária, permite-se ao Juiz o aplicação do perdão judicial. 
Como o caso do marido que perde a família num acidente de trânsito no qual foi culpado. Entretanto, a 
aplicação do perdão deve ser feita com cautela e como exceção, pois, se aplicado indistintamente, poderá 
consistir num caminho para a impunidade. 
Nos casos de homicídio, crime contra a vida, a ação penal é pública incondicionada e, nos casos de 
crime doloso, a competência para julgamento será do Tribunal do Júri. 
 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO: artigo 122 do C.P. - Nada mais o suicídio 
do que a eliminação da própria vida. A prática do suicídio não é punida por nossa legislação, entretanto, 
é considerado fato ilícito, por atingir um bem indisponível que é a vida, por isto, a coação para que seja 
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evitado, não constitui crime, mas, a lei pune qualquer pessoa que, de qualquer forma, participe no suicídio 
de outra pessoa. A pena para quem induz, instiga ou auxilia no suicídio é de 2 a 6 anos, se este se 
consuma, ou 1 a 3 anos se, da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave, sendo a 
pena de reclusão. 
Tem por objetivo o legislador a proteção da vida humana. 
Pode ser sujeito ativo do crime, qualquer pessoa, excluindo aquele que tenta contra a própria vida, que 
colabora com a atitude da vítima. 
Sujeito passivo é o homem, desde que seja capaz de ser induzido, sendo possuidor de capacidade de 
resistência, pois, caso contrário, o crime será de homicídio doloso. É necessário, também que o sujeito 
passivo seja determinado, uma ou várias pessoas certas. 
A descrição objetiva demonstra três possibilidades de conduta, que são, induzir, instigar (participação 
moral), ou prestar auxílio, (participação física). 
Induzir significa criar na mente do sujeito passivo a ideia na prática do suicídio. 
Instigar é reforçar a ideia que já existe na mente do suicida, desde que a vítima seja influenciada pela 
conduta, pois, caso, não, inexistirá o nexo causal e, como consequência, o crime. O induzimento e 
instigação podem consistir em uma fraude, como o caso do marido que querendo ver morta a mulher com 
a qual tinha um pacto de morte, finge ter morrido, obtendo o seu suicídio. Houve instigação. Se, a vítima, 
não tivesse a intenção de tirar a própria vida, haveria homicídio. Na coação resistível, caso a vítima 
pratique o suicídio, haverá o crime de induzimento. 
Pode haver a conduta de auxiliar, participação material, como o empréstimo da arma para a prática do 
suicídio, bem como no ensinar formas de conseguir a morte sem dor, impedir o socorro para que o 
resultado ocorra, etc. Entretanto, se o agente pratica qualquer ato de execução, como puxar a corda por 
exemplo, responderá por homicídio. 
Pode o agente praticar uma das condutas, ou as três, que o crime será o mesmo, não havendo 
aumento de pena. 
Os maus tratos, se forem constantes a ponto de criar na vítima a vontade de tirar a própria vida, 
caracteriza o crime. 
Embora discutia a possibilidade, nada impede a prática do crime em tela por omissão, como o caso do 
carcereiro que deixa o preso falecer em decorrência de greve de fome, havendo, no caso um 
descumprimento a um dever jurídico. Na modalidade de induzimento e instigação não existe dúvida sobre 
a possibilidade, entretanto, em relação ao auxílio, a maioria entende não ser possível. 
É fundamental a ocorrência do resultado morte ou de lesão corporal de natureza grave e, caso não 
haja, não existe punição por este crime. 
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja, a vontade de induzir, instigar ou auxiliar o suicida, 
acrescida da prova da relação de causalidade entre o induzimento e a prática do ato, pois, se, sem ele o 
resultado ocorreria da mesma forma, ou seja, se a vítima já estava decidida na prática do ato, não haverá 
o crime, como o exemplo daquele que fornece um revólver para a vítima, que se mata afogada. Não há 
forma culposa do referido crime. 
A consumação do crime ocorre com o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave. A tentativa 
de induzimento não é possível, mas se fala em tentativa de suicídio, no caso do resultado de lesão 
corporal de natureza leve, onde, aquele que instigou será punido com uma pena menor. 
Apresenta o crime forma qualificada, com aplicação em dobro da pena nos seguintes casos: 
1- crime praticado por motivo egoístico, onde se exige a presença do dolo específico, que demonstra 
um maior desprezo por parte do agente, como o caso do filho que instiga o pai a praticar o suicídio com 
a finalidade de receber a herança, ou 
2- quando a vítima é menor ou tem diminuía, por qualquer causa a capacidade de resistência, por 
serem mais facilmentesugestionáveis, tornando tranquila a prática do crime. 
Se o agente, com fraude, consegue a morte que não era querida pela vítima, responde por homicídio. 
Na prática de roleta russa os sobreviventes responderão pelo crime de induzimento ao suicídio. 
No casos de suicídio a dois (Romeu e Julieta), o sobrevivente responderá por homicídio, se praticou 
algum ato de execução ou por instigação, caso não tenha praticado. 
 
INFANTICÍDIO: artigo 123 CP - Nada mais é do que um homicídio privilegiado, praticado pela mãe, 
sob a influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto, contra seu próprio filho. 
O fato do legislador ter utilizado como fundamento da prática do crime o estado puerperal, pois a 
influência deste estado não está definida, faz com que o dispositivo seja criticado, pois, na realidade o 
crime tem por matéria, mais um problema social da mãe (solteira, casada com filho espúrio), do que 
simplesmente o puerpério. 
A pena para a prática do crime é de detenção de 2 a 6 anos. 
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Com o artigo tem o legislador o objetivo de proteger a vida do ser humano, no caso, a vida extrauterina. 
O delito em estudo é próprio, portanto, deve ser praticado pela mãe, sendo ela sujeito ativo do crime. 
Pergunta-se, entretanto se a pessoa que colabora com a prática do crime responde por ele ou por 
homicídio Alguns entendem que, como a condição de mãe, estado puerperal são elementos de caráter 
pessoal, na forma do artigo 30, devem se comunicar e, portanto, o colaborador responderá por infanticídio. 
Outros que entendem ser o estado puerperal personalíssimo, lutam pela responsabilização do 
colaborador por homicídio. 
Terceira corrente entende que se o colaborar pratica ato de execução, como dar pauladas, responderá 
por homicídio, mas, se colaborar, sem praticar qualquer ato de execução (partícipe), responderá por 
infanticídio. 
Sujeito passivo do crime é o filho que está nascendo ou recém-nascido, mesmo se ainda não respirou, 
ou se caso não fosse praticada a conduta, morreria ele de consequências naturais. 
O feto abortado por não ter condições de desenvolvimento, não pode ser sujeito passivo do crime, mas 
se tratar-se de parto prematuro, o recém-nascido poderá ser sujeito passivo. 
A descrição objetiva do crime exige a conduta matar, que pode consistir numa ação, dar pauladas, ou 
omissão, como a falta de ligadura no cordão umbilical. 
O fato deve ter ocorrido sob a influência de estado puerperal, e, ainda, durante ou logo após o parto, 
que se inicia com a contração do útero e termina com a eliminação da placenta. 
A lei não indica o que se considera logo após o parto, entendendo alguns doutrinadores que é de sete 
dias, outros, oito dias, a aqueles que entendem que o prazo deva ser examinado pelo prudente arbítrio 
do julgador. O normal é considerar logo após o parto, até a data da queda do cordão umbilical. 
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, qual seja, a vontade de matar o próprio filho, nascente ou 
recém-nascido, não havendo forma culposa, podendo haver responsabilização, no caso, por homicídio 
culposo. 
A consumação ocorre com a morte do nascente ou recém-nascido, sendo possível, perfeitamente, a 
tentativa. 
O aborto diferencia-se do infanticídio, pois somente pode ocorrer antes do parto. Se não existir a 
influência do estado puerperal, o crime será de homicídio. Se a conduta foi abandonar, com a finalidade 
de ocultação de desonra própria, o crime será de exposição ou abandono de recém-nascido, qualificado 
se resultar morte. 
Poderá haver concurso do presente crime como o de ocultação de cadáver. 
 
ABORTO: Aborto pode ser definido como a interrupção da gravidez com a destruição do produto da 
concepção, (ovo, até três semanas, embrião, até 3 meses e feto, a partir dos 3 meses), não havendo 
necessidade de expulsão. 
Pode o aborto ser espontâneo (natural), ocorrendo nos casos de problemas de saúde da gestante; 
acidental, resultante de um acidente, como queda, e provocado, criminoso e que merece punição. 
O aborto não é considerado crime em diversas legislações estrangeiras, e existe no Brasil, movimento 
para sua liberação. 
O aborto é apresentado na nossa legislação das seguintes formas: auto-aborto ou consentimento no 
aborto, (artigo 124), aborto sem o consentimento da gestante, (artigo 125) e aborto com o consentimento 
da gestante, (artigo 126). 
O objetivo do legislador é a proteção da vida intrauterina e a vida e integridade corporal da gestante, 
no caso de aborto pratica sem o eu consentimento. 
Pode ser sujeito ativo do crime de aborto, qualquer pessoa, salvo no caso do auto-aborto, onde 
somente a gestante poderá ser agente no crime. 
O sujeito passivo é o Estado e a comunidade Nacional, já que o feto, embora tenha garantia civil, não 
é sujeito como direito e obrigações na esfera penal. No caso do aborto praticado sem consentimento a 
mulher é sujeito passivo. 
A descrição objetiva apresente um objeto material, que consiste no produto da concepção, desde o 
início da gravidez até o início do parto (o início da gravidez, para efeitos penais se dá com a implantação 
do óvulo no útero da mãe, fato que permite a utilização de pílulas anticoncepcionais). 
Assim, não há crime com a interrupção de gravidez tubárica ou ovárica, bem como a molar. 
A conduta exigida é qualquer uma, capaz de produzir o aborto, ou seja, causar o aborto, interrompendo 
a gravidez com a morte do feto. 
Diversas formas podem ser utilizadas para provocação do aborto, bem como diversos meios, químicos, 
orgânicos, físicos ou psíquicos. Se o meio for ineficaz, haverá o crime impossível. 
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Embora a posição seja criticada é possível a prática de aborto por omissão, devendo, em qualquer 
caso, haver a prova da gravidez, bem como a realização de exame pericial no feto, por ser infração que 
deixa vestígios. 
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja a vontade de interromper a gravidez, com a morte 
do feto, não havendo forma culposa em relação à mulher que imprudentemente, toma uma substância 
abortiva, permanecendo a punição em relação ao terceiro que causou o aborto culposamente. A tentativa 
de suicídio de mulher grávida, não é punida a título de tentativa de aborto. 
O crime de aborto consuma-se com a interrupção da gravidez e a morte do feto. 
 A tentativa é possível quando as manobras abortivas não interrompem a gravidez ou provocam 
somente aceleração do parto. 
 
AUTO ABORTO E ABORTO CONSENTIDO: Artigo 124 - cuja conduta descrita é provocar aborto em 
si mesma ou consentir com que o façam. No caso de consentimento, a gestante que consentiu responde 
pela revisão do artigo 124, enquanto que, aquele que realiza o aborto responde pelo crime previsto no 
artigo 126, com pena mais severa. 
A pergunta que surge em relação ao crime de aborto, gira em torno da possibilidade do concurso de 
pessoas no casos de auto-aborto e no consentimento. 
Alguns entendem que poderá haver concurso na forma moral, ou seja, na instigação ou induzimento, 
desde que não haja participação direta na prática do crime. Mas, se houver a prática de qualquer ato de 
execução o partícipe responderia pelo crime previsto no artigo 126. 
Para outra corrente, aquele que participa de qualquer forma sempre responde pelo crime previsto no 
artigo 126, mesmo que não pratique ato de execução, sendo a primeira corrente a mais aceitável. 
Em qualquer hipótese o consentimento da gestante deve ser válido. 
 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO: artigo 125 - pena de reclusão de 3 a 10 anos. O resultado, 
sem consentimento pode advir do emprego de força, de ameaça ou, ainda, de fraude, geralmente na 
última modalidade. 
Existem casos de impossibilidade de consentimento e, nestes, mesmo havendo a vontadeda gestante, 
o crime será o previsto no artigo 125, pois, não é válido o consentimento em determinados casos, como 
as menores de 14 anos e as alienadas mentais. 
 
ABORTO CONSENSUAL: artigo 126 - define o artigo a provocação do aborto, por terceira pessoa, 
com o consentimento da gestante, sendo que, a gestante que consente responderá pelo crime previsto 
no artigo 124. 
Existem duas formas de consentimento, o expresso e o tácito, e, caso haja a revogação do 
consentimento, durante as manobras abortivas, continuando o agente, responderá pelo crime de aborto 
provocado sem o consentimento. 
 
ABORTO QUALIFICADO: artigo 127 - que prevê aumento de 1/3 na pena, caso a gestante sofra 
lesões corporais de natureza grave, e a duplicação da pena se resultar a morte, nas formas do aborto 
provocado e, desde que o resultado mais grave não fosse querido, manifestando-se na forma de crime 
preterdoloso. Havendo intenção de obter o resultado o agente responderá por lesão corporal ou 
homicídio, em concurso com o aborto. 
Como a lei faz referência somente aos meios empregados, é possível a punição do agente por tentativa 
de aborto qualificado. A aplicação da qualificadora só é possível nas formas previstas nos artigos 125 e 
126. 
Quando a lesão, mesmo de natureza grave, for consequência necessária do fato, não existirá a 
qualificadora. 
 
ABORTO NECESSÁRIO: artigo 128 - aborto legal - É o realizado por médico com a intenção de salvar 
a vida da gestante e desde que o aborto seja o único meio para a salvação da grávida, não havendo 
necessidade que o perigo seja atual, podendo ser futuro. 
A necessidade do aborto fica a critério do médico, havendo doutrinadores que entendem ser 
imprescindível o consentimento da gestante. 
Caso outra pessoa, que não médico, realize o aborto, poderá haver estado de necessidade. 
 
ABORTO SENTIMENTAL: praticado em mulher cuja gravidez resultou de estupro e, numa 
interpretação extensiva, de atentado violento ao pudor. 
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Neste caso, não será necessário decisão judicial, bem como autorização, bastando prova da gravidez 
e do crime praticado, ficando o médico adstrito somente ao seu código de ética profissional, sendo 
necessário o consentimento da gestante, e, se menor, prova da menoridade ou alienação mental. 
O aborto eugenésico, quando existe possibilidade de anormalidade do feto, não é permitido por nossa 
legislação. 
O aborto se distingue do infanticídio por ocorrer somente antes do parto. O agente que agride a grávida, 
conhecendo a situação, responderá, em concurso formal pelo aborto e pelas lesões causadas, se 
desconhecer e puder prever, responderá por lesões corporais de natureza gravíssima. 
Se o feto é expulso com vida e assim permanece, haverá tentativa de aborto e, caso a intenção fosse 
somente a aceleração do parto, haverá crime de lesão corporal. Praticadas manobras abortivas em 
mulher não grávida, inexistirá o aborto, mas, haverá punição por homicídio culposo. 
A lesão corporal de natureza leve está contida no crime de aborto e não será punida separadamente. 
Anunciar meio abortivo é contravenção penal, prevista no artigo 20 da L.C.P. 
Morrendo o feto em decorrência de homicídio da gestante e conhecendo o agente a gravidez, ele 
responderá pelo crime de aborto e de homicídio, embora haja posição em contrário. 
A existência de diversos fetos, (gêmeos, por exemplo), não implica na ocorrência de concurso formal, 
pois, não são eles sujeitos passivos do crime. 
 
Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema: 
 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
 
Homicídio simples 
Art 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena 
de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
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não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso 
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências 
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 
12.720, de 2012) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena -reclusão, de três a dez anos. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou 
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de 
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
 
 
 
 
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DAS LESÕES CORPORAIS (ART. 129 E PARÁGRAFOS) 
 
Nos termos do artigo 129 do CP, pode-se definir o crime de lesão corporal como a ofensa à integridade 
física ou saúde de outra pessoa, ofendendo a normalidade funcional do organismo, quer do ponto de vista 
físico, como o psíquico, tanto na modalidade dolosa quanto na culposa. 
O objetivo jurídico do artigo é a proteção da integridade física e psíquica do indivíduo. 
Pode ser sujeito ativo do crime em estudo, qualquer pessoa, menos a pessoa que se auto lesiona, 
pois, a auto lesão não é punida por nossa legislação, podendo haver o delito de fraude contra o seguro. 
Sujeito passivo é qualquer pessoa humana, a partir do início do parto, desde que esteja vivo. Assim, a 
prática de lesão em um cadáver, caracterizará crime de vilipêndio de cadáver, mas não de lesão corporal. 
Como a integridade física é bem indisponível, o consentimento da vítima é indiferente na prática do 
crime, salvo nos casos de intervenções cirúrgicas de esportes violentos, onde a lesão não caracteriza 
crime e o consentimento é necessário. 
A evolução do direito tem levado ao caminho de se considerar a integridade corporal como bem 
disponível, onde o consentimento, certamente, descaracterizará a prática do crime. 
No caso específico das intervenções cirúrgicas, entendem alguns doutrinadores que falta tipicidade, 
pois, a intervenção, na maioria das vezes, ao invés de ofender a integridade da vítima, acaba por melhorar 
sua saúde. 
Haverá crime de lesão corporal quando o ferimento é causado na fuga do ataque do sujeito ativo. 
A descrição objetiva exige a ofensa a integridade física da pessoa humana, ou seja, qualquer alteração 
desfavorável produzida no organismo de outra pessoa, quer seja o mal físico, fisiológico ou psíquico, não 
sendo necessário a existência de dor ou sangramento. 
O crime pode ser praticado através de diversos meios e atingir o organismo humano de diversas 
formas, inclusive através de uma doença. 
A lesão corporal não caracteriza-se somente em causar a lesão, mas também, o fato de agravar-se 
uma lesão já existente. 
O crime será único se, em determinada conduta forem causados diversos ferimentos. 
No casos de lesões leves entre casados, a jurisprudência, por política, indica a não punição, desde 
que a vida conjugal, após o fato, é coroada de harmonia. 
A lesão pode ser praticada por violência física e até moral, como um susto, por exemplo. 
É possível a prática do crime por omissão, quando presente o dever jurídico de evitar-se o resultado, 
bem como por meio indireto, como o caso da vítima que é dirigida para cair e um buraco. 
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade do agente em causar o dano à integridade física 
ou psíquica da vítima. 
No caso da prática de intervenções cirúrgicas e prática de esportes violentos, para aqueles que 
entendem haver tipicidade, o crime será excluído, face a presença de exercício regular de direito, portanto, 
causa que exclui a antijuridicidade. 
Ganha importância a discussão na análise da possibilidade de operação transexual, alguns 
entendendo tratar-se de lesão corporal e outros, concordando com a possibilidade da operação sem a 
caracterização do crime. Se a cirurgia for realizada para correção de problema congênito, como o 
hermafrodita, não haverá prática do crime de lesão corporal. 
A consumação do crime ocorre quando a vítima tem sua integridade física ou mental alterada pela 
conduta do sujeito ativo. 
Em relação à tentativa, existem posições diversas, uns entendendo ser impossível, pois estaria 
caracterizado a contravenção de vias de fato e outros, em contrariedade, entendendo ser perfeitamente 
possível, quando o agente tenta causar a lesão, mas não obtém o resultado por circunstâncias alheias a 
sua vontade, posição adotada pela maioria e fixada pela jurisprudência, mesmo sendo difícil a 
comprovação de qual tentativa se fala, de lesão corporal de natureza leve, grave ou gravíssima, devendo 
ser a decisão sempre a favor do réu. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE: Para se determinar se a lesão corporal e de natureza 
leve, utiliza-se o processo de eliminação. O legislador indica quando a lesão é de natureza grave ou 
gravíssima. Se não ocorrer o resultado previsto pelo legislador, a lesão será leve. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: artigo 129, § 1º - Neste parágrafo estão descritas 
certas consequências que obtidas com a prática do crime, dão causa a uma punição maior, pois, de maios 
potencial ofensivo a lesão. 
São consequências que fazem considerar-se grave a lesão: 
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1- quando a vítima fica incapaz de realizar suas ocupações habituais por mais de 30 dias, sendo 
que ocupação habitual não deve ser confundida com trabalho, mas, como qualquer atividade, ainda que 
não remunerada. Assim, crianças, enfermos e velhos podem ser ficar sem suas ocupações habituais por 
mais de trinta dias e estar perfeitamente caracterizado o crime. Também não se importa o legislador se a 
incapacidade é relativa ou absoluta. 
Não se deve também confundir incapacidade com ausência de cura, assim, pode ocorrer o fato da 
lesão não estar totalmente curada no final de 30 dias, mas a vítima já se encontrar em sua atividade 
normal, não estando deste forma caracterizada a lesão grave. 
Para a comprovação da lesão grave se faz necessária a realização de um exame complementar no 
31º dia após o crime, sendo tolerada a realização dentro de alguns dias, mas, caso não seja realizado o 
exame em tempo hábil, estará excluída a gravidade da lesão. 
A ocupação à qual fica incapacitada a vítima deve ser lícita e, portanto, aqueles que têm atividade 
ilegal, não são alcançados por este dispositivo, tolera-se, assim, as atividades imorais. Assim, a meretriz 
pode ser vítima de lesão corporal de natureza grave. 
2- quando ocorrer perigo de vida: desde que o perigo seja efetivo e concreto, que é constatado por 
exame pericial, como o caso de choque traumático, traumatismo craniano. Perigo de vida é probabilidade 
de morte. 
Não se pode levar em consideração para a determinação do perigo de vida exclusivamente a sede ou 
a extensão das lesões. 
3- quando ocorrer debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou seja, uma redução 
no funcionamento de parte do organismo. Os membros são os braços e pernas, sentidos são todas as 
sensações do ser humano, tato, paladar, olfato, audição e visão e função, as atividades realizadas pelos 
órgãos, como a função respiratória. A gravidade no caso, caracteriza-se pela diminuição de qualquer 
destes, como a perda de um olho, sendo necessária prova pericial da perda parcial da função. 
A compensação, através da instalação de prótese, não elimina a gravidade da lesão. 
4- aceleração de parto,ou seja, quando o feto é expulso antes do final da gravidez e sobrevive, pelo 
fato de que todo parto prematuro causa risco para o feto e para a gestante. A qualificadora não prevalece 
se o agente desconhecia e não podia prever o estado de gravidez da vítima 
 
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA: artigo 129, § 2º. São causa que caracterizam a lesão gravíssima: 
1- incapacidade permanente para o trabalho: e não ocupações habituais e, portanto, se relaciona a 
trabalho, desde que permanente. 
Quando a lei diz trabalho, se relaciona a qualquer trabalho e não à atividade específica da vítima. 
Assim, a qualificadora é de difícil aplicação, pois, sempre restará à vítima a possibilidade de realizar algum 
trabalho, mesmo que vendedor de bilhete de loteria, entretanto, com a ocorrência desta qualificadora, 
certamente outra terá ocorrido, fato que possibilita a punição do agente como lesão de natureza 
gravíssima. 
2- enfermidade incurável: ou moléstia que não apresenta possibilidade de cura. A transmissão de 
AIDS pode ser considerado, caso não haja a morte, lesão corporal de natureza gravíssima. 
3- quando ocorre perda ou inutilização de membro, sentido ou função: A qualificadora estará 
caracterizada com a amputação do membro, ou inutilização do sentido ou função. A perda de somente 
um dedo, ou audição de apenas um ouvido, por exemplo, não caracteriza a qualificadora. 
Se devido à lesão o ser humano fica impotente, quer não podendo produzir mais filhos, quer não poder 
mais ter a relação sexual, está tipificada a qualificadora. E ainda, o rompimento do hímen (perda da 
virgindade) não é considerada como qualificadora. 
4- quando resultar deformidade permanente: que pode ser definida como uma lesão estética no 
indivíduo, desde que seja, visível e permanente, e que não possa ser reparado naturalmente, entretanto 
se a vítima, através de cirurgia plástica, conseguir corrigir a deformidade, não haverá a lesão corporal de 
natureza gravíssima. As deformidade geralmente se traduzem em cicatrizes ou amputações de pequenos 
pedaços do corpo. 
5- quando ocorrer aborto: ou seja, o agente pretende somente obter a ofensa à integridade física da 
vítima, entretanto, ao praticar a conduta e como consequência desta, acaba por interromper a gravidez 
da ofendida. Da mesma forma que na aceleração de parto, se o agente desconhecer totalmente o estado 
gravídico da vítima, não responderá pelo resultado agravador, embora haja decisão em contrário. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: artigo 129, § 3º - nada mais é do que o homicídio 
preterdoloso, no qual o agente pretende praticar a lesão corporal, mas, sem nenhuma intenção, acaba 
por matar a vítima, como o caso do agente que empurra a vítima que, desequilibrada cai ao chão, batendo 
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a cabeça contra um objeto dura e acaba por fraturar o crânio. Não havendo intenção do resultado lesão 
corporal, haverá homicídio culposo. 
 
AGRAVANTE NO CRIME DE LESÃO CORPORAL: Novidade trazida pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente e o aumento de 1/3 na pena de quem pratica o crime de lesão corporal contra criança menor 
de 14 anos, não sendo possível, por este motivo, o reconhecimento da agravante genérica de ter sido o 
crime praticado contra criança. 
 
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA: artigo 129 § 4º - ocorre no caso da prática do crime quando 
presente a violenta emoção logo após a injusta provocação da vítima, ou por relevante valor social, com 
diminuição na pena variando de 1/6 a 1/3. 
O juiz, não sendo graves as lesões, pode substituir a pena de detenção pela pena de multa em duas 
situações: I – se ocorrer qualquer das hipóteses do § 4º do art. 129; e II – se as lesões forem recíprocas. 
Importante destacar que o dispositivo é aplicável somente à lesão corporal leve – as graves e gravíssimas 
foram expressamente excluídas e a lesão corporal culposa o foi tacitamente. 
 
LESÃO CORPORAL CULPOSA: artigo 129 § 6º, ou seja, será punido o agente que der causa à lesão 
por negligência, imprudência ou imperícia. No caso de lesão corporal culposa, a gravidade da lesão não 
será considerada para efeito de determinação (aumento) da pena, servindo-se somente como 
circunstância judicial. 
Utilizar os conhecimentos ministrados a respeito do homicídio culposo. 
Nos termos do art. 129, § 7º: A pena será aumentada de 1/3 se o crime resultar de inobservância de 
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não 
procurar diminuir as consequências do seu ato, ou fugir para evitar prisão em flagrante (CP, art. 121, § 
4º, 1ª parte). 
 
CONCURSO: se a lesão pratica for meio para obtenção de outro crime, será absorvido por ele, salvo 
se houver disposição em contrário. Se as lesões forem praticadas por autoridades, haverá o crime de 
abuso de autoridade, devendo ele responder também pelas lesões, em concurso formal. É possível a 
continuidade delitiva o presente crime. 
A tentativa de lesão corporal deve ser distinguida do crime de perigo de vida, pois, neste o dolo é 
somente de perigo, enquanto no outro é de dano. 
A tortura, conforme caso, pode caracterizar crime de lesão corporal, mas, se praticada contra criança, 
tipificará crime específico previsto no E.C.A. 
 
LESÃO CORPORAL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: O art. 129, § 9º, disciplina forma qualificada de 
lesão corporal que leva em conta o contexto em que é praticada. A pena prevista ao caso, em razão da 
sua quantidade, somente deve ser aplicada na hipótese de lesão corporal leve. Se a lesão corporal for 
grave, gravíssima ou seguida de morte, aplicar-se-á o art. 129 do CP. Pode ser praticada: a) contra 
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro: o parentesco pode ser civil ou natural. Não 
ingressam as relações decorrentes do parentesco por afinidade. Exige-se prova documental da relação 
de parentesco ou do vínculo matrimonial. A união estável pode ser comprovada por testemunhas ou 
outros meios de prova que não exclusivamente os documentos; b) com quem conviva ou tenha convivido: 
tais expressões devem ser interpretadas restritivamente. Quanto ao trecho “tenha convivido”, exige-se 
tenha sido a lesão corporal praticada em decorrência da convivência passada entre o autor e a vítima. c) 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Relações 
domésticas são as criadas entre os membros de uma família, podendo ou não existir ligações de 
parentesco. Coabitação é a moradia sob o mesmo teto, ainda que por breve período – deve ser lícita e 
conhecida dos coabitantes. Hospitalidade é a recepção eventual, durante a estadia provisória na 
residência de alguém, sem necessidade de pernoite. Em todos os casos, a relação doméstica, a 
coabitação ou a hospitalidade devem existir ao tempo do crime, pouco importando tenha sido o delito 
praticado fora do âmbito da relação doméstica, ou do local que ensejou a coabitação ou a hospitalidade 
Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de morte, e o crime for praticado com violência 
doméstica, incidirá sobre as penas respectivas (art. 129, §§ 1º, 2º e 3º) o aumento de 1/3 imposto pelo § 
10 do art. 129 do CP. 
A pena da lesão corporal leve cometida com violência doméstica será aumentada de 1/3 (um terço) 
quando a vítima for pessoa portadora de deficiência. Contudo, deve tratar-se de pessoa portadora de 
deficiência e ligada ao autor do crime pelos laços de violência doméstica indicados pelo § 9º do art. 129 
do CP.É o que dispõe o §11º. 
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. 13 
Por fim, cabe ressaltar a alteração trazida no art. 129 pela Lei nº13.142/2015, acrescentando ao tipo 
um novo parágrafo (§ 12), majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida 
de morte) de um a dois terços quando praticadacontra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
 
Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema: 
 
CAPÍTULO II 
DAS LESÕES CORPORAIS 
 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu 
o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena 
de um sexto a um terço. 
 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 
deste Código. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
Violência Doméstica 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o 
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido 
contra pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 
13.142, de 2015) 
 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE (ART. 130 A 136) 
 
Este capítulo trata dos chamados crimes de perigo individual, definindo crimes subsidiários, que serão 
utilizados caso não seja possível a punição do agente por crime mais grave. Os doutrinadores tentam 
definir o perigo através de três pontos de vista, a iniciar-se pela subjetiva, que entende o perigo como 
sendo uma criação da mente do homem, ou seja, possibilidade de ocorrência de lesão a um bem jurídico 
protegido pela lei penal. Do ponto de vista objetivo, o perigo é uma realidade, um fato concreto e, para 
finalizar, através do analise objetivo-subjetivo, o perigo é uma realidade que depende de uma valoração 
subjetiva para definir sua existência. 
O perigo pode ser abstrato, quando é presumido pela lei, mesmo não havendo o perigo concreto, pois, 
por exemplos anteriores, ficou demonstrado que determinada conduta pode lesionar um bem jurídico. 
Pode ser, ainda, concreto, onde a situação de perigo deve estar cabalmente comprovada. Distingue-se, 
também, o dolo de dano, onde a intenção do agente é causar a lesão, e o dolo de perigo, onde a finalidade 
do agente é tão somente a exposição do bem a um risco. 
Em relação à quem se dirige a conduta o perigo pode ser individual, quando o visado é determinada 
pessoa ou determinado grupo e os crimes de perigo comum ou coletivo, onde se visa um grupo 
indeterminado de pessoas. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO: artigo 130 - cujo conceito é expor alguém, através de relação 
sexual ou ato libidinoso ao contágio de moléstia venérea que o agente sabe ou ao menos devia saber 
que estava contaminado. 
O objetivo do legislador é a proteção à saúde humana, pois, algumas doenças venéreas são graves e 
inclusive hereditárias, causando sérias consequências, a conduta poderia perfeitamente ser punida a 
título de lesão corporal na sua forma tentada. 
Podem ser sujeito ativo do crime, qualquer homem ou mulher, mesmo a meretriz. 
Sujeito passivo é a pessoa com quem o agente, sabendo estar contaminado, pratica a conjunção 
carnal ou o ato libidinoso com o objetivo de transmitir a moléstia, mesmo que a vítima consinta no ato. 
A descrição objetiva, conduta, é a prática da relação sexual ou outro ato libidinoso (o beijo é um 
exemplo de ato libidinoso) e, se por ventura o meio de contágio for outro, não haverá o crime em estudo, 
mas sim, outro, definido no artigo 131. 
Regulamento do Ministério da Saúde relacionam as moléstias venéreas e a enumeração não é 
taxativa, podendo outras doenças serem incluídas. A AIDS não é considerada doença venérea, embora 
grave. 
Para a comprovação do crime, como é presumido o perigo, necessário se faz tão somente a 
comprovação da prática da relação sexual, entretanto, caso seja imune a vítima em adquirir a doença, o 
crime estará descaracterizado. O exame deve ser realizada no acusado e na vítima, sob pena de 
desaparecer a figura criminosa. 
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade em praticar a relação sexual ou o ato libidinoso, 
expondo a vítima a perigo, quando sabe o agente que está contaminado ou mesmo quando deveria saber. 
Neste ponto o legislador equiparou uma conduta dolosa a uma culposa, punindo as duas da mesma 
forma, pois, quem devia saber que estava contaminado, não soube porque não tomou os cuidados 
objetivos para evitar o resultado. Esta posição embora perfeitamente aceitável, recebe críticas sob o 
fundamento de que a expressão deveria saber quer indicar a presunção do perigo. 
Se o agente tem a intenção de transmitir a doença, dolo específico, (finalidade específica), a pena será 
mais severa. 
Se o agente não deveria supor estar contaminado, como o casado que adquiriu a doença da mulher, 
haverá erro de tipo, excludente do crime, e portanto, não será ele responsabilizado. 
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O crime estará consumado com a exposição da vítima a perigo, mesmo não havendo contaminação. 
Se realmente houver a transmissão, alguns doutrinadores entendem estar caracterizado o crime de lesão 
corporal culposa, entretanto, verifica-se que a pena prevista para o crime de lesão corporal culposa é 
menor que a do crime em estudo e, se aceitando tal posição, aquele que somente causasse perigo, 
responderia por uma pena maior do que aquele que realmente causou a lesão, entretanto se o objetivo 
do agente fosse transmitir a doença, causando ela lesão corporal de natureza grave ou morte, ao agente 
será atribuído o resultado. 
A tentativa, embora de difícil caracterização, é possível. 
Pode ocorrer concurso formal entre o crime em tela e os crimes contra os costumes, estupro, atentadoviolento ao pudor, lembrando-se sempre que se a intenção do agente é transmitir a moléstia, as penas 
serão somadas. 
A ação penal é pública condicionada a representação. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE: artigo 131 - o crime consiste em praticar ato capaz 
de produzir contágio, com a finalidade de transmitir a outra pessoa moléstia grave de que está 
contaminado, cuja pena será de reclusão de 1 a 4 anos, além da multa. 
Mais uma vez o objetivo do legislador foi a proteção da saúde humana. 
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que esteja contaminada com a moléstia e sujeito 
passivo é a pessoa com a qual se pratica o ato. 
A conduta (descrição objetiva) consiste na prática de qualquer ato que seja capaz de transmitir a 
moléstia, quer de forma direta, como contato corporal, como o beijo, ou de forma indireta, com a utilização 
de instrumentos, como agulha contaminada onde não contato corpo a corpo. 
A moléstia deve ser considerada grave, geralmente aguda ou crônica, mesmo que seja curável, como 
a tuberculose. Trata-se o artigo de norma penal em branco, pois, regulamentos da saúde é quem indicam 
quais moléstias são consideradas contagiosas. 
O elemento subjetivo (tipo subjetivo), exige o dolo, consistente na vontade de praticar o ato, mesmo 
não ocorrendo o contágio, e, também, o elemento subjetivo do tipo, finalidade especial de transmitir a 
doença. Como o legislador não prevê formal culposa, o máximo que poderá ocorrer é a punição do agente 
por lesões corporais culposas, ou homicídio, caso ocorra a morte. 
A consumação do crime ocorre com a prática do ato, não sendo necessária a transmissão efetiva. Se 
do crime resultar a morte será o agente responsabilizado pelo crime de lesão corporal seguida de morte. 
A tentativa é possível. 
Se o agente tiver intenção de causar epidemia, o crime será outro (artigo 267 ou 268). 
 
PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE DE OUTREM: Pode-se apresentar como conceito deste crime, 
a prática de qualquer ato que coloque em risco a vida ou a saúde de outra pessoa, tratando-se de crime 
subsidiário, cuja previsão legal se encontra no artigo 132 do CP., com pena de detenção de 3 meses a 1 
ano. 
Mais uma vez o legislador tem por objetivo proteger a vida e a saúde da pessoa humana. 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime e o sujeito passivo será a pessoa a qual a vida ou 
saúde é posta em perigo, não exigindo o legislador, nenhuma qualidade especial, desde que seja 
determinada. 
A descrição objetiva exige a criação, através de qualquer forma, uma situação na qual a saúde ou a 
vida de outra pessoa fique exposta a perigo, que deve ser concreto, a ponto de ter colocado a vida ou a 
saúde da vítima em risco direto e iminente. 
É natural que, no caso de profissões perigosas, o seu exercício, dentro dos limites estabelecidos pela 
lei, não é considerado crime. 
A subjetividade exige a presença do dolo, ou seja, a vontade do agente em colocar em perigo a saúde 
ou vida da vítima, mas, se o agente pretende causar o dano responderá pelo resultado ou pela tentativa 
deste. 
Em qualquer hipótese, mesmo não estando presente o dolo de dano no agente, se ocorrer algum 
resultado lesivo por este ele será responsabilizado. 
Não há forma culposa no presente delito. 
A consumação do crime ocorre com a ocorrência do perigo, sendo possível a tentativa. 
Como distinção, pode-se dizer que o crime em estudo é subsidiário, na modalidade expressa, só 
podendo ser aplicado se não houver a ocorrência de um crime mais grave, assim, se houver lesões 
corporais o agente responderá por este, se no disparo de arma de fogo, o agente o faz longe da vítima, 
haverá a contravenção penal de disparo de arma de fogo. Se o crime causar perigo comum, haverá delito 
contra a incolumidade pública. 
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Como se trata de crime subsidiário, não é possível o concurso. 
 
ABANDONO DE INCAPAZ: artigo 133 CP - abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, 
vigilância ou autoridade e, por qualquer motivo incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono, cuja pena estipulada varia de 6 meses a 3 anos de detenção. 
O objetivo do legislador é a proteção da vida e saúde da pessoa, bem como a segurança individual. 
Somente poderá ser sujeito ativo deste crime a pessoa que tem o dever de cuidar da vítima, sendo 
crime próprio, onde se exige uma relação de dependência entre a vítima e o agente. 
Sujeito passivo é o incapaz, que não se confunde com a capacidade de direito, mas sim, inclui as 
pessoas que por qualquer motivo, definitiva ou temporariamente, não tem condições de se defender 
sozinho, não se importando o legislador que a incapacidade seja absoluta ou relativa, e o consentimento 
da vítima não elide a prática do crime, já que os bens protegidos são indisponíveis, entretanto, se for a 
própria vítima quem se retira do alcance do responsável, não haverá abandono, do mesmo modo que, 
sendo abandonada a pessoa ela se mostra capaz de produzir sua defesa, havendo entendimento que , 
no caso, será o juiz quem excluirá ou não a prática do crime. 
A descrição objetiva exige a conduta de abandonar, que significa deixar sem assistência, largar. O 
abandono pode ser obtido de duas formas: conduzindo-se a vítima para fora de seu ambiente, onde se 
encontrava protegida, ou quando o sujeito ativo é quem se afasta do ambiente do sujeito ativo, deixando-
o desamparado. A regra é que o crime seja praticado por omissão, entretanto, nada impede sua prática 
através de ação, no caso da vítima levada para local onde correrá perigo, que deve ser concreto e que 
haja uma separação física entre autor e vítima, assim, se a pessoa abandona e disfarçadamente fica 
olhando para que nada ocorra ao abandonado, não haverá o crime, pois, o perigo não será concreto, 
sendo indiferente o tempo, a duração do abandono. 
O dispositivo se relaciona aos cuidados materiais. 
Deve a relação entre os sujeitos se manifestar nas seguintes formas: cuidado existente no casos de 
pessoas que sabem cuidar de si mesmos, mas que, temporariamente se encontram impedidos de realizar 
a proteção própria; vigilância que significa o zelo pela segurança pessoal da vítima, incluindo a guarda e, 
por fim, a autoridade, decorrente de um vínculo de poder, da lei, quer de ordem pública ou civil. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de abandonar, desde que o agente tenha ciência do 
seu dever de cuidado. Se o agente, além da vontade de abandonar tenha intenção de causar dano à 
vítima, responderá por este. 
A consumação é considerada no momento em que a vítima corre perigo. É crime instantâneo de efeitos 
permanentes e, caso, após o abandono o agente reassume a responsabilidade, o crime já se consumou 
e ele será responsabilizado. 
Embora haja entendimento contrário, a tentativa é possível. 
Prevê o legislador formas qualificadas nos §§ 1º e 2º do artigo 133, havendo elevação das penas, que 
passam a ser de 1 a 5 anos de reclusão, se resulta lesão corporal de natureza graves e 4 a 12 anos, 
também de reclusão, se resultar a morte, salvo no caso do agente ter a intenção de obter estes resultados, 
sendo, então, responsabilizado por lesões corporais ou homicídio. 
Além destas, a pena terá aumento de 1/3 se o abandono ocorre em lugar ermo (solitário, onde há 
pouco trânsito de pessoas, em local afastado), ou se o agente for ascendente, descendente, cônjuge, 
irmão, tutor ou curador da vítima, por ser maior a sua responsabilidade, havendo o crime, inclusive no 
caso de filho adotivo, não prevalecendo no caso de enteado. 
Como distinção pode-se apresentar o seguinte caso, se não houver relação de dependência, o crime 
será de omissão de socorro, se o abandono for de recém-nascido, para ocultar desonra própria, o crime 
será outro, a ser estudado a seguir. No caso do abandono, sendo material e nãocausando perigo, o crime 
será de abandono material. 
 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO: artigo 134 do CP - Expor ou abandonar recém-
nascido, para ocultar desonra própria, cuja pena é de detenção de 6 meses a 2 anos. 
O legislador tem por objetivo proteger a segurança do recém-nascido. 
Sujeito ativo do crime, por ser próprio, deve ser praticado pela mãe ou pelo pai (discussão na doutrina), 
que tem filho fora do matrimônio ou resultante de incesto. 
Sujeito passivo do delito é o recém-nascido, ou seja, pessoa com pouco tempo de vida, havendo 
fixação do tempo em 7 dias, 30 dias, poucos dias, sendo o mais correto até a queda do cordão umbilical. 
A descrição objetiva exige conduta de expor ou abandonar, sendo certo que a expressão abandonar 
já contém a exposição, devendo estar presente, também, o perigo concreto. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de abandonar o recém-nascido, com a ciência que a 
atitude causará perigo para a vítima, além do elemento subjetivo do injusto, a finalidade especial de 
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ocultar desonra própria, não se considerando desonra o orgulho, ou por ter havido anulação de 
casamento. 
Para caracterização do crime, necessário se faz que a gestação e o nascimento sejam escondidos. 
Como o elemento subjetivo se relaciona à honra sexual, as prostitutas, não podem praticar este crime, 
por não possuírem esta honra. 
A consumação ocorre quando a vítima corre o perigo de vida ou saúde. 
A tentativa é possível no caso de conduta comissiva. 
Prevê o legislador formas qualificadas, caso resulte lesão corporal de natureza grave, ou morte, com 
elevação da pena. 
O crime de abandono de recém-nascido deve ser distinguido do infanticídio e do homicídio, pois estes, 
exigem o dolo de dano. Se não houver honra a ser protegida o crime será de abandono de incapaz. 
 
OMISSÃO DE SOCORRO: artigo 135 do CP. - como conceito do crime pode-se apresentar o descrito 
pelo legislador, qual seja, deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a 
criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, socorro da autoridade pública, será apenado com detenção de 1 a 6 
meses ou multa. 
Tem por objetivo o legislador a proteção da vida e da saúde da pessoa humana, assegurando sua 
liberdade individual. 
Qualquer pessoa ode ser sujeito ativo do crime, desde que não haja relação de responsabilidade, se 
houver, haverá crime mais grave. Não há necessidade que o omitente esteja próximo, mas, que tome 
conhecimento que seu auxílio é necessário. 
O perigo também não pode ter sido causado pelo próprio omitente, se for, poderá responder por 
homicídio ou lesões corporais, doloso ou culposo, sendo, no caso de culpa, qualificadora do crime. 
Sujeito passivo deve ser, em primeiro lugar a criança abandonada ou extraviada, seja qual for sua 
idade, desde que não tenha capacidade de defesa. A pessoa inválida também é sujeito passivo, inválida 
é a pessoa que, por qualquer motivo, é incapaz de defender-se. Em seguida figura como sujeito passivo 
a pessoa ferida, ou seja, que apresenta lesão em sua integridade física, mesmo que o ferimento não seja 
grave. 
É fundamental que a vítima, em qualquer hipótese, ou outra não expressa, esteja ao desamparo 
precisando de auxílio. 
O melhor entendimento é que não se considere como pessoa necessitando de auxílio, somente a 
ferida ou inválida, bastando haver um grave ou iminente perigo, como o caso da pessoa que, mesmo sem 
ter ferimentos, se encontra à beira de um abismo, segurando por um pequeno galho para que não caia, 
embora exista julgados não reconhecendo a omissão de socorro neste caso. 
O consentimento da vítima em não ser socorrido, não excluí a prática do crime. 
A descrição objetiva prevê uma conduta omissiva (crime omissivo puro), de deixar de fazer alguma 
coisa, prestar o socorro. Para exigir-se o agir da pessoa, deve estar presente a possibilidade e capacidade 
para realizar o socorro, que deve ser imediato, pois, se não for, estará consumada a infração. 
O crime também está caracterizado quando a pessoa que não possibilidade nem capacidade para 
socorrer, não avisa a autoridade competente para providenciar o socorro. 
Não exige o legislador que a pessoa arrisque a vida para o socorro, podendo ser recusado o socorro 
por aquele que correrá risco pessoal. 
Quando duas ou mais pessoas deixam de prestar o socorra cada uma delas praticará o crime em 
estudo, mas, o socorro de uma, desobriga o das outras. 
Se a vítima não corre perigo, não há crime de omissão de socorro. 
A omissão de socorro é crime de perigo que, em relação a crianças e inválidos é presumido e, nos 
demais casos, depende de concretização. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de não prestar a assistência, desde que possa fazê-
lo sem risco pessoal, acrescido ao conhecimento da situação de perigo. 
A consumação ocorre que o sujeito deixa de agir, ou seja, no momento em que omite o socorro. Trata-
se de crime instantâneo e se o sujeito, após a omissão, volta ao local, não descaracteriza o crime, pois, 
já estava consumado, é possível, entretanto, o caso de perigo permanente, onde o sujeito ativo tem 
condições de prestar o socorro, enquanto perdurar a situação de perigo. 
Como se trata de crime omissivo puro, a tentativa não é possível. 
A existência de risco pessoal excluí a prática do crime. 
Prevê o legislador formas qualificadas do crime, aumentando a pena de metade, no caso de lesão 
corporal de natureza grave e triplicando no caso de morte, devendo estes resultados se relacionarem com 
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a omissão, pois, se socorrida a vítima, veio ela a morte em decorrência da gravidade das lesões, não 
haverá a qualificadora. 
Como distinção, apresenta-se o caso de ter o omitente o dever legal de socorrer, respondendo ele, 
então, pelo resultado. 
 
MAUS TRATOS: artigo 136 do CP - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de 
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer 
abusando no meio de correção ou disciplina, com pena de detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa. 
Tem por objetivo o legislador a incolumidade da pessoa. 
O crime e estudo é próprio, portanto, para ser sujeito ativo é necessário a existência de uma relação 
jurídica entre vítima e agente, assim, somente quem tem autoridade ou seja titular de dever de guarda ou 
vigilância, pode praticar o crime. A relação pode decorrer de educação, que compreende a atividade 
docente, o ensino, mais amplo, relacionado a transferência de conhecimento cultural à pessoa, 
tratamento, onde se incluí a cura de doenças e cuidados gerais como alimentação; e custódia, relacionada 
a detenção da pessoa. Portanto, o crime pode ser praticado por pais, tutores, curadores, diretores de 
colégio, hospitais, estabelecimentos penitenciários, professores, patrões, etc. 
Sujeito passivo é a pessoa que está sob o cuidado, autoridade, guarda ou vigilância. Se não houver 
esta relação de dependência, o crime será outro. 
A descrição objetiva exige conduta de expor a perigo a vida ou a saúde de outrem, por u abuso por 
parte do sujeito ativo, que deve exercer a autoridade com moderação. 
O legislador prevê de quais formas o agente praticara os maus tratos como sendo: 
1- privar a vítima dos alimentos indispensáveis: que nada mais é do que negar a alimentação 
necessária ao ser humano, sendo necessário que a falta cause perigo para a vítima, não caracterizando 
o crime a imposição de uma dieta. 
2- privação dos cuidados indispensáveis: como a falta

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