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Relato de Caso
Auditoria de enfermagem em Centro Cirúrgico
Audit of nursing in the operating room
Driely Reis de Oliveira1, Silvia Maria Jacinto1, Cibele Leite Siqueira2
1.Graduanda em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) – Poços de Caldas (MG), Brasil.
2.Mestre e Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Docente do Curso de Enferma-
gem da PUC Minas – Poços de Caldas (MG), Brasil. 
Endereço para correspondência: Cibele Leite Siqueira – Rua Francisco Tramonte, 400 – Jardim Centenário – CEP: 37704-256 – 
Poços de Caldas (MG), Brasil – E-mail: cibsiq@gmail.com
RESUMO
A auditoria de enfermagem no Centro Cirúrgico é utilizada pelas instituições de saúde nos dias atuais com a 
finalidade de avaliar a assistência e otimizar os custos decorrentes da prestação dos serviços. Os registros de 
enfermagem são a principal ferramenta de mensuração da qualidade e método para cobrança, mas, muitas 
vezes, são banalizados pela própria equipe de enfermagem. O objetivo deste estudo foi relatar as experiências 
vivenciadas pelas autoras durante a atuação profissional em Centro Cirúrgico. Trata-se de um relato de 
experiência com abordagem descritiva. O conhecimento sobre a auditoria de enfermagem no Centro Cirúrgico 
e a compreensão dos aspectos e mecanismos de atuação do profissional de enfermagem são imperativos 
para uma prestação de assistência de enfermagem de qualidade.
ABSTRACT
The audit of nursing in the surgical center is used by healthcare facilities with the purpose of evaluating assistance 
and improving costs arising from the provision of the services. Nursing records are the primary tool of quality 
measurement and billing method. The objective of the study was to report the experiments experienced by 
the authors during professional performance in the surgical center. It is an experience report with descriptive 
approach. Results showed that nursing execute most of the procedures in surgical center and ends up prioritizing 
assistance to the detriment to notes in patient’s medical reports. The register itself is trivialized by nursing staff. 
The knowledge about the nursing audit in surgical center and the comprehension of the aspects and mechanisms 
of the role of the nursing professional is imperative for an nursing assistance provision of quality.
Palavras-chave
Registros de enfermagem
Auditoria de enfermagem
Assistência de enfermagem 
Gestão em saúde
Keywords
Nursing records
Nursing audit
Nursing care
Health management
Recebido em:
27/11/2013
Aprovado em:
14/02/2014
Conflito de interesses: 
nada a declarar
Fonte de financiamento: 
nenhuma
152 Oliveira DR, Jacinto SM, Siqueira CL
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
INTRODUÇÃO
A área da saúde é caracterizada por processos 
contínuos; uma forma de assegurar a qualidade de 
toda atenção médico-hospitalar é por meio da auditoria 
de enfermagem, que trata da avaliação sistemática da 
qualidade de assistência prestada ao cliente1.
A auditoria tem origem na área contábil e foi a partir 
do século XVII, na Inglaterra, durante a Revolução 
Industrial, que houve seu grande desenvolvimento. 
A prática da auditoria recebe novas diretrizes, na busca 
de atender às necessidades das grandes empresas, 
tendo continuidade até os dias atuais1.
Na área da saúde, em 1918, nos Estados Unidos, 
a auditoria aparece por meio do médico George Gray 
Ward, que utilizou relato do prontuário para verificar a 
qualidade da assistência prestada ao paciente2.
A auditoria de enfermagem é definida como uma 
avaliação sistemática da qualidade da assistência 
prestada ao cliente obtida por meio da análise de 
prontuários, do acompanhamento do cliente e da 
verificação da compatibilidade entre os procedimentos 
que foram realizados e os itens que serão cobrados 
na conta hospitalar. Desse modo, garante assistência, 
cobrança e pagamento adequados3.
 A auditoria em enfermagem tem sido uma ferra-
menta gerencial que tem como finalidade a avaliação 
da qualidade da assistência, dos processos e dos 
custos4.
A qualidade dos serviços de enfermagem inclui não 
somente a formação do enfermeiro, a restauração da 
saúde e melhoria da qualidade de vida mas o resultado 
do produto hospitalar medido por meio da qualidade 
da documentação e do registro de todas as ações de 
enfermagem5.
Todas as unidades de um serviço de saúde permi-
tem atividades de auditoria. O Centro Cirúrgico é 
um ambiente fechado e ocupa lugar de destaque no 
hospital, em decorrência da alta complexidade dos 
procedimentos realizados nesse local. Dessa forma, 
exige capacitação e preparação profissional, além do 
trabalho integrado e do relacionamento harmonioso 
entre os profissionais6.
Considerando todas as atribuições legais e respon-
sabilidades contidas no prontuário, além de seu caráter 
multiprofissional, esse conjunto de informações é suscep-
tível a imprecisões em seus registros, fazendo-se neces-
sária uma análise apurada e imparcial de seu conteúdo, 
realizada por meio da auditoria3. 
A questão de pesquisa foi: a enfermagem prioriza o 
cuidado em detrimento das anotações no prontuário?
Assim sendo, o presente estudo justifica-se, pois 
permite ao leitor se apropriar das experiências adquiri-
das pelas autoras, proporcionando uma visão holística 
sobre a auditoria e a assistência de enfermagem no 
Centro Cirúrgico. 
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi relatar as experiências 
vivenciadas pelas autoras durante a atuação profissio-
nal em Centro Cirúrgico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Auditoria de enfermagem
As atividades desenvolvidas pelo profissional de 
enfermagem em auditoria foram estabelecidas e apro-
vadas pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 
por intermédio da resolução nº 266/20017.
Tal auditoria deve incluir o estabelecimento de 
padrões de assistência e a utilização de instrumen-
tos para a sua realização. Com a padronização dos 
processos da assistência de enfermagem, a avaliação 
tem como base os padrões desejáveis da prática assis-
tencial, com condições de avaliação dos processos e 
análise dos resultados alcançados4.
Quanto à execução, a auditoria pode ser classifi-
cada em: 
Auditoria Prospectiva, que se trata da avaliação 
dos procedimentos médicos antes da sua realização1, 
tem caráter preventivo e procura detectar situações de 
alarme para evitar problemas8.
Auditoria Concorrente, que se refere à análi-
se pericial ligada ao evento no qual o cliente está 
envolvido1. É realizada quando o paciente ainda se 
encontra hospitalizado ou em atendimento ambu-
latorial, podendo ser feita de quatro maneiras: pela 
avaliação feita pelo paciente e sua família, verificando 
suas percepções acerca da assistência prestada; pela 
153Auditoria de enfermagem em Centro Cirúrgico
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
entrevista do funcionário após a prestação do cuidado, 
levando-o à reflexão; pelo exame do paciente e confron-
to com as necessidades levantadas; pela verificação 
do cumprimento das atividades a serem realizadas 
pelos profissionais8.
Auditoria Retrospectiva, que se trata da análise 
pericial ligada aos procedimentos médicos realizados, 
com ou sem análise do prontuário1. Realizada após a alta 
do paciente, avalia resultados e repara as falhas. Dessa 
forma, o paciente que deixou o internamento não é bene-
ficiado após a avaliação dos dados obtidos. Entretanto, o 
benefício se reverte de forma global aos demais8.
Quanto às modalidades, a auditoria pode ser clas-
sificada em: 
Auditoria de Custos, que é a análise das contas 
hospitalares realizada pelo enfermeiro, após a alta do 
paciente, verificando a compatibilidade entre o pron-
tuário e a cobrança da conta hospitalar efetuada pelo 
auxiliar de faturamento1. Isso é realizado por meio do 
cruzamento das informações recebidas pelofatura-
mento com as informações que estão registradas no 
prontuário do paciente5.
Como, em sua grande maioria, as anotações de 
enfermagem encontram-se de maneira inconsistente, 
ilegível e subjetiva nos prontuários médicos, é comum 
a prática de glosas no faturamento das contas hospi-
talares, tendo impacto negativo e significativo para o 
orçamento das instituições. À equipe de enfermagem 
cabem a responsabilidade e o comprometimento 
pela elaboração completa e adequada do prontuário 
médico-hospitalar9.
Todos os procedimentos e ações de enfermagem 
geram custos, e o principal meio de assegurar o recebi-
mento do valor gasto durante a assistência de enferma-
gem prestada é a realização adequada das anotações 
de enfermagem, sendo estas de grande importância 
para mostrar o cuidado prestado3.
Auditoria de Qualidade se refere à análise das 
atividades realizadas pela equipe de enfermagem, 
por meio da análise do prontuário em geral, com foco 
nos registros de enfermagem. A avaliação e a revisão 
detalhada dos registros clínicos por profissionais 
qualificados garantem a verificação da qualidade da 
assistência, sendo, portanto, atividades dedicadas à 
eficácia dos serviços prestados10.
Uma das maneiras de se avaliar sistematicamente 
a assistência prestada pelo profissional de enferma-
gem é a verificação de seus registros e anotações no 
prontuário. O prontuário serve como um instrumento de 
verificação e deve apresentar uma estrutura sólida, pois 
representa um documento com valor legal. Os dados 
contidos devem ser descritos adequadamente e no 
documento devem constar a situação do paciente, as 
intervenções realizadas e os resultados obtidos11.
Na área de auditoria de qualidade, o enfermeiro tem 
a oportunidade de aferir inadequações no processo 
do trabalho assistencial, as quais podem demonstrar 
falhas em relação à qualidade. Como resultado, esses 
erros geram gastos e trabalho desnecessários com 
a utilização indevida de equipamentos, fluxo inade-
quado de informações, desperdício de materiais e 
medicamentos e excessos de estoques. Com a visão 
do enfermeiro auditor voltada à avaliação da qualida-
de do serviço prestado é possível identificar recursos 
que poderiam ser utilizados para outras funções, 
oferecendo, assim, subsídios para ampliar a qualidade 
assistencial4.
Cabem à equipe de enfermagem a responsabilida-
de e o comprometimento pela elaboração completa e 
adequada do prontuário médico-hospitalar9.
Auditoria em Centro Cirúrgico
Dentre as unidades do âmbito hospitalar, o 
Centro Cirúrgico se destaca, pois é o setor que 
contém diversos elementos destinados às atividades 
cirúrgicas, desde o recebimento no pré-operatório 
imediato até a Recuperação Pós-Anestésica (RPA). 
Ele surgiu em meados do século XIX por necessidade 
de um local asséptico onde os riscos de infecções 
fossem menores12.
Até a década de 1960, a assistência ao paciente 
cirúrgico era dirigida predominantemente para a área 
instrumental, atendimento às solicitações da equipe 
médica e às ações de previsão e provisão do ato 
anestésico-cirúrgico. Após esse período, houve um 
intenso desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e instru-
mentais, o que tornou as cirurgias mais complexas, 
154 Oliveira DR, Jacinto SM, Siqueira CL
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
desencadeando no enfermeiro a necessidade de uma 
fundamentação científica13.
Com os avanços e preocupações na área de cirur-
gia, a presença da enfermagem no Centro Cirúrgico 
passou a desenvolver as técnicas de assepsia de Lister. 
Esses cuidados com a organização do serviço definiram 
a responsabilidade do enfermeiro, pois este deveria 
ter conhecimentos específicos relacionados à saúde14. 
A assistência prestada pelos profissionais de enferma-
gem de um Centro Cirúrgico é caracterizada por planeja-
mento, avaliação e continuidade do serviço, uma vez que 
o paciente passará pelas fases pré, intra e pós-operatória, 
todas integradas ao seu estado físico e emocional6.
A fase pré-operatória ocorre a partir do preparo 
do paciente para a intervenção cirúrgica e do prepa-
ro psicoemocional por meio de informações sobre o 
procedimento que será realizado6.
A fase do intraoperatório compreende a recepção 
do paciente na mesa cirúrgica até o seu encaminha-
mento à sala de RPA. Nessa fase, a enfermagem atua 
minimizando os riscos decorrentes do procedimento 
anestésico e identificando sinais característicos de 
possíveis complicações6.
No pós-operatório, o processo de enfermagem 
imediato inicia-se na sala de RPA, ao prestar os 
cuidados necessários ao paciente, ainda sob efeito 
da anestesia, até a recuperação dos seus reflexos e a 
estabilização dos sinais vitais6.
A assistência realizada no Centro Cirúrgico faz parte 
de um conjunto de atividades que inclui a auditoria, que 
exige um trabalho coletivo, com equipe multiprofissio-
nal. A auditoria de enfermagem em Centro Cirúrgico se 
dá por meio da análise das anotações de enfermagem, 
descrições cirúrgicas e anestésicas, comparando-as 
com as cobranças realizadas e o débito de sala na 
recuperação anestésica. Essas atividades incluem os 
períodos pré, trans e pós-operatório. A enfermagem 
deve estar presente na assistência e na gerência de 
todas as etapas que passa o paciente, em especial nos 
processos de auditoria16.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência que é definido 
como observação sistemática da realidade, sem o obje-
tivo de testar hipóteses, mas de estabelecer correlações 
entre achados da realidade e bases teóricas pertinentes. 
Os relatos vinculam vivências servindo de fonte de difu-
são de saberes e fazeres, envolvem a pessoa que 
observa, estrutura os conhecimentos e registra as infor-
mações, com interpretações e subjetivações próprias, 
com o cuidado de serem metódicas e sistematizadas15.
Descrição das experiências
Trata-se de relato de experiência com abordagem 
descritiva baseada em vivência profissional das duas 
autoras, a primeira com oito anos de experiência em 
faturamento e auditoria de contas médicas, e a segunda 
com dez anos de atuação como técnica de enfermagem 
no Centro Cirúrgico.
A primeira autora descreve sua atuação profissional 
na análise e faturamento de prontuários médicos, sendo 
seu foco principal o processo contábil. Para adequar a 
cobrança de custos por procedimentos, é necessário o 
preenchimento de diversos campos, tanto médico como 
de enfermagem, como, por exemplo: história clínica, 
registro diário da prescrição, evolução médica e de 
enfermagem, checagem dos serviços e dos relatórios 
de anestesia e cirurgia. 
A experiência profissional como auditora de contas 
médicas da primeira autora foi adquirida durante oito 
anos de atuação no faturamento hospitalar de um 
hospital geral privado de pequeno porte no sul de 
Minas Gerais.
Especialmente na área privada, a auditoria de 
enfermagem é adotada como ferramenta de regulação 
e controle da utilização dos serviços de saúde, sendo 
seu foco dirigido para o controle dos custos da assis-
tência prestada17.
O processo da fatura da conta hospitalar se inicia 
no pré-faturamento, segue para o faturamento, em 
seguida para a auditoria e então retorna ao faturamento 
para o fechamento da conta hospitalar. Após a alta do 
paciente ou durante o período da internação, o setor de 
pré-faturamento reúne todos os documentos gerados 
durante a internação, confere as assinaturas do pacien-
te e do médico responsável na guia de solicitação de 
internação, preenchimento da anamnese e prescrições 
médicas, exames laboratoriais, radiológicos e ultrasso-
nográficos, e verifica prorrogações e autorizações dos 
procedimentos cirúrgicos. 
155Auditoria de enfermagem em Centro Cirúrgico
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
Após a organização desses documentos, os pron-
tuários são liberados e entregues nofaturamento. 
As funcionárias do faturamento recebem os prontuários 
e lançam as informações contidas nesses documentos 
no programa de gestão hospitalar. 
O prontuário médico é um documento legal que 
possui todo o histórico de cuidado do paciente, é uma 
fonte de conhecimento para profissionais da saúde e 
descreve sobre o serviço hospitalar que a instituição 
oferece. A conta hospitalar é o resultado da contabi-
lização de todo o processo de internação e cuidado 
prestado pela equipe multidisciplinar.
A cobrança só é feita mediante relato comprobatório 
por meio de registros médicos e da enfermagem.
A auditoria é um instrumento de avaliação, está rela-
cionada à importância e à repercussão da enfermagem 
e associada ao controle administrativo-financeiro. Uma 
falha qualquer nos registros ocasiona erros de cobrança 
e dificulta o faturamento do prontuário17.
Após o lançamento dos dados obtidos, o espelho 
da conta hospitalar é impresso e anexado ao prontuário 
faturado e segue para a auditoria de contas médicas. 
O processo de análises se inicia por meio da auditoria 
interna retrospectiva, momento em que os itens cobra-
dos na conta hospitalar são comparados com os dados 
fornecidos pelo prontuário. 
A realização da auditoria de enfermagem por inter-
médio da análise de prontuários possibilita identificar 
problemas e orientar a equipe sobre o registro adequa-
do das ações, sendo este utilizado para respaldo ético 
e legal17. São observados: a quantidade de diárias, os 
registros de todos os materiais descartáveis e medi-
camentos gastos pelo paciente conforme prescrição 
médica, evolução da equipe de enfermagem, hemote-
rapia e laudos de exames de diagnose e terapêutica.
Já nos casos de procedimentos cirúrgicos é anali-
sado o gráfico anestésico conforme tipo de anestesia 
empregada, descrição do ato cirúrgico, registros e 
anotações de enfermagem nos períodos pré, intra e 
pós-operatório, equipamentos e aparelhos cirúrgicos, 
tipo de sala conforme porte cirúrgico e utilização de 
órteses, próteses e materiais especiais. 
O trabalho do Centro Cirúrgico requer ampla cola-
boração da equipe atuante para que haja eficácia nos 
procedimentos e agilidade para o faturamento, sem 
deixar de executar as tarefas com qualidade e satisfa-
ção do paciente17.
Para isso, são utilizadas ferramentas de trabalho, 
como contratos, tabelas de diárias e taxas, revistas de 
materiais e medicamentos, e notas fiscais. Após examina-
dos os dados, é realizada a comparação desses gastos 
com o que consta na fatura, sendo que os que não corres-
ponderem serão corrigidos, excluídos ou adicionados.
A auditoria em enfermagem visa a qualidade do 
atendimento ao cliente, o controle de custos, o paga-
mento justo da conta hospitalar e a transparência da 
negociação, embasada na conduta ética9.
Existe também a negativa de pagamento de algo 
que foi faturado. A glosa é o cancelamento parcial 
ou total do orçamento, por ser considerado ilegal ou 
indevido, e é aplicada quando qualquer situação gera 
dúvidas em relação à regra e à prática adotadas pela 
instituição de saúde9.
Devido às anotações de enfermagem, em sua maio-
ria, serem inconsistentes, a prática de glosar itens do 
faturamento das contas hospitalares tem sido significa-
tiva para o orçamento das instituições. Dessa forma, as 
anotações de enfermagem contidas nos prontuários são 
utilizadas no processo de auditoria de enfermagem, a 
fim de apontar inadequações da assistência de enfer-
magem com relação aos serviços prestados, assegurar 
o faturamento de contas hospitalares e rever glosas3.
O serviço de auditoria está associado ao controle 
administrativo-financeiro das instituições de saúde; 
erros em cobranças são relacionados à falha de regis-
tros de materiais e medicamentos utilizados e à ausên-
cia de anotações tanto pela equipe de enfermagem 
quanto médica.
Especificamente, a auditoria no Centro Cirúrgico 
reflete diretamente o serviço de enfermagem, pois, a 
partir das anotações e cuidados prescritos, são justifica-
dos os equipamentos e gases (oxigênio, ar comprimido, 
halotano, etc.) utilizados com o débito assinalado na 
nota de gasto do Centro Cirúrgico. 
O enfermeiro é o agente determinante para levar a 
equipe multidisciplinar a construir alicerces em relação 
aos registros de enfermagem, sendo estes os principais 
marcadores de qualidade da assistência17.
 A eficácia dos registros deve estar ligada à super-
visão constante da equipe de enfermagem, mas é por 
156 Oliveira DR, Jacinto SM, Siqueira CL
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
meio da educação permanente e continuada que se 
consegue treinar e aprimorar os profissionais des- 
sa classe.
A educação continuada é utilizada como ferramenta 
de instrução e acompanhamento da auditoria realizada 
em Centro Cirúrgico. É por meio dela que a equipe 
interdisciplinar que tem acesso ao prontuário é orienta-
da, para que os funcionários se conscientizem sobre a 
importância legal do preenchimento de tal documento, 
esclarecendo dúvidas e dando orientações contínuas 
para suporte da assistência1.
A experiência profissional como técnica de enfer-
magem da segunda autora foi adquirida durante dez 
anos de atuação no Centro Cirúrgico de um hospital 
de médio porte no sul de Minas Gerais. Tal setor é 
composto basicamente por médicos-cirurgiões, anes-
tesistas, enfermeiras e técnicas de enfermagem. Foi 
observado que as anotações de enfermagem eram 
feitas em etapas: pré-operatório (admissão no Centro 
Cirúrgico), transoperatório, alta da sala cirúrgica, 
admissão e alta na RPA.
Na admissão do paciente na sala de recuperação 
pós-anestésico, é realizado o primeiro registro de 
enfermagem de acordo com o estado do paciente 
(consciente, orientado, pré-anestesiado, entubado). 
Supondo-se que o paciente esteja sonolento e impos-
sibilitado de se comunicar verbalmente, a única forma 
de obter informações é por meio do registro do setor 
anterior à admissão na sala de recuperação pré ou 
pós-anestésica. 
O segundo registro é realizado após a cirurgia, e 
o terceiro é a alta para o setor. Esses relatórios, na 
prática, muitas vezes ficavam incompletos; alguns 
dos motivos observados foram: a falta de tempo, o 
número de cirurgias eletivas, cirurgias de urgência e 
emergência e as várias tarefas que os profissionais de 
enfermagem necessitam desempenhar, o que fazia com 
que tais trabalhadores priorizassem a assistência e o 
cuidado ao paciente, deixando os registros para um 
momento oportuno.
 A técnica de enfermagem (circulante) responsável 
pelo transoperatório tem como funções monitorizar o 
paciente, auxiliar os médicos, organizar a sala e realizar 
o registro de enfermagem da sala. Este também fica 
incompleto, pois a circulante tem de fazer a anotação 
da folha de gasto, o registro dos materiais utilizados 
durante a cirurgia e, caso ocorram outras intercor-
rências, registrá-las também, deixando mais uma vez 
o registro de enfermagem para outro momento. Ao 
término da cirurgia, cabe à circulante retornar o pacien-
te à sala de RPA com seu prontuário e providenciar 
a limpeza e organização da sala para uma próxima 
cirurgia, ficando, na maioria das vezes, seu registro de 
enfermagem para depois, devido à escassez de tempo. 
Quanto menor o tempo da cirurgia, menos tempo sobra 
para os registros.
A anotação é uma forma de comunicação da 
enfermagem e possui como finalidades: estabelecer 
diálogo entre os membros da equipe multidisciplinar; 
acompanhar a evolução do paciente; servir de base 
para a avaliação e a elaboração do plano assistencial; 
constituir documento legal tanto para o paciente quanto 
para a equipe de enfermagem referente à assistência 
prestada; contribuir para a auditoria de enfermagem5.
A experiência profissional da autora nesse setor 
durante todos esses anos permitiu observar quea 
equipe de enfermagem prioriza o seu tempo em cuidar 
e assistir o paciente, deixando as anotações para outro 
momento (que às vezes nem chega). Portanto, as 
anotações são tão importantes quanto o cuidar, pois é 
por meio delas que a equipe multiprofissional poderá 
dar a continuidade correta ao tratamento do paciente.
As intercorrências assistidas pela enfermagem, 
quando anotadas no momento exato, trazem eficiência 
por parte da enfermagem e ação imediata. A qualidade 
dos registros das ações prestadas reflete a prestação 
da assistência e a produtividade do trabalho. Quanto 
mais detalhadas forem as anotações, maiores serão 
as informações para direcionar a terapêutica do cuidar 
pela equipe multiprofissional.
Reforça-se que o registro das intervenções da 
enfermagem é uma estratégia que valida a prática e 
confirma os cuidados realizados, e que a ausência dos 
mesmos dificulta a coesão e a comunicação entre as 
equipes multiprofissionais18.
O Centro Cirúrgico é um setor que está constan-
temente em movimento; em consequência do fluxo, 
do porte e da quantidade de cirurgias a serem feitas, 
o tempo fica escasso para a equipe de enfermagem 
realizar as tarefas obrigatórias dentro dos prazos 
157Auditoria de enfermagem em Centro Cirúrgico
RAS _ Vol. 15, No 61 – Out-Dez, 2013
estipulados. Esses eventos adversos acabam sendo 
resultantes da falta de registros no prontuário. 
Cuidar e prestar assistência pela enfermagem 
são aspectos prioritários à reabilitação do paciente; 
portanto, os registros dessa população representam 
elemento essencial para o processo de trabalho, uma 
vez que a gestão da informação constitui a qualidade 
dos serviços prestados18. 
Para a auditoria de enfermagem, é válido o que está 
anotado; se não há registro, não houve a assistência 
e isso interfere na qualidade e no custo. Se não existe 
forma de cobrar os procedimentos prestados, mesmo 
que foram realizados, se não foram justificados por 
meio dos registros no prontuário, esses atos refletirão 
comprovadamente a qualidade do serviço prestado. 
A enfermagem tem conhecimento legal e ético 
sobre as anotações do cuidado, sendo que o registro 
no prontuário se identifica como direito do paciente e 
obrigação da equipe19.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A auditoria de enfermagem é utilizada pelas institui-
ções de saúde com a finalidade de avaliar a qualidade 
da assistência e acompanhar os custos decorrentes da 
prestação dos serviços. Observa-se uma deficiência 
na atuação da enfermagem diante das anotações que 
constituem na única forma de averiguar o cuidado 
dessa categoria profissional. Ressalta-se, ainda, que 
esses registros comprovam e validam a prática da equi-
pe de enfermagem. Sabe-se que o tempo de permanên-
cia do paciente dentro do Centro Cirúrgico é escasso 
e que os profissionais que exercem seu papel como 
cuidadores nos períodos pré, intra e pós-cirúrgico não 
têm nenhum compromisso com o registro de suas ativi-
dades, atitude que constitui a principal ferramenta de 
apuração e cobrança de custos e, ainda, de fonte de 
informação para o planejamento do cuidado. 
Em relação à qualidade dos registros, observou-se 
que tais anotações são incompletas e não proporcio-
nam a qualidade necessária para oferecer subsídios 
para a análise da auditoria de enfermagem. Foi eviden-
ciada, nesta pesquisa, que a auditoria de enfermagem 
é uma especialização pouco conhecida pelos colegas 
de trabalho.
DECLARAÇÃO DE AUTORIA E PARTICIPAÇÃO
Nós, na qualidade de autoras do presente artigo, 
declaramos que o estudo é inédito, havendo sido 
composto com a participação de todas, estando a 
participação de cada autora destacada a seguir:
Driely Reis de Oliveira: revisão bibliográfica, coleta 
e análise de dados, redação preliminar.
Silvia Maria Jacinto: revisão bibliográfica, coleta e 
análise de dados, redação preliminar.
Cibele Leite Siqueira: revisão bibliográfica, coleta e 
análise de dados, correção e redação final. 
REFERÊNCIAS
1. Motta ALC. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de planos 
de saúde. 5ª ed. São Paulo: Iátria; 2010.
2. Scarparo AF, Ferraz CA. Auditoria em enfermagem: identificando sua concepção 
e métodos. Rev Bras Enferm. 2008;61(3):302-5.
3. Camelo SHH, Pinheiro A, Campos D, Oliveira TL. Auditoria de enfermagem 
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