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ABANDONO AFETIVO RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DESAMOR

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
MÁRCIA REGINA DE AZEVEDO FALKENBACH TENIUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABANDONO AFETIVO: Responsabilidade Civil pelo Desamor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2014 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
MÁRCIA REGINA DE AZEVEDO FALKENBACH TENIUS 
 
 
ABANDONO AFETIVO: Responsabilidade Civil pelo Desamor 
Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Bacharel no 
Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
Curitiba, ______ de _______________________ de 2014. 
 
 
_______________________________________ 
Prof. Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenação do Núcleo de Monografia 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
Orientador: ____________________________________________________ 
 Prof. Msc. Geraldo Doni Júnior 
 Universidade Tuiuti do Paraná 
 Curso de Direito 
 
 
 
Supervisor: ____________________________________________________ 
 Prof. 
 Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
Supervisor: ____________________________________________________ 
 Prof. 
 Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Este trabalho é dedicado às pessoas que em minha vida tiveram 
significado, presença, entrega e representam tudo aquilo que neste texto é discutido. 
Dedico a minha mãe Shirley de Azevedo Falkenbach, meu pai Ataíde 
Falkenbach (in memorium) e ao grande amigo Luiz Goldman. 
Estamos num mundo onde precisamos de mais afeto, amizade e gentileza 
e estes são princípios fundamentais da família. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço ao meu professor e orientador Geraldo Doni Júnior pelos 
conhecimentos transmitidos e pelo apoio em todo o trajeto percorrido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O leite alimenta o corpo; o afeto alimenta a alma” 
(Içami Tiba) 
 
 
RESUMO 
 
O presente estudo analisa a evolução ocorrida tanto na família quanto no Direito de 
Família, onde é possível perceber a diminuição das influências externas e o 
aumento da valorização da afetividade entre seus integrantes. E os conseqüentes 
desafios impostos ao Direito de Família no sentido de adequar-se e aproximar-se da 
realidade familiar atual, deixando assim o formalismo percebido nas famílias 
tradicionais. No segundo capítulo, estudar-se-á o Poder Familiar, com o objetivo de 
mostrar ao leitor como eram as famílias antigamente, como eram formadas, quais os 
valores primordiais para sua existência com o intuito de comparar como está a 
família hoje, o que mudou e a grande importância que tem a afetividade na família 
contemporânea. No capítulo terceiro, estuda-se a afetividade propriamente dita, o 
posicionamento da doutrina e da jurisprudência atualmente, exemplificando os 
posicionamentos com a jurisprudência do STJ, explicando-se ainda o que é o 
abando afetivo do filho, buscando demonstrar as conseqüências deste abandono 
para sua vida adulta. E finalmente, no capítulo quarto, abordar-se-á o tema 
específico do presente estudo, a responsabilidade civil dos pais. Até que ponto ela 
existe, fazendo a análise de indenização em caso de comprovado abandono e 
estuda-se ainda, de que forma é arbitrado o valor desta indenização. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Abandono afetivo. Família. Responsabilidade civil. Danos 
psicológicos. Indenização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................08 
2 O PODER FAMILIAR..............................................................................................10 
2.1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS E CONCEITOS..............................................10 
2.2 DO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR..............................................................14 
2.3 DA PERDA DO PODER FAMILIAR.....................................................................16 
3 A AFETIVIDADE NAS RELAÇÕES FAMILIARES................................................18 
3.1 A AFETIVIDADE NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA...............................19 
3.2 ABANDONO AFETIVO DO FILHO.......................................................................22 
4 RESPONSABILIDADE CIVIL E A INDENIZAÇÃO................................................24 
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL...............................................................................24 
4.2 ANÁLISE DOS ELEMENTOS QUE COMPÕE A RESPONSABILIDADE CIVIL E 
SUA ADEQUAÇÃO AOS CASOS DE ABANDONO FILIAL-AFETIVO......................24 
4.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS.......................................................27 
4.4 DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS AO DEVER DE INDENIZAR...................27 
4.5 O VALOR DA INDENIZAÇÃO..............................................................................30 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................33 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................34 
ANEXO I.....................................................................................................................38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A família contemporânea passa por profundas transformações e é 
possível perceber a diminuição de influências externas (religião, Estado e interesses 
do grupo social) e conseqüentemente a valorização à realização existencial e afetiva 
de seus integrantes. 
A família atual busca sua identificação na solidariedade (art. 3º, I da 
Constituição) como um dos fundamentos da afetividade. O afeto é um fato social e 
psicológico, talvez por esta razão, e pela formação normativista dos profissionais do 
direito no Brasil, houvesse tanta resistência em considerá-lo a partir da perspectiva 
jurídica. Mas não é o afeto, enquanto fato anímico ou social, que interessa ao direito, 
o que notadamente interessa como seu objetivo próprio de conhecimento, são as 
relações sociais de natureza afetiva que engendram condutas suscetíveis de 
merecer a incidência de normas jurídicas. 
A norma é o princípio jurídico da afetividade. As relações familiares e de 
parentesco são sócio-afetivas, porque congrega o fato social e a incidência do 
princípio normativo (afetividade). 
Em função das novas tendências sociais, bem como, dos princípios 
consagrados na Constituição Federal que ao refletirem-se na dignidade da pessoa 
humana trouxe uma série de mudanças no Direito de Família, dentre estas 
mudanças está à teoria da desbiologização da paternidade, desta forma, além do 
vínculo biológico, passou-se a buscar o vínculo afetivo entre pais e filhos. 
E a questão do abandono afetivo na filiação trás a discussão acerca da 
possibilidade da reparação do dano moral causado ao filho menor em razão da 
atitude omissiva do pai (ou mãe) no cumprimento dos encargos decorrentes do 
poder familiar. 
O tema referente ao abandono afetivo na filiação e o conseqüente dever 
de reparação é novo no ordenamento átrio, não havendo legislação específicatratando da matéria. 
Neste sentido, entende Maria Berenice Dias (2009, p. 416) que: “[...] 
comprovado que a falta de convívio pode gerar danos, a ponto de comprometer o 
desenvolvimento pleno e saudável do filho, a omissão do pai gera dano afetivo 
susceptível de ser indenizado.” 
 
 
 
No mesmo sentido, tem-se o ensinamento de Rui Stocco¹: 
 
“[...] o que se põe em relevo e exsurge como causa de responsabilização 
por dano moral é abandono afetivo, decorrente do distanciamento físico e 
da omissão sentimental, ou seja, a negação de carinho, de atenção, de 
amor e de consideração, através do afastamento, do desinteresse, do 
desprezo e falta de apoio e, às vezes, da completa ausência de 
relacionamento entre pai (ou mãe) e filho.” 
 
Objetivando-se analisar a atual realidade no Direito de Família e seus 
conseqüentes reflexos no Direito Civil, percebeu-se a relevância do tema e 
vislumbrou-se a possibilidade de fazer um estudo mais profundo sobre a 
responsabilidade civil dos pais no abandono afetivo, uma vez que este pode trazer 
feridas incicatrizáveis para a vida dessas crianças que não serão cidadãos com uma 
personalidade formada e psicologicamente equilibrados em razão da não 
convivência salutar com o pai ou a mãe durante seu desenvolvimento. 
Entendendo a afetividade como vetor dos relacionamentos familiares 
atuais, pergunta-se: 
Como o Direito interpreta o abando afetivo e de que forma se dá a 
indenização (responsabilização)? Qual seria a proporção entre a gravidade da culpa 
e o dano? Qual seria o critério para fixação da indenização? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________ 
¹ STOCCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, 
p. 946 
 
 
 
 
2 PODER FAMILIAR 
 
2.1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS E CONCEITOS 
 
O poder familiar existe para o homem desde que ele é homem. Trata-se 
de um instituto de muita relevância para o homem civilizado e sua existência 
transcenda a própria existência humana. É um instituto cuja principal finalidade era 
delimitar a hierarquia no seio familiar. 
Segundo Waldir Grisard Filho2: 
 
“O poder familiar é um dos institutos do direito com marcante presença na 
história do homem civilizado. Suas origens são tão remotas que 
transcendem as fronteiras das culturas mais conhecidas e se encontram na 
aurora da humanidade mesma.” 
 
No Direito Romano, poder familiar era um direito exercido exclusivamente 
pelo pai, chamado pater famílias, poder este que era exercido sobre todos os 
membros da família, independentemente da idade dos filhos, era o pai que exercia o 
poder sobre este, e quando o pai viesse a falecer o filho então tomava o seu lugar. 
A etimologia da palavra pater, significa Deus, dizendo que o homem que 
constituísse sua família poderia exercer todos os poderes sobre esta, como se fosse 
um Deus. Era tido como um ser supremo dentro da família, a quem todos deviam 
respeito e obediência. 
Entre os romanos, o denominado pátrio poder, em nada tinha haver com a 
dignidade da pessoa humana ou no melhor interesse da criança ou adolescente, 
mas sim, tinha conotação de direito de propriedade, direito esse que poderia ser 
renunciado a qualquer tempo, e assim, o pai daria os seus filhos a quem quer que 
fosse enjeitando-os. 
Neste sentido, ensina Paulo Lôbo3: 
 
“A patria potestas dos romanos era dura criação de direito despótico, e não 
tinha correlação com deveres do pai para com o filho. É certo que existiam 
deveres, porém estes quase só eram provindos da moral. Juridicamente, a 
 
2
 GRISARD FILHO, Waldir. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal. 
5 ed. Ver. E atual. São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 2010 p.37 
3
 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2012 
 
 
pátria potestas constituía espécie do direito de propriedade. O pater 
famílias podia renunciar a esse direito, dando a terceiros os filhos in 
mancipio, ou enjeitando-os.” 
 
E conforme Waldir Grisard Filho4: 
 
“Nesse regime primitivo, em algumas circunstâncias, o pater familias – que 
só podia ser exercido pelo varão – tinha o direito de expor ou matar o filho 
(ilus vitae ET necis). O de vendê-lo (ius vendidis), o de abandoná-lo (ius 
exponenedi) e o de entregá-lo a vítima de dano causado por seu 
dependente (ius noxae dedítio).” 
 
Com o advento da Lei das XII Tábuas o amplo poder que o varão tinha 
sobre os filhos foi gradativamente diminuindo, onde o pai passou a ter o direito de 
vender o filho por até três vezes (tábua quarta), mais tarde, sobre Justiniano, os 
poderes do pai sobre os filhos diminuíram ainda mais, onde o pai tinha o direito 
apenas de correção sobre este. 
Na idade média ocorreu um choque de interesses entre os pilares 
organizadores do sistema familiar, onde, prevaleceu nos países de direito escrito o 
Direito Romano, na forma da legislação justiniana e nos países de direito costumeiro 
o Germânico, em cujo direito prevalecia os direitos dos filhos sobre a vontade do pai. 
Os países de direito escrito mantiveram a tradição romana, onde o 
interesse do pai se sobrepunha aos direitos do filho, e o poder que o pai tinha sobre 
o filho se dava de forma perpétua. 
Em contrapartida nos países de direito costumeiro prevaleceu o direito 
Germânico, onde o papel do pai era mais um dever do que um exercício de um 
poder e cujo exercício se dava de forma temporária. 
No cristianismo houve prevalência das duas posições, ou seja, adotou-se 
a tradição romana bem como a tradição germânica. 
Antes do advento do code civil a França não tinha entendimento definido a 
cerca do tema, onde, ao sul adotava-se a feição romana e ao norte a feição 
germânica. O poder familiar com feição predominante romana encontrou assentos 
nas ordenações do reino e mais tarde foi transportada para o Brasil em 20 de 
outubro em 1.823. 
 
4
 GRISARD FILHO, Waldir. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal. 
5 ed. Ver. E atual. São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 2010 p.37 
 
 
O Código Civil de 1.916 continuou adotando a posição romana, onde era o 
homem que detinha o poder familiar, tal qual a denominação utilizada “pátrio poder”. 
Mas com o advento da Constituição Federal de 1.988, em seu artigo 5º, onde trata 
que homens e mulheres serão iguais, houve a necessidade de mudança na 
interpretação do Código Civil de 1.916, no que diz respeito ao poder familiar. 
Os tempos passaram e tal interpretação com o tempo foi ganhando forma, 
sempre visando o melhor interesse da criança e tratando homens e mulheres de 
maneira igualitária perante a lei. Contudo, só foi co o advento do Código Civil 
Brasileiro de 2.002 que a nomenclatura “pátrio poder” foi oficialmente alterada para 
“poder familiar” consagrando de vez que o poder familiar não é somente do homem, 
mas em igualdade, do homem e da mulher. 
Contudo ainda que com a mudança na nomenclatura, alguns 
doutrinadores acreditam que ainda não é a mais adequada, porque mantêm a 
palavra poder com grande ênfase em sua denominação. É o que diz Paulo Lôbo5: 
 
“A denominação ainda não é a mais adequada, porque mantém a ênfase 
no poder. Todavia, é melhor que a resistente expressão “átrio poder”, 
mantida, inexplicavelmente, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 
n. 8.069/90), somente derrogada com o Código Civil.” 
 
Dada toda evolução histórica acerca do “pátrio poder”, atualmente é assim 
definido os limites do poder familiar que será exercido sobre a criança. Lembrando 
que o poder familiar será exercido de forma discricionária pelospais, contrariamente 
a isso, esse poder será exercido com um condão de dever propriamente dito e não 
como um poder de domínio sobre o outro. É o que diz o art. 1.634 do Código Civil de 
2.002: 
 
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: 
I - dirigir-lhes a criação e educação; 
II - tê-los em sua companhia e guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro 
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder 
familiar; 
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento; 
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição. 
 
5
 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2012 p. 295 
 
 
O inciso VII do artigo supracitado foi criado em uma determinada época 
visando proteger a criança e o adolescente. Porém a sociedade mudou e com ela os 
conceitos também mudaram. Na atualidade o referido inciso é considerado 
incompatível com a Constituição Federal, pois fere o princípio da dignidade da 
pessoa humana, protegida no art. 1º, III e art. 227, ambos da Constituição Federal. 
Segundo Paulo Lôbo7: 
 
“Temos por incompatível com a Constituição, principalmente em relação ao 
princípio da dignidade da pessoa humana (arts. 1º, III e 227), a permissão 
contida no inciso VII, do art. 1.634 do Código Civil de exploração da 
vulnerabilidade dos filhos menores para submetê-los a “serviços próprios 
de sua idade e condição”, além de consistir em abuso(art.227§4º).” 
 
A regra do inciso VII foi criada em um momento em que a família era 
considerada como unidade produtiva, onde todos os entes da família participavam 
para manutenção e era tido como natural que as crianças trabalhassem sem 
remuneração, ainda que em atividades com fins econômicos. 
Com relação ao conceito de poder familiar, Silvio Rodrigues (2008, p.358), 
define como sendo um “Conjunto de direito e deveres atribuídos aos pais, em 
relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção 
destes”. 
Ainda nesse sentido, trazem Washington de Barros Monteiro e Regina 
Beatriz Tavares da Silva (2011, p.502), “[...] o poder familiar é instituído no interesse 
dos filhos e da família, e não em proveito dos genitores”. 
Pode concluir que o poder familiar contemporâneo, visa o interesse dos 
filhos bem como da família e não o interesse dos pais, havendo a necessidade de 
respeito mútuo e ainda a observância do princípio da paternidade responsável, 
constante no art. 226 §7º da atual Constituição Federal. 
O poder familiar é a soma do exercício da autoridade do pai e da mãe 
sobre o filho menor até atingir maioridade. Conforme se observou, ao longo da 
evolução histórica mudou-se radicalmente a interpretação do que venha a ser poder 
familiar. 
Antes poder familiar significava dizer que um ser humano era subjugado a 
outro. Na atualidade, quer dizer exatamente o oposto. Se antes era o poder do pai 
 
7
 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2012 p. 305 
 
 
que devia ser reconhecido e obedecido, hoje significa dizer que são os direitos da 
criança e do adolescente que devem ser observados e, sobretudo, respeitados. 
Nas palavras de Waldir Grisard Filho8: 
 
“Pode-se dizer que poder familiar é um conjunto de faculdades 
encomendada aos pais, como instituição protetora da menoridade, com o 
fim de lograr o pleno desenvolvimento e a formação integral dos filhos, 
física, mental, moral, espiritual e social. Para alcançar tal desiderato, 
impõe-se ainda aos pais satisfazerem outras necessidades dos filhos, 
notadamente de índole afetiva, pois o conjunto de condutas pautadas no 
art. 1.634 CC o é em caráter mínimo, sem excluir outros que evidenciem 
aquela finalidade.” 
 
Na atual legislação, a criança será protegida em casos de separação dos 
seus pais. Protegida no sentido de que esta terá direito de conviver com ambos, 
ainda que estes estejam separados. De acordo com o art. 226 §5º da Constituição 
federal, haverá igualdade plena entre homens e mulheres e também enquantos pais, 
separados ou não, onde ambos exercerão o poder familiar sobre os filhos enquanto 
menores. 
Nos termos do artigo 226, §5º da Constituição Federal combinado com o 
artigo 1.630 do Código Civil de 2.002: 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. 
 
 
2.2 DO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR 
 
Fato é que com a evolução histórica, a criança vem sendo protegida não 
somente pelos pais, mas também por toda a sociedade e pelo Estado. E na 
decorrência de tal evolução, não foram definidos limites como os pais exercerão a 
poder familiar, apenas há a definição de que o poder familiar será exercido de 
maneira conjunta, sejam eles cônjuges ou ex-cônjuges. É o que dispõe o art. 227 da 
Constituição federal de 1.988. 
 
8
 GRISARD FILHO, Waldir. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal. 
5 ed. Ver. E atual. São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 2010 p. 35 
 
 
Com a devida proteção ao menor, o poder familiar é irrenunciável, 
imprescritível, inalienável e indisponível, ou seja, ainda que o pai ou mãe queiram 
deixar de exercer o poder familiar sob qualquer pretexto, a lei assegura à criança e 
ao adolescente o direito de ter seus pais sempre ao seu lado, exercendo seu papel 
de protetor, ainda que de maneira compulsória. 
Em determinadas situações o exercício do poder familiar também poderá 
se dar por pessoas diversas que não sejam pai ou mãe da criança ou do 
adolescente. 
Quando o Código Civil se refere ao poder familiar, este deve ser entendido 
de maneira ampla, ainda que este se refira apenas ao pai e a mãe. Bem como o 
Estatuto da Criança e do Adolescente também diz que o poder familiar será exercido 
pelo pai e pela mãe da criança na forma que dispuser a lei. Porém o Código Civil faz 
referência apenas ao poder familiar a ser exercido em conjunto pelo pai e pela mãe 
na constância do casamento ou da união estável. 
Aduz Paulo Lôbo9: 
 
“Ante o princípio da interpretação em conformidade com a constituição, a 
norma deve ser entendida como abrangente de todas as entidades 
familiares, onde houver quem exerça o múnus, de fato ou de direito, na 
ausência de tutela regular, como se dá com irmãos mais velhos que 
sustenta os demais irmãos, na ausência dos pais, ou de tios em relação a 
sobrinhos que com ele vivem.” 
 
A lei civil diz que o poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe 
durante o casamento e a união estável, contudo, a convivência sob o mesmo teto 
não é requisito necessário para exercê-lo, uma vez que o poder familiar só se 
suspende ou se extingue por meio de decisão judicial por motivos elencados 
taxativamente na lei. O que pode ocorrer em casos de separação é a variação de 
grau que o poder familiar será exercido, mas isso está relacionado com o exercício 
do mesmo e não sobre a titularidade deste. 
O exercício do poder familiar em conjunto pressupõe harmonia nas 
decisões dos titulares, onde a vontade de um não pode sobrepor-se à do outro, mas 
sim deve-se levar em consideração o melhor interesse da criança ou adolescente.9
 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2012 p. 299 
 
 
2.3 DA PERDA DO PODER FAMILIAR 
 
A perda do poder familiar será aplicada somente quando sua suspensão 
ou outras medidas que coloquem a salvo a dignidade e melhor interesse da criança 
não puderem ser aplicadas. Pois sempre que houver a possibilidade de 
recomposição dos laços entre pais, outras medidas devem ser tomadas que não a 
perda do poder familiar. 
Conforme Paulo Lôbo10, sobre a privação do exercício do poder familiar: 
 
“A privação do exercício do poder familiar deve ser encarada de modo 
excepcional, quando não houver qualquer possibilidade de recomposição 
da unidade familiar, o que recomenda estudo psicossocial.” 
 
Contudo a lei tem o intuito de proteger da melhor forma a criança e o 
adolescente, fazendo com que a perda do poder familiar seja utilizada como última 
opção. Assim como a fez irrenunciável, imprescritível, inalienável e indisponível. 
Diz o art. 1.638 do Código Civil: 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. 
 
O abando que trata o inciso II do artigo 1.638 do CC/2.002 se dá por 
diversos motivos, de forma intencional ou por motivo de força maior. O abando do 
filho por motivos justificáveis como problemas financeiros ou de saúde, devem ser 
analisados de forma diferente de quando o pai abandona intencionalmente. 
Conforme Paulo Lobo (2012, p. 309): “Tem sido entendido que o 
abandono do filho não é mais causa automática de perda do poder familiar, 
redundando em mais problemas que soluções para aquele”. 
Com relação à menção de abandono do filho, que faz o inciso III do artigo 
1.638 do Código Civil, a análise não pode ser feita de acordo com os valores 
subjetivos do juiz, pois correria o risco de constituir abuso de autoridade. 
 
10
 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2012 p. 309 
 
 
As decisões de procedência e improcedência da reparação civil por 
abandono afetivo estão paralelamente associadas ao conteúdo pessoal do poder 
familiar. 
Em se tratando de poder familiar e sua e sua destituição, salienta-se que o 
direito civil familiar moderno encontrou uma nova faceta do Estado, o qual respeita 
os limites legais da família , sua comunhão plena, confere autonomia privada ao 
cidadão, mas ao mesmo tempo está presente intervindo judicialmente quando 
necessário de forma repressiva ou curativa. 
Neste sentido, Orlando Gomes11 classifica essa “nova” intervenção estatal 
sob dois aspectos: 
 
“Abrindo uma brecha na intimidade doméstica parece ser, no entanto, uma 
prática necessária no processo de politização da família, especialmente em 
relação ao seu governo, que, de monocrático, passou a diárquico. Outra 
alternativa não se tem para a solução dos conflitos de interesses quando a 
família deixou de ser uma unidade para se tornar uma pluralidade de 
convivência.” 
 
Desta forma, percebe-se que a Constituição Federal traçou as diretrizes 
gerais da proteção integral da criança e do adolescente, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, acrescentou detalhes a estas diretrizes e, o Código Civil ratificou estes 
deveres pessoais e patrimoniais dos genitores ou de quem possui a guarda do 
menor. 
 
11 GOMES, Orlando. O Novo Direito de Família. Porto Alegre: Fabris, 1.984 p. 84 
 
 
3 A AFETIVIDADE NAS RELAÇÕES FAMILIARES 
 
As diversas concepções históricas de família, nem sempre adotaram a 
afetividade como elemento constituinte do elo entre seus integrantes, uma vez que o 
objeto da afetividade envolve o foco na pessoa e na subjetividade, que 
historicamente nem sempre foi uma prerrogativa da família. 
Conforme mencionado no capítulo 2 do presente estudo, foi no século XX 
que se alargou o espaço individual no Brasil, trazendo como conseqüência maior 
subjetividade pessoal, cedendo assim maior espaço ao sentimento e afetividade 
Conforme observa Eduardo de Oliveira Leite12: 
 
“Esquematizava-se com traços marcantes a nova família, a família nuclear, 
que tende a se manter invulnerável até o final do século. Perdia a grande 
família, deslocava-se para a sociedade conjugal, a primazia exercida pelo 
parentesco. Ganhava o casal, perdia definitivamente a família tronco. 
Perdia-se em quantidade de membros, ganhava-se na qualidade do afeto 
entre reduzido círculo da família conjugal”. 
 
Sendo assim, observa-se que tanto a casta, como o próprio Direito de 
Família, de uma forma natural e espontânea, chegou a conclusão de que a família 
não é apenas formada por seus vínculos sanguíneos, mas também por laços de 
afeto, segundo Silvana Maria Carbonera apud Denise Damo Comel (2003, p. 90: “Os 
operadores do direito concluem que existem outros elementos que são agregados à 
noção clássica de família, sendo insuficiente a formalidade do vínculo jurídico, 
reconhecendo ao afeto um papel jurídico fundamental ao novo contexto familiar”. 
Na seqüência, constatou-se uma outra forma de convivência familiar 
ocorrida a partir do final do século XX, onde predomina a afeição, a liberdade, a 
igualdade e o respeito aos relacionamentos, originando assim uma nova família a 
partir de então, retratando essa modernidade que acabou de se apresentar. 
Neste sentido Eduardo de Oliveira Leite13 aduz que: 
 
“A nova família, estruturada nas relações de autenticidade, afeto, amor, 
diálogo e igualdade, em nada se confunde com o modelo tradicional, quase 
 
12 LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais. A situação jurídica de pais e mães solteiros, 
pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2003 p. 337 
13
 LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais. A situação jurídica de pais e mães solteiros, 
pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2003 p. 367 
 
 
sempre próximo da hipocrisia, da falsidade institucionalizada, do 
fingimento. A noção de vida em comum atual repousa soberana sobre sua 
solidariedade constantemente provocada pela intensidade afetiva. [...] Uma 
tal família, convivendo no afeto, na liberdade, na responsabilidade mútua, 
desempenha um papel decisivo no rumo dos fatos sociais, determinando 
as verdadeiras valorações que orientam o convívio social”. 
 
 
E ainda neste sentido, destaca Giselda Hitonaka14: 
 
“O afeto, reafirme-se está na base da constituição da relação familiar, seja 
ela uma relação de conjugalidade, seja de parentalidade. O afeto está 
também, certamente, na origem e na causa dos descaminhos desses 
relacionamentos. Bem por isso, o afeto deve permanecer presente, no trato 
dos conflitos, dos dos desenlaces, dos desamores. Por que o afeto tem um 
que de respeito ancestral, tem um que de pacificador temporal, tem um que 
de dignidades essencial. Esse é o afeto de que se fala. O afeto-ternura; o 
afeto-dignidade. Positivo ou negativo. O imorredouro do afeto”. 
 
Desta forma, percebe-se que a sociedade passou a adotar gradativamente 
o aspecto afetivo como suficiente e relevante nessas escolhas pessoais. Com 
paralelo decréscimo da importância que era conferida a outros vínculos (biológico, 
material, registral), restou possível perceber a centralidade que a afetividade 
assumiu em grande parte dos relacionamentos. Foi de tal ordem a alteração que 
resta possível afirmar que houve uma verdadeira transição paradigmática na famíliabrasileira contemporânea, pela qual a afetividade assumiu o marco destas relações. 
 
3.1 A AFETIVIDADE NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA 
 
A jurisprudência desempenhou um papel de grande importância na 
consolidação da afetividade no sistema brasileiro, vez que, conforme já demonstrado 
no presente estudo, muito antes de qualquer dispositivo legislativo expresso, já 
reconhecia a afetividade em diversos casos. São inúmeras decisões que, mais 
incisivamente a partir da última década, concederam efeitos jurídicos à afetividade 
em diversas situações concretas. 
Ainda nesse sentido, a introdução da afetividade nos textos de lei conferiu 
maior relevância ao seu reconhecimento jurisprudencial, eis que, muito antes da 
 
14 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Os Contornos Jurídicos da Responsabilidade 
Afetiva entre Pais e Filhos – além da obrigação legal de caráter material. 
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=289 
 
 
adoção expressa pelo legislador, a jurisprudência já se dedicava ao tema. Conforme 
ensina Álvaro de Azevedo15: 
 
“O reconhecimento jurisprudencial gradativo conferido às uniões estáveis 
de 1988 pode ser considerado uma das formas de reconhecimento jurídico 
de uma relação precipuamente afetiva, mesmo sem legislação expressa 
que a agasalhasse. Em que pese a timidez do trato e as críticas que 
atualmente podem ser expostas, é possível perceber que a jurisprudência 
passou a reconhecer de algum modo aquelas relações antes tidas como 
“invisíveis” ao direito.” 
 
Interessante salientar o caso que foi julgado pelo Tribunal de Justiça do 
Estado do Paraná, no ano de 2001, onde discutiu-se uma relação paterno-filial 
consolidada faticamente, mas que, no decorrer do litígio, se comprovou ausente o 
vínculo genético, o tribunal, ao deliberar sobre o caso, decidiu pela manutenção do 
vínculo parental mesmo sem o vínculo biológico, declarando que reconhecia in 
causu uma paternidade socioafetiva. 
 
NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. “ADOÇÃO À BRASILEIRA”. 
CONFRONTO ENTRE A VERDADE BIOLÓGICA E A SÓCIO-AFETIVA. 
TUTELA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PROCEDÊNCIA. 
DECISÃO REFORMADA. A ação negatória de paternidade é imprescritível, 
na esteira do entendimento consagrado na Súmula 149/STF, já que a 
demanda versa sobre o estado da pessoa, que é emanação do direito da 
personalidade. 2. No confronto entre a verdade biológica, atestada em 
exame de DNA, e a verdade sócio-afetiva, decorrente da denominada 
“adoção à brasileira” (isto é, da situação de um casal ter registrado, com 
outro nome, menor, como se deles filho fosse) e que perdura por quase 
quarenta anos, há de prevalecer a solução que melhor tutele a dignidade 
da pessoa humana. 3. A paternidade sócio-afetiva, estando baseada na 
tendência de personificação do direito civil, vê a família como instrumento 
de realização do ser humano; aniquilar a pessoa apelante, apagando-lhe 
todo histórico de vida e condição social, em razão de aspectos formais 
inerentes a irregular “adoção à brasileira”, não tutelaria a dignidade 
humana, nem faria justiça ao caso concreto, mas, ao contrário, por critérios 
meramente formais, proteger-se-iam as artimanhas, os ilícitos e as 
negligências utilizadas em benefício próprio do apelado. (TJ/PR Apelação 
Cível 108.417-9, 2ª Vara de Família, Curitiba. Apelante G.S / Apelado 
A.F.S / Relator: Desembargador Acássio Cambi, julgado em 12.12.2001) 
 
 
É interessante esta decisão, vez que distingue expressamente as figuras 
do ascendente genético e do pai, reconhecendo no caso concreto o vínculo paterno-
filial, advindo de uma relação sócio-afetiva, mesmo o filho advindo de uma “adoção à 
brasileira”, ou seja, uma adoção informal. 
 
15 AZEVEDO, Álvaro Villaça de. Estatuto da Família de Fato. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2.011 p. 83 
 
 
Com base nesta decisão, muitas outras foram proferidas no mesmo 
sentido, note-se que esta decisão foi proferida antes do Código Civil de 2002, ou 
seja, a decisão do magistrado baseou-se no Código Civil de 1916, que trazia uma 
racionalidade mais rígida para o acolhimento de situações subjetivas afetivas. 
Sob esta égide, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) assumiu papel 
relevante ao legitimar tais decisões. Na função de unificador das decisões 
jurisprudenciais, e como guardião das leis infraconstitucionais, o STJ foi firme em 
respaldar mais julgados reconhecedores da afetividade nas relações familiares. 
Este entendimento do STJ foi de suma importância para a solidificação do 
reconhecimento da afetividade no direito brasileiro. 
Em consonância com o citado entendimento, muitas decisões passaram a 
reconhecer vínculos parentais sócio-afetivos. 
 
“RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO SANGÜÍNEA ENTRE AS 
PARTES. IRRELEVÂNCIA DIANTE DO VÍNCULO SÓCIO-AFETIVO. 
- Merece reforma o acórdão que, ao julgar embargos de declaração, impõe 
multa com amparo no art. 538, §Ú, CPC se o recurso não apresenta 
caráter modificativo e se foi interposto com expressa finalidade de 
prequestionar. Inteligência da Súmula 98, do STJ. 
- O reconhecimento de paternidade é válido de reflete a existência 
duradoura do vínculo sócio-afetivo entre pais e filhos. A ausência de 
vínculo biológico é fato que não pode ser, e não é desconhecido pelo 
Direito. Inexistência de nulidade do assento lançado em registro civil. 
- O STJ vem dando prioridade ao critério biológico para reconhecimento da 
filiação naquelas circuntâncias qm que há dissenso familiar, onde a relação 
sócio-afetiva desapareceu ou nunca existiu. Não se podem impor os 
deveres de cuidado, de carinho e de sustento a alguém que, não sendo pai 
biológico, também não deseja ser pai sócio-afetivo. A contrario sensu, se o 
afeto persiste Ed forma que pais e filhos constroem uma relação de mútuo 
auxílio, respeito e aparo, é acertado desconsiderar o vínculo meramente 
sangüíneo, para reconhecer a existência de filiação jurídica. I Recurso 
reconhecido e provido. (STJ. Recurso Especial 878.941/DF 
(2006/0086284-0), Min. Nancy Andrighi, julgamento m 21.08.2007. 
 
Esta sólida construção jurisprudencial foi edificada durante vários anos, 
com contribuições de diversos juízes e tribunais, a ponto de ser possível afirmar que 
há jurisprudência consolidada, inclusive no âmbito do STJ, que respalda o 
reconhecimento jurídico da afetividade. 
Sem adentrar nos pormenores da discussão, resta possível concluir que o 
reconhecimento jurídico da afetividade pelo direito de família possui amplo respaldo 
jurisprudencial e doutrinário, o que permite sua assimilação e valoração pelo sistema 
jurídico. 
 
 
3.2 ABANDONO AFETIVO DO FILHO 
 
Com a supracitada evolução ocorrida na sociedade desde o século XX, 
tanto a doutrina quanto a jurisprudência brasileira, atentaram-se para o fato de que 
há casos em que o pai que não convive com a mãe, muitas vezes contenta-se em 
pagar alimentos ao filho e acha que desta maneira cumpre seu “papel de pai” e priva 
o menor de sua companhia, tornando-se, para o menor, um “perfeito desconhecido”, 
esse abandono afetivo sentido pela criança trás um sentimento de rejeição e 
provavelmente ocasionará um déficit emocional, alterando assim seu estado 
psicológico, o que provocará conseqüências graves para o adulto que esta criança 
se tornará. 
A questão é relevante, levando-se em conta a natureza dos deveres 
jurídicos do pai para com o filho, o alcance do princípio jurídico da afetividade e a 
natureza laica do Estado de Direito, que não pode obrigar o amor ou afeto às 
pessoas. 
Pertinente citar o caso paradigma do presente estudo, foi o primeiro caso 
que chegou ao Superior Tribunal de Justiça, oriundo do Tribunalde Justiça de Mina 
s Gerais, que trata da matéria de reparação civil por abandono afetivo. 
Ocorreu em Minas Gerais, onde o autor, até seis (6) anos de idade 
manteve contato regular com seu genitor. 
Após divórcio de seus pais e, com o nascimento de sua irmã, fruto de novo 
relacionamento de eu pai, este afastou-se definitivamente de seu filho e embora 
continuasse contribuindo com valor de 20% de seus rendimentos líquidos, passou a 
ignorar o filho de seu primeiro relacionamento, tratando-o com frieza e rejeição, 
inclusive em datas comemorativas, tais como aniversário, natal, formatura. 
O filho, diante do sentimento de rejeição e abandono, com fulcro no art. 
227 da Constituição Federal de 1988, propôs ação por danos morais16, que em 
primeira instância foi julgada improcedente. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
16 http://www.stj.jus.br – Recurso Especial 747511 
 
 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
 
Diante da improcedência do pedido, o autor apelou17 e o Tribunal de 
Justiça de origem acolheu a apelação do filho, decidindo que “a dor sofrida pelo 
filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à convivência, ao 
amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no princípio da 
dignidade da pessoa humana, fixando a indenização em 200 (duzentos) salários 
mínimos, entendendo restar configurado nos autos o dano sofrido na sua dignidade. 
O pai recorreu ao STJ (REsp 757.411) que reformando a decisão recorrida 
por maioria, entendeu que a indenização por dano moral pressupõe a prática de ato 
ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 
1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. Argumentou o relator 
que o descumprimento injustificado do dever de guarda, sustento e educação dos 
filhos leva à perda do poder familiar, como a mais grave pena civil a ser imputada a 
um pai; o voto vencido considerou que a perda do poder familiar não interfere na 
indenização por dano moral. 
O acórdão foi assim emendado: 
 
“Responsabilidade civil. Abandono moral. Reparação. Danos morais. 
Impossibilidade. 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de 
ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicação da norma do art. 159 do CC de 
1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. Recurso 
Especial conhecido e provido. (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. 
Relatório do Min. Fernando Gonçalves, no Recurso Especial 747511 
oriundo de Minas Gerais, julgado pelo Superior Tribunal de Justiça). 
 
Comenta Aline Karow (2012, p. 148) que: “o Referido Recurso Especial 
trouxe decepção para a comunidade jurídica”. 
Esta foi a primeira vez que o Superior Tribunal de Justiça enfrentou a 
matéria. 
 
17 http://www.apase.org.br/83007-danomoral.htm 
 
 
4 RESPONSABILIDADE CIVIL E A INDENIZAÇÃO 
 
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Nesse momento faz-se necessário comentar os elementos da 
responsabilidade civil para melhor compreensão do tema. 
De forma clássica e tradicional, a responsabilidade civil extracontratual, é 
analisada através de três prismas bem definidos e assim denominados: 
a) o ato ilícito; 
b) o dano e 
c) o nexo cusal. 
 
José de Aguiar Dias18 diz que todos os casos obedecem a quatro séries 
de exigências comuns, e as cita: 
 
“a) Dano que deve ser certo, podendo, entretanto, ser material ou moral; 
 b) A relação de causalidade, a causal connexion, laço ou relação direta de 
causa e efeito entre fato gerador da responsabilidade e o dano são seus 
pressupostos indispensáveis; 
 c)A força maior e a exclusiva culpa da vítima têm, sobre a ação de 
responsabilidade civil, precisamente porque suprimem esse laço de causa 
e efeito, o mesmo efeito preclusivo; 
 d)As autorizações judiciárias e administrativas não constituem motivo de 
exoneração de responsabilidade. 
 
Atualmente, na responsabilidade civil, verifica-se que nem todo ato ilícito 
causará danos, daí a importância do comentário de Fernando Noronha (2003, p. 
467), “É necessário para que surja a obrigação de indenizar, [...] que o dano esteja 
contido no âmbito da função de proteção assinada, ou seja, exige-se que o dano 
verificado seja reultado da violação de um bem protegido”. 
 
4.2 ANÁLISE DOS ELEMENTOS QUE COMPÕE A RESPONSABILIDADE CIVIL E 
A SUA ADEQUAÇÃO AOS CASOS DE ABANDONO 
 
Conforme mencionado acima, através de adoção dos elementos 
classificados por Fernando Noronha (2003), inicialmente é necessário constar que: 
 
18 DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 11 ed. Atualizada de acordo com o Código Civil 
de 2002 e aumentada pos Rui Belford Dias. Rio de Janeiro: Renovar, 2006 p. 131 
 
 
a) haja um fato: a conduta omissiva de um dos genitores, a ponto de privar 
o filho da convivência, alijando-se voluntariamente de forma física e emocional, ou 
ainda, a conduta comissiva através de reiteradas atitudes de desprezo, rejeição, 
indiferença e humilhação, em ambas, gerando desamparo afetivo, moral e psíquico. 
E aindo que esse fato seja antijurídico: nasça da não observância dos dispositivos 
do ordenamento jurídico brasileiro que evidenciam a existência do direito-dever 
paterno ou materno de cuidar e proteger o filho, não apenas em seu aspecto físico, 
mas também psíquico e afetivo este fato gerador pode na lei, ou decorrer de 
cláusula geral de responsabilização do ato ilícito extracontratual, independente de 
prévia definição legal que a tipifique. 
b) posteriormente, que possa ser imputado a alguém: este fato em regra 
somente pode ser imputado a um dos genitores, não excluindo nem mesmo os 
genitores por adoção (vide supracitada jurisprudência). Entretanto, numa situação 
em que o genitor se desincumbiu da sua função, e face de transferência a terceiro 
deste direito-dever, entende-se que somente haverá responsabilização se a guarda 
tiver sido formalizada. Isto porque aquele que a formalizou judicialmente não apenas 
aceita a situação como busca criar e educar aquele menor, atribuindo a si função de 
genitor. Estes casos, também podem ser vistos quando um parente ou terceiro 
requer a guarda judicial daquele menor, entretanto, negligencia nos seus cuidados a 
ponto de realmente abandoná-lo e não obtém a revogação da guarda. Ainda que 
haja situação de guarda de fato, por parte de terceiros, esta não foi juridicamente 
retirada dos genitores, e nem chancelada pelo poder judiciário, não podendo assim 
gerar obrigações a terceiros. Isto porque quem assume a guarda formal de uma 
criança está atribuindo a si as funções inerentes à educação, criação, 
desenvolvimento físico e emocional da criança, assumindo a figura do genitor ou 
genitora; portanto, trás para si todas as incumbências daqueles, inclusive a 
obrigação afetiva. 
c) necessário ainda que tenha sido produzidos danos: diante da conduta 
que se apresenta é preciso que a criança tenha sofrido anos em sua personalidade, 
na raiz de sua dignidade. Este dano torn-se mais gravoso no momento em que se dá 
na fase de desenvolvimento da personalidade, ocasião emque necessita de 
modelos de comportamento e ainda impressões de afeto que lhe transmitam direção 
e segurança para que venha a se desenvolver plenamente. Já que na ausência a 
 
 
maioria dos casos manifesta psicopatias diagnosticadas clinicamente. Nesse sentido 
Carlos Fernandez Sessarego19 define como: 
 
“[...] dano ao projeto de vida aquele que transcende o que conhecemos e 
designamos como a integridade psicossomática do sujeito, é um dano 
radical e profundo que compromete em alguma medida o ser do homem. 
Prossegue afirmando que é um dano que afeta a liberdade da pessoa e 
acaba por frustrar o projeto de vida que livremente cada pessoa formula e 
através do qual se “realiza” como ser humano. [...] e é um dano que impede 
que a pessoa desenvolva livremente a sua personalidade”. 
 
d) outro elemento requerido é que esses danos possam ser juridicamente 
considerados como causados pelo ato ou fato praticado: impõe obviamente aqui o 
nexo causal, que da conduta do genitor tenha causado ao menor os danos 
alegados, as máculas na personalidade e ou psicopatias. Necessário que estas 
estejam estritamente ligadas à conduta omissiva ou comissiva dos genitores, 
excluindo-se que o dano advenha de outras situações que possam ser pulverizadas. 
Registre-se que os danos sofridos em tenra idade são irreparáveis, uma vez que 
geram seqüelas na personalidade, não raras vezes acompanhadas de distúrbios 
emocionais. 
e) e, finalmente, que o dano esteja contido no âmbito da função de 
proteção assinada, aqui se vislumbra que o dano sofrido pelo menor deve ser o 
objeto jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico. Os fundamentos que criam uma 
proteção em torno do objeto jurídico tutelado são compostos de várias legislações, 
desde a Convenção dos Direito da Criança, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
e o próprio Código Civil, tanto no que verse aos deveres do poder familiar, ainda 
quanto às garantias de desenvolvimento da personalidade sem lesão ou ameaça à 
mesma. Igualmente a Constituição Federal, quando estabelece como um dos 
fundamentos do Estado Democrático de Direito o princípio da dignidade da pessoa 
humana, este inevitavelmente abrange não apenas regras ordinárias de proteção ao 
menor e garantias de pleno desenvolvimento da criança, mas também, atribuição de 
cuidados e deveres aos que detêm o poder familiar. Tem-se regra constitucional, 
quando estabelece a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do 
Estado Democrático de Direito. Assim, o mínimo de dignidade que é exigido para 
que uma criança possa crescer e se desenvolver plenamente em sua personalidade 
 
19 SESSAREGO, Carlos Fernandes. Proteccion a La persona humana. Revista Ajuris, Porto Alegre 
XIX, n. 56 Nov 1992. p. 118 
 
 
é que confira ao menor não apenas uma parcela da paternidade e/ou maternidade, 
como sustento, senão que também a educação, nela compreendida o apoio moral e 
afetivo, caminhando para o desenvolvimento de um cidadão completo. 
 
4.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS 
 
S pais respondem pelos danos causados por seus filhos menores, que 
estejam submetidos seu poder familiar. Trata-se de responsabilidade civil 
transubjetiva, pois a responsabilidade pela reparação é imputável a quem não deu 
causa diretamente ao dano. 
Estabelece o art. 932 do Código Civil que os pais são responsáveis pelos 
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Autoridade, 
nessa norma, está no sentido de quem é titular do poder familiar, ainda que não 
detenha a guarda do filho menor, o caso de pais separados. Exige-se o requisito de 
o menor estar em companhia do pai ou mãe, que é suposta sempre que estes sejam 
casados ou vivam em união estável. Para pais separados, o requisito da companhia 
depende de prova, para verificar se o menor causou o dano quando estava com o 
guardião ou com o outro no exercício do direito de visita. 
 
Art. 932 Código Civil - São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas 
mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e 
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se 
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, 
moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até 
a concorrente quantia. 
 
Para o STJ a responsabilidade civil dos pais se assenta na presunção 
relativa de culpa, culpa esta pela vigilância, que pode ser afastada se ficar 
demonstrado que os pais não agiram de forma negligente no dever da guarda. 
 
4.4 DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS AO DEVER DE INDENIZAR 
 
 
 
Conforme já analisado no presente estudo, a família teve sua função 
precípua alterada, instrumentalizando-se a favor de seus integrantes, transitando 
entre afetividade, solidariedade e certa autonomia da vontade, juntamente com 
valores que recheiam o ordenamento, fazendo alusão aos direito fundamentais e 
dignificação da pessoa. 
A indenização por danos extrapatrimoniais é nova na doutrina e 
jurisprudência se considerando que a promulgação da Constituição de 1988 não 
prosperava a discussão do debate. 
Os danos extrapatrimoniais construíram uma escala no direito brasileirp, 
num primeiro momento a doutrina lecionava a matéria e se posicionava favorável a 
sua concessão; no entanto, a jurisprudência entendia por negar, sob o fundamento 
do menor ser inestimável. 
Após o advento da Constituição de 1988, estabeleceu-se a possibilidade 
de danos extrapatrimoniais, expressamente, através do dano moral, no art, 5º, V e X, 
e a jurisprudência passou a rever sua posição. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
 
Posteriormente, e após breve análise constitucional, o dano 
extrapatrimonial passou a fazer parte do cotidiano forense, sendo requerido cada 
vez em que situações adversas e inusitadas chegavam aos tribunais. 
No ano de 2003, uma sentença20 foi publicada em caráter pioneiro e 
chegou à mídia repercutindo no país inteiro. O juiz da comarca de Capão da Canoa, 
Rio Grande do Sul, em 15.09.2003, condenou um pai a indenizar sua filha com 
pagamento de R$48.000,00 (quarenta e oito mil reais) corrigidos e acrescidos de 
juros moratórios em face do abandono afetivo. O pai foi revel, a demanda transitou 
em julgado. (Anexo I) 
 
20 http://jus.com.br/artigos/23666/analise-doutrinaria-e-jurisprudencial-acerca-do-abandono-afetivo-na-
filiacao-e-sua-reparacao/3#ixzz2tsltvw9P 
 
 
Em 05.06.2004, o juiz da comarca de São Paulo capital, julgou 
parcialmente procedente21 a demanda para condenar o réu, um pai, a pagar a 
quantia de R$50.000,00 (Cinqüenta mil reais( com atualização monetária a partir da 
data da sentença para reparação de dano moral e o custeio de tratamento 
psicológico da autora a ser apurado em liquidação. 
No que tange à indenização, observa-se que, não basta apenas a 
circunstânciafática do abandono afetivo, senão que a mesma deve ser possível de 
comprovação e os atos contumazes devem ser aptos a gerarem seqüelas psíquicas 
ao infante, causando danos imensuráveis a sua pessoa (Karow, 2012). 
Interessante ressaltar que, a propositura da demanda judicial somente 
será possível para aqueles cônjuges que se separam ou divorciam e não mais 
residem sob o mesmo teto. Não é possível requerer a ação indenizatória em 
desfavor daquele genitor que, todavia reside com a família. Isto por haver imensa 
dificuldade de demonstrar a omissão (Karow, 2012). 
Para que a ausência da figura materna ou paterna venha a ser 
indenizável, é necessário que não haja na vida da criança outra pessoa que assuma 
a função da figura paterna ou materna. Justamente o dano se configura em função 
da ausência do paradigma, da direção, do acompanhamento do desenvolvimento da 
personalidade, psíquico e emocional. Portanto é necessário que o encargo não seja 
assumido por outra pessoa, podendo ser causa de exclusão da responsabilidade 
civil. Pois se, a carência afetiva do menor é suprida em face de uma terceira pessoa, 
evitando-se os danos, não há sentido de ingressar com a demanda. O intuito da 
responsabilidade civil atual pende de forma precípua para a reparação do dano 
injusto, não havendo dano, não há que se falar em reparação (Karow, 2012). 
Entretanto, este novo companheiro, alheio ao menor e que agora passa a 
ser parte da família, não possui a função e nem o encargo de maximizar ou 
preencher as lacunas de abandono deixadas por quem deveria cuidá-las. Desta 
forma constata-se em alguns casos que a figura deste novo ente, até então 
estranho, somente reflete a ausência do genitor. É por este motivo que se faz de 
suma importância o laudo psicológico do filho, como forma de avalizar a situação 
emocional do menor. Assim, se não demonstrado dano, em face do excelente 
trabalho realizado por aquela figura substituta, não há que se falar em reparação 
 
21 http://jus.com.br/artigos/23666/analise-doutrinaria-e-jurisprudencial-acerca-do-abandono-afetivo-na-
filiacao-e-sua-reparacao/3#ixzz2tsnf5TT 
 
 
civil; porém, se estes se mostram majorados em face desta figura, o caminho é a 
busca da reparação (Karow, 2012). 
Os atos tendentes a gerar o dever de indenizar, são aqueles praticados 
por um dos genitores, tal como não cumprimento das visitas, ausência de 
comunicação, seja escrita ou por telefonema com a criança, não telefonar em datas 
marcantes, aniversários, frustrar eventos previamente agendados com o menos sem 
justificativa plausível, deixar o menor a à espera e não comparecer, não comparecer 
ao aniversário do menor, nunca presenteá-lo, não lembrar de datas festivas, não 
ficar com a criança nas férias, não tratá-la com igualdade aos demais irmãos de 
outros relacionamentos, não comparecer a apresentações escolares, não lembrar da 
existência do menor, ficar anos sem vê-lo. De forma comissiva a conduta, quando 
está presente agride o menor verbalmente, humilha-o na frente dos demais, denigre 
a sua imagem e conseqüentemente sua autoestima; enfim, atos aptos a não criar 
um elo de comprometimento emocional com o menor. (CALDERÓN, 2012) 
Embora a reparação civil por abandono afetivo de forma geral trate de 
danos extrapatrimoniais, poderá englobar os danos com conseqüências 
patrimoniais. Em algumas circunstâncias pode haver a condenação a custeio de 
medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, bem como tratamento psicológico e 
terapêutico da criança e/ou adolescente, em razão do abandono afetivo. 
No caso da reparação civil por abandono afetivo, entende-se que há na 
verdade muito mais do que dano moral e sim dano ao projeto de vida. A vítima, a 
criança ou adolescente, por maior que seja a excelência dos tratamentos 
psicológicos e terapêuticos e ainda que lhe seja ministrada medicações, no caso de 
patologias, jamais poderá suprir completamente as lacunas emocionais em face da 
omissão de seu genitor. Realmente é um sentimento que lhe acompanhará pelo 
resto de seus dias, muitas vezes frustrando em parte seu projeto de vida. 
(SESSAREGO, 1992) 
 
4.5 O VALOR DA INDENIZAÇÃO 
 
O direito brasileiro conhece o princípio da reparação integral, no qual a 
vítima que sofre o dano deve ser ressarcida em sua totalidade pelo dano. A 
indenização específica (ou in natura) só não ocorre quando: 
 
 
 
a) for impossível a reposição ou reparação do bem; 
b) não for suficiente para reparação integral dos danos; ou 
c) for excessivamente onerosa para o devedor. 
 
Logo, o caput do art. 944 reproduz que já pairava no atual ordenamento 
jurídico, isto é, o dever de indenizar deve abranger a totalidade do dano sofrido, 
traduzindo o consagrado princípio da reparação integral. 
Nesse sentido, declara Augustinho Alvim22: 
 
“É certo que a maior ou menor gravidade da falta não influi sobre a 
indenização, a qual só se medirá pela extensão do dano causado. A lei não 
olha para o causador do prejuízo a fim de medir-lhe o grau de culpa e, sim, 
para o dano, a fim de avaliar-lhe a extensão.” 
 
Insta salientar que, o princípio da reparação integral do art. 944 veio 
mitigado pela novidade inserida em seu parágrafo único, onde há possibilidade de 
reduzir o montante quando houver desproporção excessiva entre o dano e o grau de 
culpa do agente. 
Assim a regra é da reparação integral com base na extensão do dano, 
porém em situações excepcionais, franqueia-se ao juiz a faculdade, a ser utilizada 
com parcimônia, de ponderar também o grau de culpa. 
Observa-se ao mitigar o citado artigo, o legislador procurou fazer cm que 
viesse a cobrir o dano sofrido; entretanto, apesar de esta indenização dar a 
reparação integral a vítima, não poderá punir o agente de forma excessiva, e isto 
ocorre quando há desproporção entre a gravidade da culpa e o dano. 
Demonstrando assim que o Brasil não adotou a teoria de indenização 
punitiva da pena privada, resta claro que o fim é indenizar a vítima de acordo com 
seu dano, porém, proporcionalmente também, com o grau de culpa do agente. Não 
buscando imprimir uma quantia elevada na indenização que extrapole o dano sofrido 
a fim de punir o agente. 
Para determinar o valor da indenização no caso de abandono afetivo, o 
STJ não explicitou detalhadamente quais critérios utilizados para justificar a fixação 
da indenização, mas Maria Celina de Bodin Moraes23 declarou: 
 
22 ALVIM, Augustinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 4 ed. São Paulo: 
Saraiva, 1972 p. 1999 
 
 
“Enfim, o magistrado deve justificar detalhadamente a sua decisão, 
especificamente no que diz respeito à determinação da verba indenizatória. 
A decisão precisa será adequadamente motivada, para que, tanto quanto 
possível, se reduza o alto nível de subjetivismo constante das decisões 
judiciais que hoje se vem proferindo em matéria de dano moral. Motivação, 
sublinhe-se, especificamente, do quantum debeatur. Só a sua 
fundamentação lógico-racional permitirá que se construa um sistema de 
indenização justo, do ponto de vista da cultura do nosso país e do nosso 
tempo.” 
 
Desta forma observa-se então que o magistrado adequará o valor da 
indenização ao caso concreto, de forma motivada utilizando-se de analogia e de 
fundamentação lógico-racional, adequando o dano sofrido pelo filho com o grau de 
culpa do agente. 
 
23 MORAES, Maria Celina Bodin de. A família democrática. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord). 
Anais. V Congresso Brasileirode Direito de Família. São Paulo: IOB Thompson, 2006 p. 334 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com a pesquisa para desenvolver o presente trabalho, observa-se que a 
responsabilidade civil no Direito de Família é um tema recente e Polêmico, distante 
de um consenso tanto na doutrina quanto na jurisprudência. 
A evolução da família trouxe alterações em seus conceitos, deixando de 
ser patriarcal para tornar-se prioritariamente voltada para a realização social e o 
afeto passou a ser elemento jurídico. 
O princípio da afetividade passou a representar um elo que une as 
pessoas, podendo criar uma espécie de parentesco entre as mesmas, constituindo-
se até mesmo rejeição de seu rebento, é perfeitamente viável no atual ordenamento 
jurídico, conforme visto em jurisprudência citada no decorrer do presente estudo. 
Atualmente, não existe uma legislação específica sobre o abandono 
afetivo, e é por este motivo que o estudo deste instituto, pauta-se em jurisprudências 
do STJ. 
O Direito interpreta o abandono afetivo como um instituto passível de 
indenização, pois se o afeto, entendido este como um dos elementos integrantes 
dignidade humana, sendo este um bem juridicamente protegido e o desrespeito a 
este bem jurídico deve ser entendido como um ato ilícito e assim plenamente 
indenizável em seu aspecto moral; o valor desta indenização fica a critério do juiz 
que, de acordo com a analogia e utilizando-se de seu bom senso, utilizará de 
critérios subjetivos arbitrando assim o valor da indenização no caso concreto. 
 
 
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