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Poder Constituinte e suas Espécies

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OS: 0086/2/18-Gil 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
CONCURSO: CARREIRAS POLICIAIS 
 
ÍNDICE: 
 
1. Poder Constituinte 
2. Princípios Fundamentais 
 
1 – PODER CONSTITUINTE 
 
1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE E TITULARIDADE 
 
É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, é a 
manifestação soberana da vontade política de um povo, social e 
juridicamente organizado. 
Para a doutrina moderna a titularidade do poder constituinte 
pertence ao povo, embora seja exercido ou por uma assembleia 
nacional constituinte (convenção) ou outorgada por um 
movimento revolucionário. Vale lembrar que o abade Emmanuel 
Joseph Sieyès, que traçou as linhas mestras da Teoria do Poder 
Constituinte através da sua obra “¿Que é o terceiro Estado?” 
(“Quést-ce que le tiers État?”), apontava como titular do poder 
constituinte a nação. 
 
2. ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE 
 
2.1. Originário (inicial, inaugural, genuíno, instituidor, ou de 1º 
grau) 
 
Instaura um novo Estado, organizando-o, rompendo por completo 
com a antiga ordem jurídica. Tanto haverá poder constituinte no 
surgimento de uma primeira constituição, quanto na elaboração 
de qualquer constituição posterior. 
Pode ser subdividido em histórico (o primeiro) ou revolucionário 
(todos os posteriores ao histórico), como pode ser material ou 
formal. O material é o sentimento de elaborar uma nova ordem e o 
formal é aquele que se exterioriza por meio de um procedimento 
que tem como objetivo elaborar uma constituição. O formal deve 
estar de acordo com as ideias do poder constituinte originário 
material. Ex: Decreto n. 1 de 1899. 
O poder constituidor caracteriza-se por ser inicial, já que a sua 
obra, a constituição, é a base da ordem jurídica, por ser ilimitado 
juridicamente e autônomo porque não está de modo algum 
limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites 
postos pelo direito positivo antecessor, por ser incondicionado, 
pois não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar 
sua vontade e por ser permanente porque não desaparece com a 
realização de sua obra, continua latente, manifestando-se 
novamente mediante uma nova assembleia nacional constituinte 
ou um ato revolucionário. 
Embora o Brasil tenha adotado a corrente positivista, onde nem 
mesmo o direito natural limitaria o poder constituinte originário 
contrapondo-se a corrente jusnaturalista, destaca-se entre a 
doutrina moderna a visão de Canotilho, o qual observa que o 
poder constituinte originário “... obedece a padrões e modelos de 
conduta espirituais, culturais, éticos e sociais, radicados na 
consciência jurídica geral da comunidade e, nesta medida, 
considerados como ‘vontade do povo’”. 
 
2.2. Derivado (instituído, constituído, secundário, ou de 2º grau 
ou remanescente) 
 
Está inserido na própria constituição, pois decorre de uma regra 
jurídica de autenticidade constitucional (poder constituinte 
originário), portanto conhece limitações constitucionais expressas 
e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade. 
Caracteriza-se por ser derivado, uma vez que retira sua força do 
poder constituinte originário, por ser subordinado, pois se 
encontra limitado pelas normas explícitas e implícitas do texto 
constitucional e por ser condicionado, porque seu exercício deve 
seguir regras previamente estabelecidas no texto da constituição 
federal. 
Subdivide-se em: poder constituinte derivado revisor 
(competência de revisão), Poder constituinte derivado reformador 
(competência reformadora) e poder constituinte derivado 
decorrente. 
 
2.2.1. Poder Constituinte Derivado Revisor 
 
Vinculado ao poder constituinte originário, foi estabelecido no art. 
3º do ADCT, que reza: 
 
“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados 
da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta 
dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. 
 
Desta competência, que adotou um procedimento simplificado, 
surgiram 6 (seis) Emendas Constitucionais de Revisão, valendo 
destacar que a Resolução 1-RCF do Congresso Nacional fixou as 
mesmas limitações materiais (cláusulas pétreas) do art. 60, § 4º, da 
CF/88. 
Dito poder não poderá mais se manifestar em razão da eficácia 
exaurida e aplicabilidade esgotada da regra constitucional. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO 
N. 1 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE DISPÕE 
SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE REVISÃO 
CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS COMPLEMENTARES 
ESPECIFICAS. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO 
GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANA. ALEGAÇÕES DE OFENSA 
AO PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS 
QUE O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, 
"MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO 
CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA MAIORIA 
ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO UNICAMERAL". 
SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, QUE A REVISÃO DO ART. 3. 
DO ADCT DA CARTA POLÍTICA DE 1988 NÃO MAIS TEM 
CABIMENTO, POR QUE ESTARIA INTIMAMENTE VINCULADA AOS 
RESULTADOS DO PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO 
INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL TRANSITORIO. "EMENDA" E 
"REVISÃO", NA HISTORIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. EMENDA 
OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA NA 
CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE 
INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA, LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" 
PREVISTA NO ART. 3. DO ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES 
ESTABELECIDOS NO PARÁGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, 
DA CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE ABRIL 
DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO A QUE SE REFERE 
O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO DE 1993, CABIA AO 
CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO SENTIDO DA 
OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE PROCEDER A ALUDIDA 
REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER FEITA "UMA SÓ VEZ". AS 
MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, DECORRENTES DA "REVISÃO" DO 
ART. 3. DO ADCT, ESTAO SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE 
DAS "CLAUSULAS PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E 
SEUS INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, 
CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE 
MEDIDA LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA RESOLUÇÃO N. 
01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, ATÉ O 
OS: 0086/2/18-Gil 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
2 
 
JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. 
(STF - ADI-MC: 981 PR, Relator: NÉRI DA SILVEIRA, Data de 
Julgamento: 16/12/1993, TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: DJ 
05-08-1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030) 
 
2.2.2. Poder Constituinte Derivado Reformador 
 
Consiste na possibilidade de se alterar o texto constitucional, 
respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria 
constituição federal e será exercitado por determinados órgãos 
com caráter representativo. Além das limitações expressas ou 
explícitas, existem as limitações implícitas (a titularidade do poder 
constituinte e as limitações expressas) 
A Carta de Outubro prevê em seu art. 60, a única maneira de se 
modificar as normas constitucionais originárias, vejamos: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades 
da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros. 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se 
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros. 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
2.2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente 
 
Diz respeito a possibilidade que os Estados-membros têm, em 
virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto 
organizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, 
sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela 
constituição federal, nos termos do art. 25, caput e do art. 11 do 
ADCT: 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e 
leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, 
elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado 
da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios 
desta. 
 
No que diz respeito ao “observados os princípios desta 
Constituição” constante no caput do art. 25 da Constituição 
Federal, deve ser entendido por princípios constitucionais sensíveis 
(apontados ou enumerados), que se encontram positivados na 
constituição, mais precisamente no art. 34, VII, princípios 
constitucionais estabelecidos (organizatórios), que segundo Bulos 
“são aqueles que limitam, vedam, ou proíbem a ação 
indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente”, como exemplo, 
tem-se as regras de repartição de competência (arts. 21, 22, 23 e 
24), do sistema tributário nacional (arts. 145 e ss), da organização 
dos poderes (arts. 44 e ss), dos direitos e garantias individuais (art. 
5º) etc, e os princípios constitucionais extensíveis, que ainda 
segundo Bulos “são aqueles que integram a estrutura da federação 
brasileira, relacionando-se, por exemplo, com a forma de 
investidura em cargos eletivos (art. 77), o processo legislativo (arts. 
59 e ss), os orçamentos (arts. 165 e ss), os preceitos lidados à 
Administração Pública (arts. 37 e ss) etc.”. 
No que se refere aos Municípios, sabe-se que há divergência 
doutrinária quanto a existência da competência derivada 
decorrente, considerando o art. 29, caput, da CF/88 (texto 
permanente) e § único do art. 11 do ADCT. Entretanto, a doutrina 
majoritária se posiciona no sentido de que o poder constituinte 
derivado decorrente dado aos Estados Federados não se estende 
aos Municípios, principalmente no que tange ao critério jurídico-
formal. 
 
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, 
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na 
Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, 
elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado 
da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios 
desta. 
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à 
Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica 
respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o 
disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual. 
 
No caso do Distrito Federal, como a derivação da competência é 
direta da Norma Constitucional, apesar de ser regido por Lei 
Orgânica (critério jurídico-formal), a Jurisprudência Pátria tem 
entendido pela existência da manifestação do poder constituinte 
derivado decorrente, nos termos do art. 32, caput: 
 
“O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-ão 
por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 
dez dias, a aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta 
Constituição”. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. A Lei Orgânica do Distrito Federal constitui instrumento 
normativo primário destinado a regular, de modo subordinante – e 
com inegável primazia sobre o ordenamento positivo distrital – a 
vida jurídico-administrativa e político-institucional dessa entidade 
integrante da Federação brasileira. Esse ato representa, dentro do 
sistema de direito positivo, o momento inaugural e fundante da 
ordem jurídica vigente no âmbito do Distrito Federal. Em uma 
palavra: a Lei Orgânica equivale, em força, autoridade e eficácia 
jurídicas, a um verdadeiro estatuto constitucional, essencialmente 
equiparável às Constituições promulgadas pelos Estados-membros. 
(Rcl 3.436, 01.08.05). 
EMENTA. (...) 3. Conquanto submetido a regime constitucional 
diferenciado, o Distrito Federal está bem mais próximo da 
estruturação dos Estados-membros do que da arquitetura 
constitucional dos Municípios. (ADI 3.756/DF, Rel. Min. Carlos 
Britto, DJ 19.10.2007). 
 
2.3. Poder Constituinte Difuso 
 
Uadi Lammêgo Bulos cita o poder constituinte difuso, chamado 
assim porque não vem formalizado nas constituições, embora 
esteja presente nos ordenamentos jurídicos. É caracterizado como 
um poder de fato e se concretiza por meio das mutações 
constitucionais, uma vez que se manifesta de maneira informal e 
espontânea, em decorrência de fatores sociais, políticos e 
econômicos, sempre observando os princípios estruturantes da 
Constituição. 
 
2.4. Poder Constituinte Supranacional 
 
Segundo Kildare Gonçalves Carvalho, o poder constituinte 
supranacional tem sua fonte de validade na cidadania universal, no 
pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e 
em um conceito remodelado de soberania. Cria uma ordem 
jurídica de cunho constitucional, haja vista que passa a aderir ao 
direito comunitário dos Estados Nacionais. 
 
2.5. Poder Constituinte Originário e a teoria da Retroatividade 
Mínima. 
OS: 0086/2/18-Gil 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | 
 
 
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3 
 
Quando nasce uma nova ordem aplica-se a Teoria da 
Retroatividade Mínima, salvo se a própria norma dispuser em 
sentido contrário (Retroatividade Média ou Máxima). A 
Jurisprudência do Suprem Tribunal Federal conceituou os institutos 
quando do julgamento do Recurso Extraordinário 242.740. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA (...). Já se firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que 
os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os efeitos 
futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição 
expressa em contrário - e a Constituição pode fazê-lo -, eles não alcançam 
os fatos consumados no passado nem as prestações anteriormente 
vencidas e não pagas (retroatividades máxima e média). (...). (RE 
242.740/GO, Rel. Min. Moreira Alves, 1ª. Turma, DJ 18.05.2001). 
 
 
2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, começo, e 
ainda, numa outra acepção, em mandamento, norma nuclear de 
um sistema. Nesse contexto, os princípios fundamentais nada mais 
são que as diretrizes básicas que produzem decisões políticas 
imprescindíveis à estruturação do Estado. São alicerce, a base, as 
linhas mestras sociais e políticas que norteiam e inspiram os 
conteúdos positivados pelo legislador constituinte originário. 
No art. 1º estão estabelecidos os fundamentos da República 
Federativa do Brasil, como se vê a seguir: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pelaunião 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
Nesse dispositivo tem-se a definição da República Federativa do 
Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, a República é composta 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o nome do 
Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por isso a designação 
Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-se de coletividades 
regionais autônomas denominadas Estados-membros ou 
federados. 
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao poder do 
Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado (todo o poder). Já 
autonomia é margem de discrição de que uma pessoa goza para 
decidir sobre seus negócios (parcela do poder). 
A Constituição adotou como Forma de Estado o Federalismo, que 
no conceito de Dalmo Dallari é uma “aliança ou união de Estados”, 
baseada em uma constituição e onde “os Estados que ingressam 
na federação perdem sua soberania no momento mesmo do 
ingresso, preservando, contudo, uma autonomia político-
administrativa”. Assim, não se admite secessão, separação ou 
segregação. Lembre-se, o legislador constituinte determinou a 
impossibilidade de qualquer deliberação sobre proposta de 
emenda constitucional tendente a abolir a Federação (art. 60, § 4º, 
I da CF). 
A República foi a Forma de Governo assumida pelo país, tendo 
como características: a eletividade, temporariedade e 
responsabilidade do governante perante os governados. 
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em nosso 
Estado Federal, foi consagrado em nossas constituições 
republicanas desde 1891 e tem duas finalidades básicas: a unidade 
nacional e a necessidade descentralizadora. Inadmissível, portanto, 
qualquer pretensão de separação de um Estado-membro, do 
Distrito Federal ou de qualquer Município da Federação, 
inexistindo em nosso ordenamento jurídico o denominado direito 
de secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a 
decretação de intervenção federal (art. 34, I da CF). 
O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado de 
Direito. A expressão “Estado de Direito” na sua origem significa 
governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com a introdução da 
característica de ser democrático na Constituição Federal de 1988, 
impõe-se a todas as normas a observância a tal princípio; não 
sendo suficientes apenas as leis, mas principalmente que nestas 
esteja inserido o conteúdo democrático, uma vez que o regime 
político adotado é a democracia. 
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e 
independente na ordem internacional. 
A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos 
políticos, implicando, assim, na parcela detentora de capacidade 
eleitoral ativa. 
A dignidade da pessoa humana compreende o direito de nascer 
com vida e permanecer vivo com uma vida digna. Deve ser 
interpretado com o máximo de amplitude possível na hora de 
conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima efetividade ou 
eficiência. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são 
características do sistema capitalista: valorização do trabalho, 
único responsável pela subsistência e desenvolvimento dos 
indivíduos e do país e a prevalência da livre iniciativa, a qual afasta 
os ideais socialistas de planificação da economia. 
O pluralismo político não significa apenas pluripartidarismo, sendo 
este uma espécie do gênero daquele. Caracteriza-se pela aceitação 
de diversidade de opiniões, participação plural na sociedade do 
mais diversos modos, abrangendo associações, sindicatos, partidos 
políticos, igrejas, universidades, escolas etc. 
O Regime Político adotado no Brasil é o democrático, ou seja, 
governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder advém do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente 
(democracia semidireta ou participativa). 
Dispositivo correspondente: art. 170, CF. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela 
se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é 
dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se 
o Estado de Direito. (STF HC 73.454/RJ). 
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser invocado 
para afastar regras de regulamentação do mercado e de defesa do 
consumidor. (STF RE 349.686, 14.06.2005). 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de Poderes, 
considerando que o Poder é uno, além de ser indivisível e 
indelegável. 
A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e firmada por 
Montesquieu e Locke. 
Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos outros, a 
fim de que se garanta a harmonia entre eles, a inocorrência de 
abusos e a consequente realização do bem da coletividade, através 
do sistema de freios e contrapesos – checks and balances. Assim as 
funções administrativa, legislativa e judiciária não são exercidas 
com exclusividade, mas apenas preponderantemente por cada 
“Poder”. Daí a denominação em funções típicas e atípicas 
(secundárias ou subsidiárias). 
OS: 0086/2/18-Gil 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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4 
 
Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre os 
órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do exercício de 
suas atribuições não há ingerência dos demais, com liberdade para 
organizar serviços e tomar decisões, apesar da doutrina indicar na 
própria constituição exceções a separação dos poderes, como por 
exemplo, o art. 50, § 1º. 
Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder 
Legislativo. O Congresso aprova os projetos de leis, que podem ser 
sancionados ou vetados pelo Presidente da República e no caso de 
haver sanção, poderá o Poder Judiciário declarar a 
inconstitucionalidade. 
Ressalte-se que a Separação dos Poderes é cláusula pétrea (art. 60, 
§ 4º, III). 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. 
Dispositivo correspondente: art. 170, CF. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não intervenção 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
Os dez princípios de relações internacionais que devem ser 
hermeneuticamenteanalisados e concretizados com o intuito de 
lograr o objetivo constante no parágrafo único e consistem em 
verdadeiros desafios das relações internacionais rumo a efetiva 
implantação de uma comunidade latino-americana de nações. 
O princípio da independência nacional retrata, segundo Cretela 
Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento da República, 
previsto no art. 1º da Lei Maior. O princípio da autodeterminação 
dos povos também está marcado pela Soberania, pois diz respeito 
aos limites a todo e qualquer poder colonizante. Ainda no campo 
da soberania, o princípio da não intervenção consiste na proibição 
de um Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza 
interna. 
Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, tem-se a 
lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos humanos, 
enquanto princípio norteador das relações exteriores do Brasil e 
fundamento colimado pelo País para a regência da ordem 
internacional não implica tão-somente o engajamento no processo 
de edificação de sistemas de normas vinculados ao Direito 
Internacional Público. Impõe-se buscar a plena integração das 
regras de tais sistemas à ordem jurídica interna de cada Estado". 
O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são iguais 
perante a lei brasileira. 
O princípio da solução pacífica dos conflitos determina como o 
Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O desinteresse em 
envolver-se em um conflito e a falta de incentivo a prática da 
guerra estão relacionados ao princípio da defesa da paz, um 
objetivo supranacional. 
O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um 
compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, quer 
perante a sua própria Constituição, quer em face da comunidade 
internacional. Há adesão do Brasil a tratados e acordos 
multilaterais que repudiam quaisquer discriminações raciais, de 
cor, credo, descendência ou origem inspiradas na pretensa 
superioridade de um povo sobre outro. 
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da humanidade, 
o legislador pretende alcançar uma cooperação entre países para 
um desenvolvimento unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse 
sentido, o Brasil já possui relações internacionais de cooperação, 
tais como: a Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre o 
Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá 
para a Manutenção da Paz e da Segurança Internacionais, 
realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 1998, e o Tratado de 
Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a 
República Federativa do Brasil, aprovado pela Resolução da 
Assembléia da República 83/2000, de 14 de dezembro de 2000. 
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo político “... é 
o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures – 
geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial 
–, por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por 
crimes que, relacionados com a segurança do Estado, não 
configuram quebra do direito penal comum”, verifica-se que não 
há incompatibilidade entre o instituto do asilo político e o da 
extradição passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal 
Federal não está vinculado ao juízo formulado pelo Poder 
Executivo na concessão administrativa daquele benefício. A 
condição jurídica de asilado político não suprime, só por si, a 
possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e 
satisfeitas às condições constitucionais e legais que a autorizam, a 
extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no 
Brasil só não será passível de extradição quando o fato ensejador 
do pedido assumir a qualificação de crime político ou de opinião. 
É importante, ainda, comentar sobre a relativização da soberania 
em prol dos direitos humanos. A teoria da soberania absoluta e 
plena foi sendo transformada até se alcançar o que se denomina 
de princípio da soberania. Os princípios da não-intervenção e da 
igualdade formal dos Estados não exercem papel imperativo no 
contexto internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas 
grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos 
Humanos e até mesmo a busca pela justiça e pela paz, na tomada 
de medidas que interferem fora do âmbito daquilo que 
poderíamos chamar de soberania interna dos Estados. 
No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os avanços 
trazidos pela Constituição Federal de 1988 e as jurisprudências do 
Supremo Tribunal Federal, em que prevalece a dignidade humana 
nas relações internacionais. Exemplo disso é a submissão do Brasil 
ao Tribunal Penal Internacional (art. 5º, § 4º, da CF/88). 
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