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OS: 0086/2/18-Gil DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 1 CONCURSO: CARREIRAS POLICIAIS ÍNDICE: 1. Poder Constituinte 2. Princípios Fundamentais 1 – PODER CONSTITUINTE 1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE E TITULARIDADE É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, é a manifestação soberana da vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. Para a doutrina moderna a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, embora seja exercido ou por uma assembleia nacional constituinte (convenção) ou outorgada por um movimento revolucionário. Vale lembrar que o abade Emmanuel Joseph Sieyès, que traçou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte através da sua obra “¿Que é o terceiro Estado?” (“Quést-ce que le tiers État?”), apontava como titular do poder constituinte a nação. 2. ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE 2.1. Originário (inicial, inaugural, genuíno, instituidor, ou de 1º grau) Instaura um novo Estado, organizando-o, rompendo por completo com a antiga ordem jurídica. Tanto haverá poder constituinte no surgimento de uma primeira constituição, quanto na elaboração de qualquer constituição posterior. Pode ser subdividido em histórico (o primeiro) ou revolucionário (todos os posteriores ao histórico), como pode ser material ou formal. O material é o sentimento de elaborar uma nova ordem e o formal é aquele que se exterioriza por meio de um procedimento que tem como objetivo elaborar uma constituição. O formal deve estar de acordo com as ideias do poder constituinte originário material. Ex: Decreto n. 1 de 1899. O poder constituidor caracteriza-se por ser inicial, já que a sua obra, a constituição, é a base da ordem jurídica, por ser ilimitado juridicamente e autônomo porque não está de modo algum limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor, por ser incondicionado, pois não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade e por ser permanente porque não desaparece com a realização de sua obra, continua latente, manifestando-se novamente mediante uma nova assembleia nacional constituinte ou um ato revolucionário. Embora o Brasil tenha adotado a corrente positivista, onde nem mesmo o direito natural limitaria o poder constituinte originário contrapondo-se a corrente jusnaturalista, destaca-se entre a doutrina moderna a visão de Canotilho, o qual observa que o poder constituinte originário “... obedece a padrões e modelos de conduta espirituais, culturais, éticos e sociais, radicados na consciência jurídica geral da comunidade e, nesta medida, considerados como ‘vontade do povo’”. 2.2. Derivado (instituído, constituído, secundário, ou de 2º grau ou remanescente) Está inserido na própria constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional (poder constituinte originário), portanto conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade. Caracteriza-se por ser derivado, uma vez que retira sua força do poder constituinte originário, por ser subordinado, pois se encontra limitado pelas normas explícitas e implícitas do texto constitucional e por ser condicionado, porque seu exercício deve seguir regras previamente estabelecidas no texto da constituição federal. Subdivide-se em: poder constituinte derivado revisor (competência de revisão), Poder constituinte derivado reformador (competência reformadora) e poder constituinte derivado decorrente. 2.2.1. Poder Constituinte Derivado Revisor Vinculado ao poder constituinte originário, foi estabelecido no art. 3º do ADCT, que reza: “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. Desta competência, que adotou um procedimento simplificado, surgiram 6 (seis) Emendas Constitucionais de Revisão, valendo destacar que a Resolução 1-RCF do Congresso Nacional fixou as mesmas limitações materiais (cláusulas pétreas) do art. 60, § 4º, da CF/88. Dito poder não poderá mais se manifestar em razão da eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da regra constitucional. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 1 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE REVISÃO CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS QUE O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, "MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA MAIORIA ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO UNICAMERAL". SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, QUE A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA POLÍTICA DE 1988 NÃO MAIS TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA INTIMAMENTE VINCULADA AOS RESULTADOS DO PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL TRANSITORIO. "EMENDA" E "REVISÃO", NA HISTORIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. EMENDA OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA NA CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA, LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. DO ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES ESTABELECIDOS NO PARÁGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, DA CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE ABRIL DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO A QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO DE 1993, CABIA AO CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO SENTIDO DA OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE PROCEDER A ALUDIDA REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER FEITA "UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 3. DO ADCT, ESTAO SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE DAS "CLAUSULAS PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E SEUS INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, ATÉ O OS: 0086/2/18-Gil DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 2 JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. (STF - ADI-MC: 981 PR, Relator: NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 16/12/1993, TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: DJ 05-08-1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030) 2.2.2. Poder Constituinte Derivado Reformador Consiste na possibilidade de se alterar o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria constituição federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo. Além das limitações expressas ou explícitas, existem as limitações implícitas (a titularidade do poder constituinte e as limitações expressas) A Carta de Outubro prevê em seu art. 60, a única maneira de se modificar as normas constitucionais originárias, vejamos: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 2.2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente Diz respeito a possibilidade que os Estados-membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto organizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela constituição federal, nos termos do art. 25, caput e do art. 11 do ADCT: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. No que diz respeito ao “observados os princípios desta Constituição” constante no caput do art. 25 da Constituição Federal, deve ser entendido por princípios constitucionais sensíveis (apontados ou enumerados), que se encontram positivados na constituição, mais precisamente no art. 34, VII, princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios), que segundo Bulos “são aqueles que limitam, vedam, ou proíbem a ação indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente”, como exemplo, tem-se as regras de repartição de competência (arts. 21, 22, 23 e 24), do sistema tributário nacional (arts. 145 e ss), da organização dos poderes (arts. 44 e ss), dos direitos e garantias individuais (art. 5º) etc, e os princípios constitucionais extensíveis, que ainda segundo Bulos “são aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura em cargos eletivos (art. 77), o processo legislativo (arts. 59 e ss), os orçamentos (arts. 165 e ss), os preceitos lidados à Administração Pública (arts. 37 e ss) etc.”. No que se refere aos Municípios, sabe-se que há divergência doutrinária quanto a existência da competência derivada decorrente, considerando o art. 29, caput, da CF/88 (texto permanente) e § único do art. 11 do ADCT. Entretanto, a doutrina majoritária se posiciona no sentido de que o poder constituinte derivado decorrente dado aos Estados Federados não se estende aos Municípios, principalmente no que tange ao critério jurídico- formal. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual. No caso do Distrito Federal, como a derivação da competência é direta da Norma Constitucional, apesar de ser regido por Lei Orgânica (critério jurídico-formal), a Jurisprudência Pátria tem entendido pela existência da manifestação do poder constituinte derivado decorrente, nos termos do art. 32, caput: “O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-ão por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, a aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição”. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. A Lei Orgânica do Distrito Federal constitui instrumento normativo primário destinado a regular, de modo subordinante – e com inegável primazia sobre o ordenamento positivo distrital – a vida jurídico-administrativa e político-institucional dessa entidade integrante da Federação brasileira. Esse ato representa, dentro do sistema de direito positivo, o momento inaugural e fundante da ordem jurídica vigente no âmbito do Distrito Federal. Em uma palavra: a Lei Orgânica equivale, em força, autoridade e eficácia jurídicas, a um verdadeiro estatuto constitucional, essencialmente equiparável às Constituições promulgadas pelos Estados-membros. (Rcl 3.436, 01.08.05). EMENTA. (...) 3. Conquanto submetido a regime constitucional diferenciado, o Distrito Federal está bem mais próximo da estruturação dos Estados-membros do que da arquitetura constitucional dos Municípios. (ADI 3.756/DF, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 19.10.2007). 2.3. Poder Constituinte Difuso Uadi Lammêgo Bulos cita o poder constituinte difuso, chamado assim porque não vem formalizado nas constituições, embora esteja presente nos ordenamentos jurídicos. É caracterizado como um poder de fato e se concretiza por meio das mutações constitucionais, uma vez que se manifesta de maneira informal e espontânea, em decorrência de fatores sociais, políticos e econômicos, sempre observando os princípios estruturantes da Constituição. 2.4. Poder Constituinte Supranacional Segundo Kildare Gonçalves Carvalho, o poder constituinte supranacional tem sua fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de soberania. Cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, haja vista que passa a aderir ao direito comunitário dos Estados Nacionais. 2.5. Poder Constituinte Originário e a teoria da Retroatividade Mínima. OS: 0086/2/18-Gil DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 3 Quando nasce uma nova ordem aplica-se a Teoria da Retroatividade Mínima, salvo se a própria norma dispuser em sentido contrário (Retroatividade Média ou Máxima). A Jurisprudência do Suprem Tribunal Federal conceituou os institutos quando do julgamento do Recurso Extraordinário 242.740. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA (...). Já se firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição expressa em contrário - e a Constituição pode fazê-lo -, eles não alcançam os fatos consumados no passado nem as prestações anteriormente vencidas e não pagas (retroatividades máxima e média). (...). (RE 242.740/GO, Rel. Min. Moreira Alves, 1ª. Turma, DJ 18.05.2001). 2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, começo, e ainda, numa outra acepção, em mandamento, norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios fundamentais nada mais são que as diretrizes básicas que produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação do Estado. São alicerce, a base, as linhas mestras sociais e políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados pelo legislador constituinte originário. No art. 1º estão estabelecidos os fundamentos da República Federativa do Brasil, como se vê a seguir: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pelaunião indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Nesse dispositivo tem-se a definição da República Federativa do Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, a República é composta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Há de se observar que República Federativa do Brasil é o nome do Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por isso a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-se de coletividades regionais autônomas denominadas Estados-membros ou federados. Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao poder do Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado (todo o poder). Já autonomia é margem de discrição de que uma pessoa goza para decidir sobre seus negócios (parcela do poder). A Constituição adotou como Forma de Estado o Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma “aliança ou união de Estados”, baseada em uma constituição e onde “os Estados que ingressam na federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma autonomia político- administrativa”. Assim, não se admite secessão, separação ou segregação. Lembre-se, o legislador constituinte determinou a impossibilidade de qualquer deliberação sobre proposta de emenda constitucional tendente a abolir a Federação (art. 60, § 4º, I da CF). A República foi a Forma de Governo assumida pelo país, tendo como características: a eletividade, temporariedade e responsabilidade do governante perante os governados. O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em nosso Estado Federal, foi consagrado em nossas constituições republicanas desde 1891 e tem duas finalidades básicas: a unidade nacional e a necessidade descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer pretensão de separação de um Estado-membro, do Distrito Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a decretação de intervenção federal (art. 34, I da CF). O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado de Direito. A expressão “Estado de Direito” na sua origem significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com a introdução da característica de ser democrático na Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a observância a tal princípio; não sendo suficientes apenas as leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o conteúdo democrático, uma vez que o regime político adotado é a democracia. A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e independente na ordem internacional. A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos políticos, implicando, assim, na parcela detentora de capacidade eleitoral ativa. A dignidade da pessoa humana compreende o direito de nascer com vida e permanecer vivo com uma vida digna. Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível na hora de conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima efetividade ou eficiência. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são características do sistema capitalista: valorização do trabalho, único responsável pela subsistência e desenvolvimento dos indivíduos e do país e a prevalência da livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de planificação da economia. O pluralismo político não significa apenas pluripartidarismo, sendo este uma espécie do gênero daquele. Caracteriza-se pela aceitação de diversidade de opiniões, participação plural na sociedade do mais diversos modos, abrangendo associações, sindicatos, partidos políticos, igrejas, universidades, escolas etc. O Regime Político adotado no Brasil é o democrático, ou seja, governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder advém do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (democracia semidireta ou participativa). Dispositivo correspondente: art. 170, CF. Jurisprudência relacionada ao tema: EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado de Direito. (STF HC 73.454/RJ). EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para afastar regras de regulamentação do mercado e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, 14.06.2005). Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de Poderes, considerando que o Poder é uno, além de ser indivisível e indelegável. A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e firmada por Montesquieu e Locke. Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos outros, a fim de que se garanta a harmonia entre eles, a inocorrência de abusos e a consequente realização do bem da coletividade, através do sistema de freios e contrapesos – checks and balances. Assim as funções administrativa, legislativa e judiciária não são exercidas com exclusividade, mas apenas preponderantemente por cada “Poder”. Daí a denominação em funções típicas e atípicas (secundárias ou subsidiárias). OS: 0086/2/18-Gil DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS | Módulo 1 – Prof. Fernando Castelo | CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 4 Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre os órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, com liberdade para organizar serviços e tomar decisões, apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções a separação dos poderes, como por exemplo, o art. 50, § 1º. Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder Legislativo. O Congresso aprova os projetos de leis, que podem ser sancionados ou vetados pelo Presidente da República e no caso de haver sanção, poderá o Poder Judiciário declarar a inconstitucionalidade. Ressalte-se que a Separação dos Poderes é cláusula pétrea (art. 60, § 4º, III). Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. Dispositivo correspondente: art. 170, CF. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não intervenção V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- americana de nações. Os dez princípios de relações internacionais que devem ser hermeneuticamenteanalisados e concretizados com o intuito de lograr o objetivo constante no parágrafo único e consistem em verdadeiros desafios das relações internacionais rumo a efetiva implantação de uma comunidade latino-americana de nações. O princípio da independência nacional retrata, segundo Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento da República, previsto no art. 1º da Lei Maior. O princípio da autodeterminação dos povos também está marcado pela Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e qualquer poder colonizante. Ainda no campo da soberania, o princípio da não intervenção consiste na proibição de um Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza interna. Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos humanos, enquanto princípio norteador das relações exteriores do Brasil e fundamento colimado pelo País para a regência da ordem internacional não implica tão-somente o engajamento no processo de edificação de sistemas de normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-se buscar a plena integração das regras de tais sistemas à ordem jurídica interna de cada Estado". O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são iguais perante a lei brasileira. O princípio da solução pacífica dos conflitos determina como o Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O desinteresse em envolver-se em um conflito e a falta de incentivo a prática da guerra estão relacionados ao princípio da defesa da paz, um objetivo supranacional. O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, quer perante a sua própria Constituição, quer em face da comunidade internacional. Há adesão do Brasil a tratados e acordos multilaterais que repudiam quaisquer discriminações raciais, de cor, credo, descendência ou origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro. Sobre o princípio da cooperação para o progresso da humanidade, o legislador pretende alcançar uma cooperação entre países para um desenvolvimento unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse sentido, o Brasil já possui relações internacionais de cooperação, tais como: a Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá para a Manutenção da Paz e da Segurança Internacionais, realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 1998, e o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, aprovado pela Resolução da Assembléia da República 83/2000, de 14 de dezembro de 2000. Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo político “... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures – geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial –, por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum”, verifica-se que não há incompatibilidade entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo formulado pelo Poder Executivo na concessão administrativa daquele benefício. A condição jurídica de asilado político não suprime, só por si, a possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas às condições constitucionais e legais que a autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime político ou de opinião. É importante, ainda, comentar sobre a relativização da soberania em prol dos direitos humanos. A teoria da soberania absoluta e plena foi sendo transformada até se alcançar o que se denomina de princípio da soberania. Os princípios da não-intervenção e da igualdade formal dos Estados não exercem papel imperativo no contexto internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos Humanos e até mesmo a busca pela justiça e pela paz, na tomada de medidas que interferem fora do âmbito daquilo que poderíamos chamar de soberania interna dos Estados. No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os avanços trazidos pela Constituição Federal de 1988 e as jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, em que prevalece a dignidade humana nas relações internacionais. Exemplo disso é a submissão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional (art. 5º, § 4º, da CF/88). ___________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________
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