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1 MANEJO NUTRICIONAL EM CÃES E GATOS COM INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA – REVISÃO DE LITERATURA NUTRITIONAL MANAJEMENT IN DOGS AND CATS WITH ACUTE AND CHRONIC RENAL FAILURE – A REVIEW ¹STURION, D. J.; ¹NEVES, C. C.; ²CAMARGO, B. M.; ²PINHEIRO, G. R. ¹Docentes do curso de Medicina Veterinária, FEMM/FIO, Ourinhos SP, Brasil ²Discente do curso de Medicina Veterinária, FEMM/FIO, Ourinhos SP, Brasil ³Discente do curso de Medicina Veterinária, Unifil, Londrina PR, Brasil RESUMO A insuficiência renal é uma doença grave que acomete cães e gatos. Ela pode ser aguda ou crônica. A insuficiência renal aguda ocorre quando há perda da função renal de forma súbita, por declínio abrupto da filtração glomerular, resultando em azotemia. A insuficiência renal crônica persiste por um período prolongado, geralmente de meses a até anos, apresentando lesões estruturais renais irreversíveis que causam declínio progressivo da funções dos rins e que, por sua vez, acarretam em uma série de alterações metabólicas. Além do tratamento farmacológico, uma dieta adequada em animais com insuficiência aguda ou crônica é de extrema importância para a manutenção de sua saúde. O objetivo deste trabalho é elucidar como o manejo nutricional adequado pode ser eficaz durante o tratamento de pacientes com insuficiência renal aguda e crônica. Palavras-chave: Rins. Canino.Felino. ABSTRACT Kidney failure is a serious disease that affects dogs and cats. It can be acute or chronic. Acute renal failure occurs when there is loss of renal function in a sudden, by an abrupt decline in glomerular filtration, resulting in azotemia. Chronic renal failure persists for a prolonged period, usually months to years, showing irreversible renal structural lesions causing progressive decline of kidney function and, in turn, result in a number of metabolic changes. In addition to pharmacological treatment, a proper diet in animals with severe acute or chronic is extremely important for maintaining your health. Key-words: Kindneys. Canine. Feline. INTRODUÇÃO A insuficiência renal ocorre quando cerca de ¼ dos néfrons de ambos os rins perdem sua função. A insuficiência renal aguda (IRA) pode ser definida como perda da função renal, de maneira súbita, independentemente da etiologia ou mecanismos, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas, como ureia e creatinina. A insuficiência renal crônica (IRC) é definida como uma falência renal que persiste por um período prolongado de tempo que pode 2 ser de meses ou anos. (NELSON; COUTO, 2010; PALUMBO et al., 2011; TOLEDO-PINTO et al., 2008; XAVIER et al.; 2008). As possíveis causas de IRA são: choque grave, hemorragia intensa, hipotensão, desidratação, hipovolemia, anestesia profunda, traumatismo, coagulação intravascular disseminada (CID), trombose ou formação de microtrombos em vaso sanguíneo renal, reações transfusionais, pancreatite sepse, hipertermia, hipotermia, queimaduras e exposição à nefrotoxinas (TOLEDO-PINTO et al., 2008). Independentemente da causa primária, a IRC apresenta lesões estruturais renais irreversíveis que causam declínio progressivo e irreversível da função desse órgão que, por sua vez, acarretam uma série de alterações metabólicas. Existem três origens para a IRC: congênita, familiar e adquirida. Geralmente, a ocorrência de IRC é baseada em causas congênitas e familiares com base na raça e histórico familiar, idade de surgimento da afecção ou através de dados radiográficos e ultrassonográficos. (NELSON; COUTO,2010; PALUMBO et al., 2011). O objetivo desta revisão de literatura é mostrar como o manejo nutricional adequado em pacientes com insuficiência renal podem trazer benefícios durante o tratamento. DESENVOLVIMENTO Sinais Clínicos e Diagnóstico aa Ira Os animais com IRA demonstram um início repentino de depressão, vômito, anorexia e polidipsia. A oligúria é mais comum, mas pode se desenvolver poliúria durante a recuperação ou ela pode se apresentar inicialmente, dependendo da causa subjacente da IRA. (NELSON; COUTO, 2010; XAVIER et al., 2008). A poliúria e a polidipsia geralmente estão ausentes. O exame físico revela sinais relacionados com a uremia, desidratação e fraqueza. O débito urinário normal é de 1 a 2 ml/kg/hora, sendo que quando houver anúria o débito de urina será menor do que 0,08 ml/kg/hora e quando houver oligúria o débito urinário é menor do que 0, 27ml/kg/hora (XAVIER et al., 2008). A IRA ocorre dentro de horas ou dias após a exposição ao agente lesivo. Sintomas e resultados clinicopatológicos específicos associados à IRA incluem 3 rins aumentados ou edemaciados, hemoconcentração, condição corporal, sedimento urinário ativo, além de hipercalemia e acidose mtabólica relativamente graves. (NELSON; COUTO, 2010). O exame de US geralmente é inespecífico. Em animais que apresentam nefrose por oxalato de cálcio associada a ingestão de etilenoglicol, os córtices renais podem estar hiperecóicos. Em biópsia de rins é possível observar degeneração das células do túbulo proximal, com edema e infiltração de leucócitos no interstício. (NELSON; COUTO, 2010). Sinais Clínicos e Diagnóstico da IRC Alguns animais, nas fases iniciais da IRC, podem apresentar-se assintomáticos. A presença de poliúria e polidipsia compensatória estão entre as primeiras manifestações clínicas da IRC em cães observadas pelo proprietário, o que ocorre com frequência nos gatos devido aos hábitos livres dos felinos e da sua grande capacidade de concentração de urina, mesmo presente nos estágios finais da insuficiência renal. A desidratação é frequente tanto nos cães quanto nos gatos, mas especialmente para os felinos, nos quais a ingestão de líquido não supera ou não equilibra a perda hídrica pela urina. A desidratação pode ser identificada pelo ressecamento das mucosas, perda da elasticidade cutânea e enoftalmia. (TOLEDO-PINTO et al., 2008). Com o comprometimento da excreção de substâncias tóxicas dos rins, ocorre o gradativo acúmulo de componentes nitrogenados não protéicos (toxinas uremias) na circulação sanguínea, e, assim, os achados clínicos e laboratoriais na IRC refletem o estado urêmico do paciente, dando uma característica polissistêmica à doença, com o comprometimento de diversos órgãos (TOLEDO-PINTO et al., 2008). O exame físico revela sinais relacionados com a uremia, desidratação e fraqueza, mucosas pálidas e emagrecimento. No hemograma é possível observar leucocitose, monocitose, aumento no hematócrito e nas plaquetas plasmáticas compatíveis com a desidratação. As anormalidades bioquímicas incluem azotemia e hiperfosfatemia. Já na urinálise revela uma densidade específica urinária tanto com isostenúria (1.007-1.012) quanto concentrada (<1.025). Pode ocorrer proteinúria ou glicosúria devido a danos tubulares 4 renais, assim como, piúria, bactenúria, cristalúria ou cilindúria. (NELSON; COUTO, 2010; TOLEDO-PINTO et al., 2008). Tratamento Nutricional da Ira A má nutrição calórico-protéica contribui para a síndrome urêmica. O catabolismo forçado exacerba a hipercalcemia, a hiperfosfatemia, a acidose e a azotemia, aumenta a morbidade e a mortalidade e influencia no desfecho da IRA. Anorexia, náusea e vômito, doença catabólica coexistente, toxinas urêmicas e anormalidades endócrinas contribuem para inadequação nutricional. (ETTINGER; FELDMAN, 1997). Os objetivos da terapia nutricional são suprir as necessidades energéticas e nutricionais do animal, aliviar a azotemia, minimizar os distúrbios no equilíbrio hídrico, eletrolítico, mineral, vitamínico e ácido-básico e auxiliar na regeneração e reparação renal. O regime nutricional ideal não é definido para cães e gatos com IRA, mas uma formulação como a que é prescrita para animais com IRC, fornecendo alta energia e moderada proteína, potássio e fósforo é adequada. A energia fornecida deve ser suficiente para prever o catabolismo da proteína endógena para poupar a massa corpórea lesada e minimizar a azotemia. (ETTINGER; FELDMAN, 1997; NELSON; COUTO, 2010). O carboidrato e a gordura fornecem as fontes não-proteicas de energias necessárias na dieta. Dietas, formulações enterais líquidas ou soluções parenterais formuladas para o tratamento da insuficiência renal podem ser usadas. Elas apresentam um conteúdo de gordura relativamente alto, pois a gordura fornece cerca de duas vezes mais energia por grama de carboidrato e aumenta a densidade energética da formulação. É importante que forneça as necessidades calóricas de 70 a 100 kcal/kg/dia. (ETTINGER; FELDMAN, 1997; NELSON; COUTO, 2010). A liberação da terapia nutricional pode ficar impedida devido à inapetência do animal e também às manifestações gastrintestinais da uremia. A alimentação oral ou enteral pode não ser possível nem recomendado nos estágios iniciais da IRA, por causa da gastrite, pancreatite ou vômito incontrolável. É indicada nutrição parenteral periférica ou a nutrição parenteral total. A alimentação enteral ou oral por sonda é recomendada para os animais 5 que não apresentam êmese, mas que se recusam a se alimentar o suficiente para suprir a adequação calórica. (ETTINGER; FELDMAN, 1997). Tratamento Nutricional da IRC As dietas recomendadas para cães e gatos com insuficiência renal são modificadas a partir das dietas de manutenção típicas de várias formas, incluindo a redução do conteúdo de proteína, fósforo e sódio. As dietas de insuficiência renal dos felinos são tipicamente suplementadas com potássio. (ETTINGER; FELDMAN, 1997; FARIAS, 2011). Estudos relatam que dieta restrita em proteína e fósforo é benéfica em diminuir a taxa de deterioração clínica em gatos com IRC, o que foi confirmado tanto pela avaliação dos proprietários quanto dos clínicos. A necessidade de minimizar o uso de dietas acidificantes e a necessidade de fornecer potássio em concentração adequada, são razões adicionais para uma intervenção mais precoce no tratamento nutricional da IRC. (ETTINGER; FELDMAN, 1997; FARIAS, 2011). No tratamento dietético em cães, embora a restrição proteica seja aceita como benéfica na melhora dos sinais clínicos da uremia, os dados de seus efeitos nos cães com IRC são limitados. AGPI �-3 pode ser renoprotetora em cães com IRC por promover a preservação da estrutura e da função renal, a diminuição da proteinúria e a prevenção da progressão para a insuficiência renal terminal. (ETTINGER; FELDMAN, 1997). CONCLUSÃO A insuficiência renal é uma doença séria e frequentemente fatal em cães e gatos. Inúmeras são as causas, tanto na IRA ou IRC, devendo ser descobertas a tempo. O reconhecimento precoce dos sinais clínicos apresentados pela doença e o tratamento adequado em conjunto com a dieta, são muito importantes para o prognóstico do animal. REFERÊNCIAS ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5. Ed. Vol 1.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 1041 p. 6 FARIAS, G. F. Alterações fisiológicas e nutrição do felino na selenidade. Monografia. Curso de graduação em Medicina Veterinária. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011. 32 p. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 4. Ed. Rio de Janeiro:Mosby Elsevier, 2010. 1468 p. PALUMBO, M. I. P.; MACHADO, L. H. A.; ROMÃO, F. G. Manejo da Insuficiência Renal Aguda em Cães e Gatos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 1, p. 73-76, 2011. TOLEDO-PINTO, E. A.; NAKASATO, F. H.; RENNÓ, P. P. Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos: Revisão de Literatura. Anais da III SEPAVET – Semana de Patologia Veterinária e II simpósio de patologia Veterinária do Centro Oeste Paulista – FAMED. 2008. XAVIER, A.; PUZZI, M. B.; POLIZER, K.; LITFALLA, F.; PENA, S. B. Insuficiência Renal Aguda. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. V. 6– Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódico semestral.
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