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GESTÃO DE ESTOQUES NA CADEIA DE LOGÍSTICA INTEGRADA Fernanda Costa Rabelo∗∗∗∗ Resumo. Este trabalho enfoca bases teóricas da Logística e seus principais desafios; mostrando a ligação entre logística com suprimentos, fornecedores e estoques. Mostra a importância da logística para a distribuição de produtos e produção de uma empresa, em outras palavras, a execução das atividades relativas a movimentação de materiais e ao fluxo de informações, do fornecedor ao consumidor final. Através do tempo surgiram outras teorias integrando diversas áreas envolvidas na produção como a logística Integrada. No estudo de caso, procuramos mostrar como a Embraer, principal exportadora do país, administra sua área de logística, a fim de oferecer melhores serviços, reduzir seus custos e otimizar a sua produção. Palavras-chave: Logística. Estoques. Abstract. This work focuses theoretical bases of the Logistics and its main challenges; showing the connection among logistics with supplies, vendors and stocks. It shows the importance of the logistics for the distribution of products and production of a company, in other words, the execution of the relative activities the movement of materials and to the flow of information, of the vendor to the final consumer. Other theories have appeared integrating several areas involved in the production as the integrated logistics. This case demonstrates how EMBRAER, which is the Brazilian leader in export, manages its logistics, in order to provide better services, reduce costs and optimize it’s production level. Key words: Logistics. Stocks. ∗ Orientado pelo professor Paulo Tadeu de Mello Lourenção, Doutor, da Univap. 1. INTRODUÇÃO Devido a atual fase de competitividade global, as empresas buscam cada vez mais melhorias, para garantir seu espaço no mercado. Numa época em que os consumidores estão cada vez mais exigentes e as empresas precisam atender as necessidades dos mesmos, ao mesmo tempo em que têm que reduzir seus custos é necessária uma eficiente área de logística. O trabalho mostra como deve ser a gestão de estoques de uma empresa para que não haja altos custos e nem falte produtos para seus clientes. O estudo de caso é sobre a Embraer, que importa a maioria de seus equipamentos agregados a seus produtos e por isso tem que manter certo nível de estoque. Nesse estudo, procuramos mostrar como a empresa administra e tenta melhorar essa questão. 2. HISTÓRICO A palavra logística é de origem francesa. Foi usada pela primeira vez na guerra, onde para se obter sucesso na frente de batalha é preciso um ótimo sistema de apoio. As empresas que na história sempre se basearam nos modelos organizacionais da igreja e do exército, procuraram implantar a logística no mundo dos negócios. As empresas tinham que ser diferentes uma das outras, já que começava a haver abertura comercial, resultando em maior concorrência. De acordo com Ching (1999, p.20-25), até 1950 as atividades da logística eram divididas entre diversas áreas. Com isso havia conflitos, já que nenhum departamento tinha responsabilidade e objetivos concretos a serem alcançados em relação à logística. Em meados de 1945, algumas empresas já tinham um departamento específico para cuidar de transporte e armazenagem de produtos. Só houve um maior desenvolvimento da logística quando a área de Marketing das empresas começa a ter destaque e a produção volta-se mais para o consumidor. Após 1950, foram detectadas mudanças nos gostos dos consumidores e maiores variedades de mercadorias. Houve migração de pessoas na área rural para a urbana e vice-versa sendo necessário criar pontos de vendas adicionais. As empresas começam a perceber que manter estoques não é vantajoso, gera custos altos e com isso passam essa função para seu fornecedor ou centrais de distribuição, fazendo com que haja entregas mais freqüentes. Com a recessão que veio após a Segunda Guerra Mundial, as empresas foram forçadas a tentarem melhorar sua produtividade. As empresas americanas acreditavam que a única solução para a redução de custos e aumento da produtividade era empregar a logística. A partir de 70, a logística já era adotada por várias empresas, porém algumas ainda só se preocupavam com o lucro, esquecendo dos custos. Com as crises que se sucederam, as empresas passaram a se preocupar com a gestão de suprimentos. A logística integrada surgiu na década de 80 e evoluiu bastante nos 15 anos que se seguiram, isso devido à revolução da tecnologia da informação. Hoje, os mercados estão cada vez mais globalizados e dinâmicos e os clientes cada vez mais exigentes. O grande crescimento da logística que houve no Brasil se deu por vários fatores:- custos elevados nas empresas – mudanças no mercado e nos canais de distribuição. – aparecimento de sistemas como Kanban e Just in Time 3. OBJETIVO O objetivo do trabalho é mostrar as mudanças ocorridas no setor logístico das empresas, principalmente com a globalização. O trabalho apresenta o que as empresas estão fazendo para satisfazer seus clientes, a fim de garantir sua preferência. O enfoque principal é a gestão de estoques. Procuramos mostrar que não são vantajosos, pois o investimento feito em estoques pode ser mais bem aproveitado em outro setor da empresa. Os estoques devem ser administrados de maneira eficiente para que não haja excesso de produtos ou falta que reduza a margem de lucro da empresa. Para tal, as empresas devem manter seus estoques em níveis aceitáveis, que não acarretem maiores custos para ela. Os estoques devem ser controlados baseando-se nos pedidos dos clientes e no tempo de entrega. Analisando o caso Embraer, o trabalho mostra como a empresa atualmente, está dando importância a área de logística, tentando minimizar os custos. 4. LOGÍSTICA-ASPECTOS TEÓRICOS Logística é a parte do processo da cadeia de suprimento que aplica e controla com eficiência a estocagem e o fluxo de bens e serviços a partir do ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender todos os requisitos e necessidades dos consumidores. Segundo Cavanha Filho (2001, p.4), “as empresas de predominância logística/distribuição são fortemente apoiadas nos conceitos logísticos, sendo sua essência o tratamento correto dos fluxos logísticos. Apesar da não recente conceituação do assunto, mesmo porque desde os tempos mais remotos de invasões militares, guerras e dominações, o tema já recebia contribuição de diversos estudiosos, a questão da logística vem se transformando e adaptando rapidamente, inclusive ocupando importantes espaços em ciências e gerenciamento, mesmo com seus limites e interfaces e difícil circunscrição”. Antigamente, as empresas só pensavam no lucro e não davam muita importância a outros fatores como: seleção de fornecedores, ótimo atendimento ao cliente, etc. Esse fato trazia alguns pontos negativos como custos elevados, ciclos logísticos de maior duração e nível de serviço prestado ao cliente insatisfatório. 5. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Segundo Ballou (1993, p.38), “administração de materiais e distribuição física integram-se para formar o que se chama hoje de logística empresarial. Muitas companhias desenvolveram novos organogramas para melhor tratar das atividades de suprimento e distribuição, freqüentemente dando tatus de alta administração para a função ao lado do marketing e produção”. Ver Fig. 1 Fig.1- Escopo da logística empresarial FONTE: Adaptado de Ballou (1993) 5.1. DISTRIBUIÇÃO FÍSICASegundo Ballou (1993, p.40), “distribuição física é o ramo da logística empresarial que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da firma”. A preocupação da distribuição física é com os bens acabados ou semi- acabados. Deve-se planejar o abastecimento aos clientes, filiais e depósitos com o objetivo de garantir maiores vendas com menores estoques. A logística tem total responsabilidade sob as mercadorias desde o instante em que a produção é finalizada e que o comprador adquire a mercadoria. 5.1.1 COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Serão apresentados a seguir três conceitos essenciais para o gerenciamento da distribuição física: ! Compensação de custos: segundo Ballou (1993, p.44), o conceito de compensação de custos reconhece que os modelos das diversas atividades da empresa são conflitantes entre si. Fig.2 – Compensação de custos para determinação do total de depósitos em um sistema de distribuição. FONTE: Adaptado de Ballou (1993) Considere os padrões de custos, mostrados na Fig. 2, das três atividades logísticas primárias em função do número de depósitos num sistema de distribuição. Note que à medida que o número de depósitos aumenta, o custo de transporte diminui. Isso acontece porque carregamentos volumosos podem ser feitos para os armazéns a fretes menores. Além disso, a distância percorrida pelas entregas de menor volume do armazém para o cliente se reduz, diminuindo o custo do transporte de ponta. Portanto, a combinação dos custos de transporte de e para os armazéns mostra um perfil que declina com o aumento da quantidade de depósitos. Por outro lado, os custos de estoque e de processamento de pedidos mostram um comportamento oposto ao custo de transporte e, portanto, estão em conflito com ele. Custos de transporte aumentam com o número de armazéns, porque mais estoque é necessário para manter o mesmo nível de disponibilidade do que quando há menor número de depósitos. Custos de processamento de pedidos, também aumentam porque os depósitos servem como pontos de processamento de pedidos. Para decidir o número de depósitos, o administrador deve tentar balancear ou compensar esses custos conflitantes. Isso leva ao menor custo para o sistema de distribuição. ! Custo total: Segundo Ballou (1993, p. 45), o conceito do custo total reconhece que os custos individuais exibem comportamentos conflitantes e que os mesmos devem ser analisados de maneira geral a fim de se chegar ao ponto ótimo. Como mostrado na Fig. 2, o custo total para determinado número de armazéns é a soma dos três custos, formando a curva do custo total. Note que o ponto de custo total mínimo não corresponde à mesma condição para a qual o custo de transporte é mínimo ou que os custos de estoque ou processamento de pedidos são mínimos. Pelo contrário, o ponto de mínimo custo fica num lugar intermediário entre eles. Reconheceu-se que administrar estoques, transportes e processamento de pedidos conjuntamente poderia levar a substanciais reduções no custo quando comparado com a administração dessas atividades em separado. A idéia do custo total foi importante para decidir quais atividades da firma deveriam ser agrupadas conjuntamente e chamadas de distribuição física. Entretanto, a idéia de compensação de custos nos alerta para não basearmos a seleção do modal apenas nos custos de transporte. As compensações mais importantes estão generalizadas na Fig. 3. Os custos específicos para cada alternativa estão na tabela 1. Fig.3 – Compensações de custo na seleção do modal de transporte. FONTE: Adaptado de Ballou (1993) Custos de estoques mostram padrões que geralmente conflitam com custos de transporte. Como regra geral da distribuição, quanto mais rápido e confiável for o serviço de transporte, menor será o estoque requerido em ambas a pontas da movimentação de mercadorias. Além disso a velocidade do fluxo de mercadorias afeta o tempo no qual os custos financeiros estão associados ao estoque em trânsito. Tabela 1 – Custo anuais para três alternativas de transportes para um fabricante de instrumentos eletrônicos. Classe de custo Carga aérea Caminhão Trem Transporte $756,080 $673,296 $645,216 Manutenção de estoques 378,450 530,478 530,478 Processamento de pedido . SR . . SR . . SR . Custo total $1.134,530 $1.203,774 $1,175,694 FONTE: Adaptado de Ballou (1993) Observando a tabela 1, podemos perceber que o modo ferroviário tem o menor custo de transporte, mas não o menor custo total. O transporte aéreo, por outro lado, pode compensar com vantagens custos substancialmente elevados de movimentação pelos custos menores de manutenção de estoques. O custo total é mínimo para o modo aeroviário. Assim, na essência do conceito do custo total é considerar todos os fatores relevantes de custo numa decisão particular e procurar pela alternativa de mínimo custo total. ! Sistema total: é uma extensão do conceito do custo total. É uma filosofia de gerenciamento que analisa todos os fatores alterados de alguma maneira pela tomada de decisões. Ballou (1993, p.46), afirma que “o enfoque do sistema total observa os problemas de distribuição em termos abrangentes para descobrir relações que, caso neglicenciadas, poderiam levar a decisões subótimas. Esse enfoque é particularmente importante na logística, porque a administração logística relaciona-se diretamente com muitas outras áreas funcionais dentro e fora dos limites legais da empresa”. 5.2. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A administração de materiais trata do fluxo de produtos para a firma, gerencia as atividades de movimentação e estoque no lado do suprimento da organização, sendo responsável pelas atividades de compras e pelo abastecimento da empresa. As atividades do canal de suprimento são fundamentais para a administração de materiais, pois afetam a economia e a eficácia do movimento de materiais. As atividades mais importantes do canal de suprimento são: inicialização e transmissão de ordens de compra, transporte até o local da fábrica e manutenção de estoques. Baseado na curva de demanda dos consumidores e nas necessidades da linha de produção, o comprador emite uma ordem de compra. Na ordem de compra constam várias informações como: quantidade, data de entrega, etc. O comprador faz várias cotações e seleciona o fornecedor que oferece maior vantagem para a empresa. Após a chegada do material ele é inspecionado pela qualidade e colocado no estoque até ser necessário para operações. 5.2.1. OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Conforme Ballou (1993, p.61) “uma boa administração de materiais significa coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de operação”. Isto é alcançado através do custo total, tirando vantagem da oposição da curva de cada custo. O objetivo é que o material esteja no local certo, na hora certa e na quantidade correta. 5.2.2. REQUISITOS DE OPERAÇÃO Segundo Ballou (1993, p.63), “o sistema de operações é o cliente da administração de materiais”. Nesse caso, as ordens de compra são criadas pela necessidade da produção. Existem duas maneiras de providenciar suprimentos para a produção: ♦ Suprimento para a produção: comprar matéria prima diretamente para atender a linha de produção é uma boa alternativa e economicamente viável, já que não haverá gasto com manutenção de estoques. Mantendo todo o material para a produção no estoque pode causar altos custos. A prática de comprar suprimentos somente quando necessários para a produção é muito utilizada nas empresas industriais. É claroque estoques não podem ser eliminados totalmente, pois a empresa corre certo risco de não conseguir entregar seus produtos em tempo hábil. ♦ Suprimento para estoque: os estoques garantem maior disponibilidade de matéria prima e podem reduzir custos de transporte. Para que um item seja mantido em estoque é necessário que se tenha os seguintes requisitos: - Ser comprado em quantidades maiores ou iguais a um lote mínimo; - A tabela de preços do fornecedor deve ter descontos por volume; - Ser de valor baixo; - Ser econômico comprá-lo junto com outros produtos; - Pode ser usado em grande variedade de produtos; - Ter alto grau de incerteza na entrega do produto. 6. ESTRUTURA DA CADEIA DE LOGÍSTICA INTEGRADA 6.1. LOGÍSTICA DE PRODUÇÃO A logística de produção, segundo Ching (1999, P.90), não envolve nenhuma relação externa diretamente. É uma parte totalmente desenvolvida pela empresa, que envolve todas as áreas na conversão de materiais em produto acabado. É importante lembrar que a produção baseia-se nas necessidades dos clientes e trabalha com o objetivo de entregar o produto na data acordada. Hoje em dia, as empresas precisam adaptar-se as mudanças do mercado, para evitar que se produza demais e gere muito estoque, ou que produza pouco e não consiga atender o consumidor. Uma das soluções para isso é o desenvolvimento da “lean manufactoring” que segundo Ching (1999, p.120), consiste no seguinte: simplicidade dos produtos, produtividade, confiabilidade, flexibilidade, visibilidade, qualidade no processo, sincronização entre os departamentos e empregados multifuncionais. 6.1.2. SINCRONIZAÇÃO A sincronização é o equilíbrio ideal entre fornecimento do produto e demanda do consumidor. A produção deve estar sempre em sincronia para saber o que, quando e quanto deve produzir. Para analisar a sincronização são necessárias as seguintes ferramentas, de acordo com Ching (1999 p.139): ! Gráfico triplo: relaciona vendas, produção e quantidade de estoque. Fig. 4 Fig.4- Gráfico triplo sincronizado FONTE: Adaptado de Ching (1999) ! Gráfico triplo com capacidade: relaciona vendas, produção, quantidade de estoque e capacidade. Fig.5 – Sincronização – Cenário A FONTE: Adaptado de Ching (1999) De acordo com a Fig.5, notamos que há uma grande capacidade, bem maior que a necessária e uma grande quantidade de estoque desnecessário. Fig.6 - Sincronização – Cenário B FONTE: Adaptado de Ching (1999) Na Fig. 6, observamos que a capacidade está sendo bem empregada, havendo uma boa quantidade de estoque, em função da estabilidade da demanda, porém os estoques poderiam ser menores. Segundo Ching (1999, p.144), a sincronização ideal ocorre quando as barras de produção e demanda são iguais nas semanas analisadas e a linha de capacidade atende o nível normal de demanda sem grandes estoques.De acordo com Ching (1999, p.121), os requisitos para se obter a sincronização estão indicados na Fig. 7. Fig.7- Resultados para a sincronização FONTE: Adaptado de Ching (1999) 7. ESTOQUES Estoques existem por ser impossível conhecer a demanda futura dos consumidores. Eles são eficientes para garantir a disponibilidade das mercadorias no momento que elas são requisitadas. Existem inúmeras vantagens em manter estoque, como afirma Ballou (1993 p.205): ! Melhoria do nível de serviço: o departamento de marketing pode vender mais seguramente os produtos da empresa. O estoque é bom para os clientes que precisam imediatamente do produto e são atendidos, e benéfico para a empresa que diminui seu “custo de falta” do produto; ! Incentivo a economia de produção: quando há estoques, pode haver economia na produção. Isso se deve ao fato da fábrica produzir sem levar em conta a demanda. Assim é possível diminuir os custos na produção, já que a mesma ocorre em grandes lotes e é possível também manter a força de trabalho em níveis estáveis; ! Economia de escala nas compras e no transporte: um dos objetivos dos estoques é obter descontos no transporte por se tratar de grandes lotes; e nas compras por se comprar grande quantidade de matéria- prima. Quando é preciso atender uma demanda imediata, que às vezes trata-se de um pequeno lote, a empresa perde esses descontos, tanto de transporte como de compra; ! Proteção contra alterações nos preços: quando há previsão de um aumento nos preços, a empresa pode antecipar a compra de matéria prima e manter em estoque. Isso não provoca aumento dos custos, conseqüentemente os clientes serão atendidos normalmente sem que haja aumento nos preços; ! Proteção contra oscilações na demanda ou tempo de ressuprimento: em muitos casos não é possível prever as demandas dos produtos e seus tempos de ressuprimento. Sendo assim, a empresa pode manter estoques de segurança, para atender as necessidades de produção ou do mercado; ! Proteção contra contingências: a empresa pode manter estoques de reserva para garantir o fornecimento de seus produtos no caso de uma greve ou de um incêndio, por exemplo. O departamento de logística da empresa deve ser coerente, pois percebemos que são grandes os benefícios de manter estoques. O único problema é o custo de se manter esse estoque. O ideal é investir cada vez menos nos estoques, ao mesmo tempo em que deve haver eficiência na produção para atender as necessidades do departamento de marketing, para que este atenda as necessidades dos clientes. A maioria das empresas não está mais enfatizando o quanto estocar, mas sim, quando estocar. Possuir estoques em quantidades corretas numa hora errada não adianta nada, pois a determinação dos prazos é o mais importante. Conforme Ballou (1993, p.208), a rotatividade do estoque é uma medida utilizada para indicar a velocidade do giro de capital e para verificar se o inventário está dentro dos limites viáveis. “Aumentar a rotatividade do estoque auxilia a liberar ativo e economiza o custo de manutenção de inventário”. 7.1. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS ESTOQUES Existem características comuns a todos os problemas de estoque segundo Ching (1999, p.29). Esses problemas são os seguintes: custos associados aos estoques, objetivos do estoque e previsão de incertezas. ♦ Custos associados aos estoques: são os seguintes: - custo de manter estoque: todos os custos necessários para manter em estoque certa quantidade de mercadorias por um determinado tempo. Isso inclui: custos de impostos para as mercadorias guardadas em armazéns dentro dos limites estaduais, custos de seguros contra incêndio e roubo, custos de armazenagem relacionados com a quantidade do estoque mantido e custos de risco de manter estoques que inclui deterioração, obsolescência, dano e furto. O mais importante é o custo de oportunidade de se empregar o dinheiro em estoque. - Custo de pedir: os custos associados à aquisição de produtos para repor os estoques são denominados custo de pedir. Exemplos: custo de preencher o pedido de compra, processar o pedido de compra, enviá-lo até o fornecedor e ao receber o material conferi-lo com a nota fiscal. - Custo da falta: ocorre quando o cliente solicita algum produto em falta no estoque, na logística “falta” é um termo que não deve existir. É uma questão difícil. Se houver insumos em excesso, há excesso de estoque e isso não é favorável para a empresa. Se faltar insumos, a produção pode ser interrompida, haverá falta de produtos e o consumidor não vai receber seu produto em tempo hábil. Se o cliente não recebe a mercadoria não vai pagar e isso diminui a margem de lucro da empresa, conforme Fig. 8.Fig.8- Locais de faltas logísticas FONTE: Adaptado de Cavanha Filho (2001) Segundo Disney (1997, p.174), com relação ao propósito dos estoques: “o objetivo dos estoques é de servir de pára-choques para os atrasos de tempo, oferecendo melhor nível atendimento ao consumidor. É indesejável ter uma situação de falta de estoques, pois o consumidor irá comprar em outro lugar e parte do mercado poderá estar perdida. Então os estoques devem ser suficientes para cobrir as variações de mercado e tempos de atrasos”. A falta não se limita ao produto, mas pode ocorrer sempre que um recurso necessário para a composição de um certo produto não se encontra disponível. De acordo com Ballou (1993, p.212), podem ocorrer dois tipos de custos de falta: ! Custos de atrasos: quando o cliente solicita o produto e não há estoque do mesmo e o cliente decide atrasar sua compra até a reposição do estoque. ! Custos de vendas perdidas: quando o produto solicitado pelo cliente está em falta e ele cancela seu pedido, comprando em outro lugar. ♦ Objetivos dos estoques. - Objetivo de custo: o objetivo é equilibrar custos de manutenção, de aquisição e de faltas, obtendo o mínimo custo total. Quando as quantidades estocadas são grandes há um aumento do custo de manutenção, porém os custos de aquisição e de falta são menores. Quando somamos os três tipos de custos temos a curva de custo total. Fig. 9 – Custo total FONTE: Adaptado de Ballou (1993) - Objetivos do nível de serviço: quando a empresa tem uma certa dificuldade em estimar os custos de falta, acaba investindo muito em estoques. Ao estabelecer que, por exemplo, 80% das vendas serão atendidas pelo estoque disponível deve-se ajustar custos de aquisição e manutenção de estoques, minimizando sua soma. O departamento de logística deve ter cautela ao fixar esse nível de estoque, pois pode trazer prejuízos para a empresa. Conforme mostrado na Fig. 10, uma vez que o nível de estoque cresce explosivamente com disponibilidades elevadas, o nível de serviço utilizado, na maioria das vezes, é menor que 100%. Fig. 10- Investimento em estoque para diversos níveis de serviço FONTE: Adaptado de Ballou (1993) ♦ Previsão de incertezas: o nível de estoques pode ser controlado através de dois métodos: previsão da demanda e do tempo de ressuprimento, segundo Ballou (1993 p.214): - Previsão de demanda: é muito importante que os empresários consigam prever a quantidade de seus produtos demandada por seus clientes. Toda a empresa tem investido nesses métodos de previsão, que são os seguintes: pesquisas realizada via correio ou telefone indicando quanto os consumidores querem comprar. A empresa pode também utilizar consultoria de pessoas que entendam bem do assunto. De acordo com Ballou (1993, p.215), a técnica de previsão mais utilizada pelas empresas é a projeção de vendas passadas. Esse método é muito eficiente e utilizado por 85% das empresas americanas. A técnica mais empregada é a média com suavização exponencial, é fácil de usar e é adaptável, pode ser alterada quando há alteração no comportamento das vendas. - Previsão do tempo de ressuprimento: os tempos de ressuprimento não são conhecidos com firmeza por isso devem ser previstos. A empresa deve montar uma amostra de tempos passados e calcular o tempo médio e sua variabilidade. O tempo de ressuprimento deve ser previsto para que não faltem produtos aos clientes. 7.2. GESTÃO DE ESTOQUES A gestão de estoques inclui a função de compras, acompanhamento de estoque, planejamento da distribuição física. Ver Fig. 11 Fig. 11 – Gestão de estoque e o fluxo de material FONTE: Adaptado de Ching (1999) É preciso haver maior integração entre os diversos departamentos da empresa, buscando atender as necessidades dos clientes em tempo hábil e com menor custo possível. 7.2.1 QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUES? Os objetivos da gestão de estoques são: planejamento dos estoques e controlar as quantidades que entram e saem dos estoques. Para planejar os níveis de estoques com eficiência, a empresa deve desempenhar as seguintes funções, segundo Ching (1993 p.37): ! Cálculo do estoque mínimo; ! Cálculo do lote de suprimento; ! Cálculo do estoque máximo; ! Receber material do fornecedor; ! Identificar e armazenar o material; ! Conservar o material em condições adequadas; ! Manter a organização do almoxarifado. 7.3. TÉCNICAS DE GESTÃO DE ESTOQUES Kanban O Kanban especifica quanto será retirado do estoque do fornecedor, quando acaba algum material, um cartão Kanban é enviado ao fornecedor para repô- lo, especificando quanto será retirado do seu estoque. O fluxo é regulado e o estoque é mantido em um nível predefinido. É uma ferramenta usada para regular o processo de produção. Regula o fluxo e mantém o inventário (estoque) em um nível predefinido. O Kanban fornece um controle visual de produtos de grande volume: autorização para substituir exatamente o que já foi utilizado e produtos de pequeno volume: autorização para enviar o seguinte a uma linha. Para que o sistema seja eficiente é necessário que haja um planejamento da produção, lay out de máquinas, reduzindo o tempo de troca de ferramentas. Segundo Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.83-84), os dois tipos mais importantes de Kanban são: ! Kanban de produção: circula entre um centro de produção da fábrica e seu posto de armazenagem respectivo, coordenando a produção de um pequeno lote de peças. ! Kanban de transporte: circula entre os postos de armazenagem de dois centros de produção contíguos, coordena a movimentação do material dentro da fábrica, do centro de produção que produz determinado componente para centro de produção que consome esse componente para dar continuidade à produção. O Kanban agiliza as operações eliminando os elementos de burocracia que geram o retardamento nas atividades de produção e abastecimento. Esse sistema é importante, pois coordena toda a produção de acordo com a demanda dos produtos finais, determina em que local e quando o produto deve chegar ao cliente. O Kanban é completo de informações para controlar de maneira eficiente os estoques e alcançar a produção Just in Time. Just in Time É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.56), a responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a responsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção para seus terceirizados. O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa, somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as relações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos de comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas de tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados pela logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços expressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja uma cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus fornecedores externos e internos. Um ponto muito favorável no Just in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram perdas de produtos. O sistema Just in Time é vantajoso quando: ! Os produtos têm alto valor unitário; ! As necessidades ou demandas são conhecidas com certeza; ! Os tempos de ressuprimentosão pequenos e conhecidos; ! Não há nenhuma vantagem em comprar grandes lotes para se manter em estoque. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.98), para se implementar esse sistema é necessário os seguintes requisitos: capacitação em termos de qualidade, elevado grau de confiabilidade e custos reduzidos de fabricação decorrente de técnicas de produção eficazes. Estoques x Just in Time Os estoques servem, para Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.57), quando há um problema de qualidade na produção, o estoque possibilita o trabalho contínuo, sem interrupções. Ou, quando há problemas de máquinas na produção. Se não existir estoque, a produção para até a máquina ser consertada. O estoque pode ser considerado como um investimento (lotes grandes de produção geram estoques, pois a produção é executada antes da demanda). No geral, os estoques são úteis, por proteger o sistema produtivo de certas incertezas, como falta ou atraso de matéria-prima. De acordo com Henrique L. Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.59), na filosofia do JIT, o estoque tem os seguintes significados: ! São nocivos; ! Ocupam muito espaço; ! Requerem altos investimentos; ! Não deixam visíveis os problemas de produção que causam baixa qualidade e produtividade. Metas colocadas pelo JIT Segundo Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.69) as metas do Just in time são: ! Defeitos = zero ! Tempo de preparação (setup) = zero ! Estoques = zero ! Movimentação = zero ! Quebra = zero ! Lead time = zero ! Lote = unitário (uma peça) M.R.P- Material Requerimentos Planning (cálculo das necessidades de materiais) O MRP é um sistema de controle de estoques que dá com precisão os volumes a serem comprados para determinado período. A grande vantagem desse sistema é que ele permite ver o impacto de qualquer replanejamento. Dessa maneira é possível saber os itens que faltam e tomar medidas corretivas, alcançando níveis ótimos de estoques. O MRP integra as funções de planejamento empresarial, previsão de vendas, planejamento de recursos produtivos, programa mestre de produção, planejamento das necessidades de capacidade produtiva, controle e acompanhamento da fabricação, compras e contabilização de custos. O MRP baseia-se na emissão de ordens de uma demanda calculada a partir do programa de montagens. É muito importante que o produto seja analisado, observando-se como ele é produzido passo a passo, demostrando uma grande capacidade em reduzir estoques, pois as ordens de compra não são emitidas para repor estoques e sim para atender as necessidades. Esse sistema só emitirá pedidos de acordo com os “Lead Times” registrados, fazendo com que o material chegue na hora e quantidade corretos para produzir para seus clientes. Para atender a demanda nas datas planejadas, deve-se alocar tempo suficiente no programa de produção para permitir a entrega dos fornecedores e a manufatura dos produtos. MRPII De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi (1993, p.106), alguns pesquisadores conhecedores do MRP descobriram que ele poderia ser utilizado também para o planejamento de outros recursos de produção como, por exemplo, necessidades de mão de obra e equipamentos. Era necessária mais informação adicional, como por exemplo, centros produtivos e roteiros de produção usando a base de dados do MRP. O MRP permite um grande controle do processo do “chão da fábrica”. O objetivo do MRPII é permitir o cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos clientes com mínima formação de estoques, planejando as compras e a produção de itens componentes para que ocorram apenas nos momentos e nas quantidades necessárias. Com o MRP todo o processo industrial torna-se integrado, considerando a interdependência das funções: planejamento de vendas, planejamento de produção, planejamento de compras, programação mestre de produção, planejamento financeiro, controle de qualidade e demais processos de suporte à execução dos planos de produção. O MRPII controla essas atividades e fornece dados precisos sobre o que produzir, onde produzir e quanto produzir. Esse sistema é mais adequado para as empresas tenham por prioridade básica entregar as mercadorias de seus clientes no prazo acordado e reduzir seus estoques. É um sistema de muito dinamismo. FLUXO DE MATERIAIS Fluxo descontínuo de material É o método de empurrar estoque. Fig.12- Fluxo descontínuo de material FONTE: Adaptado de Ching (1999) Quando os pedidos dos clientes chegam, eles são atendidos com o estoque de produtos acabados. Para repor esses estoques, a fábrica produz de acordo com a previsão de vendas. O almoxarifado pede peças ao fornecedor, também se baseando na previsão de vendas. O fluxo de informação corre no sentido do cliente. A medida em que a demanda vai ocorrendo, a informação não é repassada rapidamente para a fábrica e fornecedores. Conseqüência disso é a demora no atendimento ao cliente. Nesse fluxo, os fabricantes solicitam cotações periodicamente e se resselecionam seus fornecedores, não há nenhuma relação de compromisso. Veja Fig. 12. Fluxo contínuo de material Com o fluxo contínuo, o cliente obtém uma resposta rápida. É um método de puxar estoque. Quando chega o pedido do cliente ele é transmitido diretamente para a fábrica, que produz exatamente aquilo que o cliente está demandando da maneira mais rápida e eficaz possível. Vide Fig. 13. Fig.13- Fluxo contínuo de material FONTE: Adaptado de Ching (1999) As relações com os fornecedores passam a tomar a forma de parcerias. Os clientes estabelecem relações de longo prazo com poucos fornecedores para cada produto ou serviço. Isso leva a uma cooperação mais próxima entre o cliente e seus fornecedores, além de simplesmente cotar e fornecer produtos. Fluxo sincrônico de material O fluxo contínuo é criticado por ter que responder as necessidades dos clientes em um Lead Time muito rápido, além de transferir os problemas de estocagem aos fornecedores, aumentando seus custos. A demanda real do cliente dá início ao processo, porém o fluxo agora é balanceado e a informação sobre a necessidade de material flui paralelamente, não em série, para todos os envolvidos. Esse enfoque fornece uma resposta mais rápida as mudanças no mercado. Nesse caso, há uma relação ainda mais próxima entre cliente e fornecedor. O cliente trata com poucos fornecedores. São contratos de longo prazo, onde os fornecedores se sentem motivados a investir mais para melhorar sua performance. Veja Fig. 14 Fig.14 – Fluxo sincrônico de material FONTE: Adaptado de Ching (1999) 8. ESTUDO DE CASO- EMBRAER - HISTÓRIA DA EMPRESA A história da Embraer-Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A teve inicio com o surgimento do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em 1950. Tal instituição teve como objetivo lançar as bases do que viria a ser uma das maiores indústrias aeronáuticas do mundo ocidental. A Embraer foi criada em 1969, através do Decreto Lei com o objetivo de: ! Promover o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira e correlatas; ! Projetar, construir e comercializar aeronaves e respectivos acessórios, componentes e equipamentos; ! Promover ou executar atividades técnicas vinculadas a produção e manutenção do material aeronáutico, de acordo com programas e projetos aprovados pelo poder executivo. De um lote inicial de 80 aviões BANDEIRANTE para a FAB, depois de 26 anos de sua fundação, a Embraer já produzia mais de 4.500 aeronaves. SISTEMA RECOF A Embraer,com o objetivo de melhorar seus fluxos logísticos pediu autorização para a secretaria da Receita Federal para poder utilizar o sistema Recof, já utilizado por algumas empresas como a Ericsson e a Cofap. O Recof é um regime aduaneiro informatizado. Este regime permite que a empresa importe com suspensão de impostos de importação e IPI, as mercadorias que serão submetidas a operações de industrialização ou a venda no mercado externo ou interno. Segundo WORKSHOP DE LOGÍSTICA (2001), realizado pela divisão de logística internacional da Embraer, as vantagens do sistema Recof são as seguintes: ! Mercadorias desembaraçadas no canal verde; ! Redução de prazos; ! Simplificação do processo; ! Nacionalizações consolidadas; ! Suspensão de impostos; ! Redução do valor do inventário. SISTEMA RAER Ainda, segundo aquele documento, o regime aduaneiro especial para a indústria aeronáutica sob controle informatizado tem os seguintes objetivos principais: ! Redução da burocracia existente no desembaraço aduaneiro das mercadorias que são submetidas às operações de industrialização; ! Redução do ciclo com 100% das importações liberadas no canal verde; ! Redução dos custos através da suspensão tributária; ! Redução com as despesas de armazenagem; ! Vantagem competitiva para as empresas exportadoras; ! Redução do tempo de desembaraço de 4,5 dias para 5 horas; ! Possibilidade de venda de até 20% das importações no mercado interno, no estado em que foi importado; ! Exclusão tributária para perdas inevitáveis; ! Total isenção dos tributos para exportações; ! Elimina a burocracia do drawback; ! Redução do inventário e o material do Raer não fica segregado; ! Incentivo ao crescimento das exportações; ! Redução das atividades de desembaraço aduaneiro e seus custos; ! Maior giro dos estoques; ! Redução dos estoques em transito; ! Eliminação das licenças de importação na admissão quando comparado com o drawback. LOGÍSTICA INTERNACIONAL DA EMBRAER O Departamento de Logística Internacional da Embraer é denominado “GLM”. Esse departamento tem como objetivo principal planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo de materiais, e as informações relativas a esta atividade, desde o ponto de origem até o setor de recebimento da empresa com o propósito de atender os requisitos do cliente. As funções da GLM são: segundo WORKSHOP DE LOGÍSTICA (2001), ! Relação com órgãos públicos e alfândegas; ! Análise das leis aduaneiras; ! Interface com as áreas da empresa como: contabilidade, produção, planejamento, qualidade, administrativo, financeiro, fiscal, jurídico, expedição, recebimento e compras; ! Análise e definição das alternativas dos regimes de importação para novos programas; ! Implantação dos processos especiais informatizados junto aos órgãos públicos; ! Estudo das alternativas de logística, a fim de otimizar o processo logístico; ! Operações de importação como cadastro de invoices, autorização de embarque e interface com prestadores de serviço como despachantes, agentes transportadoras. EADI - ESTAÇÃO ADUANEIRA INTERIOR É um terminal privado alfandegado, de uso público instalado em zona secundária, onde se operam diversos regimes aduaneiros. As vantagens de ser utilizar o EADI são: ! Proximidade ao domicílio do importador/exportador; ! ICMS poderá ser diferido, reduzindo o desembolso financeiro no ato da nacionalização; ! Economia de custos financeiros pela suspensão temporária do pagamento de tributos até o momento efetivo da nacionalização; ! Tarifas de armazenagem e manuseio menores dos que as praticadas em zonas primárias (portos e aeroportos); ! Cobertura de seguro total das cargas armazenadas sob responsabilidade da EADI; ! Maior agilidade na liberação das mercadorias, se comparado aos processos de portos e aeroportos; ! Rápida desova e devolução de conteineres evitando custos extras de demurrage; ! Possibilidade de personalização das operações de forma a atender as necessidades específicas do perfil de cada cliente. As desvantagens de se utilizar o EADI são: ! “Handling” extra de mercadoria, por ocasião da remoção da carga da zona primária para a secundária; ! Custo extra de transporte de remoção da zona primária para a zona secundaria; ! Pagamento de capatazias, para a remoção das cargas nas zonas primárias; ! Aumento de 48 horas, aproximadamente, para o prazo de início do registro do processo, em função da remoção da carga, da zona primária para a zona secundária. HUB O HUB funciona como um grande centro consolidador no exterior, localizado sempre num ponto estratégico. As grandes vantagens desse sistema são: ! Redução de custos; ! Consolidação de frete; ! Consolidação de faturas; ! Redução do prazo; ! Mercadoria próxima Gateway; ! Redução do inventário; ! Embarque imediato 8.1. EMBRAER-170 A produção do mais recente avião da Embraer, o EMBRAER-170, está em ritmo final. O avião ganhou asas em agosto e acaba de entrar em um regime de ininterrupto de fornecimento dos parceiros. É necessário cumprir o cronograma e é nesse estágio que a montagem se beneficiará de inovações na gestão de materiais que resultarão em mudanças dramáticas nos custos de produção e de movimentação logística. Segundo o gerente de desenvolvimento de parceiros Enedir Soares, o conceito peça a peça foi substituído por kits formatados pelos fornecedores, conforme cada instalação de montagem que chegam no momento da utilização. Ele afirma que com a queda na movimentação de materiais nos estoques e o aumento de eficiência na linha de montagem faz com que diminua os custos logísticos e aumente as horas produtivas. 8.1.1. EMBRAER 170 E PARCEIROS Na produção do EMBRAER 170, a Embraer possui aproximadamente vinte parceiros de risco. Esses parceiros ajudam na produção do avião, assumindo o risco, de, por exemplo, os aviões não forem vendidos. Os parceiros mais importantes na produção da aeronave são: Latecoere, Gamesa, Kawasaki, Honeywell, Parker e C&D Aerospace. O objetivo da Embraer é que haja diminuição de estoques, com a proximidade de seus parceiros. Alguns parceiros que já estão localizados próximos da Embraer são eles: Pilkington, Sonaca, Kawasaki, Honeywell e C&D Aerospace. Ter os parceiros próximos da Embraer é um grande benefício, pois como dito anteriormente, a Embraer é responsável pela maioria das exportações do Brasil; porém tem um grande volume de importações ficando atrás apenas da Petrobras. Estoques Os PCC’s (Production Control Center) armazenam os itens na forma de Kits e há restrição de tamanho dos mesmos. A Embraer tem grande nível de estoque, seu ritmo de produção é acelerado e devido a maioria dos produtos serem importados, não é viável ter o sistema Just in Time. Todas as vezes que há importação de mercadorias, não há tanta agilidade de chegada do material e há um custo alto, por isso, a Embraer consolida embarques para reduzir custos e garantir a disponibilidade do material na linha de produção. Há um estoque na unidade de Eugênio de Melo e quando há a necessidade do item na linha de produção na unidade Faria Lima é enviado para o PCC. O sistema utilizado pela Embraer é o MRP, onde o comprador constata a necessidade de materiais na produção, a quantidade que tem no estoque e tem tempo suficiente para solicitar mercadoria para o fornecedor. 9. CONCLUSÃO Esse trabalho objetivou mostrar como as empresas devem administrar seus estoques. Essa preocupação busca reduzir custos e melhor atender osclientes. Na revisão da literatura, merecem destaque os temas MRP e JIT. O MRP se destaca pela sua eficiência na gestão de estoques, já o JIT é importante, pois permite agilidade no atendimento ao cliente, minimizando os custos de manter estoque. O estudo de caso da Embraer mostra que o nível de estoques é alto. A empresa utiliza os sistemas MRP e Kanbam para controle de estoques e planejamento da produção. A contribuição da autora está na análise crítica da literatura e na síntese dos pontos mais importantes. No caso da Embraer foram pesquisadas várias fontes e entrevistadas várias pessoas, procurando estabelecer paralelos com os aspectos teóricos. Como sugestão de continuidade, recomenda-se a análise mais detalhada dos estoques da Embraer, com ênfase para o sistema RAER, que depois de aprovado pela Receita Federal, trará grandes benefícios e contenção de custos. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU, Ronald H.. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki. São Paulo: Atlas, 1993. CAVANHA FILHO, Armando Oscar. Logística: novos modelos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada – Supply chain. São Paulo: Atlas, 1999. GIANESI, Irineu G. N., CORRÊA, Henrique L.. Just in time, MRPII e OPT – um enfoque estratégico. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1996. JUSTINO, José A.. MRPII Planejamento – Recursos e otimizando a Produção. Univap, 1996. SILVA, Moisés Pires da. Logística: Produção e Suprimento. Univap, 1993. DISNEY, S.M. Dynamic simulation modelling for learn logistics. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management. Vol. 27 Issue 3/4 p.174, 1997. 5.2.1.nullOBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 7.2. GESTÃO DE ESTOQUES 7.3. TÉCNICAS DE GESTÃO DE ESTOQUES LOGÍSTICA INTERNACIONAL DA EMBRAER O Departamento de Logística Internacional da Embraer é denominado “GLM”. Esse departamento tem como objetivo principal planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo de materiais, e as informações relativas a esta atividade, EADI - ESTAÇÃO ADUANEIRA INTERIOR 8.1. nullEMBRAER-170
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