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Manual de Avaliação Antropométrica 2

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ANTROPOMETRIA
A palavra antropometria é de origem grega e foi criada através dos termos anthro (corpo) e metria (medida), apresentando-se como a medida das variações das dimensões físicas corporais. Por meio dos indicadores antropométricos, é possível estudar e acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento, de acordo com a faixa etária e /ou sexo, avaliar a massa corporal total, a distribuição de gordura e a composição corporal, permitindo, assim, identificar indivíduos com problemas de saúde/ nutricionais e em risco de doenças. Além disso, a antropometria é importante no monitoramento do estado nutricional, sendo utilizada em pesquisas epidemiológicas e na prática clínica. As vantagens de sua aplicação são justificadas pelo uso de equipamentos de baixo custo e portáteis, por suas técnicas não invasivas, pela obtenção rápida dos resultados e fidedignidade do método. Ainda é possível utilizar os indicadores antropométricos para monitorar os efeitos das medidas de intervenção de saúde e nutrição e a influência dos fatores ambientais no estado nutricional, nos âmbitos individual e coletivo. Mesmo com todas essas vantagens, devemos considerar algumas situações em que os indicadores antropométricos tornam-se limitantes, pois não identificam carências nutricionais específicas, não permitem detectar alterações recentes na composição e distribuição corporal, dependem do estado de hidratação (casos em que há retenção de fluidos como edema, ascite e anasarca, além de organomegalias serem capazes de mascarar o peso e a perda de tecido gorduroso e/ou muscular). Outras questões a serem consideradas envolvem a capacidade limitada dos instrumentos para mensuração e a necessidade de profissionais treinados. Para realizar a avaliação antropométrica é necessário que as medidas corporais sejam associadas entre si e a parâmetros como sexo e idade, formando índices e indicadores que serão comparados e analisados de acordo com os padrões de referência e pontos de corte recomendados. Um dos problemas encontrados na avaliação nutricional antropométrica é a escassez de padrões de referência, especificamente para a população brasileira, sendo comumente utilizados estudos populacionais americanos e europeus.
 Para a avaliação antropométrica, utilizamos as medidas, os índices e indicadores: 
• Índices: combinações de uma ou mais medidas associadas ao sexo e/ou idade. 
• Indicadores: resultado da avaliação do índice e de medidas através do uso de referências e/ou padrões de normalidade.
Os indicadores são divididos em grupos que avaliam o crescimento e desenvolvimento, massa corporal total, composição corporal e distribuição da gordura corporal.
	O que avaliam:
	Índices
	Crescimento e desenvolvimento
	* P/I, A/I, P/A, CB/I, PC/PT
	Massa corporal total
	IMC/I, IMC
	Composição corporal
Tecido muscular
Tecido adiposo
	CMB, AMB, AMBc, CP AGB, PCT + PCSE, 4 pregas (PCT +PCB + PCSE + PCSI)
	Distribuição de gordura corporal
	RCEst, Ccx CC, RCQ, IC, DAS
	
* P – peso, I – idade, A – altura, CB – circunferência do braço, PC – perímetro cefálico, PT – perímetro torácico, IMC – índice de massa corporal, CMB – circunferência muscular do braço, AMB – área muscular do braço, AMBc – área muscular do braço corrigida, CP – circunferência da panturrilha, AGB – área de gordura do braço, PCT – prega cutânea tricipital, PCSE - prega cutânea subescapular, PCB - prega cutânea bicipital, PCSI – prega cutânea supra ilíaca, RCEest – Razão cintura estatura, Ccx – cintura coxa, CC – circunferência da cintura, RCQ – razão cintura quadril, IC – índice de conicidade, DAS – diâmetro abdominal sagital
A escolha dos indicadores apropriados para a avaliação do estado nutricional depende, principalmente, dos recursos disponíveis, da faixa etária, das condições de saúde do indivíduo, da validade do indicador e da operacionalização.
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO E O ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL
O que é estado nutricional?
No plano individual ou biológico, estado nutricional é o resultado do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o gasto energético do organismo para suprir as necessidades nutricionais. O estado nutricional pode ter três tipos de manifestação orgânica:
- Adequação Nutricional (Eutrofia): manifestação produzida pelo equilíbrio entre o consumo em relação às necessidades nutricionais. 
- Carência Nutricional: manifestações produzidas pela insuficiência quantitativa e/ou qualitativa do consumo de nutrientes em relação às necessidades nutricionais.
- Distúrbio Nutricional: manifestações produzidas pelo excesso e/ou desequilíbrio de consumo de nutrientes em relação às necessidades nutricionais.
Qual o método de escolha a ser usado na avaliação do estado nutricional em serviços de saúde?
Para a vigilância do estado nutricional é preconizado o método antropométrico. A antropometria é um método de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas e na composição corporal global. É aplicável em todas as fases do ciclo de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Esse método tem como vantagens ser barato, simples, de fácil aplicação e padronização, além de pouco invasivo.
Ademais, possibilita que os diagnósticos individuais sejam agrupados e analisados de modo a fornecer o diagnóstico de coletivo, permitindo conhecer o perfil nutricional de um determinado grupo. A antropometria, além de ser universalmente aceita, é apontada como sendo o melhor parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais.
AS FASES DO CICLO DE VIDA CONTEMPLADAS:
- Criança: menor de 10 anos de idade
- Adolescente: maior ou igual a 10 anos e menor que 20 anos de idade
- Adulto: maior ou igual a 20 anos e menor que 60 anos de idade
- Idoso: maior ou igual a 60 anos de idade
- Gestante: mulher com idade maior que 10 anos e menor que 60 anos de idade.
DADOS FUNDAMENTAIS A SEREM COLETADOS PARA A AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Dados de identificação:
- Data de nascimento (idade)
- Sexo
Dados antropométricos:
- Peso
- Altura
Com estes dados, é possível calcular os índices antropométricos ou nutricionais mais utilizados, lembrando que cada uma das fases do ciclo de vida possui referências e pontos de corte diferenciados.
ÍNDICES E INDICADORES
O índice é a combinação entre duas medidas antropométricas (por exemplo, peso e estatura) ou entre uma medida antropométrica e uma medida demográfica (por exemplo, peso-para-idade, estatura-para-idade). A importância do índice é a possibilidade de produzir uma avaliação mais rica e complexa do estado nutricional de crianças ou adultos a partir da integração de dados antropométricos e demográficos. Os índices antropométricos podem ser expressos em percentis ou em escores-z, como apresentado a seguir, ou até como percentuais da mediana. o termo indicador refere-se à aplicação dos índices. Corresponde à classificação que é atribuída a um indivíduo ou a uma população, saudável ou não, como resultado da aplicação de um valor crítico (ponto de corte) a um índice.
ÍNDICE E PONTO DE CORTE
O índice é o resultado da razão entre duas ou mais medidas/variáveis, o qual isoladamente, não fornece um diagnóstico. A importância do índice é a possibilidade de interpretar e agrupar medidas. 
Exemplo: Peso em relação à idade.
Para ser feito um diagnóstico antropométrico, é necessária a comparação dos valores encontrados na avaliação com os valores de referência ditos como “normais”, para identificar se existe alteração ou não. Os limites de normalidade são chamados de pontos de corte.
Os pontos de corte são, portanto, limites estabelecidos (inferiores e superiores) que delimitam, com clareza, o intervalo de normalidade.
O QUE É PADRÃO OU POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA?
É uma população cujas medidas foram aferidas em indivíduos sadios, vivendo em condições socioeconômicas, culturais e ambientais satisfatórias, tornando-se uma referência para comparações com outros grupos. Com a distribuiçãográfica das medidas de peso e altura de indivíduos normais, são construídas curvas de referência.
A Organização Mundial da Saúde - OMS e o Ministério da Saúde recomendam para as crianças a referência internacional do National Center for Health Statistics – NCHS (27), publicado em 1977.
PERCENTIL
Percentil é a medida estatística proveniente da divisão de uma série de observações em cem partes iguais, estando os dados ordenados do menor para o maior, em que cada ponto da divisão corresponde a um percentil.
Percentil é a forma de classificação adotada pelo Ministério da Saúde para uso em serviços de saúde, por meio do Cartão da Criança. As curvas de Peso/Idade adotadas no Cartão da Criança correspondem ao padrão do NCHS e são elas: percentil 0,1; percentil 3; percentil 10; percentil 97 (12).
COMO SÃO DEFINIDOS PERCENTIL E ESCORE-Z?
A avaliação nutricional de um indivíduo ou de um grupo populacional é realizada por meio de critérios estatísticos que expressam a classificação dos índices antropométricos. Percentil é um termo estatístico e refere-se à posição ocupada por determinada observação no interior de uma distribuição. Para obtê-lo, os valores da distribuição devem ser ordenados do menor para o maior; em seguida, a distribuição é dividida em 100 partes de modo que cada observação corresponda um percentil daquela distribuição. Como exemplo, aos 4 anos de idade, a mediana de estatura na população de referência, isto é, o percentil 50 (equivalente ao escore-z 0), é de 103,3 cm para meninos e 102,7 cm para meninas. Uma criança nessa idade com 100,5 cm estará no percentil 
25 (equivalente ao escore-z de -0,67) se forem do sexo masculino ou no percentil 30 (equivalente ao escore-z -0,52) se for do sexo feminino para o índice de estatura por idade. Escore-z é outro termo estatístico e quantifica a distância do valor observado em relação à mediana dessa medida ou ao valor que é considerado normal na população. Corresponde à diferença padronizada entre o valor aferido e a mediana dessa medida da população de referência e é calculado pela seguinte fórmula:
Escore-z = (valor observado) – (valor da mediana de referência)
Como exemplo, aos 3 anos de idade, a mediana de peso na população de referência, isto é, escore-z 0 (equivalente ao percentil 50), é de 14,3kg para meninos e 13,9kg para meninas. O cálculo do escore-z para uma criança nessa idade com peso de 15,1 kg indicará o valor de 0,43 escore-z (equivalente ao percentil 66) se for do sexo masculino ou 0,66 escore-z (equivalente ao percentil 75) se for do sexo feminino para o índice de peso por idade.
QUAL É A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE PERCENTIL E ESCORE-Z EM UMA CURVA NORMAL?
Para avaliação do estado nutricional, assume-se que as medidas antropométricas dos indivíduos seguem uma distribuição normal, ou seja, conforme a curva a seguir. Esta mostra a distribuição hipotética de uma população com crescimento saudável, a qual está dividida em vários intervalos (estratos). Calcula-se a proporção (prevalência) de indivíduos esperada em cada estrato, sempre considerando uma população saudável. Neste caso, a prevalência esperada de crianças com muito baixo peso, isto é, abaixo do percentil 0,1 ou do escore-z -3, é de apenas 0,13%. Se considerarmos o conjunto de crianças com baixo peso ou muito baixo peso, a prevalência esperada, isto é, abaixo do percentil 3 ou do escore-z -2 em uma população saudável, seria de apenas 2,3% das crianças nessa situação.
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS SEGUNDO DISTRIBUIÇÃO NORMAL
Assim, cada valor de escore-z apresenta um valor de percentil correspondente e por isso pode-seconverter um valor de escore-z em percentil ou um valor de percentil em escore-z, utilizando-se as fórmulas apropriadas. Assumem-se as equivalências entre percentis e escores-z conforme apresentado no quadro a seguir. Até o momento, o Ministério da Saúde adotava o uso do sistema percentil. Contudo, na próxima versão da Caderneta da Saúde da Criança, será incorporada a classificação do escore-z nos gráficos de avaliação do crescimento infantil. Todas as alterações nos instrumentos de vigilância nutricional serão devidamente acompanhadas de orientações específicas para cada caso.
RECOMENDAÇÃO DA OMS E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA OS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS ADOTADOS PELA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
	FASES DO CICLO DE VIDA
	ÍNDICES
	
	
	Crianças < 10 anos*
	Peso / Idade, Altura / Idade, Peso / Altura
	Adolescentes*
	IMC percentilar
	Adultos*
	IMC
	
	Relação Cintura – Quadril
	Idosos **
	IMC
	Gestantes***
	IMC por semana gestacional
** Fonte: Para o idoso: LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care, 21 (1): 55-67,1994.
*** Fonte: Para gestante: ATALAH, E. et al. Validation of a new chart for assessing the nutritional status during pregnancy. First draft, 1999. 
ATALAH E et al. Propuesta de un nuevo estándar de evaluación nutricional en embarazadas. Revista Médica de Chile, 125(12):1429-1436, 1997.
PARÂMETROS PRECONIZADOS PELA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISVAN PARA CADA FASE DO CICLO DE VIDA
CRIANÇAS (< 10 anos de idade)
O acompanhamento sistemático do crescimento e do desenvolvimento infantil é de grande importância, pois monitora e, assim, favorece as condições de saúde e nutrição da criança assistida.
Os índices antropométricos são utilizados como o principal critério desse acompanhamento. Essa indicação baseia-se no conhecimento de que a discrepância entre as necessidades fisiológicas e a ingestão de alimentos causam alterações físicas nos indivíduos, desde o sobrepeso e a obesidade até graves quadros de desnutrição.
O acompanhamento da saúde infantil é proposto pelo Ministério da Saúde segundo um calendário mínimo de consultas, para avaliar e acompanhar, de maneira sistemática, os processos de crescimento e desenvolvimento da criança. Nesta agenda, fica estabelecido quando e quantas vezes a criança deve ir ao serviço de saúde nos seus primeiros seis anos de vida.
CALENDÁRIO MÍNIMO DE CONSULTAS PARA ASSISTÊNCIA À CRIANÇA
	IDADE
	NÚMERO DE CONSULTAS
	DIAS
	MESES
	ANOS
	
	15
	1
	2
	4
	6
	9
	12
	18
	24
	3
	4
	5
	6
	1º ano - sete
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	2º ano - duas
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	
	
	
	3º ano - uma
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	4º ano - uma
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	5º ano - uma
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	6º ano - uma
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Série Caderno de Atenção Básica: nº 11: Saúde da Criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília, 2002.
O Cartão da Criança é, atualmente, o instrumento usado para orientar o monitoramento nutricional de crianças menores de 7 anos. Ele está disponível em duas versões: uma para meninos (verde) e uma para meninas (laranja) que, além da cor, diferem na curva de crescimento em virtude do desenvolvimento físico ser diferente para cada sexo. Toda criança menor de sete anos tem o direito de possuir um exemplar desse Cartão, que tem distribuição nacional, sendo entregue às mães na maternidade ou, se isto não ocorrer, quando estas forem a algum Estabelecimento Assistencial de Saúde - EAS. Cada criança deve possuir apenas um cartão, onde são anotadas e atualizadas as informações mais importantes sobre a história da sua saúde, como intercorrências, monitoramento do crescimento (por meio do gráfico peso/idade) e o controle das imunizações, desde o nascimento.
A mãe ou responsável deve ser muito bem orientada para compreender as informações contidas no Cartão da Criança, guardá-lo em boas condições e apresentá-lo em todos os contatos com profissionais e/ou serviços de saúde, pois ele tem caráter motivacional e educacional para a melhoria da saúde infantil, dentro da abordagem dos cuidados primários de saúde. 
A referência para o diagnóstico do estado nutricional de crianças menores de 7 anos na Vigilância Alimentare Nutricional - SISVAN é a curva de crescimento do Cartão da Criança, instrumento que auxilia na articulação de todas as ações de saúde e nutrição na infância. O gráfico da curva de crescimento segue a seguinte padronização:
• Variáveis: peso e idade
• Índice: Peso/Idade (P/I)
• Referência: NCHS (1977)
• Classificação: percentis (p)
• Pontos de corte: p0,1; p3; p10; p97
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS
Os dados de peso, altura, idade, entre outros, quando combinados tornam-se um índice.
Os índices nutricionais mais amplamente usados, recomendados pela Organização Mundial de Saúde - OMS e adotados pelo Ministério da Saúde para a avaliação do estado nutricional, são:
Peso por idade (P/I): Expressa a massa corporal para a idade cronológica. É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricional, contemplado no Cartão da Criança. Essa avaliação é muito adequada para o acompanhamento do crescimento infantil e reflete a situação global do indivíduo; porém, não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos.
 Altura por idade (A/I): Expressa o crescimento linear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população.
Peso por altura (P/A): Este índice dispensa a informação da idade; expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e altura. É sensível para o diagnóstico de excesso de peso, carecendo, porém, de medidas complementares para o diagnóstico preciso de sobrepeso e obesidade.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Para a avaliação e diagnóstico nutricional de crianças maiores de 7 e menores de 10 anos de idade a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN recomenda a utilização dos índices Altura/Idade e Peso/Altura, mantendo os mesmos pontos de corte já padronizados (p3; p10; e p97).
POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA ADOTADA PELA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISVAN:
A OMS define como metodologia de referência a amostragem representativa de indivíduos saudáveis de uma determinada população que vive em condições socioeconômicas estáveis. A referência recomendada pela OMS e adotada pelo Ministério da Saúde é do National Center for Health and Statistics - NCHS (27).
PONTOS DE CORTE:
O Ministério da Saúde preconiza como classificação do estado nutricional infantil o percentil, por entender que é a forma de mais fácil compreensão e utilização. Porém, também são utilizadas outras formas de classificação, tais como: desvio padrão, escore Z e percentuais da média.
Os pontos de corte estabelecidos pela Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN são os mesmos adotados pela Área Técnica da Saúde da Criança do Ministério da Saúde: percentis 0,1; 3; 10 e 97.
Pontos de corte (P/I) estabelecidos para crianças menores de 7 anos:
	PERCENTIL
	DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
	< Percentil 0,1
	Peso Muito Baixo para a Idade
	≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3
	Peso Baixo para a Idade
	≥ Percentil 3 e < Percentil 10
	Risco Nutricional
	≥ Percentil 10 e < Percentil 97
	Adequado ou Eutrófico
	≥ Percentil 97
	Risco de Sobrepeso
Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. WHO
Technical Report Series n. 854. Geneva: WHO, 1995 e MINISTÉRIO DA SAÚDE. Série Caderno de Atenção Básica: nº 11: Saúde da Criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília, 2002.
PADRONIZAÇÃO PARA A IDADE
As informações disponíveis na referência do NCHS são em meses. A regra de aproximação que deve ser seguida para as idades não exatas são: 
- Fração de idade até 15 dias: aproxima-se a idade para baixo, isto é, para o mês já Completado.
- Fração de idade igual ou superior a 16 dias: aproxima-se a idade para cima, ou seja, para o mês a ser completado.
Exemplo: Maria nasceu em 25/09/1999, Helena em 28/06/1998 e Marcelo em 03/04/1996. Eles foram a um Estabelecimento Assistencial de Saúde - EAS para uma consulta de rotina no dia 10/08/2000.
PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DA CRIANÇA:
1º PASSO: Calcular a idade em meses, fazendo as aproximações necessárias. 
2º PASSO: Pesar a criança usando a técnica e os instrumentos adequados.
3º PASSO: Anotar os dados nas fi chas da Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN
4º PASSO: Marcar no gráfico de crescimento do Cartão da Criança, o ponto de interseção entre a idade e o peso da criança para os menores de 7 anos.
5º PASSO: Fazer o diagnóstico nutricional por meio do percentil.
6º PASSO: Verificar a inclinação da curva de crescimento para complementar o diagnóstico nutricional.
7º PASSO: Compartilhar com a mãe/responsável o diagnóstico nutricional da criança.
8º PASSO: Fazer a intervenção adequada, para cada situação.
9º PASSO: Realizar ações de promoção da saúde. Valorizar o diagnóstico nutricional é ter atitude de vigilância.
RESSALTA-SE QUE:
As ações básicas de saúde da criança, sobretudo o monitoramento do crescimento e do desenvolvimento, devem ser desenvolvidas em conjunto com a vigilância nutricional. Para a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN, essa conjugação é fundamental para a atitude de vigilância. Com isso, será possível melhorar a eficiência das ações de promoção da saúde e de prevenção dos problemas nutricionais.
DADOS COMPLEMENTARES RECOMENDADOS PELA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISVAN
Com o objetivo de complementar o diagnóstico nutricional do indivíduo, outros dados são também recomendados pelo SISVAN. São eles: 
PESO AO NASCER:
É o primeiro diagnóstico nutricional, feito imediatamente após o nascimento. Esse peso reflete os problemas nutricionais ocorridos durante a gestação. A classificação usada é:
Peso adequado: ≥ 2.500 g
Baixo peso ao nascer (BPN): < 2.500 g
Muito baixo peso ao nascer: < 1.500 g
CURVAS DE CRESCIMENTO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS
    As curvas de crescimento constituem um importante instrumento técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento de todas as crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, independente da origem étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação. Desnutrição, sobrepeso, obesidade e condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança podem ser detectadas e encaminhadas precocemente.
    As curvas da OMS adaptam-se bem ao padrão de crescimento das crianças e adolescentes e aos pontos de corte de sobrepeso e obesidade recomendados para os adultos. Dessa forma, a referência da OMS preenche a lacuna antes existente nas curvas de crescimento e correspondem à referência adequada para a avaliação nutricional das crianças e adolescentes do nascimento aos 19 anos, razão esta que fez este Ministério adotar essa referência para o Brasil.
CURVAS DE CRESCIMENTO – CRIANÇAS (0 – 5 ANOS)
CURVAS DE CRESCIMENTO – CRIANÇAS (5 – 19 ANOS)
ADOLESCENTE (≥ 10 ANOS E < 20 ANOS DE IDADE)
Nos procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de adolescentes, a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN utiliza o critério de classificação percentilar do Índice de Massa Corporal - IMC segundo idade e sexo do padrão de referência National Health and Nutrition Examination Survey - NHANES II (37). O IMC é recomendado internacionalmente para diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais na adolescência.
A classificação do IMC deve ser realizada segundo uma curva de distribuição em percentis por sexo e idade. Como ressalva, tem-se que a falta deum padrão nacional é um problema, dadas as diversidades e a influência de fatores genéticos e ambientais na puberdade. O Brasil não dispõe de um padrão de referência, e, por esta razão, o SISVAN adotou a população de referência acima citada. A seguir, estão apresentadas as tabelas de percentil de IMC por idade, para adolescentes do sexo feminino e masculino com idade maior ou igual a 10 e menor de 20 anos, que serão utilizadas pelo SISVAN.
Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)
 Altura² (m)
PONTOS DE CORTE ESTABELECIDOS PARA ADOLESCENTES:
	PERCENTIL DO IMC
	DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
	
	
	< Percentil 5
	Baixo Peso
	≥ Percentil 5 e < Percentil 85
	Adequado ou Eutrófico
	≥ Percentil 85
	Sobrepeso
Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. WHO Technical Report Series n. 854. Geneva: WHO, 1995.
PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DO ADOLESCENTE:
1º PASSO: Avaliar o adolescente, considerando sua idade em anos e seu sexo.
2º PASSO: Aferir a estatura e o peso do adolescente, utilizando as técnicas adequadas.
3º PASSO: Anotar os dados nas fichas da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN.
4º PASSO: Fazer o diagnóstico nutricional por meio das tabelas de percentil de IMC por idade e sexo.
5º PASSO: Fazer a intervenção adequada, para cada situação.
6º PASSO: Realizar ações de promoção da saúde. Valorizar o diagnóstico nutricional é ter atitude de vigilância.
ANTROPOMETRIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
PARA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS (OMS, 2006)
Avaliação do estado nutricional de crianças de 0 a 5 anos segundo indicador de peso para idade:
* Observação para relatório: Este não é o índice antropométrico mais recomendado para a avaliação do excesso de peso entre crianças. Avalie esta situação pela interpretação dos índices de peso-para- estatura ou IMC-para-idade.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS SEGUNDO INDICADOR ESTATURA PARA IDADE
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Muito baixo peso para idade
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Baixa estatura para idade
	≥ Percentil 3
	≥ Escore-z -2
	Estatura adequada para idade
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS SEGUNDO INDICADOR PESO PARA ESTATURA
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Magreza acentuada
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Magreza
	> Percentil 3 e < Percentil 85
	> Escore-z -2 e < Escore-z + 2
	Peso adequado ou eutrófico
	> Percentil 85 e < Percentil 97
	> Escore-z +1 e < Escore-z + 2
	Risco de sobrepeso
	> Percentil 97 e < Percentil 99,9
	> Escore-z + 2 e < Escore-z + 3
	Sobrepeso
	> Percentil 99,9
	> Escore-z +3
	Obesidade
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS SEGUNDO INDICADOR IMC PARA IDADE
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Magreza acentuada
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Magreza
	> Percentil 3 e < Percentil 85
	> Escore-z -2 e < Escore-z + 2
	Peso adequado ou eutrófico
	> Percentil 85 e < Percentil 97
	> Escore-z +1 e < Escore-z + 2
	Risco de sobrepeso
	> Percentil 97 e < Percentil 99,9
	> Escore-z +2 e < Escore-z +3
	Sobrepeso
	> Percentil 99,9
	> Escore-z +3
	Obesidade
PARA CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS (OMS, 2007)
Avaliação do estado nutricional de crianças de 5 a 10 anos segundo indicador peso para idade:
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Muito baixo peso para idade
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Peso baixo para idade
	≥ Percentil 3 e < Percentil 97
	> Escore-z -2 e < Escore-z +2
	Peso adequado ou eutrófico
	≥ Percentil 97
	≥ Escore-z +2
	Peso elevado para idade
* Observação para relatório: Este não é o índice antropométrico mais recomendado para a avaliação do excesso de peso entre crianças. Avalie esta situação pela interpretação dos índices de peso-para-estatura ou IMC-para-idade.
Avaliação do estado nutricional de crianças de 5 a 10 anos segundo indicador estatura para idade:
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Muito baixo peso para idade
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Baixa estatura para idade
	≥ Percentil 3
	≥ Escore-z -2
	Estatura adequada para idade
Avaliação do estado nutricional de crianças de 5 a 10 anos segundo indicador IMC para idade.
	Pontos de Corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Magreza acentuada
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Magreza
	> Percentil 3 e < Percentil 85
	> Escore-z -2 e < Escore-z +2
	Peso adequado ou Eutrófico
	> Percentil 85 e < Percentil 97
	> Escore-z +1 e < Escore-z +2
	Sobrepeso
	> Percentil 97 e < Percentil 99,9
	> Escore-z +2 e < Escore-z +3
	Obesidade
	> Percentil 99,9
	> Escore-z +3
	Obesidade grave
OBS: Não há parâmetros de peso para estatura na referência da OMS (2007) nesta faixa etária.
PARA ADOLESCENTES DE 10 A 19 ANOS (OMS, 2007)
Avaliação do estado nutricional de crianças de 10 a 19 anos segundo indicador estatura para idade:
	Pontos de corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Muito baixo peso para idade
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Baixa estatura para idade
	≥ Percentil 3
	≥ Escore-z -2
	Estatura adequada para idade
Avaliação do estado nutricional de crianças de 10 a 19 anos segundo indicador IMC para idade:
	Pontos de Corte
	Diagnóstico nutricional
	< Percentil 0,1
	< Escore-z -3
	Magreza acentuada
	> Percentil 0,1 e < Percentil 3
	> Escore-z -3 e < Escore-z -2
	Magreza
	> Percentil 3 e < Percentil 85
	> Escore-z -2 e < Escore-z +2
	Peso adequado ou Eutrófico
	> Percentil 85 e < Percentil 97
	> Escore-z +1 e < Escore-z +2
	Sobrepeso
	> Percentil 97 e < Percentil 99,9
	> Escore-z +2 e < Escore-z +3
	Obesidade
	> Percentil 99,9
	> Escore-z +3
	Obesidade grave
ADULTO (≥ 20 e < 60 anos de idade)
Nos procedimentos de diagnóstico nutricional de adultos, a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN utiliza a classificação do Índice de Massa Corporal - IMC, recomendada pela Organização Mundial de Saúde - OMS (38).
As vantagens de se usar esse método para avaliação nutricional de adultos são: facilidade de obtenção e padronização das medidas de peso e altura dispensa a informação da idade para o cálculo, possui alta correlação com a massa corporal e indicadores de composição corporal e não necessita de comparação com curvas de referência. Outra característica a ser ressaltado é a sua capacidade de predição de riscos de morbi-mortalidade, especialmente em seus limites extremos.
Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)
 Altura² (m)
Pontos de corte estabelecidos para Adultos:
Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION . Obesity: Preventing and managing the global epidemic – Report of a
WHO consultation on obesity. Geneva, 1998.
Outro parâmetro que poderá ser utilizado para adultos na Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN, com objetivo de complementar o diagnóstico nutricional, é a relação cintura/quadril - RCQ. Este indicador afere a localização da gordura corporal. Em adultos, o padrão de distribuição do tecido adiposo tem relação direta com o risco de morbi-mortalidade.
Parâmetros:
Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: Preventing and managing the global epidemic – Report of a WHO consultation on obesity. Geneva, 1998.
PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DO ADULTO:
1º PASSO: Pesar a cada consulta e medir a estatura na primeira consulta,repetindo esta medida anualmente, utilizando as técnicas adequadas.
2º PASSO: Calcular o IMC e fazer o diagnóstico nutricional segundo os pontos de corte estipulados para a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN.
3º PASSO: Anotar os dados nas fichas do SISVAN.
4º PASSO: Fazer a intervenção adequada, para cada situação.
5º PASSO: Realizar ações de promoção da saúde. Valorizar o diagnóstico nutricional é ter atitude de vigilância.
IDOSO (≥ 60 ANOS)
A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos. É um método simples e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e incapacidade funcional, podendo ser usada como triagem inicial, tanto para diagnóstico quanto para o monitoramento de doenças.
Nos procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de idosos, a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN utilizará como critério prioritário o sistema de classificação do Índice de Massa Corporal - IMC, recomendado pela Organização Mundial de Saúde - OMS, considerando os pontos de corte diferentes daqueles utilizados para adultos. Essa diferença deve-se às alterações fisiológicas nos idosos:
O declínio da altura é observado com o avançar da idade. Isso ocorre em decorrência da compressão vertebral, mudanças nos discos intervertebrais, perda do tônus muscular e alterações posturais; - o peso pode diminuir com a idade, porém, com variações segundo sexo. Essa diminuição está relacionada à redução do conteúdo da água corporal e da massa muscular, sendo mais evidente no sexo masculino;
Alterações ósseas em decorrência da osteoporose;
Mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo subcutâneo.
Redução da massa muscular devida à sua transformação em gordura Intramuscular, o que leva a alteração na elasticidade e na capacidade de compressão dos tecidos.
Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)
 Altura² (m)
PONTOS DE CORTE ESTABELECIDOS PARA IDOSOS:
Fonte: LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care, 21 (1): 55-67, 1994.
PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DO IDOSO:
1º PASSO: Pesar a cada consulta e medir a estatura na primeira consulta, repetindo este procedimento anualmente, utilizando as técnicas adequadas.
2º PASSO: Calcular o IMC e fazer o diagnóstico nutricional segundo os pontos de corte estipulados para a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN.
3º PASSO: Anotar os dados nas fichas do SISVAN.
4º PASSO: Fazer intervenção adequada, para cada situação.
5º PASSO: Realizar ações de promoção da saúde. Valorizar o diagnóstico nutricional é ter atitude de vigilância.
GESTANTES
A diferença da avaliação do estado nutricional da gestante em relação a outros períodos do curso da vida é que se pretende caracterizar as condições nutricionais da mulher e, indiretamente, o crescimento do feto (WHO, 1995). O diagnóstico e o acompanhamento da situação nutricional da gestante correspondem a uma parte essencial dos procedimentos básicos da atenção pré-natal (BRASIL, 2006). Para avaliar o estado nutricional da gestante, é necessária que na primeira consulta seja realizada a aferição do peso e da estatura da mulher, além do cálculo da semana gestacional. Com esses dados, será determinado o estado nutricional da gestante, tendo como critério prioritário a classificação do IMC por semana gestacional. Destaca-se que o ponto de corte para classificação de baixo peso materno difere do adotado para adultos, sendo essa diferença atribuída aos cuidados necessários para minimizar os riscos de retardo de crescimento intra-uterino, baixo peso ao nascer, prematuridade e outras possíveis complicações maternas e neonatais (WHO, 1995). Na primeira consulta de pré-natal, a avaliação nutricional da gestante, com base em seu peso e sua estatura, permite conhecer seu estado nutricional atual e subsidiar a previsão do ganho de peso até o final da gestação. O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-natal. A estatura da gestante adulta pode ser aferida apenas na primeira consulta e a da gestante adolescente pelo menos trimestralmente. Outra variável muito importante para a avaliação da gestante refere-se à data da última menstruação (DUM). A partir desse valor, é determinada a semana gestacional e com isso é possível avaliar o ganho de peso alcançado e recomendado para a gravidez. A DUM normalmente deve ser do conhecimento da gestante, mas também pode ser obtida a partir de exames realizados durante a gravidez. Caso não haja uma fonte confiável dessa informação, deve-se estimar a data, a partir do último mês de menstruação da gestante. A avaliação do estado nutricional deve ser feita conforme descrito a seguir:
1º Calcule o IMC da gestante:
Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)
 Altura² (m)
2º Calcule a semana gestacional:
Atenção: Quando necessário, arredonde a semana gestacional da seguinte forma: 1, 2, 3 dias – considere o número de semanas completas e 4, 5, 6 dias – considere a semana seguinte. 
Exemplo: Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas
 Gestante com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas
3º Realize o diagnóstico nutricional:
Localize na primeira coluna do quadro a seguir a semana gestacional calculada e identifique, nas colunas seguintes, a classificação do estado nutricional da gestante, a partir de IMC calculado.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da Gestante seja o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional ou o IMC pré-gestacional referido (limite máximo são 2 meses antes). Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª semana gestacional.
Em seguida, classifique o estado nutricional da gestante segundo IMC por semana gestacional da seguinte forma:
Baixo Peso (BP): quando o valor do IMC calculado for menor ou igual aos valores correspondentes à coluna do estado nutricional de baixo peso. Adequado (A): quando o IMC calculado estiver compreendido na faixa de valores respondentes à coluna do estado nutricional adequado.
Sobrepeso (S): quando o IMC calculado estiver compreendido na faixa de valores correspondentes à coluna do estado nutricional de sobrepeso.
Obesidade (O): quando o valor do IMC for maior ou igual aos valores correspondentes à coluna do estado nutricional de obesidade.
Avaliação do estado nutricional da gestante segundo Índice de Massa Corporal por semana gestacional
Estime a recomendação do ganho de peso para gestantes:
Em função do estado nutricional pré-gestacional, estime o ganho de peso total recomendado até o final da gestação, conforme o quadro a seguir. Para cada situação nutricional inicial (estado nutricional pré-gestacional determinado como baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade), há uma faixa de ganho de peso recomendada. Para o 1º trimestre, o ganho de peso foi agrupado para todo período, enquanto que, para o 2º e o 3º trimestres, é previsto por semana. Portanto, já na primeira consulta, deve-se estimar quantos gramas a gestante deverá ganhar no 1º trimestre, assim como o ganho por semana até o final da gestação. Esta informação deve ser fornecida à gestante. Observe que cada gestante deverá ter ganho de peso de acordo com seu IMC pré-gestacional. Para a previsão do ganho de peso total, isto é, durante todo o período de gestação, faz-se necessário calcular quanto peso a gestante já ganhou e quanto ainda falta até o final da gestação em função da avaliação clínica.
Gestantes de baixo peso pré-gestacional (BP) deverão ganhar entre 12,5 e 18,0 kg durante toda a gestação, sendo este ganho, em média, de 2,3 kg no primeiro trimestre da gestação (até a 14ª semana) e de 0,5 kg por semana no 2º e 3º trimestres de gestação. Essa variabilidade de ganho recomendado deve-se ao entendimento de quegestantes com BP acentuado, ou seja, aquelas muito distantes da faixa de normalidade, devem ganhar mais peso (até 18 kg) do que aquelas situadas em área próxima à faixa de normalidade, cujo ganho deve situar-se em torno de 12,5 kg. Da mesma forma, gestantes com IMC pré-gestacional adequado devem ganhar, ao final da gestação, entre 11,5 e 16,0 kg. Aquelas com sobrepeso devem acumular entre 7,0 e 11,5 kg e as obesas devem apresentar ganho em torno de 7,0 kg, com recomendação de 0,3 kg por semana no segundo e no terceiro trimestres de gestação.
CONSULTAS SUBSEQÜENTES
Nas consultas subsequentes, a avaliação nutricional deve repetir os procedimentos descritos anteriormente. A avaliação continuada permite acompanhar a evolução do ganho de peso durante a gestação e examinar se este ganho está adequado em função do estado nutricional da gestante no início da gravidez. Esta análise pode ser feita com base em dois instrumentos: o quadro que indica qual é a faixa de ganho de peso recomendado segundo o estado nutricional da gestante no início do pré-natal; e o Gráfico no qual se acompanha a curva de Índice de Massa Corporal (IMC), segundo semana gestacional, identificando se a inclinação do traçado é ascendente, horizontal ou descendente. Realize o acompanhamento do estado nutricional utilizando o Gráfico de IMC por semana gestacional. Este é composto por um eixo horizontal com os valores de semana gestacional e por um eixo vertical com os valores de IMC (peso (kg)/altura² (m)). O gráfico apresenta o desenho de três inclinações possíveis, que delimitam as quatro categorias do estado nutricional: Baixo Peso (BP), Adequado (A), Sobrepeso (S) e Obesidade (O). 
A inclinação para o traçado da curva irá variar de acordo com o estado nutricional inicial da gestante, conforme o quadro a seguir:
GRÁFICO DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL SEGUNDO SEMANA DE GESTAÇÃO
O Cartão da Gestante é o instrumento usado para registrar os principais dados de acompanhamento da gravidez, os quais são importantes para a referência e contra-referência. Este deverá ficar sempre com a gestante. Na versão de 2006, há espaços disponíveis para o registro do peso e do IMC observado em cada consulta, além do gráfico para marcação e acompanhamento do estado nutricional da gestante. É de extrema relevância o registro do estado nutricional tanto na ficha do SISVAN e em prontuários de atendimento como no Cartão da Gestante. A avaliação do estado nutricional é capaz de fornecer informações essenciais para a prevenção e o controle de agravos à saúde e nutrição. Contudo, vale ressaltar a importância da realização de outros procedimentos complementares ao diagnóstico nutricional ou que podem alterar a interpretação deste, conforme a necessidade de cada gestante. Assim, destacam-se a avaliação clínica para detecção de doenças associadas à nutrição (ex: diabetes), a observação da presença de edema, que acarreta aumento de peso e prejudica o diagnóstico do estado nutricional, e a avaliação laboratorial para diagnóstico de anemia e de outras doenças de interesse clínico na gravidez.
Gestante Adolescente: Deve-se observar que a classificação do estado nutricional na gestação aqui proposta não é específica para gestantes adolescentes, devido ao crescimento e maturidade biológica presentes nesta fase do curso de vida. No entanto, esta classificação pode ser usada desde que a interpretação dos resultados seja flexível e se considere a especificidade deste grupo. Para adolescentes que engravidaram dois ou mais anos após a menarca (em geral, maiores de 15 anos), a interpretação dos dados é equivalente a das adultas. Para as que engravidaram com menos de dois anos após a menarca, é provável que muitas sejam classificadas como de baixo peso. Estas devem ter sua altura mensurada em todas as consultas, pois se encontram ainda em fase de crescimento. Também nestes casos, o mais importante é acompanhar o traçado da curva de IMC por semana gestacional, que deverá ser ascendente ao longo das consultas. Deve-se tratar a gestante adolescente como de risco nutricional, reforçar a abordagem nutricional e aumentar o número de visitas aos EAS .
EM RESUMO, OS PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DA GESTANTE SÃO:
1º PASSO: Realizar as medidas antropométricas. Pesar a cada consulta e medir a altura na primeira consulta. No caso de gestantes adolescentes, a avaliação da altura deve ser realizada, no mínimo, a cada trimestre. Calcular: o IMC da gestante.
2º PASSO: Calcular a semana gestacional da mulher grávida.
3º PASSO: Localizar, no eixo horizontal, a semana gestacional calculada e identificar, no eixo vertical, o IMC da gestante.
4º PASSO: Marcar um ponto na interseção dos valores de IMC e da semana gestacional.
5º PASSO: Classificar o estado nutricional da gestante segundo IMC por semana gestacional, conforme legenda do gráfico: BP, A, S, O. No caso de gestantes adolescentes, ver as observações contidas no quadro apresentado anteriormente.
6º PASSO: Estimar a recomendação do ganho de peso para a gestante.
7º PASSO: A partir da 2ª consulta ligar os pontos obtidos e observar o traçado resultante. A marcação de dois ou mais pontos no gráfico (primeira consulta e subsequentes) possibilita construir o traçado da curva por semana gestacional.
Considere: 
- traçado ascendente: ganho de peso adequado;
- traçado horizontal ou descendente: ganho de peso inadequado (gestante de risco).
PESO 
O peso é a soma de todos os componentes corpóreos, aferido em balanças ou estimado a partir das equações de Chumlea e Baumgartner (1985). O significado desta medida sofre variação de acordo com o contexto em que é avaliado.
O peso expressa a dimensão da massa ou volume corporal, sendo considerado o somatório de células do corpo, tecidos de sustentação, órgãos, músculos e água.
A mensuração do peso é feito através de uma balança calibrada, preferencialmente por um avaliador treinado, pela manhã, em jejum e com a bexiga vazia, utilizando o mínimo de roupa com o paciente permanecendo estático em pé ou deitado Algumas definições de peso são importantes para a anamnese nutrológica, a citar:
Peso atual: é aquele medido no momento da avaliação, sendo determinado em balanças;
Peso habitual (usual): é definido como aquele "normal" que o indivíduo apresenta, quando considerado hígido e exercendo suas atividades usuais. Em geral, é obtido recorrendo-­‐se à memória do paciente: “qual o seu peso antes de adoecer?”
Peso ideal: são valores subjetivos ideais de peso, de acordo com a estrutura, gênero e idade. Por sua vez, podem ser subdivididos em:
Peso ideal mínimo = (altura)2 X 19 para mulheres e x 20 para homens;
Peso ideal médio = (altura)2 x 21,5 para mulheres e x 22,5 para homens;
Peso ideal máximo = (altura)2 x 24 para mulheres e x 25 para homens.
De todos os dados utilizados para a avaliação do estado nutricional, aquele com maior acurácia é o percentual de peso perdido não intencionalmente, calculado da seguinte forma:
 (???????? ?????????? − ???????? ??????????) ?? 100
% ???????? ?????????????? =	 ???????? ??????????
Relacionando o % de peso perdido e o tempo com o que ocorreu podemos classifica-‐lo como perda ponderal significativa, de acordo com a tabela 1. Toda perda ponderal significativa deve ter sua etiologia investigada e algum tipo de terapia nutrológica instituído. 
 Tabela 1: Perda de peso significativa em relação ao tempo
	Tempo
	Perda significativa de peso (%)
	Perda grave de peso (%)
	1 semana
	1 a 2
	> 2
	1 mês
	5
	> 5
	3 meses
	7,5
	> 7,5
	6 meses
	10
	> 10
Blackburn, G.L. & Bistrian, B.R., 1977
Peso ajustado, que se trata de correção do peso quando este for inferior a 95% ou superior a 115%. O peso ajustado é calculado da seguinte forma:
Peso ajustado = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso ideal
ANTROPOMETRIA ADULTOS E IDOSOS:
PORCENTAGEM DE ADEQUAÇÃO DO PESO
Adequação do peso (%) = peso atual x 100peso ideal
PORCENTAGEM DE ADEQUAÇÃO DO PESO:
Adequação do peso (%) = peso atual x 100
 peso ideal
Classificação do estado nutricional segundo adequação do peso:
	Adequação do peso
	(%) Estado nutricional
	≤ 70
	Desnutrição grave
	70,1 a 80
	Desnutrição moderada
	80,1 a 90
	Desnutrição leve
	90,1 a 110
	Eutrofia
	110,1 a 120
	Sobrepeso
PORCENTAGEM DE MUDANÇA DO PESO:
Perda de peso (%) = (peso usual – peso atual) x 100
 peso usual
Significado da perda de peso em relação ao tempo:	
 
	Tempo
	Perda significativa (%)
	Perda grave (%)
	1 semana
	1 a 2
	>2
	1 mês
	5
	>5
	3 meses
	7,5
	>7,5
	6 meses
	10
	>10
Fonte: BLACKBURN et al., 1977.
PESO AJUSTADO:
Peso ajustado (obesidade: IMC > 30kg/m2) = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso ideal
Peso ajustado (desnutrição: IMC < 18Kg/m²) = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual
PESO ESTIMADO:
Peso (Homem) = (0,98 x CPA) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69
Peso (Mulher) = (1,27 x CPA) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35
*CPA: circunferência da panturrilha (cm)
*AJ: altura do joelho (cm)
*CB: circunferência do braço (cm)
*DSE: dobra cutânea subescapular (mm) 
*Fonte: CHUMLEA et al., 1988.
18 A 60 ANOS:
Peso (branco/homem) = (AJ x 1,19) + (CB x 3,21) – 86,82
Peso (negro/homem) = (AJ x 1,09) + (CB x 3,14) – 83,72
Peso (branco/mulher) = (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 60,04
Peso (negro/mulher) = (AJ x 1,24) + (CB x 2,97) – 82,48
IDOSOS:
Peso (branco/homem) = (AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81
Peso (negro/homem) = (AJ x 0,44) + (CB x 2,86) – 39,21
Peso (branco/mulher) = (AJ x 1,09) + (CB x 2,68) – 65,51
Peso (negro/mulher) = (AJ x 1,50) + (CB x 2,58) – 84,22
*AJ: altura do joelho (cm)
*CB: circunferência do braço (cm) 
*Fonte: CHUMLEA et al., 1988
PESO ESTIMADO PARA AMPUTADOS:
P pós amputação corrigido = P pré amp/ 100% - % amp) x 100 
Altura pós amputa. = (A antes da amp)2 x (100% – % amp)
 100
Obs.: Utilizar somente quando houver comprometimento da altura (A).
IMC pós-amputação = P pós amputação
 (A pós-amputação)²
PORCENTAGENS DES CONSIDERADAS PARA O CÁLCULO DO PES O EM AMPUTAÇÕES
	Membro amputado
	Proporção de peso (%) *
	Mão
	0,8
	Antebraço
	2,3
	Braço até o ombro
	6,6
	Pé
	1,7
	Perna abaixo do joelho
	7
	Perna acima do joelho
	11
	Perna inteira
	18,6
* Para amputações bilaterais, as % dobram. Fonte: MARTINS; RIELLA, 2000.
PESO ESTIMADO PARA PACIENTES EDEMACIADOS
Peso = peso atual – peso resultante do edema
ESTIMATIVA DE PES O DE EDEMA:
	Grau de Edema
	Peso a ser subtraído
	+
	tornozelo
	1 Kg
	++
	joelho
	3 a 4Kg
	+++
	raiz de coxa
	5 a 6Kg
	++++
	anasarca
	10 a 12Kg
Fonte: DUARTE; CASTELLANI, 2002
ESTIMATIVA DE PESO DE ASCITE E EDEMA:
	Grau da ascite/edema
	Peso ascítico (kg)
	Edema periférico (kg)
	Leve
	2,2
	1
	Moderado
	6
	5
	Grave
	14
	10
PESO IDEAL SEGUNDO COMPLEIÇÃO ÓSSEA:
Compleição = altura (cm)
circ. punho (cm)
COMPLEIÇÃO ÓSSEA SEGUNDO SEXO:
	Compleição
	Pequena
	Média
	Grande
	Homem
	> 10,4
	9,6 a 10,4
	< 9,6
	Mulher
	> 10,9
	9,4 a 10,9
	< 9,4
*Consultar peso ideal na tabela de referência adaptada do Metropolitan Life Ensurance.
ESTATURA
Para avaliar o estado nutricional, a estatura pode ser utilizada em ssociação com o peso, ao compor o IMC ou o índice peso /altura (P/A). Pode ser aferida diretamente pelo estadiômetro ou estimada através de fórmulas, da estatura recumbente ou envergadura dos braços, utilizando a fita inelástica ou régua antropométrica. No caso de crianças de até dois anos de idade, utiliza-se o infantômetro ou a régua antropométrica.
ALTURA ESTIMADA
Altura estimada = envergadura total
 Altura estimada = semi-envergadura x 2 
Fonte: KWOK; WRITELOW, 1991.
18 A 60 ANOS:
Altura (branco/homem) = 71,85 + (1,88 x AJ) 
Altura (negro/homem) = 73,42 + (1,79 x AJ)
Altura (branco/mulher) = 70,25 + (1,87 x AJ) – (0,06 x idd) 
Altura (negro/mulher) = 68,10 + (1,87 x AJ) – (0,06 x Idd)
IDOSOS:
Altura (homem) = 64,19 + (2,04 x AJ) – (0,04 x idd) 
Altura (mulher) = 84,88 + (1,83 x AJ) – (0,24 x idd) 
*AJ: altura do joelho (cm)
*idd: idade (anos)
Fonte: CHUMLEA; ROCHE; STEINBAUGH, 1985.
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL – IMC
O IMC é um indicador de avaliação da massa corporal total do indivíduo em relação à altura. É um indicador simples, rápido e fácil de ser aplicado, sendo muito utilizado em pesquisas epidemiológicas e na prática clínica. Tem uma alta correlação com a gordura corporal, ou seja, quanto maior o IMC, maior a probabilidade do indivíduo de ser obeso. Porém, nem todo IMC elevado indica excesso de gordura corporal, visto que este índice não avalia separadamente os compartimentos corporais. O uso do IMC é limitado na avaliação de indivíduos atletas, por exemplo, que podem apresentar excesso de peso, em virtude da massa muscular hipertrofiada. Além disso, o IMC tem boa correlação com dados de morbimortalidade. Os estudos realizados revelam que valores de IMC abaixo da normalidade predispõem o indivíduo a doenças associadas à desnutrição, como as pulmonares e infecciosas, enquanto que valores elevados relacionam-se com aquelas associadas à obesidade, como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s).
Quanto às limitações, este índice não avalia separadamente os compartimentos corporais ou a distribuição de gordura corporal. Tem correlação com a estatura, apesar de baixa, não sendo aconselhada sua utilização para avaliação de indivíduos muito baixos ou muito altos, bem como para aqueles com desproporcionalidade corporal (troncos grandes, pernas curtas). Dessa forma, para um diagnóstico e conduta nutricional adequado, é necessário que o IMC seja associado a outros indicadores.
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
 IMC = Peso atual (kg)
 Altura² (m)
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL SEGUNDO O IMC PARA ADULTOS:
	IMC (kg/m2)
	Classificação
	<16,0
	Magreza grau III
	16,0 a 16,9
	Magreza grau II
	17,0 a 18,5
	Magreza grau I
	18,5 a 24,9
	Eutrofia
	25 a 29,9
	Pré-obesidade
	30 a 34,9
	Obesidade I
	35 a 39,9
	Obesidade II
	≥ 40
	Obesidade III
Fonte: WHO, 1997.
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL SEGUNDO O IMC PARA IDOSOS:
	IMC (kg/m2)
	Classificação
	< 22,0
	Baixo peso
	22,0 a 24,0
	Risco de déficit
	24,0 a 27,0
	Eutrofia
	> 27
	Sobrepeso
MASSA MUSCULAR
A massa muscular pode ser estimada através da circunferência muscular do braço (CMB), área muscular do braço (AMB) e área muscular do braço corrigida (AMBc). A CMB considera que todos os tecidos do braço são circulares e concêntricos. A AMB, por sua vez, considera o formato irregular dos tecidos do braço e a AMBc difere-se das outras por descontar a área óssea, sendo assim a mais precisa. Outro importante indicador que está sendo bastante estudado é a circunferência da panturrilha (CP), principalmente para avaliação da alteração no tecido muscular em idosos e indivíduos acamados. A avaliação da massa muscular é importante, principalmente para verificar a depleção de proteínas somáticas, a capacidade de trabalho dos indivíduos (por relacionar-se à força), a progressão de doenças catabólicas e a eficácia da intervenção terapêutica sobre o prognóstico.
CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB)
Adequação da CB (%) = CB obtida (cm) x 100
 CB percentil 50*
*Segundo valores de referência do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) (Anexo 2).
CLASSIFICAÇÃO DO ES TADO NUTRI CIONAL SEGUNDO ADEQUAÇÃO DA CB:
	Adequação da CB (%)
	Estado nutricional
	< 70
	Desnutrição grave
	70 a 80
	Desnutrição moderada
	80 a 90
	Desnutrição leve
	90 a 110
	Eutrofia
	110 a 120
	Sobrepeso> 120
	Obesidade
PREGA CUTÂNEA TRICIPITAL (PCT)
Adequação da PCT (%) = PCT obtida (mm) x 100
 PCT percentil 50*
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL SEGUNDO A DEQUAÇÃO DA PCT:
	Adequação da PCT (%)
	Estado nutricional
	< 70
	Desnutrição grave
	70 a 80
	Desnutrição moderada
	80 a 90
	Desnutrição leve
	90 a 110
	Eutrofia
	110 a 120
	Sobrepeso
	> 120
	Obesidade
CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO (CMB):
CMB (cm) = CB – (3,14 x PCT ÷ 10)
*CB: circunferência do braço (cm) 
*PCT: prega cutânea tricipital (mm)
Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100
 CMB percentil 50*
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL SEGUNDO A DEQUAÇÃO DA CMB:
	Adequação da CMB (%)
	Estado nutricional
	< 70
	Desnutrição grave
	70 a 80
	Desnutrição moderada
	80 a 90
	Desnutrição leve
	90
	Eutrofia
CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA (CC)
Classificação do risco de morbidades para adultos segundo CC:
	Sexo
	Risco aumentado
	Risco muito aumentado
	Homens
	94 a 102 cm
	> 102 cm
	Mulheres
	80 a 88 cm
	> 88
Fonte: WHO, 1998.
RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL (RCQ)
RCQ = Circunferência da cintura (cm) Circunferência do quadril (cm)
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE MORBIDADES PARA ADULTOS SEGUNDO RCQ
PERCENTUAL DE GORDURA:
4 DOBRAS:
Somatório (Σ 4DC) = DCT + DCB + DCSI + DCSE
*DCT: dobra cutânea tricipital (mm) 
*DCB: dobra cutânea bicipital (mm) 
*DCSI: dobra cutânea supra-ilíaca (mm)
*DCSE: dobra cutânea subescapular (mm)
DENSIDADE CORPORAL
Homens de 17 a 72 anos, não esportistas:
D (g/cm3) = 1,1765 – 0,0744 log10 (Σ 4DC)
Mulheres de 16 a 68 anos:
DE (g/cm3) = 1,1567 – 0,0717 log10 (Σ 4DC)
Fonte: DURNIN; WORMERSLEY, 1974
PERCENTUAL DE GORDURA
Para conversão da densidade corporal em percentual de gordura, utiliza-se a equação de Siri (1961):
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100
Classificação do percentual de gordura, sexo masculino:
	
	IDADE
	Classificação
	18 a 25
	26 a 35
	36 a 45
	46 a 55
	56 a 65
	muito baixo
	< 4
	< 8
	< 10
	< 12
	< 13
	excelente
	4 a 6
	8 a 11
	10 a 14
	12 a 16
	13 a 18
	muito bom
	7 a 10
	12 a 15
	15 a 18
	17 a 20
	19 a 21
	bom
	11 a 13
	16 a 18
	19 a 21
	21 a 23
	22 a 23
	adequado
	14 a 16
	19 a 20
	22 a 23
	24 a 25
	24 a 25
	moderadamente alto
	17 a 20
	21 a 24
	24 a 25
	26 a 27
	26 a 27
	alto
	21 a 24
	25 a 27
	26 a 29
	28 a 30
	28 a 30
	muito alto
	> 24
	> 27
	> 29
	> 30
	> 30
Fonte: POLLOCK; WILMORE, 1993.
Classificação do percentual de gordura, sexo feminino:
	
	IDADE
	Classificação
	18 a 25
	26 a 35
	36 a 45
	46 a 55
	56 a 65
	muito baixo
	< 13
	< 14
	< 16
	< 17
	< 18
	excelente
	13 a 16
	14 a 16
	16 a 19
	17 a 21
	18 a 22
	muito bom
	17 a 19
	17 a 20
	20 a 23
	22 a 25
	23 a 26
	bom
	20 a 22
	21 a 23
	24 a 26
	26 a 28
	27 a 29
	adequado
	23 a 25
	24 a 25
	27 a 29
	29 a 31
	30 a 32
	moderadamente alto
	26 a 28
	26 a 29
	30 a 32
	32 a 34
	33 a 35
	alto
	29 a 31
	30 a 33
	33 a 36
	35 a 38
	36 a 38
	muito alto
	> 31
	> 33
	> 36
	> 39
	> 38
Fonte: POLLOCK; WILMORE, 1993.
 
7 DOBRAS
Cálculo da densidade corporal (homem adulto):
a) D = 1,11200000 - 0,00043499 (X1) + 0,00000055 (X1)² - 0,00028826 (X2)
b) D = 1,10100000 - 0,00041150 (X1) + 0,00000069 (X1)² - 0,00022631 (X2) - 0,0059239 (X3) + 0,0190632 (X4)
c) D = 1,21394 - 0,03101 (log X1) - 0,00029 (X2)
d) D = 1,17615 - 0,02394 (log X1) - 0,00029 (X2) - 0,0070 (X3) + 0,02120 (X4)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) torácica, axilar, tricipital, subescapular, abdominal, supra-ilíaca e coxa.
*X2: idade (anos)
*X3: circunferência da cintura (cm) 
*X4: circunferência do antebraço (cm) 
*Fonte: JACKSON; POLLOCK, 1978.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100 
Fonte: SIRI, 1961.
Cálculo da densidade corporal (mulher adulto)
a) D = 1,0970 - 0,00046971(X1) + 0,00000056 (X1)² - 0,00012828 (X2)
b) D = 1,23173 - 0,03841 (log X1) - 0,00015 (X2)
c) D = 1,1470 - 0,00042359 (X1) + 0,00000061 (X1)² - 0,00065200 (X3)
d) D = 1,25475 - 0,03100 (log X1) - 0,00068 (X3)
e) D = 1,1470 - 0,00042930 (X1) + 0,00000065 (X1)² - 0,00009975 (X2) - 0,00062415 (X3)
f) D = 1,25186 - 0,03048 (log X1) - 0,00011 (X2) - 0,00064 (X3)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) torácica, axilar, tricipital, subescapular, abdominal, supra -ilíaca e coxa.
*X2: idade (anos)
*X3: circunferência do quadril (cm)
Fonte: JACKSON, POLLONCK; WARD, 1980.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100
Fonte: SIRI, 1961.
3 DOBRAS
Cálculo da densidade corporal (homem adulto)
a) D = 1,1093800 - 0,0008267 (X1) + 0,0000016 (X1)² - 0,0002574 (X2)
b) D = 1,0990750 - 0,0008209 (X1) + 0,0000026 (X1)² - 0,0002017 (X2) - 0,005675 (X3) + 0,018586 (X4)
c) D = 1,18860 - 0,03049 (log X1) - 0,00027 (X2)
d) D = 1,15737 - 0,02288 (log X1) - 0,00019 (X2) - 0,0075 (X3) + 0,0223 (X4)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) coxa, tórax e abdome. 
*X2: idade (anos)
*X3: circunferência da cintura (cm) 
*X4: circunferência do antebraço (cm) 
Fonte: JACKSON; POLLOCK, 1978.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100
Fonte: SIRI, 1961.
Cálculo da densidade corporal (mulher/adulto):
a) D = 1,0994921 - 0,0009929 (X1) + 0,0000023 (X1)² - 0,0001395 (X2) b) D = 1,21389 - 0,04057 (log X1) - 0,00016 (X2)
c) D = 1,1466399 - 0,0009300 (X1) + 0,0000028 (X1)² - 0,0006171 (X3)
d) D = 1,23824 - 0,03248 (log X1) - 0,00067 (X3)
e) D = 1,1470292 - 0,0009376 (X1) + 0,0000030 (X1)²- 0,0001156 (X2) - 0,0005839 (X3) f) D = 1,23530 - 0,03192 (log X1) - 0,00013 (X2) - 0,00062 (X3)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) tricipital, supra-ilíaca e coxa
*X2: idade (anos)
*X3: circunferência do quadril (cm)
Fonte: JACKSON, POLLONCK; WARD, 1980.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100 
Fonte: SIRI, 1961.
Outras equações (homem e mulher/adulto):
a) D = 1,17136 – 0,06706 x log10 (X1)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) abdominal, torácica e supra-ilíaca 
Fonte: GUEDES, 1985.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100 
b) D = 1,10726863 – 0,00081201 (X1) + 0,00000212 (X1)² - 0,00041731 (X2)
*D: densidade corporal
*X1: soma das dobras cutâneas (mm) subescapular, torácica, supra-ilíaca e panturrilha *X2: idade (anos).
Fonte: PETROSKI, 1995.
Gordura corporal (%) = %G = [(4,95/D) - 4,5] x 100 
Fonte: SIRI, 1961.
c) %GC = (1,2 x IMC) - (10,8 x sexo) + (0,23 x idd) - 5,4
*GC: gordura corporal
*IMC: índice de massa corporal (kg/m²)
*Sexo: feminino = 0; masculino = 1 
*Idd: idade (anos)
Fonte: DEURENBERG et al., 1990.
d) %GC = (0,567 x CC) + (0,101 x idd) - 31,8
*GC: gordura corporal
*CC: circunferência da cintura (cm) 
*Idd: idade (anos)
Fonte: LEAN et al., 1996.
e) %GC = 64,5- 848 x (1/IMC) + (0,079 x idd) - (16,4 x 1) + (0,05 x 1 x idd) + (39 x 1 x (1/IMC)
*GC: gordura corporal
*IMC: índice de massa corporal (kg/m2)
*Idd: idade (anos)
Fonte: GALLAGHER et al., 2000.
 
Classificação do risco de morbidades segundo o percentual de gordura corporal:
Fonte: LOHMAN, 1992.
O MÉTODO ANTROPOMÉTRICO
O método antropométrico permite a avaliação do peso, da estatura e de outras medidas do corpo humano. Ele representa um importante recurso para a avaliação do estado nutricional do indivíduo e ainda oferece dados para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Neste item, descrevem-se os procedimentos comumente utilizados para a correta tomada das medidas antropométricas. A Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN recomenda a coleta do peso e da estatura para todos os indivíduos (crianças, gestantes, adolescentes, adultos e idosos) e da circunferência da cintura no caso de adultos. Pesar e medir são atividades de rotinanos serviços de saúde, e por serem atividades relativamente simples, a maioria das pessoas julga-se apta a realizá-las. No entanto, erros nos procedimentos, na leitura ou na anotação da medida são freqüentes. Estas situações podem ser evitadas com um bom treinamento das equipes, uma revisão constante dos conceitos e procedimentos e uma manutenção freqüente dos equipamentos. Antropometrista é a denominação para o profissional capacitado para a coleta de medidas antropométricas. Para que tais medidas sejam confiáveis e precisas, é necessário que os antropometristas envolvidos nesta tarefa tenham alto senso de responsabilidade, concentração e atenção durante a realização do procedimento. Na dúvida, deve-se sempre repeti-lo. O valor da medida antropométrica obtida deve ser anotado, imediatamente, com segurança e com boa caligrafia. Para a correta tomada do peso e da estatura, deve-se garantir, previamente, o perfeito funcionamento dos equipamentos. A manutenção dos equipamentos é muito importante a fim de evitar erros causados por problemas ou defeitos dos mesmos. Dentre os equipamentos citados, a balança é o que gera mais erros por falta de manutenção. Para evitar possíveis problemas ao adquirir este equipamento, o EAS deve solicitar um exame pelos órgãos responsáveis por este serviço. São eles: o Instituto de Pesos e Medidas (IPEM) e o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO). Porém, o procedimento de aferição e regulagem de balanças e/ou seu conserto também pode ser realizado por uma firma idônea, ficando a escolha a critério da instituição. Na manutenção do antropômetro de madeira, é importante observar se está localizado em lugar seco, pois existe o risco de empenar com a umidade local, gerando erros na medição. Recomenda-se que o infantômetro (antropômetro horizontal para medir o comprimento de crianças menores de 2 anos) e a balança pediátrica estejam apoiados em mesa ou bancada, confeccionadas em material firme e resistente (por exemplo, metal, mármore ou madeira). O estadiômetro (antropômetro vertical) deve ser colocado em parede lisa e sem rodapé e a balança plataforma em superfície lisa e nivelada. Um bom antropometrista deve conferir os equipamentos que utiliza, rotineiramente, antes de cada pesagem ou medição. Além disso, o local de instalação dos equipamentos deve ser escolhido de modo a: a. oferecer claridade suficiente para que se possa fazer uma boa leitura da escala de medidas; b. permitir a privacidade do indivíduo e de sua família; c. proporcionar conforto térmico, evitando-se correntes de ar que podem afetar, especialmente, os bebês e as pessoas idosas; d. ter espaço suficiente para permitir o trabalho dos profissionais e a presença da mãe e/ou familiares. Esse conjunto de cuidados e procedimentos é fundamental para a confiabilidade da classificação e do diagnóstico nutricional em todas as faixas etárias avaliadas em uma unidade de saúde. Descuidos ou procedimentos mal realizados poderão, por exemplo, fazer com que não se note o déficit nutricional de uma criança ou o excesso de peso de um adulto ou, ainda, o ganho inadequado de peso por uma gestante. Uma medida mal realizada hoje poderá comprometer a interpretação da evolução do estado nutricional de uma criança ou gestante, ainda que as medidas anteriores ou subseqüentes sejam bem realizadas. Por estas razões, o antropometrista deve seguir rigorosamente as técnicas e recomendações presentes nesta publicação. 
EQUIPAMENTOS ANTROPOMÉTRICOS
BALANÇA
É o instrumento utilizado para medir a massa corporal total. O equipamento deverá ter precisão necessária para informar o peso de um indivíduo da forma mais exata possível. A precisão da escala numérica das balanças varia de acordo com o tipo (mecânica ou eletrônica) ou fabricante. É recomendável que as balanças pediátricas
tenham precisão mínima de dez gramas e, as balanças tipo plataforma, de cem gramas. Isso porque pequenas alterações no peso são indicadores nutricionais importantes, em particular, para as crianças menores de dois anos. A balança deve estar instalada em local nivelado, pois o equipamento deve permanecer estável durante o procedimento. Existem vários tipos de balança, sendo as mais recomendadas para uso em EAS as seguintes:
Figura 1 - Balança pediátrica mecânica
a - balança pediátrica ou “tipo-bebê”, utilizada para crianças menores de 2 anos ou com até 16 kg; pode ser mecânica ou eletrônica (digital).
	
Figura 2 - Balança plataforma mecânica
b - balança plataforma: pesa crianças maiores de 2 anos, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e nutrizes; pode ser mecânica ou eletrônica(digital).
c - balança de campo ou tipo pêndulo: esta balança é assim denominada porque é portátil e foi idealizada para utilização em atividades externas ao serviço de saúde.
d - balança de campo tipo eletrônica (digital): esta balança é também portátil, apropriada para o trabalho de campo como pesquisas populacionais ou Chamadas Nutricionais.
ANTROPÔMETRO HORIZONTAL (INFANTÔMETRO) E VERTICAL
A medida da estatura pode ser obtida na posição deitada, em sentido horizontal, quando se trata do comprimento e, na posição em pé, no sentido vertical, para o que se denomina altura. O infantômetro é o equipamento utilizado para medir o comprimento de crianças menores de dois anos. Pode ser denominado de antropômetro infantil, horizontal, régua antropométrica, ou pediômetro. Para crianças maiores de dois anos, adolescentes, adultos, idosos e gestantes, a altura é aferida utilizando-se o antropômetro vertical ou estadiômetro.
Estatura versus Altura 
O termo “estatura” pode ser utilizado para expressar tanto o comprimento (medida aferida com o indivíduo deitado) quanto a altura (medida aferida com o indivíduo em pé). Adota-se o termo “comprimento” para a estatura de crianças menores de 2 anos e o termo “altura”para a estatura de crianças maiores de 2 anos, adolescentes, adultos, idosos e gestantes.
Existem vários modelos de antropômetros verticais e horizontais, sendo normalmente confeccionados de alumínio (material recomendado, por ser mais resistente e permitir melhor higienização) ou de madeira.
FIGURA 3 - ANTROPÔMETRO INFANTIL
FITA MÉTRICA
A fita métrica deve ser utilizada somente para medir a circunferência da cintura em adultos. Utilize, de preferência, uma fita métrica de material resistente, inelástica e flexível, com precisão de 0,1 cm. A fita comum (de costura) não deve ser utilizada, pois tende a esgarçar com o tempo, alterando assim a medida.
FIGURA 4 – FITA INELÁSTICA
Pesando e medindo crianças
O ato de pesar e medir requer contato físico e isto pode gerar uma situação normal de insegurança e estresse nas crianças. A situação pede concentração, paciência e muita cordialidade. Nunca se deve pesar ou medir uma criança sem antes conversar com ela e/ou com a família explicando o que vai ser feito. Não subestime a força ou a agilidade das crianças, mesmo as muito pequenas. Um antropometrista, depois de receber treinamento, leva cerca de 1(um) minuto para realizar a tomada de uma medida antropométrica. Porém, muitas crianças costumam chorar durante a tomada do peso ou da estatura. Caso o choro não cesse e o nível de estresse fique alto, solicite à mãe que pegue a criança no colo e aguarde um instante. Seja firme, porém gentil com as crianças. A segurança transmitida pelo profissional será percebida pela criança e pela mãe. 
AFERIÇÃO DO PESO DE CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS
BALANÇA PEDIÁTRICA MECÂNICA
1º Passo: Destravar a balança.
2º Passo: Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador.
3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
4º Passo: Após constatar que a balança está calibrada, ela deve ser travada.
5º Passo: Despir a criança com o auxílio da mãe ou responsável.
6º Passo: Colocar a criança sentada ou deitada no centro do prato, de modo a distribuir o peso igualmente.Destravar a balança, mantendo a criança parada o máximo possível nessa posição. Orientar a mãe ou responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento.
7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar os quilos.
8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas.
9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
10º Passo: Travar a balança, evitando, assim, que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do equipamento.
11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento com os olhos no mesmo nível da escala para visualizar melhor os valores apontados pelos cursores.
12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional/ prontuário.
13º Passo: Retirar a criança e retornar os cursores ao zero na escala numérica.
14º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança.
Figura 4 - Aferição de peso de crianças menores de 2 anos em balança pediátrica mecânica
BALANÇA PEDIÁTRICA MECÂNICA:
BALANÇA PEDIÁTRICA ELETRÔNICA (DIGITAL)
1º Passo: A balança deve estar ligada antes de a criança ser colocada sobre o equipamento. Esperar que a balança chegue ao zero.
2º Passo: Despir totalmente a criança com o auxílio da mãe/responsável.
3º Passo: Colocar a criança despida no centro do prato da balança, sentada ou deitada, de modo que o peso fique distribuído. Manter a criança parada (o máximo possível) nessa posição. Orientar a mãe/responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento.
4º Passo: Aguardar que o valor do peso esteja fixado no visor e realizar a leitura.
5º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN/prontuário. Retirar
a criança.
6º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança.
Figura 5 - Aferição de peso de crianças menores de 2 anos em balança pediátrica eletrônica
BALANÇA PEDIÁTRICA ELETRÔNICA/DIGITAL: 
 BALANÇA SUSPENSA TIPO PÊNDULO
Para o uso de balanças suspensas (tipo pêndulo), observe que estas devem ser penduradas em local seguro e em altura que permita uma boa visualização da escala, normalmente na altura dos olhos do profissional de saúde. As orientações descritas para o uso da balança mecânica pediátrica podem ser adaptadas para a técnica de pesagem com balanças suspensas.
BALANÇA SUSPENSA TIPO PÊNDULO:
AFERIÇÃO DO PESO DE CRIANÇAS MAIORES DE 2 ANOS, ADOLESCENTES E ADULTOS
As crianças maiores de 2 anos devem ser pesadas descalças e com roupas bem leves. Idealmente, devem usar apenas calcinha, short ou cueca, na presença da mãe ou do responsável. Os adultos e adolescentes devem ser pesados descalços e usando roupas leves. Devem ser orientados a retirarem objetos pesados tais como chaves, cintos, óculos, telefones celulares e quaisquer outros objetos que possam interferir no peso total.
Se for utilizar balança mecânica de plataforma:
Inicialmente certifique-se de que a balança plataforma está afastada da parede.
1º Passo: Destravar a balança.
2º Passo: Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador,
3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
4º Passo: Após a calibração da balança, ela deve ser travada e só então a criança, adolescente e adulto deve subir na plataforma para ser pesado.
5º Passo: Posicionar o indivíduo de costas para a balança, descalço, com o mínimo de roupa possível, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição.
6º Passo: Destravar a balança.
7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica, para marcar os quilos.
8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas.
9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
10º Passo: Travar a balança, evitando, assim que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do equipamento.
11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento, para visualizar melhor os valores apontados pelos cursores.
12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN e no prontuário.
13º Passo: Retirar a criança, adolescente ou adulto.
14º Passo: Retornar os cursores ao zero na escala numérica.
15º Passo: Marcar o peso das crianças na Caderneta de Saúde da Criança.
Figura 6 - Aferição de peso de adultos em balança mecânica de plataforma
Se for utilizar balança eletrônica (digital):
1º Passo: A balança deve estar ligada antes do indivíduo posicionar-se sobre o equipamento. Esperar que a balança chegue ao zero.
2º Passo: Colocar a criança, adolescente ou adulto, no centro do equipamento, com o mínimo de roupa possível, descalço, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição.
3º Passo: Realizar a leitura após o valor de o peso estar fixado no visor.
4º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN e no prontuário. Retirar a criança, adolescente ou adulto da balança.
5º Passo: Para crianças, anotar o peso na Caderneta de Saúde da Criança.
AFERIÇÃO DO COMPRIMENTO DE CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS
O comprimento é a distância que vai da sola (planta) dos pés descalços, ao topo da cabeça, comprimindo os cabelos, com a criança deitada em superfície horizontal, firme e lisa. Deve-se retirar os sapatos da criança. Deve-se, também, retirar toucas, fivelas ou enfeites de cabelo que possam interferir na tomada da medida.
1º Passo: Deitar a criança no centro do infantômetro, descalça e com a cabeça livre de adereços.
2º Passo: Manter, com a ajuda da mãe/ responsável: 
- a cabeça apoiada firmemente contra a parte fixa do equipamento, com o pescoço reto e o queixo afastado do peito, no plano de Frankfurt (margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus auditivo externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal);
- os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do infantômetro;
- os braços estendidos ao longo do corpo.
3º Passo: As nádegas e os calcanhares da criança em pleno contato com a superfície que apóia o infantômetro.
4º Passo: Pressionar, cuidadosamente, os joelhos da criança para baixo, com uma das mãos, de modo que eles fiquem estendidos. Juntar os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do equipamento até as plantas dos pés, com cuidado para que não se mexam.
5º Passo: Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não se moveu da posição indicada.
6º Passo: Anotar o resultado no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN e no prontuário e retirar a criança. Marcar a medida da estatura na Caderneta de Saúde da Criança.
AFERIÇÃO DA ALTURA DE CRIANÇAS MAIORES DE 2 ANOS, ADOLESCENTES E ADULTOS
A estatura é a medida do indivíduo na posição de pé, encostado numa parede ou antropômetro vertical.
1º Passo: Posicionar a criança, adolescente ou adulto descalço e com a cabeça livre de adereços, no centro do equipamento. Mantê-lo de pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos.
2º Passo: A cabeça do indivíduo deve ser posicionada no plano de Frankfurt (margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus auditivo externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal).
3º Passo: As pernas devem estar paralelas, mas não é necessário que as partes internas das mesmas estejam encostadas. Os pés devem formar um ângulo reto com as pernas. Idealmente, o indivíduo deve encostar os calcanhares, as panturilhas, os glúteos, as escápulas e parte posterior da cabeça (região do occipital) no estadiômetro ou parede. Quando não for possível encostar esses cinco pontos, devem-se posicionar no mínimo três deles.
4º Passo: Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo.

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