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Texto 1 Linha do Tempo na História Geral O Direito dos Povos Primitivos

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Texto I - Linha do Tempo na História Geral - O Direito dos Povos Primitivos
OBJETIVOS DO ESTUDO DO DIREITO NA HISTÓRIA 
A história do direito é primordial para o estudante de Direito na medida em que o auxilia na compreensão das conexões que existem entre a sociedade, suas características, e o direito que produziu, “treinando-o” para uma melhor visualização e entendimento do próprio direito.
A história em si tem muito deste objetivo; ela é, nas palavras de Collingwood, para “autoconhecimento” não somente pessoal ou social, mas também no exercício de tarefas profissionais.
Portanto, o valor do estudo da história do Direito não está em ensinar-nos não somente o que o direito tem “feito”, mas também o que o direito é.
		
Flávia Lages de Castro – História do Direito Geral e Brasil 6ª edição
	CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DAS SOCIEDADE PRIMITIVAS 
Pode-se ilustrar a transição das formas arcaicas de sociedade para as primeiras civilizações da Antiguidade mediante três fatores históricos:
 a) o surgimento das cidades cuja origem pode-se situar no Paleolítico, na Mesopotâmia. Pode-se dizer que o processo de urbanização teve início no século IV a . C. , tendo-se notícia da formação de cidades nos anos 3100-2900 a. C., na Baixa Mesopotâmia, isto é, região designada por Suméria, nas margens do Rio Eufrates, mais próxima ao Golfo Pérsico. No período histórico imediatamente subsequente (dinástico primitivo 2900-2334 a. C.) menciona-se a formação de outras cidades, entre as quais Nipuur e Ur;
b) A invenção e domínio da escrita, estreitamente ligada ao surgimento das cidades, cujas primeiras manifestações (cuneiformes) se deram na Mesopotâmia, por volta de 3.100 a. C e
c) o advento do comércio e, numa etapa posterior, da moeda metálica, por um sistema de trocas de mercadorias, e venda em mercados ou na navegação. Na clássica lição de Engels , a origem do comércio localiza-se na divisão do trabalho gerada pela apropriação individual dos produtos antes distribuídos no seio da comunidade; com a retenção do excedente, a criação de uma camada de comerciantes e a atribuição de valor a determinados bens, o homem deixa de ser senhor do processo de produção. Inaugura-se, então, ainda segundo Engels, uma assimetria no interior da comunidade, com a introdução da distinção rico-pobre.
A construção de uma sociedade urbana, aberta a trocas políticas, mais dinâmica e complexa, demandará, contudo, um novo direito, cujas primeiras manifestações ocorrem na Mesopotâmia e no Egito.
No que se refere ao direito grego, é o período que se inicia com o aparecimento da polis, meados do século VIII a C. , e vai até o seu desaparecimento e surgimento dos reinos helenísticos do século III a C., isto é, "esse período de cinco séculos corresponde aos convencionalmente denominados época arcaica (776 a 480 a C., datas dos primeiros Jogos Olímpicos e batalha de Salamina, respectivamente) e período clássico (quinto e quarto séculos a C.).
A INSERÇÃO DO DIREITO NA HISTÓRIA 
A lei é considerada parte nuclear de controle social, elemento material para prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras prescritas. A lei expressa a presença de um direito ordenado na tradição e nas práticas costumeiras que mantêm a coesão social", no dizer de Antonio Carlos Wolkmer.
"Na maioria das sociedades remotas, a lei é considerada parte nuclear de controle social, elemento material para prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras prescritas. A lei expressa a presença de um direito ordenado na tradição e nas práticas costumeiras que mantêm a coesão social", no dizer de Antonio Carlos Wolkmer.
Assim, falar em um direito arcaico ou primitivo implica, contudo, ter presente uma diferenciação da pré-história e da história do direito e ainda, quanto aos horizontes de diversas civilizações, no sentido de precisar o surgimento dos primeiros textos jurídicos com o aparecimento da escrita, tudo dependendo do grau de evolução e complexidade de cada povo.
Relativamente aos princípios e regras que governaram a sociedade grega e a sociedade romana, por exemplo, aduz Fustel de Coulanges que há uma conexão íntima entre as instituições destes povos, suas crenças religiosas e o direito privado. 
É que a comparação das crenças e das leis demonstra que as famílias grega e romana foram constituídas por uma religião primitiva, que estabeleceu o casamento e a autoridade paterna, fixou os graus de parentesco, consagrou o direito de propriedade e o direito de herança. Esta mesma religião, por haver difundido e ampliado a família, formou uma associação maior, a cidade, e nela reinou do mesmo modo que reinava na família. Desta se originaram todas as instituições como todo o direito privado dos antigos. Foi dela que a cidade extraiu seus princípios, suas regras, seus usos e sua magistratura. É primordial, pois, estudar antes de tudo, as crenças destes povos.
Num tempo em que inexistiam legislações escritas e códigos formais, as práticas primárias de controle são transmitidas oralmente, marcadas por revelações sagradas e divinas , vale dizer, constata-se esse caráter religioso do direito arcaico, imbuído de sanções rigorosas e repressoras, fato que levou os sacerdotes-legisladores a serem os intérpretes e executores destas leis (recebidas diretamente do Deus da cidade), onde o ilícito se confundia com a quebra da tradição e com infração ao que a divindade havia proclamado.
O DIREITO E AS SOCIEDADES PRIMITIVAS 
O Direito das sociedades primitivas não era ainda um direito escrito e formal, mas sim de um conjunto disperso usos, práticas e costumes, reiterados por um longo período de tempo e publicamente aceitos. É o tempo do direito consuetudinário, em que não se conheceu a invenção da escrita, em que uma casta ou aristocracia "investida do poder judicial era o único meio que poderia conservar, com algum rigor, os costumes da raça ou tribo”.
Registre-se, contudo, que a inversão e a difusão da técnica da escritura, somada à compilação de costumes tradicionais, proporcionaram os primeiros Códigos da Antiguidade, a saber, o de Hamurabi, o Código de Manu, a Lei das XII Tábuas e, na Grécia, as legislações de Dracon e de Sólon.
Segue abaixo algumas das principais compilações:
O código de Hamurabi 
Para parte das fontes históricas, o código de Hamurabi teria sido promulgado aproximadamente em 1694 a . C., e contem dispositivos a respeito de todos os aspectos da vida da sociedade babilônica, isto é: comércio, família, propriedade, herança (art. 167 a 173), adoção (ex. art. 185 a 194), escravidão, sendo os direitos acompanhados da respectiva punição, mas variando de acordo com a categoria social do infrator e da vítima.
Código de Manu 
Sua data de promulgação situa-se aproximadamente entre os anos de 1300 a 800 a. C. e foi redigido de forma poética: as regras são expostas em versos, composto de mais de cem mil dísticos (grupo de dez versos), mas que interessam, para efeito dos estudos jurídicos, os livros Oitavo e Nono.
Lei das XII Tábuas 
Proposta pelo tribuno Tarentílio Arasa, em 462 a . C. , mas elaborada pelos Decênviros (eleitos em 461 a . C. ), a Lei das XII Tábuas – também chamada simplesmente de Lex, ou ainda Legis XII Tabularum ou Lex Decenvilaris - resultou num conjunto de 10 tábuas gravadas sobre bronze ou carvalho, em 451 a . C., as quais foram acrescidas mais duas tábuas no ano seguinte. 
É considerada como a fonte de todo direito público e privado para os próprios romanos. Seu grande valor consiste em ter sido uma das primeiras leis que ditava normas eliminando as diferenças de classes, isto em função de as leis do período monárquico não mais se adaptarem à nova forma de governo, isto é, à República; e por ter sido a que deu origem ao Direito Civil e às ações da lei, evidenciando-se o caráter tipicamente romano (povo prático, objetivo e imediatista).
Apesar de terem sido destruídas as Tábuas originais em 390 a . C. durante a guerra contra os gauleses, o seu conteúdo havia sido divulgado de tal modo pelos autores latinos, que puderam serreconstituídas em grande parte, através dos inúmeros fragmentos restantes. 
Os principais dispositivos da Lei das XII Tábuas são os seguintes: 
Tábua I
Referia-se ao chamamento a juízo. A ninguém era lícito fugir do chamamento judicial. Não havia oficial de justiça para o desempenho de tais funções, vez que o autor da demanda fazia a própria citação do devedor.
Tábua II
A causa era suspensa por motivo de doença e estabelecia prazo para comparecimento, posteriormente, a juízo.
Tábua III
O que hoje podemos chamar de processo de Execução por quantia certa, após condenado, o devedor tinha trinta dias de prazo para pagar. Caso não o fizesse, seria preso e levado à presença do magistrado e, se ainda persistisse a dívida, o devedor seria preso por correias ou com ferro de 15 libras aos pés; se, ainda assim, o débito não fosse honrado, podia o devedor ser morto, esquartejado de acordo com o número de escravos ou vendido como tal.
Isto é explicado, no período da Realeza (753 a.C. a 510 a.C.), porque se vivia situação precária, já que só depois o erário romano se enriqueceu com os saques e pilhagens de outros povos. Sérvio Túlio, o sexto rei, mandou fazer cadastro de todos, sendo que os censores vasculhavam todos os cantos da cidade à procura de riqueza, para que se pudesse pagar impostos e ampliar as receitas.
Tábua IV
Cuidava do poder paterno e de outras matérias relativas ao direito familiar (in jure patrio): o filho monstruoso podia ser morto imediatamente, isto é, ser enjeitado pelo pai, que tinha sobre o filho o direito de vida e morte, inclusive de flagelar, aprisionar, obrigar à realização de trabalhos rústicos, vender e matar o filho. Com o tempo, tal poder foi sendo amenizado e, mais tarde, esses casos deram margem à destituição do pátrio poder.
Tábua V
 Tratava da sucessão hereditária. As mulheres não podiam gerir seus próprios negócios civis, posto que permaneciam sob tutela perpétua (de seu pai ou de seu esposo). Não se podia fazer usucapião de coisas que estivessem sob a tutela da mulher, já que era ela absolutamente incapaz no início do período republicano.
Tábua VI
Cuidava da propriedade e da posse (dominio et possessione). Constituiu uma admirável base do direito civil. Roma era eminentemente agrária (não possuía exploração de minérios), cultivando oliveira, vinha e trigo. Era proibida a compra de propriedades imóveis por estrangeiros, para não prejudicar os nacionais, vale dizer, os cidadãos romanos. A propriedade fundiária desempenhava papel essencial para os romanos, tanto no cenário econômico, quanto no plano religioso, em razão do culto dos ancestrais que eram enterrados e cultuados na propriedade da família.
Tábua VII
Tratava do direito aos edifícios e às terras. O reino, e depois a República, possuíam terras públicas e por isto traduziram o livro de agronomia do cartaginês Magon. Não se podia retirar as pedras das estradas, pois era o local de deslocamento das legiões romanas. O inciso IX, desta Tábua, permitia cortar os galhos das ávores, se a sombra invadisse o quintal da propriedade vizinha. Já pelo inciso X, o proprietário tinha direito a colher os frutos das árvores vizinhas, que chegassem ao seu quintal (que chegaram até nós pelos institutos do uso nocivo das propriedades, das árvores limítrofes e da passagem forçada).
Referências Bibliográficas :
Professor da Faculdade Mineira de Direito, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
 Direito e sociedades no oriente antigo, In: Fundamentos de história do direito. Org. Antonio Carlos Wolkmer. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 20
 A origem da família, da propriedade privada e do Estado. 3. ed. São Paulo: Global, 1986
SOUZA, Raquel de. O direito grego antigo. In: Fundamentos de história do direito, op. cit. p. 59-60.
 O direito nas sociedades primitivas. In: Fundamentos de história do direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 20.
 (op. cit. p. 21)
 A cidade antiga. 2 ed. São Paulo: Edipro, 1999, p. 13-14.
Summer Maine, Henry. El derecho antiguo. Madrid: Alfredo Alonso, 1893, p.18-19. Apud: Wolkmer, Antonio Carlos, op. cit. P. 23
PETIT, Paul. História antiga. Tradução de Pedro Moacyr Campos. 8. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: 1976, p. 22
VÉRAS NETO, Francisco Quintanilha. O direito romano clássico. In: WOLKMER, Antonio Carlos (org.). Fundamentos de história do direito. 2a ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 128-129
M. Rostovtzeff. História de Roma. Tradução de Waltensir Dutra. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973, p. 38.

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