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TEXTO VI Parte 2 Visão Geral dos Sistemas Jurídicos contemporâneos.

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TEXTO VI - Parte 2 -Visão Geral dos Sistemas Jurídicos contemporâneos.
A codificação napoleônica, marcada pelos ideais individualistas dos revolucionários, sofreu a influência do direito romano e do direito canônico. Vigiu em vários países, ducados e principados europeus (Bélgica, Luxemburgo, Savóia, Piemonte, reino de Westfalia, ducado de Baden, cantões suíços, reino de Nápoles etc). Inspirou códigos civis europeus como o português (1868), obra do Prof. A. L. Seabra, o italiano (1866), o espanhol, o belga, o holandês, o romeno, o egípcio, o canadense de Quebec e o norte-americano de Lousiana.
Com o Code Civil (1804) iniciou-se o movimento codificador europeu, que, na Alemanha, foi duramente criticado por Savigny e pelos corifeus da Escola Histórica. Mas acabou sendo vencida a resistência dos romantistas.
Em 1º de janeiro de 1900 entrou em vigor o Código Civil alemão, conhecido pela sigla BGB (Bügerliches Gesetzbuch) elaborado por várias comissões, que formularam mais de um projeto. Esse código está, como notam Saleilles e René David, “impregnado de direito romano”. Exerceu profunda influência no Código Civil brasileiro, no húngaro, no grego e até no japonês. Não tem a clareza do francês. É um código vazado em linguagem técnica.
Dessas codificações resultou o que se convencionou chamar de sistema continental, por dominar no continente europeu, também conhecido por sistema de direito codificado ou, ainda, Civil Law, cujas raízes encontram-se no direito romano. Compreende o grupo francês, tendo por ponto de referencia o Código Civil francês, e o grupo alemão, cuja fonte e influencia é o Código Civil alemão. Característica desses sistemas é ser a lei a fonte principal do direito romano, do direito canônico e dos direitos germânicos.
Em oposição a esses sistemas está o da Common Law, também denominado sistema anglo-americano, em que o precedente judicial (sentença-padrão), fundado no princípio de dever haver julgamento similar quando análogos forem os casos (rule of precedent), é a fonte principal do direito e em que lei (statute law)desempenha papel secundário. Mas no terreno constitucional os norte-americanos optaram pela Constituição escrita.
Na atualidade nos Estados Unidos a lei tem marcada a sua presença em alguns campos jurídicos. No sistema anglo-americano a influencia do direito romano foi menor, pesando a da equidade e dos costumes na formulação de seus princípios e de suas regras jurídicas.
A Common Law, direito declarado pelo juiz judge made law, tem no precedente judicial (case law) a sua fonte principal. Caracteriza-se por reservar à lei papel secundário, provocada por situações excepcionais ou para solucionar conflito insuperável entre direitos jurisprudenciais, regionais ou estaduais. Por isso, nesse sistema é comum ser a lei interpretada restritivamente. Esse sistema de direito jurisprudencial surgiu na Inglaterra, no século XII, com a criação, por Henrique II, em 1154, de juizes visitantes do rei, cujas decisões, revistas pelas Cortes Reais, deram origem a um corpo de julgados uniformes (precedentes), que, a partir de 1800, tornaram-se obrigatórios para todos os juizes. Esse sistema domina na Inglaterra, no País de Gales, na Irlanda, no Canadá (menos Quebec), na Nova Zelândia, na Austrália e nos Estados Unidos (menos em alguns Estados, de colonização francesa ou espanhola) .
Mas a diferença entre o Sistema Continental e o da Common Law é mais de forma, pois, enquanto no primeiro predominam a lei e o código, no segundo dominam o precedente judicial, os repertórios de jurisprudência e o costume.
Quanto ao conteúdo, as diferenças não são tão grandes, porque o Direito Romano foi, no século XII, ensinado em Oxford. Depois, muito depois, a partir dos anos 50, a experiência jurídica norte-americana no campo econômico, fiscal e administrativo passou a ser objeto de estudos fora dos USA, tendo, de alguma forma, acolhimento em alguns países integrados no sistema continental. As Súmulas do Supremo Tribunal Federal e, depois de 1988, as do Superior Tribunal de Justiça, entre nós, assemelham-se, de certa forma, àsLaw Reporters.
Mas, nesses dois sistemas está, ainda, de pé o direito da Era Vitoriana, isto é, da época em que a Europa estava convencida de ter ingressado numa fase de constante progresso. A Primeira Guerra Mundial a despertou desse sonho e as crises que de lá para cá se sucederam abalaram o espírito dos códigos referidos, inspirados no individualismo jurídico. Nota-se, então, em todos os campos do direito privado a lenta penetração da solidariedade social no território outrora dominado exclusivamente pelo interesse individual. Mas, não é só, pois o direito privado, aos poucos, vem tendo seu território dividido e subdividido. Várias partes do direito civil e do direito comercial gradualmente adquiriram autonomia.
Com a Revolução Russa forma-se o terceiro sistema jurídico: o sistema soviético, que, quanto às fontes do direito, se enquadra no sistema continental por ser sistema legislado, afastado, entretanto, do europeu, não quanto à forma, mas quanto ao conteúdo. É o sistema socialista, dominante até a queda do Muro de Berlim nos anos 90, que não admite a propriedade privada dos meios de produção e que subordina o exercícios dos direitos à sua destinação econômico-social e que, ainda institui o governo colegiado de partido único (Partido Comunista). Assim, quanto ao conteúdo, depois da Revolução Russa, dois sistemas jurídicos conflitaram-se: o sistema capitalista (sistema continental e sistema de Common Law) e o sistema soviético (URSS).
Mas, depois de 1945, a área socialista deixou de ser identificada com a soviética, porque países socialistas, como, por exemplo, a China e a Iugoslávia, passaram a ter, apesar de não integrados no bloco soviético, direitos socialistas. Em virtude de tal cisão pode-se dizer que, depois de 1945 até 1990, tivemos dois sistemas jurídicos antagônicos: sistema capitalista (Continental e Common Law) e sistema socialista (URSS, China, Iugoslávia, Alemanha Oriental etc.).
Entretanto, de forma acelerada e imprevisível, mudou o mundo dos anos 80 aos 90. Caiu o Muro de Berlim (1989) e em 1990 unificou-se a Alemanha. O Leste Europeu ingressou na economia de mercado. Gravíssima crise econômica, social e política implodiu a URSS no final de dezembro de 1991, dando lugar à Comunidade de Estados Independentes (CEI), sem poder central, confederação criada pela Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia, nos moldes da Commonwealth britânica. Terminou, assim, após 70 anos, a Revolução Russa. O que virá depois é imprevisível, só a História dirá...
E a História neste final de século reserva novidades na ordem econômica, com a globalização da economia, desconhecendo as fronteiras políticas, internacionalizando o capital, trazendo de volta as leis de mercado, fragilizando o Estado; novidades de ordem tecnológica, com a robotização da industria e a revolução eletrônica; de ordem biológica graças à engenharia genética, revolucionando, todas elas, o direito civil e o direito comercial; novidades geopolítico-econômicas: regionalismos, sejam econômicos, sejam políticos, dos quais a União Européia é a única (Euro), que parece estar consolidada, ameaçada, entretanto, pelo desafio da moeda única, de difícil e complicada implantação.
Considerando a União Européia, pode-se dizer (exclusivamente em relação a ela), haver três sistemas jurídicos: o do direito nacional, o do direito comunitário (supranacional) e o direito internacional, hierarquicamente integrados. Em pé de igualdade, os direitos nacionais dos países que a integram; acima deles, os da Comunidade, submetidos ambos ao internacional. Fora da União Européia, temos, no momento, o sistema de direitos nacionais (brasileiro, norte-americano, argentino, turco, etc.) e o do direito internacional.
A interdependência econômica, a desnacionalização do capital com a globalização da economia, a multiplicação de multinacionais e a crise econômica parecem conduzir o mundo a se dividir em regiões político-econômicas organizadas, em quese encontram megaempresas que ditam a política econômica para o mundo, colocando em segundo plano o Estado-Nação. Se tal continuar a ocorrer, forçosamente os direitos nacionais terão de se integrar e de se adaptar aos direitos comunitários (supranacionais). Mas, não é só, pois com a internacionalização da economia, isto é, com a globalização ou mundialização (como a denominam os franceses) da ordem econômico-financeira, deverá ocorrer uniformizações no terreno de obrigações e de contratos, modificando os direitos civil e comercial dos países nela integrados. Problemas jurídicos surgirão. Aguardemo-las...
Referências:
Autor: Matilde Carone Slaibi Conti
Texto na integra:http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-sistema-juridicos-contemporaneos

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