Buscar

TEXTO VI Visão Geral dos Sistemas Jurídicos contemporâneos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

TEXTO VI -Visão Geral dos Sistemas Jurídicos contemporâneos: o direito socialista, o direito islâmico.
Com o intuito de melhor compreender seu objeto de estudo, é importante que o operador do Direito busque a perspectiva histórica do sistema jurídico no qual está inserido, bem como dos demais sistemas jurídicos existentes, no sentido de identificar as peculiaridades de cada um, permitindo um estudo comparado que possibilite identificar as vantagens e desvantagens, organização, características e evolução de tais sistemas.
Tendo em vista que nos textos lemos a respeitos dos sistemas Romano- Germânico (CIVIL LAW) e o Common Law, vejamos agora os principais pontos dos sistemas jurídicos do direito socialista, incipiente na União Soviética, sendo fruto dos ideais revolucionários decorrentes do marxismo-leninismo. Por derradeiro, tratar-se-á acerca do direito islâmico, sistema jurídico este adotado por países teocráticos seguidores da religião muçulmana.
DIREITO ISLÂMICO
Num primeiro momento, importante destacar o comentário de Mariani, o qual ressalta que os povos que não estiveram expostos à influência do Ocidente concebem o ordenamento da sua sociedade a partir de outros ângulos. Em determinados casos, é a religião que constitui a base do referido ordenamento. É o caso do Direito Islâmico.
O Direito muçulmano, segundo Venosa, não sendo de qualquer Estado propriamente dito, refere-se aos Estados ligados pela religião maometana. Tendo em vista a religião pretender substituir o Direito, é mais do que um sistema jurídico: é uma coletividade de normas pertinentes às relações humanas.
Para o referido autor, tal sistema deriva de uma religião difundida, o que o distingue dos demais sistemas, quais sejam os abordados neste estudo. Trata-se de uma das ramificações da religião islâmica. A concepção islâmica vem a ser de uma sociedade basicamente teocrática, onde o Estado existe apenas para servir à religião. Por se embasado numa religião, somente pode ser compreendido por que possua um mínimo de conhecimento acerca dessa religião e da respectiva civilização. A principal fonte do Direito muçulmano é o Corão, livro sagrado dos árabes.
Expõem Batalha e Rodrigues Netto que o Corão, palavra que significa recitação, leitura, proclamação, é considerado a palavra de Allah. É uma deontologia dos devedores do homem em relação a Deus e aos outros homens. O Corão agrupa religião, moral e direito. Já as atitudes, palavras e condutas de Mahomet (Maomé) constituem os hadits, que são as tradições orais. O conjunto dos hadits constitui a Sunna, ou Via Reta.
Os mesmos autores explicam que o Corão e a Sunna formam a Lei (shar ou sharia). Não havendo solução no Corão ou na Sunna, ocorre um processo legislativo denominado Idjma (acordo de companheiros e, mais tarde, dos seus discípulos, ou dos poderes) ou o Idjtihad (esforço pessoal, isolado, do teólogo). Salientam ainda que o poder individual de criar a norma jurídica foi reservado a um reduzido número de teólogos, juristas, extinguindo-se no século X d.C.
O direito islâmico, conforme explica Venosa, manteve-se fundamentalista, assim como sua própria cultura, não havendo rompimento e modernizações que sofreu o mundo cristão romano-germânico, o que explica as barreiras e diferenças culturais irreconciliáveis em nosso tempo.
DIREITO SOCIALISTA
Segundo Venosa, os direitos socialistas constituíam-se em um terceiro sistema, juntamente com o sistema romano-germânico e do sistema Common Law. Vale dizer que todos os estados socialistas pertenciam ao sistema romano-germânico antes da adoção do chamado sistema socialista.
O sistema de direitos socialistas, de acordo com Soares, “[...] compunham a denominada Europa do Leste, capitaneados pela URSS, até a Queda do Muro de Berlim e o esfacelamento daquela”.
O direito soviético foi influenciado pela filosofia marxista-leninista, procurando se amoldar à infraestrutura econômica. Assumiu características eminentemente totalitárias, prevalecendo em todas as instituições o princípio da coletivização da economia e da segurança do Estado.
Atendendo aos objetivos revolucionários, a propriedade individual dos imóveis, relativa ao direito privado no direito pré-revolucionário, veio a integrar o direito público, de características notoriamente administrativas. A distinção entre o direito público e o direito privado esvaiu-se perante a famosa expressão de Lenin: “não há mais direito privado, tudo tornou-se direito público”.
“O princípio que norteou todo o direito soviético foi o princípio da ‘legalidade socialista’: o direito deve servir aos interesses da política socialista”. Nesse sentido, explica Venosa que o marxismo-leninismo representava para a União Soviética muito mais do que uma doutrina filosófica representa para outros. A doutrina deles era considerada como oficial, regendo todos os campos, da economia ao Direito. Cabia aos juristas soviéticos criar uma nova ordem, com o intuito de criar condições para que, no futuro, as ideias de Estado e Direito desaparecessem.
A distinção entre bens móveis e imóveis passou a ter interesse meramente teórico para o direito civil, posto que a propriedade imóvel passou a integrar o direito público. Por outro lado, o direito dos contratos assumiu aspectos diversos dos apresentados pelo chamado direito “burguês”, passando a constituir modalidade de regulamentação administrativa. A família, cujos laços haviam sido diluídos na primeira fase revolucionária, voltou a integrar-se sob a legislação stalinista.
O direito privado, tal como é compreendido, desapareceu. A propriedade privada era restrita, de forma que se pode dizer que, no sistema soviético, o direito é tão-somente público. O direito buscava afastar-se de todas as normas que, no entendimento dos revolucionários, seriam “burguesas”.
Salientam Batalha e Rodrigues Netto que o direito soviético está muito aquém do ideal revolucionário de construção de apenas um conjunto de regras técnicas de organização social em uma sociedade sem classes, desprovida de indivíduos sem impulsos egoísticos e com ampla visão dos condicionamentos sociais. O direito era então considerado como instrumento a serviço da classe dominante visando à implantação da sociedade sem classes.
Sob todos os aspectos, o direito soviético era um direito revolucionário, visando ao rompimento com todos os laços do passado. Contudo, a verdade é que os soviéticos não conseguiram se libertar dos fundamentos do sistema romano-germânico. A lei continuava como fonte fundamental do direito soviético, porém interpretada conforme os interesses e orientações políticas dos governantes.
Explica venosa que o fim da União Soviética no final da década de 1980 veio a desmoronar todo o arcabouço político e econômico, alterando necessariamente o sistema jurídico. Em diversos países do leste europeu, seu sistema jurídico certamente retorna às origens. Para o autor, o direito socialista expõe mais uma face do fracasso comunista, da imposição de leis pela força.
O fato de a transição para a sociedade comunista vir se revelando extremamente prolongada, além da necessidade de se atender às carências imediatas do povo, fazem com que na atualidade os direitos socialistas, sem abrir mão aos ideais fundamentais, estejam adquirindo um formato menos conflituoso e mais próximo, em determinados aspectos, dos direitos “burgueses”.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
Autor: Felipe Concatto - Advogado. Graduado em Direito e em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Atualmente é Servidor Público na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú.
Texto na integra: https://jus.com.br/artigos/25521/sistemas-juridicos-uma-perspectiva-historica
BATALHA, Wilson de Souza Campos; RODRIGUES NETTO, Silvia Marina L. Batalha de. Filosofia jurídica e história do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
CASTRO, Guilherme Fortes Monteiro de; GONÇALVES, Eduardo da Silva. A aplicação da common law no Brasil: diferenças e afinidades. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 100, maio 2012. Disponívelem: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11647>. Acesso em 14 mai. 2013.
LUIZ, Antonio Filardi. Noções de Direito Romano. São Paulo: 1982.
MACIEL, José Fábio Rodrigues; AGUIAR, Renan. História do direito. 1. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2007.
MARIANI, Carlos Roberto. Os sistemas jurídicos. Revista UNIPAR. Disponível em <http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/1650/1428> Acesso em 14 mai. 2013.
PESSÔA, Eduardo. História do direito romano. São Paulo: Habeas Editora, 2001.
SOARES, Guido Fernando Silva. Common law: introdução ao direito dos EUA. São Paulo: RT, 1999.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 11. ed. – São Paulo: Atlas, 2011.
WOLKMER. Carlos. Fundamentos da história do direito. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
XAVIER, Renata Flávia Firme. Evolução histórica do Direito Romano. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2782, 12 fev. 2011. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/18474>. Acesso em: 14 mai. 2013.

Outros materiais