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Análise Citológica do Líquido Peritoneal Autores: Comar SR, Schulz T, Machado NA, França FS, Haas P. Revista: Estud Biol. 2010/2011 jan/dez;32/33(76-81):73-9 Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e Biomédicas Módulo de Líquidos Corporais – 1° turma 2017/2 Goiânia – Agosto de 2017 Discente: Thais Regina dos Santos Profª. Renata Jarach Peritônio • É uma membrana serosa, lisa e delicada, constituída de fibroblastos, matriz extracelular, vasos sanguíneos e células mesoteliais, que reveste a parede e vísceras do abdômen e pélvis. http://www.anatomiadocorpo.com/sistema-digestorio-aparelho-digestivo/estomago/peritonio/ Cavidade Peritoneal • Apresenta dois folhetos, que são o parietal, que reveste a cavidade abdominal e o visceral, que reveste os órgãos; https://www.healthresource4u.com/ascites-causes-picture-symptoms-treatment.html • Entre esses folhetos, existe uma cavidade virtual denominada cavidade peritoneal, por onde circula o líquido peritoneal ou ascítico. Cavidade Peritoneal Normal • Contém aproximadamente 50mL de fluido; • Líquido transparente, amarelo claro, estéril e viscoso; • Produzido pelas células da membrana como um ultrafiltrado do plasma; • Tanto a sua produção quanto sua reabsorção é dependente de vários fatores • Permeabilidade dos capilares peritoneais, forças hidrostáticas no sistema circulatório, pressão oncótica do plasma e reabsorção linfática. Função do Líquido Ascítico • Proteção da cavidade abdominal, banhando-a e lubrificando- a, reduzindo, assim, o atrito entre os órgãos e permitindo sua movimentação durante o processo da digestão; • Possui importantes papéis no transporte de fluidos e células, no processo inflamatório, no reparo tecidual, na lise de depósitos de fibrina, na proteção contra microrganismos invasores e possivelmente na disseminação tumoral. Ascite • O acúmulo de fluido dentro da cavidade peritoneal constitui uma efusão peritoneal, chamada ascite; https://www.mdsaude.com/2009/11/ascite.html • Classificada de acordo com o grau de severidade e resposta terapêutica em: • Ascite descomplicada • Ascite complicada • Ascite refratária Paracentese • Consiste na remoção de líquido ascítico da cavidade peritoneal. • Com a diferenciação do fluido ascítico em transudato ou exsudato, a determinação da diferença entre a concentração de albumina no soro e no líquido ascítico é fundamental para fornecer informações para uma posterior abordagem clínica e laboratorial. Líquidos de Edema • Transudato – normalmente tem origem de fatores mecânicos traumáticos, que influenciam a formação e absorção • Exsudato – é um derrame causado por lesão dos revestimentos mesoteliais, de causa inflamatória, infecciosa ou neoplásica. Parâmetros • Relação entre albumina do soro e albumina do líquido ascítico ≥ 1 g/dL associados a níveis de proteína menores que 3,0 g/dL Cirrose • Relação entre albumina do soro e albumina do líquido ascítico ≤ 1,1 g/dL associados a níveis de proteína elevados Doença Peritoneal • Ambos os parâmetros acima dos níveis críticos propostos Hipertensão Portal Pós- sinusoidal Diagnóstico • O diagnóstico precoce da ascite é extremamente importante, considerando que algumas formas são benignas e possuem bons prognósticos. • No entanto, outras podem se expressar como forma de patologias muito agressivas, potencialmente letais, que, se não descobertas a tempo, podem apresentar poucas chances de cura Análise Laboratorial do Líquido Ascítico Coleta da amostra Transporte e armazenamento Preparo de amostra Exame físico Contagem global de células Análise Laboratorial do Líquido Ascítico Contagem diferencial de leucócitos Análise morfológica das células Controle de qualidade das contagens Detecção de células malignas Biossegurança 1. Coleta da amostra • Ultrassonografia para confirmar a presença do líquido e determinar o melhor local para a coleta. • Para grandes volumes: o paciente é colocado em uma posição supina, com uma inclinação de 30° a 45°; • Para pequenos volumes: em decúbito lateral; • A agulha (calibre 22) é inserida na parede abdominal, após anestesia local, e é anexada a uma seringa que varia de 20 a 50 mL. http://www.medicinageriatrica.com.br/2009/03/12/cirrose-hepatica-ascite/ 1. Coleta da amostra • São necessários ao menos 30 mL para a avaliação completa do líquido ascítico. Se possível, 100 mL devem ser fornecidos para o exame citológico. • As amostras devem ser coletadas em três tubos identificados: • 1° - com EDTA ou heparina para contagem global e diferencial; • 2° - sem anticoagulante, para as análises bioquímicas; • 3° - estéril para a microbiologia. 1. Coleta da amostra • Critérios para uma paracentese bem sucedida: • quantidade suficiente de fluido na primeira coleta; • ausência de complicações; • mínimo de desconforto ao paciente durante o procedimento • Complicações: • perfuração de órgãos abdominais; • desvio da agulha do local indicado; • deposição de fragmentos do cateter no local da incisão; • sangramentos. 2. Armazenamento • A análise deve ser realizada o mais rápido possível! • Caso o exame citológico não possa ser realizado imediatamente, a amostra deve ser refrigerada entre 2° e 8°C para que suas características morfológicas sejam mantidas por até 48h. 3. Preparo da amostra • Contagem de células nucleadas em câmara: amostra fresca, homogeneizada e não centrifugada. • Lâmina: centrifugar em baixa rotação e ressuspender o sedimento com solução salina, pois a sobreposição de células deve ser mínima. • Em concentrações ideais, forma-se uma única camada de células, facilitando a visualização. • Amostras coaguladas, não identificadas ou envelhecidas devem ser rejeitadas. 4. Exame físico • Aspecto visual (citrino, hemorrágico, purulento, etc.) • critério inicial para agrupar diversas hipóteses diagnósticas e direcionar para exames específicos de análise laboratorial. • O aspecto e coloração devem ser anotados antes da centrifugação; • Fisiologicamente, o líquido ascítico é transparente, amarelo claro, estéril e viscoso. 4. Exame físico • Infecções bacterianasTurbidez • Perfurações do TGI, Pancreatite e ColecistiteEsverdeado • Efusão quilosa ou pseudoquilosaLeitoso Vermelho vivo • Hemorragia - 100.000 hem/µL Obs: em casos de punção traumática, o clareamento do líquido é observado no decorrer da paracentese. 5. Contagem global de células • Importante na diferenciação de transudato e exsudato; • Tipos celulares que podem ser encontrados: eritrócitos e as células nucleadas, que incluem leucócitos e células mesoteliais. • Câmara de Neubauer: • Células nucleadas contadas nos quatro quadrantes laterais; • Eritrócitos contados no quadrante central, que varia de acordo com a celularidade da amostra. 6. Contagem diferencial de leucócitos • Diferentes procedimentos e equipamentos podem ser utilizados para a confecção da lâmina onde se realiza a contagem diferencial: • A câmara de Suta concentra as células da amostra, fornecendo um esfregaço de boa qualidade • a coloração da lâmina é feita com May Grunwald-Giemsa ou outros corantes de Romanowsky. • A citocentrífuga concentra as células e um papel de filtro absorve o sobrenadante • o sedimento é ressuspenso com salina e após a secagem da lâmina ela é corada. 6. Contagem diferencial de leucócitos • Com a lâmina pronta: • 1° observa-se agrupamento e distribuição celular, em objetiva de 10x e 40x • 2° observa-se em objetiva de 100x, com óleo de imersão. • Após a centrifugação, as células podem sofrer alterações e apresentar-se destorcidas com vacúolos,fendas, nucléolos proeminentes e agrupamentos semelhantes à neoplasias. • As contagens celulares variam de acordo com a formação e resolução da ascite. • a diurese que pode aumentar a contagem leucocitária de 300 células/µl até 1.000 células/µl. 7. Considerações sobre a análise morfológica das células • Nas objetivas de 10x e 40x é dada uma visão geral da qualidade da amostra • Estima a celularidade, examina os agregados celulares, identifica agentes infecciosos grandes, como leveduras e elementos fungoides, e determina as melhores localizações da lâmina, onde as células estão em uma monocamada. • O aumento de 100x é utilizado para examinar as bactérias e estruturas celulares pequenas, como as inclusões. 7. Considerações sobre a análise morfológica das células • As características celulares importantes incluem a celularidade da amostra, a distribuição celular, tamanho e forma das células e a aparência citoplasmática; • As características nucleares incluem o tamanho, a forma e a posição do núcleo dentro da célula, o número de núcleos atuais, o padrão da cromatina do núcleo, a aparência dos nucléolos e a presença de figuras de mitose; • As características do fundo da lâmina citológica também devem ser observadas, não devem ser negligenciadas. 7. Considerações sobre a análise morfológica das células • Acúmulo de produto secretado por células secretorasFundo pesado • Nas lâminas de exsudato inflamatório sugere alto teor de proteínas Finamente granulado • Quantidades elevadas de mucopolissacarídeos como mucina Grosseiro granulado Obs: a presença de bactérias, cristais, gotas de lipídeos, materiais nucleares das células rompidas e de materiais estranhos como, por exemplo, pólen, talco ou cristais do amido, deve ser descrita no resultado. 8. Controle de qualidade das contagens • Importante para evitar interferentes na contagem. • O controle de qualidade das contagens em câmara pode ser feito diluindo uma amostra de sangue total em EDTA e comparando os resultados obtidos manualmente com os obtidos em analisadores hematológicos automatizados • Para o controle da contagem de células nucleadas, deve-se escolher uma amostra com ± 10.000 leucócitos/μl na contagem automatizada e fazer a contagem manual em câmara de Neubauer, de preferência diluindo-se a amostra em líquido de Turk para hemolisar os eritrócitos. 9. Detecção de células malignas no líquido ascítico • As causas mais comuns de ascite são as doenças malignas acompanhadas da cirrose; • Células neoplásicas no líquido ascítico são significativas, pois indicam a propagação de células de outros órgãos, ou seja, está ocorrendo uma progressão tumoral; • Células mesoteliais podem ser confundidas com células , já que podem reagir a vários tipos de estímulos e ferimentos; • Essas alterações podem ser ainda mais acentuadas após radioterapia ou quimioterapia associadas à cirurgias e tratamento dessas malignidades. 10. Biossegurança • O líquido ascítico é uma amostra contaminante, portanto, é necessário o uso de EPI’s. • O ideal seria que todos os laboratórios possuíssem e utilizassem câmaras de fluxo laminar vertical, para maior segurança do operador. Obrigada!
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