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HISTÓRICO Moreno vincula a criação do Psicodrama a quatro pontos de origens. O primeiro deles é quando ele tinha quatro anos e propôs um jogo a outras crianças em que ele representaria o papel de Deus, e os demais, seus anjos. Ele estava em uma cadeira que era seu “trono” até que um de seus “anjos” o desafiou a voar. Ele voou direto pro chão e fraturou o braço. Moreno diz que essa foi sua primeira sessão psicodramática “privada” que dirigiu, na qual participou como diretor e protagonista. Dessa experiência extraiu a ideia dos “egos auxiliares” (os anjos da brincadeira) e do cenário do psicodrama, que depois reproduziu em seu teatro de Beacon, NY. Diz também que esse episódio o ensinou que as outras crianças também gostam de fazer o papel de Deus. Entre 1908 e 1911 quando era um jovem estudante de Medicina da Universidade de Viena, costumava reunir nos jardins, grupos de crianças para representações improvisadas, onde estimulava a criatividade e a espontaneidade delas. Em 1917 ele se formou médico e exerceu a psiquiatria, e sempre esteve ligado a área de teatro... Em 1921, criou o "teatro da espontaneidade". A ideia era de fazer uma apresentação espontânea sem decorar falas (estilo é tudo improviso da MTV) – Define-se a primeira sessão psicodramática como o evento em abril de 1921, em que Moreno se apresentou sem nenhuma preparação, sem equipe de atores, nem peça, diante de um público de mais de mil pessoas. Havia no palco somente um trono e uma coroa dourada – Então ele começou a chamar a quem quisesse do público para sentar no trono e ser o rei e dizer o que faria em benefício do povo e depois a plateia iria julgar se tal pessoa merecia ou não ocupar o lugar de rei... E assim foi... um subia e era vaiado, outro subia e era vaiado... E no final se concluiu que ninguém poderia sentar naquele trono e ninguém merecia ser rei e mandar no mundo Ele disse que essa ideia representação foi um intento de tratar e curar o público de uma enfermidade, uma síndrome patológica que os participantes compartilhavam no momento (Viena fervia em rebelião pós guerra, não tinha governo estável, nem imperador, nem rei, nem líder... ele diz que a Áustria estava inquieta em busca de uma nova alma) Apesar do aparente fracasso desta primeira representação, este foi o marco do nascimento de uma nova modalidade de expressão catártica que, instrumentada pelo exercício da espontaneidade e sustentada na teoria dos papéis, viria a se constituir o método psicodramático de abordagem dos conflitos interpessoais, cujo âmbito natural é o grupo. Surge, então, a expressão "psicoterapia de grupo". O psicodrama desde seus primórdios estabeleceu um ambiente basicamente grupal, com a presença do terapeuta (diretor de cena), seus egos auxiliares e os pacientes (tanto como protagonistas como público). Aliás, a expressão, "psicoterapia de grupo" foi pela primeira vez utilizada por Moreno. Um ano depois, surge um episódio que segundo Moreno marcou a passagem do Teatro Espontâneo para o Teatro Terapêutico. Dentro do grupo de atores contratados por Moreno, havia uma jovem atriz que se sobressaía em papeis de ingênua (sempre interpretava papeis muito delicados e doces...) ela se envolveu num romance com um espectador que se sentava sempre na primeira fila, o Jorge. Eles casaram e um dia o Jorge procurou o Moreno dizendo que não suportava mais esse ser tão angelical e doce nas apresentações mas que na convivência do casal se comportava como um endemoniado, ofendendo-o e até batendo nele. Moreno então, fez uma experiência, começou a dar papéis violentos pra Barbara, papeis de prostituta assassinada... ela se saiu muito bem, golpeava o outro ator, se defendia e tudo o mais, Barbara saía do teatro exuberante de alegria, o tempo passou e Jorge percebeu que eles estavam se dando muito bem agora, quando ela começava a ficar mais exaltada eles começavam a rir e levar na brincadeira como se fosse uma das cenas de violência que ela fazia no teatro, ela mesma tinha noção disso e os dois começavam a achar graça disso... Logo depois Moreno sugeriu que Jorge e Barbara repetissem as cenas que tinham em casa no teatro, depois que representassem cenas da infância, retratando suas respectivas famílias, bem como de seus sonhos e planos para o futuro. Nasceu assim não só o psicodrama como técnica terapêutica, mas também como a abordagem do casal como modalidade psicoterapêutica.
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