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TCC Finalizado - Lei de Drogas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
	
CURSO DE DIREITO
Lei de Drogas- O problema das consequências legais pouco rigorosas e da falta de taxação quando relacionada ao crime de Tráfico de Drogas
 Julio Reinazul Festa Junior 
 RA:5350479
 Turma: 3108C02
 E-mail: juliorfj87@gmail.com
SÃO PAULO
2016
LEI DE DROGAS - O PROBLEMA DAS CONSEQUENCIAS LEGAIS E DA FALTA DE TAXAÇÃO QUANDO RELACIONADAS AO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS
 
 Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Professor Evandro Fabiani Capano. 	
BANCA EXAMINADORA
Aprovado em: _/_/_
___________________________________________________________________
Professor Orientador: Evandro Fabiani Capano
___________________________________________________________________
Professor Arguidor:
___________________________________________________________________
Professor Arguidor:
 
DEDICATÓRIA
 A Deus pela inspiração e sabedoria por esse trabalho, que entrego com o sentimento de dever cumprido e sem o qual não teria conseguido entregar esse trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pela inspiração e força para concluir esse trabalho.
A esta nobre instituição universitária pelo ensino de qualidade.
Ao meu orientador Professor Evandro Capano pela orientação e paciência.
A minha mãe Lauanda e minha Tia Alair pela paciência, carinho e incentivo.
A Doutora Dalva Maria dos Santos Ferreira, pelas palavras de incentivo.
A minha querida amiga Audineia Aramaki, pelo incentivo.
E a todos que direta ou indiretamente me apoiaram para fazer esse trabalho.
Gratidão!
“Drogas não são o caminho para a luz. Elas não o vão conduzir a um conto de fadas, elas levam-o ao sofrimento. ”  LAYNE THOMAS STALEY
RESUMO
Esse trabalho versa sobre aspectos gerais da Lei de Drogas mais especificamente referindo-se ao tráfico de drogas, discutindo novas penas bem como um limite legal que possa separar o usuário do traficante.
Foi preparado seguindo um método simples de apresentação que procura levar o leitor a novas reflexões expandindo seus horizontes.
Visa ainda mostrar que as penas atuais para o crime de tráfico são em si mesmas irrisórias frente ao forte dano social causado por esse crime e ainda mostrar ao leitor alguns pontos interessantes sobre o usuário, o traficante comum e o privilegiado.
Palavras chave: tráfico, pena, drogas, lei.
ABSTRACT
This work deals with general aspects of Drugs Act specifically referring to drug trafficking, discussing new feathers and a legal limit that can separate the user from the dealer.
It was prepared following a simple method of presentation that seeks to bring the reader to new reflections expanding its horizons.
It also aims to show that the current penalties for the crime of trafficking are in themselves insignificant against the strong social damage caused by this crime and also show the reader some interesting points about the user, the common dealer and the privileged.
Keywords: traffic, pen, drugs, law.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa apresentar uma visão geral sobre alguns aspectos da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), discutindo aspectos como a natureza dual do SISNAD, os conceitos de usuário e tráfico e por fim apresentando soluções para o problema central discutido no trabalho, qual seja, o crime de tráfico de drogas.
Visa ainda, apresentar outros aspectos como a natureza dual do SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas) e os conceitos de usuário e tráfico.
Insta consignar que os temas centrais são a diferenciação entre usuário e traficante e as atuais penas e progressões de regime para esse crime que assola sobremaneira não só a sociedade brasileira, bem como toda a população mundial mesmo nos países onde é punido com extremo rigor.
2. LEI DE DROGAS
A Lei 11.343/06, aprovada em 23 de agosto de 2016, criou o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas); prescrevendo medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas segundo seu artigo 1º:
Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. [1: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 1º. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 10/10/2016]
A Lei de Drogas atua de forma completa definindo não só o rol do artigo 1º bem como define o procedimento penal indo do artigo 48 ao artigo 64 definindo como deve ser feita a investigação, a instrução criminal e a apreensão, arrecadação e destinação de bens do acusado.
A Lei de Drogas inova ao transformar o crime de uso de drogas em um crime sui generis. Vamos trazer aqui a tipificação conforme o artigo 28 da lei de drogas:
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. [2: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 28. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm Acesso 10/10/2016³ BRASIL. Lei 6368/76. Artigo 16. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6368.htmimpressao.htm. Acesso em: 10/10/2016]
Como é possível ver acima, a Lei de Drogas não prevê pena privativa de liberdade para o usuário de drogas ao contrário das legislações anteriores que apenavam não só o traficante de entorpecentes como também penalizavam o usuário de entorpecentes, conforme é possível constatar no artigo 16 da Lei 6368/76:
 Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso próprio, substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
        Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de (vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa. [3: ]
Outro ponto positivo da Lei de Drogas foi o fato de que o legislador adotou não só maior rigor para o crime de tráfico de entorpecentes bem como trouxe uma quantidade maior de núcleos do tipo agindo dessa forma para “fechar o cerco” diante desse crime conforme demonstrado no artigo 33 da lei 11.343/06:
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.[4: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 33. 2006. Disponívelem: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 10/10/2016]
Em suma o legislador procurou de toda forma reprimir qualquer atividade que possa facilitar a veiculação ou comercialização de drogas e prevendo consequências legais não só na Lei de Drogas, bem como em outros textos legais, os quais veremos mais adiante.
2.1 SISNAD
O SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas) foi criado pela Lei 11.343/2006 para disciplinar de forma holística a prevenção do uso indevido segundo as palavras do Professor Evandro Fabiani Capano:
Assim o próprio legislador cuidou de criar um “sistema” para disciplinar de forma holística a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas, bem como a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.[5: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 132]
Além disso, o legislador explicitou no artigo 4º da Lei de Drogas os princípios programáticos do SISNAD: 
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do Sisnad;
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad;
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas;
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
XI - a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.[6: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 4º. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 11/10/2016]
Desta forma é possível perceber que o SISNAD encarna algo comum no direito brasileiro que é a criação de normas programáticas, ou seja, que estabelecem um objetivo a ser seguido pelos aplicadores da lei quando assim o fizerem.
2.1.1 NATUREZA DUAL DO SISNAD
Como um sistema programático, o SISNAD se apoia em dois eixos segundo o artigo 3º da Lei:
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.[7: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 3º. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 11/10/2016]
No primeiro inciso consta o objetivo da prevenção do uso indevido bem como a atenção e a reinserção social de uso de drogas, mostrando um viés mais social conforme é possível perceber após uma simples leitura do texto legal.
No segundo inciso consta o objetivo da repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas, sendo o conteúdo do referido inciso de viés repressor, encarando o tráfico dessa forma como um problema de segurança pública.
Como bem explica Capano o legislador cunhou dois conteúdos programáticos distintos:
 Perceba que o legislador cunhou o conteúdo programático previsto no art. 3º, I, tendo por destinatário o usuário, pois expressamente trabalha a prevenção e a reinserção social.
 Já para o crime organizado e para o traficante, o legislador plasmou outro conteúdo programático, previsto no art. 3º, II, com a expressa menção à “repressão”[8: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 134]
Dessa forma, é possível perceber claramente a finalidade do SISNAD que se mostra um sistema destinado tanto a prevenção do uso como a repressão da produção ilícita de drogas tornando o SISNAD assim, um sistema praticamente único no Direito Brasileiro.
2.2 CONCEITO DE DROGAS 
Segundo o parágrafo único do artigo 1º da Lei de Drogas: “consideram-se como drogas todas as substâncias ou produtos capazes de causar dependência, que forem assim declaradas em lei ou portaria periodicamente atualizada pelo Poder Executivo da União. ”[9: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 1º. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 13/10/2016]
O trabalho de definir quais substancias são drogas cabe a Agência Nacional de Vigilância Sanitária que por meio de portaria periodicamente atualizada determina quais substâncias são ou não drogas. Um caso notório envolvendo as portarias da ANVISA ocorreu nos anos 2000 quando a referida agência reguladora excluiu por oito dias (sete a quinze de dezembro de 2000) o cloreto de etila (substância utilizada no lança perfume) da lista de substancias entorpecentes, sendo que, houve inclusive um caso de “abolitio criminis” temporária reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal em relação a um homem que fora flagrado com cerca de seis mil frascos de lança perfume. 
Insta consignar que a ANVISA somente declara uma substância como droga após estudos e relatórios apresentados por técnicos capacitados de que referida substância pode de fato causar dependência seja a mesma física, psíquica ou química.
 
 Vale lembrar que desde 21 de março de 2016 o Hidrocanabidiol (princípio ativo da maconha) não consta mais como substancia proibida pela ANVISA, por força de determinação judicial e caso a decisão judicial seja derrubada, a venda e demais usos da referida substancia voltarão a configurar como crime de tráfico. 
2.3 O USUÁRIO NA LEI DE DROGAS
Como citado anteriormente a Lei de Drogas dá um tratamento diferenciado para o usuário de drogas primeiro por não o penalizar com a perda de sua liberdade, bem como, definindo prazos prescricionais diferentes dos outros crimes como é possível constatar no artigo 30 do referido texto legal “Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. “[10: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 30. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 10/10/2016]
A Lei de Drogas segue uma tendência mais modernista ao tratar o usuário mais como um indivíduo vitimado pela sociedade que comete um crime de menor potencial ofensivo do que como um criminoso que deva ter sua liberdade restringida. 
O usuário passa a ser tratado de forma diferenciada com penas que lhe são próprias 
Conforme será possível constatar no referido texto legal o usuário não é apenado com a privação desua liberdade:
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. [11: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 28. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm Acesso em: 10/10/2016]
A Lei de Drogas utiliza o vocábulo “pena” como sanção possível ao usuário, porém, as sanções previstas são de natureza apenas socioeducativa como bem explica Capano em sua obra “Os artigos 27 e 28 da Lei Antidrogas utilizam o vocábulo “pena” como sanção possível ao usuário, mas em verdade, apesar da nomenclatura utilizada, as sanções previstas são de natureza socioeducativa”[12: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 135]
 Desta forma vemos que de fato as penas previstas nos referidos artigos são de fato sanções socioeducativas e não penas criminais propriamente ditas e para isso mais uma vez mencionarei a brilhante lição do professor Capano em sua obra:
 
Pena criminal- Espécie de sanção cominada de forma abstrata do tipo penal, prevista em seu preceito secundário, com potencialidade de privação de liberdade física do ser humano.
Com a definição de pena relembrada, note o leitor que a Lei Antidrogas possui ainda outra particularidade, sendo a mais importante, que confirma que a sanção é realmente socioeducativa e não pena: caso o infrator não dê cumprimento no determinado, nunca poderá ele ser privado em sua liberdade! Não existe sequer a potencialidade de privação da liberdade do usuário, pelo fato de consumo de drogas.[13: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 135]
 
Ainda é preciso salientar que as sanções socioeducativas previstas nos artigos 27 e 28 não são penas restritivas de direito pois as penas restritivas de direitos são autônomas e se prestam a substituir as penas privativas de liberdade como bem explica Capano (página 135): 
O leitor poderia estar tentado pela seguinte questão: Poderiam as medidas educativas, e especialmente a prestação de serviços à comunidade – sanção prevista no art. 28, II – serem consideradas penas restritivas de direito?
E a resposta é não! As penas restritivas de direito, por expressa disposição do art. 44 do CP, são penas autônomas e se prestam a substituir as penas privativas de liberdade, o que à evidência não é o caso, pois as sanções aqui tipificadas são aplicadas diretamente ao usuário, como resposta à conduta típica.[14: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 135]
 Fechando a questão podemos dizer que em definitivo as sanções socioeducativas previstas no artigo 28 da Lei 11.343/2006 não são restritivas de direitos pois não preveem o retorno a privação de liberdade caso descumpridas como bem explica Capano em sua obra:
Pondere também o leitor que se a natureza jurídica da sanção fosse de pena restritiva de direitos a substituir uma pena privativa de liberdade, a consequência seria a revogação da restritiva e a execução da privação do ius enundi, ou seja, o retorno à pena privativa de liberdade anteriormente aplicada.[15: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 136]
 
Um último fato importante a ser mencionado sobre o usuário é o do parágrafo 1º do artigo 28, qual seja: 
§ 1o  Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.[16: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 28. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm Acesso 10/10/2016]
Em outras palavras, o legislador preocupou-se também com o fato de que uma pessoa poderia cultivar plantas destinadas à preparação de drogas bem como estabeleceu no parágrafo segundo normas de caráter exegético para que o magistrado possa determinar se a droga é ou não para consumo pessoal sendo os critérios a natureza e quantidade da substância apreendida, o local e as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do agente.
Os §§ 3º e 4º determinam que as penas dos incisos II e III terão prazo máximo de cinco meses e em caso de reincidência terão prazo máximo de dez meses reforçando ainda mais o caráter socioeducativo das penas previstas no artigo 28.
O § 5º determina que a prestação de serviços à comunidade conforme previsão do inciso II do artigo 28, caput, será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou sem fins lucrativos, que se ocupem preferencialmente da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas, visando assim, garantir a reeducação e recuperação do agente que cumpre a medida socioeducativa.
Como forma de garantia do cumprimento das medidas socioeducativas o juiz pode em caso de descumprimento submeter o agente sucessivamente a admoestação verbal e a multa, não podendo esta ser inferior a quarenta dias multa nem superior a cem dias multa devendo ainda atender a capacidade econômica do agente.
 Para encerrar, é possível perceber que em momento algum ocorrerá a Pena Privativa de Liberdade para o usuário, tratando-se assim, de uma inovação no direito brasileiro como já fora mencionado no começo deste trabalho.
3. TRÁFICO
Segundo o dicionário online de português () tráfico é definido como “Comércio, negócio; tráfego. Comércio ilegal e clandestino. ”[17: BRASIL. Dicionário Online de Português. Disponivel em: https://www.dicio.com.br/trafico/. Acesso em: 15/10/2016]
Cabe ressaltar que para a lei de drogas, muito mais do que o comércio ilegal e clandestino, tráfico é em um conceito geral “dar trânsito” a droga.
Cabe aqui indicar um gráfico que mostra o crescimento das prisões por tráfico após a entrada em vigor da Lei de Drogas 
Gráfico representa evolução de presos por tráfico de drogas no Brasil / Maria Gorete Marques de Jesus
 Isso se deve ao fato de que a Lei de Drogas aumentou em muito os núcleos do tipo, bem como, os tribunais têm se tornado mais rígidos condenando muitas vezes pessoas por pequenas quantidades como por exemplo o Estado do Paraná que costuma condenar uma pessoa por tráfico se ela for presa com mais de 1,0g de crack, enquanto que o Estado de São Paulo costuma considerar mais de 8,5g como tráfico, isso de acordo com estudo publicado pela Ex- Secretária de Justiça e Cidadania do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes.[18: GOMES, Maria Tereza Uille et al. Política sobre drogas e a política criminal brasileira. Curitiba, PR: SEJUS, 2014. Disponivel em: www.justiça.pr.gov.br. Acesso em: 15/10/2016]
Outro fator que deve ser mencionado é a quantidade de prisões de acordo com o gênero quando falamos do crime de tráfico de entorpecentes sendo que de acordo com estudo publicado pelo Ministério da Justiça, 64% da população carcerária que está presa por tráfico de drogas ou associação para o tráfico é de mulheres.
Insta consignar que essa porcentagem acima é grande frente ao dado de que 28% da população carcerária está presa por tráfico como demonstrado no gráfico abaixo
Fonte: Infopen, dezembro/2014, pagina 41
3.1 TRÁFICO CAPUT E SUAS CONSEQUÊNCIAS LEGAIS
Para começar, vamos citar a definição legal de tráfico de entorpecentes segundo a lei 11.343/2006: 
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.[19: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 33. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 12/10/2016]
Por meio dessa citação inicial podemos ver que a legislação atual se tornou mais rígida com relação às penas, pois embora tenha quase a mesma redação da legislação antiga, possui pena mais severa enquanto que a legislação anterior possuía pena mais branda:
 Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.[20: BRASIL. Lei 6368/76. Artigo 16. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6368.htmimpressao.htm. Acesso em: 12/10/2016]
Cabe ainda citar o parágrafo primeiro do artigo 33 da Lei de Drogas e seus incisos que tipificam outras condutas passíveis das mesmas penas impostas à prática do crime do artigo 33, caput:
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.[21: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 33. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 12/10/2016]
O crime de tráfico de entorpecentes caracteriza-se como do tipo alternativo misto já que todas as condutas previstas tanto no caput como no parágrafo primeiro levam a configuração do crime em questão como bem leciona o professor Capano em sua obra :“Trata-se de crime alternativo misto, ou seja, praticar qualquer dos verbos descritos no preceito primário ou nos parágrafos do tipo penal levará a configuração do crime”[22: CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: RT,2015, p 144]
O crime de tráfico de entorpecentes é definido como crime hediondo e, portanto, insuscetível de graça ou anistia conforme determinação da própria Constituição Federal de 1988:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;[23: BRASIL. Constituição. Artigo 5º. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ Constituicao/Constituicao. Acesso em:16/10/2016]
A Lei 8072/1990 ainda determina que o crime de tráfico também não será passível de indulto ou fiança conforme podemos ver em seu artigo 2º:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.[24: BRASIL. Lei 8072/1990. Artigo 2º. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072compilada.htm. Acesso em: 16/10/2016]
Outra consequência legal a ser mencionada é que de acordo com a Lei 7960/1989 a prisão temporária é obrigatória para o crime de tráfico de drogas:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976)[25: BRASIL. Lei 7960/1989. Artigo 1º. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm. Acesso em: 16/10/2016]
Ainda, segundo o Egrégio Supremo Tribunal Federal, não é possível nem mesmo a concessão do chamado indulto humanitário, ou seja, aquele concedido por razões de saúde, conforme demonstrado a seguir (HC 118213):
2. Revela-se inconstitucional a possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes hediondos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, independentemente do lapso temporal da condenação.[26: BRASIL. STF. HC 118213/SP. Disponível em: http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25342496/habeas-corpus-hc-118213-sp-stf/inteiro-teor-159437997. Acesso em: 16/10/2016]
Cabe ainda mencionar que é um crime unissubsistente, ou seja, não admite a tentativa visto que a prática de qualquer um dos verbos descritos implica na consumação do crime em si. 
3.2 TRAFICO PRIVILEGIADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS LEGAIS
Para iniciar este item insta consignar o que é de fato o tráfico privilegiado de acordo com o parágrafo quarto do artigo 33:
§ 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.[27: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 33. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 17/10/2016]
O tráfico privilegiado de entorpecentes então é basicamente mais uma causa de diminuição de pena que ocorre sob algumas condições do que um tipo penal diferenciado, cabendo ainda ressaltar que conforme decisão proferida no HC 118533/MS o tráfico privilegiado não possui natureza hedionda.
Insta consignar que o Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos” contida tanto no parágrafo anteriormente citado bem como na parte final do artigo 44, caput do mesmo diploma legal, conforme item 5 da ementa do Habeas Corpus 97.256 Rio Grande do Sul:
5. Ordem parcialmente concedida tão somente para remover o óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a conversão em pena restritiva de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição da substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao juízo da execução penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da convolação em causa, na concreta situação do paciente.[28: BRASIL. STF. HC 118533/SP. Disponivel em: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/389768268/andamento-do-processo-n-118533-terceira-extensao-no-habeas-corpus-30-09-2016-do-stf?ref=topic_feed. Acesso em: 17/10/2016]
Outro fato a ser mencionado é que grande parte dos presos por tráfico, em sua maioria mulheres, está na situação de trafico privilegiado, sendo na maioria das vezes as famosas “mulas”, ouseja, pessoas que são pagas por uma organização criminosa para que façam o transporte dos entorpecentes, sendo em sua maioria pessoas com situação social extremamente desprivilegiada e que acabam aceitando o “serviço” como forma de ganhar “dinheiro fácil”.
3.3 CRIME DO ARTIGO 33, § 3º
Nessa parte iremos falar do crime do artigo 33, § 3º, que segundo a Lei de Drogas constitui em oferecer droga de forma eventual e sem objetivo de lucro para ser consumida junto com pessoa de seu relacionamento.
Cabe aqui mencionar que é um crime com uma penalidade bem particular porque além de prever Pena Privativa de Liberdade e Prestação Pecuniária, também prevê que sejam aplicadas as medidas socioeducativas do artigo 28:
§ 3o  Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.[29: BRASIL. Lei de Drogas. Artigo 33. Parágrafo 3º. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso 17/10/2016]
	
Sendo assim, a pena prevista para a conduta típica descrita nesse parágrafo visa não somente a punição pelo oferecimento da droga, bem como visa a reinserção social daquele que faz uso da substância ilícita.
É um crime que somente se configura se todos os elementos descritos estiverem presentes, sendo que a ausência de apenas um deles fará configurar o crime de tráfico.
4. SOLUÇÕES PROPOSTAS
Após a discussão e apresentação de alguns tópicos bastante interessantes serão discutidas e apresentadas algumas soluções que poderiam ser bastante úteis, não só para pôr um ponto final em algumas infindáveis discussões jurisprudenciais bem como para ampliar o rigor da aplicação da legislação vigente.
Embora muitos defendam que aumentar o rigor das penas aplicadas ao crime de tráfico não é o ideal, vemos que em razão das penas por vezes brandas, como o tempo mínimo da pena prevista para o crime do artigo 33, caput, faz com que em pouco tempo traficantes por vezes perigosos possam ser postos em liberdade e assim voltarem a cometer os mesmos delitos.
Outra solução proposta é a taxação, ou seja, a definição legal da quantidade legal, que se ultrapassada virá a configurar tráfico, como existe em certos países tais como Austrália, Indonésia, Argentina, Singapura, China e outros.
Com vias de facilitar a compreensão dos que lerem esse trabalho, será discutida a taxação somente para as drogas mais conhecidas, tendo em vista a grande quantidade de substâncias entorpecentes.
Por último serão propostos novos prazos para progressão de regime tendo em vista que dada a gravidade do tráfico de drogas, e do mesmo ser um crime do qual se originam muitos outros, é simplesmente descabido que haja um prazo igual aos dos demais crimes hediondos.
4.1 DEFINIÇÃO LEGAL DA QUANTIDADE (TAXAÇÃO) PARA CONFIGURAR TRÁFICO
Como primeira solução, será proposta a definição legal da quantidade (taxação) para configurar o crime do artigo 33, caput, pois o fato da mesma ser uma norma penal em branco cria infindáveis discussões jurisprudenciais que retiram a segurança jurídica tanto daqueles que operam o direito, bem como, do réu que fica muitas vezes à mercê da livre convicção de cada magistrado ou tribunal, o que muitas das vezes gera uma condenação por tráfico frente ao fato do agente estar portando quantidades mínimas de drogas.
Vejamos a seguir o critério objetivo segundo alguns países para o limite do porte de maconha e cocaína:
	Quantidades consideradas para uso pessoal de maconha e cocaína nos países que adotaram critério objetivo
	Maconha
	Cocaína
	Quantidade de Maconha (gramas)
	Países que adotaram essa quantidade
	Quantidade de Cocaína (gramas)
	Países que adotaram essa quantidade
	2
	El Salvador
	0.01
	Letônia
	3
	Bélgica
	0.2
	Lituânia
	5
	México, Letônia, Lituânia, Países Baixos
	0.5
	México, Noruega, Suécia
	6
	Belize
	0.75
	Itália
	8
	Peru
	1
	Colômbia, Equador, República Checa, Belize
	10
	Equador, Paraguai, Dinamarca
	1.5
	Grécia, Finlândia
	15
	Finlândia, República Checa
	2
	Paraguai, Peru, Portugal, Hungria, Venezuela, El Salvador
	20
	Colômbia, Venezuela, Grécia
	2.8
	Jamaica
	25
	Portugal
	7.5
	Espanha
	30
	Canadá, Chipre
	10
	Chipre
	40
	Uruguai
	15
	Áustria
	50
	Suécia
	
	
	57 (2 onças)
	Jamaica
	
	
	100
	Espanha
	
	
	Critério de peso apenas em THC
	Itália (1g) Áustria (20g) Hungria (1g)
	
	
	Critérios variáveis por região do país
	Alemanha (6-15g) Noruega (10-15g)
	1-3g
	Alemanha
Fonte: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD)
Como foi possível perceber na tabela acima, são bastante variados os critérios objetivos adotados por cada país, sendo alguns deles bastante rígidos, sendo assim, o Brasil de forma alguma inovaria na taxação.
Para adotar o critério mais justo considerando que um usuário consome cerca de cinco gramas por dia (em torno de cinco cigarros), e que um mês tem por volta de 30 dias, a quantidade limite seria por volta de 150 gramas, considerando ainda que um usuário normalmente adquire a droga para seu uso mensal.
Para cocaína o critério seria em torno de 14g, considerando que um pino de cocaína pesa cerca de 1g e que um usuário consome cerca de um a dois pinos por dia, adotando-se nesse caso um critério semanal.
Já no caso do crack seria um critério diário, já que um usuário de crack consome cerca de 16 pedras por dia e que uma pedra pesa cerca de 0,7, o critério seria em torno de 11,2.
Cabe ressaltar que os critérios aqui adotados de mês, semana e ano, foram adotados segundo o nível e a rapidez com a qual cada droga pode causar dependência.
Desta forma a tabela ficaria assim:
	Droga
	Critério Matemático de Referência
	Critério de Tempo
	Maconha
	150g
	Mensal
	Cocaína
	14g
	Semanal
	Crack
	11,2g
	Diário
Concluindo, a proposta desse tópico não é para prejudicar o usuário e sim para evitar que traficantes possam vender quantidades fracionadas da droga e assim serem qualificados apenas como usuários e não por seu real delito.
4.2 NOVAS PENAS PARA O CRIME DE TRÁFICO E NOVOS PRAZOS PARA PROGRESSÃO DE REGIME
Nessa parte serão propostas novas penas para o crime de tráfico, dado que, o atual vetor de dosimetria não se comprovou suficiente para punir o crime nem para prevenir que novos crimes sejam cometidos, bem como, pode ensejar o questionamento acerca da constitucionalidade do referido crime começar em regime inicial fechado.
Seguindo a atual legislação, a qual determina que a partir de oito anos o condenado deve cumprir a pena em regime inicial fechado a proposta seria aumentar o tempo mínimo do vetor de dosimetria de cinco para oito anos e seu vetor máximo de quinze para dezoito anos, garantindo assim que o traficante cumpra inicialmente sua pena no regime fechado.
Também deveria haver uma mudança na multa, sendo o vetor aumentado de mil a dois mil dias multa, tendo em vista que o tráfico é um crime de alta rentabilidade e a punição pecuniária mostrou-se ainda ínfima frente ao faturamento que alguns traficantes tem.
A sugestão final seria uma mudança quanto aos prazos para progressão de regime no qual o condenado deveria cumprir dois terços da pena restante em caso de ser réu primário e três quartos em caso de reincidência.
Insta consignar que as propostas feitas acima são em face da alta periculosidade e dos graves danos sociais que o tráfico causa, não só pelo crime em si, como também pelos demais crimes originados a partir do tráfico, sejam para cobri-lo, sejam para mantê-lo.
 
 
5. CONCLUSÃO
O presente trabalho cumpre ressaltar que as medidas aqui previstas têm a finalidade de encontrar uma solução na legislação para o problema do Tráfico de Drogas após uma análise de alguns pontos da Leide Drogas.
É possível perceber que o crime de tráfico de Drogas precisa ser punido de forma mais rigorosa bem como, a taxação também precisa ser feita de forma a diferenciar o usuário do traficante evitando assim que hajam confusões jurisprudenciais que por vezes acabam por penalizar um simples usuário por conta de pouca quantidade de droga.
Concretizaram-se todos os objetivos propostos pois foi possível encontrar propostas tanto para a taxação quanto para novas penas e novas progressões de regime, sendo assim, foi possível sim cumprir os objetivos propostos para o presente trabalho.
6. BIBLIOGRAFIA
CAPANO. Evandro Fabiani. Legislação Penal Especial. 1 ed. São Paulo: Ed. RT,2015.
BRASIL. Constituição. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 16/10/2016
BRASIL. LEI DE DROGAS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 11/10/2016
BRASIL. Lei de Drogas Antiga. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6368.htmimpressao.htm. Acesso em: 11/10/2016
BRASIL. Lei dos Crimes Hediondos. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072compilada.htm. Acesso em: 16/10/2016
BRASIL. Lei das Prisões Temporárias. Disponivel em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm. Acesso em: 16/10/2016
BRASIL. STF. HC 97256/RS. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=617879. Acesso em: 16/10/2016
BRASIL. STF. HC 118213/SP. Disponível em: http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25342496/habeas-corpus-hc-118213-sp-stf/inteiro-teor-159437997. Acesso em: 17/10/2016
BRASIL. STF. HC 118533/MS. Disponivel em: http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25342496/habeas-corpus-hc-118213-sp-stf/inteiro-teor-159437997. Acesso em: 17/10/2016
GOMES, Maria Tereza Uille et al. Política sobre drogas e a política criminal brasileira. Curitiba, PR: SEJUS, 2014. Disponível em: http://www.justica.pr.gov.br/arquivos/File/nupecrim/RelatorioPreliminar_Politica_sobre_drogas_e_criminal_brasileira.pdf. Acesso em: 15/10/2016

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