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Apelação em Processo Criminal

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Graduação em Direito –Oitavo Período/Manhã
Mariana Fernandes Tupynambá
Miria Santos Freitas
Trabalho de Prática Simulada II
Apelação
BETIM
2018
JUIZO FEDERAL DA 4° VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS
Processo número: XXXXXXXXXX
Diego, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls. (XX), por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável decisão condenatória de fls. (XX), interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do CPP.
Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal Federal da 1° Região, onde serão processados e provido o presente recurso.
Termos em que, pede deferimento.
Belo Horizonte, 19 de agosto de 2011
______________________
OAB/XX (Nome completo advogado)
RAZÕES DA APELAÇÃO
RECORRENTE: DIEGO
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS
PROCESSO NÚMERO: XXXXXXXXXXX-XXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1° REGIÃO
COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
I) DOS FATOS
Em 08/03/2005, Diego, que na época contava com 19 anos de idade, foi preso em flagrante pela suposta prática de roubo com emprego de arma (art. 157, § 2º, I, do CP). Segundo a peça acusatória, Diego “ingressou na Casa Lotérica ‘Sua Sorte’ e, de arma em punho, realizou assalto, subtraindo R$10.000,00 do cofre do referido estabelecimento”. 
A suposta arma utilizada no roubo não foi encontrada, não sendo possível realizar laudo para atestar sua potencialidade lesiva. A denúncia foi recebida em 04/03/2010 pelo Juiz Federal da 4ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais e Diego apresentou resposta à acusação, na qual não arrolou testemunhas. 
Na audiência de instrução e julgamento, o primeiro ato realizado foi o interrogatório do acusado já que, de acordo com o juiz, a nova regra processual introduzida pela reforma parcial de 2008 somente se aplica aos crimes praticados após sua promulgação. Após, foram inquiridas as testemunhas da acusação, dentre elas Marcelo Salas que, apesar de não reconhecer Diego, apontou as pessoas de João Campos e Maria José como clientes que estavam na Casa Lotérica e tinham condição de reconhecer o autor do delito. As demais testemunhas da acusação que foram ouvidas afirmaram que não presenciaram o crime e nem conheciam o acusado. 
A vítima não prestou declarações, apesar de na fase policial ter reconhecido o acusado. A defesa, diante das declarações de Marcelo Salas, protestou pela oitiva de João Campos e Maria José, pedido indeferimento pelo juiz diante da manifestação contrária do MP, destacando que operou-se a preclusão para a produção da prova testemunhal pela defesa, tendo ficado clara a intenção da defesa em procrastinar o encerramento do processo. Na audiência, o advogado manifestou sua inconformidade, constando seu protesto em ata. 
Em alegações finais, o MP pleiteou a condenação, ao passo que a defesa, novamente, postulou a oitiva de João Campos e Maria José e, no mérito, pediu absolvição. Na sentença, publicada em 10/07/2011, o juiz rejeitou o pedido da defesa e condenou Diego, fixando, respectivamente, a pena-base no mínimo legal – 4 anos de reclusão e 10 dias-multa – e cada dia-multa em um trigésimo do salário mínimo, tendo acrescentado 1/3 pela causa de aumento, o que resultou na pena de 6 anos de reclusão e 13 dias-multa. O acusado e seu advogado foram intimados da decisão em 12 de agosto de 2011.
II) DAS PRELIMINARES
II.I) DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO
O caso em tela versa sobre crime cometido em uma casa lotérica. As casas lotéricas funcionam como correspondentes bancárias da Caixa Econômica Federal. Entretanto, por não serem efetivamente agências da Caixa Econômica Federal a jurisprudência dominante entende que os crimes cometidos contra as lotéricas serão de competência da Justiça Estadual.
Assim, por ter tramitado na Justiça Federal, o processo é nulo de acordo com o art. 564, I, CPP. 
II.II) DA AUSÊNCIA DE LAUDO ATESTANDO A LESIVIDADE DA ARMA
No caso em tela a suposta arma utilizada na prática do delito não foi encontrada; assim, não sendo possível realizar o laudo para que pudesse atestar sua potencialidade lesiva.
Pelo exposto, o presente processo deve ser considerado nulo por violar o art. (564, III, “b”).
II.III) DA VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 2° e 400 do CPP
A previsão do art. 2° do CPP vem assegurar a aplicação imediata da Lei Processual Penal. No entanto, o primeiro ato realizado na AIJ foi o interrogatório do acusado já que, de acordo com o juiz, a nova regra processual introduzida pela reforma parcial de 2008 somente se aplica aos crimes praticados após sua promulgação.
A violação do art. 400 do CPP compromete a ampla defesa e o contraditório do acusado assegurados no art. 5° LV, CF.
Assim, por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato, o presente processo deve ser considerado nulo (art. 564, IV).
II.IV) DA VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 209, § 1º, CPP
No caso em tela, as testemunhas que foram arroladas nada contribuíram para com o deslinde do fato que agora se apura. No entanto, a testemunha Marcelo Salas apontou as pessoas de João Campos e Maria José como clientes que estavam na Casa Lotérica e tinham condição de reconhecer o autor do delito.
A defesa, diante das declarações de Marcelo Salas, protestou pela oitiva das testemunhas referidas. Entretanto o pedido foi indeferido pelo juiz, o qual atentou contra o art. 209, § 1º, CPP.
A negativa da oitiva das testemunhas referidas também viola a ampla defesa e o contraditório do acusado assegurados no art. 5° LV, CF.
Assim, por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato, o presente processo deve ser considerado nulo (art. 564, IV).
III) DO MÉRITO
Ilustres Desembargadores, a suposta arma utilizada no roubo não foi encontrada. A testemunha de acusação Marcelo Salas não reconheceu Diego. As demais testemunhas da acusação que foram ouvidas afirmaram que não presenciaram o crime e nem conheciam o acusado. A própria vítima não prestou declarações. Deste modo, o acusado deve ser absolvido em função de não haver prova da existência do fato conforme previsão no art. 386, II, CPP. 
No entanto, pelo principio da eventualidade, o recorrente requer que as diversas nulidades que macularam a presente demanda sejam analisadas.
A presente demanda processou-se perante juízo incompetente. Assim, deve-se determinar a anulação da instrução e a consequente remessa dos presentes autos para a Justiça Estadual, a qual, segundo a melhor doutrina, é competente para julgar os crimes cometidos contra as lotéricas.
Além disso, a ausência de laudo técnico comprovando a lesividade da suposta arma utilizada na prática do crime em tela, a violação da ordem dos atos da AIJ, bem como o indeferimento da oitiva das testemunhas referidas comprometeram a validade do processo. Assim, a anulação de toda a instrução é medida de justiça que agora se impõe.
Porém, se não for este o entendimento de Vossas Excelências, é necessário que se proceda a desclassificação do roubo majorado pelo uso de arma de fogo para o roubo simples. A suposta arma utilizada no roubo não foi encontrada, não sendo possível realizar laudo para atestar sua potencialidade lesiva. Registra-se, ainda, que a jurisprudência não mais reconhece a possibilidade da aplicação da majorante em roubos cometidos com armas de brinquedo ou que não tenham potencialidade lesiva. Assim, diante da inexistência de laudo técnico, o emprego de arma de fogo deve ser afastado.
III) DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, requer-se a Vossas Excelências a absolvição do réu, com fundamento no art. 386, II do CPP, visto não haver prova da existência do fato.
Caso não seja acolhido o pedido de absolvição, o que não se espera que ocorra, requer-se a anulação dainstrução processual e a consequente remessa dos presentes autos para a Justiça Estadual (art. 564, I, CPP).
Alternativamente, se não entenderem deste modo, requer a anulação da instrução pela ausência de laudo técnico comprovando a lesividade da arma utilizada na prática do crime (564, III, “b”), pela violação da ordem dos atos da AIJ (art. 564, IV), bem como o indeferimento da oitiva das testemunhas referidas (art. 564, IV).
Porém, caso este não seja este o entendimento, requer-se o afastamento da majorante do uso da arma de fogo e a consequente condenação pelo roubo simples, previsto no caput do art. 157, CP.
Por fim, caso apenas a defesa recorra, requer-se, quando a presente Apelação for analisada, que seja aferida a prescrição superveniente (art. 110 § 1º, CP) levando-se em consideração que o recorrente tinha 19 anos na data do cometimento do suposto fato (art. 115, CP).
Termos em que, pede deferimento.
 Belo Horizonte, 19 de agosto de 2011
______________________
OAB/XX (Nome completo advogado)

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