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Resumão Clínica Psicanalítica AV1 A histeria como paradigma • A palavra histeria está em circulação há mais de dois mil anos. Desde a antiguidade e em particular com Hipócrates a histeria já era usada para designar perturbações nervosas em mulheres que não haviam tido gravidez. • A palavra histeria – histeros, que, em grego, quer dizer útero – ao longo da história estava ligada de forma indissociável ao feminino e com o sexual. • Alguns autores acreditam que a histeria se modifica conforme o contexto sociocultural vigente em cada época. • Na Idade Média, a histeria passou a ser definida como possessão pelo demônio. • No século XIX, tornou-se a ser a doença paradigmática, coincidindo com as profundas mudanças que afetaram a estrutura familiar sob a pressão da industrialização, quando os papéis de homens e mulheres se polarizaram como nunca. • Existia ainda a suspeita de que o ser humano era dividido num eu consciente, moral e em alguma outra coisa, problemática, irracional, que precisava ser contida. • Entre os sintomas clássicos das manifestações histéricas encontravam-se: sensação de sufocação, tosse, paralisia dos membros, desmaios, incapacidades repentinas de falar, perda de audição, esquecimento de língua materna, vômitos persistentes e incapacidade de ingerir alimentos. • Tomar a histeria como paradigma é transformá-la em uma questão através da qual uma comunidade de pesquisadores e clínicos dedicará suas observações com a finalidade de esclarecê-la. • Embora classicamente tenha sido identificada como uma forma de sofrimento feminina, sobretudo a partir de Charcot, ela foi estendida aos homens. Joseph Breuer • Médico vienense a quem Freud (1910) atribuiu o mérito da Psicanálise. Isso se deve ao fato de tê-la “praticado” com sua paciente Anna O’, que apresentava diversos distúrbios histéricos e que atribuía a dissolução de seu quadro clínico mediante à conversação (talking cure). O método catártico, realizado com essa paciente, exigia previamente o seu profundo hipnotismo a fim de que as ligações patogênicas que em condições normais lhe escapavam pudessem ser evidenciadas. Jean-Martin Charcot • Médico parisiense a quem Freud tornou-se discípulo em 1885 e 1886. Quase ao mesmo tempo em que Breuer praticava a talking cure, começava em Paris, com as histéricas da Salpêtrière, as investigações de onde havia de surgir nova concepção da enfermidade. Entretanto, foi Pierre Janet quem tentou penetrar mais intimamente nos processos psíquicos particulares da histeria, ao tomar a divisão do psiquismo e a dissociação da personalidade como ponto central da teoria acerca desse distúrbio. Pierre Janet • Fortemente influenciado pelas ideias dominantes na França sobre o papel da hereditariedade e da degeneração, o que o levara a partir de experiências de laboratório, o psicólogo e médico parisiense Janet pensou que a histeria fosse uma forma de alteração degenerativa do sistema nervoso, que se manifestava pela fraqueza congênita do poder de síntese psíquica. A divisão psíquica era atribuída à incapacidade inata e os pacientes histéricos seriam, desde o princípio, incapazes de manter como um todo a multiplicidade dos processos psíquicos, e daí decorria a dissociação psíquica (FREUD, 1910). Sigmund Freud • Diferentemente de Janet, era o trabalho terapêutico, a necessidade prática, que impelia Freud. O que o fez descrever o aparelho psíquico dinamicamente pelo conflito de forças mentais contrárias, reconhecendo nele o resultado de uma luta ativa da parte dos dois agrupamentos psíquicos entre si (FREUD, 1910). Para chegar a essa concepção dinâmica do aparelho psíquico, precisou prescindir do hipnotismo, o que tornou possível reconhecer não apenas o mecanismo patogênico da histeria – recalque –, mas o papel da resistência no trabalho clínico com a neurose (FREUD, 1910). • A histeria foi elevada à condição de neurose, ganhando estatuto clínico preciso fora da dimensão médica, uma vez que a anatomia, a fisiologia e a patologia não integram o saber capaz de compreendê-la. • Através da “observação” da histeria e, posteriormente, da sua “escuta”, Freud edificou os fundamentos da Psicanálise cujas pedras angulares suportam-se na pressuposição da existência de processos psíquicos inconscientes, do reconhecimento da teoria da resistência e do recalque, da apreciação da importância da sexualidade e do complexo de Édipo. Esses constituem os principais temas da Psicanálise e os fundamentos de sua teoria. Aquele que não possa aceitá-los a todos não deve considerar-se a si mesmo como psicanalista (FREUD, 1910). • Foi ouvindo as histéricas que Freud construiu a maior parte do edifício psicanalítico. A primeira grande descoberta deu-se a partir da constatação de que os sintomas conversivos eram as expressões de representações [Vorstellungen] que estariam em estado latente (inconsciente) enquanto o sujeito estivesse orientado segundo a lógica do consciente. • Essas representações latentes que se expressam sob a forma sintomática o levaram a postular um nível do aparelho psíquico ao qual dera o nome de inconsciente. Nele se articulam as representações recalcadas do consciente e que mesmo latentes trabalham visando à satisfação. O sintoma histérico seria uma satisfação pulsional substituta que se forma (formação substitutiva ou de compromisso) mediante uma articulação entre os processos psíquicos consciente e inconsciente e a moral sexual civilizada. Breuer e o tratamento da “Anna O.” Método catártico: • O paciente era hipnotizado e levado a lembrar-se da história do desenvolvimento de sua doença. • O paciente era reconduzido até o momento das primeiras manifestações de seu sofrimento, ou seja, até a cena traumática, e incentivado a revivê-la de forma adequada, liberando a reação afetiva necessária e que, na época da vivência do trauma, por algum motivo, não foi efetivada. • Tinha por objetivo proporcionar que a cota de afeto utilizada para manter o sintoma (que estava ali contida) pudesse ser dirigida para um caminho que finalizasse com a descarga pela fala. Isso também foi chamado de abreação. • O método catártico, descoberto por Breuer, teve influência fundamental para o surgimento da Psicanálise. Foi através dele que Freud percebeu a importância da cura pela fala, o que mais tarde iria se tornar a livre associação. Divergências entre Breuer e Freud: • Freud (1914) considera a teoria de Breuer relativa à histeria muito incompleta por não tocar no problema da etiologia das neuroses. • Enquanto Freud acreditava que toda histeria tinha na sua base uma problemática sexual, Breuer acreditava que a doença não era determinada pelo conteúdo da lembrança, mas pelo estado psíquico do sujeito no momento do trauma, estado que ele chamava de hipnóide*. • *O estado hipnóide caracteriza-se por manter o nível de excitação intracerebral em níveis parecidos aos da vigília, mas o funcionamento representacional tem as características do estado de sono, ou seja, o decurso associativo é inibido. Mas ao adotar esse método, Freud deparou-se com duas dificuldades: 1. Nem todas as pessoas podiam ser hipnotizadas; 2. O que caracteriza a histeria e a distingue de outras neuroses, ou seja, o método catártico era ineficaz quanto à etiologia da histeria, pois só eliminava os sintomas. Freud começa a buscar uma melhora no método, e constata que, unindo o método catártico de Breuer com o método de repouso de Weir Mitchell* atingia melhores resultados. *Esse método combinava repouso no leito, isolamento, alimentação abundante, massagem e eletricidade, de forma estritamente controlada, para superar os estadosde exaustão nervosa graves e de longa duração. O PROBLEMA ETIOLÓGICO DA HISTERIA Inicialmente, Freud formula o problema etiológico da histeria em termos de quantidade de energia: • A histeria deve-se a um excesso de excitação que não foi descarregada por via verbal ou somática, porque a representação psíquica do trauma, ao ter sido impedida de expressão, torna-se um corpo estranho que atua no psiquismo. • O afeto como excitação psíquica é convertido em excitação somática, ou seja, em sintoma corporal. • Do ponto de vista descritivo, a histeria apresenta uma entidade línica definida, com sintomatologias e traços estruturais próprios. • Do ponto de vista relacional, reproduz um vínculo doentio com o outro que se repete na transferência. A histeria é uma neurose geralmente latente que eclode por ocasião de acontecimentos marcantes, ou em períodos críticos da vida de um sujeito. • É possível pensar a histeria como o teatro da subjetividade, como um fundamento da construção subjetiva que tem necessariamente seu eixo na ênfase da relação com o outro. • O sofrimento histérico expressa-se, principalmente, através de sintomas corporais que, em sua maioria, são transitórios, não resultam de nenhuma causa orgânica e que, em sua localização corporal, não obedecem a nenhuma lei anatômica ou fisiológica. • Construção do método psicanalítico: • Pré-psicanálise: método catártico com hipnose. • Consiste em possibilitar que o paciente possa rememorar a ideia dissociada do afeto de modo a convergi-los através da fala. Todo esse trabalho era realizado sob hipnose e ativado pelas sugestões do médico. • Bernheim (abre caminhos para a regra fundamental). • Psicanálise: método psicanalítico sem hipnose. • Consiste na tarefa de saber do próprio paciente algo que se ignorava e que também ele não sabia. Quando chegava com eles a um ponto em que diziam nada saber mais, eu lhes assegurava que sabiam, sim, que deviam apenas dizê-lo, e ousava afirmar que teriam a lembrança correta no momento em que eu pusesse a mão sobre sua testa. Dessa maneira consegui, sem recorrer à hipnose, saber dos doentes tudo o que era preciso para estabelecer o nexo entre as cenas patogênicas esquecidas e os sintomas por elas deixados. • Descobertas: • “As lembranças esquecidas não se achavam perdidas. Estavam em poder do doente e prontas para emergir em associação com o que ainda sabia, mas alguma força as impedia de se tornarem conscientes, obrigava-as a permanecer inconscientes” (FREUD, 1910, p. 240). Essa descoberta levou à RESISTÊNCIA. • Foi com base na RESISTÊNCIA, Freud baseou sua concepção dos processos psíquicos da histeria. Para a recuperação do doente, mostrava-se necessário afastar a resistência, entendida como mecanismo clínico que o leva a supor o RECALQUE que a sustenta. O recalque cria estratégias para a ideia recalcada não retornar e o sintoma deflagra a falha do recalque. Caracterização da clínica freudiana A regra fundamental ou regra da livre associação • Foi intitulada pelo próprio Freud como a regra fundamental da Psicanálise; • É uma das vias de acesso ao inconsciente. NO QUE CONSISTE E QUAIS AS SUAS VANTAGENS CLÍNICAS: • Trata-se do compromisso assumido pelo paciente de comunicar ao analista tudo o que lhe vier à mente, independentemente de ordenamento lógico-gramatical, de suas inibições ou do fato de acreditar que seus pensamentos não portam conteúdo significativo. • Apesar de tê-la desenvolvido a partir da sua utilização da hipnose, da sugestão e do método catártico (período pré-psicanalítico), foi a partir do refinamento de sua escuta clínica que elaborou a regra fundamental utilizando-a no caso clínico de Emmy von N. • Esse refinamento da técnica psicanalítica possibilitou o acesso do material recalcado, de natureza inconsciente, para a consciência, possibilitando, portanto, a sua revelação e a dissolução dos sintomas. Resumo Livro: Fundamentos da clínica psicanalítica. Capítulo – Recomendações ao médico para o tratamento psicanalítico Pois assim que afiamos a atenção intencionalmente até um determinado ponto, começamos a selecionar em meio ao material apresentado; fixamos uma parte de maneira bastante acurada, eliminando outra em seu lugar e, nessa seleção seguimos as nossas expectativas, corremos o risco de nunca encontrarmos algo diferente daquilo que já sabemos; se seguirmos as nossas inclinações, certamente falsificaremos a possível percepção. Não nos esqueçamos de que em geral ouvimos coisas cuja importância só se revelará a posteriori; Confusões com o material de outros pacientes são bastante raras; Não recomendo fazer anotações de grande extensão nas sessões com o analisando, nem fazer registros da sessão e assemelhados. Além da impressão desfavorável que isso causa em alguns pacientes, valem, por sua vez, os mesmos aspectos que destacamos na memorização; A anotação durante a sessão com o paciente se justificaria a partir da intenção de tornar o caso tratado o objeto de uma publicação científica. Isso dificilmente seria recusado; Os casos que mais têm sucesso são aqueles em que procedemos quase sem intenção, nos surpreendendo com cada mudança de rumo e com que nos defrontamos sempre desarmados e sem preconcepções; O comportamento correto do analista consiste em se alçar de uma configuração psíquica para a outra, se preciso for não especular e meditar enquanto analisa e só submeter o material obtido ao trabalho sintético do pensamento após terminada a análise; O médico não poderá tolerar quaisquer resistências dentro de si próprio, resistências estas que afastaram de seu consciente aquilo que foi reconhecido pelo seu inconsciente, cada recalque não resolvido do médico corresponde, de acordo com a expressão precisa de Wilhelm Stekel, a um “ponto cego” em sua percepção analítica; O médico precisa ser opaco para o analisando e, assim como uma superfície espelhada, não deve mostrar nada além daquilo que lhe é mostrado; Atenção equiflutuante – O adjetivo gleichschwebend, para além da mera questão da flutuação, designa as pequenas batidas de asa suficientes para que um pássaro possa planar. É esse tipo de atenção que Freud recomenda aos analistas, suficiente para que o analista possa escutar, sem seleção prévia, as associações livres do analisando; Capítulo – Sobre a dinâmica da transferência As peculiaridades da transferência para o médico, ultrapassando a medida e o tipo daquilo que se justificaria de forma sóbria e racional, será compreensível a partir da consideração de que, justamente, não foram apenas as representações de expectativas conscientes, mas também as retidas ou inconscientes que produziram tal transferência; Sobre essa conduta da transferência nada mais haveria a dizer ou pensar, se não houvesse ai dois pontos ainda obscuros, que são de especial interesse para o psicanalista. Primeiro, não entendemos por que a transferência no caso de pessoas neuróticas é tão mais intensa na análise do que nas outras pessoas, não analisadas; segundo, permanece uma incógnita o motivo de ser a transferência, na análise a mais forte resistência contra o tratamento, enquanto fora da análise temos de reconhecê-la como portadora do efeito de cura e condição para o sucesso do tratamento; Assim, no tratamento analítico, a transferência parece-nos surgir primeiro apenas como a arma mais poderosa da resistência, e podemos concluir que a intensidade e a duração da transferência são um efeito e uma expressão da resistência. O mecanismo da transferência, é bem verdade, resolve-se a partir de seu retorno à disponibilidade da libido, quepermaneceu em posse de imagos infantis; o esclarecimento de seu papel no tratamento, porém, só funciona se abordarmos os seus vínculos com a resistência; É inegável que o controle dos fenômenos da transferência oferece as maiores dificuldades para o psicanalista, mas não esqueçamos que são justamente elas que nos prestam o inestimável serviço de tornar manifestas e atuais as moções amorosas ocultas e esquecidas dos pacientes, pois, afinal, ninguém pode ser abatido; O fenômeno da transferência é um dos pilares do tratamento analítico; Livro 4+1 – Condições da Psicanálise Capítulo 1 - As funções das entrevistas preliminares Em seu texto “O início do tratamento”, Freud diz ter o hábito de praticar o que chama de tratamento de ensaio: tratamento psicanalítico de uma ou duas semanas antes do começo da análise propriamente dita. Isto serviria, segundo ele, para evitar a interrupção da análise após um certo tempo. Freud não especifica, porém, por que esse tratamento se interromperia; Nesse mesmo texto, Freud anuncia que a primeira meta da análise é a de ligar o paciente ao seu tratamento e à pessoa do analista, sendo mais explícito em relação a pelo menos uma função desse tratamento de ensaio: a do estabelecimento do diagnóstico e, em particular, a do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose; A expressão entrevistas preliminares corresponde em Lacan ao tratamento de ensaio em Freud. Essa expressão indica que existe um limiar, uma porta de entrada na análise totalmente distinta da porta de entrada do consultório do analista. Trata-se de um tempo de trabalho prévio, à análise propriamente dita, cuja entrada é concebida não como continuidade, e sim — como o próprio nome tratamento de ensaio parece sugerir — como uma descontinuidade, um corte em relação ao que era anterior e preliminar. Esse corte corresponde a atravessar o umbral dos preliminares para entrar no discurso analítico. Esse preâmbulo a toda psicanálise é erigido por Lacan em posição de condição absoluta: “não há entrada em análise sem as entrevistas preliminares; Na prática depreendemos, no entanto, que nem sempre é possível demarcar nitidamente esse umbral da análise. Isto ocorre porque tanto nas entrevistas preliminares quanto na própria análise o que está em jogo é a associação livre. Temos, portanto, a indicação de que, nesse momento, a tarefa do analista é apenas a de relançar o discurso do analisante. Freud, entretanto, dirá que “há razões diagnósticas para fazer esse tratamento de ensaio”. Este é o momento em que, por princípio, a questão diagnóstica está em jogo; As entrevistas preliminares têm a mesma estrutura da análise, mas são distintas desta; O analista está submetido a esse paradoxo, a partir do qual decidirá se irá ou não acatar aquela demanda de análise. Do ponto de vista do analista, as entrevistas preliminares podem ser divididas em dois tempos: um tempo de compreender e um momento de concluir,2 no qual ele toma sua decisão. É nesse momento de concluir que se coloca o ato psicanalítico, assumido pelo analista, de transformar o tratamento de ensaio em análise propriamente dita; Podemos dividir em três as funções das entrevistas preliminares, cuja distribuição é antes lógica do que cronológica: 1o — A função sintomal (sinto-mal). 2o — A função diagnóstica. 3o — A função transferencial; Quando esse sintoma é transformado em questão, ele aparece como a própria expressão da divisão do sujeito. É nesse momento que o sintoma, encontrando o endereço certo que é o analista, se torna sintoma propriamente analítico. É isso que Lacan quer dizer com a formulação “o analista completa o sintoma” — que corresponde ao discurso da histérica; O diagnóstico só tem sentido se servir de orientação para a condução da análise. Para tanto, o diagnóstico só pode ser buscado no registro simbólico, onde são articuladas as questões fundamentais do sujeito (sobre o sexo, a morte, a procriação, a paternidade) quando da travessia do complexo de Édipo: a inscrição do Nome-do-Pai no Outro da linguagem tem por efeito a produção da significação fálica, permitindo ao sujeito inscrever-se na partilha dos sexos; O estabelecimento da transferência é necessário para que uma análise se inicie: é o que denominamos a função transferencial das entrevistas preliminares. Mas a transferência não é condicionada ou motivada pelo analista. “Ela está aí, diz Lacan na ‘Proposição’, por graça do analisante. Não temos de dar conta do que a condiciona. Aqui ela está desde o início.” A transferência não é, portanto, uma função do analista, mas do analisante. A função do analista é saber utilizá-la; Leitura também do texto: As cinco lições da psicanálise, ler a parte devido a extensão do texto. RESUMO SLIDES DO SIA O famoso caso Anna O. influenciou Freud enormemente na criação de uma nova técnica de investigação e tratamento da histeria – a livre associação – e, consequentemente, na descoberta da Psicanálise. A partir do caso Anna O., Breuer passou a utilizar a hipnose de forma diferente da usada na época, para fazer surgir a origem dos sintomas; Método catártico — este método objetivava proporcionar que a cota de afeto utilizada para manter o sintoma (que estava ali contida) pudesse ser dirigida para um caminho que finalizasse com a descarga pela fala. Isso também foi chamado de abreação. Conversão – a carga de afeto ligada à ideia é transformada em sintoma somático. Surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias, anestesias, cegueira) de origem psicogênica. Ocorre geralmente em situações estressantes, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou interpessoal significativos para o indivíduo. A conversão expressa a representação simbólica de um conflito psíquico em termos de manifestações motoras. Frequente na histeria e no transtorno de personalidade histriônica. Pode ser conceituada como o compromisso assumido pelo paciente de comunicar ao analista tudo o que lhe vier à mente, independentemente de suas inibições ou do fato de achá-las insignificantes ou não. Freud desenvolveu a técnica da associação livre gradualmente a partir da hipnose, da sugestão e do método catártico. Embora a técnica da associação livre tenha passado por diferentes descrições, ao longo da obra de Freud, ela permaneceu praticamente inalterada e continuou sendo considerada um dos principais meios de acesso ao material inconsciente; Atenção Flutuante: modo como o analista deve escutar o analisando. O analista não deve privilegiar nenhum elemento e deve funcionar o mais livre possível a sua própria atividade inconsciente; A técnica rejeita o emprego de qualquer expediente especial (mesmo de tomar notas). Consiste simplesmente em não dirigir o reparo para algo específico e em manter a mesma ‘atenção uniformemente suspensa’ (como denominamos) em face de tudo o que se escuta; Exceções a esta regra Nenhuma objeção pode ser levantada a exceções feitas a esta regra, como por exemplo: datas, sonhos, ou eventos específicos dignos de nota, que podem ser facilmente destacados de seu contexto. Diz Freud: Mas tampouco tenho o hábito de fazer isto. Quanto aos exemplos, anoto- os, de memória, à noite, após o trabalho se encerrar; Quanto aos textos de sonhos a que dou importância, faço o paciente repeti-los, após havê los relatado, de maneira a que eu possa fixá-los na mente; Tomar notas durante a sessão com o paciente poderia ser justificado pela intenção de publicar um estudo científico do caso; Qual é a atitude correta? A conduta correta para um analista reside em oscilar, de acordo com a necessidade, de uma atitude mental para outra,em evitar especulação ou meditação sobre os casos, enquanto eles estão em análise, e em somente submeter o material obtido a um processo sintético de pensamento após a análise ter sido concluída; • Freud anuncia que a primeira meta da análise é a de ligar o paciente ao seu tratamento e à pessoa do analista; • Sendo mais explícito em relação a pelo menos uma função desse tratamento de ensaio: a do estabelecimento do diagnóstico e, em particular, a do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose; Condição absoluta - “não há entrada em análise sem as entrevistas preliminares”. Na prática, nem sempre é possível demarcar nitidamente esse umbral da análise. Isto ocorre por quê? Tanto nas entrevistas preliminares quanto na própria análise o que está em jogo é a associação livre; Paradoxo do analista – aceitar ou não aceitar aquela demanda de análise; A alguém que vem pedir uma análise para se conhecer melhor, a resposta de Lacan é clara — “eu o despacho”. Lacan não considera esse “querer se conhecer melhor” como algo que tenha o status de uma demanda que mereça resposta. É a partir do simbólico que se pode fazer o diagnóstico diferencial estrutural por meio dos três modos de negação do Édipo correspondentes às três estruturas clínicas: - recalque (Verdrängung) do neurótico, nega conservando o elemento no inconsciente - desmentido (Verleugnung) do perverso, o nega conservando-o no fetiche - foraclusão (Verwerfung) do psicótico é um modo de negação que não deixa traço ou vestígio algum: ela não conserva, arrasa. Os dois modos de negação que conservam implicam a admissão do Édipo no simbólico, o que não acontece na foraclusão. O ato analítico - Há um corte que é concretizado pela passagem para o divã, o qual implica um ato que pode ser significado ao sujeito pela indicação do analista para que o analisante se deite. Este ato também pode ser interpretado como a manifestação do analista ao candidato à análise, de que ele o aceita em análise; Os fenômenos da resistência: É sempre em torno de alguma forma de mudança e transformação subjetiva que gira a experiência psicanalítica; O conceito de resistência foi caracterizado ao longo de toda a obra freudiana como uma força que se manifesta como obstáculo à análise e, principalmente, contra toda e qualquer mudança ou transformação subjetiva decorrente do tratamento analítico; Transferência é quando o sujeito envolve o analista em seu processo de análise. (KAUFMANN, 1996, p. 548) • O paciente vê no seu analista o retorno – a reencarnação – de algumas figuras importantes de sua infância ou de seu passado e, consequentemente, a ele transfere sentimentos e reações que sem dúvida se aplicavam a esse modelo. (CUNHA, 1970, p. 215) Para que ela serve? A transferência serve para tirar o sujeito das amarras da realidade empírica. Ela abre para o sujeito a possibilidade de entrada em uma outra cena. Como o analista faz a passagem? Por meio de manobras para tirar o sujeito do senso comum, colocando em cena o objeto, ou seja, o non sense*. Vimos que a transferência não é um processo que se desenvolve em uma única direção. Uma das características fundamentais da transferência é a ambiguidade: - Freud nos alerta sobre esta dupla face da transferência: “... na análise, a transferência surge como a resistência mais poderosa ao tratamento.” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) Qual a precondição para manejar a transferência? Que o sujeito tenha conseguido abrir mão do seu narcisismo. A Psicanálise fundamentou-se na aposta de que a cura de um sofrimento psíquico poderia ser conduzida pela palavra; Análise + interpretações => reconstrução da história individual do sujeito A análise, junto com as interpretações, tentaria reconstruir a história individual do sujeito através de uma arqueologia das representações mentais, que tomariam emprestada a capacidade criadora da interpretação para preencher lacunas das lembranças rememoradas. Conclusão: Como fenômeno psíquico, os sonhos são produções e comunicações da pessoa que sonha. E a interpretação psicanalítica não é do sonho e sim do relato. Breve resumo material de aulas Não é possível fazer o diagnóstico sem transferência; A castração é o primeiro trauma vivido; O sintoma é um símbolo, uma representação; A interpretação é um equívoco, nos trabalhamos para criar os equívocos; Tipos clínicos: - Histeria - Neurose histérica - Neurose Obsessiva
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