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Capítulo 19 Recursos Minerais e seus Perigos Tradução Vinicius 19.1 Minerais de Minério 19.2 Rochas e Minerais Industriais 19.3 Gemas 19.4 Minerais e a Saúde Os Minerais possuem muitas aplicações que podem ser amplamente agrupados em minérios metálicos, minerais industriais e gemas. Um minério é um mineral ou rocha ocorrendo naturalmente e suficientemente enriquecido em metal que pode ser economicamente explotado, processado e utilizado com lucro. Minérios Metálicos são tão importantes na história humana que as civilizações são amplamente classificadas baseada nos metais usados durante seu tempo como a Idade do Bronze (3000-2000 a.C.) e na Idade do Ferro (2000-1 a.C.). No que hoje poderíamos chamar de Idade do Plástico ou do Silício, os metais continuam sendo bastante essenciais na indústria, agricultura e tecnologia através de suas propriedades especiais associadas às ligações metálicas. O uso de minerais industriais aumentou consideravelmente nos séculos XX e XXI à medida que a população humana aumentou exponencialmente, áreas urbanas expandiram e a demanda do rendimento por hectare das terras agrícolas é cada vez maior. Com base nas propriedades físicas e químicas, minerais industriais servem como fertilizantes, materiais de construção, abrasivos, aterro, materiais refratários e vários outros usos na indústria. Durante todo o percurso da história humana, minerais de gemas foram valorizados por sua aparência física e usados para ornamentação e como joias. Embora os minerais de gemas sejam os menos valorizados do ponto de vista de aplicação, eles estão entre os mais valorizados na sociedade. A seguir vamos demonstrar uma visão geral de como essas três áreas influenciam cada pessoa no planeta. 19.1 Minerais de Minério É conhecida a existência de mais de 3500 minerais. Desses, menos de 100 são considerados minerais de minério metálicos importantes. A seguir iremos mencionar alguns ambientes nos quais minerais de minérios se formam, bem como seu uso em nossa economia global. Os minerais metálicos são amplamente distribuídos na Terra em baixas concentrações. Contudo, os depósitos minerais enriquecidos ocorrem em forma de corpos de minério. Minérios são depósitos metálicos que podem ser explotados, processados e vendidos com lucro. A rentabilidade dependerá do valor do minério, custo da refinação, transporte, demanda e competição. Corpos de minérios enriquecidos ocorrem, normalmente, associados com concentrações de minerais de gangas inferiores à dos minérios, que não são economicamente viáveis. Minerais comuns em gangas incluem quartzo, calcita, dolomita, barita, gipsita, feldspato, granada, clorita, argila, fluorita, apatita, pirita, marcassita, pirrotita e arsenopirita. Um minério é considerado valioso devido a uma combinação de disponibilidade, propriedades físicas ou químicas e demanda. Quando os preços do metal caem, rochas com um menor enriquecimento do mineral são chamados de protominérios, e podem ser descartados em pilhas de rejeito devido ao custo associado com o tratamento ultrapassar o valor do metal contido na rocha. Com o aumento do preço e da demanda, a rocha descartada pode ser reclassificada como minério novamente. Os minerais de minério contêm elementos como a platina, ouro, prata, níquel, cobalto, ferro, chumbo, paládio e cobre. Como cátions, os metais normalmente ligam-se à ânions como o oxigênio e enxofre. Como resultado, a maioria dos minerais de minério metálicos são óxidos, sulfetos ou elementos nativos dos quais os compostos metálicos são facilmente separados durante os processos de fundição e refinamento liberando oxigênio ou enxofre como rejeitos. Os materiais com rejeitos de enxofre trazem um perigo particular pois, ao reagir com a água, ácido sulfúrico é produzido, contaminando as águas subterrâneas e superficiais. Relativamente poucos minérios são minerais silicáticos devido, em parte, à dificuldade na separação dos elementos metálicos a partir das fortes ligações dos compostos silicáticos e da grande quantidade de rejeito (aqui chamado de escória) gerado. Por exemplo, o alumínio é um dos elementos mais comuns na crosta terrestre e é um elemento essencial em muitos minerais de feldspatos, os minerais mais comuns na crosta da Terra. Contudo, não é economicamente viável extrair alumínio de feldspatos a preços de mercado atualmente ou no futuro próximo. Os Minérios concentram-se em rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares em qualquer momento durante a sua formação ou mesmo por enriquecimento subsequente. Depósitos de minério Singenéticos representam mineralização primária, onde as formações de minérios se deram ao mesmo tempo, sincronizados com a formação da rocha. Depósitos de minério Epigenéticos formaram-se por mineralização secundária, onde o minério concentrou-se algum tempo após a rocha ter se formado. A mineralização epigenética pode ser posterior à rocha encaixante por centenas de milhões de anos. A maioria dos depósitos de minérios originam-se como íons metálicos dissolvidos que precipitam do magma. Esses depósitos de minérios primários são, normalmente, mais tarde, alterados dentro da Terra para criar depósitos de minérios metamórficos ou retrabalhados por processos superficiais para produzir depósitos de minérios sedimentares. Em todos esses processos enriquecedores de minérios, fluidos silicáticos quentes, água e outros fluidos voláteis desempenham papéis importantes dissolvendo, transportando e precipitando metais em depósitos concentrados. A água tende a lixiviar e concentrar minérios metálicos de duas formas fundamentais. Enriquecimento Supergênico, ocorre quando águas superficiais percolam de cima para baixo, fazendo uma lixiviação de minerais próximos à superfície e concentrando-os em níveis mais profundos da crosta terrestre. O enriquecimento supergênico é um processo epigenético que geralmente desenvolve-se em zonas oxidantes acima do lençol freático. Enriquecimento Hipogênico, é um processo primário ou singenético que ocorre em profundidade, fluidos magmáticos ascendentes concentram minérios juntamente com o desenvolvimento da rocha. Dependendo das características da rocha e do modo de alojamento, os minérios podem assumir formas tabulares, cilíndricas ou irregulares. Os minérios podem se acumular em zonas estreitas, concentradas ou podem estar amplamente disseminados em baixas concentrações em grandes áreas. Corpos de minério Tabulares são considerados estratiformes, em veios ou acamadados. Os corpos de minérios tabulares geralmente se formam ao longo de sistemas de fraturas, camadas ígneas, foliações metamórficas ou depósitos sedimentares. Corpos de minério Cilíndricos são referidos como chaminés, formados geralmente em função de magmas enriquecidos em minérios ou soluções hidrotermais que ascenderam por diferença de densidade em direção à superfície da Terra. Depósitos de minério lenticulares são referidos como Podiforme, significando que eles possuem uma forma similar a uma vagem com ervilhas. Depósitos de minério Irregulares ou amplamente disseminados normalmente desenvolvem-se em proximidade com intrusões ígneas no qual fluidos carregados de metais infiltram, e em muitos casos, metamorfizam localmente as rochas encaixantes. As intensas forças associadas com intrusões ígneas resultam em elevadas pressões de fluidos. Essa pressão de fluidos é direcionada para fora do corpo rochoso, resultando em um vasto hidrofraturamento em volta ou na própria rocha. A seguir, iremos apresentar alguns dos principais ambientes formadores de minérios, muitos deles associados com limites de placas tectônicas. Figura 19.1 (a) Ambientes tectônicos nos quais se formam depósitos de sulfetos maciços vulcanogênicos (VMS). (Galley et al., 2007; com permissão de Natural Resourcesof Canada, 2009, cortesia de Geological Survey of Canada.) (b) Enriquecimento metálico devido à interação hidrotermal entre fluidos magmáticos hipogênicos ascendentes e fluidos oceânicos supergênicos descendentes. (Cortesia de National Institute of Advanced Industrial Science and Tecnology of Japan.) 19.1.1 Ambientes Ígneos formadores de minérios Os processos ígneos criam depósitos de minérios em larga escala em limites de placas convergentes e divergentes, bem como em configurações de intraplaca. Os Processos de formação de minérios magmáticos se desenvolvem de erupções de lava na superfície da Terra, como em sulfetos maciços vulcanogênicos, bem como em intrusões magmáticas dentro da Terra. Depósitos de Sulfetos Maciços Vulcanogênicos Depósitos de sulfetos maciços vulcanogênicos (VMS) são depósitos sulfetados de Co-Zn-Pb concentrados no assoalho oceânico em limites de placas divergentes e convergentes. Outros minérios VMS incluem prata, ouro, cobalto, níquel, ferro, estanho, selênio, manganês, cádmio, bismuto, germânio, gálio, índio e telúrio. Enquanto o magmatismo de margem de placa na expansão de fundo oceânico ou arcos vulcânicos é a força principal por trás do desenvolvimento dos depósitos VMS, a extensa alteração hidrotermal e o metamorfismo desempenham papéis fundamentais na alteração de rochas ígneas e na concentração dos depósitos através tanto do enriquecimento hipogenético como epigenético. Mas como isso ocorre? Forças tensionais nas cadeias oceânicas, bacias de retroarco e bacias de intra-arco produzem fraturas extensionais através das quais fluidos magmáticos quentes ascendem e interagem com a água do mar fria descendente (Figura 19.1). Com base em sua origem os depósitos VMS são classificados como indicado na tabela 19.1. Como documentado pela primeira vez por Francheteau et al. (1979), a ascensão de plumas de “fumaça” negra (black smoker) carregada de metais nas fumarolas em cadeiras oceânicas liberam fluidos hidrotermais. As estruturas tipo chaminé produzidas por fumarolas negras de mais de 360°C são enriquecidas em calcopirita, esfarelita, pirita e anidrita. Uma mistura metassomática de água do mar e fluidos hidrotermais de fumarolas negras também podem produzir “fumarolas brancas”, plumas com temperaturas menores do que 300°C que precipitam quartzo, calcita, anidrita, pirita e barita no assoalho oceânico. Outros minerais de minérios de óxidos e sulfetos comuns em VMS incluem galena, calcocita, bornita, cobaltita, magnetita, hematita, pirolusita e enargita (Herzig and Hannington, 1995; Humphris et al., 1995; Galley et al., 2007). Os depósitos VMS acumulados pelo crescimento e subsequente colapso de chaminés de fumarolas negras resultam em depósitos metálicos acamadados (estratiformes) ou lenticulares (podiforme) e estratóides (stockworks) e brechas de colapso sobrejacentes a um dique com estruturas em stockwork sulfo-silicáticos (Figura 19.2). O ambiente de fumarolas negras produz montes e nódulos enriquecidos em manganês, zinco, ferro, cobalto, cobre e níquel. Abaixo do monte sobrejacente, um fluxo de fluido hidrotermal e gradientes químico e termal abruptos (forte choque termal e químico) produzem zonas cilíndricas com um núcleo central rico em calcopirita em alta temperatura, e zonas externas ricas em esfarelita e galena em baixas temperaturas (Galley et al., 2007). Embora antigas minas em depósitos VMS, atualmente em terra, tenham sido explotados por centenas de anos, foi apenas na descoberta de atividades de formação de depósitos VMS na latitude de 21°N da Dorsal do Pacífico Leste (East Pacific Rise) que a gênese desses depósitos minerais foi bem compreendida (Herzig e Hannington, 1995). Tabela 19.1 Três diferentes variedades de depósitos de sulfetos maciços vulcanogênicos (VMS) (Cox and Singer, 1986). VMS Origem Descrição Chipre Formado em dorsal oceânica (Elevação do Pacífico Leste) ou bacia de retroarco. Nomeado nos ofiolitos Troodos (Chipre) no Mar Mediterrâneo. Os VMS do tipo Chipre são depósitos dominados por basaltos associados com ofiolitos e enriquecidos em cobre, zinco, níquel, cromo e manganês e em proporções menores de prata e ouro. Besshi Arco vulcânico nascente, juvenil. Nomeado devido à mina de cobre Besshi, no Japão. Os VMS do tipo Besshi são depósitos formados em estágios iniciais de margens convergentes contendo basalto, riolito e grauvaca. Os depósitos Besshi são notáveis pelas suas concentrações de minérios de cobre e cobalto e apenas concentrações menores de zinco. Kuroko Arco vulcânico maduro ou bacia de retroarco (Estreito de Okinawa). Depósitos maduros de margem convergente no sistema de arcos Japonês. Os VMS do tipo Kuroko são dominados por rochas silicáticas como o riolito. Os depósitos Kuroko são enriquecidos em cobre, zinco e chumbo e também podem conter quantidades substanciais de ouro e prata. Figura 19.2 Perfil esquemático de depósitos maciços vulcanogênicos que normalmente mostra uma capa estratiforme de baixa temperatura enriquecida em anidrita, pirita e quartzo. Abaixo da capa de rocha sobrejacente, ocorrem assembleias de altas temperaturas de minerais de sulfetos e óxidos dentro de um sistema de chaminé muito alterada (Hannington et al., 1991; Franklin et al., 2005; Galley et al., 2007). (De Galley et al., 2007; com permissão de Natural Resources of Canada, 2009, cortesia de Geological Survey of Canada.) A figura 19.2 ilustra perfil idealizado de um depósito VMS. Depósitos VMS antigos ocorrem mundialmente e são reconhecidos em limites convergentes e divergentes, antigos e modernos (Figura 19.3). Figura 19.3 Mapa global dos maiores depósitos maciços vulcanogênicos (VMS). Note que estes depósitos ocorrem ao longo de limites de placas convergentes e divergentes, antigos e recentes (de Galley et al., 2007; com a permissão de Natural Resouces of Canada, 2009, cortesia de W.D. Goodfellow e da Geological Survey of Canada.) Depósitos em Rifte Dentro de bacias de rifte intracontinentais, depósitos minerais são formados pela precipitação inicial de metais do magma. Lavas basálticas e riolíticas entram em erupção em bacias de rifte continental produzindo texturas vesiculares associadas com um alto teor de gases. Em resposta aos fluidos hidrotermais e processos de oxidação, metais como ferro, cobre, zinco, níquel e elementos do grupo da platina se precipitaram em vesículas formando depósitos de minérios. Em alguns locais, minérios em bacias de rifte são lixiviados a partir das rochas ígneas encaixantes e concentrados nas camadas de rochas sedimentares sobrejacentes Os Bethlehem, depósitos de Fe na Pensilvância e os Keweenaw, depósitos de Fe-Cu-Ni representam dois importantes depósitos em rifte envolvendo depósitos sedimentares em minerais de minério derivados de basaltos de rifte subjacentes. A Bacia Keweenaw na região do Lago Superior de Michigan é o exemplo mais famoso de um depósito de uma bacia de rifte (Figura 19.4). O minério Keweenaw, principalmente Cu, foi explorado de 1480 até os anos 50. O cinturão Keweenaw representa um rifte continental de 1,1 Bilhões de anos que foi formado sincronicamente com a Orogenia Grenville, no leste da America do Norte. O rifteamento continental produziu uma bacia rebaixada preenchida com fluxos de lavas basálticas com espessura de 2,5–5 km com gabros, troctolitos e intrusões graníticas subjacentes. Cobre, Níquel, Ferro, Titânio, o grupo dos elementos da Platina (Platina e Paládio) e Prata precipitaram em rochas ígneas. O Intemperismo resultou em dissolução de metais e subsequente enriquecimento secundário em camadas de conglomerados, arenitos e camadas de folhelhos sobrejacentes (Figura 19.4). Enquanto a atividade vulcânica é importante na produção de depósitosde minério superficiais, níveis mais profundos de atividade ígnea também são importantes. Por exemplo, o rifte Keweenaw é embasado pelo Complexo Gabróico Duluth, que foi formado da cristalização de magma basáltico nas zonas mais profundas do interior da Terra. Conforme o magma fratura e intrude a rocha encaixante, íons metálicos dissolvidos infiltram-se, resfriando e precipitando por processos de cristalização magmática ou de segregação do magma. O Complexo Gabróico Duluth é reconhecido como o mais importante depósito de minério de elementos do grupo da platina ainda a ser minerado. Figura 19.4 Mapa geológico do Complexo Duluth e do Rifte Keweenaw, ilustrando depósitos de elementos do grupo da platina (PGE), cobre, níquel, titânio, e ferro associados com o rifteamento e magmatismo. (De Jirsa e Southwick, 2003; com permissão da Minnesota geological Survey.) Depósitos Sulfetados Imiscíveis e Intrusões Ígneas Estratificadas Em profundidade no interior da Terra, líquidos de sulfetos metálicos imiscíveis separam-se de magmas silicáticos ricos em metal. A evidência dessa separação líquida imiscível inclui inclusões fluidas imiscíveis em um material encaixante (Figura 19.5) tal como ocorre com o óleo e a água em molho de salada. A separação do líquido imiscível no magma silicático resulta na concentração de depósitos metálicos sulfetados contendo cobre, ferro, níquel, chromo, vanádio, paládio e platina. Minerais de minério comuns incluem calcocita, bornita, calcopirita, cromita, pentlandita, niquelita, magnetita e hematita. Esses valiosos minérios ocorrem em intrusões ígneas estratificadas, que consistem de rochas gabróicas e piroxenitas estratiformes que cristalizam em plútons tabulares. Exemplos excepcionais de intrusões ígneas estratificadas carregadas de minérios incluem a Mina Sudbury, em Ontario (Canada), o Complexo Duluth e a Mina Stillwater em Montana (USA), a Intrusão Skaergaard de Greenland e o Complexo Bushveld na África do Sul. As intrusões ígneas estratificadas ocorrem em todos os continentes, como ilustrado na Figura 19.6. (a) (b) Figura 19.5 (a) Imagem ao Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) de uma inclusão vítrea do Pine Grove pórfiro, em Utah. Uma pequena porção capilar conecta o grosso da inclusão com o exterior do cristal encaixante. De uma forma similar, metais imiscíveis podem separar-se de magmas silicáticos para produzir depósitos minerais em rochas ígneas plutônicas. (Foto cedida por Jake Loenstern, com permissão da US Geolocial Survey.) (b) platinóides enriquecidos através de uma combinação de processos de imiscibilidade e cristalização na Mina Stillwater, em Montana. (Foto de Kevin Hafferam.) Figura 19.6 Mapa Global das maiores intrusões gabróicas acamadadas contendo elementos do grupo da platina, níquel e cobre. Note que esses depósitos são concentrados na Crosta Continental e são, normalmente, do Arqueano (>2.5 Ga). (De Eckstrand e Hulbert, 2007; Com a permissão da Natural Resources os Canada, 2009, cortesia de W.D. Goodfellow e da Geological Survey of Canada) Depósitos Porfiríticos Depósitos Porfiríticos, a principal fonte de cobre, formados à medida que magmas ricos em sílica intrudem e fraturam a rocha encaixante e subsequentemente, cristaliza. As forças associadas com a injeção de magma, somadas com a pressão de fluidos hidrotermais, resultam em uma infiltração difusa de fluidos carregados de minério para dentro de uma rede complexa de fraturas e poros que rodeiam a rocha em temperaturas maiores de 500°C. O resfriamento e a cristalização resultam em depósitos maciços, mas em baixa concentração (menos de 2%), de cobre, molibdênio, ouro, zinco, mercúrio, prata, chumbo, lítio e estanho disseminados através de uma zona de alteração dentro da rocha encaixante e em veios mais concentrados circundando a intrusão (Figura 19.7a). Por exemplo, os 0,8 km de profundidade e 4 km de extensão da Mina Bingham em Utah (USA) constituem a maior mina de cobre porfirítico à céu aberto do mundo, produzindo 12 milhões de toneladas de cobre desde o início das operações da cava à céu aberto, em 1906 (Figura 19.7b). Minerais de minério comuns em depósitos porfiríticos incluem calcocita, calcopirita, bornita, molibdenita, esfalerita, cinábrio, enargita, espodumênio, cassiterita e galena. Os depósitos porfiríticos normalmente ocorrem em associação com intrusões silicáticas à intermediárias, como granitos ou granodioritos, em limites de placas convergentes. Os depósitos porfiríticos de cobre, molibdênio, mercúrio, prata e ouro ocorrem através do cinturão Cordilheirano do Alaska em direção sul através das montanhas dos Andes. Depósitos similares também ocorrem na Indonésia e por todo cinturão Alpino-Himalaio, como ilustrado na Figura 19.8 (Matthes, 1987; Kesler, 1994; Wenk e Bulakh, 2004). (a) (b) Figura 19.7 (a) Seção transversal de depósitos minerais porfiríticos criados por intrusões ígneas dentro de uma rocha encaixante. (After Sillitoe, 1973) (b) Mina Canyon Bingham, Utah, é mostrada nesta imagem da NASA fotografada por um membro da Expedição 15 na Estação Espacial Internacional. A Mina Canyon Bingham (ao centro) é uma das maiores minas de cobre porfirítico em cava a céu aberto do mundo, medindo mais de 4 km de largura e 1200 metros de profundidade. (Reproduzida com a permissão da NASA.) Figura 19.8 Mapa global dos maiores depósitos porfiríticos do mundo. Note que esses depósitos estão concentrados ao longo de limites de placas convergentes antigas e novas (De Sinclair, 2007; com a permissão da Natural Resources of Canada, 2009, cortesia de W.D. Goodfellow e da Geological Survey of Canada.) Depósitos em Veios Depósitos em veio são normalmente associados com intrusões magmáticas e brechas hidráulicas extensionais que se desenvolveram como escape ascendente de fluidos hidrotermais do magma, posteriormente resfriados e precipitados como depósitos em veios. Os depósitos em veios ocorrem em limites de placas, bem como em ambientes intraplacas. Pela alta concentração de metais, os depósitos em veio são chamados de Filões e podem conter ouro, prata, cobre ou sulfetos metálicos que ocorrem associados com minerais de gangas como quartzo ou calcita (Figura 19.9a). Metais como ouro são dissolvidos em gases volatilizados que resfriam e cristalizam, produzindo depósito de minério em veios altamente concentrados (Figura 19.9b). Exemplos parecidos são os veios em filões que provocaram a Corrida do Ouro da Califórnia de 1849 e a Corrida do Ouro Klondike, do Canada. Esses dois famosos exemplos de depósitos em veios de ouro originaram-se como fraturas preenchidas (vein-filling) produzidas por intrusões graníticas em sistemas de margem convergente. A Figura 19.9a mostra depósitos de cobre em veio associados com gabros e basaltos do Complexo Duluth Keweenaw. (a) (b) Figura 19.9 (a) Um veio de cobre e quartzo dentro de um basalto metamorfisado. (Foto por Kevin Hefferan.) (b) Depósitos em veio de ouro formados de voláteis de magmas ricos em gás. Depósitos Pegmatíticos Pegmatitos são texturas ígneas grosseiras que se desenvolvem em plútons de composições graníticas. Os cristais grosseiros desenvolvem-se a partir do lento resfriamento de um magma de baixa viscosidade, caracterizado pelo alto teor de voláteis. Os voláteis como OH, flúor, boro e H2O promovem a difusão iônica e o desenvolvimento de grandes cristais. Os Depósitos Pegmatíticos são intimamente associados com os depósitos em veios descrito acima. Pegmatitos graníticos (contendo quartzo, feldspato, anfibólios e micas como principais minerais) ocorrem no interior de placas continentais e em limites de placas convergentes. Minerais menores e acessórios nospegmatitos incluem berilo, apatita, lepidolita, espodumênio, cassiterita, wulfenita, molibdenita, scheelita, turmalina, topázio, uraninita, litiofilita, columbita, tantalita, ouro e prata. Os pegmatitos são importantes fontes de estanho, molibdênio, ouro e prata e uma fonte primária de berilo, lítio, tântalo, nióbio e minérios de Elementos Terras Raras. A figura 19.10 mostra um granito pegmatítico rico em berilo de Black Hills em Dakota do Sul (EUA). Vamos agora demonstrar brevemente os processos metamórficos que ocorrem em regiões em volta de intrusões ígneas. Figura 19.10 Granito pegmatito de Black Hills em Dakota do Sul contendo grandes cristais de berilo, quartzo e feldspato. Depósitos de ouro são associados com o pegmatito Black Hills. (Foto por Kevin Hefferan) 19.1.2 Ambientes metamórficos formadores de minérios Os processos metamórficos concentram elementos metálicos dentro de depósitos minerais através de mudanças de estado sólidos, bem como de reações de fluidos hidrotermais. Os fluidos hidrotermais são fundamentais no direcionamento de reações metamórficas e em concentrações de metais de minério. Quando pensamos em processos hidrotermais, Yellowstone ou Islândia logo vêm à mente, onde magmas quentes reagem com fluidos em subsuperfície para criar gêiseres e fontes termais. De fato, depósitos hidrotermais são formados por uma série de caminhos diferentes que podem se originar como águas meteóricas (superfície), água marinha, águas subterrâneas, fluidos conatos em poros ou fluidos magmáticos profundos. Cinturões de Xisto Verde (greenstone belts) Cinturões de Xisto Verde (greenstone belts) são assembleias hidrotermalmente alteradas que contém finas sequencias de suítes vulcânicas e camadas sedimentares intercaladas. Eles são chamados de Xisto Verde devido à sua coloração esverdeada dos minerais metamórficos como clorita, epidoto e serpentina. Os Cinturões de Xisto Verde são particularmente abundantes nos cinturões cratônicos Pré-cambrianos onde eles estão entre as maiores concentrações do mundo de depósitos de cobre, cromo, níquel, ouro, cobalto e prata. Normalmente minerais de minério incluem calcocita, calcopirita, cromita, niquelita, pentlandita, cobaldita, eritrita, enargita (Figura 19.11). Os Cinturões de Xisto verde consistem de depósitos de bacia (down-warped) no qual rochas peridotíticas são recobertas sucessivamente por camadas basálticas, rochas ígneas silicáticas e sedimentos marinhos. Muitos desses depósitos de Xisto Verde são derivados de komatiitos alterados, basaltos e rochas peridotíticas. Que se formam em temperaturas muito altas (>1400°C) próximos à base da assembleia do Xisto Verde. Os Cinturões de Xisto Verde são particularmente abundantes nos Crátons Pré-Cambrianos da África, Canadá e Austrália. Figura 19.11 Mina de cobalto no Cinturão de Xisto Verde em Bou Azzer, Marrocos. (Foto por Kevin Hefferan) Skarnitos (Skarns) Skarnitos (skarns) são rochas de metamorfismo de contato enriquecidos em minerais cálcio-silicáticos. Skarnitos formam-se através da alteração em alta temperatura de rochas encaixantes, normalmente rochas carbonáticas, pela intrusão de magmas silicáticos. O Magma quente intrudindo a rocha carbonática produz trocas iônicas através de soluções hidrotermais. Minerais como calcita e dolomita liberam CO2 e obtêm SiO2 do magma; como resultado, uma suíte distinta de minerais cálcio-silicáticos que incluem piroxenóides de cálcio (p.ex., wollastonita), anfibólio cálcico (p.ex., tremolita), piroxênio cálcico (p.ex., diopsídio) e granada cálcica (grossular, andradita ou uvarovita). Outros minerais associados incluem quartzo, calcita, flogopita, brucita, talco, serpentina e periclásio. Em adição, voláteis dissolvidos como H2O, CO2, SO2, H2S e HCl servem como catalizadores para promover a dissolução de íons metálicos e transportá-los em solução. A troca de íons normalmente resulta em concentrações de depósitos minerais de cobre, chumbo, zinco, ferro, molibdênio, estanho, tungstênio, cobalto, manganês, prata e ouro. Minerais de minério comuns incluem calcopirita, calcocita, esfalerita, galena, hematita, magnetita, siderita, molibdenita, cassiterita, wulfenita, wolfranita, cobaltita, rodocrosita, rodonita e enargita. Nem todos os skarnitos formam-se em rochas carbonáticas. Exo-skarnitos são skarnitos que se desenvolvem em qualquer rocha encaixante sedimentar enquanto Endo-skarnitos ocorrem em rochas encaixantes ígneas. Skarnitos modernos forma-se em sistemas geotermais, fontes termais, fluxos hidrotermais no assoalho oceânico e em limites de placas convergentes e divergentes. Nesses ambientes, skarnitos são geralmente associados com depósitos porfiríticos, pegmatitos, em veios e VMS (Figura 19.12). (a) (b) Figura 19.12 (a) Modelo ilustrando skarnitos desenvolvendo-se em associação com depósitos de veios e depósitos porfiríticos. Esses processos de enriquecimento não são isolados mas normalmente ocorrem juntos, particularmente em limites de placas convergentes e divergentes (de Sinclair, 2007; com a permissão da Natural Resources of Canada, 2009, cortesia da Geological Survey of Canada.) (b) Modelo ilustrando minérios comuns em margens convergente e divergentes. (After Murck et al., 2010; com a permissão de John Wiley & Sons.)
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